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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

LICENCIATURA EM ENFERMAGEM E OBSTETRÍCIA

RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO CURRICULAR A


PACIENTE COM MALÁRIA COM DISFUNÇÃO
NEUROLÓGICA INTERNADO NOS CUIDADOS
INTERMÉDIOS DO HOSPITAL REGIONAL DO LOBITO

ACLAIDE ISABEL CAPUMBO FREITAS CANENGA

Benguela, 2023
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


LICENCIATURA EM ENFERMAGEM E OBSTETRÍCIA

RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO CURRICULAR A


PACIENTE COM MALÁRIA COM DISFUNÇÃO
NEUROLÓGICA INTERNADO NOS CUIDADOS
INTERMÉDIOS DO HOSPITAL REGIONAL DO LOBITO

ACLAIDE ISABEL CAPUMBO FREITAS CANENGA

Apresentada ao Instituto Superior Politécnico Jean Piaget Benguela para


obtenção do grau de Licenciado

ORIENTADOR
Lic. Enf. VICTOR SEMEDO CORDEIRO PEREIRA

Benguela, 2023
FICHA TÉCNICA

Canenga, Aclaide Isabel Capumbo Freitas


Relatório Final De Estágio Curricular A Paciente Com Malária Com Disfunção
Neurológica Internado Nos Cuidados Intermédios Do Hospital Regional Do Lobito/
Aclaide Isabel Capumbo Freitas Canenga. ISP Jean Piaget Benguela, 2023
Número de Folhas: 57 il

Orientador: Lic. Enf. Victor Semedo Cordeiro Pereira

Trabalho de fim de curso da licenciatura em Enfermagem e Obstetrícia. ISP Jean Piaget


Benguela, 2023

Palavras-chaves: Malária, Disfunção, Neurológica e Cuidados de Enfermagem.


DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho de investigação aos meus pais, primeiros e grandes educadores
que conheci e que têm sido a força impulsionadora para alcançar este objectivo.
Ao meu Marido Lucas Wilson fernando Canenga pelo apoio, força e coragem que
me proporcionou durante o percurso da minha formação, a quem muitas horas lhes faltei com
afeto.
A família Fernando, pelo apoio prestado, visto que, por muitos dias e horas, tiveram
de sacrificar os seus preciosos tempos para cuidarem da minha filha enquanto estivesse na
formação.
Aos meus familiares pelos apoios prestados durante a minha formação.
Ao Professor Lic. Enf. Victor Semedo Cordeiro Pereira, o meu reconhecimento
pela oportunidade de realizar este trabalho ao lado de alguém que inspira sabedoria; meu
respeito e admiração pela sua serenidade de análise do perfil de seus alunos e pelo seu dom no
ensino da ciência.
A todos que se dedicaram a nobre tarefa de educar, dedico este trabalho, fruto de
muito esforço, fé e dedicação.

IV
AGRADECIMENTO

Á Deus por ter dado saúde е força pаrа superar as dificuldades е não somente nestes
anos como universitária, mas que em todos os momentos é o meu maior mestre e incentivador.
Aos meus pais por tudo que têm feito por mim, desde o berço.
Ao meu professor Victor Semedo Cordeiro Pereira, pela sua disponibilidade e
dedicação na orientação para a realização e aperfeiçoamento deste trabalho.
Ao Instituto Superior Politécnico Jean Piaget de Benguela, seu corpo docente,
direcção administrativa pela oportunidade e por tudo que fizeram por nós enquanto estudantes.
A Direção do Hospital Regional do Lobito, na pessoa do seu Director pela
oportunidade cedida.
Aos meus colegas do Instituto, do serviço, amigos e outros que de forma directa ou
indiretamente puderam apoiar-me na materialização deste trabalho.
A todos que diretas ou indiretamente fizeram parte da minha formação, о meu muito
obrigado.

V
ÍNDICE GERAL

DEDICATÓRIA .................................................................................................................... IV

AGRADECIMENTO .............................................................................................................. V

SIGLÁRIO ............................................................................................................................. IX

RESUMO ................................................................................................................................ X

ABSTRACT ........................................................................................................................... XI

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 12

CAPÍTULO I: ESTRUTURA FÍSICA, ORGANIZACIONAL E FUNCIONAL ................. 16

1.1. Caracterização do Hospital Regional do Lobito ...................................................... 17

1.2. Áreas de actuação durante o estágio ........................................................................ 19

1.3. Organigrama do Hospital Regional do Lobito ......................................................... 20

CAPÍTULO II: REGISTO DAS ACTIVIDADES ................................................................ 21

2.1. Actividades Planeadas e Desenvolvidas .................................................................. 22

2.2. Actividades planeadas e não desenvolvidas ............................................................. 23

CAPÍTULO III. ESTUDO DE CASO ................................................................................... 24

3.1. Diagnóstico médico.................................................................................................. 25

3.2. Fisiopatologia da Malária com disfunção neurológica ............................................ 25

3.2.1 Resistência genética .......................................................................................... 26

3.2.2 Insuficiência hepática ........................................................................................ 26

3.2.3 Epidemiologia ciclo biológico do plasmódio .................................................... 27

3.3. Manifestações clínicas ............................................................................................. 29

3.3.1 Alterações neurológicas .................................................................................... 29

3.3.2 Alterações metabólicas ...................................................................................... 30

3.3.3 Convulsões ........................................................................................................ 30

3.5. Diagnóstico .............................................................................................................. 32

3.5.1 Sinais e sintomas ............................................................................................... 34

3.6. Tratamento da Malária ............................................................................................. 35

VI
3.6.1 Princípios da política nacional de tratamento .................................................... 35

3.6.2 Vantagens do uso de Combinações à Base de Derivados de Artemisinina: .... 35

3.6.1. Prevenção da Malária ............................................................................................ 38

3.7-Folha terapêutica ....................................................................................................... 39

3.8. Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) ............................................ 42

3.8.1. Histórico de Enfermagem ................................................................................. 42

3.8.2. Exame Físico .................................................................................................... 42

3.8.3. Necessidades básicas afectadas ........................................................................ 45

3.8.4. Listagem de problemas ..................................................................................... 46

3.8.4. Diagnóstico de Enfermagem ............................................................................ 46

3.8.5. Planos de Cuidados .......................................................................................... 48

3.8.6. Prescrição de enfermagem................................................................................ 51

3.8.6. Evolução de enfermagem ................................................................................. 51

3.8.7. Anotações de enfermagem ............................................................................... 52

CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 53

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 55

VII
ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1: Protocolo Nacional de Tratamento da Malária com Coartem ................................. 36

Quadro 2: Esquema de tratamento com Arteméter + Lumefantrina (20/120mg)..................... 36

Quadro 3: Esquema de tratamento com Arteméter + Lumefantrina (80/480mg)..................... 37

Quadro 4: Esquema de tratamento com Artesunato + Amodiaquina (AS+AQ) ...................... 37

ÍNDICE TABELAS

Tabela 1: Folha terapêutica....................................................................................................... 39

Tabela 2: Necessidades básicas afectadas ................................................................................ 45

Tabela 3: Listagem de problemas ............................................................................................. 46

Tabela 4: Planos de Cuidados ................................................................................................... 48

Tabela 5: Anotações de enfermagem........................................................................................ 52

VIII
SIGLÁRIO

ABVD: Actividades Básicas de Vida Diária


AIVD: Actividades Instrumentais da Vida Diária
Bpm: batimentos por minutos
BU: Banco de Urgência
Cprm: ciclo respiratórios por minuto
DE: Diagnóstico de Enfermagem
DNA: ácido desoxirribonucleico
G: Grama
Hb: Hemoglobina
IM: Intramuscular
IV: endovenosa
Mg: miligrama
MINSA – Ministério da Saúde (Angola)
ML: Mililitro
NANDA: North American Nursing Diagnosis Association (Associação Norte-Americana de
Diagnósticos de Enfermagem)
OMS: Organização Mundial da Saúde
PCR: Polymerase Chain Reaction
PE: Processo de Enfermagem
PNCM: Programa Nacional de Luta Contra a Malária
PP: Pesquisa de Plasmodium
SAE: Sistematização da Assistência de Enfermagem
UCI: Unidade de Cuidados Intensivos
USAID: Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional
UTI: Unidade de Tratamento Intensivo

IX
RESUMO

O presente relatório aborda sobre a Malária com disfunção neurológica, foi solicitado pelo ISP
Jean Piaget e foi realizado no Hospital Regional do Lobito, teve início no dia 24 de Março e
terminou no dia 04 de Maio de 2022, tendo a duração de 26 dias com a carga horária de 8 horas,
partindo das 07h30m às 15h30m. Durante o estágio passou-se nas seguintes secções:
Maternidade, Pediatria, Medicina Interna e UCI. A malária é uma das principais doenças
parasitorias do mundo, acometendo importante contingente de pessoas. Por seu alcance
epidemiológico e pela possibilidade de desenvolvimento de quadros graves - quase sempre
devidos ao Plasmodium Falciparum, se faz necessário o conhecimento adequado de suas
manifestações clínicas e da terapêutica, para optimização da conduta. Na malária grave a
internação em unidade de terapia intensiva é mandatária para redução das complicações
decorrentes da infecção. O início do tratamento deve ser o mais precoce possível, o qual tem
impacto na sobrevida do paciente, e é baseado na combinação de drogas antimaláricas e
medidas de suporte. Neste âmbito, o presente artigo destina-se à discussão da forma grave da
malária por P. Falciparum, com ênfase no quadro clínico e no tratamento.

Palavras-chave: Malária, Disfunção, Neurológica, Cuidados, Enfermagem.

X
ABSTRACT

This report addresses the disease Malaria with neurological dysfunction, was requested by ISP
Jean Piaget and was carried out at the Regional Hospital of Lobito, started on March 24 and
ended on May 4, 2022, lasting 26 days. with a workload of 8 hours, starting from 7:30 am to
3:30 pm. During the internship, he passed the following sections: Maternity, Pediatrics, Internal
Medicine and ICU. Malaria is one of the main parasitic diseases in the world, affecting an
important contingent of people. Due to its epidemiological scope and the possibility of
developing serious conditions - almost always due to Plasmodium falciparum -, it is necessary
to have adequate knowledge of its clinical and therapeutic manifestations, in order to optimize
the conduct. In severe malaria, admission to an intensive care unit is mandatory to reduce
complications resulting from the infection. Initiation of treatment should be as early as possible,
which has an impact on patient survival, and is based on a combination of antimalarial drugs
and supportive measures. In this context, this article aims to discuss the severe form of malaria
caused by P. falciparum, with emphasis on the clinical picture and treatment.

Keywords: Malaria, Dysfunction, Neurological, Care, Nursing.

XI
INTRODUÇÃO

O presente relatório do estágio curricular norteia as atividades desenvolvidas


durante o estágio, bem como a realização do estudo de caso, elaboração do processo de
enfermagem. O relatório em questão foi solicitado pelo ISP Jean Piaget de Benguela e foi
realizado no Hospital Regional do Lobito, teve início no dia 28 de Março e terminou no dia 04
de Maio de 2022, tendo a duração de 26 dias com a carga horária de 8 horas (dia), partindo das
07h30m às 15h30m. Durante o estágio passou-se nas seguintes secções: Banco de Urgência,
Maternidade, Pediatria, Medicina Interna e UCI. O estágio curricular é compreendido como
processo de vivência que aproxima o estudante da realidade da sua área de formação e a ajuda
a compreender diferentes teorias que regem o exercício profissional.
A malária ou paludismo é uma doença infecciosa aguda causada por protozoários
parasitas do género Plasmodium transmitidos pela picada do mosquito Anopheles fêmea e cada
uma de suas espécies determina aspectos diferentes para a enfermidade. Assim, salientam-se 4
espécies do parasita: Plasmodium Falciparum, P. Vivax, P. Malariae, P. Ovale (Pasqualotto,
2006).
A malária é um problema de saúde pública de elevada importância, devido a sua
alta incidência mundial e às consequências que traz às pessoas acometidas pela doença,
influenciando significativamente o potencial de desenvolvimento de países, regiões e estados
pelos múltiplos custos que acarreta. Estudos realizados em áreas endémicas estabeleceram que
a malária causa perdas consideráveis para as famílias sob forma de rendimento, os custos com
o tratamento, perda de escolaridade e diminuição de produção agrícola (Sequeira, 2016).
Por outro lado, Peterson (2020), referiu que, a mais virulenta e grave é provocada
pela espécie de Plasmodium Falciparum. Esta espécie é responsável pelo surgimento da malária
grave e complicada, como a cerebral.
Segundo a O.M.S. (2009), a malária é uma das frequentes causas de morte em
crianças nos países endémicos: mata um milhão de crianças com menos de 5 anos a cada ano;
mata uma criança africana a cada 30 segundos, e muitas crianças que sobrevivem a casos
severos sofrem danos cerebrais graves e apresentam dificuldades de aprendizagem
(dificuldades neurocognitivas). Estima-se que cerca de 300 a 500 milhões de pessoas, no mundo
por ano, são infectadas com malária.
A Malária com disfunção neurológica é provocada pelo Plasmodium Falciparum
pela oclusão de vasos sanguíneos no cérebro pelos eritrócitos infectados. Esta condição é uma
das complicações mais severas, especialmente comum entre crianças, atingindo uma taxa de

12
mortalidade de 10 a 20%, não obstante à terapia. Manifesta-se de forma súbita, muitas vezes,
após uma convulsão generalizada; é precedida de sonolência, confusão, desorientação, delírio
ou agitação. A história prodrómica nas crianças pode ser de apenas 6 a 12 horas. É comum o
relato de convulsões; e um coma não despertável de pelo menos 30 minutos (Sambo, 2000).
De salientar que, Angola é um País endémico, embora pela sua natureza geográfica
a incidência não seja uniforme. Pois existem províncias mais endémicas que outras. As
Províncias de Luanda, Benguela, Namibe, Cunene e Kuando Kubango são províncias de alto
risco epidémico. Luanda pela sua densidade populacional e seu deficiente saneamento básico é
a Província mais endémica. Benguela representa 28% dos casos de malária registados em 2009
a nível de Angola (Fortes, 2009).
Por seu turno ADPP (2006), referiu que em Angola, a malária está distribuída por
todo o país, sendo endémica nas 18 Províncias. Considera-se que as províncias do Norte são as
mais afectadas (Cabinda, Uíge, Zaire, Cuanza Norte, Cuanza Sul Malanje, Lundas Norte e Sul),
devido às suas características geográficas e climáticas, tornando-se na principal causa de morte
por doença em Angola, igualmente de internamentos hospitalares e ausência escolar ou do
trabalho, provocando um impacto negativo na saúde das populações na educação e economia
do País, Plano Nacional de Controlo da Malária.
O estudo justifica-se, por consequência do índice considerável, a malária atinge de
forma endémica 90 países em todo o mundo. Estes países estão localizados na faixa intertropical
e reúnem, além de condições favoráveis para o crescimento do vector, condições precárias de
moradias. Milhões de pessoas no mundo apresentam risco de contrair a doença, a maior parte
encontra-se no continente africano. A malária é um grande problema de saúde pública no
mundo, pois apresenta alta incidência e tem influenciado negativamente o desenvolvimento de
países, estados e cidades, pelos altos custos que acarreta (Velasco et al., 2017).
A doença ocorre em regiões cuja as condições ambientais são insatisfatórias. O
crescente aumento dos casos e o aumento das taxas de mortalidade, impulsiona os órgãos de
saúde a trabalharem nas questões de promoção de saúde para prevenção da malária (Reiners,
Azevedo, Ricci e Sousa, 2010).
Após pesquisas bibliográficas realizadas sobre o tema, verificou-se a falta de
estudos referentes a malária com disfunção neurológica, tornando como um dos factores da
baixa quantidade de produção científica nessa área.
O trabalho, tem sua importância ao, proporcionar o enriquecimento de
conhecimentos científicos sobre a “Malária com disfunção neurológica” com vista a promover
melhor qualidade na assistência de enfermagem.

13
O Objectivo geral do relatório é Descrever a Sistematização de Assistência de
Enfermagem relacionado ao paciente de Malária com disfunção neurológica nos serviços
intermédios do Hospital Regional do Lobito.
Sendo mais específico, Elaborar um estudo de caso relacionado a um paciente de
malária com disfunção neurológica; Identificar as necessidades humanas básicas afectadas ao
paciente com disfunção neurológica; Identificar os diagnósticos de enfermagem segundo a
classificação diagnóstica NANDA.
De acordo a metodologia trata-se de um estudo descritivo exploratório do tipo
“Estudo de Caso”, com abordagem qualitativa. O local do estudo foi na unidade de Cuidados
Intermédios do Hospital Regional do Lobito
Na pesquisa qualitativa, busca-se explicar o por- quê das coisas, exprimindo o que
convém ser feito, mas não quantificam os valores e as trocas simbólicas nem se submetem à
prova de fatos, pois os dados analisados são não-métricos (suscitados e de interacção) e se
valem de diferentes abordagens (Marconi & Lakatos 2005).
Este tipo de pesquisa tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o
problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. A grande maioria dessas
pesquisas envolve: (a) levantamento bibliográfico; (b) entre- vistas com pessoas que tiveram
experiências práticas com o problema pesquisado; e (c) análise de exemplos que estimulem a
compreensão (GIL, 2007).
Para a presente investigação, fez-se recurso aos seguintes métodos:
Pesquisa Bibliográfica: “é um método de pesquisa, diferenciando-se do
levantamento de campo, porque busca informações e dados disponíveis, permitindo navegar
nos pensamentos dos mais variados autores, a fim de obter informações relacionadas com a
temática abordada, para que de forma lógica e criativa se possa fazer uma crítica e comparação
a cerca do problema em estudo” (Canastra F., 2015). Este método possibilitará navegar e
consultar em várias fontes tais como: publicações, livros, teses, artigos de origem nacional e
internacional, jornais, revistas e na internet, realizado por outros pesquisadores.
Histórico-Lógico: “consiste em investigar os acontecimentos, processos e acções
do passado para verificar a motivação no processo de ensino-aprendizagem na escola em
estudo” (Andrade, 2003). Permitiu revelar a evolução e desenvolvimento do objecto de estudo
e o seu condicionamento em correspondência com as condições históricas concretas em que
transcorre.
Análise-Síntese: considera-se que a “análise ou explicação é a tentativa de
evidenciar as relações existentes entre os fenómenos estudados e outros factores. Essas relações

14
podem ser estabelecidas em função de suas propriedades de causa-efeito, produtor-produto, de
correlação de conteúdo, entre outros” (Lakatos, 2002). Este método permitirá fazer uma
interpretação dos aspectos relacionados com as atitudes e comportamentos de Trabalhadores e
Membros de Direcção.
Dedutivo: a dedução parte do conhecimento geral ao particular. O método dedutivo
procura transformar enunciados complexos e universais em particular, em uma ou várias
premissas. Parte das teorias e leis para predizer a ocorrência de fenómenos particulares. O
método dedutivo “é o método que parte do geral e, desce ao particular. Parte de princípios
reconhecidos como verdadeiros e indiscutíveis e possibilita chegar a conclusão de maneira
puramente formal, isto é, em virtude unicamente de sua lógica” (Andrade, 2003). Permitiu
reflectir sobre os conceitos fundamentais relacionados com o tema, estabelecer generalizações
teóricas e inferências sobre o objecto de estudo e determinar as suas regularidades a partir da
análise bibliográfica e dos resultados empíricos.
Indutivo: a indução é uma operação lógica que vai do particular ao geral. O método
indutivo faz a aproximação dos fenómenos, caminhando para planos cada vez mais abrangentes,
caminhando das constatações mais particulares às leis e teorias gerais. O método indutivo
procede inversamente ao dedutivo. Parte do particular e coloca a generalização como um
produto posterior do trabalho de colecta de dados particulares. “De acordo com o raciocínio
indutivo, a generalização não deve ser buscada aprioristicamente, mas constatado a partir de
observação de casos concretos suficientemente confirmadores dessa realidade” (Andrade,
2003). A utilização deste método permitirá que, partindo das asserções particulares se chegue
às conclusões gerais sobre problemática em estudos.

15
CAPÍTULO I: ESTRUTURA FÍSICA, ORGANIZACIONAL E
FUNCIONAL
1.1. Caracterização do Hospital Regional do Lobito

O Hospital Regional do Lobito foi constituído na emulação socialista de 1980 pela


empresa de vanguarda República de Angola pelo governador da província de Benguela e
reinaugurado ao 10 de Janeiro de 2008 por sua excelência Fernando Da Piedade Dias dos
Santos, Presidente do Parlamento da República de Angola. O Hospital Regional do Lobito é
um estabelecimento público de saúde da rede hospitalar de referência provincial, integrado no
serviço nacional de saúde para prestação de assistência médica, medicamentosa e de
enfermagem a população do nível secundário.
Designado pelas siglas H.R.L. está constituído por 5 Unidades que são:
Maternidade do Lobito, Hospital Pediátrico do Lobito, Centro Gaspar Matias Domingos Lopes,
Centro de Saúde da Centralidade e Hospital Sede, que localiza-se na rua José Anchieta zona
Oeste do Município do Lobito, sede no Bairro do Compão.
O Hospital Regional do Lobito está sobre Tutela e superintendência administrativa
do Governo da Província de Benguela, e a independência horizontal com a Administração
Municipal e Repartição Municipal da Saúde do Lobito. Hospital Regional do Lobito tem como
seguintes objectivos garantir o atendimento humanizado especializado a população do meio de
serviço preventivo curativo com a equipa multidisciplinares e desta tecnologia com vista a
reduzir o índice de morbi – mortalidade no país. Ser referência Provincial de Saúde integral dos
indivíduos.
O Hospital Regional do Lobito, possui as seguintes secções
1. Serviços clínicos
 Serviços de Urgência (Pediátrica, Adulto, Ginecologia e Obstetrícia);
 Bloco Operatório;
 Cirurgia;
 Banco Externo (retirada e colocação de gesso, Curativos e consultas externas);
 Cuidados Intensivos e Intermédios;
 Estomatologia;
 Farmácia;
 Hemodialise;
 Hemoterapia;
 Laboratório;
 Maternidade;

17
 Medicina;
 Ortopedia, Fisioterapia;
 Pediatria.
2. Serviços Administrativos
 Estatística;
 Gestão Financeira
 Planeamento;
 Recursos Humanos
 Recursos Humanos;
 Sala de Reunião;
 Secretaria
3. Serviços de Apoio
 Casa Mortuária;
 Cozinha;
 Lavandaria;
 Serviços de equipamento e instalação
 Serviços Gerais.
A Unidade Hospitalar conta com uma força de trabalho de profissionais efectivos e
trabalhadores voluntários dentre os quais temos um total de 642 trabalhadores, entre nacionais
e expatriados, dentre os quais temos
 Médicos – 41;
 Enfermeiros – 419;
 Técnico de Diagnóstico Terapêutico – 85;
 Regime Geral Administrativo – 50;
 Apoio Hospitalares – 47;
 Total Dos Funcionários – 642 Pessoal.
A mesma unidade hospitalar obedece uma ordem hierárquica:
 Director Geral;
 Director Clínico;
 Chefe dos Recursos Humanos e Administração;
 Chefe da Secretaria e Contabilidade;
 Director de Enfermagem.

18
1.2. Áreas de actuação durante o estágio

Durante o meu estágio curricular, trabalhei nas seguintes áreas: Pediatria, UCI;
Medicina, Maternidade, Banco de Urgência.
Pediatria
A parte de Pediatria do Hospital Geral do Lobito, é destinada a internamento,
diagnóstico e tratamento de crianças com idades variadas entre 0 à 15 anos de idades, área
específico para proporcionar assistência especializada e humanizada aos pacientes, possuindo
materiais e equipamentos modernizados, ambientes infantis decorados, nela circulam médico
pediatra, psicólogo, enfermeiros e outros.

UCI
É uma estrutura hospitalar que se caracteriza como Unidade complexa de sistema
de monitorização contínua que admite pacientes potencialmente graves ou com
descompensação de um ou mais sistemas orgânicos e que com o suporte e tratamento intensivos
tenham possibilidade de se recuperar.
A UCI do Hospital Regional do Lobito é altamente equipada com aparelhos ou
equipamentos modernizados, sete leitos, piso antiderrapante, na mesma circula vários médicos
clínicos gerais, vários psicólogos clínicos, enfermeiros, entre outros.

Medicina
A parte da medicina interna do Hospital Regional do Lobito é a maior da mesma,
tendo a capacidade de atendimento a pacientes de várias faixas etárias, várias patologias que
acometem as populações. Possui equipamentos específicos, leitos suficientes, nela circulam
médicos clínicos gerais, nutricionistas, enfermeiros, técnicos de enfermagem, psicólogos
clínicos, entre outros.

Maternidade
O Hospital Regional do Lobito, possui área de Maternidade destinada à gestantes
desde a fase de consultas pré-natais até ao final da gestação, parto e puérpera, neonatologia para
os recém-nascidos, com quartos decorados e adaptados as necessidades da mãe e do bebé.
A unidade dispõe também camas hospitalares, equipamentos especializados,
formada por médicos obstetras, pediatria, anestesista, instrumentistas e enfermeiros.

19
1.3. Organigrama do Hospital Regional do Lobito

DIRECTOR DIRECTOR DIRECTOR DE

ADMINISTRAIVO CLÍNICO ENFERMAGEM

PROFISSIONAIS
CHEFE DE SECÇÃO
ADMINISTRAIVO

MÉDICOS

ENFERMEIROS

20
CAPÍTULO II: REGISTO DAS ACTIVIDADES
Durante o nosso estágio foram várias as actividades desenvolvidas e dentre estas
destacamos as seguintes:

2.1. Actividades Planeadas e Desenvolvidas

 Aferição dos sinais vitais;

 Punção venosa periférica;

 Preparo e Administração de fármacos;

 Soroterapia;

 Realização do trabalho de parto;

 Evolução de enfermagem;

 Anotações de enfermagem;

 Controlo do Balanço Hídrico;

 Realização de curativos;

 Recepção e entrega de turnos;

 Mobilização de doentes (Mudanças de decúbito);

 Realização de sutura;

 Avaliação do paciente;

 Higienização dos pacientes

 Parassíntese;

 Oxigenoterapia;

 Colheita de material biológico para exames;

 Preparo e esterilização de material para os curativos;

 Levantamento dos fármacos para organização das Unidoses;

 Passagem de turno (entrega e recepção);

 Arrumação e distribuição do material gastável;

 Apresentação dos resultados de análises;

 Arrumação da unidade

22
 Educação para saúde aos pacientes internados e ambulatórios;

 Ajuda na alimentação enteral dos pacientes;

 Sondagem nasogástrica;

 Sondagem vesical;

 Apresentação dos resultados de análises;

 Mensuração do peso;

 Recepção do paciente.

2.2. Actividades planeadas e não desenvolvidas

 Participação em actos cirúrgicos;

 Assistências as reuniões matinais;

 Aspirações de secreções;

 Reanimação de recém-nascidos;

 Canalização umbilical aos recém-nascidos;

 Preparação da parturiente para o trabalho de parto.

23
CAPÍTULO III. ESTUDO DE CASO
3.1. Diagnóstico médico

Malária com disfunção neurológica.

3.2. Fisiopatologia da Malária com disfunção neurológica

Segundo o MINSA (2017) a infecção de malária desenvolve-se em duas fases: uma


que envolve o fígado (fase exoeritrocítica) e outra que envolve os glóbulos vermelhos, ou
eritrócitos (fase eritrocítica). Quando um mosquito infectado perfura a pele de uma pessoa para
se alimentar de sangue, os esporozoítos presentes na saliva do mosquito penetram na corrente
sanguínea e depositam-se no fígado, onde infectam os hepatócitos, reproduzindo-se
assexualmente e sem haver manifestação de sintomas ao longo de 8-30 dias.
Por outro lado, o mesmo organismo referiu que, depois de um período
de dormência no fígado, estes organismos diferenciam-se para produzir milhares de
merozóitos, os quais, após romperem as células hospedeiras, se introduzem na corrente
sanguínea e infectam os glóbulos vermelhos, dando início à fase eritrocítica do ciclo de vida. O
parasita é capaz de abandonar o fígado sem ser detectado, ao se envolver com a membrana
celular da célula hepática do hospedeiro. No interior dos glóbulos vermelhos, os parasitas
reproduzem-se novamente, também de forma assexuada, rompendo periodicamente as células
hospedeiras para infectar novos glóbulos vermelhos.
Alguns esporozoítos P. Vivax não se desenvolvem imediatamente em merozóitos,
produzindo em vez disso hipnozoítos que permanecem adormecidos por intervalos de tempo
que variam entre alguns meses, geralmente 7 a 10 meses, e vários anos. Após o período de
hibernação, os hipnozoítos são reactivados e produzem merozóitos. Os hipnozoítos são
responsáveis pelos longos períodos de incubação e recidivas tardias em infecções por P.
vivax, embora se desconheça ainda a sua existência em casos de P. ovale (MINSA,2017).
Por conseguinte, Ashley & White (2018), referiu que o parasita encontra-se
relativamente protegido de ataques do sistema imunitário do corpo, uma vez que durante a
maior parte do seu ciclo de vida humano se encontra no interior das células do fígado e dos
glóbulos vermelhos, sendo por isso relativamente invisível à vigilância imunitária. No entanto,
os glóbulos vermelhos infectados em circulação são destruídos no baço. Para evitar a sua
destruição, o parasita P. falciparum introduz proteínas adesivas na superfície dos glóbulos
vermelhos infectados, o que faz com que os glóbulos se agarrem às paredes dos vasos
sanguíneos mais pequenos e não tenham que percorrer o sistema circulatório e passar pelo
baço. O bloqueio dos vasos pode provocar malária placentária. Os glóbulos vermelhos
sequestrados podem penetrar na barreira hematoencefálica e provocar malária cerebral.
25
Os sintomas neurológicos são causados por um transtorno que afecta parte de ou
todo o sistema nervoso. Eles podem variar porque o sistema nervoso controla diversas funções
orgânicas diferentes. Os sintomas podem incluir todas as formas de dor, incluindo cefaleia e dor
nas costas. Os músculos, a sensibilidade da pele, os sentidos (visão, paladar, olfacto e audição)
e outros sentidos dependem dos nervos para funcionarem normalmente. Assim, os sintomas
neurológicos podem incluir fraqueza muscular ou falta de coordenação, sensibilidade anormal
na pele e perturbações da visão, paladar, olfacto e audição (Levin, 2021).
Transtornos neurológicos podem interferir no sono, tornando um indivíduo ansioso
ou animado na hora de dormir e, com isso, cansado e sonolento durante o dia (Levin, 2021).

3.2.1 Resistência genética


De acordo com uma revisão de 2005, os elevados níveis de letalidade e morbidade
provocados pela malária, especialmente pela espécie P. falciparum, são responsáveis pela
maior pressão selectiva sobre o genoma humano da história recente. Algumas características
genéticas proporcionam alguma resistência à malária, entre os quais a anemia falciforme,
talassemia, deficiência em glucose-6-fosfato desidrogenase e a ausência do antígeno de Duffy
nos glóbulos vermelhos (BRASIL, 2017).

3.2.2 Insuficiência hepática


Segundo Bruneel (2019), é pouco comum a ocorrência de insuficiência
hepática provocada por malária, sendo geralmente o resultado da coexistência com outras
condições que afectam o fígado, como a hepatite viral ou qualquer doença crónica do fígado. A
síndrome é por vezes denominada “hepatite malárica”. Embora a sua ocorrência seja ainda
considerada rara, a hepatopatia malárica tem vindo a aumentar, sobretudo na Índia e no Sudeste
Asiático. A presença de doenças hepáticas em pacientes de malária aumenta a probabilidade de
complicações ou morte.
Já Ashley & White (2018), afirmaram que a transmissão da malária ocorre pela
picada do mosquito fêmea que esteja infectado, da espécie Anopheles. Durante a picada o
mosquito infectado injecta os parasitos no sangue, o qual entra no ciclo pré-eritrócito (exo-
eritrocitário) no fígado, e um ciclo eritrócito no sangue, que tem duração de 24 a 72 horas de
acordo com o parasito, após adentrar a corrente sanguínea, o esporozoíto adentra o fígado
(hipnozoítos responsável pela forma latente) infectando os hepatócitos, local esse que ocorrerá
o desenvolvimento dos esquizonte que posteriormente irão se romper e liberar os merozóitos
que infectaram os eritrócitos (glóbulos vermelhos) e formam os trofozoítos móveis; após
divisão e multiplicação os esquizontes se desenvolve nos glóbulos vermelhos e rompem-se

26
liberando mais merozóitos que irão infectar outros eritrócitos. Eventualmente, os merozóitos se
diferenciam em gametócitos masculino e feminino nos eritrócitos que irão desencadear uma
nova produção de material infeccioso caso o sangue seja ingerido por um outro mosquito.

3.2.3 Epidemiologia ciclo biológico do plasmódio

Fonte: (Levin, 2021)


O parasita causador da malária desenvolve-se em 2 hospedeiros nomeadamente: no
homem (Ciclo esquizogónico) e no mosquito (Ciclo esporogónio).

a) Ciclo esquizogónico (exo-eritrocítico e eritrocítico)


O parasita é inoculado no sangue pela picada da fêmea do mosquito Anopheles
infectada, sob a forma de esporozoítos, ficando pouco tempo na circulação (cerca de meia hora)
e penetram nas células do fígado (hepatócitos) nas quais se multiplicam e formam os
esquizontes exo-eritrócitos.
Estes esquizontes exo-eritrocíticos em alguns dias (cerca de 7 para o Plasmódio
falciparum; 15 para o Plasmódio vivax e ovale; 30 para o Plasmódio malariae) por divisão
assexuada dão origem a milhares de merozoítos provocando ruptura do esquizonte e do
hepatócito correspondendo assim com o período de incubação e aqui termina o ciclo exo-
eritrocítico.

27
Os merozoitos provenientes do esquizonte rompido invadem os eritrócitos na
corrente sanguínea e transformam -se em trofozoítos jovens iniciando-se assim o ciclo
eritrocítico.
OBS.: Na infecção pelo Plasmódio vivax e Plasmódio ovale alguns esporozoitos
não se transformam inicialmente em esquizontes no hepatócito e permanecem aí como formas
latentes (hipnozoit os) sendo eles os responsáveis pelas recaídas.
Dentro dos eritrócitos os trofozoitos já adultos multiplicam-se assexuadamente,
dando origem aos esquizontes eritrocíticos que ao amadurecerem rompem-se libertando os
merozoitos para a circulação que vão invadir novos eritrócitos.
A repetição do ciclo eritrocítico dura entre 24-72 horas e leva a um aumento
progressivo da parasitémia e a uma destruição acentuada dos eritrócitos:
 Plasmódio falciparum, 24 – 48 horas;
 Plasmódios vivax e ovale, 48 horas;
 Plasmódio malariae, 72 horas.
Alguns merozoitos na circulação sanguínea transformam-se em gametócitos
responsáveis pela continuidade da espécie sendo um programa de saúde pública não causando
a doença.
É no ciclo eritrocítico que o paciente apresenta os sintomas relacionados com a
doença como consequência da ruptura dos esquizontes e é nesta f ase do ciclo que se consegue
detectar o parasita pela microscopia ou os seus antigénios pelo teste rápido.

28
b) Ciclo esporogónico
A fêmea do mosquito Anopheles infecta-se durante a sua refeição sanguínea. Ao
picar um individuo infectado ingere gametócitos. Os microgametócitos e os macrogametócitos
transformam-se em gâmetas no intestino médio do mosquito. O gâmeta masculino fertiliza o
gâmeta feminino por reprodução sexuada dando origem ao zigoto ou oocineto que é móvel e
penetra na parede do intestino médio do mosquito onde se transforma em oocisto que por
divisão assexuada dá origem aos esporozoitos de forma f usif orme, o oocisto rompe-se
espalhando os esporozoit os por todo o tubo digestivo indo na sua maioria alojar-se nas
glândulas salivares do mosquito. Com a picada do mosquito no homem os esporozoit os são
inoculados continuando o seu ciclo no homem e consequentemente perpetuando a espécie.
O mosquito pode sugar trofozoitos, esquizontes e gametócitos mas apenas os
gametócitos continuam com o ciclo do parasita.

3.3. Manifestações clínicas

Clinicamente, a malária neurológica pode se apresentar de diversas formas pois ocorre com
uma ou mais manifestações sistêmicas ou mesmo as precede. Marsh et al. em 1996 levou a
realizaram um estudo sobre a fisiopatogenia da malária neurológica em crianças africanas e
propôs 4 grandes grupos de apresentações clínicas que induzem a vírgula; São eles: alterações
neurológicas, alterações metabólicas, convulsões e outras alterações (Zapata & Trujill, 2013).

3.3.1 Alterações neurológicas


O quadro neurológico na malária neurológica é o de uma lesão neurônio motor
superior simétrico
 Reflexos tendinosos profundos: variam de reflexos aumentada (+++/++) e clônus
(++++/++), principalmente do reflexo de Aquiles, até arreflexia total (0/++)
considerada como sinal sinistro (11), onde ++ é o valor normal de referência;
 Reflexos cutâneos e abdominais: geralmente estão ausentes (31) indicando alterações
do sistema piramidal;
 Rigidez de nuca: é comum em adultos e simula uma síndrome meníngea;
 Agitação psicomotora: é incomum na malária neurológica (onze); simula embriaguez
alcoólica ou episódio de psicose aguda;
 Rigidez: pode ser descerebrada ou decorticação e indica disfunção do tronco cerebral;
progride para insuficiência cardíaca e respiratória;

29
 Achados oculares: em pacientes febris (> 38 °C) e inconsciente é comum encontrar
olhar divergente, com pupilas reactivas a leve e com reflexos oculocefálicos e
oculovestibular normal que exclui alterações na integridade do tronco encefálico.

É raro encontrar papiledema no fundo do olho. As hemorragias retinianas (HR) são


encontradas em 15% dos adultos e entre 35% e 40% das crianças com malária neurológica; Eu
sei caracterizada por ter um centro pálido com bordas em "chama"; geralmente estão localizados
ao redor da mácula densa e seu achado e está fortemente correlacionada com um mau
prognóstico da malária neurológica; com base no fato de que o cérebro e olhos vêm da mesma
origem embrionário, neuroectoderma, White et al. encontraram uma relação directamente
proporcional entre o número de FC observado no fundo e o número de hemorragias na
substância branca do cérebro de pacientes que morreram de malária neurológica.

3.3.2 Alterações metabólicas


Acidose metabólica: causada por insuficiência renal aguda (creatinina> 3 mg/dL,
eliminação débito urinário <400 mL/24 horas ou <12 ml/kg/24 horas em crianças), acidose
láctica (lactato venoso> 6 mmol/L) ou por ambos.
Hipoglicemia: glicemia <40 mg/dL (2,2 mmol/L); ocorre em 8% dos adultos e em
20% das crianças com malária neurológica.

3.3.3 Convulsões
São frequentes em crianças, principalmente as do tipo tônico-clônico generalizado
como em adultos em que sua frequência varia entre 10% e 50%; as convulsões motoras parciais
são raro em crianças e adultos e o estado epiléptico, isto é, convulsões contínuas ou recorrentes
sem recuperação total da consciência entre uma e outra convulsão, é muito raro na malária
neurológica.
O quadro clínico da malária apresenta-se com febre alta (38,5º C a 40,0º C) contínua
ou em paroxismos, habitualmente acompanhada por calafrios, intensa queda do estado geral,
astenia e mialgia. Em geral, ocorre prostração, cefaleia e são verificadas também alterações nos
exames laboratoriais: elevação de aminotransferases, bilirrubinas e distúrbios nos factores de
coagulação (FERREIRA M. S., 2015).
Em muitas situações pode ser observada a forma álgida, caracterizada pela presença
de choque circulatório, com pressão arterial sistólica menor que 80 mmHg na posição supina
em adultos, ou inferior a 50mmHg em crianças. O quadro assemelha-se ao da sepse bacteriana,

30
sendo por alguns, relacionada à presença da associação de infecção por bactérias gram-
negativas entéricos (LACERDA, 2009).
Na malária cerebral o indivíduo infectado apresenta dificuldades em localizar um
estímulo doloroso, além de apresentar parasitemia para a forma assexuada do P. falciparum. É
observada com mais frequência em pacientes com histórico de febre com duração de dois a três
dias, e início abrupto e subsequente de convulsões ou comprometimento grave da consciência,
um quadro mais comum em crianças (LUZOLO & NGOYI, 2019).
As manifestações neurológicas podem variar do delírio ao coma profundo, o qual
inicia-se abruptamente, podendo ocorrer após convulsão, com duração média de quatro dias. A
caracterização imediata de hipoglicemia é requerida nos casos em que ocorrem algum tipo de
deterioração neurológica. Aos pacientes com coma recomenda-se a realização de exames com
o intuito de verificar a ocorrência de meningite bacteriana ou encefalite viral. As convulsões
são mais frequentes em crianças de áreas endémicas e os exames de imagem podem auxiliar no
diagnóstico (BRUNEEL, 2019).
Quanto às manifestações neurológicas da doença, (Pereira et al., 2020), (Pereira et
al., 2019) e (de Miranda et al., 2011), em consonância, apontam que coma e convulsões fazem
parte do quadro clínico. Além disso, em seu trabalho de 2020, o autor inclui alteração de tônus
muscular, posturas anormais e perda de reflexos como parte da sintomatologia.
Segundo Hirako et al. (2019), aponta que as convulsões apresentadas podem ser de
classificação tanto focal, quanto generalizada.
Segundo Martins & Daniel-Ribeiro, (2013), explica que o possível mecanismo de
desenvolvimento do coma, se dá através de anóxia focal do tecido cerebral e diminuição da
remoção de produtos residuais. Diferente dos outros trabalhos encontrados, (de Miranda et al.,
2011) menciona disfunções comportamentais e motoras, sem especificá-las, no quadro de
malária neurológica, embora, juntamente com (Barbosa-Silva et al., 2021), evidencie o
déficit/disfunção cognitiva.
Nos primeiros 15 dias de infecção há um período pré-latente, no qual o indivíduo
permanece assintomático. A partir daí a grande maioria dos pacientes apresentará quadro de
febre, mal-estar, astenia, mialgia, cefaleia e anorexia, irregular ou contínuo. Ao final da
primeira semana, os sintomas mostram-se intermitentes, o que impossibilita a definição da
espécie pelo padrão de febre apresentado. A febre, sinal mais frequente, é geralmente
acompanhada por calafrios e sudorese profusa. A doença evolui com anemia incipiente e
icterícia decorrente de hemólise, com predomínio de bilirrubina não-conjugada. Ao exame

31
clínico, podem ser observados esplenomegalia, sinais clínicos de anemia e emagrecimento,
geralmente como consequência de múltiplos episódios recorrentes (FERREIRA M. S., 2015).
As alterações renais sobretudo nas infecções por P. malariae, são caracterizadas
clinicamente como síndrome nefrótica, também denominada glomerulopatia malárica. As
infecções causadas por P. ovale e P. vivax, podem resultar em recaídas, atribuídas aos
hipnozoítas oriundos do fígado, que surgem com mais frequência em até seis meses após a
doença. Nas malárias resultantes das infecções por P. falciparum e P. malariae não ocorrem
recaídas, contudo, podem haver recrudescências, originadas da persistência das formas
sanguíneas (SUÁREZ-MUTIS, MARTINEZ-ESPINOSA, & ALBUQUERQUE, 2005).

3.5. Diagnóstico

O diagnóstico da malária neurológica é baseado na presença de estado de coma


determinado em adultos pela Escala de Coma de Glasgow modificada e em lactentes pela Escala
de Coma de Blantyre, excluindo outras encefalopatias, especialmente meningite bacteriana e
encefalite viral e no achado de formas assexuadas de P. falciparum em esfregaços de sangue
espesso (Zapata & Trujill, 2013).
Segundo Brasil (2017), refere que, uma boa anamnese é sempre importante para
diagnosticar uma doença, por isso é importante questionar se o paciente fez alguma viagem
recente para regiões endémicas uma vez que o período de incubação após a picada é de 14 dias
para P. falciparum e duas semanas para as demais espécies.
Já Gerstenlauer (2019), refere que, para auxiliar no diagnóstico podem ser
solicitados alguns exames laboratoriais que podem evidenciar anemia, trombocitopenia e
alterações nos exames de função hepática e função renal, ainda assim, pode ser solicitado
esfregaço sanguíneo que é o padrão ouro para o diagnóstico em áreas endémicas, detecção de
antígenos e o PCR (Reacção em cadeia de polimerase).
Por apresentar sintomas semelhantes a outras encefalopatias, o diagnóstico da
malária neurológica muitas vezes não é feito em momento oportuno, atrasando o início do
tratamento, além de poder ser acompanhada por falência múltipla dos órgãos, como falência
renal e pulmonar. (de Souza et al., 2010).
No caso específico do P. ovale, deve-se levar em consideração para o diagnóstico
a história do local de viagem, que só ocorrerá em indivíduos com história de visita à África ou
ao sudeste asiático, e a gravidade do doente. Em casos de infecção grave o diagnóstico é sempre
de P. falciparum, devendo o tratamento ser estabelecido para este agente (ASHLEY & WHITE,
2018).

32
O diagnóstico da malária é confirmado laboratorialmente por distensão sanguínea
ou gota espessa coradas pelo Giemsa. A distensão de sangue periférico permite a análise
morfométrica com identificação da morfologia do parasito e a diferenciação da espécie
infectante. A gota espessa, considerado padrão-ouro para o diagnóstico da malária, é um exame
que aumenta a chance do diagnóstico, pois permite a visualização de uma maior quantidade de
parasitos. Permite, ainda, a determinação e o acompanhamento da parasitemia, factor preditor
de gravidade na infecção pelo P. falciparum. No diagnóstico pela observação de lâminas deve-
se atentar para as características das diversas espécies. No caso de P. vivax são observados
parasitos em vários estágios de evolução e hemácias aumentadas e hipocoradas, ao contrário
dos casos por P. falciparum, onde as hemácias têm tamanho e cores normais. No diagnóstico
de P. malariae se observa tendência à apresentação “equatorial” das formas parasitárias nas
lâminas (BRASIL, 2017).
Uma alternativa ao diagnóstico quando a microscopia não está acessível são os
métodos imunocromatográficos, disponíveis em vários kits para detecção rápida de antígenos
derivados do Plasmodium (GERSTENLAUER, 2019). Embora estes testes discriminem o P.
Falciparum das outras espécies, não possibilitam a avaliação da parasitemia, e não são
recomendados para o uso no controle de cura. No entanto, pela facilidade e praticidade que
apresentam na realização dos exames, são úteis na confirmação diagnóstica, principalmente
quando da ausência de microscopistas certificados ou quando necessário o diagnóstico rápido,
principalmente em áreas de difícil acesso aos serviços de saúde (BRASIL, 2017).
A PCR (Polymerase Chain Reaction) é igualmente empregada no diagnóstico de
malária, com alta sensibilidade e especificidade por permitir à amplificação de fragmentos
específicos de DNA. A importância da PCR reside na possibilidade do seu uso em termos do
controle de qualidade do laboratório de diagnóstico de malária, e na caracterização da área de
estudo com avaliação da dinâmica de transmissão do parasito. As variações na técnica como o
Nested PCR ou a PCR em tempo real também podem ser utilizadas. A limitação está no alto
custo na rotina laboratorial (BRASIL, 2017). Contudo, pela sensibilidade e especificidade que
apresentam tem importância na detecção de infecções mistas e de espécies relacionadas como
o P. malariae na região amazónica. As suspeitais de malária cerebral devem ser diagnosticadas
com o auxílio de exames de imagem, fundoscopia e reflexo da microcirculação cerebral (AREZ,
2003).

33
3.5.1 Sinais e sintomas
O período de incubação geralmente é
 12 a 17 dias para o P. vivax
 9 a 14 dias para o P. falciparum
 16 a 18 dias ou mais para o P. ovale

Manifestações comuns da malaria incluem


 Febre e calafrios
 Anemia;
 Icterícia;
 Esplenomegalia;
 Hepatomegalia;
 Convulsão;
 Cefaleia..
Esplenomegalia geralmente torna-se palpável ao final da primeira semana de
doença clínica, mas pode não ocorrer com P. falciparum. O baço aumentado apresenta
consistência frágil e propensão à ruptura traumática. A esplenomegalia pode diminuir com
ataques recorrentes de malária, à medida que uma imunidade funcional se desenvolve. Após
muitos acessos, o baço pode se tornar fibrótico e sólido e, ocasionalmente, aumentar de forma
maciça (esplenomegalia tropical). Hepatomegalia, geralmente, acompanha a esplenomegalia
(Pearson , 2020).

Manifestações do P. falciparum
P. falciparum provoca a doença mais grave por causa de seus efeitos
microvasculares. É a única espécie com probabilidade de provocar doença fatal se não for
tratada; pacientes não imunes podem morrer dentro de dias após o início dos sintomas. Os
aumentos da temperatura e os sinais e sintomas concomitantes geralmente se manifestam em
um padrão irregular, mas podem se tornar sincrônicos, ocorrendo em padrão de febre terçã
(aumentos da temperatura em intervalos de 48 horas), particularmente nos moradores de regiões
endêmicas que têm imunidade parcial (Pearson , 2020).
Pacientes com malária cerebral podem desenvolver sintomas que variam de
irritabilidade a convulsões e coma. Síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA),
diarreia, icterícia, sensibilidade epigástrica, hemorragias retinianas, malária álgida (uma
síndrome semelhante a choque) e trombocitopenia grave também podem ocorrer (Pearson ,
2020).

34
3.6. Tratamento da Malária

O diagnóstico e tratamento rápido são os meios mais eficazes para prevenir que um
caso leve de malária se converte em uma doença grave e em morte (WHO, 2017).
Para que seja garantida a melhoria do paciente infectado, é necessário a
administração de um ou mais fármacos. Os medicamentos são escolhidos pelo médico de
acordo com algumas informações sobre os seguintes aspectos: tipo de Plasmodium infectante,
idade do paciente, histórico de exposição anteriores, gravidez e outros problemas de saúde,
verificados caso a caso. De seguida apresentamos sumarizadamente os principais
medicamentos segundo o nível de utilização, respectivamente as mais utilizadas actualmente e
as de pouca utilização (FREITAS, 2017).

Objectivos do tratamento da malária


 Reduzir a mortalidade
 Prevenir as complicações
 Reduzir a morbilidade
 Eliminar a parasitémia para minimizar a transmissão
 Limitar a emergência e a expansão de resistência medicamentosa

3.6.1 Princípios da política nacional de tratamento


Conjunto de regras relacionadas com a disponibilidade e com o uso racional de
medicamentos antimaláricos no país.
Objectivo Geral:
Permitir que a população tenha acesso a antimaláricos com segurança, de boa
qualidade, eficazes, acessíveis e com aceitação.
Objectivos Específicos:
1. Garantir uma cura clínica rápida e duradoura;
2. Prevenir a progressão das formas simples para as formas graves de malária e
consequentemente a morte;
3. Reduzir os episódios clínicos e a ocorrência de malária associada à anemia;
4. Reduzir as consequências da infecção placentar e da anemia materna associada à
malária;
5. Atrasar o desenvolvimento e a expansão da resistência.

3.6.2 Vantagens do uso de Combinações à Base de Derivados de Artemisinina:


 Rápida e substancial redução dos parasitas;

35
 Rápida resolução dos sintomas;
 Eficaz contra as estirpes de P.falciparum resistentes a outros antipalúdicos;
 Baixa taxa de resistência demonstrada;
 Poucas reacções adversas;
Redução do aparecimento de gametócitos, portanto eficaz na redução da
transmissão da doença.
Para o tratamento podem ser utilizados alguns tipos de antiparasitários como:
 Cloroquina associada a uma aminoquinolona: tratamento de primeira escolha tanto
para malária falciparum como para não falciparum (fora de uso);
 Mefloquina, halofantrina e lumefantrina: actuam nas cepas resistentes a cloroquina;
 Quinina e quinidina: tem uma acção rápida e podem actuar nos tipos de malária não
grave;
 Primaquina: é a única que actua na forma hepática latente da P. vivax e do P. ovale;
 Artemisininas: auxiliam na eliminação rápida da circulação de parasitas e agem contra
os gametócitos para limitar a transmissão;
 Antibióticos: tetraciclinas, clindamicina, ambos de acção lenta podem ser utilizados.

Quadro 1: Protocolo Nacional de Tratamento da Malária com Coartem

Fonte: (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021).

Quadro 2: Esquema de tratamento com Arteméter + Lumefantrina (20/120mg).

Fonte: (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021).

36
Quadro 3: Esquema de tratamento com Arteméter + Lumefantrina (80/480mg).

Fonte: (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021).

Quadro 4: Esquema de tratamento com Artesunato + Amodiaquina (AS+AQ)

Fonte: (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021).

Contraindicações
 Hipersensibilidade conhecida aos componentes da combinação;
 Malária grave;
 Pacientes com VIH e terapêutica com Efavirenz ou Zidovudina;
 Grávida no primeiro trimestre (contudo, caso não haja disponibilidade de Quinino oral,
o tratamento poderá efectuar-se com ACT no primeiro trimestre - ver abaixo).
Efeitos adversos

37
No geral o AL é bem tolerado. Os efeitos adversos são raros, sendo os mais comuns
do trato gastrointestinal e do sistema nervoso central.
 Dor abdominal, anorexia, náuseas, vómitos e diarreia.
 Cefaleia, tonturas, distúrbios do sono e fadiga.
 Também foram notificados: alteração da marcha, artralgia, mialgia, palpitações,
nistagmo, redução da acuidade auditiva, ataxia, tosse, prurido e erupção cutânea.

3.6.1. Prevenção da Malária

Entre as principais medidas de prevenção individual da malária estão o uso de


mosquiteiros, roupas que protejam pernas e braços, redes em portas e janelas, o uso de
repelentes, tratamentos das valas de drenagem (WHO, 2018).
Por outro lado, as medidas de prevenção colectiva contra malária são borrifação
intradomiciliar, drenagem, pequenas obras de saneamento para eliminação de criadouros do
vector, aterro sanitário, limpeza das margens dos criadouros, modificação do fluxo da água,
controlo da vegetação aquática, melhoramento da moradia e das condições de trabalho e uso
irracional da terra (WHO, 2018).

38
3.7-Folha terapêutica
Tabela 1: folha terapêutica

Nome Nome
Acção Mecanismo de acção Reacções adversas Cuidados de enfermagem
Comercial Genérico
 Avaliar os sinais vitais antes de administrar
 Colocar o paciente numa posição semi-
Pode ocorrer dificuldade para sentado
Os barbitúricos deprimem
acordar e as vezes dificuldades  Verificar a região oral do paciente antes da
Gardenal Anticonvulsivantes, reversivelmente a actividade de
Fenobarbital para falar, coordenação motora e tomada de medicamento
luminal epnótico e sedativo. todos os tecidos excitáveis, sendo
de equilíbrio, vertigens com  Colocar o medicamento na boca do paciente
SNC especialmente.
cefaleia. e em seguida adicionar a água
 Deixar o paciente numa posição
confortável.
Fraqueza, urticária/ erupção
Ajudar eliminar parasitas  Administrar a dose certa, a hora certa e a via
Coarsucam Artesunato Elimina os parasitas cutânea, calafrios, tremor,
da malária certa
confusão e parestesias.
A ceftriaxona é um
A Ceftriaxona tem actividade As reacções adversas mais
antibiótico, uma  Atentar para a forma de apresentação, a
bactericida, inibindo a formação frequentemente reportadas para dosagem e a via de administração prescritas
cefalosporina semi-
da parede celular. Ela interfere na ceftriaxona são eosinofilia pelo médico.
sintética de terceira
Ceftriaxona Ceftriaxona síntese da parede celular (aumento de um tipo de glóbulos  A administração endovenosa deve seguir o
geração. Tem uma acção
bacteriana ao inibir a ligação brancos que geralmente indicam protocolo da instituição sobre diluição de
bactericida contra uma
cruzada do peptidoglicano. alergia ou infestação por vermes). antibióticos.
série de bactérias.

39
É necessário para produção de -Dor de estômago e dor
hemoglobina a deficiência de ferro -Prisão de ventre
Hemoforce Hemoforce Normalizar hemoglobina pode levar diminuição da -Náusea  Administrar o medicamento por via oral
produção de hemoglobina e -Vómito
microcitica anemia hiprocrómica -Manifestações alérgicas
É uma mistura de vitaminas
lipossolúveis nas proporções
normalmente absorvidas a partir
Fornecer vitaminas que - Dor de estômago;
Centrum (c) da dieta oral, não devendo
Multivitamina não são tomadas através - Dor de cabeça, ou - Gosto  Administrar o medicamento por via oral.
apresentar efeitos
da dieta. estranho ou desagradável na boca.
farmacodinâmicas para além de
manter ou repor o estado
nutricional.

O soro irá diminuir a viscosidade  Avaliar os sinais vitais


As reações adversas gerais  Colocar o paciente numa posição semi-
Soluções intravenosas deste muco, facilitando sua
incluem náuseas, vomito, sentado ou deitado
reposição eliminação. Além de não possuir
Cloreto de Soro Diarreia, cólicas  Pendurar o soro conectado numa altura de 
hidroeletrolítica efeitos adversos, ele hidrata e
Sódio fisiológico abdominais, redução das lágrimas, 2 metros
correção equilíbrio limpa a região nasal, eliminando
taquicardia, pressão alta, falência  Calcular o goteijamento do mesmo
básico possíveis causadores dessas
renal e edema pulmonar  Fazer aspiração do ar antes de conectar
infecções.
 Vigiar de 10 em 10 minutos.

40
 Avaliar os sinais e sintomas antes e depois
de administrar o fármaco

A dipirona é um  Colocar o paciente numa posição semi-


Náusea, vómitos, sensação de sentado ou deitado
antiinflamatório não- O mecanismo de acção de inibição
cansaço, perda de apetite, urina de  Comunicar ao paciente a medicação a ser
esteroidal com acção da síntese de prostaglandina,
cor escora, fezes de cor clara, administrada
analgésica e antitérmica. ciclooxigenase, síntese do
Metamizol Dipirona aparecimento de cor amarela na  Rediluir o medicamento com soro
Ela é indicada para agir tromboxano, a agregação
pele ou na parte branca dos olhos, fisiológico como indicado pelo médico
contra febre, dor de plaquetária induzida pelo ácido
coceira, erupção na pele ou dor na  Administrar lentamente verificando o rosto
cabeça, dor muscular e araquidónico.
parte superior do estômago. do paciente
cólicas.
 Deixar o paciente numa posição
confortável
 Anotar o procedimento realizado.
Cefaléia, vertigem. Dor  Prestar atenção na forma de apresentação, a
Reduz a secreção ácida Pode reduzir efeito do cetoconazol
abdominal, náusea, constipação, dosagem e a via de administração prescritas
Peprasol/ gástrica por meio de e itraconazol. Pode aumentar a
Omeprazol alteração no paladar, cólon pelo médico.
Losec mecanismo de acção acção do diazepam, warfarina,
irritável. Dor nas costas, fraqueza  Atentar para sinais e sintomas dos efeitos
altamente selectivo. fenitoína e carbamazepina.
e cãibras. colaterais.
Doses elevadas podem causar
Reposição de fluídos sintomas de desconforto, tais
Lactato de  Monitorar as mudanças no fluido e em
Soro Ringer Solução de electrólitos. extracelulares; reposição de como: náusea, vómito, dor
ringer electrólitos durante terapias prolongadas.
electrólitos perdidos abdominal e diarreia, cefaleia,
sonolência e arritmias.
Fonte: Rang & Dale, 2020.

41
3.8. Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE)

A sistematização da assistência de enfermagem é um instrumento científico que


proporciona ao enfermeiro o planeamento e a sistematização de suas acções. Como método no
processo de trabalho do enfermeiro, acarreta maior visibilidade de suas acções
(SCHWEITZER, 2011).
O objectivo da metodologia é garantir a precisão e a coesão no cumprimento do
processo de enfermagem e de atendimento aos pacientes (BRUNO, 2005).

3.8.1. Histórico de Enfermagem


Trata-se de um paciente de iniciais, V.K, sexo masculino, de 18 anos, com 50kg de
peso, de cor negra, solteiro, com 3 irmãos, natural do Lobito, de nacionalidade angolana,
residente no Bairro do Compão. Proveniente do domicílio com a sua mãe, encontrava-se
aparentemente em bom estado de saúde a mais ou menos uma semana, altura em que teve início
a sua sintomatologia caracterizado por cefaleia, hipertermia, crise convulsiva e o mesmo
encontrava-se também confuso, desorientado no tempo, espaço e em pessoa, motivo pelo qual
a mãe acorreu aos nossos serviços de urgência no dia 24/4/2022 pelas 10h15min onde decidiu-
se internamento, devido ao seu estado de saúde.
Antecedentes Pessoais: a mãe do paciente não refere antecedentes familiares.
Antecedentes Familiares: segundo os acompanhantes, não há relatos de patologias
do género na família.

Sinais Vitais

 TA – 120 /90 mmHg


 Temperatura – 39,9ºC
 Frequência Cardíaca: 89B´
 Frequência Respiratória: 21CR´

3.8.2. Exame Físico


Exame Objectivo Geral
Paciente incosciente, disorientado no tempo no espaço e em pessoa, estado geral
preocupante, nurtcional aparentemente razoável, mucosa oral e conjuntivas coradas,
escleróticas ictéricas.

42
EXAME DE OBJETIVO REGIONAL CABEÇA

 Tamanho eforma normal couro cabeludo sem lesoes

Crânio: forma e tamanho normal, cabelos bem implantados e liso, couro cabeludo
sem lesões.

 Palpação

Sem adenopatias palpáveis.

Olhos

Mobilidade ocular normal, e com boa acuidade visual escleróticas ictéricas

Orelhas

Pavilhão auricular e conduto auditivo normal, ouvidos com boa higiene.

Nariz

Localizado sobre a linha que une o ponto médio da testa e o ponto médio do queixo,
e ápice do nariz coincide com o ângulo interno dos olhos.

Face

Forma e tamanho normal.

Boca e Garganta

Mucosas normocoradas, dentes bem implantados e boa higiene oral.

PESCOÇO

 Inspecção

Forma e tamanho normal, com movimentos activos presentes.

 Palpação

Sem adenopatias palpáveis.

TORAX

 Inspecção

Forma e tamanho normal, acompanhando os movimentos respiratórios.

43
 Palpação
Não apresenta lesões, sem adenites palpáveis a nível da região axilar
Auscultação Pulmonar
Murmúrio vesicular mantidos, sem ruídos adventícios.
Auscultação Cardíaca
Tonos cardíacos normais.

ABDOMEM

 Inspecção
Móvel com uma ligeira esplenomegalia e cicatriz umbilical bem localizada e
abdómen acompanha movimentos respiratórios.

 Auscultação
Ruídos hidroaéreos pouco frequentes.

 Palpação
Sem alterações.

 Percussão
Sons normais.

MEMBROS SUPERIORES

 Inspecção
Forma e tamanho normal, com movimentos presentes.

 Palpação
Sem alterações.

MEMBROS INFERIORES

 Inspecção
Forma normal, com dificuldade em locomover-se.

 Palpação
Forma e tamanho dentro da normalidade.

44
3.8.2.1. Exames Complementares
 PP Positivo 4000 de plasmodium no sangue
 RW (-)
 VS – 130 P/mm
 HB – 9,8 dl
 Glicemia-----87mg/dl.

3.8.3. Necessidades básicas afectadas


De acordo com o paciente, identificamos as necessidades básicas humanas nos
seguintes domínios:
Tabela 2: Necess idades básicas afec tadas

Domínio Classes Problemas Diagnóstico


Enfrentamento/ Resposta de Ansiedade Ansiedade relacionado à
tolerância ao stress enfrentamento mudança no estado de saúde
emocional
Atividade/repouso incapacidade Autocuidado de Deficit no autocuidado para
alimentar-se de forma alimentação relacionado a fraqueza
independente
Atividade/repouso Autocuidado Incapacidade de realizar Deficit no autocuidado para banho
atividades de limpeza de relacionado a fraqueza evidenciado
de forma independente no prejuízo para pegar artigos para
banho.
Atividade/repouso Balanco Diminuição da Expressa cansaço relacionado ao
energético capacidade de trabalho descondicionamento físico
físico mental
Atividade-repouso Atividade- Limitação no movimento Diminuição da amplitude de
exercício independente e proposital movimentos relacionado a
do corpo de um ou mais resistência física insuficiente
extremidades
Atividade-repouso Sono repouso Incapacidade de iniciar ou Expressão insatisfação com
manter o sono dormir relacionado aos cochilos
durante o dia
Fonte: k NANDA, (2021 – 2023).

45
3.8.4. Listagem de problemas
Tabela 3: Listagem de problemas

Identificação dos Problemas de Diagnósticos de Enfermagem


Enfermagem
Ansiedade Ansiedade relacionado à mudança no estado de saúde emocional
Dificuldade de alimentar-se Deficit no autocuidado para alimentação relacionado a fraqueza
Incapacidade de fazer higiene pessoal Deficit no autocuidado para banho relacionado a fraqueza
evidenciado no prejuízo para pegar artigos para banho.
Fadiga Expressa cansaço relacionado ao descondicionamento físico
Dificuldade de deambular Diminuição da amplitude de movimentos relacionado a resistência
física insuficiente
Falta de sono Expressão insatisfação com dormir relacionado aos cochilos
durante o dia
Hipertermia Hipertermia relacionada ao agente infeccioso
Acesso venoso hospitalização Risco de infecçao relacionado ao acesso venoso periférico
Cefaleia Dor aguda relacionada ao agente infeccioso
Crises convulsivas Confusão mental relacionada a alteração neurológica
Fonte: Elaboração própria + Manual de Diagnóstico de Enfermagem NANDA, (2021 – 2023).

3.8.4. Diagnóstico de Enfermagem


O Diagnóstico de Enfermagem (DE) é o processo de interpretação e de
agrupamento dos dados colectados na primeira etapa do Processo de Enfermagem (PE)
baseados na NANDA International. É a segunda etapa do Processo de Enfermagem e que
possibilita ao enfermeiro reunir informações necessárias para implementar acções de
enfermagem, dando origem à terceira etapa do Processo de Enfermagem.
A função do diagnóstico de enfermagem é facilitar o cuidado da enfermagem.
São análises feitas a partir do estado de saúde dos clientes envolvidos, sendo que o
enfermeiro cria sua opinião e assim contribui para evolução do mesmo (SAE, 2020).
A partir dos problemas identificados é prestada a assistência de enfermagem segundo as
prioridades dos problemas dos diagnósticos estabelecidos, sendo estes sistematizados (orientação, ajuda
e execução de cuidados a fazer), o planeamento da assistência de enfermagem consiste em um plano de
acções para se alcançarem resultados relação a um diagnóstico de enfermagem (NANDA, 2018)

3.8.4.1. Apreciação dos padrões funcionais de Saúde


 Padrão nutricional e metabólico

46
O paciente alimenta-se com auxílio por via oral, três vezes ao dia, pequeno-almoço,
almoço e jantar, as refeições são confeccionadas pelos familiares e não refere alergia aos
alimentos.
 Padrão de eliminação
O paciente evacua 1 a duas vezes por dia, fezes de coloração amarela, pastosas,
cheiro e quantidade normal e urina com auxílio de um cateter vesical 2000 a 250 ml por dia,
urina clara e odor normal.
 Padrão de sono
O paciente tem dificuldades em dormir, refere falta de sono, deita-se as 1 horas e
levanta-se as 5 horas.
 Padrão cognitivo e perceptivo
O paciente tem órgãos de sentidos normais, não faz uso de aparelhos auxiliares e é
capaz de tomar as suas próprias decisões antes desta patologia.
 Padrão de valores e crenças
Paciente pertencente a Igreja Evangélica, frequenta sempre que possível a Igreja.

47
3.8.5. Planos de Cuidados
Tabela 4: Planos de Cuidados

Diagnóstico de Resultados
Prioridade Objectivos Intervenções
Enfermagem Esperados
Normalizar - Realizar arrefecimento corporal ao paciente;
a - Vestir ao paciente roupas leves;
Hipertermia relacionada Hipertermia relacionada temperatura - aferi os sinais vitais com mais rigor a temperatura Temperatura
ao agente infecioso ao agente infecioso nas corporal; normalizada
próximas - Administrar um antipirético prescrito pelo médico;
horas - Anotar todo procedimento realizado.
Eliminarr a - Aferir os sinais vitais;
Dor aguda relacionada Dor aguada relacionada dor nas - Tranquilizar o paciente dando apoio psicológico
Dor eliminada
ao agente infeccioso ao agente infeccioso próximas - Administrar um analgésico prescrito pelo Médico;
horas - Anotar todo procedimento realizado.
- Colocar cânula de guedel na cavidade oral para
Eliminar as
protecção da língua
Confusao mental Confusao mental convulsões
- Levantar as grades de protecção lateral da cama para Restabelecim
relacionado a alteração relacionado a alteração nos
evitar quedas. ento mental
neurologica nerologica próximos
- Administração de Benzodiazepinicos
minutos
- Vigiar o paciente

48
Ansiedade relacionado a Ansiedade relacionado a
Elimimar Conversar bastante com o paciente lhe tranquilizando
mudança no estado de mudança no estado de Melhorias
ansiedade da sua situação atual
saúde emocional saúde mental
Risco de infecção, Risco de infecção, - Higienizar o local de inserção do cateter
Prevenir Infecção
relacionado ao acesso relacionado ao acesso - Mudança de cateter de 72/72horas
infecção prevenida
venoso periférico venoso periférico - Vigiar sinais flogísticos
Deficit no autocuidado Deficit no autocuidado Proporciona
para alimentação para alimentação r refeições Alimentação
relacionado a fraqueza relacionado a fraqueza nos - Proporcionar refeições nos momentos indicados. proporcionada
próximos
momentos
Diminuicao da Diminuicao da
Melhorar a
amplitude de amplitude de
robusques
movimentos movimentos Proporcionar exercícios de caminhadas leves Melhorias
física do
relacionado a resistência relacionado a resistência
pacinte
física insuficiente física insuficiente
Deficit no autocuidado Deficit no autocuidado
para banho relacionado para banho relacionado
Normalizar Proporcionar banho no leito e apois a fraquez auxiliar Higiene
a fraqueza evidenciado a fraqueza evidenciado
a fraqueza o paciente ao banheiro melhorada
no prejuízo para pegar no prejuízo para pegar
artigos para banho. artigos para banho.

49
Expressa cansaço Expressa cansaço Incentivar o
Proporcionar um bem-estar físico ao paciente com
relacionado ao relacionado ao paciente ao Melhorar a
exercício físicos leves durnta o dia e descansar no
descondicionamento descondicionamento exercício fadiga
leito
físico físico fisico
Incapacidade de Incapacidade de iniciar
Padrão de
iniciar ou manter o ou manter o sono Restabelece - Apoio psicológico
sono
sono relacionado aos relacionado aos r o padrão - Aconselhar o paciente dormir as noites
restabelecido
cochilos frequentes cochilos frequentes de sono - Estabelecer horários de sono
durante o dia durante o dia

Fonte: NANDA, (2021 – 2023).

50
3.8.6. Prescrição de enfermagem
Medidas Gerais:
 Aferir os dos sinais vitais 6h/12h/18/00h
 Fazer a medicação prescrita
 Medição da glicemia; 6h/14/h22h
 Auxilio ao diambular; S.O.S
 Permitir que o paciente seja o mais autónomo possivel nos seus cuidados de higiene.
 Explicar ao paciente a importância de ingerir um mínimo de alimentos e líquidos para
conservar as forças e o equilíbrio; S.O.S
 Orientar o paciente (espaço, tempo e em pessoas) realizar um programa de exercício;
 Orientar o paciente executar exercícios de amplitude dos membros superiores e
inferiores. S.O.S
 Verificar o estado de orientação do utente de 6h/8h/10h/12h/14h;
Medidas Terapeuticas :
 Administrou-se um analgesico, S.O.S
 Administrou-se soroterapia, 6h/14h/22h
 Administrou-se hemoforce6h/18h
 Administrou-se Paracetamol, 6h/14h/22h
 Administrou-se Ceftrixona 6h/18h
 Administrou-se artesunato 1º-22h
 Administração de fenorbital s,o,s

3.8.6. Evolução de enfermagem

 23 de Abril de 2022

Trata-se de um paciente de iniciais, V.K, sexo masculino, de 18 anos, com 50kg de


peso, de cor negra, solteiro, com 3 irmãos, natural do Lobito, de nacionalidade angolana,
residente no Bairro do Compão. Proveniente do domicílio com a sua mãe, encontrava-se
aparentemente em bom estado de saúde a mais ou menos uma semana, altura em que teve início
a sua sintomatologia caracterizado por cefaleia, hipertermia, crise convulsiva e o mesmo
encontrava-se também confuso, desorientado no tempo, espaço e em pessoa, motivo pelo qual
a mãe acorreu aos nossos serviços de urgência no dia 24/4/2022 pelas 10h15min onde decidiu-
se internamento, devido ao seu estado de saúde.

Assinatura: Enfermeiro Victor Semedo+Aclaide Canenga


51
 24 de Abril de 2022
8H. Paciente de 18 anos idade, com 24 horas de internamento, diagnóstico Malária
com disfunção neurológica, evoluindo consciente orientado nos três planos tempo, espaço e em
pessoa, nutrida, aceita bem a dieta, locomovendo com ajuda, eupneica, segue em soroterapia
em acesso venoso periférico no membro superior direito, sem sonda vesical de demora, diurese
presente, estando as evacuações presentes com características pastosas, realizada colecta de
sangue para exame de hemograma completo, aguardando resultado, realizou-se banho em
aspersão, mantém em repouso no leito seguindo os cuidados de enfermagem, com Glicemia de
96 mg/dl e apresenta os seguintes dados dos sinais vitais: T/A: 111/55mmHg; T- 37,c; P-
117P/min R-20cr/min
Assinatura: Enfermeiro Victor Semedo+ Aclaide Canenga

 25 de Abril de 2022
Paciente de nome V.K, de 18 anos idades, internado com o diagnóstico Malária
com disfunção neurológica, estado geral aparentemente razoável, mucosa oral conjuntivas
normocoradas, encontra-se calmo, orientado nos três planos, nutrida, aceita bem a dieta,
locomovendo sem ajuda, eupneica, segue em soroterapia em acesso venoso periférico no
membro superior direito no dorso da mão sem sinais flogísticos, estando as evacuações
presentes com características pastosas, realizou-se banho em aspersão, mantém em repouso no
leito seguindo os cuidados de enfermagem. Cumpriu com a medicação. Parâmetros Vitais: TA
– 116/70mmHg; T-36ºc; P-115 P/min; R-20cr/min
Assinatura: Enfermeiro Victor Semedo +Aclaide Canenga

3.8.7. Anotações de enfermagem


Tabela 5: Anotações de enfermagem

Data Horas Procedimentos Assinaturas


Aferiu-se os sinais vitais Enfermeiro Victor Semedo
23/04/2022 14h proporcionar higiene e conforto ao
+ Aclaide Canenga
paciente
Administrou-se medicamentos segundo a
prescrição médica
Auxiliou-se na higiene pessoal
Aferiu-se os sinais vitais, Enfermeiro Victor Semedo
24/04/2022 08h Controlou-se a diurese,
Realizou-se a mudança de decúbito. + Aclaide Canenga

Aferiu-se sinais vitais, administrou-se Enfermeiro Victor Semedo


medicamentos segundo a prescrição
+ Aclaide Canenga
médica, auxiliou-se nas necessidades
25/04/2022 9h básica.
Auxilio-se o paciente em caminhadas leves
Fonte: NANDA, (2021 – 2023).

52
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao decorrer do meu estágio aprendi muito e pude aperfeiçoar as técnicas e as teorias


ligadas a Enfermagem. Durante o estágio tive inúmeras dificuldades mas pude superá-las com
ajudas do orientador e as enfermeiras do hospital.
Este estágio proporcionou-me várias oportunidades, de uma maneira geral penso
ter atingido os objectivos que me foram propostos de uma forma positiva, tendo em todos eles
me esforçado para ter o comportamento e a postura mais tanto a nível humano como a nível
profissional.
Foi uma experiência bastante pertinente como profissional e como ser humano com
objectivo de proporcionar o bem-estar físico, psicológico do paciente.
Durante a realização do estudo, foi possível a aquisição dos materiais e não só, sem
qualquer inconveniente ou dificuldade.
O presente estudo, constituiu-se como sendo um primeiro passo para o estudo mais
aprofundado das sequelas neurocognitivas deixadas pela malária. O objectivo final, será a
identificação de áreas funcionais mais afectadas assim como, a implementação de estratégias
recuperativas. Apesar de modesto, este estudo deixa antever a necessidade de implementação
de serviços de reabilitação, vocacionados para a intervenção com malária cerebral.

Após ao estudo, recomendamos o seguinte: que se desenvolvam medidas por todas


as unidades de saúde em toda a área endêmica para malária. As medidas de controlo do vetor
devem ser seletivas, ajustadas à realidade entomo-epidemiológico, de modo a garantir a redução
da prevalência e interrupção da transmissão. No desenvolvimento das ações de controlo da
malária em Angola, deve-se levar em consideração algumas estratégias que têm sido
consideradas atualmente para reduzir os níveis de transmissão nas áreas endêmicas. Entre elas
destacam-se:
 Medidas de combate ao vetor , através da borrifação das paredes dos domicílios com
inseticidas de ação residual;
 Medidas de combate às larvas, através de larvicidas. Devido à extensão das bacias
hidrográficas existentes nas áreas endêmicas e ao risco de contaminação ambiental com
larvicidas químicos, esta estratégia tem sido pouco aplicada;
 Medidas de saneamento básico para evitar a formação de criadouros de mosquitos,
surgidos principalmente a partir das águas pluviais e das modificações ambientais
provocadas pela garimpagem do ouro;
 Medidas para melhorar as condições de vida, através da informação, educação e
comunicação, a fim de provocar mudanças de atitude da população em relação aos
fatores que facilitam a exposição à transmissão.
 Uso de mosquiteiros.
 Uso de roupas que cobrem o corpo.
 E em caso de qualquer sintomas dirigir-se a unidade de saúde mais próxima.
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