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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO, SOCIAIS

E HUMANAS

ANTEPROJECTO DE TRABALHO DE FIM DE CURSO

A EMPREGABILIDADE DO GENERO NO PROCESSO DE


ENSINO E APRENDIZAGEM. ESTUDO DE CASO DOS
ALUNOS DE GESTÃO DE EMPRESA DO LICEU DE
BENGUELA

ESTUDANTE:ROSA DOMINGAS SUPOLETA TOMÁS


CURSO: SOCIOLOGIA
OPÇÃO: CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO E INVESTIGAÇÃO
ORIENTADOR: Dr. JUCA MANJENJE

BENGUELA, 2022
INTRODUÇÃO
A mulher deixou de estar exclusivamente aos cuidados familiares e da casa,
adquirindo maior autonomia com sua inclusão no mercado de trabalho. Porém, mesmo diante
dessa e de outras conquistas, as mulheres enfrentam enormes dificuldades referentes às
desigualdades de género e raça, tais como segregação ocupacional, desigualdade salarial,
além da dupla jornada de trabalho.

Hoje entendemos em constantes debates sobre o género da necessidade de


devolver ou construir o lugar da mulher na sociedade.
Opiniões divergem.
Alguns defendem a necessidade de um feminismo mais radical que venha
posicionar a mulher na sociedade e outros defendem de um igualitarismo de género para
maior e melhor coabitação entre homens e mulheres.
A escola é uma das instituições onde é possível estudar, discutir o lugar da mulher
na sociedade.
A questão da empregabilidade, que é hoje uma das grandes temáticas na
sociologia das organizações, olha a escola como um dos caminhos de preparação da mulher
para o mercado de emprego.
É neste ante-projecto que vamos procurar apresentar a forma como as escolas de
formação profissional preparam a mulher para os desafios impostos pelo mercado de
emprego. A forma como as mulheres poderão competir ou não com os homens de forma a
defenderem ou construírem o seu lugar na sociedade.
JUSTIFICAÇÃO
Como mulher, sendo parte das nossas observações ao problemas sociais do género
e na condição de desempregada a ideia é compreender a forma como as mulheres se tornam
vítimas do mercado de emprego.
A nível social justifica-se na medida em que se entende que a escola não
apresenta um plano de ensino específico a mulher. Com todas as especificidades que o género
apresenta e a olhar na forma como a sociedade construiu o lugar da mulher, é importante que
a escola ajudasse na desconstrução da mesma realidade preparando a mulher para a
competição de emprego.
A nível pessoal: na condição de mulher desempregada, entendo que o facto de ser
mulher perco algumas oportunidades de emprego por razões de segurança pessoal, distância
geográfica, ligações domésticas, aspectos a maternidade e exigências biológicas e por
propostas de “corrupção sexual”.
No campo científico: hoje a ciência responde as grandes preocupações sociais.
Acreditamos que com o estudo deste tema, poder-se-á conhecer melhor as dimensões da
empregabilidade do género no processo de ensino e aprendizagem. Com os dados colectados
na pesquisa, esperamos ajudar as entidades governamentais e não só, saibam da dimensão do
problema e assim traçarem de forma objectiva, políticas que visarão igualar no mercado de
emprego as mulheres aos homens.
PROBLEMA DE ESTUDO
O problema de estudo, nasce na forma como nos deparamos com a realidade
social. O problema de estudo é para nós o “fenómeno social” que pretendemos compreender.
Dali, este problema é levantado em jeito de pergunta para dela, rodar toda nossa pesquisa.
Assim, definimos como pergunta de pesquisa: Como a questão da
empregabilidade do género é tratado no processo de ensino e aprendizagem no curso de
gestão de empresa no Liceu de Benguela?

HIPÓTESES
Temos como hipótese de investigação as seguintes:
H1 – A abordagem temática sobre a empregabilidade do género nas aulas diminui as
possibilidades de inserção da mulher no mercado de emprego;
H2 – O plano curricular do curso de gestão de empresa no Liceu de Benguela não abre
possibilidades de treinamento da mulher no mercado de emprego;
OBJECTIVOS
Geral
 Analisar a abordagem temática sobre a empregabilidade do género no processo de
ensino e aprendizagem no curso de gestão de empresa no Liceu de Benguela.
Especifico
 Avaliar a abordagem temática sobre a empregabilidade do género na sala de aula no
curso de gestão de empresa no Liceu de Benguela;
 Observar o plano curricular do curso de gestão de empresa no Liceu de Benguela.
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
O género
O termo género vem do latim genus, que significa nascimento``, família", "tipo".
Tradicionalmente, o termo género é utilizado como um conceito gramatical de classificação
das palavras, dividindo-se entre masculino e feminino e neutro. Embora em sua origem grega,
genose geneã, o termo também fizesse referência ao sexo, foi somente a partir do séc XV que
esta associação passou a ser mais utilizada, ou seja, o termo passou a ser sinónimo do sexo
biológicos do indivíduos

O género e escola
A escola é uma instituição que faz parte de uma das esferas sociais de convívio
mútuo entre os indivíduos. Na escola estão contidas todas as relações que dela se derivam
enquanto grupo social (CANDIDO, 1973). “Isto vale dizer que, ao lado das relações
oficialmente previstas [...] há outras que escapam à sua previsão, pois nascem da própria
dinâmica do grupo social escolar.”(CANDIDO, 1973, p.107).
Contudo, em anos recentes, o debate sobre o género nas escolas sofreu uma
inversão dramática. Os “rapazes com insucesso” são agora o principal tema de conversa de
educadores e decisores políticos. Desde os inícios dos anos 90, as raparigas ultrapassaram de
forma consistente os rapazes em todas as áreas e a todos os níveis do sistema educativo ().

O género e a empregabilidade
Hoje, o mercado de emprego enquanto plataforma de mobilidade socioeconómica
e de emancipação feminina, não se limita ao aspecto numérico. Este caracteriza-se também
por uma alteração dos papéis tradicionalmente associados aos homens, às mulheres e das
desigualdades sociais. Em Angola o espaço da mulher ainda se circunscreve muito à esfera
doméstica, pois as estruturas familiares são patriarcais e as mulheres encontram-se
subalternizadas, cingindo a sua acção à esfera familiar. Como Pateman afirma, “este contrato
hace posible que el derecho natural de los varones sobre las mujeres se transforme en derecho
civil patriarcal” (Cobo, 2008, p.58).
As mulheres desde cedo são educadas para desempenhar papéis subordinados,
domésticos e familiares, pelo que acaba por quase não ter expressão social. Tal é viabilizado
pelos estereótipos sociais existentes, ou seja, pela definição de masculinidade e feminilidade
vinculados no sistema de valores dos indivíduos, sendo que “estereótipo masculino é
composto por traços de independência, racionalidade, lógica, assertividade e auto-afirmação,
todos eles valorizados socialmente, e o estereótipo feminino é composto pelo pólo oposto
destes traços, negativamente valorizados, e ainda pela expressividade afectiva, a única
dimensão que é positivamente valorizada” (Santos, 2003). Estes estereótipos são o principal
factor de discriminação sobre as mulheres no mercado de trabalho.
A participação feminina no mercado de trabalho tem aumentado de forma linear e
praticamente alheia às flutuações da actividade económica. Seja em fases de recessão, seja
nos ciclos de expansão da economia, a taxa de actividade das mulheres, em particular dos
cônjuges com filhos, tem crescido no Brasil nos últimos 20 anos. Essa constatação é quase
lugar-comum, estando evidenciada em todas as pesquisas e artigos, quaisquer que sejam as
fontes estatísticas.
Além do crescimento sustentado da taxa de actividade feminina, outra tendência
interessante diz respeito ao melhor desempenho das mulheres na disputa por postos de
trabalho. De fato, desde meados dos anos 80, a taxa anual de emprego das mulheres mostra-se
mais elevada que a masculina, levando a um forte aumento do sexo feminino entre os
ocupados. A absorção da mão-de-obra feminina tem sido, portanto, superior à masculina em
todas as fases recentes da economia (Linhares e Lavinas, 1997).
Muitas razões podem explicar esse comportamento mais favorável às mulheres do
que aos homens no que se refere à expansão do seu nível de ocupação. Uma delas decorre da
amplitude do processo de reestruturação produtiva iniciado na década de 90 e que afecta
sobremaneira o emprego industrial, cuja redução “massiva” tem rebatimentos negativos,
incidindo mais sobre os homens do que sobre as mulheres, já pouco representadas no sector.
Outro factor a estimular a inserção produtiva das mulheres diz respeito à expansão da
economia de serviços. É verdade, entretanto, que esse fenómeno pouco tem alterado o grau de
“mixidade” intra-setorial, dado o perfil da segregação ocupacional de género: no sector de
serviços, as mulheres permanecem majoritárias (mais de 70%) nas actividades de saúde e
ensino (setor privado e público), na administração pública e nos serviços pessoais, actividades
moldadas pelo tradicional lugar do feminino na esfera da reprodução (Lavinas, Amaral e
Barros, 2000).
Teorias sociológicas sobre o género
O conceito de género tem a ver com a diferenciação social entre os homens e as
mulheres. Tem a vantagem, sobre a palavra "sexo", de sublinhar as diferenças sociais entre os
homens e as mulheres e de as separar das diferenças estritamente biológicas. Os estudos
das relações sociais de género foram bastante marcados pelo trabalho de investigação levado a
cabo pela socióloga feminista norte-americana Jessie Bernard, que, em meados dos anos 40
do século XX, iniciou a abordagem da importância do "género" na organização da vida em
sociedade. A obra mais conhecida desta autora, The Future of Marriage (1982), procura
mostrar como é que o casamento constitui um contexto institucional de cristalização de
normas, valores, papéis e padrões de interacção entre o homem e a mulher, que são
ideologicamente dominantes e que subjugam e oprimem a mulher. Esse estudo tornou-se já
um clássico, num dos domínios de investigação sobre as relações sociais de género que mais
se tem desenvolvido: a divisão tradicional dos papéis sexuais e as suas repercussões ao nível
da família e do trabalho, ou em relação ao domínio privado e ao domínio público.
A investigação sociológica no domínio das relações sociais de género centra-se
em dois pressupostos de análise principais:
1) a posição ocupada na sociedade pelos homens e pelas mulheres não são apenas
diferentes, mas também desiguais;
2) a desigualdade social entre homens e mulheres resulta, principalmente, da organização
da sociedade e não de diferenças biológicas ou psicológicas significativas entre os
mesmos.
Em relação ao princípio analítico de que não há apenas uma diferenciação
socialmente construída entre homens e mulheres, mas também, e sobretudo,
uma desigualdade social, isto significa que os estudos em função do género supõem que as
mulheres têm menos recursos materiais, estatuto social, poder e oportunidades de auto-
realização do que os homens com quem partilham a mesma posição social.
O género é, assim, considerado um elemento que condiciona a posição social dos
indivíduos, tais como a classe, os rendimentos económicos, a profissão, o nível de
escolaridade, a idade, a raça, a etnia, a religião e a nacionalidade. Neste âmbito, têm-se
desenvolvido estudos sociológicos centrados na discriminação e na diferenciação social, em
função do género, em diversas áreas da vida em sociedade, tais como, por exemplo, as
desigualdades no acesso ao poder e ao emprego e na atribuição de rendimentos salariais.
No que respeita ao princípio de que as diferenças entre os dois sexos são
sobretudo socialmente instituídas e não predeterminadas, o conceito explicativo principal é o
de "socialização".
Por outras palavras, uma parte significativa dos estudos no domínio das relações
sociais de género supõe que a diferenciação de comportamentos e de traços de personalidade
consoante o género resulta de expectativas socialmente incutidas nos indivíduos desde a
infância, pelas quais as crianças são socializadas no sentido de desempenharem diferentes
papéis, "masculinos" ou "femininos". Basicamente, trata-se de investigar como é que, ao nível
das interações entre os indivíduos, são construídas e recriadas de um modo permanente as
dicotomias entre o homem e a mulher. Neste domínio, são de salientar os trabalhos da
socióloga feminista britânica Dorothy Smith (1987) e da teórica feminista francesa Luce
Irgaray (1985), sobre o modo como as linguagens atuais estão dominantemente ancoradas em
experiências e conceitos masculinos.
METODOLOGIA
O referido trabalho será de carácter exploratório e observacional, e para a sua
realização faremos recurso aos seguintes métodos:
 Pesquisa bibliográfica: este método nos ajudará a ter contacto com os materiais já
publicados, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e material
disponibilizado pela Internet (Mendes & Manuel)1.
 Métodos qualitativos e quantitativos: estes métodos permitem que a investigação
possa recolher e reflectir sobretudo aspectos enraizados, menos imediatos, dos hábitos
dos sujeitos, grupos ou comunidades em análise e, simultaneamente, sustentam, de
modo fundamentado a observação, a respectiva inferência ou interpretação dos seus
hábitos2 Qualitativos, porque nos basearemos na realidade actual da escola e nas ideias
dos intervenientes da acção educativa a respeito do assunto em estudo 3. Quantitativo,
porque far-se-á a análise quantitativamente os resultados que obteremos do estudo.
 Método analítico – sintético: é um procedimento teórico mediante o qual um todo
complexo se decompõe nas suas diversas partes e qualidades. A análise permite a
divisão mental do todo nas suas múltiplas relações e componentes e a síntese produz-
se com base nos resultados obtidos da análise e possibilita a sistematização do
conhecimento4.
 Método indutivo: é um “processo mental por intermédio do qual partindo de dados
particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal”5.
Este método nos ajudará a generalizar as nossas conclusões a partir de algumas
demonstrações da pesquisa. Será um caminho que nos vai possibilitar particularizar
aspectos a observar, partindo do conhecimento particular ao geral. Neste caso,
constatações particulares são as que nos levaram a teorias e leis gerais.
 Método dedutivo: Este método nos vai ajudar a fazer um raciocínio geral partindo das
observações do assunto em estudo a fim de produzir ideias particulares.

1
Cf:; Conceição Barbosa MENDES e Tuca MANUEL, “Investigação em educação: opção metodológica para a
pesquisa científica”, Kate Editora, Benguela, 2016, p.45.
2
Cfr. Paula do Espírito SANTO, “Introdução à Metodologia das Ciências Sociais”, Edições Silabo, Lisboa,
2010, p. 25.
3
Cfr; Janice MORSE, “aspectos essênciais de: Metodologia de Investigação Qualitativa”, Editora Formasau,
Coimbra, 200i7, pp.12-13
4
Cfr. Santa Taciana Carrillo RAMOS e Ernan Santiestebam NARANJO, op., cit., p.103
5
Marina de Andrande MARCONI e Eva Maria LAKATOS, “Fundamentos de Metodologia cientifica”, Atlas
Ltda, São Paulo, 2017, p. 82.
 Método estatístico: são “conjuntos de complexos e representações simples e
constatar se essas verificações simplificadas têm relações entre si” 6. Nos ajudará a
processar os dados que serão adquiridos das entrevistas e dos questionários aplicados,
a partir de um dispositivo informático Excel para o cálculo de frequências e respectiva
percentagem7.
 Como técnica de recolha de dados a ser usada por nós no campo para a elaboração do
referido trabalho, usaremos a técnica de questionários por inquérito, por ser “uma
técnica que se pode conhecer a opinião ou a avaliação (…) sobre o assunto de
[Abordagem] é também considerado como um instrumento importante para colecta
de dados. Trata-se de um conjunto ordenado e consistente de perguntas a respeito de
variáveis e situações que se deseja medir ou descrever” 8. Sendo assim nos ajudará a
dar respostas as perguntas de investigação anteriormente levantada.

Campo de estudo: a pesquisa será realizada no Liceu de Benguela.

População e amostra: a população será constituída por todos os alunos de Gestão


de Empresa do Liceu de Benguela. Utilizaremos uma amostra aleatória simples da nossa
população.

Aspectos Ético – Legais: para garantir uma certa consideração das normas éticas
e legais que orientam a elaboração dos trabalhos de natureza científica e para que a pesquisa
seja realizada, primeiro será submetido o anteprojecto de investigação ao Departamento de
Ciências de Educação, Sociais e Humanas do Instituto Superior Politécnico Jean Piaget de
Benguela para a aprovação. Após aprovação será submetida a solicitação para a realização da
pesquisa à Direcção do Liceu de Benguela. Os participantes da pesquisa irão assinar o termo
informado que contém os objectivos do estudo e salvaguarda-lo.

6
Cf.: Santa Taciana Carrillo RAMOS, op. cit., p.110.
7
Taciana Carrillo RAMOS e Ernan Santiensteban NARANJO, “Metodologia da investigação Científica”,
Escolar Editora, Lobito, 2014, p.201.
8
Santana Taciana Carrillo RAMOS, op. cit., p. 141-144.
SUMÁRIO PROVISÓRIO

RESUMO
ABSTRACT
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO

1.1. Definição de termos e conceitos


1.1.1. O género
1.1.2. O género e escola
1.1.3. O género e a empregabilidade
1.1.4. Teorias sociológicas sobre o género
CAPÍTULO II – DESENHO METODOLÓGICO

CAPÍTULO III – ANÁLISE, APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS


CONCLUSÃO
RECOMENDAÇÕES
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANEXO
APÊNDICE
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Guiddes A. (2013). Sociologia. 9ª Edição. Revista e Actualizada com Pbilip W. Sutton.
Fundação Calouste Gulbenkian. ISBN 978-972-31-1503-1.
CRONOGRAMA

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