Você está na página 1de 10

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA,

E TECNOLOGIA DO PARÁ

Curso técnico em Estradas

Ana Luiza dos Santos


Camili Ronieli
Eveny Carvalho
Lohanna da Silva
Sarah Marques
Talita Souza

Desigualdade de gênero no mercado de trabalho

Belém
2022
Ana Luiza dos Santos
Camili Ronieli
Eveny Carvalho
Lohanna da Silva
Sarah Marques
Talita Souza

Desigualdade de gênero no mercado de trabalho

Monografia apresentada ao Instituto Federal


do Pará (IFPA), como parte do
processo avaliativo da matéria de sociologia.
Professor(a): Bárbara Casseb.

Belém
2022
Introdução

O presente trabalho tem como objetivo principal evidenciar as desigualdades de gênero no


mercado de trabalho, mais concretamente a intervenção no mercado de trabalho pelo Estado
brasileiro. Este trabalho buscou apresentar como as desigualdades de gênero se apresentam no
mundo do trabalho, suas características e o posicionamento do Estado brasileiro mediante este
cenário.
A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, enriquecida com pesquisa
quantitativa–descritiva.
Desigualdade de gênero

Durante muito tempo, a mulher foi excluída da participação efetiva nos espaços públicos, do
trabalho fora do âmbito doméstico e da possibilidade de desenvolvimento científico e
intelectual por meio da educação formal, além de estarem submetidas ao poder de homens de
sua família, em geral seus pais e maridos. Isso acarretou num problema que urge por solução:
a desigualdade fundamentada pelo gênero.

A desigualdade de gênero ocorre quando há privilégio de um gênero em detrimento de outro.


Historicamente, os direitos e vontades do homem se sobrepuseram aos das mulheres. Essa
diferença está enraizada em nossa sociedade sob a forma do machismo, muito em função de
uma cultura patriarcal ultrapassada. Isso porque a estrutura familiar e as relações sociais
antigas colocavam o gênero masculino no lugar mais elevado da pirâmide social. Os homens
trabalhavam fora, tomavam as decisões e impunham suas vontades às suas esposas.

Há uma crítica feminista a qual enfatiza que a sociedade está em baseada em uma estrutura
dicotômica, que por um lado separa as esferas do público e do privado, e por outro as
hierarquiza, atribuindo distintos papéis sociais a homens e mulheres de acordo com os seus
gêneros. Segundo essa divisão, aos homens caberia a ocupação do espaço público e às
mulheres a circunscrição ao espaço privado da casa. Tal ordenação social com base no gênero
foi exemplarmente capturada pelo antigo adágio, consoante o qual “o lar do homem é o
mundo e o mundo da mulher é o lar“.

Para analisar a economia a partir da ótica feminista também é o de gênero. De fato, o mínimo
denominador comum que permite a coesão ao lidar com as mais diversas questões,
metodologias, métodos e desenhos de pesquisa que compõem o campo da chamada economia
feminista é a introdução da categoria de análise de gênero na economia. Segundo Ferber e
Nelson, O termo “gênero, que não deve ser confundido com o sexo biológico, refere-se ao
modo como as sociedades atribui o caráter de ‘masculinidade’ ou ‘feminilidade’ não apenas a
pessoas, mas também há várias atividades e até mesmo conceitos“. Sendo gênero um termo
relacional que envolve uma hierarquia entre os distintos papéis socialmente atribuídos às
mulheres e aos homens, ele refere sobretudo a maneira como essa diferença entre os sexos
permite compreender como estão estruturadas relações de poder em uma dada sociedade.
Desigualdade de gênero no mercado de trabalho
Como e porquê as desigualdades de gênero aparecem no mercado de trabalho

No mercado de trabalho, a desigualdade de gênero é demasiadamente vivenciada pelas


mulheres. Estas desigualdades assumem a sua forma mais clara nos gaps salariais entre
homens e mulheres no mercado de trabalho, em que mulheres ganham um salário inferior ao
do homem — mesmo sendo a maioria no mercado de trabalho com curso superior, as
mulheres recebem salários menores que homens que atuam com os mesmos cargos — mas
também acontece por meio de assédio sexual, moral e pressão por parte de colegas de trabalho
homens.

O assédio moral e sexual nas relações de trabalho ocorre frequentemente, tanto na iniciativa
privada quanto nas instituições públicas.
O assédio moral é um tipo de violência que expõe as pessoas a situações ofensivas e
humilhantes. Muitas vezes ele começa de forma sútil, com os homens falando das roupas ou
da aparência de mulheres e com “brincadeiras” ofensivas e constrangedoras. Já o assédio
sexual, que também é muito vivenciado pelas mulheres, ocorre um constrangimento para
obter favorecimento sexual. Por toda hierarquia que já existe na sociedade, os homens se
aproveitam dessa condição de “superioridade hierárquica” para tentar obter proveito de
mulheres.

Além disso, as mulheres ocupam poucos cargos de liderança, precisam trabalhar menos horas
para dividir a rotina profissional com a doméstica e encontram dificuldade para atuar em
múltiplas jornadas, que inclui o direito aos estudos e à capacitação.

A tentativa de explicação dos gaps salariais entre homens e mulheres foi um dos primeiros
temas de interesse tanto por parte dos/as teóricos/as da economia de gênero quanto daqueles
da economia feminista. Os estudos nessa área vêm mostrando que existem algumas
manifestações específicas da desigualdade de gênero que ocorrem no mercado de trabalho que
estão determinadas pela influência de dois fatores inter-relacionados: em primeiro lugar, por
uma dinâmica de discriminação que é própria do mercado de trabalho. E depois, pela
condicionante que o peso das responsabilidades domésticas exerce sobre a inserção feminina
no mercado laboral.

Há diversas ocupações que são tradicionalmente percebidas como adequadas para as


mulheres, ao passo que outras, não. No primeiro grupo pode-se elencar todo o tipo de serviço
que, de uma forma ou de outra, reproduz aquelas funções que a mulher já desempenhava em
casa, na atividade doméstica e/ou de cuidados dos filhos, maridos e pais, nomeadamente os
trabalhos de enfermeira, babá, garçonete, comissária de bordo, professora infantil, cuidadora
de idosos, recepcionista e secretária. Já no segundo grupo, formado por aqueles trabalhos
socialmente percebidos como “inadequados”, pode-se mencionar qualquer tipo de trabalho
que foge muito do estereótipo familiar/doméstico, como piloto de aeronaves, neurocirurgiã ou
astronauta. Esse tipo de clichê revela que existe discriminação contra a mulher no mercado de
trabalho. Essa discriminação está consolidada na crença de que as mulheres não podem ser
consideradas como substitutas dos homens, e isso devido aos mais diversos motivos, que nem
sempre são verdadeiros. Por exemplo, para além de considerar que elas são fisicamente mais
frágeis, pode-se ainda aventar que elas seriam menos inteligentes, menos racionais, menos
confiáveis, menos produtivas ou emocionalmente menos estáveis do que eles.

Ademais, esses preconceitos são reforçados por conta do vínculo que as mulheres
efetivamente possuem com o trabalho doméstico: os empresários não desejam empregar
mulheres em cargos que exigem muita responsabilidade, pois ponderam que nem sempre
poderão contar com elas da mesma forma que podem contar com os homens. E mesmo nos
casos em que elas possuam o mesmo nível de formação que eles, as suas responsabilidades
domésticas podem afetar negativamente a sua capacidade de trabalho e, consequentemente, os
seus salários.

Portanto, pode-se observar que as desigualdades de gênero no mercado de trabalho


acontecem por uma dinâmica de discriminação que é própria do mercado de trabalho ; que
discrimina e desqualifica mulheres pelo seu gênero, mesmo elas “provando” que são
qualificadas e aptas para tais funções. Também acontece por uma condição de que o peso das
responsabilidades domésticas exerce sobre a inserção feminina e que essas atividades são suas
principais funções, em virtude disso tais mulheres não poderiam ter lugar no mercado de
trabalho ; muitas vezes, as atribuições de serviços domésticos são ligados a afazeres de
mulheres, impondo que esses são seus deveres e que elas não podem ou não devem ocupar
grandes cargos no mercado laboral.

Essas desigualdades vêm sendo estudadas e explicadas com os seguintes fenômenos “teto de
vidro” e “piso pegajoso”.

Teto de vidro: fenômeno social que a partir de barreiras culturais organizacionais, familiares
e individuais, dificulta o acesso das mulheres a posições de liderança, principalmente aos mais
altos níveis na hierarquia organizacional.
Piso pegajoso: fenômeno que refere-se às dificuldades que as mulheres concentradas em
setores e empregos em que são menos valorizadas economicamente encontram para alternar a
sua situação.
Dados do levantamento da consultoria IDados, com base na Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílio do IBGE.

Diferença entre salários de mulheres e homens


— Foto: Economia g1

Desigualdade de gênero por hora trabalhada


— Foto: Economia g1

•As mulheres ganham cerca de 20% menos do que os homens no Brasil e a diferença salarial
entre os gêneros segue neste patamar elevado mesmo quando se compara trabalhadores do
mesmo perfil de escolaridade e idade e na mesma categoria de ocupação.

Pesquisa feita em 08/03/2022


Desigualdade de gênero no trabalho
Reflexos nas atitudes das mulheres e em sua intenção de deixar a empresa

No mercado de trabalho, contém uma desigualdade de gênero na distribuição e nos critérios


de alocação de recompensas aplicados às mulheres influenciando na sua satisfação com o
trabalho, e na identificação com a organização em que atuam.

As diferenças no valor do salário (recompensas), em uma grande parte das ocupações, não
tem causa biológica relacionada às diferenças nas habilidades ou na força física entre os
sexos, mas possui sim um caráter social ainda hoje vigente na maior parte das sociedades,
relacionado à atribuição das tarefas de sustento da família ao homem e de cuidados
domésticos e reprodução da força de trabalho à mulher.

A percepção de desigualdade possui um impacto negativo sobre as atitudes das mulheres com
relação a seu emprego e às organizações que as empregam.
Segundo a corrente da economia feminista, existe assimetria de gênero e preconceito
envolvidos nessa incapacidade teórica de enxergar uma atividade – econômica, segundo
defendem – que é exercida predominantemente pelas mulheres.

O contexto teórico do feminismo propõe-se a colocar a nu o gênero, e a revelar uma relação


assimétrica de poder que tem estado oculta e que apara a atividade autônoma das mulheres de
variadas formas, sendo a invisibilidade do seu trabalho no lar apenas uma das suas
expressões.

Para além da invisibilidade do trabalho desempenhado em maioria por mulheres, esta


assimetria de gêneros pode ser constatada também em outras situações fora do ambiente
privado como, por exemplo, pela falta de igualdade de oportunidades no mercado de trabalho
ou pela diferença dos ganhos econômicos que podem ser obtidos pelas mulheres, quando
comparados com aqueles auferidos pelos indivíduos do gênero masculino, causando a falta de
interesse em continuar o seu trabalho.

Segundo Spector (2002), a satisfação no trabalho é uma variável atitudinal que reflete como a
pessoa se sente em relação a seu emprego de forma geral e a seus diferentes aspectos ou
dimensões. Entre as dimensões do trabalho mais estudadas, o autor destaca as recompensas
(salário, benefícios e oportunidades de promoção) e o relacionamento com outras pessoas no
ambiente de trabalho (supervisores e colegas), além das condições de trabalho e da natureza
do trabalho em si. Por intermédio de muitas situações as mulheres enfrentam em seus locais
de trabalho, como: desigualdade de salário, assédio moral e sexual, dúvida de suas
capacidades entre outros, elas não se sentem sentem valorizadas, respeitadas, em um ambiente
agradável e sendo tratadas de forma igual, isso é refletido em falta de produtividade,
satisfação e identificação com a organização da qual fazem parte, isso diz respeito à
vinculação afetivo-cognitiva entre o indivíduo e a empresa onde trabalha – fazendo com que a
mulher se veja com a única alternativa de pedir demissão, por não conseguir permanecer em
determinado ambiente.
Desigualdade de gênero no mercado de trabalho
O que o Estado brasileiro tem feito a respeito disso

Como membros da sociedade brasileira, podemos combater a desigualdade salarial


reivindicando políticas públicas e apoiando o movimento de projetos sociais que se dedicam à
causa. Dessa forma, o Brasil estará avançando na garantia total dos direitos das mulheres.

O Estado Brasileiro vem assumindo um compromisso crescente com a igualdade de gêneros:


assinou tratados internacionais em defesa dos direitos das mulheres, assim como, no âmbito
nacional, introduziu mudanças nas leis tanto civis quanto penais. Na literatura brasileira sobre
a economia feminista alcançou bastante mídia, diferente dos outros artigos e livros em inglês
sobre este assunto.

Art 1º- O Art 461, do decreto-lei n• 5.452.


Consolidação das Leis do Trabalho - passa a ter a seguinte redação:

Art. 461. Sendo idêntica a função, a todo trabalho de igual valor prestado ao mesmo
empregador, na mesma localidade, corresponderá igual salário, sem distinção de sexo,
nacionalidade ou idade.

§ 1º Trabalho de igual valor, para os fins deste capítulo, será o que for feito com igual
produtividade e com a mesma perfeição técnica entre pessoas cuja diferença de tempo de
serviço não for superior a dois anos.
§ 2º Os dispositivos deste artigo não prevalecerão quando o empregador tiver pessoal
organizado em quadro de carreira, hipótese em que as promoções deverão obedecer aos
critérios de antiguidade e merecimento.
§ 3º No caso do parágrafo anterior, as promoções deverão ser feitas alternadamente por
merecimento e por antiguidade, dentro de cada categoria profissional."

As políticas públicas de gênero partem da premissa de que as instituições estatais são


partícipes da construção política e social dos gêneros e, portanto, devem combater a
iniquidade e a desigualdade entre homens e mulheres.

Nos últimos anos, o Senado criou o Observatório da Mulher contra a Violência, a


Procuradoria Especial da Mulher, o Programa Pró-Equidade e o Comitê pela Promoção da
Igualdade de Gênero e Raça. Por diferentes vias, esses quatro setores tratam de combater o
machismo e fortalecer as mulheres.
Considerações finais

Neste trabalho foi abordado a desigualdade de gênero, que ocorre quando há privilégio de um
gênero em detrimento de outro, mais concretamente como ela é evidenciada no mercado de
trabalho, concluímos que essa desigualdade de gênero é um lacuna antiga, enraizada em nossa
sociedade e ela é muito notória no mercado de trabalho atual (por exemplo: salários desiguais
para as mesmas funções, falta de oportunidades e desmerecimento gênero feminino). Bem
como, foi analisado o posicionamento do Estado brasileiro mediante esta lacuna e as leis em
função da mesma.
Este trabalho foi muito importante para o nosso conhecimento a respeito da desigualdade de
gênero no mercado de trabalho e a intervenção do Estado, visto que nos permitiu uma melhor
compreensão a respeito do assunto.

Você também pode gostar