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MAIATO, A. M.; CARVALHO, F. A. H. de.

Os estereótipos de gênero relacionados à


dimensão profissional nas representações dos/as estudantes adolescentes. Revista
Thema, Pelotas, v. 17, n. 2, p. 509–523, 2020. DOI:
10.15536/thema.V17.2020.509-523.1192. Disponível em:
https://periodicos.ifsul.edu.br/index.php/thema/article/view/1192. Acesso em: 24 jul.
2023.

José Luiz Alves Neto 2019.1.16.018

O texto aponta para a problemática da pouca representatividade feminina nesse


campo de trabalho, sugerindo que os discursos sociais têm um papel importante na
construção das representações mentais dos indivíduos, impactando suas decisões
profissionais.

A pesquisa focou nos desenhos de profissionais da área da Educação e da


Engenharia feitos pelos estudantes, buscando entender como os estereótipos de
gênero influenciam suas representações mentais e, consequentemente, suas
escolhas profissionais. Os resultados revelam que os estereótipos de gênero estão
presentes nas representações mentais dos jovens, e que isso pode ter implicações
na decisão das meninas em seguir carreiras na Engenharia.

Esse resumo apresenta uma temática pertinente e de grande importância, uma vez
que a igualdade de gênero é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento
social e econômico de qualquer país. Ao destacar a influência dos estereótipos de
gênero na escolha profissional das mulheres, a pesquisa nos alerta para a
necessidade de promover uma reflexão sobre os discursos sociais e suas
consequências no âmbito profissional.

Contudo, seria interessante obter mais informações sobre a metodologia utilizada na


pesquisa, como o tamanho da amostra, os critérios de seleção dos estudantes, bem
como os parâmetros utilizados para analisar os desenhos. Além disso, seria
relevante discutir se essas representações mentais influenciam apenas a escolha
das meninas, ou se também impactam os meninos em sua visão sobre a presença
feminina na Engenharia.

Outro ponto a ser considerado é a possível influência de outros fatores na escolha


das carreiras. Seria interessante explorar se a falta de representatividade feminina
na Engenharia está relacionada também a questões estruturais, como a falta de
incentivo das instituições de ensino, o ambiente de trabalho predominante
masculino ou a falta de políticas que promovam a equidade de gênero em diferentes
áreas profissionais.

Em suma, o resumo aborda um tema relevante, mas para que a resenha crítica seja
completa, seria necessário ter acesso ao estudo completo para analisar mais
profundamente a metodologia utilizada, os resultados obtidos e as possíveis
limitações da pesquisa. No entanto, a discussão sobre a representatividade feminina
em carreiras como a Engenharia é de suma importância e deve continuar a ser
abordada tanto na academia quanto na sociedade como um todo, buscando
promover a igualdade de oportunidades e o fim dos estereótipos de gênero no
campo profissional.

A inserção feminina no mercado de trabalho ainda enfrenta diversos desafios,


mesmo com os avanços conquistados nas últimas décadas. É importante analisar
esses desafios sob uma perspectiva crítica para compreender as estruturas sociais
e culturais que perpetuam a desigualdade de gênero. Abaixo estão alguns dos
principais desafios:

Os estereótipos arraigados na sociedade associam tradicionalmente as mulheres ao


papel de cuidadoras e responsáveis pelas tarefas domésticas, o que pode reforçar a
ideia de que certas profissões são mais adequadas para homens. Isso cria barreiras
para a inserção feminina em áreas tidas como masculinas, como a Engenharia,
Tecnologia, Ciência e outras carreiras STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e
Matemática).

A disparidade salarial entre homens e mulheres ainda é uma realidade em muitos


países. As mulheres tendem a receber salários inferiores aos homens, mesmo
desempenhando funções semelhantes. Essa desigualdade salarial reflete não
apenas a discriminação de gênero, mas também a valorização diferenciada do
trabalho feminino em relação ao masculino. As mulheres muitas vezes encontram
dificuldades em alcançar cargos de liderança e posições de destaque nas
empresas. Isso pode ser atribuído a fatores como a cultura machista que ainda
permeia muitas organizações, bem como a crenças estereotipadas sobre a
capacidade de liderança das mulheres.

As mulheres enfrentam uma sobrecarga de trabalho não remunerado,


especialmente quando são mães. A responsabilidade pelas tarefas domésticas e
cuidados com os filhos recai frequentemente sobre elas, o que pode limitar suas
possibilidades de investir mais tempo e energia em suas carreiras. Muitas mulheres
ainda enfrentam situações de assédio moral ou sexual no ambiente de trabalho.
Essas experiências podem minar sua autoestima e afetar negativamente sua
carreira, além de contribuir para a criação de um ambiente hostil e desigual.

A falta de políticas de conciliação trabalho-família adequadas pode ser um obstáculo


significativo para as mulheres que desejam seguir carreira e, ao mesmo tempo,
cuidar de suas famílias. A ausência de creches e de flexibilidade nos horários de
trabalho pode dificultar a vida profissional das mulheres.
Em algumas áreas consideradas mais estratégicas ou de alto poder decisório, como
política e alta administração, a presença feminina ainda é bastante reduzida. A falta
de representatividade em tais setores dificulta a elaboração de políticas mais
inclusivas e igualitárias. A ausência de incentivo e apoio adequado por parte de
instituições, governos e da sociedade em geral pode desencorajar muitas mulheres
a buscar oportunidades de carreira em áreas nas quais são sub-representadas.

Para superar esses desafios, é necessário um esforço conjunto da sociedade,


empresas e governos para promover a igualdade de gênero no mercado de
trabalho. Isso inclui a implementação de políticas que combatam a discriminação e a
desigualdade salarial, bem como o incentivo à representatividade feminina em todos
os setores profissionais. Além disso, é fundamental desconstruir estereótipos de
gênero e promover uma educação que incentive meninas e mulheres a explorarem
todas as possibilidades de carreira, independentemente de estarem associadas a
padrões tradicionais de gênero. Somente com esforços contínuos e uma mudança
cultural profunda será possível alcançar uma inserção feminina mais justa e
equitativa no mercado de trabalho.
Vencer os estereótipos de gênero numa perspectiva feminista requer uma
abordagem ampla e sistêmica, que envolva esforços em diversas esferas da
sociedade. Abaixo estão alguns caminhos importantes para promover a
desconstrução dos estereótipos de gênero:

É fundamental promover uma educação que desconstrua os estereótipos de gênero


desde cedo. Isso inclui a implementação de currículos escolares que valorizem a
diversidade de experiências e que ensinem sobre a história das mulheres e suas
contribuições para a sociedade. Além disso, é importante fomentar uma educação
não sexista, que estimule meninas e meninos a explorarem seus interesses e
talentos sem se limitarem a papéis pré-determinados.

A representação de mulheres em posições de liderança, nas artes, na mídia e em


outras esferas da sociedade é essencial para desconstruir os estereótipos de
gênero. É importante que as mulheres sejam retratadas de forma diversa e realista,
mostrando a multiplicidade de papéis que podem desempenhar na sociedade. A
desconstrução dos papéis tradicionais de gênero é um ponto-chave na perspectiva
feminista. Isso envolve questionar e superar a ideia de que existem
comportamentos, habilidades ou interesses exclusivos de cada gênero. É preciso
incentivar a quebra de padrões e a liberdade de escolha para que cada indivíduo
possa desenvolver seus talentos e habilidades sem se sentir preso a expectativas
sociais rígidas.

O trabalho doméstico e de cuidado, historicamente atribuído às mulheres, precisa


ser valorizado e compartilhado de forma equitativa entre homens e mulheres. Isso
envolve políticas públicas que promovam o acesso a creches, licenças parentais
iguais para homens e mulheres e a valorização do trabalho de cuidado não
remunerado. O empoderamento econômico das mulheres é fundamental para
desconstruir estereótipos de gênero. Isso inclui o acesso igualitário a oportunidades
de trabalho, salários justos, possibilidade de ascensão profissional e
empreendedorismo. Quanto mais as mulheres ocuparem posições de poder e
influência no mercado de trabalho, mais serão capazes de influenciar as dinâmicas
de gênero dentro das organizações.

Combate à violência de gênero: A luta contra a violência de gênero é uma parte


intrínseca do feminismo. É essencial promover políticas e ações que combatam
todas as formas de violência contra mulheres e garantam a segurança e a
integridade física e emocional delas.
Para desconstruir os estereótipos de gênero, é necessário o engajamento da
sociedade civil, das instituições governamentais e das empresas. A implementação
de políticas inclusivas e o estabelecimento de metas para a igualdade de gênero
são passos importantes nessa direção. O diálogo aberto e a conscientização sobre
as questões de gênero são fundamentais para promover a mudança social. A
discussão sobre a desconstrução dos estereótipos de gênero deve ser fomentada
em espaços públicos, nas escolas, no ambiente de trabalho e em todas as esferas
da sociedade.

Em suma, a perspectiva feminista busca promover a igualdade de gênero,


desconstruindo estereótipos e lutando contra todas as formas de discriminação e
violência baseadas no gênero. Para isso, são necessários esforços coletivos e
contínuos em diversos níveis da sociedade, buscando criar um ambiente mais
inclusivo e equitativo para todas as pessoas, independentemente de seu gênero.

REFERÊNCIAS:

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio


de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 2003. 236 p.

SAFFIOTI, Helleieth. O poder do macho. São Paulo: Editora Moderna, 1987.

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