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MISOGINIA NO SETOR DA CIÊNCIA POLÍTICA

Resumo

Desigualdade de gênero é uma realidade em muitas instituições de ensino e políticas. Na


ciência política, um ambiente predominantemente masculino, a misoginia está cada vez mais
presente, visto que as mulheres ocupam poucos espaços de liderança, sofrendo preconceitos
acerca de suas habilidades e competências, além de serem ignoradas em situações e
discussões importantes. É de suma importância combater a misoginia neste setor para que a
representatividade feminina aumente e auxilie de forma positiva em decisões políticas.

1. Introdução.

Na ciência política é cada vez mais evidente as discussões acerca da misoginia sofrida,
vez que, infelizmente, a desigualdade de gênero é uma realidade de muitas instituições
acadêmicas em todas as suas áreas de atuação.

Mulheres além de enfrentarem barreiras e preconceitos quanto à suas habilidades e


competências, são ignoradas e subestimadas em discussões e decisões importantes.

A cultura machista acaba por se perpetuar a medida que a representatividade feminina


está em falta, apesar de existirem mulheres atuando na política, ainda são a minoria em cargos
de liderança. Tal fato afeta negativamente o debate político e a tomada de decisões.

Deve ser feito um esforço coletivo para combater a misoginia no campo da ciência
política e em todas as áreas da sociedade. Isto inclui a promoção da igualdade de género nas
instituições académicas, o incentivo à participação das mulheres na política e a sensibilização
para os preconceitos e estereótipos que afetam as mulheres. Só assim poderemos construir
uma sociedade mais justa e igualitária para todos.

Com base no livro "Feminismo e política", de Flávia Biroli e Luis Felipe Miguel, os
autores problematizam as relações de gênero e as desigualdades sociais ao destacarem a forma
como o patriarcado organiza as relações sociais, perpetuando as desigualdades de gênero.

Eles discutem como o machismo e a falta de políticas públicas penalizam as mulheres,


especialmente as mães trabalhadoras, e contribuem para a exclusão das mulheres da política.
Essa organização social impede o fim das desigualdades de gênero e afeta a percepção das
mulheres como cidadãs plenas.
Os autores também fazem uma crítica ao status quo do feminismo, apontando a
necessidade de uma política igualitária que vá além das conquistas já alcançadas e enfrente as
estruturas sociais que sustentam as desigualdades de gênero.

2. Metodologia.
A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, a qual é de suma importância
para estudos e produções cientificas. Ela consiste na análise de fontes, como livros, artigos,
teses e dissertações que versam sobre o tema de interesse.
No presente caso foi utilizado o livro abordado em sala de aula, permitindo que o tema
fosse aprofundado e contextualizado.

3. Desenvolvimento.

Esta é uma análise sobre estudos existentes que abordam a discriminação de gênero na
ciência política.

O objetivo é avaliar e compreender o cenário atual de desigualdade de gênero nessa


área de estudo, identificando os principais problemas e desafios enfrentados pelas mulheres.

A partir dessa análise, busca-se propor soluções e estratégias para promover a


igualdade de gênero na ciência política e garantir que todas as vozes sejam ouvidas e
valorizadas.

A discriminação de género na ciência política é um tema importante que precisa de ser


discutido e abordado. Infelizmente, ainda existem desigualdades e preconceitos que afetam a
participação das mulheres nesta área.

Historicamente, a ciência política tem sido dominada por homens, tanto no campo
acadêmico como na esfera política. Isto levou à sub-representação das mulheres em posições
de poder e influência no campo. Além disso, as mulheres enfrentam frequentemente
obstáculos e discriminação quando tentam progredir nas suas carreiras na ciência política.

Destarte, as mulheres ocupam poucos cargos políticos e escassas posições de poder


e influência na maioria dos sistemas políticos (YOUNG, 2000). Na maior parte das
nações do mundo, há uma baixa porcentagem de mulheres na política formal.
Segundo pesquisa da Inter-Parliamentary Union (2019a), a média global de presença
feminina em parlamentos foi de 25,5% em outubro de 2019. Neste estudo, o Brasil
apresentou um percentual ainda mais baixo que a média: o de 15,01% de mulheres
na Câmara dos Deputados e 14,81% no Senado Federal, configurando, assim, a 134ª
posição no ranking com 192 países apurados (INTER-PARLIAMENTARY
UNION, 2019b) (Lopes, 2020, p.4).
Uma das principais formas de discriminação de género na ciência política é a falta de
igualdade de oportunidades para as mulheres. São frequentemente excluídos de redes
importantes, têm menos acesso a financiamento e recursos e lutam com estereótipos e
preconceitos que dificultam o seu desenvolvimento profissional.

Em boa parte da história do Brasil houve uma exclusão das mulheres na participação
política, sendo até mesmo negado direitos como ao voto e a possibilidade de se candidatar.
Getúlio Vargas, em 1932, concedeu as mulheres o direito ao voto e o direito de serem
votadas.

Ao decorrer dos anos mulheres buscam ampliar suas atuações na ciência política,
apesar de barreiras machistas impostas por uma maioria de homens brancos e de elite.

Geograficamente as mulheres ocupam a maior parte da população brasileira, porém


em muitos setores, como no caso da ciência política, suas participações comparadas com as
participações masculinas beiram a insignificância.

Algumas mulheres conseguiram se destacar e contribuíram grandemente para


efetivação ei disseminação dos direitos das mulheres na busca por uma sociedade mais
igualitária e justa, um exemplo prático foi a Princesa Isabel, figura importante para o cenário
político ao fim do século XIX. Entretanto, sua atuação era condicionada a ausência de seu
marido.

Há muito a ser feito para que a participação feminina aumente, garantindo uma
representação mais equitativa, combatendo o machismo estrutural e promovendo políticas de
inclusão e empoderamento feminino, para que assim elas possam ocupar mais espaços em
nossa sociedade.

Outro aspecto da discriminação de gênero na ciência política é a falta de


representatividade das mulheres nas pesquisas e nas teorias políticas. Muitas vezes, as teorias
políticas são baseadas em experiências e perspectivas masculinas, o que pode levar a uma
compreensão limitada e distorcida da realidade política.

Para combater essa falta de representatividade, é fundamental implementar medidas


que promovam a igualdade de oportunidades para as mulheres na área. Isso inclui incentivar a
participação feminina em conferências e eventos acadêmicos, bem como criar espaços
seguros e inclusivos para o debate político.
Como forma de vencer o problema da baixa presença de mulheres no Poder
Legislativo, em muitos países foram adotadas ações afirmativas, em particular cotas
eleitorais por sexo. Dessa maneira, uma parcela das vagas de candidatos, ou mesmo
dos assentos no parlamento, fica reservada para as mulheres. A partir do final dos
anos 1970, regras estabelecendo uma porcentagem mínima de mulheres, primeiro
em direções partidárias e sindicais ou na administração pública, em seguida nas
eleições, passaram a vigorar em países da Europa. Logo foram adotadas em outras
partes do mundo, sobretudo na América Latina e na África (Biroli; Miguel, 2014,
p.61).

Além disso, é importante que as instituições acadêmicas e políticas adotem políticas


de igualdade de gênero e diversidade, garantindo que as mulheres sejam representadas em
cargos de liderança e tenham voz nas decisões políticas.

A luta contra a discriminação de gênero na ciência política é um processo contínuo,


que exige o engajamento de todos os atores envolvidos. Somente através da conscientização,
da educação e da ação coletiva poderemos superar as desigualdades e promover uma ciência
política mais inclusiva e igualitária.

Políticas de ação afirmativa, como as cotas eleitorais por sexo, têm sido adotadas em
muitos países como uma forma de garantir a representação das mulheres no Poder
Legislativo. No entanto, essas políticas também podem gerar debates sobre critérios de
seleção e legitimidade dos representantes eleitos por meio delas.

Em leitura ao capitulo 2 do livro Feminismo e Política entendemos que a dualidade


entre o público e o privado - compreendida como a separação que é feita entre as esferas da
vida social que são consideradas universais e as que são consideradas pessoais e íntimas; a
esfera pública é o espaço onde ocorrem atividades políticas e sociais que afetam a
coletividade, enquanto a esfera privada é o espaço das relações pessoais e íntimas, como a
família e a vida doméstica – é muitas vezes criticada por isolar as relações de poder presentes
na vida cotidiana e por negar o caráter político dessas relações, afetando de maneira desigual
mulheres e homens.

A reflexão crítica sobre essa dualidade é um aspecto importante do pensamento


feminista. A esfera pública é o espaço considerado universal, onde ocorrem as atividades
políticas e sociais que afetam a coletividade. Por outro lado, a esfera privada é o espaço das
relações pessoais e íntimas, como a família e a vida doméstica. No entanto, essa divisão
restrita da política tende a isolar as relações de poder presentes na vida cotidiana, como as
relações de trabalho e familiares.
A crítica à dualidade público--privado desemboca, assim, na compreensão de que as
atividades das mulheres na esfera privada engendram uma ética distinta, baseada na
experiência do cuidado e na gestão dos afetos, que teria impacto positivo se levada
para a esfera da política (Biroli; Miguel, 2014, p.24).

Uma das críticas feitas é que essa divisão entre público e privado acaba por negar o
caráter político e conflituoso dessas relações de poder. Além disso, a construção da esfera
pública se baseou em valores definidos historicamente por alguns indivíduos em detrimento
de outros, o que resulta em exclusões e desigualdades.

Essa visão homogênea da esfera pública tem como consequência a restrição da


contestação pública legítima, uma vez que certas questões são consideradas como
pertencentes ao âmbito privado e, portanto, não políticas. Isso limita a participação e o poder
de grupos marginalizados na esfera pública.

Em suma, o capitulo 2 destaca a importância de questionar essa divisão entre público e


privado, buscando uma compreensão mais ampla das relações de poder em todas as esferas da
vida social.

Isso é fundamental para combater as desigualdades de gênero e garantir direitos


igualitários para todas as pessoas. O feminismo busca politizar a esfera privada, reconhecendo
a importância das relações pessoais e íntimas para a construção de uma sociedade mais justa e
igualitária.

O feminismo enfrenta desafios complexos ao criticar a esfera doméstica burguesa.


Enquanto o movimento operário denuncia a privatização do trabalho, o feminismo questiona a
assimetria e a violência na esfera privada. Embora a regulação pública do trabalho busque
proteger os trabalhadores, a regulação da esfera doméstica apresenta questões distintas.

Algumas autoras feministas defendem a privacidade como um valor fundamental para


o desenvolvimento de afetos e relações íntimas autônomas. No entanto, em algumas correntes
feministas, a privacidade é vista como uma forma de dominação masculina.

O feminismo dos anos 1960 e 1970 politizou o afeto, a sexualidade e o corpo,


buscando dar voz às mulheres e conscientizá-las. A luta pelo direito ao aborto e contra a
violência doméstica fortaleceu a compreensão das experiências vividas pelas mulheres. No
entanto, há debates sobre como a luta feminista pode se aliar a setores conservadores da
sociedade.
Mas o direito das mulheres ao aborto e ao controle de sua sexualidade e sua
capacidade reprodutiva pode ser pensado como fundamental para a cidadania igual
de mulheres e homens. Sua negação retira às mulheres o domínio sobre seu corpo,
restringindo também seu direito à privacidade na decisão sobre questões de forte
relevância ética e moral para os indivíduos (Biroli; Miguel, 2014, p.28).

A negação do direito ao aborto e ao controle da sexualidade restringe a autonomia das


mulheres. A regulação da esfera doméstica deve equilibrar a proteção contra a violência com
a garantia da autonomia individual.

A privacidade também permite que as relações afetivas sejam construídas fora dos
padrões dominantes. No entanto, é importante considerar que a regulação legal das relações
pode ferir a capacidade de autodeterminação das mulheres.

4. Conclusão

Em suma, esta breve pesquisa demonstra que a misoginia na política é um problema


sério e recorrente, inclusive na ciência política.

As mulheres estão frequentemente sub-representadas em posições de liderança e são


vítimas de preconceitos e discriminação em discussões importantes. Além disso, as teorias
políticas baseiam-se frequentemente em experiências e perspectivas masculinas, o que pode
levar a uma compreensão limitada e distorcida da realidade política.

Para combater esta falta de representação, é necessário implementar medidas que


promovam a igualdade de oportunidades para as mulheres neste domínio, tais como políticas
de ação afirmativa e incentivos à participação das mulheres em conferências e eventos
académicos.

A luta contra a misoginia na ciência política é um processo contínuo que requer o


compromisso de todos os intervenientes envolvidos.
REFERÊNCIAS

BIROLI, Flávia; MIGUEL, Luis Felipe. Feminismo e política: uma introdução. Boitempo
Editorial, 2015.
KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia científica. 2016.
LOPES, Amanda Rezende. Misoginia e poder: investigando o ódio contra as mulheres na
política12.
SILVA, Tamiris Rodrigues da. Lugar de mulher (não) é na presidência: machismo e
misoginia na política brasileira. Franca, SP, 2017. 149 f. Dissertação (Mestrado em
Linguística) - Universidade de Franca. 2017.

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