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Introdução
Marcadores sociais tão primevos, como sexo, desenvolvem nas pessoas pers-
pectivas diferenciadas do mundo, ou seja, as interações sociais que se estabe-
lecem e se constroem são forjadas de forma a desenvolver relações pautadas em
diretrizes e regras sociais diferenciadas.
131 Barreira invisível para a ascensão ou promoção das mulheres. (POWELL; BUTTERFIELD,
1994).
132 Um constructo mais velado a respeito da dominação masculina nas organizações que impede o
desenvolvimento feminino. (MENEZES, 2012)
Sub-representação feminina no sistema de comissões parlamentares:
um indicador da exclusão das mulheres do jogo político 461
Câmara dos Deputados, espaços decisórios que vem ganhando cada vez mais
atenção. Neste estudo analisamos a distribuição das mulheres parlamentares
nas presidências de comissões, conforme os eixos temáticos das comissões.
Buscamos identificar as comissões com maior e menor participação de mulheres
no cargo de presidência e analisá-las conforme sua relevância temática, por
meio de um levantamento de dados das Comissões permanentes da Câmara dos
Deputados, desde 1934 até 2016.
Os principais temas de atuação política podem ser divididos por categorias, con-
forme o impacto nas políticas públicas ou de governança. Para Miguel e Feitosa
(2009) Hard politics constituem o núcleo do processo político, em especial o
exercício do poder de Estado e a gestão da economia. Soft politics abarcam
Sub-representação feminina no sistema de comissões parlamentares:
um indicador da exclusão das mulheres do jogo político 465
Silva e Araújo (2013) consideram, inclusive, que nas comissões especiais, nas
quais há apenas um processo capitaneado por um relator e um presidente, a cen-
tralização das decisões é potencializada. Nessas comissões há maior ingerência
do governo na indicação de presidentes, que adquirem grande poder no pro-
cesso de negociação política. No processo legislativo ordinário, os projetos de
lei passam por até três comissões de mérito, mais a CFT (Comissão de Finanças
e Tributação) e a CCJC (Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania), o
que exige mais gastos políticos com negociações e articulações.
Quadro 1
Lista de Comissões Permanentes da Câmara dos Deputados e categoria temática
Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência (CPD) soft
Quadro 2
Distribuição das Comissões Permanentes em Categorias Temáticas
TOTAL 25 100%
Dados fornecidos pela Câmara dos Deputados, que vão de 1934 (as mulheres
passam a ter direito ao voto em 1932), até 2016, mostram o histórico da partici-
pação das mulheres nas presidências de comissões permanentes. De fato, a pri-
meira comissão presidida por uma mulher na Câmara se deu 55 anos depois do
início da contagem, em 1989, na Comissão de Serviço Público, pela deputada
Irma Passoni, do PT de São Paulo.
Gráfico 1
Mulheres na presidências de comissões permanentes ao longo do tempo, por legislatura
60
50 52 51
45
42 43
40 39
30 30 29
20
10 10
8 7 7
6 5
4 4 4
0 1 2 1 2 1 1 2 2
1934 1951 1955 1959 1963 1967 1971 1975 1979 1983 1987 1991 1995 1999 2003 2007 2011 2015
a a a a a a a a a a a a a a a a a
1955 1959 1963 1967 1971 1975 1979 1983 1987 1991 1995 1999 2003 2007 2011 2015 2016
Tabela 1
Participação de mulheres nas presidências e tipo de comissões, desde 1934
Tipo de política Número de presidências
middle 4 (9.7%)
hard 11 (26.8%)
soft 26 (63.5%)
total 41 (100%)
Frentes Parlamentares
Gráfico 2
Distribuição das Frentes Parlamentares por Categorias Temáticas
Tema
Hard
Middle
33,0%
Soft
49,1%
17,9%
133 Ato da Mesa nº 69, de 10/11/2005, que trata sobre a criação de Frentes Parlamentares na Câmara
dos Deputados.
472 PRESIDENCIALISMO DE COALIZÃO EM MOVIMENTO
Tabela 2
Distribuição de homens e mulheres nas Frentes Parlamentares
Sexo Freq. %
Masculino 191 90,1%
Feminino 21 9,9%
Total Cit. 212 100,00%
Gráfico 3
Distribuição nas Coordenadorias das Frentes por Sexo
57,10%
Soft 30,40%
19,00% Mulheres
Middle 17,80% Homens
23,80%
Hard 51,80%
Conclusão
Referências
NIVEN, D. (1998). Party elites and women candidates: the shape of bias.
Women and Politics, v. 19, n. 2, p. 57-80.
THOMAS, S. (1994). How women legislate. New York: Oxford Univ. Press.