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A HISTÓRIA E O DESENVOLVIMENTO DA PARTICIPAÇÃO E

REPRESENTATIVIDADE DA MULHER NEGRA NO JUDICIÁRIO BRASILEIRO.

Aline Samara da Silva Santana

Graduanda do décimo período de Direito pelo Centro Universitário de Ciências e


Tecnologia do Maranhão. UniFacema. E-mail: aalliinneesamara@gmail.com

Emília Saraiva Nery

Orientadora. Doutora em História Social pela Universidade Federal de


Uberlândia/UFU. Docente em Direito pelo Centro Universitário de Ciências e
Tecnologia do Maranhão. UniFacema. E-mail: emilia.nery@gmail.com

RESUMO

Introdução: A dificuldade em ocupar espaços de poder para mulheres negras não é


uma situação atual e remonta o largo período de escravidão pelo qual o país
passou. Esse grupo embora represente a maioria da população, de acordo com os
levantamentos realizados tem o menor índice de escolaridade, além de jornadas
mais longas de trabalho que não se convertem em maiores rendimentos, desta
maneira poucas conseguem superar as barreiras impostas e ocupar cargos
relevantes no mercado de trabalho. No sistema judiciário, esse quadro de exclusão
também está presente. Objetivos: Com este trabalho se pretende analisar a História
e o desenvolvimento dos direitos trabalhistas da mulher negra bem como descrever
a representatividade e participação deste grupo no poder judiciário brasileiro, a partir
de uma análise constitucional e histórica, examinando desta forma como a mulher
negra é tratada e que dificuldades e caminhos enfrenta no momento de ocupar
cargos de importância e influência no judiciário deste país. Métodos: Para a
realização do presente artigo foi utilizado o método de pesquisa científica dedutivo,
através de pesquisa bibliográfica e documental referentes aos temas:
representatividade, mulher negra, direitos constitucionais, trabalhistas e judiciário.
Resultados: Existe grande desigualdade e consequente exclusão das mulheres
negras de espaços de poder como a esfera judiciária, o que acaba por ferir
princípios constitucionais básicos como a isonomia e até mesmo o próprio conceito
de democracia, além de negar a tão merecida representatividade que lhes é devida.

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Conclusão: A criação de leis não é o suficiente, uma vez que no âmbito real das
relações de trabalho as pesquisas e resultados continuam apontando a grande
desigualdade na ocupação dos cargos de poder para a mulher negra. É preciso mais
discurssões, mais projetos voltados para conscientização e reparação das mazelas
provocadas pelo racismo estrutural que se enraíza nos espaços do judiciário.

Descritores: Representatividade. Mulher Negra. Direitos Constitucionais.


Trabalhistas. Judiciário.

ABSTRACT

Introduction: The difficulty in occupying spaces of power for black women is not a
current situation and dates back to the long period of slavery that the country went
through. This group, although representing the majority of the population, according
to the surveys carried out, has the lowest level of education, in addition to longer
working hours that do not translate into higher incomes, so few manage to overcome
the imposed barriers and occupy relevant positions in the job market. In the judicial
system, this exclusion framework is also present. Objectives: This work intends to
analyze the history and development of black women's labor rights, as well as
describe the representativeness and participation of this group in the brazilian
judiciary, based on a constitutional and historical analysis, examining in this way how
black women are treated and what difficulties and paths it faces when occupying
positions of importance and influence in the judiciary of this country. Methods: To
carry out this article, the deductive scientific research method was used, through
bibliographic and documentary research on the themes: representation, black
women, constitutional, labor, and judicial rights. Results: There is great inequality
and consequent exclusion of black women from spaces of power such as the judicial
sphere, which ends up hurting basic constitutional principles such as isonomy and
even the very concept of democracy, in addition to denying their much-deserved
representation due. Conclusion: The creation of laws is not enough, since, in the
real sphere of labor relations, research and results continue to point out the great
inequality in the occupation of positions of power for black women. We need more
speeches, more projects aimed at raising awareness and repairing the ills caused by
structural racism that takes root in the spaces of the judiciary.

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Descriptors: Representativeness. Black woman. Constitutional Rights. Labor.
Judiciary.

INTRODUÇÃO
O racismo historicamente faz parte da estrutura de formação e organização
brasileira, se expressa nos mais diversos espaços e discursos, até mesmo afeta a
composição geográfica do país, pois os lugares socialmente privilegiados
apresentam uma população predominante branca, enquanto as localidades de alta
vulnerabilidade são compostas em sua maioria por negros.
A desigualdade se manifesta em dados explícitos: os negros, sobretudo
jovens, são mais vulneráveis à violência física, além de serem as principais vítimas
da ação letal dos policiais e o perfil predominante da população carcerária brasileira.
(RAQUEL, 2018, p.2).
Existe um conjunto de fatores que levaram ao privilégio de classes sobre
outras e que se perpetua por gerações deixando mazelas ainda visíveis. As relações
sociais que se estabelecem dentro das estruturas do racismo podem ser percebidas
em variados desdobramentos, pois ele se enraíza nos espaços políticos e de fala,
como se percebe na criminalização da capoeira, do samba e na recente tentativa de
criminalização do funk.
O racismo se dispõe em formas dissimuladas e amparadas pelo convincente
– porém falacioso – discurso da meritocracia e se entranha nas relações políticas,
culturais, educacionais e econômicas. (RAQUEL, 2018, p. 4)
Vale destacar que os caminhos que o racismo percorre incluem até mesmo o
campo científico como declara a ilustre pensadora brasileira Sueli Carneiro ao
afirmar que uma das heranças da escravidão foi o racismo científico do século XIX,
que dotou de suposta cientificidade a divisão da humanidade em raças e
estabeleceu hierarquia entre elas, conferindo-lhes estatuto de superioridade ou
inferioridade naturais.
É preciso que sejam estudadas, as transformações histórico-sociais que o
feminismo negro promoveu ao longo dos anos e perceber que elas estão
diretamente relacionadas às memórias deixadas por todos aqueles que participaram
dessa jornada e necessitam de lugar de fala para que suas vozes também ecoem.
“Numa sociedade racista, não basta não ser racista, é necessário ser antirracista”. É

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real a icônica frase de Ângela Davis, filósofa, negra e militante pela igualdade racial
e de gênero.
A importância acadêmica do tema está ligada ao debate e consequente
enfrentamento da problemática que traga mudanças positivas e reais para toda a
comunidade científica e por que não para todo o país, uma vez que o racismo ainda
deixa sua influência principalmente se for para um lugar de poder.
Segundo a pesquisadora Lucimara Silva (2020, p. 1) em relação à
representatividade negra se nota sua carência desde o público-alvo infantil em
mídias de massa e até mesmo nos brinquedos que tanto interferem no psicológico
da criança. Se na infância não se encontram muitas referências de negras
protagonistas, heroínas a pessoa internalizará que o padrão de beleza e o discurso
válido é apenas o do branco, a autoestima é desestruturada e cria-se a falsa
realidade de que negritude é sinal de inferioridade diante do branco.
As mulheres negras por muito tempo dentro do regime escravocrata eram
tratadas como mercadorias desprovidas de quaisquer direitos humanos, logo a
representatividade nos mais diversos meios é essencial para incentivar e
desenvolver o protagonismo da mulher negra seja no âmbito social, educacional ou
de trabalho protegendo dessa forma os princípios constitucionais e éticos.
No mesmo sentido a pesquisadora Camila Francisca da Rosa destaca que
para os afrodescendentes ocuparem os mais diversos espaços é necessário romper
a estrutura social racista:
“Implica a quebra de padrões, de imagens, de discursos, de práticas
e com um ordenamento social de privilégio. Desconstrói estereótipos
ainda vinculados ao racismo científico do século 19, que acreditava
em raças, biologicamente falando, diferentes e que eram divididas
entre superiores e inferiores ou culturalmente entre civilizados e
selvagens”, (SILVA, 2020, p.3)
Não tem como lutar contra o machismo e alimentar o racismo, por exemplo,
porque seria alimentar a mesma estrutura. Então precisa-se pensar em
enfrentamentos a essas diversas opressões. (RIBEIRO, 2020, p.2).
É notório que para uma mulher ocupar espaços de poder no Brasil os
desafios são enormes, porém no caso da mulher negra eles tornam-se maiores. Tal
situação remonta o largo período de escravidão pelo qual o país passou, e que
ainda deixa suas marcas de desigualdade, injustiça e racismo, pois esse grupo de
acordo com os levantamentos realizados tem o menor índice de escolaridade, além
de jornadas mais longas de trabalho que não se convertem em maiores
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rendimentos, poucas dessas mulheres conseguem vencer as barreiras a ela
impostas e ocupar cargos relevantes no mercado de trabalho.
No sistema judiciário, esse quadro de exclusão se apresenta evidentemente,
segundo o jornal Folha de Pernambuco apenas três negros integraram a corte do
Supremo Tribunal Federal: os ministros Joaquim Barbosa, Hermegenildo de Barros
e Pedro Lessa, nunca houve uma mulher negra. Também nos Tribunais Superiores
essa pouca representatividade permanece, pois 1,3% se declaram pretos e 7,6%,
pardos, segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ)
Nesse sentido, alguns questionamentos emergem: Quais são as relações
entre o feminismo negro e os direitos da mulher no ordenamento jurídico Brasileiro?
Como se desenvolveu a evolução do direito trabalhista da mulher negra? Qual é a
participação e representatividade da mulher negra no judiciário pátrio? Quais são os
principais obstáculos para que a mulher negra tenha acesso a cargos de destaque
no poder judiciário brasileiro?
Diante do exposto será realizado, à princípio, um levantamento histórico sobre
os princípios constitucionais e do direito trabalhista e sobre o desenvolvimento da
luta por direitos das mulheres negras combinado com relatos e testemunhos reais de
pensadoras que vivenciam essa realidade.
Com este trabalho se pretende analisar a História e o desenvolvimento dos
direitos trabalhistas da mulher negra bem como descrever a representatividade e
participação deste grupo no poder judiciário brasileiro, a partir de uma análise
constitucional e histórica, examinando desta forma como a mulher negra é tratada e
que dificuldades e caminhos enfrenta no momento de ocupar cargos de importância
e influência no judiciário deste país.

MÉTODOS

Para a realização do presente artigo foi utilizado o método de pesquisa


científica dedutivo, através de pesquisa bibliográfica, quantitativa e documental
referentes aos temas: representatividade, mulher negra, direitos constitucionais,
trabalhistas e judiciário. Portanto o estudo foi realizado com base em material
publicado em livros, artigos, jornais, revistas e sites na internet, disponibilizados ao
público em geral.

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Foram utilizadas também fontes como o Estatuto da Igualdade Racial - Lei
12288/10 e Revista brasileira de políticas públicas, além de jornais e periódicos
como Agência Brasil localizado em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/ . O presente
trabalho ainda se apoiou no livro Mulheres, raça e classe de Angela Davis entre
outros disponíveis virtualmente e/ou em versão física.

As análises partiram de comparações entre o direito positivado e dados


estatísticos, pois se buscou compreender a proteção dos direitos trabalhistas da
mulher negra e a representatividade e participação delas no poder judiciário, através
de observações entre grupos, fenômenos, locais e tempos históricos diversos.

O método utilizado foi necessário visto a impossibilidade de observação direta


e estudo de campo, e também por que os recortes temporais e principiológicos
necessitam de extensa bibliografia para sua real demonstração.

As fontes que foram utilizadas tiveram como foco aspectos da realidade que
não podem ser quantificados, como é o caso da proteção constitucional ao trabalho
das mulheres negras, assim como o racismo e representatividade, tal abordagem é
muito utilizada em ciências sociais, uma vez que estão centradas na compreensão e
explicação das relações sociais e sua dinâmica.
Mulheres negras são 27,7% da população brasileira, entretanto têm baixa
representatividade e participação em cargos de poder. (BOND, 2020, p.1). Segundo
o Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada de 2016, as mulheres brancas
recebem 70% a mais que as mulheres negras. (BOND, 2020, p.1)
Por ser uma pesquisa que utiliza informações de domínio e acesso público,
não será submetido o presente projeto de pesquisa ao sistema Comitê de Ética e
Pesquisa e à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa, de acordo com a resolução
510 /2016 do Conselho Nacional de Saúde.

RESULTADOS

Segundo o Ipea, em 2009, as mulheres negras respondiam por cerca de um


quarto da população brasileira. Eram quase 50 milhões de mulheres em uma
população total que, naquele ano, alcançou 191,7 milhões de brasileiros (as).

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Ainda com base nessas pesquisas Brasil em 2003, 21% das mulheres negras
eram empregadas domésticas e apenas 23% delas tinham Carteira de Trabalho
assinada – contra 12,5% das mulheres brancas que eram empregadas domésticas,
sendo que 30% delas tinham registro em Carteira de Trabalho.

Tanto mulheres negras quanto brancas que estão no mercado de trabalho


têm escolaridade maior que a dos homens. Porém, isso não se reflete nos salários.
A renda média mensal das mulheres negras no Brasil, segundo a última Pesquisa
Nacional de Amostra por Domicílio, do IBGE (PNAD 2003), é de R$ 279,70 – contra
R$ 554,60 para mulheres brancas, R$ 428,30 para homens negros e R$ 931,10 para
homens brancos (IPEA, 2013, p.10).

Renda média mensal em 2003


Mulheres negras R$ 279,70
Mulheres brancas R$ 554,60
Homens negros R$ 428,30
Homens brancos R$ 931,10
Tabela 01- Fonte: Ipea 2013

Já na entrada do mercado de trabalho, existem diferenças significativas entre


mulheres e homens e brancos e negros. No que se refere às diferenças de gênero,
os dados apontam para uma participação bastante inferior, proporcionalmente, das
mulheres no mercado de trabalho em comparação aos homens de 10 anos ou mais
de idade. Com efeito, enquanto pouco mais de 50% das mulheres encontram-se
empregadas ou à procura de emprego, esse percentual sobe para quase 73%
quando analisamos o grupo masculino (IPEA, 2013, p.12).

Contribuem para esse cenário, principalmente: i) a ainda persistente divisão


sexual dos trabalhos; ii) a falta de equipamentos públicos, como creches e pré-
escolas, que possam liberar as mulheres de renda mais baixa para o trabalho
remunerado; e iii) a não consideração, entre a população economicamente ativa, de
mulheres que contribuem de maneira significativa para a economia brasileira: as
donas de casa (IPEA, 2013, p.12).

A inserção no mercado em condições mais precárias do que os brancos, faz


com que negros tenham maior tendência a estarem sujeitos a relações informais de
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trabalho e, portanto, a terem contribuído menos para a previdência. Têm, portanto,
que permanecer mais tempo trabalhando na velhice, de forma a complementar o
baixo valor de seus rendimentos de aposentadoria ou mesmo para compensar a sua
inexistência. (IPEA, 2013, p.14)

A análise cruzada por sexo e cor/raça revela que entre homens brancos e
mulheres negras existe uma diferença de quase 9 pontos percentuais nas suas
taxas de desemprego. Enquanto para os homens brancos esse valor é de 8,3%,
para as mulheres negras ele sobe para 16,6%. Essa é uma clara manifestação da
dupla discriminação a que este grupo está submetido, pois, se de um lado, as
mulheres negras são excluídas dos “melhores” empregos simplesmente por serem
mulheres, de outro elas também são excluídas dos “empregos femininos”, como
aqueles que requerem contato com o público, simplesmente por serem negras
(IPEA, 2013, p.16).

Como se demonstra no gráfico que segue, é alarmante o nível de


desemprego das mulheres negras, embora existam programas inclusivos e muito já
tenha mudado tais resultados demonstram que ainda é necessário um maior
desenvolvimento de políticas públicas voltadas para esta problemática.

Tabela 02 - Fonte: Ipea 2013

No que diz respeito à cor dos magistrados, 80,6% dos juízes de primeiro grau
se declaram brancos e 18,4% pretos e pardos. No segundo grau, o número de
pessoas pretas e pardas é ainda menor, 85% dos magistrados se declaram brancos
e 11,9% pretos e pardos. Entre os participantes da pesquisa, 66,9% são do sexo
masculino e 33,1% do feminino. Entretanto, a pesquisa não faz um recorte sobre
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sexo e raça, não havendo um diagnóstico de quantas magistradas mulheres são
negras. (VIANNA; CARVALHO; BURGOS, 2018, p.313).

Observa-se que existe carência até mesmo de pesquisas para ter um


diagnóstico mais preciso do real número de mulheres negras que integram o
judiciário, mesmo assim os resultados apontam uma grande desigualdade nas
ocupações de cargos nessa esfera de poder.

A pesquisa do Conselho Nacional de Justiça – CNJ publicada em 2018, no


tocante a critério gênero, aponta o judiciário como, majoritariamente, masculino. A
justiça estadual conta com um número de 36% de mulheres, a federal com 32% e a
trabalhista com 47%. O número de mulheres é ainda menor à medida que avançam-
se os níveis da carreira. Elas representam 44% dos juízes substitutos; 39% dos
juízes titulares e 23% dos desembargadores.

A pesquisa também demonstra que a entrada de mulheres na profissão teve


uma crescente até o ano de 2010 e passa por uma queda desde 2011. A pesquisa
demonstra uma desigualdade ainda maior no critério racial. 80,3% dos magistrados
se declaram brancos e 18,1%, negros (abrangendo 16,5% de pardos e 1,6% de
pretos). Apenas 11 se declararam indígenas. A presença de mulheres negras é
ainda menor do que a de homens negros. Entre as mulheres magistradas 81% se
declaram brancas; 16% pardas e 1% pretas.

Desta maneira nota-se que existe grande desigualdade e consequente


exclusão das mulheres negras de espaços de poder como a esfera judiciária, o que
acaba por ferir princípios constitucionais básicos como a isonomia e até mesmo o
próprio conceito de democracia, além de negar a tão merecida representatividade
que lhes é devida.

DISCUSSÃO

O direito das mulheres negras tem seus primórdios históricos na Primeira


Conferência Internacional de Direitos Humanos que ocorreu em 1968 e reconheceu
a importância dos direitos humanos da mulher e decidiu pela necessidade de
medidas para promovê-los (art. 15).
Em 1993, a Conferência Mundial de Direitos Humanos, realizada em Viena,
declarou que os direitos humanos das mulheres são parte inalienável, integral e
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indivisível dos direitos humanos, sendo dever sua participação em igualdade de
condições sociais e a erradicação de todas as formas de discriminação baseadas no
sexo, além daquelas que se referem à violência contra a mulher (RIOS, 2017, p.2):

De âmbito regional, especialmente importante para a América Latina, foi a


Convenção de Belém do Pará (1994), destinada a prevenir, punir e erradicar a
violência contra a mulher, salientando-se a explícita preocupação com aquela
perpetrada no âmbito doméstico e com a responsabilidade estatal não só pelos atos
de violência nessa área, como também pela tolerância de atos privados contra a
mulher (RIOS, 2017, p.2).

Em relação ao feminismo que impulsionou a igualdade de direitos para as


mulheres, de acordo com as palavras de Angela Davis (2013, p.4):

O feminismo que diz a alta voz defender as mulheres da opressão do


machismo se emancipou enquanto lutava pelo abolicionismo, porque
foi quando as mulheres decidiram lutar pela libertação do povo negro
que perceberam que não tinham direitos políticos; foi esse mesmo
movimento abolicionista feminino que ficou chocado por ser dado
primeiro o direito de voto ao homem negro antes de se dar o voto às
mulheres. As mesmas mulheres que lutaram pela libertação do povo
negro, disseram que se não lhes davam o direito ao voto, e se seriam
governadas pelo homem, então preferiam continuar a ser
governadas pelo homem branco, o letrado, educado e civilizado.
(capítulo 4) E assim vimos como os brancos que lutam pelos nós
negros, não aceitam em tempo algum que tenhamos mais do que
eles têm. E com esse fundamento, o movimento feminista que lutava
pelo sufrágio das mulheres exprimiu o racismo. Demarca-se aqui o
feminismo branco e o feminismo negro. As mulheres negras
continuaram a apoiar o direito ao voto conquistado pelos seus
homens. Porque homens e mulheres negros são uma única raça.
São uma única condição social e racial explorada pelo capitalismo e
oprimida pelo racismo.(DAVIS, 2013 p. 3-4).

Das sete constituições que o Brasil teve desde 1824, a Carta Magna de 1988
foi a primeira a incluir o racismo como crime inafiançável, imprescritível e passível de
pena. Entre os princípios fundamentais, a nova Constituição cita a promoção do bem
de todos “sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação” (BRITO, 2018, p.3).

A Constituição conhecida como cidadã também traz o combate ao racismo


entre os princípios das relações internacionais do Brasil e destaca ainda “a proibição
de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por

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motivo de sexo, idade, cor ou estado civil (BRITO, 2018, p.3). Uma das maiores
dificuldades enfrentadas na Constituinte, relata a deputada Benedita da Silva (PT-
RJ), foi desmitificar a ideia de que no Brasil não existe discriminação racial. Segundo
a referida socióloga :

Não foi fácil compreender essa questão. Com o mito da democracia


racial era difícil aceitar que existia racismo. Falamos de racismo na
relação de trabalho, na escolaridade, fomos fazendo todos os
recortes necessários que víamos desde o processo da escravatura
no Brasil. A gente também destacou o papel da mulher negra nesse
contexto da escravidão e pós-abolição. Embora a Constituição de 88
tenha impulsionado a edição de importantes políticas raciais, o marco
de três décadas da promulgação da Carta também é lembrado de
forma crítica pelas ativistas. “Em 30 anos da Constituição, intitulada
cidadã, nós vivenciamos uma situação-limite. Quando você olha para
os espaços de poder, a possibilidade de equidade no trabalho, entre
outros aspectos, definitivamente nós precisamos marcar que a
população negra continua na margem”, afirma Vilma Reis, Ouvidora
Geral da Defensoria Pública do Estado da Bahia. A socióloga
destaca alguns avanços das últimas décadas, como a política de
cotas para ampliar o acesso dos negros nas universidades e a
instituição de mecanismos para evitar fraudes no processo de
seleção de concursos públicos que dispõem de vagas para
candidatos negros. (BRITO, 2018, p.4)

De acordo com a reportagem da Agência Brasil, existe o decreto 4887/2003,


que regulamenta o reconhecimento e demarcação das terras ocupadas por
quilombolas, entre outras conquistas, como o Estatuto da Igualdade Racial e a Lei
10.639/2003, que determina o ensino da história afro-brasileira nas escolas.

No entanto, a especialista Benedita pondera que ainda há muitos desafios


para vencer em todas as áreas. “Tem diversos aspectos da República que a
população negra nem sequer alcançou. E não tem como você pensar um processo
de democratização da sociedade sem superar essa etapa”.

Relevante também é citar a autora Bell Hooks que, explana de forma


inovadora e única o tema porém na vertente da Educação e Pedagogia.

Na “Introdução: ensinando a transgredir”, a autora conta como, na


época do apartheid, a escola frequentada por ela era um lugar
fundamentalmente político, de resistência na luta antirracista. Assim,
aprendeu desde muito cedo que a devoção ao estudo era um ato
contra hegemônico para resistir às estratégias de colonização, o que
a leva a falar em uma pedagogia anticolonial. No capítulo inicial,
“Pedagogia engajada”, hooks mostra como a obra de Paulo Freire
permitiu-lhe compreender as limitações do ato pedagógico que ela

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mesma havia tido como aluna e, ao mesmo tempo, como inspirou-se
em professora(e)s que a auxiliaram a transgredir fronteiras (algo que
figura no título de seu livro), incentivando-a a dar um passo além das
aprendizagens que mais se parecem com a rotina de uma linha de
produção. Ao apresentar o segundo capítulo, “Uma revolução de
valores: a promessa da mudança multicultural”, a autora inspira-se
em Martin Luther King para criar uma revolução de valores que
coloque as pessoas contra os sistemas de dominação, questionando
a própria universidade em seu papel de partilhar a verdade a partir
de suas próprias parcialidades. (HOOKS, 2013, p. 25-50)

Camila Francisca salienta que representatividade implica a reformulação


daquilo que é “natural”, por exemplo as princesas da Disney, são majoritariamente
brancas e loiras (as princesas negras são minoria em um representação artística
vinculada a nível mundial para meninas e meninos em processo de formação de sua
identidade) , dessa maneira crianças negras e brancas entendem que isso é o
padrão de beleza.” (FRANCISCA, 2020, p.3)
De acordo com Camila Francisca, ler uma história com personagens
negros, coloca crianças e jovens diante de representatividades
negras, vai produzir outras experiências – logo, produz uma relação
positiva diante de identidades que são diferentes. A emergência da
temática racial e da luta antirracista, pensando no tempo histórico, é
muito recente. Por isso, ainda é tão difícil ter pessoas negras em
lugares diversos, ou mesmo em espaços de destaque e liderança.
Camila acredita que a sociedade vivencia um processo de luta pelo
protagonismo negro, que ora parece ser lento, ora parece regredir,
mas está em andamento e já produz efeitos. (FRANCISCA, 2020,
p.3)
Para a pesquisadora Camila Francisca da Rosa, a ascensão de
afrodescendentes na ocupação de espaços diversos exige o rompimento de uma
estrutura social racista:
“Implica a quebra de padrões, de imagens, de discursos, de práticas
e com um ordenamento social de privilégio. Desconstrói estereótipos
ainda vinculados ao racismo científico do século 19, que acreditava
em raças, biologicamente falando, diferentes e que eram divididas
entre superiores e inferiores ou culturalmente entre civilizados e
selvagens”, (FRANCISCA, 2020, p.3)

Devido aos fatores culturais e morais, as mulheres estiveram confinadas


dentro do lar por milênios, sendo alocadas apenas em trabalhos domésticos, e
funções de esposa e mãe. Segundo a pesquisadora Gabriella Pereira Barreto (2016,
p.1):

As grandes e significativas vitórias nesse sentido foram conquistadas


pelas mulheres até o presente século, se lembrarmos que esta
situação de inferioridade arrastava-se há séculos no mundo todo,
havendo fases em que as mulheres e as crianças, nem mesmo eram
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contadas nos censos demográficos e não tinham sua vontade e
direitos respeitos. As mulheres eram tratadas como mero objeto de
procriação e considerada como propriedade dos homens, aos quais
devia obediência e subordinação. Quando elas passaram a se inserir
no mercado de trabalho, as condições de trabalho e ausência de
garantia de direitos já eram duras para os homens, pior ainda era a
situação das mulheres que trabalhavam, pois seu trabalho sofria
duplo preconceito: o biológico, pelas diferenças físicas existentes
entre os sexos, cuja maior delas é a maternidade, e o social, no qual
o trabalho feminino era visto como inferior ao masculino e, portanto,
de menor valor. A sua luta, inicialmente, foi esparsa, começando por
pequenas revoltas a fim de expressar sua opinião sobre a situação e
luta por seus direitos. Mas na sociedade atual, a mulher moderna
possui plena consciência do seu potencial e seus direitos e passa a
demonstrar grande interesse pela valorização e melhoria de seus
direitos como cidadã, mãe e trabalhadora.

Se nos voltarmos para a luta por direitos das mulheres negras é possível, no
entanto, observar uma realidade ainda mais cruel e destrutiva. Segundo Silvana B.
G. da Silva (2019, p.2):

Dentre as vertentes do Movimento Feminista, existe aquele que foca


nas especificidades próprias das mulheres negras, denominado de
Feminismo Negro. No Brasil, essa vertente teve início propriamente
na década de 1970 com o Movimento de Mulheres Negras (MMN), a
partir da percepção de que faltava uma abordagem conjunta das
pautas de gênero e raça pelos movimentos sociais da época. As
lideranças negras femininas em trabalhos sociais vêm crescendo,
com foco na pauta de direitos humanos direcionada às
especificidades das mulheres negras. Porém, muitas vezes, esses
trabalhos sociais são renegados ao segundo plano pelos homens,
inclusive os negros.

Embora haja auxílios e programas voltados para a proteção do direito das


mulheres negras, a prática jurídica muito difere da Constituição escrita. O direito
deveria ser para todos os cidadãos, deveria ser justo, igualitário independentemente
da cor, gênero, opção sexual e classe econômica, porém não é o que ocorre.

Em se tratando do direito trabalhista e a representatividade e participação das


mulheres negras nos quadros de vaga do poder judiciário se mostra apenas uma
projeção da realidade desigual, racista, hetero-normativa e hegemônica do país.

A pós-doutora Marta Nunes afirma o seguinte: “Acredito no poder


transformador da educação e almejo inspirar as mulheres negras por todo o mundo.”
Dentro de um sistema racista hétero-patriarcal hegemônico do branco, a mulher
negra acaba sendo rotulada como trabalhadora doméstica ou de um tipo que só tem

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capacidade para o trabalho braçal, além de serem sexualizadas e objetificadas como
meras proporcionadoras do desejo masculino. Essas construções sociais devem ser
desfeitas, e o caminho para isso está nas produções e pesquisas acadêmicas.
(NUNES, 2020, p.3). De acordo com Marta, a hipersexualização da mulher negra:
é fruto desse sistema exploratório. Trata-se de uma herança da
escravidão somada à herança genética, em virtude das formas
físicas avantajadas, como busto e quadril, além dos traços
marcantes, como a boca. Ela explica ainda que foi criado um ideal de
relacionamento: um modelo ideal do que seria uma mulher para
casamento, perfil esse no qual as mulheres negras não se encaixam.
“As heranças escravistas deixaram marcas tão densas quanto as
marcas de ferro nos seus corpos, que as identificavam com as
iniciais dos nomes da família às quais pertenciam” (NUNES, 2020,
p.2)

Nas palavras da colunista Djamila Ribeiro o país viveu por mais de trezentos
anos o regime escravista no qual homens, mulheres e crianças eram sequestrados
de várias regiões da África e trazidos para cá, a fim de perpetuar o sistema de
exploração:
As africanas eram violentamente humilhadas, exploradas e tiveram
sua sexualidade abusada. Eram forçadas a trabalhar para garantir o
conforto das mulheres brancas portuguesas. Conforme explica
Marta, as escravizadas também serviam sexualmente ao seu senhor.
Consideradas como propriedade, cabia às escravas o uso que fosse
conveniente aos senhores de engenho e seus filhos, inclusive o de
serem estupradas para satisfazer impulsos sexuais É importante que
se entenda que historicamente as mulheres negras estão travando
uma luta antirracista, anticapitalista e antisexista, e que as mulheres
negras, como diz Sueli Carneiro, uma grande referência do
feminismo negro, estão pensando um novo projeto de sociedade.
Assim como dizia Lélia Gonzalez, mulheres negras estão pensando
um modelo alternativo de sociedade, e não somente nas opressões
que lhe dizem respeito.( RIBEIRO, 2020, p.1)
Então, por exemplo, no feminismo hegemônico, durante muito tempo se
universalizou a categoria "mulheres" dizendo "somos todas mulheres", esquecendo-
se que há diversas possibilidades de ser mulher. (RIBEIRO, 2020, p.1). É necessário
compreender que as mulheres exercem diversos papéis sociais e possuem
demandas diferenciadas e específicas:
As mulheres partem de pontos de partida diferentes e, ao fazer isso,
se invisibiliza uma série de outras identidades que atravessam as
mulheres. Então, se existem mulheres negras, se existem mulheres
pobres, mulheres trans, o movimento feminista necessariamente
precisa ser antirracista, necessariamente anticapitalista e
necessariamente precisa ser anti-LGBTfóbico. Entender essas
questões é fundamental, como dizem autoras como Audre Lorde e

14
Lélia Gonzalez. Ao contrário do que as pessoas pensam, falando do
feminismo negro — e nem todo o movimento de mulheres negras é
feminista —, mas falando a partir do feminismo negro, quando se
pensou, por exemplo, o conceito de intersexualidade, foi justamente
para falar desses sujeitos que ficam nesta encruzilhada: que são
mulheres, mas não são brancas, que são negras, mas não são
homens.( RIBEIRO, 2020, p.2)

Não é possível dizer que vivemos em uma democracia igualitária e com


Constituição capaz de proteger mulheres negras e periféricas. Muito ainda deve ser
realizado em prol do bem comum da sociedade. A luta pelo respeito à dignidade do
ser humano em todas as esferas independente de gênero, sexo, cor, posição
econômica, nacionalidade ou religião, deve prosseguir, e principalmente os
princípios do Direito não devem ser apenas frases inócuas e escritas em um papel
antes devem valer na prática e influenciar para melhor o meio social.

O Direito do Trabalho possui princípios próprios, protegidos pela Constituição


Federal, norma máxima e fundamentadora de todo ordenamento jurídico. Entre eles
destacam-se: o princípio da proteção, elencado no art. 7º da CF visa resguardar a
parte hipossuficiente da relação trabalhista, buscando o equilíbrio da relação e o
cumprimento da igualdade substancial.

Outro princípio que encontra amparo constitucional no art. 9º da CF e legal no


art. 444 da CLT é o princípio da irrenunciabilidade que se refere ao fato de as
normas trabalhistas serem de ordem pública, logo não podendo as partes derrogá-
las em atendimento à sua vontade.

Destaca-se ainda no art. 6º da CF, como garantia de acesso ao direito social


do trabalho, o princípio da primazia da realidade, por meio do qual não importa a
eventual forma como foi construído um fato, mas sim como ele ocorreu efetivamente
no plano concreto.

Vale citar o preceito do inciso I, do art. 7º da C, o princípio da continuidade da


relação de emprego, que visa preservar o contrato de trabalho e segurança do
trabalhador.

Pelo citado nota-se que a perspectiva constitucional é de que as relações de


trabalho sejam baseadas em condições isonômicas, porém quando um grupo como
o das mulheres negras que são a maioria da população brasileira não tem acesso às
15
mesmas condições dentro do mercado de trabalho, tais princípios são massacrados
e não conseguem prevalecer no plano da realidade e preservar a dignidade e justiça
no plano fático.

No ano de 2010, foi promulgada a Lei nº 12.228 que instituiu o Estatuto da


Igualdade Racial, que criou o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial
(SINAPIR). (CONJUR, 2020)

Também houve a promulgação da Lei nº 12.711, de 29 de agosto de 2012,


que instituiu as cotas sociais com interseccionalidade étnico-racial nas universidades
e instituições federais de ensino médio e técnico. (CONJUR, 2020)

Em 2014, foi promulgada a Lei nº 12.990, de 09 de junho de 2014 (BRASIL,


2017), que, conforme o seu artigo 1º, reserva aos negros 20% (vinte por cento) das
vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e
empregos públicos na administração pública federal, das autarquias, das fundações
públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista controladas
pela União. (CONJUR, 2020)

Dessa maneira, embora muito já tenha sido conquistado ainda se fazem


necessárias medidas eficazes para implementar as leis já existentes e futuras.

CONCLUSÃO

O poder judiciário é instituição responsável por promover a concretização do


direito e do em comum, porém num país marcado pela escravidão e racismo a
ocupação dos cargos nessa esfera de poder também se demonstra desigual e
desprovida de representatividade para os diversos grupos étnicos existentes. Em
relação à mulher negra se observa claramente a dificuldade de ascender
profissionalmente dentro de tal estrutura, de forma que nunca houve uma ministra do
Supremo Tribunal Federal negra.

Para entender como esse processo ocorreu e se desenvolveu ao longo dos


anos, foi necessário observar como o passado escravocrata e patriarcal tratou a
mulher negra como objeto retirando-lhe seu lugar de falar, suas oportunidades de
estudo, trabalho e como até hoje essas mulheres estão travando uma luta
antirracista, anticapitalista e antissexista.

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É notória que toda luta que o movimento feminista negro e outros segmentos
realizaram trouxe grande evolução tanto da proteção dos direitos da mulher negra
como de políticas públicas de acesso ao mercado de trabalho e ao ensino. Podendo-
se citar a Lei nº 12.228 que instituiu o Estatuto da Igualdade Racial, assim como a lei
nº 12.711, de 29 de agosto de 2012, que instituiu as cotas pelo critério étnico nas
universidades e a Lei nº 12.990, de 09 de junho de 2014 (BRASIL, 2020g), que
reserva aos negros 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas nos concursos
públicos.

No entanto, apenas a criação de tais legislações não é o suficiente, uma vez


que no âmbito real das relações de trabalho as pesquisas e resultados continuam
apontando a grande desigualdade na ocupação dos cargos de poder para a mulher
negra, não há como se falar em uma ordem jurídica justa quando não existem as
mesmas possibilidades para todos. É preciso mais discurssões, mais projetos
voltados para conscientização e reparação das mazelas provocadas pelo racismo
estrutural que se enraíza nos espaços do judiciário.

Debater a representatividade no âmbito do poder judiciário é buscar meios de


mudar esta realidade discriminatória, que em vários aspectos já avançou
positivamente de forma inegável, mas que carece ainda de muitas discussões e
criação de formas efetivas de enfrentamento.

Este trabalho buscou analisar a história e o desenvolvimento da


representatividade e participação da mulher negra no poder judiciário brasileiro, por
meio de um recorte constitucional, histórico e trabalhista, a partir de uma proposição
e desenvolvimento de um artigo de graduação, no estado do Maranhão no Centro
Universitário de Ciências e Tecnologia do Maranhão.

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