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O PRECONCEITO RACIAL E O MACHISMO CONTRA A MULHER NEGRA PERANTE A

SOCIEDADE BRASILEIRA

Breno LUIZ; Daniel MARCELINO; Gustavo HENRIQUE; Karine KEREN; Nicole SOARES;
Rafaela GOMES; Rayane ALVES; Welerson RODRIGUES

RESUMO

O racismo e o sexismo no Brasil são resultados de uma postura de negação histórica. A


sociedade brasileira sempre preferiu fazer de conta que nós não tínhamos esses problemas. Isso
só os agrava na medida em que cria um caldo de cultura de impunidade em relação às práticas
criminosas de racismo e sexismo.
Em todas as sociedades que conseguiram enfrentar esse problema de forma direta, muito
foi superado em termos dessa intolerância e no sentido da inclusão social de segmentos
historicamente discriminados. No Brasil nega-se sistematicamente um problema visível a olho
nu, como se a pura negação pudesse resolvê-lo e não resolve sim agrava o problema.
Devido à escravidão e à falta de política de reparação histórica, mulheres negras sofrem
diariamente a exclusão social e a violência causada pelo racismo, machismo e sexismo.
Segundo a ONU, a cada 23 segundos, um jovem negro é assassinado no Brasil. E, nestes últimos
tempos, essa violência só vai crescer.
O objetivo da pesquisa além de informar é conscientizar sobre o racismo e o sexismo
sofrido por mulheres negras. A metodologia utilizada é a pesquisa teórico dogmática. O método
foi desenvolvido através de pesquisas sobre o tema, onde foram analisados artigos e normativas
que auxiliaram na busca na solução ao problema de pesquisa.

Palavras-chave: Negros, Mulheres, Sexismo, Racismo, Intolerância

Sumário: 1. Introdução. 2.Capítulo I - Surgimento do racismo e exclusão do povo negro 3.


Capítulo II – Objetificação da mulher negra. 4.Capítulo III - Diversidade brasileira. 5.
Conclusão. 6. Referências Bibliográficas.

1. INTRODUÇÃO
Este artigo analisa o racismo e sexismo no Brasil tendo em vista as mulheres negras
como alvo da sexualização e objetificação. No Brasil, ainda há problemas seculares que
impedem a efetivação dos direitos prescritos na Constituição Federal.

Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-
se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à


pena de reclusão, nos termos da lei;

¹ Artigo realizado através dos alunos de Direito na Rede de Ensino Doctum e guiado pelo texto „Racismo e
Sexismo na Cultura Brasileira’ escrito por Lélia Gonzales.
A dor do racismo enraizado na colonização continua trazendo muito sofrimento à
comunidade negra devido à negligência das autoridades e à falta de diálogo sobre o assunto.
Como dito, o racismo é uma negação histórica na qual a sociedade brasileira tenta esconder e
negar algo que está visível e a olho nu. Tendo em vista disto, trazemos separados por capítulos
o processo da escravização, a objetificação da mulher negra, a naturalização de termos e
brincadeiras, desigualdade entre diversos outros tipos de inferiorização do povo negro.
Portanto, não só é existente o racismo, como também o sexismo contra as mulheres negras,
embora ainda as mulheres terem conquistado grande espaço no mercado de trabalho e posições
de liderança, esses ganhos se resumem basicamente as mulheres brancas sendo as negras
privadas de quase tudo.
A combinação de racismo e sexismo causa tanto sofrimento psíquico, como também um
declínio completo na imagem de si mesmo e uma sensação de que não são considerados traços
“naturais” que são ditos pela sociedade. Mesmo a maioria da população brasileira seja negra,
todos os critérios de comportamento, estética, etc, são brancas.
Portanto, temos por fato é que, a mulher negra sente-se necessidade de aprofundar a
reflexão, ao invés de continuar na repetição das ciências sociais. Textos, artigos, jornais só nos
falam da mulher negra numa perspectiva socioeconômica na qual relata uma série de problemas
propostos pelas relações raciais ficando sempre um resto que desafia as explicações.
Lélia Gonzalez intelectual, autora, política, professora, filósofa e antropóloga brasileira
nos dizia que o racismo pode apresentar taticamente duas formas para manter a
"exploração/opressão": o racismo aberto e o racismo disfarçado. A primeira forma é encontrada,
principalmente, nos países de origem anglo-saxônica, e a segunda predomina nas sociedades de
origem latina. No racismo disfarçado, "prevalecem as 'teorias' da miscigenação, da assimilação
e da 'democracia racial'", e essa forma de se manifestar, afirma, ao pensar o Brasil, impede a
"consciência objetiva desse racismo sem disfarces e o conhecimento direto de suas práticas
cruéis" pois a crença historicamente construída sobre a miscigenação criou o mito da
inexistência do racismo em nosso país.
A análise feita por Gonzalez nos mostra perfeitamente como a sociedade ainda
desrespeita e desconsidera o povo negro fazendo com que os lugares deles sejam sempre
inferiores do que dos brancos.

“Para a mulher negra, o lugar que lhe é reservado é o menor. O lugar da


marginalização. O lugar do menor salário. O lugar do desrespeito em relação a sua
capacidade profissional. ”

Contudo, o artigo desenvolvido tem por base mostrar a realidade do Brasil desde o
surgimento do racismo até os dias atuais, onde ainda há o preconceito racial em alta. Além de
ser relatado que o sexismo rondeia a mulher negra, sendo assim de extrema importância
promover espaços de decisões para que o povo negro tenha visibilidade e oportunidades como
todos.

CAPÍTULOS
2. Capítulo I – Surgimento do racismo e exclusão do povo negro
O Brasil durante mais de séculos passou por um processo de escravização que gerou
diversas questões de exclusão social e alienação cultural da população negra. No período pós-

¹ Artigo realizado através dos alunos de Direito na Rede de Ensino Doctum e guiado pelo texto „Racismo e
Sexismo na Cultura Brasileira’ escrito por Lélia Gonzales.
abolição, os negros continuaram a ser subjugados e sistemicamente excluídos, às margens da
sociedade. Tinham como obrigação legal de ter emprego, caso contrário podia ser preso por
vadiagem. Contudo raramente conseguiam empregos formais devido às políticas de
embranquecimento, em que se importava mão-de-obra barata de imigrantes brancos italianos e
alemães para habitar a terra e ocupar os postos de trabalho antes ocupados por pessoas
escravizadas.
Com anos de naturalização de estigmas, de inferiorização e ridicularização do povo
negro, o uso de palavras, frases e brincadeiras racistas passa a ser tido como normal, natural.
No artigo “Racismo e sexismo na cultura brasileira” é evidente a naturalização dessas
brincadeiras racistas, no primeiro capítulo, logo após uma briga em uma festa a narradora fala
“preto quando não caga na entrada caga na saída”, utiliza também o termo “aquela neguinha
atrevida”, o próprio uso da palavra negro em sua deterioração “nego” sendo usada como sujeito
para interjeições acusatórias. Neste mesmo capítulo do artigo, a autora conta como os negros
são excluídos às margens da sociedade, quando ela conta que na festa os brancos sentaram à
frente sem deixar espaços para os negros, tendo eles que se encaixarem nos fundos.
Mesmo em relações familiares ou de amizade, o racismo recreativo impera e ainda não
é amplamente visto como um problema, o racismo em forma de piada sobre o fenótipo de
pessoas negras ainda dá audiência e ainda é posto em dúvida enquanto violência. A luta do
Movimento Negro se empenha em reivindicar e a batalhar pelo básico, como a presença nos
espaços de poder e de decisão, bons postos de trabalho com igualdade de salário e oportunidades
iguais de estudo ou ações afirmativas. Porém, nenhuma dessas questões têm solução rápida.
Tudo esbarra no racismo estrutural, as práticas sociais coletivas, muitas vezes inconscientes ou
vistas como politicamente neutras. Subjazendo tudo o que compõe a sociabilidade da nossa
sociedade de raiz escravocrata, sempre tocando modulando a todos, o racismo estrutural é
histórico, cultural e institucional.
A população negra é a mais afetada pela desigualdade e pela violência no Brasil. É o
que alerta a Organização das Nações Unidas (ONU). No mercado de trabalho, pretos e pardos
enfrentam mais dificuldades na progressão da carreira, na igualdade salarial e são mais
vulneráveis ao assédio moral, afirma o Ministério Público do Trabalho. Em média, os
brasileiros brancos ganhavam, em 2015, o dobro do que os negros: R$1589, ante R$898
mensais, a conta é feita com base em dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)
e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), considerando rendimentos como
salários, benefícios sociais, aposentadoria, aluguel de imóveis e aplicações financeiras, entre
outros. Ainda segundo o relatório, 67% dos negros no Brasil estão incluídos na parcela dos que
recebem até 1,5 salário mínimo (cerca de R$1400). Entre os brancos, o índice fica em 45%.

3. Capítulo II – Objetificação da mulher negra


Nesse capítulo, a objetificação da mulher negra é relatada de forma explícita.
Inicialmente, podemos notar no artigo que a objetificação sexual das mulheres durante o
Carnaval é muito falado, ou seja, as mulheres negras sofrem diariamente com a exclusão social
e violência causada pelo racismo, machismo e sexismo. Um exemplo claro de sexismo contra
a mulher negra, é a famosa vinheta da “Mulata Globeleza”, transmitida pela emissora Globo
por anos.

¹ Artigo realizado através dos alunos de Direito na Rede de Ensino Doctum e guiado pelo texto „Racismo e
Sexismo na Cultura Brasileira’ escrito por Lélia Gonzales.
"É necessário entender o porquê de se criticar a Globeleza. Não é pela nudez em si,
tampouco por quem desempenha esse papel. Não temos problema algum com a sensualidade,
o problema é somente nos confinar a esses lugares negando nossa humanidade, multiplicidade
e complexidade. Quando reduzimos seres humanos somente a determinados papéis e lugares,
se está retirando nossa humanidade e nos transformando em objetos", escreve Djamila Ribeiro,
mestranda em Filosofia Política na Unifesp e feminista negra.
Carnaval e festa são quase sinônimos. No entanto, essa liberdade é confundida com o
direito sobre o corpo do outro. A época mais alegre é também a que tem mais casos de assédio
ou importunação sexual, seja com um beijo forçado, um toque não consentido nas partes íntimas
e até mesmo discursos disfarçados de piadas.
O instituto Ibope Inteligência divulgou uma pesquisa que aponta que 48% das mulheres
brasileiras declaram já ter sofrido algum tipo de assédio, constrangimento ou importunação sexual em
alguma festa de carnaval pelo país.
Segundo o Ibope, as mulheres com idade entre 16 a 24 anos são as maiores vítimas e 61% delas
dizem já ter sofrido algum assédio ou importunação nesses eventos.
Em pesquisa realizada pela Universidade Federal da Bahia, no ano de 2017 as mulheres
negras sofreram 73% dos casos de violência sexual registrados no Brasil, enquanto as mulheres
brancas foram vitimadas em 12,8% das ocorrências. Não há como dissociar a hiper sexualização
e outras questões raciais como integrantes do conjunto de múltiplas condições de
vulnerabilidade das mulheres negras.
Numa discussão não embranquecida acerca da objetificação de mulheres negras,
sobretudo periféricas, há que se pontuar uma necessária distinção entre hiper sexualização e a
expressão da nossa sexualidade. Não cabe, numa reflexão aprofundada sobre o tema, uma visão
elitista e academicista sem uma aproximação honesta. Pelo contrário, a escuta e a liberdade
devem ser os pressupostos de qualquer discussão justa, cujo protagonismo pertence à
diversidade de mulheres negras que também são periféricas, idosas, gordas, LGBTQI+ ou
possuem deficiência.

Além disso, as mulheres negras são vistas perante a uma sociedade racista, como
inferiores as não negras. Contudo, podemos reparar que na maioria das novelas, até mesmo as
de horário nobre, as atrizes que fazem papel de empregada doméstica são negras.

Não podemos mais naturalizar essas desigualdades raciais e sociais que estão bem
escancaradas na nossa frente. Precisamos de coragem, resiliência, coletividade, luta e o
fundamental conhecimento.

4. Capítulo III – Diversidade brasileira


Só uma palavra me devora
Aquela que o meu coração não diz
(Abel Silva)

¹ Artigo realizado através dos alunos de Direito na Rede de Ensino Doctum e guiado pelo texto „Racismo e
Sexismo na Cultura Brasileira’ escrito por Lélia Gonzales.
O Brasil está africanizado, vemos no texto M. D. Magno um impressionante ponto de
vista duvidando da latinidade brasileira afirmando que o Brasil é uma América Africana.
A Cultura Brasileira é bagunçada como todo mundo, está numa escritura, assinou os
papeis, deixo sua marca ou seu selo, com os sobrenomes. Dito como o ditado “Filhos de minha
filha, meus netos são; filhos do meu filho, serão ou não”.
Mario de Andrade que é o Macunaíma elaboro um mito que negro no lugar do
Sobrenome. Macunaíma nasceu negro, “preto retinto e filho do medo da noite”. E com
pensamento de as pessoas quererem branquearem e os valores brancos ocidentais. E não
devemos esquecer dos verdadeiros heróis como Macunaíma, Zumbi, Ganga-Zumba e até Pelé.
E os heróis oficiais não tem nada a ver com isso, são produto da lógica da dominação, não tem
nada a ver com “a alma de nossa gente”.
Por essas ideias tentamos entender muitas falam contra os negros como preto correndo
é ladrão, dizem que preto quando não caga na entrada, caga na saída? Por que será que tudo
aquilo que o incomoda é chamado de preto. Só que na hora de mostrar o que eles chamam de
“coisas nossas”, é um tal de falar de samba, tutu, maracatu, frevo, candomblé, umbanda, escola
de samba e por aí afora.
E quando falamos sobre a beleza da mulher brasileira, pintam logo a imagem das
mulheres queimadas na praia e falar sobre como o Brasil é uma democracia racial, mas quando
as pessoas negras falam que não existem a democracia racial, acham ruim e sempre xingam
pois colocam o dedo na ferida deles com a verdade.
O Carnaval é apenas quando os negros são colocados no destaque e aparecem em capas
de revistas e festejados, e deixamos de ser marginais e vira símbolo da alegria e festa e é quando
os negros podem ir as ruas e festejarem e não estarem fazendo nada de errado.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por fim, para uma sociedade racialmente mais igualitária, são essenciais políticas
positivas que desfaçam distorções históricas e as pessoas passem a apreciar a cultura negra
como parte integrante de nossa identidade nacional. Assim nasce uma sociedade mais
consciente que lida com a inclusão e as práticas cívicas. É perceptível a forma em que as
pessoas estão criando coragem para denunciar, se impor e defender, mas é fato que ainda,
infelizmente, há grandes casos de racismo no mundo, depreende-se, portanto, a necessidade de
se combater esse preconceito. O que fica de positivo é que o caminho já está sendo seguido,
promovendo o respeito, empatia e a compreensão da dignidade humana como fator
fundamental a harmonia mundial. Garantir representatividade de raças e etnias nos espaços
coletivos de decisão e promover atividades formativas com foco na redução de preconceito em
âmbitos escolares para que cresçam com consciencia e que essas pessoas ocupem espaço na
sociedade.

¹ Artigo realizado através dos alunos de Direito na Rede de Ensino Doctum e guiado pelo texto „Racismo e
Sexismo na Cultura Brasileira’ escrito por Lélia Gonzales.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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https://oabce.org.br/2020/09/raquel-andrade-a-objetificacao-da-mulher-negra/
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¹ Artigo realizado através dos alunos de Direito na Rede de Ensino Doctum e guiado pelo texto „Racismo e
Sexismo na Cultura Brasileira’ escrito por Lélia Gonzales.

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