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UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS


FACULDADE DE COMUNICAÇÃO

ELISÂNGELA OLIVEIRA CANGUSSU


JOÃO SANTOS SOUZA
LUCIENE CRISTINA LANA FERREIRA
RENATA RICELLY NASCIMENTO ROCHA

RACISMO ESTRUTURAL

RONDON DO PARÁ
2022

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Você já ouviu falar em Racismo Estrutural? Ou sabe o que é? Racismo estrutural é o
termo usado para reforçar o fato de que existem sociedades estruturadas com base na
discriminação que privilegia algumas raças em detrimento das outras. No Brasil, nos outros
países americanos e nos europeus, essa distinção favorece os brancos e desfavorecem negros e
indígenas.

De acordo com dados do IBGE de 2021, a população brasileira é de aproximadamente


215 milhões de habitantes, e 56,1% declaram ser pretos e pardos, tornando assim o Brasil o
segundo país com maior população negra depois da África.

Falar de racismo estrutural, é lembrar das questões centrais que mantém esse processo
longo de desigualdade entre brancos e negros que se desdobram no genocídio de pessoas
negras, no encarceramento em massa, na pobreza e na violência contra mulheres.

Por mais que as leis garantam a igualdade entre os povos, o racismo é um processo
histórico que modela a sociedade até hoje. Uma prova disso é o contraste explícito entre o
perfil da população brasileira e sua representatividade no Congresso. Enquanto a maior parte
dos habitantes é negra, quase todos os parlamentares são brancos. Outro dado relevante da
violência contra a população negra é que a cada 23 minutos um jovem negro é assassinado no
Brasil.

No Brasil, em relação aos negros, o racismo estrutural se perpetua desde os tempos da


escravidão, no início do século XVI. A imposição da cultura dos colonizadores portugueses, o
massacre da população escravizada e a ausência de direitos aos negros após a abolição da
escravatura deixou a herança de uma visão racista de inferioridade.

O termo estrutural não significa dizer que o racismo é uma condição incontornável ou
que a trilha antirracismo feita até aqui seja inútil. Muito pelo contrário. Essa estrutura social
que possibilitou a manutenção do racismo ao longo da história, inclusive do Brasil, pode ser
contada a partir das próprias leis do país - algumas delas são da época em que os negros eram
escravizados, é claro, mas outras vieram depois da abolição.

Um exemplo disso é a própria Lei Áurea, de 1888. Além de o Brasil ser o último país
das Américas a aderir à libertação das pessoas escravizadas, a população negra que vivia aqui
se viu livre, porém sem opções de emprego ou educação.

Isso se deve à legislação anterior: em 1824, a Constituição dizia que a escola era um
direito de todos os cidadãos, o que não incluía os povos escravizados. A primeira vez em que
a legislação contribuiu, de fato, para a democracia racial no Brasil ocorreu apenas em 1989,
quase um século depois, quando a Lei Caó tornou o racismo um crime inafiançável e
imprescritível.

E a lei não é suficiente para resolver o problema? Infelizmente, não. Racismo é algo
maior do que discriminação ou preconceito. Diz respeito a formas nem sempre conscientes e
também coletivas de desfavorecer negros e indígenas e privilegiar os brancos.

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Em sociedades como a brasileira, o racismo determina a forma como pensamos.
Assim, a cor da pele significa muito mais do que um traço da aparência. Ela é associada a
capacidades intelectuais, sexuais e físicas. É como se ser negro estivesse associado a
qualidades físicas apenas (a dança, os esportes, o trabalho pesado), e não intelectuais.

Então devemos nos perguntar o que precisa ser feito para combater o racismo de fato?
Pessoas brancas reflitam, identifiquem e reconheçam seus privilégios. Não é uma tarefa fácil.
Um bom começo é olhar para a própria história e perceber em que situações um branco levou
a melhor. Alguns exemplos:

Durante a disputa por uma vaga de emprego em que as duas pessoas tinham
qualificações muito semelhantes, mas o negro foi dispensado. Em um momento de lazer como
um jantar em um restaurante em que pessoas brancas são servidas pelas negras.

Umaoutra atitude é deixar de usar palavras e termos que tiveram origem na


discriminação entre brancos e negros: "mulato", "dia de branco", "a coisa está preta", entre
outras. Por mais que, conscientemente, elas sejam usadas sem uma intenção racista, o fato de
ainda estarem em uso mostra o quanto o problema está arraigado em nossos costumes. Ao
mesmo tempo é necessário deixar de procurar pessoas negras exclusivamente para tratar de
assuntos raciais. É verdade que, ainda hoje, pessoas negras em posições de destaque na
sociedade são minoria, mas há médicos, advogados, escritores, físicos, engenheiros e
intelectuais negros.

Como se vê, existem medidas para serem tomadas em todas as escalas da sociedade:
desde essas atitudes cotidianas, até políticas públicas que ampliem a presença de negros e
indígenas em todas as esferas da sociedade.

A lei de cotas é um bom exemplo disso. Sim, à medida que fazem uma distinção entre
brancos e negros e entre brancos e indígenas no acesso a determinados direitos - vagas na
universidade e cargos de órgãos públicos. Mas a iniciativa é chamada de "discriminação
positiva". Isso porque, a distinção visa à compensação (ainda que parcial) do erro histórico
que, por mais de quatro séculos, concedeu privilégios aos brancos e tirou acesso de outras
raças às mesmas condições de desenvolvimento em diferentes esferas da vida.

O racismo vai muito além de preconceito ou discriminação e, por isso, os especialistas


apontam diferentes tipos. São eles:

Individualista: quando o sujeito não entende a complexidade da questão e, por isso, nem
sempre percebe seus próprios atos discriminatórios. Exemplos disso são as declarações do
tipo "não sou preconceituoso, pois até tenho amigos negros" ou "não existe diferença entre
raças, afinal somos todos humanos". De fato, somos todos humanos. No entanto, isso não foi
levado em consideração e continua não sendo na prática.

Institucional: é o fato de que as instituições praticam direta ou indiretamente a discriminação


entre as raças. Uma prova disso é o número de prisões em massa de negros pela polícia
brasileira.

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Estrutural: é o conjunto das várias formas de racismo, incluindo o individualista (e seus
desdobramentos, como a discriminação e o preconceito) e o institucional, que estruturam a
sociedade e naturalizam no imaginário coletivo que o lugar do negro está ligado à servidão ou
à criminalidade.

Dessa forma o racismo estrutural evidencia que a reprodução, mesmo que


inconsciente, de um discurso ou prática, seja no âmbito político, social ou econômico, contém
um racismo embutido em suas raízes. Por isso ele é tão difícil de identificar e também de
combater.

Em países como o Brasil, o fim do racismo estrutural está ligado com o fim das
desigualdades raciais, que afetam de forma mais intensa os grupos étnico-raciais vulneráveis
historicamente. Políticas públicas e iniciativas privadas de inclusão que buscam pela equidade
racial precisam ser executadas. Como a promoção de direitos étnico-raciais que reconheçam
as necessidades específicas de cada grupo.

Só vamos vencer o racismo quando “o ser” negro e branco não for motivo de
distinções, e sim junções.

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