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UNINASSAU- Universidade Maurício de Nassau

Projeto Integradores II- Direito Público

Adryanne Vanessa Farias de Lima Silva

Matrícula: 01178994 Turma: 10º MB

RACISMO ESTRUTURAL

Para compreender o que vem a ser o racismo estrutural é fundamental entender que o
racismo, como gênero, distingue-se do preconceito e da discriminação. O preconceito pode
ser entendido como a construção e elaboração de conceitos sobre grupos, pessoas ou
comunidades a partir da influência de fatores histórico-sociais. A discriminação, por sua vez,
reflete um tratamento distinto em decorrência da característica do ser, neste caso, em razão da
raça. Já o racismo, como muito bem exposto por Luiz Almeida, representa “uma forma
sistemática de discriminação que tem a raça como fundamento, e que se manifesta por meio
de práticas conscientes ou inconscientes que culminam em desvantagens ou privilégios, a
depender ao grupo racial ao qual pertençam”.

Feito esta prevíssima distinção, aponta-se o racismo estrutural como sendo uma das
formas mais perigosas de racismo, visto que por muito tempo ficou “imperceptível”. Pode-se
dizer que é aquele racismo que estruturalmente veio se moldando de acordo com um conjunto
de hábitos e situações que, direta ou indiretamente, ocasionam a discriminação racial
embutida e disfarçada pela ideia de costume e cultura. É justamente a ideia de racismo
corriqueiro presente nas relações sociais, econômicas, políticas e também jurídicas que apesar
de coercitivamente representarem a ideia de reparação, não extinguem a disseminação da
desigualdade social.

A realidade é tão mais severa do que se imagina ser, uma vez que, o racismo
institucional, visto ou posto como aquele que reflete diretamente a discriminação em razão da
raça através do uso do poder, atua tão gravemente na vida dos negros porque há um racismo
estruturado, histórica e socialmente na vida pessoas negras. Luiz Almeida, considerando o
conceito de violência social exposto pelo escritor Galtung, expõe o seu entendimento de que
o racismo estrutural é “uma forma de violência reproduzida no tecido social não mais na
forma direta, mas nas formas institucional e cultural”.

Historicamente e culturalmente, é gritante a veracidade de que os negros são pessoas


inferiorizadas em virtude de sua raça e em razão da influência deste racismo estrutural que
reflete o interesse sociocultural da época em que vige. Até o ano de 1988, o Brasil era um
país escravocrata, que vivia um regime de escravidão justificado em teorias cientificas
responsáveis por classificar os negros como uma raça inferior que poderia ser escravizada,
através de práticas tortuosas e do uso violência verbal, moral e física. Quando o país percebe
que está obrigado a acabar com a escravidão, sendo que foi o Brasil o último país da América
do Sul a abandonar o sistema escravocrata, surge um movimento legal que começa a
marginalizar dos negros, como por exemplo, durante a Constituição do Império de 1824, o
Governo brasileiro promulgou Lei Complementar que impedia o acesso dos negros as
escolas, posteriormente, em 1850, a Lei de Terras além de impedir que os negros
comprassem terras através do trabalho, também previa subsídios a serem pagos ao governo
pela vinda de colonos do exterior que fossem contratados no Brasil, desvalorizando ainda
mais o trabalho dos negros e negras. Após a proclamação da República, a Lei Áurea foi um
importante avanço, principalmente no que tange o combate do racismo institucional, no
entanto, nenhum direito foi garantido aos negros, pelo contrário, juntamente com a lei surgiu
uma série atos que aumentou o abismo discriminatório que já existia muito antes do fim da
escravidão.

A partir disso, a sociedade acredita que os negros passaram a ter “'lugar” na


sociedade, enquanto que, passasse a ter uma comunidade de negros sem educação, sem terra
e sem trabalho, marginalizada. No ano de 1890, as leis penais passam a criminalizar
fortemente determinadas condutas sociais, dentre elas, os negros que eram encontrados na rua
sem trabalho poderiam ser presos, pela prática de crime de vadiagem.

Continuadamente, o racismo estrutural estrutura-se até os dias de hoje, tanto que a


negação do racismo evolui através de um conceito de democracia racial, segundo o qual os
negros que se esforçarem poderão usufruir de direitos iguais aos dos brancos. Os atos de
violência contra os negros são reconhecidos, estaticamente são computados, porém não são
ou pouco são punidos. A meritocracia desconsidera a discriminação ainda vigente,
desconsiderando também preconceito, violência, violações e demais situações que surgem
unicamente em decorrência da raça, reflexo da dificuldade que existe para a tomada de
decisões políticas voltadas ao efetivo combate da discriminação racial.

No entanto, as pessoas esquecem que o ser humano é uma espécie dotada de


diferentes características externas. O ser humano é uma espécie só, independentemente de
onde veio, de onde nasceu, de classe social, de nível de escolaridade, todo ser humano possui
as mesmas características internas, possuímos órgãos, respiramos, suamos. A cor de uma
pessoa, sendo diferente da sua, não lhe preceitua o direito de discriminá-la, porque mesmo
que você não aceite, você é igualzinho a ela. A sociedade brasileira precisa compreender que
a dor do outro não é piada, que a dor do outro realmente choca, que a dor do outro é
verdadeira e ela precisar ser curada, nós precisamos nos curar do racismo, principalmente, do
racismo estrutural.

BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, Silvio Luiz de. O que é racismo estrutural? Belo Horizonte (MG):
Letramento, 2018. Disponível em: https://books.google.com.br/books?hl=pt-
BR&lr=&id=LyqsDwAAQBAJ&oi=fnd&pg=PT6&dq=racismo+estrutural&ots=Qmdc6mn
mdX&sig=L2YEa8ZWF3p1fbtmY486bbwf6_s#v=onepage&q=racismo
%20estrutural&f=false. Acesso em: 08 de outubro de 2019.

GALTUNG, Johan. “Cultural Violence”. Journal of Peace Reseach. v. 27, n. 3, 1990,


Disponível em: https://www.galtung-institut.de/wp-content/uploads/2015/12/Cultural-
Violence-Galtung.pdf. Acesso em: 08 de outubro de 2019.

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