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Seminário: Raça e Etnia

● Raça não é um termo físico, estático. A história da raça ou das raças é a história da
constituição política e econômica das sociedades contemporâneas.
● O contexto da expansão comercial burguesa e da cultura renascentista abriu as portas
para construção do moderno ideário filosófico que mais tarde transformaria o Europeu
em um homem universal e todos os povos e culturas não condizentes com os sistemas
culturais europeus em variações menos evoluídas.
● Raça é um elemento essencialmente político, usado para naturalizar desigualdades e
legitimar a segregação e o genocídio de grupos sociologicamente considerados
minoritários.
● A partir das grandes navegações o ideal Etnocentrista influenciou o surgimento de
teorias que embasaram o racismo científico, como o Darwinismo, o Iluminismo, e o
Positivismo de Comte.
● Na teoria de Comte, ele hierarquizava as sociedades, superiorizando a europeia em
detrimento das demais, colocando-as como selvagens e justificando o colonialismo.
● Para entender o racismo é preciso distinguí-lo de preconceito e discriminação. O
racismo é uma forma sistemática de discriminação, que tem a raça como fundamento
e que se manifesta por meio de práticas conscientes ou inconscientes que culminam
em desvantagens ou privilégios para indivíduos, a depender do grupo racial ao qual
pertençam. O preconceito racial é o juízo baseado em estereótipos, sobre
determinado grupo racial. Já a discriminação é o tratamento diferenciado a grupos
racialmente identificados, tendo como requisito principal o poder, podendo ser direta
ou indireta.
● A percepção da sociedade acerca do racismo foi evoluindo, passando por três etapas: a
primeira é a individualista, que enxerga o racismo como “patologia” ou anormalidade,
que tem natureza psicológica e comportamental, na qual os indivíduos são racistas e
não a sociedade e suas instituições. Nessa etapa, existia a visão que o combate ao
racismo era cabido apenas ao meio jurídico, o que não leva em conta que as maiores
desgraças produzidas pelo racismo foram feitas sob abrigo da legalidade moral e
apoio político moral. A segunda é a concepção institucional, na qual o racismo é
apresentado como resultado de funcionamento das instituições, que conferem, ainda
que indiretamente, desvantagens ou privilégios com base na raça e o trata como
dominação, ou seja, capacidade do grupo dominante de institucionalizar seus
interesses, impondo seu domínio como “natural”, por isso é menos evidente, mais
sutil e possui menor condenação. E por fim, a terceira, e mais importante, é a
concepção estrutural, na qual o racismo não é algo criado pela instituição, mas é por
ela reproduzida, ou seja, as instituições são racistas porque a sociedade é racista.
Nessa ótica, o racismo não se limita à representatividade, além de ser regra e não
exceção. É um processo social, tradicional, histórico e político.
● Portanto, é imperativo refletir sobre mudanças profundas nas relações sociais,
políticas e econômicas, e a única forma de uma instituição combater o racismo é por
meio da implementação de práticas antirracistas efetivas, tais como, políticas internas,
que promovam igualdade, diversidade, removam obstáculos para a ascensão de
minorias e promovam debates e acolhimento.
● A obra Mulheres, Raça e Classe da ativista estadunidense Angela Davis, enfoca a
situação da mulher negra, principalmente do legado da escravidão em sua condição.
Ela destaca a visão da escrava mulher negra, como feminina ou masculina,
conveniente à vontade do Senhor. As bases do racismo a essas mulheres influencia até
hoje a forma como são tratadas, a exemplo da hipersexualização dos corpos.
● Ao contrário de suas congêneres brancas, suas aspirações domésticas eram frustradas
pelas exigências do sistema escravocrata; As mulheres brancas, no contexto do século
XIX, eram vistas de acordo com a ideologia da feminilidade e da submissão ao
homem, visão que não se aplicava à mulher negra. Além disso, tais tarefas domésticas
eram importantes para a comunidade escravocrata no geral, tanto para homens, quanto
para as mulheres, havendo assim, uma divisão sexual não hierárquica e uma igualdade
de gênero nas senzalas.

ALMEIDA, SIlvio. Racismo Estrutural. São Paulo: Jandaíra, 2019.


DAVIS, Angela. Mulheres, Raça e Classe. São Paulo: Boitempo, 2016.

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