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Brasil e Tempo Presente: Racismo Estrutural

(08/09/2023 - 08/09/2023)

A RAÇA NA HISTÓRIA

O termo "raça" sempre foi usado para classificar coisas, como plantas, animais e,
mais tarde, pessoas. No entanto, o significado que damos a ele hoje em relação a
diferentes grupos de pessoas é algo mais recente, que começou por volta do século XVI.
O que é importante entender é que o conceito de raça não é fixo, ele muda
dependendo da época e das circunstâncias. Está relacionado a coisas como conflitos,
poder e decisões que as pessoas tomam ao longo da história. Portanto, é um conceito que
evolui com o tempo.
No século XVI, com a expansão comercial e a descoberta do Novo Mundo, o termo
raça começou a ser usado de forma específica para descrever diferentes grupos de
pessoas. Os europeus, nesse contexto, passaram a considerar a si mesmos como o "homem
universal" e viram outras culturas como menos desenvolvidas.
Então, quando falamos sobre raça, é importante entender que essa ideia está ligada
à forma como pensamos sobre as pessoas e como isso evoluiu ao longo da história,
especialmente na era moderna, quando o conceito de "homem universal" foi
desenvolvido.

FALEMOS BREVEMENTE SOBRE ISSO


No século XVIII, o Iluminismo trouxe uma mudança na maneira como as pessoas
pensavam sobre o ser humano. Agora, o homem não era apenas um ser que pensava, como
afirmado por Descartes ("penso, logo existo"), mas também podia ser estudado em várias
áreas, como biologia, economia, psicologia e linguística. Isso levou à ideia de que
diferentes grupos humanos poderiam ser comparados e classificados com base em suas
características físicas e culturais, criando uma distinção entre "civilizado" e "selvagem".
O Iluminismo também serviu como base para revoluções liberais, como a
Revolução Francesa, que buscavam estabelecer liberdade e igualdade. No entanto,
quando esses ideais foram estendidos à Revolução Haitiana, onde o povo negro lutou pela
liberdade, muitos que apoiaram a Revolução Francesa começaram a ver a situação com
desconfiança e impuseram obstáculos ao Haiti.
Nesse contexto, o conceito de raça se tornou central, justificando a ideia de que
algumas culturas eram superiores a outras. Isso levou à desumanização de grupos como
os indígenas americanos e africanos, associando-os a animais ou seres inferiores. No
século XIX, o pensamento racista se tornou "científico", com teorias que afirmavam que
características físicas ou ambientais determinavam diferenças morais, psicológicas e
intelectuais entre as raças.
O colonialismo europeu, no mesmo período, usou a ideia de raça para justificar o
domínio sobre outras partes do mundo, argumentando que povos colonizados eram
inferiores. Isso culminou no neocolonialismo e na exploração da África.
Mesmo que hoje saibamos que não existem diferenças biológicas ou culturais
significativas entre raças humanas, o conceito de raça ainda é usado politicamente para
justificar a discriminação e a segregação de grupos minoritários. Portanto, a raça é um
elemento político importante, apesar de não ter base científica sólida.

PRECONCEITO, RACISMO E DISCRIMINAÇÃO


O texto fala sobre os conceitos de raça, racismo, preconceito e discriminação. O
racismo é descrito como uma forma sistemática de discriminação baseada na raça, que
pode resultar em vantagens ou desvantagens para indivíduos com base em seu grupo
racial. Ele difere do preconceito racial, que é um julgamento baseado em estereótipos
raciais, e da discriminação racial, que envolve a atribuição de tratamento diferente a
grupos raciais identificados.

A discriminação pode ser direta, como a recusa ostensiva de atender ou admitir


pessoas com base na raça, ou indireta, quando as normas ou práticas ignoram a situação
de grupos minoritários ou impõem regras de "neutralidade racial" sem considerar as
diferenças sociais significativas. A discriminação direta é motivada pela intenção de
discriminar, enquanto a discriminação indireta ocorre sem intenção explícita.

A persistência ao longo do tempo de práticas de discriminação direta e indireta leva


à estratificação social, afetando as oportunidades de ascensão social e o bem-estar
material dos membros de grupos raciais.
Também é mencionada a discriminação positiva, que envolve tratamento
diferenciado a grupos historicamente discriminados para corrigir desvantagens causadas
pela discriminação negativa.

O racismo é caracterizado como um processo sistêmico que não se limita a atos


individuais, mas se reproduz em políticas, economia e relações cotidianas. Ele está
relacionado à segregação racial, que envolve a divisão espacial de raças e a definição de
locais e serviços como exclusivos para determinados grupos raciais.

Em resumo, o racismo é um tipo de discriminação sistêmica baseada na raça, que


difere do preconceito e da discriminação, e pode estar relacionado à segregação racial. A
discriminação positiva busca corrigir desigualdades causadas pela discriminação
negativa.

TRÊS CONCEPÇÕES DE RACISMO:


INDIVIDUALISTA, INSTITUCIONAL E ESTRUTURAL
Este texto discute três concepções de racismo: individualista, institucional e
estrutural.

1. Concepção Individualista: Nesta visão, o racismo é considerado um fenômeno


individual ou coletivo, visto como uma "patologia" ou anormalidade ética ou
psicológica. Trata o racismo como um problema de comportamento individual e
defende abordagens baseadas em educação, conscientização e mudanças culturais
para combatê-lo.
2. Concepção Institucional: Aqui, o racismo é visto como resultado do
funcionamento das instituições. Não se limita a comportamentos individuais, mas
examina como as instituições contribuem para a desigualdade racial, mesmo que
de forma indireta. Destaca que as instituições podem ser influenciadas por grupos
raciais que buscam manter seu poder por meio de mecanismos institucionais.
3. Concepção Estrutural: Esta abordagem considera o racismo como parte
intrínseca da estrutura social. Afirma que as instituições são reflexo de uma
sociedade racista e que o racismo não é apenas um problema individual ou
institucional, mas uma característica fundamental da ordem social. Enfatiza a
necessidade de mudanças profundas nas relações sociais, políticas e econômicas
para combater o racismo estrutural.

Resumidamente, o racismo individualista se concentra em comportamentos


individuais, o racismo institucional explora como as instituições perpetuam desigualdades
raciais, e o racismo estrutural reconhece que o racismo está enraizado na estrutura social.
A abordagem estrutural enfatiza a necessidade de uma mudança sistêmica para superar o
racismo.

RACISMO COMO PROCESSO POLÍTICO E HISTÓRICO


O texto aborda o racismo como um processo político e histórico. Ele destaca que o
racismo é político porque, como uma forma sistemática de discriminação que afeta toda
a sociedade, depende do poder político para ser mantido. O texto argumenta que a ideia
de "racismo reverso", que se refere a um racismo das minorias contra as maiorias, não faz
sentido, pois as minorias não têm o poder de impor desvantagens sociais às maiorias com
base na raça.

O texto também explora a natureza ideológica do racismo, destacando como as


instituições sociais, como o Estado, as escolas, os meios de comunicação e as redes
sociais, desempenham um papel na criação e recriação de narrativas que mantêm a coesão
social, apesar das divisões raciais.

Além disso, o texto enfatiza que o racismo não pode ser compreendido apenas como
uma consequência automática de sistemas econômicos e políticos, mas também está
ligado às peculiaridades de cada sociedade e sua história. O racismo se manifesta de
maneira circunstancial e específica, em conexão com as transformações sociais.

Finalmente, o texto argumenta que o estudo do racismo deve incluir uma análise de
quatro elementos estruturais: ideologia, política, direito e economia. Esses elementos não
devem ser dissociados do estudo do racismo, pois estão interligados e desempenham
papéis significativos na reprodução das relações raciais na sociedade.

Em resumo, o racismo é um processo político e histórico que envolve o poder


político, a ideologia, a formação nacional e a classificação racial, e deve ser estudado
considerando sua complexidade e sua interação com outros aspectos da sociedade.
COMO NATURALIZAMOS O RACISMO?
O autor do texto começa falando sobre como começou a prestar atenção ao número
de pessoas negras nos ambientes que frequenta, como acadêmicos e de advocacia. Ele
nota que, na maioria das vezes, ele é uma das poucas, senão a única pessoa negra nesses
lugares. No entanto, ele também percebe que a situação muda quando olha para os
trabalhadores da segurança e da limpeza, a maioria deles também negros, mas geralmente
mal remunerados e quase invisíveis para muitos.

O autor então discute algumas explicações para essa segregação racial não oficial
em certos espaços sociais:

1. A ideia de que pessoas negras são menos aptas para a vida acadêmica e
profissional.
2. A ideia de que as escolhas individuais das pessoas negras são responsáveis por
sua condição socioeconômica.
3. A noção de que pessoas negras têm menos acesso à educação devido a fatores
históricos.
4. A existência de uma supremacia branca que domina todos os espaços de poder e
prestígio.

O autor argumenta que as duas primeiras explicações são racistas, pois sugerem
inferioridade natural ou culpabilidade individual das pessoas negras. As outras duas
explicações têm alguma verdade, mas não explicam completamente por que as pessoas
não brancas têm menos acesso à educação e como as pessoas brancas obtêm vantagens
sociais.

O texto destaca que, embora as teorias racistas tenham sido desacreditadas


academicamente, ainda existem ideias racistas na cultura popular, como a ideia de que
negros são inadequados para certas profissões.

O autor levanta questões sobre como essas ideias são criadas e difundidas e por que
ele próprio demorou a perceber a desigualdade racial ao seu redor. Ele argumenta que o
racismo é não apenas um processo político e histórico, mas também um processo de
formação de subjetividades, afetando como as pessoas percebem e reagem à
discriminação racial e à desigualdade.
Em resumo, o autor aborda a observação da segregação racial em diferentes
ambientes e questiona as explicações para essa segregação, destacando como o racismo
influencia as percepções e as atitudes das pessoas em relação à desigualdade racial.

RACISMO, IDEOLOGIA E ESTRUTURA SOCIAL


O texto explora o conceito de racismo como uma ideologia e como ele está
enraizado na sociedade. Ele destaca que o racismo não é apenas uma visão equivocada da
realidade, mas uma ideologia que molda o inconsciente das pessoas. Enquanto muitos
pensam que combater o racismo envolve apenas apresentar conhecimento científico para
provar a inexistência de raças, o texto argumenta que o racismo é muito mais profundo.

O racismo como ideologia influencia não apenas a consciência das pessoas, mas
também molda a estrutura e as práticas sociais. Isso significa que o racismo está presente
nas interações cotidianas, nas representações na mídia, na educação e nas políticas
institucionais. Mesmo indivíduos conscientes podem agir dentro de um sistema racista de
forma inconsciente.

O texto também enfatiza que o racismo cria a ideia de raça e sujeitos racializados.
A raça não é uma característica inata, mas uma construção social. O racismo é perpetuado
pela cultura, mídia e sistemas de poder, e cria uma representação distorcida da realidade.
Por exemplo, as representações negativas de pessoas negras na mídia contribuem para a
perpetuação de estereótipos racistas.

A ideologia do racismo também influencia a maneira como as pessoas veem a si


mesmas e os outros. Mesmo pessoas racializadas podem internalizar estereótipos racistas
devido à pressão social e à exposição constante a mensagens racistas.

Em resumo, o texto destaca que o racismo não é apenas uma ideologia individual,
mas um sistema que permeia a sociedade em níveis conscientes e inconscientes. Combater
o racismo requer uma compreensão profunda de como ele opera e como está enraizado
na estrutura social.
RACISMO, CIÊ NCIA E CULTURA
O texto fala sobre como o racismo é alimentado não apenas por ideias irracionais,
mas também por teorias filosóficas e científicas. Ele destaca que o racismo não é apenas
resultado de preconceitos populares e estereótipos, mas também de conceitos científicos
e filosóficos que justificam a discriminação racial.

A ciência é mencionada como uma fonte de autoridade que pode promover o


discurso racista, pois poucas pessoas têm a capacidade de contestá-la. Isso ocorre porque
a ciência produz um discurso autorizado sobre a verdade. O texto destaca que filósofos e
cientistas desempenharam um papel importante na construção do racismo, incluindo o
colonialismo, o nazismo e o apartheid.

No contexto brasileiro, faculdades de medicina, escolas de direito e museus de


história natural contribuíram para o racismo ao longo da história. O discurso da
democracia racial brasileira, que promovia a ideia de igualdade racial, também foi parte
desse quadro, mesmo que a discriminação racial persistisse na vida cotidiana.

O texto argumenta que o racismo é um sistema de racionalidade embutido na


ideologia e que não pode ser reduzido à ignorância. Ele enfatiza que o racismo é mais do
que atos de discriminação direta, mas também envolve a criação de um imaginário social
que associa características raciais à desigualdade social.

Além disso, o texto aponta que o racismo evoluiu ao longo do tempo, adaptando-se
às mudanças na estrutura econômica e política. Em sociedades globalizadas, o racismo
muitas vezes se disfarça e adota formas mais sutis de dominação, como o relativismo
cultural e o multiculturalismo. A cultura de grupos discriminados pode ser tratada como
"exótica" e integrada ao sistema como mercadoria, tornando-se parte da normalidade da
vida social.

Em resumo, o texto destaca que o racismo não é apenas resultado de preconceitos


populares, mas também de teorias científicas e filosóficas, e que evoluiu ao longo do
tempo para se adaptar às mudanças na sociedade. Ele ressalta a importância de entender
como o racismo opera de forma complexa e muitas vezes disfarçada na sociedade.
BRANCO TEM RAÇA?
Este texto aborda o conceito de supremacia branca e como ele está relacionado ao
racismo. A supremacia branca refere-se à dominação exercida pelas pessoas brancas em
várias áreas da vida social, resultando em vantagens e privilégios políticos, econômicos
e afetivos para os brancos. No entanto, o texto argumenta que atribuir o racismo apenas
à supremacia branca, sem considerar o contexto histórico, é simplista e não aborda as
determinações econômicas e políticas do racismo.

O texto destaca que não existe uma essência branca que leva os indivíduos de pele
clara a arquitetar sistemas de dominação racial. Em vez disso, o racismo é um sistema
complexo que envolve questões econômicas e políticas, bem como construções culturais
e ideológicas.

A ideia de supremacia branca pode ser útil se analisada no contexto da hegemonia,


ou seja, como uma forma de dominação que envolve não apenas o poder bruto, mas
também a formação de consensos ideológicos. O racismo não se limita a atos
discriminatórios individuais, mas também é absorvido na cultura e na vida social,
contribuindo para a desigualdade racial.

O texto também discute a construção social das identidades raciais, destacando que
tanto o ser branco quanto o ser negro são construções sociais. O racismo atribui
identidades raciais com base em características físicas ou culturais, mas essas identidades
são produtos do racismo e das condições sociais, não da cor da pele ou características
físicas.

Por fim, o texto aborda a meritocracia como um discurso que perpetua a


desigualdade racial, pois atribui a falta de mérito das pessoas negras como causa de sua
condição desigual. Isso serve para negar o racismo e promover a conformidade com a
desigualdade racial, especialmente no Brasil, onde o discurso da meritocracia é usado
para justificar a desigualdade e a falta de ação política contra o racismo.

RACISMO E POLÍTICA
O texto aborda a relação entre racismo e poder, destacando que o racismo é uma
manifestação de poder em circunstâncias históricas. Ele enfatiza que, na perspectiva
estrutural, o racismo é um processo histórico e político que precisa ser analisado
considerando a institucionalidade e o poder.
O texto menciona que a política contemporânea passa pelo Estado, mas não se
limita a ele, incluindo também ações de grupos e movimentos sociais que buscam direitos
como igualdade, liberdade, educação, moradia, trabalho e cultura. O movimento pela
abolição da escravidão e a luta pelos direitos civis são exemplos de ações políticas que
confrontaram as instituições e o Estado.
Destaca-se que o Estado desempenha um papel fundamental na reprodução do
racismo, pois é por meio dele que ocorre a classificação e divisão das pessoas em grupos
raciais. Regimes colonialistas, escravistas, nazistas e do apartheid sul-africano dependiam
da participação do Estado e de outras instituições para existir.
O texto argumenta que o Estado moderno pode ser classificado como "Estado
racista" (como no caso da Alemanha nazista e dos Estados Unidos antes de 1963) ou
"Estado racial" (estruturalmente determinado pela classificação racial). Ele enfatiza que
o racismo não é um elemento acidental, mas constitutivo dos Estados modernos.
O autor David Theo Goldberg aponta que a teoria do Estado tem negligenciado as
dimensões raciais do Estado moderno, enquanto os estudos sobre raça e racismo têm
evitado uma reflexão abrangente sobre a relação entre o Estado e a formação racial. O
objetivo do capítulo é, portanto, fornecer elementos para que essa relação seja
considerada nas reflexões sobre a Teoria do Estado e os estudos das relações raciais.
No capítulo, os objetivos incluem a apresentação de conceitos do Estado, a
discussão da relação entre Estado, nação e racismo, a análise do problema da
representatividade política no contexto do racismo, e a abordagem da relação entre
Estado, racismo e violência, com base nas contribuições de pensadores como Michel
Foucault, Achille Mbembe e Marielle Franco.

MAS O QUE É O ESTADO? / ESTADO E RACISMO NAS


TEORIAS LIBERAIS
O texto explora a relação entre o Estado, o racismo e o capitalismo. Começa por
mencionar que a definição do Estado é controversa, mas enfoca duas premissas
fundamentais: as teorias do Estado se relacionam com a teoria econômica, e as
concepções de racismo também trazem indiretamente uma teoria do Estado.
Em seguida, o texto aborda como as teorias liberais frequentemente negligenciam
a questão racial, tratando o racismo como irracionalidade oposta à racionalidade do
Estado. As teorias liberais enfatizam a igualdade perante a lei e a ética como antídotos
contra o racismo.
No entanto, o autor argumenta que essas teorias não conseguem explicar
adequadamente o racismo sistêmico e a discriminação racial persistente. Também
observa que até mesmo Estados que condenam o racismo podem perpetuá-lo. O autor
destaca a necessidade de entender a relação entre raça e política de maneira mais ampla.
O texto explora então a relação entre Estado, poder e capitalismo. Afirma que o
Estado não é apenas um instrumento dos capitalistas, mas possui uma autonomia relativa
e desempenha um papel importante na manutenção do capitalismo, garantindo a liberdade
individual, igualdade formal e propriedade privada. A relação entre Estado e capitalismo
é complexa, e o Estado desempenha um papel na resolução de conflitos na sociedade
capitalista.
Além disso, o texto enfatiza que a sociedade capitalista é marcada por diversos
conflitos, não apenas de classe, incluindo conflitos raciais e sexuais que desempenham
um papel na organização da sociedade e na intervenção do Estado. O autor destaca a
necessidade de considerar esses conflitos para uma compreensão completa do
capitalismo.
Por fim, o texto menciona que as identidades e direitos políticos se formam em
relação ao Estado, que, por sua vez, produz o campo de possíveis sujeitos políticos com
base em identidades específicas. Isso implica que a relação entre Estado, direito e
identidade desempenha um papel significativo na estruturação da sociedade
contemporânea.
Em resumo, o texto explora as complexas relações entre Estado, racismo e
capitalismo, argumentando que esses elementos estão interconectados de maneira
fundamental na sociedade contemporânea.

RAÇA E NAÇÃO
O texto discute a relação entre raça, nacionalidade e racismo. Ele destaca que a
formação dos Estados nacionais envolveu não apenas aspectos políticos e econômicos,
mas também a criação de identidades culturais. O nacionalismo desempenha um papel
central na construção da unidade nacional, baseada em uma narrativa de identidade
comum.
A nacionalidade é vista como resultado de práticas de poder e dominação que
normalizam a divisão social e a violência perpetrada pelo Estado ou por grupos sociais
com seu apoio. O controle territorial é fundamental para o controle da população, e
critérios de entrada e permanência no território muitas vezes são baseados na
nacionalidade.
O texto também destaca como o racismo desempenha um papel na construção da
nacionalidade, especialmente em contextos coloniais e pós-coloniais. A divisão racial
do trabalho, a hierarquização de grupos étnicos e a criação de regras de pertencimento
são estratégias de poder que dependem do controle sobre o corpo das mulheres e do uso
da biopolítica.
Além disso, o texto menciona a importância da diáspora africana e da formação de
identidades afro-diaspóricas na compreensão da modernidade e do racismo. Também
ressalta a contribuição do pan-indigenismo, pan-africanismo e pan-arabismo como
movimentos de resistência antirracista e anticolonial.
Em resumo, o texto aborda a complexa relação entre raça, nacionalidade e
racismo, destacando como o nacionalismo e o racismo são utilizados como tecnologias
de poder na construção da identidade nacional e na manutenção das desigualdades
sociais.

REPRESENTATIVIDADE IMPORTA?
O texto aborda a questão da representatividade política, que envolve a presença de
indivíduos de minorias em posições de poder e prestígio social, como na política, mídia
e academia. A discussão gira em torno de se a simples presença de pessoas de minorias
nessas posições é suficiente para combater o racismo e outras formas de discriminação.
A representatividade é vista como um passo importante na luta contra a
discriminação, pois permite que as reivindicações das minorias sejam ouvidas e desafia
as narrativas discriminatórias que colocam esses grupos em posições subalternas.
No entanto, o texto alerta que a representatividade por si só não é suficiente para
eliminar o racismo e o sexismo. A presença de representantes de minorias pode não
significar que eles estejam no poder real para fazer mudanças substanciais. Além disso, a
representatividade não necessariamente altera as estruturas políticas e econômicas que
perpetuam a desigualdade.
Portanto, o texto destaca que a representatividade é importante, mas não é o único
aspecto a ser considerado na luta contra a discriminação. É necessário também abordar
questões estruturais e políticas mais amplas para efetivamente combater o racismo e o
sexismo.

CONSIDERAÇÕES E REFLEXÕES
1. Evolução do Conceito de Raça: O texto ressalta a evolução do conceito de raça
ao longo da história, mostrando como ele se tornou mais específico e ligado à
diferenciação entre grupos de pessoas a partir do século XVI. Isso nos faz refletir
sobre como as ideias e conceitos podem mudar ao longo do tempo e serem
influenciados por fatores sociais, políticos e culturais.
2. Relação entre Raça e Poder: O texto destaca como o conceito de raça está
intrinsecamente ligado ao poder e à hierarquia social. Isso nos faz considerar como
as noções de raça foram usadas para justificar a dominação de determinados
grupos étnicos ao longo da história, e como o poder desempenha um papel
fundamental na perpetuação do racismo.
3. Racismo como Processo Político e Histórico: O texto aborda o racismo como
um processo político e histórico, enfatizando sua relação com o poder político e
as mudanças sociais ao longo do tempo. Isso nos leva a refletir sobre como o
racismo não é apenas um fenômeno individual, mas também uma construção
social que evolui com o tempo e é moldada por contextos históricos específicos.
4. Diferentes Concepções de Racismo: O texto apresenta três concepções de
racismo - individualista, institucional e estrutural. Essas perspectivas nos fazem
refletir sobre como o racismo pode ser abordado de maneiras diferentes, desde o
nível individual até o nível estrutural, e como cada uma dessas abordagens tem
implicações distintas na luta contra o racismo.
5. Representatividade e Poder: O texto levanta a questão da representatividade
política e sua importância na luta contra o racismo. Isso nos faz refletir sobre como
a presença de indivíduos de minorias em posições de poder pode influenciar as
políticas e narrativas, mas também nos lembra que a representatividade por si só
não é suficiente para eliminar o racismo, sendo necessário abordar questões
estruturais mais amplas.

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