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Quando analisado sob diferentes perspectivas, o racismo pode ser entendido como
uma ideologia e uma prática social baseada na ideia da existência de uma suposta hierarquia
entre as raças. Os traços ou características fenotípicas são usados para atribuir diferenças
morais a determinadas populações. O objetivo do racismo é criar diferenças no status cultural
e material dos grupos raciais. O racismo é um comportamento social que existe ao longo da
história da humanidade e se manifesta de duas formas inter-relacionadas: individual e
institucional.
Por se tratar não apenas de uma prática individual nos campos de futebol, mas também
de uma prática coletiva, o racismo nos campos de futebol é uma questão complexa e, por isso,
por vezes é visto como episódios isolados e não como um problema social/cultural. Apesar
dos esforços das principais instituições futebolísticas e instrumentos normativos de combate
ao racismo, como a FIFA (Federação Internacional de Futebol), o Código Desportivo
Brasileiro, a Ordem do Torcedor (Lei nº 10.671, de 15 de Maio de 2003), que proíbe o
torcedor de portar ou ostentar cartazes, bandeiras, símbolos ou outros sinais contendo
mensagens ofensivas, incluindo as de natureza racista ou xenófoba, e cantando canções
discriminatórias, racistas ou xenófobas, tais medidas são ineficazes.
Oliveira (2022) mostra que o racismo é a dominação sistemática de outro grupo
étnico, acompanhada de representações humilhantes de inferiores e ideologias que justificam
a exploração ou a exclusão material. O racismo nasce da ideia de que existem raças, e que elas
podem ser classificadas em grupos superiores e inferiores. No entanto, Oliveira (2022) explica
que o racismo é estrutural, institucional e cotidiano. No estudo de Pauli, Comin, Ruffatto e
Oltramari (2021), os imigrantes enfrentam uma série de desafios quando saem de seu país de
origem, principalmente aqueles relacionados à identidade, socialização e integração de
diferentes culturas. Através do processo de acolhimento no país de destino, os imigrantes
integram-se em diferentes grupos sociais, mas sobretudo através dos grupos de trabalho em
que estes imigrantes se integram.
No estudo de Bujato e Souza (2020) podemos entender que a racialização como um
processo discursivo pelo qual a raça ganha significado, controlando e categorizando os
indivíduos a partir de categorias hierárquicas raciais, requer uma compreensão da relação
entre as estruturas sociais que reproduzem o comportamento racista. Essa percepção é
importante, pois as distinções advindas da racialização dos sujeitos podem criar
desigualdades de oportunidades e interferir na sua subjetividade.
O principal objetivo deste trabalho é fornecer parâmetros para combater práticas
racistas em estádios de futebol. Desta forma, pretende-se fornecer elementos que expliquem
como as autoridades judiciárias e administrativas lidam com tais práticas de forma a
aprimorá-las. Para tanto, temos como objetivos específicos: a) compreender como o racismo
se manifesta nos campos de futebol; b) como as autoridades judiciárias e administrativas
entendem o racismo nessas situações e, c) que medidas podem ser tomadas para combater
efetivamente tais práticas.
O estudo de Oliveira (2022) salienta que a necessidade de mais pesquisas futuras, para
que se possa compreender com maior abrangência e profundidade qual a representação do
negro e uma melhor compreensão a relação entre a comunicação. No estudo de Pauli, Comin,
Ruffatto e Oltramari (2021) podemos observar que estudos futuros podem estender a analise a
outros contextos e setores econômicos, até outras etnias, a relação entre o motivo da
migração, a inserção no trabalho precário e a percepção da discriminação racial e étnica.
Assim analisando o papel das organizações que apoiam os migrantes para uma inserção e
socialização adequada, garantindo o acesso aos direitos constitucionais.
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
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De acordo com Maio (2015), a UNESCO visa financiar pesquisas sobre as relações
raciais no Brasil que serviriam de apoio a uma ampla campanha de educação antirracismo.
Guerreiro apoiou as experiências de ativismo negro e a sociologia muito prática em que
esteve envolvida desde o início de sua carreira profissional, realizando pesquisas sobre
cuidado infantil, mortalidade infantil, padrões de vida e pobreza. Ele acreditava que a
pesquisa sociológica e a ação prática devem andar de mãos dadas, de modo que a formulação
da pesquisa exigia uma definição clara de seus objetivos políticos. Guerreiro Ramos criticou
severamente os estudos produzidos por cientistas sociais envolvidos no projeto de relações
raciais da UNESCO. Ambas as propostas tinham opiniões políticas, mas diferiam entre si.
Desta forma, Maio (2015) mostra que Guerreiro Ramos desenvolveu uma nova
interpretação do pensamento social brasileiro através das polêmicas em torno do "problema
negro" e do "negro como objeto de estudo", inspirado nos intelectuais que a partir da segunda
metade do século XIX consideravam o "negro" problema" a inclusão de camadas sociais
marginalizadas no país.
No estudo de Rosa (2018), podemos ver que nos Estados Unidos, a luta contra o
racismo foi fortalecida por um movimento popular que incluiu várias comunidades negras de
diferentes segmentos sociais e religiosos, enfatizando formas de ação não institucionais. No
Brasil, essa luta assume uma forma diferente, pois se baseia em uma luta de vanguarda
estruturada por organizações negras com poucos membros da comunidade e principalmente
por meio de formas de atuação intrainstitucionais.
Podemos ver no estudo de Rosa (2018) que os grandes sucessos do movimento negro
brasileiro se basearam em um concurso ideologicamente alinhado ao ativismo internacional,
mas que desenvolveu uma forma própria de organização por meio de alianças partidárias e
burocráticas, tornando-o mais ou menos politizado de cultura de fato, o movimento pode ter
maior impacto no campo ideológico, pois o paroquialismo é seu maior obstáculo no processo
de ajustamento local.
Conforme Rosa (2018) embora o movimento negro no Brasil tenha superado o
discurso da “democracia racial”, ele ainda existe em vários setores da sociedade. Embora
muitos analistas atribuam esse fenômeno à suposta excepcionalidade do caso brasileiro, há
confusão em países como Venezuela e Colômbia, onde "mestiço" é chamado de Caféconleche
(café com leite), em Porto Rico trigueño (marrom), em Santo Domingo índioquemado (índio
queimado) e no Haiti prietos (de pele escura). Assim, podemos dizer que na sociedade
brasileira os processos de ajustamento local do enquadramento racial podem encontrar
dificuldades quando se deparam com um enquadramento não racial.
No seu estudo Cherman e Tomei (2005) buscou-se responder se as decisões éticas nos
diferentes níveis da organização são pautadas pelos valores éticos expressos nas normas
éticas. Os valores éticos orientam a realidade prática e criam decisões éticas apenas naquelas
organizações onde os valores do código foram construídos coletivamente.
De acordo Cherman e Tomei (2005) percebemos que a construção da ética tem um
forte aspecto relacional; é uma construção coletiva de sentido que dialoga com o outro. Sem
valores éticos coletivos entre a organização e seus membros, não é possível legitimar o
comportamento ético almejado. Um documento ético sozinho, como instrumento à parte, não
pode moldar o comportamento em relação aos valores almejados pela organização, pois a
construção ética é um processo contínuo.
Portanto, Cherman e Tomei (2005) mostra as recomendações práticas são a
implantação de um código de ética contido em um amplo programa ético, utilizando
instrumentos de gestão que avaliem e sustentem a discussão aberta dos dilemas éticos em
todos os níveis da organização. Uma organização cujo verdadeiro objetivo é o
comprometimento de seus membros com valores éticos deve ser capaz de aprender e mudar a
si mesma por meio desse diálogo.
De acordo com Salmon (2007) libertada da ética transcendente, que até agora parecia
fornecer os verdadeiros motivos que orientam as ações e disciplinam os indivíduos tal como
formulada na ordem mundial, a economia fortalece sobremaneira a tendência de autonomizar-
se de qualquer outra finalidade humana ou social.
Diante disso, no estudo de Salmon (2007) a ética econômica não é de forma alguma
um sinal do reposicionamento do mercado no social, mas, ao contrário, segue o caminho da
instrumentalização social apenas em favor das formas capitalistas. De fato, para a ordem
econômica, a ética “imanente” ameaça tornar-se pura mística social, cuja tarefa seria
preservar a atividade humana, que não tem sentido (direção) e nem valores (fundamento), mas
que. , mesmo que não seja mais uma agitação sem fim para o homem, mas seja considerada a
gestão da economia, para organizar e coordenar.
Para Salmon (2007) a ética ao serviço da economia nada mais tem a dizer ao homem,
senãoum valor independente e divorciado da atividade real/concreta em que os indivíduos
estão envolvidos; valores que ainda precisam ser acreditados para continuar a corrida
desenfreada para sobreviver até que a sobrevivência não tenha mais nenhum significado real,
a ética do fundamento da ação, depois de ser a meta da ação, tornar-se-ia uma "ferramenta
reguladora" da ação humana sem horizonte: uma imaginação ilusória que sustenta a dor de
sentir os efeitos de um processo sem fim.
No estudo de Bujato e Souza (2020) podemos entender que a racialização como um
processo discursivo pelo qual a raça ganha significado e significado, controlando e
categorizando os indivíduos a partir de categorias hierárquicas raciais, requer uma
compreensão da relação entre as estruturas sociais que reproduzem o comportamento
racista.
No caso da pesquisa administrativa e mais precisamente na pesquisa organizacional,
essa percepção também é importante, pois as distinções advindas da racialização dos
sujeitos podem criar desigualdades de oportunidades e interferir na sua subjetividade. Há
estudos que discutem essa questão desde os campos das relações raciais, das organizações
(BUJATO e SOUZA, 2020).
A corrupção é um fato social com consequências extremamente prejudiciais para a
sociedade, pois afeta diretamente as instituições democráticas e visa o ganho privado em
detrimento de ações que atendem ao interesse público. De acordo com Gonçalves e Andrade
(2019) conclui-se que a corrupção descoberta pela maior operação investigativa do Brasil
envolve vagamente atores públicos e privados. Assim, a ocorrência da corrupção pode ser
reconhecida pela visão durkheimiana, segundo a qual a corrupção é um fato social
patológico, fruto de um estado de anomia social, encontrado na estrutura das instituições
sociais e na forma como os indivíduos se reproduzem. Isso, por sua vez, propaga esse
desrespeito às normas sociais.
Diante o estudo de Souza e Dias (2018) as desigualdades raciais observadas no
mercado de trabalho brasileiro, percebe-se que ele marca claramente diferentes situações e
condições quando se trata de inserção, construção de trajetórias de carreira e possibilidades
de mobilidade para brancos Ruim para negros. No entanto, esta situação não é considerada
uma manifestação de discriminação racial.
Dessa forma, Souza e Dias (2018) enfatiza que o racismo manifestado em suas falas
foi, na maioria das vezes, relativizado ou suprimido para reforçar a noção de que seu
sucesso estava enraizado no mérito pessoal, rejeitando assim a base social da discriminação .
A maioria deles disse se opor a políticas de ação afirmativa que, a seu ver, aviltavam todo o
esforço de alguns homens negros que haviam conseguido alcançar os cargos mais altos do
mercado de trabalho.
Além de enfraquecer a mobilização política dos negros em sua luta por status social,
a ideologia do mérito também consegue mascarar a violência sutil que grande parte desse
grupo vivencia cotidianamente (SOUZA e DIAS, 2018). Além disso, distancia aqueles que
"chegam lá" de sua identidade racial, rompendo possíveis laços de solidariedade que
poderiam ajudar a mudar as desigualdades raciais e sociais. Os negros, especialmente
aqueles que ascenderam na estrutura social, são forçados a compartilhar uma ordem racial
idealizada, e sua aceitação pragmática pode levar a uma forma menos dolorosa de lidar com
o estigma associado à sua cor de pele.
No estudo de Braga, Kubo e Oliva (2017) podemos observar que os profissionais
enfrentam diferentes questões éticas que exigem um compromisso diferente com a reflexão e
a busca de possíveis cursos de ação. Nesse processo, fatores como a complexidade e
intensidade do dilema, o poder de decisão, práticas e cultura organizacional, e os valores
pessoais do profissional afetam de forma diferenciada a escolha da ação.
Assim, Braga, Kubo e Oliva (2017) mostra que tendo em conta que geralmente
acreditam que o seu principal papel é o de parceiro de negócios, o que implica assegurar um
comportamento ético dentro da organização, existe uma forte tendência para agir no seu
interesse. Mas pelo fato de suas ações serem tão importantes para a entrada e continuidade das
pessoas nas organizações, a complexidade e a intensidade moral das situações podem ser
altas, o que pode atrapalhar suas crenças e valores estabelecidos e levar à reflexão e outras
formas de agir.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Em recente caso, o jogador de futebol Vinicius júnior, foi vítima de racismo pela
torcida espanhola durante uma partida de futebol. Em comunicado oficial o clube de futebol
Real Madrid falou assim: “O Real Madrid C.F. manifesta o seu mais veemente repúdio e
condena os acontecimentos ocorridos ontem contra o nosso jogador Vinicius Júnior. Esses
fatos constituem um ataque direto ao modelo de convivência de nosso Estado social e
democrático de direito.” Esse ato racista ressalta a importância de uma abordagem decidida e
inflexível por parte das organizações na luta contra esse comportamento prejudicial. É notório
no comunicado oficial do Clube de futebol Real Madrid que houve a repreensão e o repudio
de tais práticas de racismo, bem como a valoração da diversidade e ao respeito ao Estado
democrático de Direito.
A valorização dos princípios éticos dentro das organizações em relação à comunidade
negra envolve o reconhecimento e estímulo da contribuição e habilidades dos profissionais
afrodescendentes. É fundamental que as empresas invistam em iniciativas de conscientização,
capacitação e medidas afirmativas que promovam a igualdade de oportunidades e a equidade
racial. Adicionalmente, é necessário estabelecer canais de denúncia eficazes para que os casos
de racismo sejam prontamente identificados e tratados de maneira apropriada, garantindo que
os agressores sejam devidamente punidos.
Portanto, as instituições devem assumir um papel central na batalha contra o racismo
estrutural que permeia a sociedade. É crucial que elas se posicionem publicamente contra
qualquer forma de discriminação racial, oferecendo apoio a movimentos antirracistas e
estabelecendo parcerias com organizações e ativistas engajados na promoção da igualdade
racial. Ao adotar uma postura proativa e comprometida, as organizações têm a oportunidade
de efetuar uma mudança genuína na cultura empresarial e contribuir para a construção de uma
sociedade mais justa e inclusiva para todos os indivíduos.
Conforme Rosa (2018) o sucesso do movimento negro brasileiro se deu a partir de
grandes repercussões em alinhamento com ideologias internacionais. A visibilidade trazida
por meio do caso de Vinicius júnior, e a pauta levanta tanto no brasil, pelo governo federal e a
pressão popular, reforça o pensar de Rosa, que é necessário um conjunto de pensar e
repercussões para que se gere a visibilidade necessária para o fim necessário que é o fim de
tais práticas criminosas.
Noutro momento, durante o jogo de futebol entre o Fluminense e o River Plate, o
Fluminense foi alvo de um lamentável episódio de racismo por parte de alguns torcedores
adversários. Durante a partida, foram proferidos insultos racistas direcionados aos jogadores e
à torcida do Fluminense.
O caso de racismo sofrido pelo Fluminense e seus jogadores traz à tona a
necessidade de promover valores éticos e combater a discriminação racial dentro das
organizações esportivas. O racismo é uma violação dos direitos humanos e vai de encontro
aos princípios de igualdade, respeito e inclusão que devem ser defendidos em todas as esferas
da sociedade.
É fundamental que as organizações esportivas assumam um compromisso firme no
combate ao racismo, adotando políticas e práticas que promovam a diversidade, a igualdade
de oportunidades e a eliminação de qualquer forma de discriminação. Somente por meio de
uma postura ética e engajada será possível criar um ambiente inclusivo e justo, onde todos os
indivíduos sejam respeitados e valorizados, independentemente de sua origem étnica.
O texto de Cherman e Tomei (2005) enfatiza a importância da construção coletiva da
ética. Isso significa que a ética não é algo que pode ser imposto de cima para baixo, mas sim
algo que deve ser desenvolvido por todos os membros de uma organização. Quando todos
compartilham os mesmos valores éticos, é mais provável que se comportem de forma ética.
A nota oficial do Fluminense sobre o jogo do River Plate é um exemplo de como uma
organização pode construir a ética de forma coletiva. Na nota, o Fluminense repudiou o
racismo e afirmou que está comprometido com a luta contra qualquer tipo de preconceito. O
clube também prometeu tomar medidas para garantir que os torcedores sejam tratados com
respeito, independentemente de sua raça, religião ou origem.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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SOUZA, A. A. de; DIAS, R. C. P. Merit Is Not For Everyone: The Perception Of Black
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