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ATIVIDADE AVALIATIVA

Leia o texto e responda as questões abaixo


Texto 1
A partir de 1775, uma onda de revoluções envolveu o mundo atlântico. Teve início na América do Norte, com a
Revolução Americana (1776-1783), e disseminou-se na Europa com a Revolução Francesa (1791-1804), retornando às
Américas com a Revolução Escrava no Haiti (1791-1804). (…)
O conhecimento da experiência haitiana foi amplamente difundido em toda a América, entre as elites, as camadas
populares e os escravos. Essa experiência tornou clara as forças explosivas encerradas na estrutura das sociedades
fundamentadas no trabalho forçado, racialmente demarcado e os enormes riscos de tentar derrubar a autoridade
central nessas sociedades. A revolução teve início quando vários integrantes da população livre da colônia – as elites
“grands blancs” de fazendeiros que buscavam maior autonomia em relação à França; os artesãos e
trabalhadores “petit blancs” que reivindicavam a igualdade democrática com as elites; e os negros e mulatos livres que
objetivavam a igualdade racial com os brancos – pegaram em armas uns contra os outros e partiram para a guerra. O
caos e a desordem resultantes e a falência dos controles coercitivos nos engenhos de açúcar da ilha proporcionaram
aos escravos – 90% da população total da colônia – a oportunidade de se rebelarem e partir para a guerra em seus
próprios benefícios.
Para as classes dominantes de todo o hemisfério, as lições a serem extraídas do Haiti eram óbvias: em qualquer lugar
em que populações de não brancos viviam em condições de trabalho forçado, a revolução política podia se
transformar muito facilmente em revolução social. As elites das mais ricas economias mineiras e de plantation foram
cautelosas ao cortar seus laços coma a Europa.
Fonte: ANDREWS, George. Um raio exterminador: as guerras pela liberdade, 1810-90. In: HISTÓRIAS AFRO-
ATLÂNTICAS, Vol.2. São Paulo: Masp, 2018. p.176-177.
Conceitue o que é uma revolução política e social.
Por que a Revolução Americana, a Revolução Francesa e a Revolução do Haiti são identificadas como revoluções?
Pesquise a história dessas três revoluções, principalmente no que se refere aos seus sujeitos e objetivos sociais e
políticos.
Qual o impacto da Revolução do Haiti para a história do trabalho nas Américas?
Quais seriam as lições que as elites e os trabalhadores que eram escravizados tiveram com a Revolução do
Haiti? Pesquise e conceitue o que foi o haitianismo no Brasil.

Etapa 2: Vamos problematizar as várias referências para a revolta de escravos do Haiti. Os estudantes devem ser
separados em grupos pequenos, no máximo quatro estudantes. E a leitura pode ocorrer de forma coletiva, antes de
serem realizadas individualmente.
Leia e analise os documentos abaixo.

Texto 2
O bom Deus fez o sol
que nos ilumina lá do alto
que levanta o mar
e faz rugir o trovão
Escutem bem vocês
O Bom Deus escondido numa nuvem nos olha
Ele vê o que fazem os Brancos
O Deus dos Brancos pede o crime
O vosso quer o Bem.
Mas se o Deus que está tão longe
lhes ordena a vingança
Ele dirigirá nossos passos
Ele nos assistirá
Desprezem a imagem do Deus dos Brancos
que tem sede de nossas lagrimas
Escutem a liberdade que fala a nosso coração.
Texto 3
As primeiras lideranças dos escravos que se libertavam, como Toussaint Louverture, Jean-Jacques Dessalines e Henri
Christophe, eram abertamente adeptas da forma de governo monárquica. Sob esse ângulo, a Revolução Francesa era
percebida como adversária dos escravizados que iniciavam a luta revolucionária (…)
Dechaussée (Descalço), detido e interrogado pelo colono Leclerc em agosto de 1791, após falar em defesa do rei Luís
XVI, afirmou que o projeto de insurreição era conhecido por todos os negros da colônia: queimar as plantações,
degolar os brancos e se apropriarem do país.
Durante o ano de 1792, continua intensa – dramaticamente intensa e violenta – a guerra entre negros e brancos, entre
brancos e mulatos (…) Em setembro, chegaram a São Domingos três comissários enviados pela Convenção Nacional
para implantar o direito de igualdade entre brancos, mulatos e negros livres, decretados em abril. Ou seja, mantinha-
se o escravismo. (…)
O acompanhamento dos episódios reitera a afirmação de que foi a Revolução do Haiti que efetivou e empurrou a
Revolução francesa para a abolição da escravidão – dissipando a ideia de que as ideias francesas iluminaram a colônia
unilateralmente. O conflito irrompe entre as tropas colônias: o general Galbaud, colono, tenta destituir os comissários
enviados pela Convenção e, malsucedido abandona a Ilha com numerosos soldados e outros colonos, em 20 de junho
de 1793. No dia seguinte, Sonthonax decreta a anistia para todos os escravos revoltados: medida, na verdade, inócua,
pois os antigos escravizados já se assenhoram do território (…)
Entre 29 de agosto e 27 de setembro de 1793, o mesmo Sonthomax, na condição de representante do governo francês
e premido pela avalanche de acontecimentos, proclama a abolição da escravidão. No que recebe o imediato apoio de
Toussaint Louverture. As mudanças se precipitam. Ao receber a notícia da abolição da escravatura na colônia, a
Convenção Nacional, em Paris, decreta a mesma abolição em todas as colônias, em 4 de fevereiro de 1794.
Fonte: MOREL, Marco. A Revolução do Haiti e o Brasil escravista – o que não deve ser dito. SP: Pacco, 2017. p.104-106.
Texto 4
“Irmãos e amigos. Eu sou Toussaint Louverture; meu nome talvez seja conhecido de vocês. Eu realizo a vingança de
minha raça. Quero que a liberdade e a igualdade reinem a São Domingos. Eu trabalho para faze-la existir. Uni-vos,
irmãos, e combatam comigo pela mesma causa. Arranquem comigo as raízes da árvore da escravidão”.
Fonte: Falaatribuída à Toussaint Louverture, escravo liberto que se tornou principal líder revolucionário, em 1793 ApudMOREL,
Marco. A Revolução do Haiti e o Brasil escravista – o que não deve ser dito. SP: Pacco, 2017. p.39.

1. Marco Morel é professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) escreveu o livro A Revolução do
Haiti e o Brasil escravista (2017). Ele é enfático em argumentar que a Revolução do Haiti não constituiu uma
mera reprodução de ideias iluministas. As ideias dos filósofos no século XVIII criticavam o antigo regime
(absolutismo), apregoavam a razão contra os preconceitos e dogmas religiosos cristãos, e defendiam a
liberdade individual, igualdade civil e propriedade privada. Muitos filósofos e liberais não viam contradição
entre a defesa da liberdade individual e a manutenção escravidão. Analise os documentos e descreva como
cada documento ajuda a compreender as motivações da Revolução do Haiti.
2. Escreva uma narrativa explicando a argumentação de Marco Morel: “a Revolução do Haiti empurrou e
efetivou a abolição da escravatura”.
3. “Em 1802, Napoleão reabilitou a escravidão nas colônias francesas, proibiu a entrada de negros e mulatos na
França e prendeu as lideranças da revolução haitiana…”. Pesquise como os atos da frase anterior levaram a
retomada dos protestos e a proclamação da Independência do Haiti em 1804. Após realizar a
pesquisa, escreva dois parágrafos narrando a Independência do Haiti, dando continuidade ao texto acima.

tapa 3: Nessa etapa, vamos relacionar o trabalho escravo no Brasil e a resistência dos escravizados. Recupere os
conhecimentos sobre o que foi o trabalho dos escravizados no Brasil e o medo do haitianismo no século XIX,
relacionando o tema com as etapas anteriores.
Leia o trecho do livro Os ganhadores, escrito pelo historiador João Reis e responda as questões abaixo.
O trabalho escravo no Brasil envolveu homens, mulheres, crianças e por mais de 300 anos predominou em todas as
atividades, tanto no campo como na cidade. Quem visitou o Brasil durante esse período caracterizou o que eram essas
atividades. Spix e Martius tratam de Salvador em 1818: “é tristíssima a condição dos que são obrigados a ganhar
diariamente uma certa quantia (uns 240 réis) para os seus senhores; são considerados como capital vivo em ação e,
como os seus senhores querem recuperar dentro de certo prazo o capital e juros empregados, não os poupam”. (REIS,
2019, p. 42)
O trabalho escravo nas cidades poderia ser feito “ao ganho”, quando o escravo exercia uma atividade remunerada e
esse valor deveria ser dado ao seu senhor. Por exemplo, segundo João Reis, em 1847 em Salvador, um carregador de
cadeiras e um sapateiro devia 400 réis por dia ao seu senhor; um ganhador de cesto, 320 réis, uma lavadeira, 240 réis;
Em 1872 as diárias variavam entre 428 (valor devido por um africano de 50 anos) e 571 réis (o mais novo) (REIS, 2019,
p. 42).
Em 1857, muitos escravos que faziam o ganho em Salvador se revoltaram e promoveram uma greve, que paralisou
todas as atividades que exerciam por alguns dias, até ter suas reivindicações atendidas. Segundo Reis:
“A paralisação de 1857 foi um capítulo da resistência dos africanos ao crescente controle e vigilância a que eram
submetidos sistematicamente em Salvador. Mas não foi um episódio qualquer. Os ganhadores suspenderam o
transporte na cidade durante mais de uma semana, num movimento que parece ter sido a primeira greve geral de um
setor importante da economia urbana no Brasil” (REIS, 2019, p. 35)
Fonte: REIS, João José. Os Ganhadores. A greve negra de 1857 na Bahia. São Paulo, Companhia das Letras, 2018. p.35-42.
Adaptado.
Responda:
1. Qual relação que podemos fazer entre essa greve em
Salvador e a Revolta no Haiti?
2. Seria possível que esse movimento em Salvador se
espalhasse por outras cidades?
3. Quais os riscos de uma greve de escravos poderia oferecer
a manutenção da escravidão?
Etapa 4: No Brasil, a escravidão acabou por meio de uma lei, em
1888, e desde então não existem mais trabalhadores escravizados
no país. No entanto, sabemos como são precárias as condições de
trabalho de grande parte da população.
A partir da questão mobilizadora “O que foi a escravização dos
trabalhadores na diáspora africana? E quais os efeitos da abolição
de 1888?”, faça uma síntese apresentando o significado da
escravidão na formação da sociedade brasileira.
Na sequência, solicite aos estudantes a leitura dos textos 5 e 6,
reportagens em que a expressão “trabalho escravo” é utilizada na
atualidade, e que respondam as perguntas para cada texto.
Texto 5
Leia a notícia abaixo
(…) João é parte dos números que, para especialistas, comprovam a marginalização das populações negras. A
cada cinco trabalhadores resgatados em situação análoga à escravidão entre 2016 e 2018, quatro são negros. Pretos e
pardos representam 82% dos 2.400 trabalhadores que receberam seguro-desemprego após resgate. (…)
Entre 2016 e 2018, de 2.570 trabalhadores resgatados, 2.481 receberam auxílio (96%), sendo que 343 se
autodeclararam brancos e 2.043 negros (soma de pretos e pardos). Os demais se autodeclararam amarelos (18),
indígenas (66) ou não fizeram declaração de raça. (…)
“Ser negro é igual a estar sujeito a situações diversas em que sua vida é desvalorizada, você é um ser desqualificado
socialmente e sua cultura é deslegitimada”, afirma Sérgio Luiz de Souza, professor da Universidade Federal de
Rondônia e pesquisador de História Afro-brasileira e Africana, mostrando como os números são sintomas da realidade
vivida pelos negros ainda hoje. (…)
Fonte: https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/reporter-brasil/2019/11/20/a-cada-cinco-resgatados-em-trabalho-escravo-no-
brasil-quatro-sao-negros.amp.htm. Acesso em 28/10/2020.

A partir da imagem e do texto, responda as questões:


1. Por que ainda temos trabalhadores considerados “escravos” no Brasil?
2. Quais são as possíveis causas para a continuidade dessa “escravidão”?
3. Aponte uma causa para que os negros ainda sejam a maioria entre os resgatados entre os que viviam em
situação de trabalho análoga à escravidão.
Texto 6
Leia a notícia abaixo:
“Somos
trabalhadores que
estamos
desesperados por
melhores condições
para nós e para a
nossa classe. A
gente está
cansado.” O
depoimento é de Simões, 37 anos, motoboy que opera na cidade de Niterói (RJ).
Com condições precárias de trabalho, as dificuldades dos entregadores de serviços de delivery têm sido ainda mais
intensas neste período de pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov-2). (…)
“Em um dia trabalhando muito, eu conseguia fazer R$ 100. Pelo tempo de trabalho é muito pouco, principalmente se
você tirar a gasolina, manutenção da moto, alimentação. É uma semi-escravidão”, denuncia Galo (…).
Fonte: Portal IG. Disponível em: https://economia.ig.com.br/2020-06-29/greve-dos-entregadores-nesta-quarta-feira-e-uma-semi-
escravidao.html. Acesso em 28/10/2020.
Esse é um caso de uma mobilização dos trabalhadores autônomos realizada no dia 1 de julho de 2020. Responda as
seguintes questões:

1. Quais efeitos que essa mobilização dos trabalhadores autônomos podem gerar em seu benefício?
2. Qual a relação que você poderia fazer entre essa mobilização e a feita no Haiti?
3. Por que outros trabalhadores em condições análogas à escravidão não conseguem se mobilizar?
4. Por que o entregador Galo chama seu trabalho de “semi-escravidão”?

Etapa 5: Retome os conceitos de Revolução do Haiti e as relações entre liberdade e escravidão.


Solicite aos estudantes uma pesquisa de imagens relativas à Revolução do Haiti na internet e imagens relacionadas
ao “trabalho escravo” na contemporaneidade.
Peça que escolham seis imagens sobre cada tema que comporiam um mural desses eventos.
A atividade pode ser feita também em grupo. Essa etapa constitui uma etapa de síntese e também avaliativa de todo
módulo.
A partir das imagens, o(s) estudante(s) devem realizar três ações:
Montar um painel que instrua os espectadores sobre a história da Revolução do Haiti e o trabalho escravo na
contemporaneidade.
Escrever uma placa que acompanharia o mural, explicando e contextualizando as imagens e a história da Revolução
Haitiana e do “trabalho escravo” contemporâneo.
Apresentar na forma de vídeo ou texto escrito um discurso de um ativista contra a escravidão (deve se identificar a
data, local e circunstância social e política da liderança).

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