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MESTRADO EM DIREITO
CONCREÇÃO DOS DIREITOS COLETIVOS E CIDADANIA
01/2020
FICHAMENTO TEXTUAL
Como intuito principal da referida pesquisa, os autores Roger Raupp Rios, Paulo
Gilberto Cogo Leivas e Gilberto Schafer buscaram tratar do direito da antidiscriminação
e do direito das minorias, sobre a égide dos direitos humanos, observando a abrangência
subjetiva da proteção antidiscriminatória, as perspectivas universalista e particularista e
as respostas jurídicas sugeridas pelos instrumentos internacionais de direitos humanos.
Assim, ao decorrer do artigo tem-se a comparação entre técnicas e perspectivas trazidas
por estas esferas jurídicas. Restando claro que tanto em nosso ordenamento
constitucional pátrio como no direito internacional dos direitos humanos há o zelo pelo
direito de igualdade como preceito de proibição de discriminação com intuito de inibir
posturas injustas e preconceituosas contra determinadas pessoas e grupos historicamente
desfavorecidos e injustiçados. Para a efetividade da referida pesquisa, fez-se necessário
abordar acerca de uma proteção jurídica eficaz para estes indivíduos e grupos
discriminados, expondo a distinção entre modelos de proteção antidiscriminatória
individual e grupal, para isso foi primordial compreender os conceitos de direito
coletivo e individual para atingir o direito antidiscriminatório.
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Direito da antidiscriminação e direitos de minorias: perspectivas e modelos de proteção individual e
coletivo – Raupp Rios, Roger; Cogo Leivas, Paulo Gilberto; Schafer, Gilberto.
2. DESIGUALDADES E DEMOCRACIA – O DEBATE DA TEORIA
POLÍTICA
(Igualdade e democracia no pensamento político)
Esta desigualdade em questão não diz respeito somente de desigualdade material, mas
sim uma desigualdade de classes, obviamente os trabalhadores são detentores de uma
parcela menor de proventos, no entanto a assimetria entre as classes sociais não se
limita à diferença econômica, mas as desvantagens também estão inseridas nos
ensinamentos a que estes são submetidos, nos tratamentos direcionados a eles, os
conduzindo a raciocínios e posicionamentos diversos à aqueles que detém participação
política, desta forma os trabalhadores são alocados em distanciamento ao convívio de
proprietários e líderes políticos, assim o capitalismo acaba por colocar as decisões de
investimento econômico condicionando o Estado a uma dependência estrutural.
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Desigualdades e democracia: o debate da teoria política/organização Luis Felipe Miguel. – 1 ed. São
Paulo: Editora UNESP, 2016
3. DIREITOS EM CONFLITO – MOVIMENTOS SOCIAIS, RESISTÊNCIA
E CASOS JUDICIALIZADOS
Promovido por José Antônio Gediel, Adriana Espíndola, Anderson Marcos dos Santos e
Eduardo Faria Silva, temos os estudos direcionados a tratar da constitucionalidade do
Decreto nº 4.887, de 20 de novembro de 2003, que regulamentou o procedimento para
identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas
por remanescentes das comunidades dos quilombos, para compreendermos o que
ensejou essa identificação e estipulação se fez necessário entender as circunstâncias
históricas e jurídicas em que os quilombos surgiram no Brasil, e a maneira a que os seus
direitos foram resguardados pela nossa Constituição Federal de 1988. Quando passamos
a compreender o quilombo nos deparamos com confrontantes significados, já que muito
se fez entender que o quilombo se trata de um esconderijo de escravos, constituído por
negros fugidos, já que estes não poderiam se ver andando livremente pelas ruas, assim o
quilombo representaria então um local para este grupo de perseguidos e foragidos se
esconderem da “ordem”. Mas a realidade se distancia desta definição em que trata o
quilombo como espécie de abrigo ao negro irregular, ilegal ou foragido, já que ele na
verdade é um espaço em que se concentram pessoas livres que encontram um
acolhimento e proteção dos constrangimentos legais, dos preconceitos e do trabalho
explorado e forçado.
Já que os escravos durante a colônia estavam entregues à própria sorte, de alguma forma
passaram a aprender sobre a terra e assim consecutivamente a sobreviver através dela,
diferentemente do escravo doméstico, o produtivo não estava em condição que
ensejasse uma fuga emergencial, em contrapartida o escravo liberto, alforriado ou
manumitido, não tinha porque trabalhar como assalariado na cidade ou no campo, pois
poderia muito bem viver a vida como camponês, com mais sossego, porém lhe faltava
“apenas” a terra que, infelizmente como sempre no Brasil nunca foi reconhecida aos
negros. Assim então nasce o quilombo, um local bem afastado e isolado, onde as
pessoas que não estavam inseridas na lógica colonial refugiavam-se bem distante, bem
como produziam o necessário para sua sobrevivência e gozavam de liberdade, assim a
única ilegalidade neste contexto era somente utilizar uma terra que não lhe era
concedida. Com a abolição da escravatura em 1888, muito indagou-se sobre a postura
das pessoas que habitavam o quilombo, já que acreditava-se que estas finalmente se
veriam “livres”, já que muitos reconheciam a figura do quilombo como um ambiente
que somente remetesse a um local de fuga e isolamento, no entanto, mesmo com a
abolição da escravatura as pessoas não optaram por sair de lá, já que estabeleceram com
suas famílias vínculos agradáveis e liberdade no quilombo, produzindo e sobrevivendo
dos proventos da terra.
Por fim, após compreendermos o processo histórico vivido pelos quilombolas e a sua
persistente invisibilidade posterior à abolição temos sob a perspectiva do autor o
entendimento que o Decreto 4.887 é notadamente constitucional.4
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Direitos em conflito: movimentos sociais, resistência e casos judicializados – Gediel, José Antônio Peres
4. OS DIREITOS TERRITORIAIS QUILOMBOLAS – ALÉM DO MARCO
TEMPORAL
A nobre autora Dra. Maria Cristina Vidotte, afirma que estes preceitos hão de ser
examinados para o aprimoramento da necessária correção do que em história se busca
como “verdade real” e das “terras por eles ocupadas”. O direito posto em discussão
envolve circunstâncias muito delicadas que tratam de elementos históricos peculiares
que necessitam segundo a autora de uma “inflexão teórica verticalizada”, sob a pena de
se incorrer em graves injustiças e afrontar nossa Constituição Federal já que por
envolver matéria histórica busca a possibilidade de promover uma revisão ética da
história brasileira e de resgate da dívida que tem o Brasil com os afrodescendentes pelo
tempo a que tiverem seus direitos negados. Uma observação que se faz necessária é que
o direito peca ao traçar um liame obrigatoriamente entre categorias em construção a
outras já consolidadas, as enclausurando num marco temporal, essa questão segundo a
autora tem serventia para demonstrar que os conceitos e as categorias jurídicas, no
campo dos direitos constitucionais quilombolas, necessitam de uma abertura temporal
que, em qualquer sentido, não pode ser definida em nenhum tempo passado, já que o
texto constitucional não encerrou a categoria num tempo definido.
Por fim, ao observarmos todo contexto a que se fez necessário para a compreensão no
âmbito dos quilombolas podemos perceber que o texto constitucional não expressa
literalmente a ideia de garantia de propriedade definitiva, como visto no próprio voto, a
reflexão histórica mostra-nos que, quando da elaboração do texto constitucional não era
reconhecida a materialidade objeto do dispositivo. Assim podemos concluir que de fato
o marco temporal é realmente erro jurídico, consequência de escolha política, social e
econômica, tratando de promover uma interpretação histórica equivocada.5
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Os direitos territoriais quilombolas – além do marco temporal – PUC/PR
5. INFÂNCIA, ADOLESCÊNCIA E JUVENTUDE NO ESPAÇO
SOCIOJURÍDICO: DILEMAS E PERSPECTIVAS PARA O TEMPO
PRESENTE
A autora Dra. Neide Aparecida de Souza Lehfeld, da início às suas observações acerca
da infância, adolescência e juventude sobre uma perspectiva atual, cita como exemplo
crucial a questão dos “rolezinhos”, muito comuns no ano de 2013 os quais consistem no
encontro de jovens em locais como shoppings, para “paquerar”, ostentar e se divertir.
Tudo era organizado através das redes sociais, e esse fenômeno passou a atrair grandes
críticas e pontos de vista diferentes já que ganharam diversos formatos, desde políticos à
empíricos.
Posto isso, a imagem do jovem e dos adolescentes amparada por cuidados legais e
preceitos constitucionais foi passível de uma análise mais profunda já que a
adolescência traz em seu processo de construção a necessidade de socialização,
descobrir-se no mundo e sentir intensamente. Atualmente, a juventude está inserida nos
debates acadêmicos não apenas no tocante ao desenvolvimento biopsicossocial, mas
também os percebendo como sujeitos de direitos, que merecem cuidados das políticas
públicas.
Como visto, o jovem por natureza tem uma intensidade nos sentidos, e uma necessidade
de destacar-se de alguma forma ou talvez mais facilidade de se sentir inferior, o que
muito reflete na esfera dos adolescentes é também a questão do capitalismo, que induz
as crianças e adolescentes a serem adeptos em consumir e utilizar coisas que os revistam
como seres modernos, que estão “na moda”. Essa questão também tem uma ligação
direta com os aspectos sociais da juventude subalterna, já que este público está
subordinado à uma hegemonia econômica dominante que é o sistema capitalista e o
Estado que falha na implantação de políticas públicas e conscientização para que não
exista essa ilusão de que existe uma hierarquia ou competição entre os jovens.
Por fim, temos a conclusão que o Brasil vive uma contradição social, já que engloba os
mais diversificados grupos étnicos, raciais e socioculturais e ainda sim promove um
preconceito e uma desigualdade exorbitante, deve-se então exigir do Estado uma
postura ativa, de maneira a educar nossas crianças e reeducar a população em geral, com
maiores políticas de inclusão para que se faça valer nosso ordenamento jurídico e o que
se entende no literal de liberdade e igualdade.6
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Lehfeld, Neide Aparecida de Souza. Infância, adolescência e juventude no espaço sociojurídico: dilemas
e perspectivas para o tempo presente.
6. DESIGUALDADES E DEMOCRACIA – O DEBATE DA TEIORIA
POLÍTICA
(Democracia, diversidade e desigualdades no multiculturalismo)
As abordagens que tem como compreensão que a democracia e a justiça dependem não
apenas de tolerância à diferença, mas da construção de direitos que as reconheçam em
vez de suspendê-las ou ocultá-las, colocam em questão o “comum” e a neutralidade do
liberalismo. Quando tratamos da autonomia individual e pertencimento ao grupo temos
que a autonomia individual se mantém como referencial normativo importante, em
conjunto com a defesa de formas de reconhecimento e mecanismos institucionais que
permitem a construção de democracias sensíveis às diferenças entre grupos nas
sociedades contemporâneas, desta forma, fica estabelecida uma relação entre
democracia, reconhecimento das identidades de grupo e respeito às escolhas individuais.
Por fim, temos que o sentido da identidade do indivíduo na sociedade e as suas
possibilidades relativamente às de outros indivíduos, pode ser fortemente condicionada
pela etnia, raça e pela cultura. O multiculturalismo preza por mostrar que negar essa
realidade não significa tratar os indivíduos como iguais, mas para reconhece-la por
outro lado, ter que ser um avanço em direção à construção de condições mais
igualitárias para a participação dos indivíduos nas sociedades que vivem.7
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Desigualdades e democracia: o debate da teoria política/organização Luis Felipe Miguel. – 1 ed. São
Paulo: Editora UNESP, 2016
Os povos indígenas constituem uma parcela muito pequena, em torno de 0,2% da
população nacional. A população tem aumentado nos últimos anos e há um número
crescente de comunidades emergentes que passaram a reivindicar a condição de
indígenas, possivelmente em função de contextos mais favoráveis à retomada de suas
identidades coletivas, após longa história de violência e discriminação e ainda sim, há
também no país alguns povos ameaçados de extinção. Os direitos dos povos indígenas
foram sendo conquistados ao longo de uma história injusta e árdua, por muito tempo, os
índios foram negligenciados e até escravizados. Partindo dessa premissa, com a
evolução, a Constituição Federal/88 foi um marco para esse aspecto, já que pouco a
pouco passou a reconhecer os direitos indígenas, a partir disso “muito” se avançou,
principalmente no reconhecimento formal dos direitos territoriais dos povos indígenas.
Os índios passaram a criar novas articulações para defender seus direitos e interesses
junto às instâncias de governo, assim, os indígenas cada vez mais preenchem espaços
políticos para discussão de assuntos de seu interesse. Muitos dos problemas enfrentados
atualmente pelos povos indígenas no Brasil estão relacionados às práticas sistemáticas
de violação dos seus direitos territoriais, que ainda exige políticas consistentes que
permitam consolidar na prática o que está formalmente reconhecido, criando-se formas
sustentáveis para que os povos indígenas exerçam os seus direitos plenos e
permanentes, isso delineia uma vertente de atuação que demanda ações específicas dos
Estado, com intuito de proporcionar aos índios os mecanismos adequados á gestão
territorial de suas terras.
A autora foi mais além nas suas críticas ao reconhecer que o Brasil adota posturas
conservadoras e retrógadas, tratando de expor um questionamento pessoal,
explanando sua dúvida em querer compreender por qual motivo e a partir de quais
fundamentos os “think-tanks” do Norte geopolítico parecem ter concluído que a fase
atual é passível de mudar o rumo da década anterior, de forma que apoiaram um
multiculturalismo destinado a originar elites minoritárias (negros, mulheres, LGBTs
etc.) Em específico, a autora trata do gênero feminino como vulnerável e passível de
incontáveis abusos, e considera que a violência contra as mulheres da maneira como
pode ser observada na Argentina tem relação com o momento mundial em que "há
donos do poder" em um período de possessão, de forma em que os homens que
obedecem a um mandato de masculinidade, que é um mandato de poder, provam o
seu poder através dos corpos das mulheres, as usando e as idealizando como objeto.
Temos neste estudo que as relações de gênero são um campo de poder os quais
tratar de crimes sexuais é equivocado, a autora entende que estes deveriam ser
considerados "crimes de poder, da dominação, da punição".
Por fim, após uma intensa crítica acerca de políticas estatais e posicionamentos
preconceituosos sociais em especial contra as mulheres a autora termina dizendo
que de alguma forma torce para que mudanças venham positivamente de maneira a
introduzir um pensamento com mais empatia e com menos opressão, devemos
afastar a imagem defasada de pensamentos conservadores e ultrapassados a fim de
se fazer valer o real significado de democracia. 8
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Segato, Rita – La guerra contra las mujeres/Rita Segato. 2ª ed. Ciudad Autonoma de Buenos Aires:
Prometeo Libros, 2018