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1 INTRODUÇÃO
O racismo é uma ideologia que, desde o período colonial, foi utilizada com
objetivo de inferiorizar os povos africanos e os escravizar, é um instrumento do poder
dominante, que se configura em um conjunto de idéias que exercem um poder dentro
da sociedade. Nesse sentido, no ambiente escolar que é aparelho de controle do
Estado, essa ideologia racista se faz presente contribuindo para que estudantes
negras/negros tenham um distanciamento de sua identidade racial.
Assim, o reflexo dessa ideologia é o mito da democracia racial que produz um
falso discurso de igualdade racial. A escola, quando silencia as pautas raciais,
comunga com esse discurso e nega a existência do racismo e atua concernentemente
com ele e é, também, uma expressão do pouco letramento racial que os brasileiros
têm.
Desse modo, quando a escola não discute questões étnico-raciais, dificulta a
construção de consciência racial e cria barreiras para os estudantes no processo de
conhecimento de suas histórias, pois, muitas vezes, as conhecem de forma enviesada,
distorcida e unilateral e, por isso, a entendemos como fator proveniente de uma
ideologia racista. Nosso objetivo é abordar o racismo enquanto ideologia dominante e
os impactos para estudantes negras e negros no ambiente escolar.
Dessa maneira, nosso artigo está dividido em dois tópicos contemplando as
categorias racismo, ideologia e educação. No primeiro, abordaremos o racismo como
ideologia e problematizar quem detém esse poder ideológico; no segundo,
debateremos quais os reflexos da ideologia racista para estudantes negras e negros.
Dessa forma, ressaltamos que a ideologia racista se faz presente nos
equipamentos educacionais quando nega e omite a história da população negra ou as
discussões sobre raça e nesse sentido, há uma necessidade da educação ter uma
prática antirracista coerente com o papel da educação no processo de transformação
da sociedade.
2 RACISMO E IDEOLOGIA
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Moura (2021) concordando com as colocações de Gorender (2016), ressalta que no Brasil o modo de
produção escravista colonial se deu de forma diferenciada em relação ao escravismo já existente; tratou-
se, portanto, de um modo de produção historicamente novo.
um grupo passou mais de três séculos escravizado, despossuídos de qualquer bem
material/cultural.
Ainda após a abolição formal do escravismo, não ocorreram políticas que
pudessem alterar esse contexto e pessoas negras continuaram em condições
precárias de vida e sobrevivência, permaneceram às margens da sociedade e não
conseguiram se inserir no mercado de trabalho. Isso permanece até os dias atuais,
então não há como dizer que há uma igualdade entre as raças. Essa foi mais uma
ideologia criada para desconsiderar o problema do racismo no Brasil.
Nesse sentido, a ideologia pode ser entendida não apenas como um conjunto de
ideias, ela é, além disso, disseminada pelos diferentes meios (comunicação, massa,
igreja, escola. São introduzidas na mente dos indivíduos. (AISI, 2011). Então, possui
grande efeito social no pensamento dos sujeitos. Apontamos, aqui, que há uma
ideologia em torno da naturalização do racismo.
A escola sendo um aparelho privado de hegemonia do dominante, tem o poder
de reproduzir e naturalizar a condição da pessoa negra ou tencionar essa realidade.
Nesse sentido, no próximo tópico iremos discutir os reflexos da ideologia racista para
estudantes negras e negros no ambiente escolar e a importância de uma educação
antirracista.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
AGÊNCIA BRASIL. Mais de 70 das escolas não cumprem a lei de ensino afro-
brasileiro. Disponível em: < Brhttps://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2023-
04/mais-de-70-das-cidades-nao-cumprem-lei-do-ensino-afro-brasileiro>. Acesso em:
01 de maio de 2023.
ALMEIDA, Silvio Luiz de. Racismo Estrutural. São Paulo: Pólen, 2019.
CARNEIRO, Sueli. Sexismo e desigualdade no Brasil. São Paulo: Selo negro, 2011.
FREIRE, Paulo. Educação como prática de liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1975.
IASI, Mauro. O dilema de Hamlet: o ser e o não ser da consciência. São Paulo:
Viramundo, 2002.
HOOKS, Bell. Ensinando a transgredir: a educação como pratica liberdade. -2ª ed. -
São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2017.
MOURA, Clóvis. Dialética Radical do Negro.- 3ª ed. -São Paulo: Anita Garibaldi,
2020.
SILVA, Ana Célia da. A discriminação do negro no livro didático. Salvador: CEAO,
CED, 1995.