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RACISMO ESTRUTURAL UMA ANALISE COM

BASE A POLITICA DE DROGAS


Jorge José Ferreira Neto 1

Priscila Lima Rosa 2

Resumo

O Artigo vem com a finalidade de comprovar o racismo presente na sociedade


brasileira, dentro das instituições publicas, racismos esses que estão sendo em um período em
que a repressões as drogas ocorrem de maneira danosa para a população, analisando
estatística fornecidas pelos levantamento nacional de informações penitenciarias e o conceito
de racismo estrutural.

Palavra chave: Racismo estrutura; Biopoder; Lei de drogas

Abstract

The article comes with the purpose of proving the racism present in the Brazilian
society, within the public institutions, racisms that are being in a period in which the
repression of drugs occurs in a harmful way for the population, analyzing statistics provided
by the national survey of information penitentiaries and the concept of structural racism.

Key word: Racism structure; Biopower; Drug Law

1
Jorge José Ferreira Neto – Graduando Curso direito- Universidade Salgado De Oliveira, email:
Jorgejsnt@gmail.com
2
Priscila Lima Rosa Professora, Mestre em Psicologia Social, Pós-Graduada em Direito Privado pela
Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO), Especialista em Direito Civil pela Universidade Estácio de Sá
(UNESA), Professora Universitária de Direito do Civil, Tutora da disciplina de Direito Civil I e Direito Civil V,
Professora da Pós-Graduação da Universidade Salgado de Oliveira e da Pós-Graduação CBEPJUR/UCAM.
Professora de Curso Preparatórios OAB. Advogada e sócia da Itabaiana & Lima advogados associados.
1. INTRODUÇÃO

Compreender oque é o racismo e a sua estruturação vai ser a principal tarefa desse
trabalho, com base nos dados estatísticos fornecidos pelo Levantamento nacional de
informações penitenciais. Segundo os dados fornecidos pela Depen no primeiro semestre de
2019 o Brasil comportava uma população carcerária com aproximadamente de 748.009 de
presos

As politicas criminal e a politica de enfrentamento vem à anos fazendo um controle


social tirando a liberdade de negros e pobres que vivem em áreas periféricas. Com o escopo
de coibir o trafico de drogas o estado vem abusando de seus poderes e ferindo as garantias
constitucionais da população mais carente que mora em comunidades.

Com a finalidade de elucida tais questionamentos, na primeira parte tratarei da


evolução histórica do racismo no Brasil para explicar oque vem a ser racismo estrutural. Em
seguida abordaremos também uma reflexão sobre a prisões com base na lei 11.343/06 lei de
drogas e da população carcerária.
2. ESTRUTURAÇÃO DO RACISMO APÓS ABOLIÇÃO

A estruturação do racismo no Brasil iniciou após abolição da escravatura, que veio


tardiamente sendo o ultimo país a abolir escravatura, a leu Aurea responsável pela abolição da
escravatura no brasil em, 1888, não trouxe nenhuma forma de integralizar os Pretos “libertos”
a sociedade, por consequência disto os pretos como não tinha para onde ir e muitos com medo
da incerteza que ali se instauravam tentava voltar para as fazendas onde era escravizado em
busca de trabalhos. Como os escravos já eram visto como uma “coisa” ,ou seja, objeto de
alienação, não houve nenhuma resistência com a disseminação do discurso de raça
biologicamente inferior.

O trabalho escravo estava deixando gradativamente de ser o núcleo da mão de obra no


Brasil colonial, pôs vinha sendo substituído por trabalhadores livres mão de obra de
emigrantes, da Europa tendo sua maior parte advinda de Portugal, processo este que se
intensificou após a proibição de trafico negreiro em 1850. Desta forma se começa a mais de
vinte anos antes a Abolição já se começava a estruturação para que o negro não pudesse
adquirir terras que por sua vez não se tratou de uma reforma agraria conferindo direito aos
negros, mas deteve o direito aos senhores. Com isso grande maioria do escravos libertos pela
abolição não tiveram acesso a terras e consequentemente tiveram que se sujeita aos salários
baixo, sem acesso a educação sem qualquer outro artificio que integre o negro a sociedade
essa foi a abolição.

O argumento mais utilizado para justificar a racismo na época era de inferioridade da


raça umas das teorias mais aplicadas e talvez mais aceita a do então Charles Darwin que fale
salientar que não foi o percurso das teorias sobre o racismo inferioridade das raças . O
darwinismo social considera que os seres humanos são por natureza desiguais, uns dotados de
aptidão inatas; superiores e outros de inferioridade sendo a vida uma luta “natural” e por essa
circunstância é concernente que os mais aptos a vençam. Diante dessa narrativa ficara mais
compreensível entender como foi justificado o racismo não só no Brasil, mas no mundo.

Assim que entrou em vigência a lei assinada pela princesa Isabel que abolia a
escravidão, Foram sancionadas lei que dificultavam o acesso dos negros ao meio social tais
com a edições de decretos como o 847/1890 em que seu capitulo XIII criminalizava a
capoeira ou seja uma dança cultural negra, ainda se o negros que naquela época não tinha
trabalho ou onde morar, como comprovar residência? Seria considerado vadio e poderia sofrer
sanções, agora como que um negro recém liberto teria como ter sua terra ou uma residência se
ele não era detentor desse direito, e sacramentado assim que a lei de Eusébio de Queiroz
proibiu o trafico negreiro para o Brasil, que foi no dia 4 de setembro de 1850, e a proibição de
negros terem terras foi sancionado logo quatorze dias depois com medo de que os negos
pudessem no futuro tomar posse das terras, ou ate mesmo terém fazendas,

Diante desse contesto, sancionamos mais uma lei desta vez a primeira cota para a
educação, que não foi para integra o negro a sociedade, a lei do boi foi para garantir que filhos
de fazendeiros tivessem acesso a um curso técnico, e hoje pleno século XXI, a ignorância
toma conta de parte da população com a ideia de que a cota para as faculdades publicas são
uma afronta ao intelecto dos negros e injustiças, pôs garante uma pequena parcela das vagas,
para os negros de forma a reparar todos esses anos, sem politica de integração. A ideia da
estruturação do racismo no Brasil é muito antiga e elaborada de forma que em tempos em
tempos elege um negro a posição de destaque criando uma falsa representatividade, para dizer
que todos nos podemos chegar lá , onde na verdade é um caminho árduo só para os negros
pela falta de integração por anos, agora um jovem negros para poder vencer “na vida” tem que
trabalhar muito mais difícil pela frente do que um jovem branco que sempre teve uma
educação uma posição confortável, e não vai ser descriminalizado quando concorrer vagas no
mercado de trabalho.

2.1 CONCEITO DO RACISMO ESTRUTURAL

Segundo Almeida existe três concepções do racismo a) individualistas b)institucional c)


estrutural. Sendo:

Individualista de acordo com, ALMEIDA (2018, p. 28)

[...] é concebido como uma espécie de patologia seria um fenômeno ético ou


psicológico com caratê individual ou coletivo atribuído a grupos isolados ou ainda
a uma “irracionalidade” a ser combatida no campo jurídico por meio da aplicação de
sanções civis. [Por isso a concepção individualista pode não admitir a existência de
“racismo” mas somente de “preconceito” a fim de ressaltar a natureza psicológica do
fenômeno em detrimento de sua natureza politica.3

3
ALMEIDA, Silvio Luiz de. O que é racismo estrutural, Belo Horizonte (MG) Letramento,2018
Sendo racismo um crime e previsto na atual Constituição Nacional ao analisarmos a
concepção supramencionada é evidente a sua fragilidade, quando mesmo com a previsão
constitucional de crime e lei cria um abrigo e a maioria das condutas são tipificadas como
injuria que é tem a sanção mais branda.“ deixa –se de considerar o fato de que as maiores
desgraças produzidas pelo racismo foram feitas sob o abrigo da legalidade e com apoio moral
de lideres politico, religiosos e considerados homens de bens”(ALMEIDA, 2018 p. 29)4

Institucional Segundo ALMEIDA (2018, p. 29) sobre essa perspectiva o racismos


não necessariamente decorre de atos individuais ,mas é tratado como resultado do
funcionamento das instituições quem passam a atuar em uma dinâmica que confere ainda que
indiretamente desvantagens e privilégios a parti da raça.5

O conceito de racimos institucional foi num enorme avanço no que tange ao estudo
das relações raciais. Assim a principal tese de quem afirma a existência e racismo
institucional é que os conflitos raciais s também fazem parte das instituições. Tendo
em vista que a desigualdade racial é uma característica da sociedade não apenas por
causa da ação isolada de grupos ou indivíduos racista, mas fundamentalmente
porque as instituições são hegemonizadas por determinados grupos racista que
utilizam mecanismo institucionais para impor seus interesses políticos e
econômicos.6
O domínio através do racismo institucional se dá com estabelecimento de parâmetro
discriminatórios baseados na raça, que servem para manter a hegemonia do grupo
racial de pode isso faz com que a cultura a aparência e as praticas de pode de um
determinado grupo tornem-se horizonte civilizatório do conjunto da sociedade,
assim o domínio de homens brancos em instituições publicas. 7

Estrutural ainda segundo Almeida (2018) com a concepção do racismo institucional


teve um grande avanço em relações aos estudos das relações raciais, pôs em um primeiro
momento se estuda a evolução do racismo em e as ações individuais. “[...]segundo ao frisar a
dimensão do poder como elemento constitutivo das relações raciais ,mas não somente o poder
de um individuo de uma raça sobre o outro, mas de um grupo sobre outro, algo possível
quando há o controle direto ou indireto de determinados grupos sobre o aparato
institucional”(ALMEIDA, 2018 p.36)8

A sociedade tem um senso comum de que as Instituições são racista pelo fato da
sociedade ser racista, afim de exemplificar. “As instituições cujo padrões de funcionamento
redundem em regras que privilegiem determinado grupo racial , é porque o racismo é parte da
ordem social, não é algo criado pela instituição, mas é por ela reproduzida”(ALMEIDA, 2018,

4
ALMEIDA, Silvio Luiz de. O que é racismo estrutural, Belo Horizonte (MG) Letramento,2018 p. 29
5
Ibidem. P. 29
6
Ibidem. P. 29
7
Ibidem. P. 31
8
Ibidem. P. 36
p36) 9 desta forma destaca o autor que a única forma que das instituições combater o racismo
é por meio de uma adoção de politica internas.

a) Promover a igualdade e a diversidade em suas relações internas e com o


publico externos
b) Remover obstáculo para a ascensão de minoria em posições de direção e de
prestigio na instituição
c) Manter espaços permanente para departes e eventual revisão de pratica
institucional
d) Promover o acolhimento e possível composição de conflitos raciais e de
gênero10

Outra consequência do racismo é falta de representatividade, e a dificuldade que um


negro encontra para ocupar cargos mais elevados ou de maior repercussão. Uma pesquisar
realizada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de 2018 apontou que 18% dos juízes do
país são negros e 1,6%.11 mesmo negros ocupando posições de poder não significa que as
instituições deixará de atuar com o racismo institucional Almeida elenca duas questões sobre
o assunto.

a) A supremacia branca no controle institucional e realmente um problema, na


medida em que a ausência de pessoas não-brancas em espaços de poder e prestigio é
um sintoma de uma sociedade desigual e, particularmente, racista.
b) A liderança institucional de pessoas negras basta quando não se tem poder
real, projetos e/ou programas que possam de fato incidir sobre problemas estruturais
12
como as questões da ordem da economia, da economia e do direito .

Por fim entendemos que o racismo é estrutural, os comportamentos individuais e a


institucionalização são derivados . De uma sociedade cujo o racismo é regra e não exceção.
Sendo o racismo apenas um parte de um processo que ocorre pelas costas dos indivíduos e
lhes pegado pela tradição (ALMEIDA, 2018 , p 38)13

2.2 BIOPODER - PODER DA VIDA E DA MORTE

Segundo Foucault (1976) O racismo esta ligado diretamente com a formação dos
Estados sendo a forma pela qual o Estado exercer seu poder direito esse que apenas o

9
ALMEIDA, Silvio Luiz de. O que é racismo estrutural, Belo Horizonte (MG) Letramento,2018 P. 36
10
Ibidem. p. 37
11
Reportagem do https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/09/apenas-16-dos-juizes-brasileiros-sao-
negros-segundo-cnj.shtml acesso 18/05/2020
12
ALMEIDA, Silvio Luiz de. O que é racismo estrutural, Belo Horizonte (MG) Letramento,2018 p. 38
13
ALMEIDA, Silvio Luiz de. O que é racismo estrutural, Belo Horizonte (MG) Letramento,2018 P 38, 39
soberano tem que são direito da guerra, de assassinar, da morte e liga esse poder ao racismo.
14
Como mecanismo para a concretude das ações

A discussão sobre poder que Foucault trouxe nunca foi tão atualmente é possível ver a
atuação de maneira mais presente do estado no que diz respeito ao direito a vida e a morte por
isso o estado adota uma politica que não respeita os direitos a vida, direito este previsto na
Constituição da república federativa do Brasil de 1988. Diante das formas arbitrarias em que o
estado vem atuando na questão de segurança pública, parte da população mais querente mais
desprovida financeiramente tem visto o estado exercendo talvez um dos seus maiores direitos
como soberano, que é o da morte.

“Quando se vai um pouco mais além e, se vocês quiserem, ate o paradoxo,


isto quer dizer no fundo que, em relação ao poder, o súdito não e, de pleno
direito, nem vivo nem morto. Ele e, do ponto de vista da vida e da morte,
neutro, e é simplesmente por causa do soberano que o súdito tem direito de
estar vivo ou tem direito, eventualmente, de estar morto. Em todo caso, a
vida e a morte dos súditos só se tomam direitos pelo efeito da vontade
soberana”15

O que nos leva a crer que nos dias atuais quem o Estado ocupa o papel de soberano
que por sua vez usufruir desse poder, é um tanto quando estranho pensar que o seu soberano,
Estado, teria a faculdade de tirar a sua vida de forma direta ou indiretamente. Remontando o
conceito nos dias atuais, seria como dizer que o Estado sabe que a grande parte da população
mais carente vai se bandear para a criminalidade e ele deixa de investi em questões sociais,
educação; um incentivo ao não abandono escola, cursos sociais, inclusão de forma a ocupar o
tempo das crianças, grosso modo o soberano não se preocupara em mudar o quadro social
para que ele trave uma guerra com a escopo de fazer um controle social dessa forma
exerceria o direito da morte ainda que indiretamente nas ações mal coordenadas das policias.

O Racismo segundo esta enraizado na estrutura do estado e sem ele o estado não
consegue exercer o seu poder de soberano,biopoder, para poder gerar as guerras ainda que
internas de raças, branqueamento e exclusões sócias. Por assim dizer Foucault (1975)

“A especificidade do racismo moderno , o que faz sua especificidade, não


está ligado a mentalidades, a ideologias, as mentiras do poder. Está ligado a
técnica do poder, a tecnologia do poder. Está ligado a isto que nos coloca,
longe da guerra das raças e dessa inteligibilidade da história, num mecanismo

14
FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade 1975, 1976 P. 315
15
FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade 1975, 1976 P. 286
que permite ao biopoder exercer-se. Portanto, o racismo e ligado ao
funcionamento de um Estado que e obrigado a utilizar a raça, a eliminação
das raças e a purificação da raça para exercer seu poder soberano. A
justaposição, ou melhor, o funcionamento, através do biopoder, do velho
poder soberano do direito de morte implica o funcionamento, a introdução e a
ativação do racismo.” 16

A Desigualdade que o estado faz através de suas instituições pode ser ter diferentes
formas talvez essa seja a mais importante e o mencionarei agora, segundo Foucault, o Estado
dotado de sua soberania detém o poder de deixar viver ou morrer, e na periferias ou melhor
comunidade; vielas o estado em suas operações com o advento de coibir o trafico de drogas
usufruí de seu poder de deixar morrer.

O racismo institucional não algo único exclusivo do Brasil, é claro que cada lugar tem
sua especificidade no Brasil é usado a politica de drogas para produzir o racismo, para ceifar
vidas de jovens crianças, idosos sem distinção, mas o racismo não é uma particularidade
nossa. Temos um mister de possibilidade para exercer o racismo podendo ocorrer em
processo seletivo a vagas de emprego, nas ruas caminhado, praticando esporte, é infinita as
formas qua e os negros podem sofre racismo.

16
FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade 1975, 1976 P. 309
3. AS POLÍTICAS DE DROGAS E O CONTROLE RACIAL

Segundo analise do sistema de informação penitenciaria (Infopen), o Brasil tem


aproximadamente uma população carcerária de 748.009 quantidade de pessoas, no ultimo
levantamento em 2019 o crime de trafico de drogas corresponde onde 20,28% dos homens
privados de sua liberdade no que se refere as mulheres, 50,94% responde pela mesma
tipificação penal

Ainda de acordo com o sistema de informação departamento penitenciário nacional


apontamos que a população carcerária autodeclarada pretas ou pardas correspondem a
438.719 ou seja 58,65% dos presos, fazendo se lembrar ainda que são 174.198 presos de 18 a
24 anos e 160.834 de 25 a 29 anos. No que tange ao grau de escolaridade são 573.529 presos
que não concluíram ensino médio completo17

A politica de drogas é determinado por uma estratégia de segurança publica, que é


responsável pelas prisões desenfreada de usuários de drogas, que são jogado nos presídios ao
qual acabam sendo influenciado pelas facções que tomam conta das prisões, com a falta de
oportunidade dentro do sistema penitenciário o individuo tem que se associar a umas
organização criminosa para poder ter uma certa proteção e não sofre abusos enquanto estiver
presos.

A que se refere a lei 11.343/06 traz em seu corpo a definição de uso de entorpecente,
mas não defini a quantidade que seria considerado consumo próprio, mas condiciona a
analise única e exclusivamente ao juiz analisando as condições previstas em seu artigo 28 da
lei 11.343/2006 que aduz :

Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para


consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal
ou regulamentar será submetido às seguintes penas

§2° Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à


natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se

17
Levantamento Nacional de Informações Penitenciarias -<http://depen.gov.br/DEPEN/depen/sisdepen/infopen
>Acesso 25/05/2020
desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos
antecedentes do agente.18

A lei Traz a Ressalva que a droga pode esta com o individuo para consumo próprio, os
dependentes químicos quando são detidos por esta em porte de quantidades de entorpecente
não são vão responder por consumo, como usuário é sempre lavrado o auto de prisão em
fragrante e este reponde pelo crime de trafico de drogas. Este cenário é absurdo em diversos
aspectos. O principal deles talvez seja a ausência de critérios razoáveis para a tipificação do
crime de tráfico. Há quem esteja preso por ter sido flagrado com 0,1 grama de maconha.
Segundo a Wikipédia, no verbete “baseado”, um único cigarro de maconha contém
tipicamente entre 0,25 grama e 1 grama da erva. Condenar alguém por tráfico por portar uma
“ponta” com menos de um terço do volume de um único cigarro da droga denota a
incapacidade da nossa Justiça em lidar com a questão19

Há um preconceito, uma criminalização criada de forma exponencial para justifica as


ações contra as drogas Desta forma o estado como detentor do poder atuam para de forma
coercitiva e muitas das vezes arbitrariamente para tentar numa politica de drogas que não
diminuir o consumo, nem tão pouco impede a entrada da mesma, mas tratar quem é
dependente dde formas desumanas agredindo ou privando de sua liberdade sem contar de
quando por intermédio da repressão ceifar vidas. Nas comunidades a politica de repressão,
mata seja eles usuário de drogas ou ate mesmo quem reside das localidades, se tornando assim
estáticas como efeitos colaterais da politica de repressão.

Segundo Maria Lucia Karam(2012)


“O paradigma da guerra tem o papel de construir o inimigo que deve ser
eliminado, sendo utilizado, assim, como instrumento legitimador de violência
institucional. Deste modo, a guerra contra as drogas é efetivamente uma
guerra contra pessoas. Porém, a definição de quem pode ser rotulado como
inimigo ocorre de modo desigual e isso não se dá sem implicações. A
construção do traficante enquanto inimigo abre espaço para respostas estatais
tais como: „a anulação, o extermínio, a neutralização, a tolerância zero, os
choques de ordem‟ ”20

18
Lei 11.343/06 Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para
prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas
para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências
19
Reportagem da Carta capital, https://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-quem-interessa-criminalizar-o-
usuario-de-drogas-1546/ acesso em 25/05/20
20
KARAM, Maria Lucia (2012). Não são as drogas que causam violência e criminalidade. Citado por CUNHA,
Vivane Martins, A interface entre a Política de Guerra às Drogas e o Racismo Institucional (2016) P. 11
O combate ao crime organizado especificamente o tráfico de drogas, aumenta ainda
mais o racismo e dificulta as relações sociais em comunidades, onde as forças de segurança
agem de maneira mais abusiva, utilizando-se prioritariamente da violência, além da flagrante
corrupção de seus agentes. Esse modelo de combate ignora a subsistência dos indivíduos que
ali reside

Afinal, esta claro que a lei de drogas pertence a um dos grupos penais que mais
prendem no Brasil a lei se tornou a forma mais rápida para se encarcera um individuo e assim
aumentando a população privada de sua liberdade.

Como bem destaca Isabela Ribeiro (2018)

“O tráfico de drogas (Artigo 12 da antiga Lei 6.368/76 e Artigo 33 da Lei


11.343/06) ostenta a medalha de ouro com 151.782 presos por este delito, e o
segundo lugar, que é o crime de roubo qualificado (Artigo 157, §2º), com 102.068
presos. Ambos correspondem a aproximadamente, cada, 26% no universo total de
crimes entre os registros de homens privados de liberdade. Considerando somente os
presídios federais, o tráfico de drogas comporta 30% dos registros”.21

Em números atualizados o Brasil tem a população carcerária presa por circunstancia


do trafico de drogas ou a fins um numero de 200.583 segundo o últimos levantamento de
2019

O Brasil precisa mudar sua politica de enfrentamento reconhecer que grande parte da
população usar drogas de maneira recreativa, encara que na sociedade que vivemos há os
privilegiados e os não, e os negro não fazem parte dessa parcela de privilegiadas, não é difícil
analisarmos essas questão, mas vou essa discursão para um próximo tópico. A politica de
drogas do Brasil já é ultrapassada, segundo um levantamento feito pela carta capital diverso
países defende o uso recreativo. Como o doutor Dráuzio Varella citado pela carta capital
chamou atenção recentemente para a posição de outros países em relação a isso. Segundo ele,
tomando como exemplo a maconha, é permitida “a posse de 5 gramas no México, 10 gramas
no Paraguai, 15 gramas na Austrália, 25 gramas em Portugal, 28 gramas nos Estados Unidos e
200 gramas na Espanha. Na Espanha, também são permitidos até 7,5 gramas de cocaína. Se
vigorassem no Brasil leis semelhantes às espanholas, o número de presos por tráfico de
drogas seria um terço do atual”.22

21
Ribeiro, Isabela Trivino Racismo estrutural: um olhar sobre a justiça criminal e as políticas de drogas após a
abolição Rj , 2018 P. 27
22
Reportagem da Carta capital. A quem interessa criminaliza o usuário de drogas (2015)
https://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-quem-interessa-criminalizar-o-usuario-de-drogas-1546/
Indo de contra mão ao mundo enquanto não criarmos parâmetros pra distinguir quem
porta as drogas para uso pessoal e quem trafica, deixando essa responsabilidade para
autoridade policial quando se depara com um individuo no seu cotidiano ou no judiciário. A
uma enorme omissão na lei e por isso há possiblidade da lei ser aplicada diferentemente para
as pessoas, deixando assim de ser exercer a igualdade, nos julgados.

3.1 O MODELO REPRESSIVO ANTIDROGAS NA REPÚBLICA

O Brasil adotou o controle penal para repressão das drogas de uma forma autoritária e
oque podemos ver tudo isso para travar a guerra que para o Estado seja a mais “importante”.
“Essa escolha política pela guerra também está relacionada com as influências externas,
principalmente com a Convenção das Nações Unidas da qual o Brasil é signatário, e com os
Estados Unidos, o grande incentivador do proibicionismo.”23

Segundo ZAFFARONI (1991)


A opção por um controle penal só reforça as dificuldades nacionais, pois no Brasil a
polícia é violenta e corrupta, e o serviço de saúde pública não consegue dar um
atendimento médico decente, nem para as doenças mais comuns, que dirá para
oferecer tratamentos de desintoxicação. Além disso, impõem-se penas de prisão sem
que as instituições penitenciárias tenham condições de absorver o grande número de
presos por crimes envolvendo entorpecentes, notadamente depois da equiparação do
tráfico a crime hediondo, que agravou ainda mais as péssimas condições a que está
submetida a população penitenciária brasileira. O grande aumento no número de
presos por tráfico na última década indica que a percentagem de condenados por
tráfico deve brevemente ultrapassar a quantidade de apenados por delitos contra a
propriedade, tradicionalmente o maior número de habitantes dos cárceres
brasileiros.24

Segundo BOITEUX (2006) O tratamento penal a comercialização das drogas teve seu
aumento do consumo de tóxicos no país, como cocaína e ópio por parte das classes mais
abastadas, e maconha, pelos negros e pobres. “Com a promulgação da Convenção de Haia
sobre o Ópio, o Brasil editado o Decreto 4.294/ incluir expressamente a cocaína, o ópio e seus

23
Ribeiro, Isabela Trivino Racismo estrutural: um olhar sobre a justiça criminal e as políticas de drogas após a
abolição Rj , 2018 P. 28
24
No mesmo sentido em toda a América Latina, cf. ZAFFARONI, Eugênio Raul. El sistema penal en los países
de América Latina, In: ARAÚJO JÚNIOR., João Marcello (Org.). Sistema penal para o terceiro milênio. 2. ed.
Rio de Janeiro: REVAN, 1991, p. 225 Citado por BOITEUX, Luciana Controle penal sobre as drogas ilícitas: o
impacto do proibicionismo no sistema penal e na sociedade (2006)
derivados como substâncias proibidas de serem comercializadas sem autorização legal,
prevendo prisão de um a quatro anos”25.

Com a chegada de Getúlio Vargas houve alterações na estrutura da republica velha,


com os resultados insatisfeito com a com os resultados da politica de repressão as drogas
editou o Decreto 20.930, passando incluir a Cannabis Sativa no rol de substâncias proibidas.
“que previu expressamente o rol das substâncias tidas como entorpecentes, incluindo o ópio, a
cocaína e a Cannabis Sativa, dentre outras. Em seu artigo 25 foram tipificadas as várias ações
de vender e induzir ao uso, no mesmo tipo, e incluídos diversos verbos ao tipo básico do
tráfico, sancionado com pena de um a cinco anos de prisão e multa”26

Sob o período ditatorial do Estado Novo, Getúlio Vargas editou a Lei de Fiscalização
de Entorpecentes (Decreto-lei n. 891/38), criminalizando, pela primeira vez, o uso próprio de
entorpecentes, e igualmente de forma inédita elencou todas as substâncias que estavam sob
fiscalização e controle administrativos.27

Como em outras épocas ditatoriais, houve o endurecimento da legislação, com


criminalização do consumo de entorpecentes (art. 33), com pena de um a cinco anos de
prisão; e a proibição do sursis e do livramento condicional para os condenados por crimes de
entorpecentes, característica essa que será seguida pelas legislações nas décadas seguintes.28

Pouco tempo depois foi editado por decreto o Código Penal de 1940, considerado
rígido e autoritário em seu aspecto ideológico, ainda na vigência da Carta outorgada de 1937,
com o Congresso Nacional ainda fechado. Era um código ligado aos postulados do tecnicismo
jurídico e do neopositivismo e mostrava-se eclético ao compor diversas teorias penais. Nessa
época a droga não tinha destaque na mídia nem era objeto de preocupação social, o Brasil
ainda era uma sociedade predominantemente rural, com pequenas cidades, e a criminalidade
registrada era de crimes de homicídio, furto, apropriação indébita e estelionato.29

25
BOITEUX, Luciana. Controle penal sobre as drogas ilícitas: o impacto do proibicionismo no sistema penal e
na sociedade(2006). Citado por Ribeiro, Isabela Trivino Racismo estrutural: um olhar sobre a justiça criminal e
as políticas de drogas após a abolição Rj (2018) P. 137
26
BOITEUX, Luciana. Controle penal sobre as drogas ilícitas: o impacto do proibicionismo no sistema penal e
na sociedade(2006) P. 138
27
BOITEUX, Luciana. Controle penal sobre as drogas ilícitas: o impacto do proibicionismo no sistema penal e
na sociedade(2006). Citado por Ribeiro, Isabela Trivino Racismo estrutural: um olhar sobre a justiça criminal e
as políticas de drogas após a abolição Rj (2018) P. 140
28
BOITEUX, Luciana. Controle penal sobre as drogas ilícitas: o impacto do proibicionismo no sistema penal e
na sociedade(2006) P. 140
29
Ibidem p. 140
O período que se seguiu marcou uma fase conturbada. Sobre a égide de uma ideologia
da segurança nacional, foram criados tribunais de exceção e inquéritos militares, para prender,
punir e conter os “subversivos”, oponentes da Ditadura Militar. Instaurou-se um sistema penal
autoritário com prisões políticas, tortura, censura, violência policial e supressão de direitos
humanos e garantias individuais, como o habeas corpus.30

3.2 A NOVA POLÍTICA DE DROGAS: APLICABILIDADE DA LEI


E EFEITOS PRISIONAIS.

Segundo Vivane Cunha (2016) no Brasil há um forte discurso naturalizado dos jovens
como potencialmente perigosos, especialmente, se esses são negros, pobres e de periferia.
Recorrentemente ganha grande visibilidade e ressonância, inclusive no cenário político, o
apelo social por maior punição, localizando na juventude o bode expiatório de toda uma
dinâmica complexa de violência urbana. Percepção essa reforçada pela construção midiática
sobre crime e violência na qual se cristaliza e dissemina uma visão negativa sobre
determinados indivíduos e grupos sociais.31

O usuário já não responde com privação de liberdade desde 2006, mas continua
sancionado. Isso significa, em rápidas palavras, que o jovem que traz consigo um baseado
pode não ser preso, mas poderá ser julgado, condenado à prestação de serviços comunitários
e, incongruência maior, deixará de ser réu primário32

No Brasil, não é preciso muita abstração para notar que droga no morro é tráfico, na
agência de publicidade é uso pessoal; nas mãos do skatista negro é tráfico, nas mãos do
operador do mercado financeiro é uso pessoal33

Um levantamento aponta que a aplicabilidade da lei 11.343/06 muda em para cada


individuo, nesse estudo aponta que. Entre os réus brancos foram apreendidas, na mediana, 85
gramas de maconha, 27 gramas de cocaína e 10,1 gramas de crack. Quando o réu é negro, a

30
Ibidem P. 142
31
CUNHA, Vivane Martins, A interface entre a Política de Guerra às Drogas e o Racismo Institucional (2016) P.
14
32
Reportagem da Carta capital, https://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-quem-interessa-criminalizar-o-
usuario-de-drogas-1546/ Acesso em ,14/05/2020
33
Reportagem da Carta capital, https://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-quem-interessa-criminalizar-o-
usuario-de-drogas-1546/ Acesso em ,14/05/2020
medida é inferior nas três substâncias: 65 gramas de maconha, 22 gramas de cocaína e 9,5
gramas de crack. Nos casos de apreensão de somente um tipo de droga, os negros foram
proporcionalmente mais condenados portando quantidades inferiores de entorpecentes. No
caso da maconha, 71% dos negros foram condenados, com apreensão mediana de 145 gramas.
Já entre os brancos, 64% foram condenados com apreensão mediana de 1,14 quilo, ou seja,
uma medida quase oito vezes maior. Ainda entre as apreensões somente de maconha, a
diferença ocorre também nos casos em que a acusação é desclassificada pela Justiça para
“porte de drogas para consumo pessoal”: 9,3% dos negros foram considerados usuários, e a
mediana das apreensões nesses casos foi de 39,4 gramas. Já entre os brancos, 15,2% foram
considerados usuários, com apreensão mediana de 42,8 gramas de maconha fonte.34

Segundo o ministro Luís Roberto Barroso, ao analisara inconstitucionalidade do artigo


28 da lei de drogas (11.343/06), sugereu que se considerasse porte para uso pessoal até 25
gramas de maconha ou seis plantas fêmeas.

Diante disto houve um levantamento que considera que, ao menos 103 réus poderiam
ser enquadrados neste limite de 25 gramas para “posse de drogas para consumo pessoal”.
Destes, 60% são negros e 40% são brancos. Nesse recorte, que selecionou somente os
processados por tráfico com apreensões de até 25 gramas de maconha, os dados indicam que a
diferença nos índices de condenação, absolvição e desclassificação entre as cores se
acentuam. Entre os negros, 66% foram condenados; entre os brancos, 43%. As acusações que
foram desclassificadas para o crime de “porte para uso pessoal” beneficiaram 15% dos negros
e 38% dos brancos.35

Por fim cabe suscitar como analisa que Um moleque negro, sem trabalho formal, em
um bairro de periferia à noite em um local dito como controlado por determinada facção,
necessariamente vai ser enquadrado como traficante independentemente da quantidade (de
droga) que tenha.36

34
DOMENICI, Thiago. BARCELOS, Iuri. Reportagem. https://apublica.org/2019/05/negros-sao-mais-
condenados-por-trafico-e-com-menos-drogas-em-sao-paulo/ acesso em 14/05/2020
35
Ibidem Acesso 14/05/2020
36
Reportagem Guerra às drogas é pretexto para atacar negros e pobres, diz criminalista .acesso 14/05/2020
https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2019/04/10/guerra-as-drogas-e-pretexto-atacar-negros-e-pobres-diz-
criminalista.htm?cmpid=copiaecola
A prisão por sua vez está longe de ser um mecanismo capaz de frear a delinquência,
infelizmente apenas a estimula, pois é um instrumento de dominação que possibilita toda a
espécie de desumanidade, vícios e degradações(BITENCOURT, 2004).37

A prisão traz consigo a concepção cristã da penitência, cujo objetivo quase terapêutico
é o de submeter o criminoso a condições precárias de vida como forma de pagar o mal que fez
à sociedade. É preciso sofrer para reparar as faltas cometidas. Tratar o mal com o mal.

A questão legal da pena de prisão nem sempre é respeitada. Ainda hoje existem
encarceramentos arbitrários em todo o mundo. Combessie sublinha que desde o período da
industrialização, no século XIX, a prisão das classes ditas "perigosas" se faz sentir. A elite
dirigente e defensora dos ideais democráticos utiliza a pena de prisão para exercer o controle
social em momento de grandes conflitos econômicos.38

[...]O ambiente prisional é sobremodo perturbador e impossibilita o funcionamento


dos mecanismos da mente que permitem a conservação do equilíbrio psíquico e da saúde
mental, e desta forma, observa-se que grande parte dos detentos estão propensos a
apresentar desequilíbrios psíquicos em razão da reclusão. 39

Segundo BITENCOURT (2001)

Quando se fala nos transtornos psíquicos produzidos pela prisão,


imediatamente se pensa na desumanidade do regime celular. Mas não imagine que
apenas o regime celular foi maléfico, pois igualmente o é a prisão fechada
contemporânea. A ausência de verdadeiras relações humanas, a insuficiência ou
mesmo a ausência de trabalho, o trato frio e impessoal dos funcionários
penitenciários, todos esses fatores contribuem para que a prisão se converta em
meio de isolamento crônico e odioso. As prisões que atualmente adotam o regime
fechado, dito de segurança máxima, com total desvinculação da sociedade,
produzem graves perturbações psíquicas aos reclusos, que não se adaptam ao
desumano isolamento. A prisão violenta o estado emocional, e, apesar das
diferenças psicológicas entre as pessoas, pode-se afirmar que todos os que entram
na prisão – em maior ou menor grau – encontram-se propensos a algum tipo de
40
reação carcerária.

37
BITENCOURT, Cezar Roberto, Falência da pena de prisão: causas e alternativas. 3. ed. São Paulo: Ed.
Saraiva, (2004 ) Citado Por Justificando , http://www.justificando.com/2017/05/29/o-carcere-e-seus-efeitos-
devastadores-no-individuo/
38
COMBESSIE, (2001) REGO, Isabel Pojo do, sociologia da prisão (2004)
39
BITENCOURT, Cezar Roberto. Falência da pena de prisão(2001),Citado por SALIM, Bruna, (2016)
https://brunasalim.jusbrasil.com.br/artigos/388022445/o-sistema-prisional-brasileiro-e-os-efeitos-do-aprisionamento acesso em 15/05/2020
40
Ibidem, Artigo sem pagina
Assim explica Zaffaroni (2012) “[…] o preso está submerso em um meio
completamente artificial, introduzido em uma sociedade com valores que nada têm a ver com
os da vida em liberdade e que parece uma escola de crianças grandes bastante
complicadas”. Assim, a prisão nada mais faz do que fabricar cada vez mais um elevado
número de delinquentes, pois a pena privativa de liberdade não oferece nenhum tipo de
possibilidade de melhora, seja no desenvolvimento humano ou laboral.41

Nas palavras de Foucault (1987): “A prisão não pode deixar de fabricar delinquentes.
Fabrica-os pelo tipo de existência que faz os detentos levarem: que fiquem isolados nas celas,
ou que lhes seja imposto um trabalho inútil, para o qual não encontrarão utilidade” […]42

Outro efeito que é ponto chave para entendermos o porquê da decadência do sistema
prisional vigente é a falta de segurança dentro dos presídios e a crescente criminalidade que
só tende a fortalecer as facções criminosas que atuam de forma escancarada dentro e fora
das penitenciárias. O que ocorre é um caminho bastante lógico: O indivíduo que ingressa na
cadeia começa a cumprir sua pena. Considerando que as organizações criminosas
estabelecem um poder paralelo dentro dos presídios, se mostrando por vezes mais fortes do
que o próprio Estado, o ingressante, mesmo não fazendo parte de nenhuma facção, se vê
obrigado a respeitar as regras estabelecidas por elas. Este caminho, porém, não se encerra
aí, sendo que muitos detentos acabam integrando uma facção em busca de proteção dentro
da própria penitenciaria.43

A ausência de separação entre réus primários e os reincidentes e condenados a


longas penas também é um fator determinante para a maior incidência da criminalidade
dentro da prisão. Esta divisão é algo previsto na Lei 13.167 de 2015 que alterou o
Art. 84 da Lei de Execuções Penais e passou a determinar que os presos devem ser
separados conforme a gravidade de crime cometido. Esta medida visa impedir que
criminosos eventuais se tornem piores devido a convivência com criminosos contumazes,
contudo, a superpopulação carcerária é um problema difícil de ser extinto e representa um

41
ZAFFARONI, Eugenio Raúl. A palavra dos mortos: Conferências de criminologia cautelar, São Paulo: Ed.
Saraiva, 2012. Citado porhttp://www.justificando.com/2017/05/29/o-carcere-e-seus-efeitos-devastadores-no-
individuo/ acesso15/05/20
42
FOUCAULT, Michel; Vigiar e punir. 16. ed. Petrópolis, RJ: Ed. Vozes, (1987)
http://www.justificando.com/2017/05/29/o-carcere-e-seus-efeitos-devastadores-no-individuo/ acesso 15/05/2020

43
SALIM, Bruna (2016) https://brunasalim.jusbrasil.com.br/artigos/388022445/o-sistema-prisional-brasileiro-e-
os-efeitos-do-aprisionamento Acesso em 15/05/2020
grande impeditivo à eficácia desta nova lei, que não possui meios suficientes de ser
colocada em prática44.

4. ENCARCERAMENTO EM MASSA DA POPULAÇÃO NEGRA

Atualmente o Brasil ocupa a terceira posição no ranking mundial no que se refere a


população carcerária, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e China , com os dados
apresentados nos capítulos anteriores temos uma dimensão estatística da quantidade de presos
que hoje tem no Brasil, a parti do ano de 2006 com a inovação na lei de tráficos de drogas a
estatística mudou de “9% de 361.402 Preso em 2005 para a ultima analise de 2019 que
corresponde a 20,28% de 708.009 de presos pela tipificação de trafico de drogas.”45

(Infopen- Levantamento Nacional- 2019 )46

44
SALIM, Bruna (2016) https://brunasalim.jusbrasil.com.br/artigos/388022445/o-sistema-prisional-brasileiro-e-os-efeitos-do-
aprisionamento Acesso em 15/05/2020

45
levantamento nacional de informações penitenciarias, 2019 http://depen.gov.br/depen/depen/sisdepen/infopen
acesso em 15/05/2020
46
levantamento nacional de informações penitenciarias, 2019 http://depen.gov.br/depen/depen/sisdepen/infopen
acesso em 15/05/2020
47

A problemática do encarceramento dos negros tem suas raízes na escravatura quando


os negros foram "libertos" e logo em seguida foram criado pelo legislativo chancelas para
poder coibir as atividades dos negros tornando assim crime as práticas culturais afro-
brasileira, como por exemplo a capoeira, o maracatu, a congada, e as religiões de matriz
africana, dentre outras, por todo o país os negros foram alforriados, mas não houve nenhuma
política de inclusão social dos negros a sociedade vigente da época muito pelo contrário eram
tinha uma certas barreira para que os negros não pudesse progredir e não deixa de ser uma
minoria social.

“Após a abolição, são vítimas de uma política de morte, agenciada pelo Estado
brasileiro que não garante nenhum direito, sequer o de liberdade, menos ainda o direito à vida.
Esse conjunto de não-ações do Estado, entendemos como a necropolítica.”(MBEMBE,
2017).48

É possível analisar que a função do estado, na época era de frear o progresso dos
negros oque não era difícil para o estado fazer pois já vinha acontecendo a tempos com
preconceito e racismo tendo em vista que os negros eram tratados como objetos ao qual
pertencia a seu senhores. Não cabe esclarecimento desse assunto aqui pôs já foi debatido em
capitulo anterior, mas Fazer uma menção de que a falta de condição para que os negros
libertos aquela época, se perpetua ate hoje, e o preconceito só mudou o modus operandi,
podemos fazer um alusão, com atual politica de drogas que a Justiça Criminal é baseada no
processo de marginalização social e na pobreza. Encontra, assim, no jovem negro o seu
principal alvo e com todas as distorções e supressões de direitos básicos, propiciando o
reflexo das classes pobres negras como verdadeiro espelho nas prisões, garantindo

47
levantamento nacional de informações penitenciarias, 2019 http://depen.gov.br/depen/depen/sisdepen/infopen
acesso em 15/05/2020
48
MBEMBE, Achille. Políticas de Inimizade. Lisboa: Antígona, 2017
resultados discriminatórios e transformando o sistema de Justiça Criminal em verdadeiro
modelo de castas.
4.1 DESIGUALDADE / SELETIVIDADE NO PROCESSO PENAL

No Brasil é visível a desigualdade em todos os níveis sociais por exemplo, uma


operação policial não tem a mesma truculência quando acontece em uma área nobre e
periféricas. Com a repressão policial um individuo negro sofre agressões, físicas ou ate
mesmo mentais isso já é meio que comum nas áreas mais nobres, para um negro sair a noite é
certeza de tomar um “Enquadro”(gíria popular que significar se abordado pela policia )

Uma pesquisa aponta que nas ocorrências registradas pelos policiais nos casos de
prisões em fragrante delito por trafico de drogas, so tinha como testemunha os mesmo
policiais que efetuaram a prisão. Segundo um levantamento feito pela Publica.
A Pública analisou os processos referentes a apreensões de até 10 gramas para
maconha, cocaína e crack. Em 83,7% dos casos, as únicas testemunhas ouvidas em juízo
foram os próprios policiais envolvidos na ocorrência. Isolando-se os casos com réus negros, o
índice é de 85,3% e o de brancos, 81%.49
Quando somente policiais prestaram depoimento em juízo, foram condenados 59%
dos acusados. Já nos processos com testemunhas civis, o índice de condenação caiu para 44%.
A diferença também ocorre no índice de absolvição: quando foram ouvidas testemunhas civis,
21% dos réus foram absolvidos. Quando havia somente testemunhas policiais, este número
caiu para 14%50
A pesquisa vai muito mais além segundo a, publique, Nos casos de apreensão de
somente um tipo de droga, os negros foram proporcionalmente mais condenados portando
quantidades inferiores de entorpecentes. No caso da maconha, 71% dos negros foram
condenados, com apreensão mediana de 145 gramas. Já entre os brancos, 64% foram
condenados com apreensão mediana de 1,14 quilo, ou seja, uma medida quase oito vezes
maior51

49
Publica- Thiago Domenici, Iuri Barcelos, Negros são mais condenados por tráfico e com menos drogas em
São Paulo 2019
50
Publica- Thiago Domenici, Iuri Barcelos, Negros são mais condenados por tráfico e com menos drogas em São
Paulo 2019

51
Publica- Thiago Domenici, Iuri Barcelos, Negros são mais condenados por tráfico e com menos drogas em
São Paulo 2019
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dos acontecimentos de violências policias ou discriminações sendo preferidas


das plataformas digitais, condicionei esse artigo a procurar o motivo, o momento de ignição
para o racismo no Brasil, e em linhas gerais é possível analisar que o racismo é estrutural se
utilizar de suas instituições para tornar efetivo.
Em um primeiro momento foi possível compreender como as instituições publicas
deixaram de conferir direitos igualitários aos negros recém-libertos, como se não bastasse
anos de escravidão sem nenhum direito, as instituições criou barreiras para que os negros
libertos em 1888 não pudesse se inserir na sociedade e isso criou uma lapso a que se dizer na
evolução social dos negros que repercute até hoje, como dificuldade dos negros em frequentar
a educação de e cursos superiores, tento em vista que muitos desses jovens hoje se evade das
escolas para ocupar uma vaga no mercado de trabalho, que por sua vez não chega a uma
posição de diretoria.
Em seguida apreciamos como a politica de drogas é usada para pelas instituições
publicas para executar o racismo, proferindo sentenças divergentes para os negros e brancos,
executando operações policiais em localidade mas carente de forma repressiva sem nenhum
preparo prévio e consequentemente causando um dano a saúde de outrem, ceifando vidas e
encarcerando indivíduos que não são traficantes, mas pelo fato de serem dependentes
químicos, e a lei se omissa e não trazer em seu texto a quantidade para distinção de trafico e
uso pessoal.
Por conseguinte os números alarmantes do encarceramento em massas, como
analisamos teve um alargamentos após a lei de drogas 11.343/06. Que representa a segunda
tipificação com mais presos.
Diante dos fatos podemos compreender como o racismo se instaurou e se estruturou
no Brasil, podemos entender que a política de drogas é um Dos artificio usados pela
instituições para executar o racismo, diante da não distinção, de quantidades permitidas ,
acaba abrindo precedentes para o usuário ser preso como traficante. Por conseguinte para
diminuir o Racismo no Brasil, afim de cessar, devemos entender que sim, existe o racismo
estrutural no Brasil que são exercidos pelas as instituições, criar precedentes para distinguir a
quantidade de entorpecentes que configura tráfico ou consumo próprio, tendo em vista que a
lei de drogas é omissa
6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Silvio Luiz de. O que é racismo estrutural, Belo Horizonte (MG)
Letramento,2018

Apenas 18% dos juízes brasileiros são negros, segundo CNJ, Disponível em
< https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/09/apenas-16-dos-juizes-brasileiros-sao-
negros-segundo-cnj.shtml>. Acesso em 18/05/2020

BOITEUX, Luciana Controle penal sobre as drogas ilícitas: o impacto do


proibicionismo no sistema penal e na sociedade (2006)

BITENCOURT, Cezar Roberto, Falência da pena de prisão: causas e alternativas. 3.


ed. São Paulo: Ed. Saraiva, (2004 ) Citado Por Justificando , Disponível em
http://www.justificando.com/2017/05/29/o-carcere-e-seus-efeitos-devastadores-no-individuo/
acesso em 14/05/2020

COMBESSIE, (2001) REGO, Isabel Pojo do, sociologia da prisão (2004)

Carta capital, A quem interessa criminalizar o usuários de drogas (2015) , Disponível


em <https://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-quem-interessa-criminalizar-o-usuario-de-
drogas-1546/>. Acesso em 25/05/2020

DOMENICI, Thiago. BARCELOS, Iuri, Negros são mais condenados condenado por
Trafico e Com Menos Drogas em Pão Paulo https://apublica.org/2019/05/negros-sao-mais-
condenados-por-trafico-e-com-menos-drogas-em-sao-paulo/ acesso em 14/05/2020

FOUCAULT, Michel; Vigiar e punir. 16. ed. Petrópolis, RJ: Ed. Vozes, (1987)
Disponível em <http://www.justificando.com/2017/05/29/o-carcere-e-seus-efeitos-
devastadores-no-individuo/ >. acesso 15/05/2020

FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade. Curso no collège de France,1975-


1976. São Paulo : Martins Fontes 2005

Guerra às drogas é pretexto para atacar negros e pobres, diz criminalista Disponivel
em < https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2019/04/10/guerra-as-drogas-e-pretexto-atacar-
negros-e-pobres-diz-criminalista.htm?cmpid=copiaecola>. Acesso em 14/05/2020

Levantamento Nacional de Informações Penitenciarias, Disponível em


<http://depen.gov.br/DEPEN/depen/sisdepen/infopen >. Acesso em 25/05/2020

Lei 11.343/06 Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad;
prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e
dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao
tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências.

MBEMBE, Achille. Políticas de Inimizade. Lisboa: Antígona, 2017

No mesmo sentido em toda a América Latina, cf. ZAFFARONI, Eugênio Raul. El


sistema penal en los países de América Latina, In: ARAÚJO JÚNIOR., João Marcello (Org.).
Sistema penal para o terceiro milênio. 2. ed. Rio de Janeiro: REVAN, 1991

RIBEIRO, Isabela Trivino. Racismo estrutural: um olhar sobre a justiça criminal e as


políticas de drogas após a abolição. 2018. 76 f. TCC (Graduação) - Curso de Direito,
Faculdade Nacional de Direito, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2018.

SALIM, Bruna, O sistema prisional brasileiro e os efeitos do aprisionamento (2016)


Disponível em < https://brunasalim.jusbrasil.com.br/artigos/388022445/o-sistema-prisional-
brasileiro-e-os-efeitos-do-aprisionamento >. Acesso em 15/05/2020
Vivane Martins, Corpos condenáveis: A interface entre a Política de Guerra às Drogas
e o Racismo Institucional (2016) Disponível em <http://hdl.handle.net/1843/BUBD-
AYVGEG>. Acesso em 15/05/2020
ZAFFARONI, Eugenio Raúl. A palavra dos mortos: Conferências de criminologia
cautelar, São Paulo: Ed. Saraiva, 2012. Disponível em
<http://www.justificando.com/2017/05/29/o-carcere-e-seus-efeitos-devastadores-no-
individuo/ >. Acesso em 15/05/20

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