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Resumo
Abstract
The article comes with the purpose of proving the racism present in the Brazilian
society, within the public institutions, racisms that are being in a period in which the
repression of drugs occurs in a harmful way for the population, analyzing statistics provided
by the national survey of information penitentiaries and the concept of structural racism.
1
Jorge José Ferreira Neto – Graduando Curso direito- Universidade Salgado De Oliveira, email:
Jorgejsnt@gmail.com
2
Priscila Lima Rosa Professora, Mestre em Psicologia Social, Pós-Graduada em Direito Privado pela
Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO), Especialista em Direito Civil pela Universidade Estácio de Sá
(UNESA), Professora Universitária de Direito do Civil, Tutora da disciplina de Direito Civil I e Direito Civil V,
Professora da Pós-Graduação da Universidade Salgado de Oliveira e da Pós-Graduação CBEPJUR/UCAM.
Professora de Curso Preparatórios OAB. Advogada e sócia da Itabaiana & Lima advogados associados.
1. INTRODUÇÃO
Compreender oque é o racismo e a sua estruturação vai ser a principal tarefa desse
trabalho, com base nos dados estatísticos fornecidos pelo Levantamento nacional de
informações penitenciais. Segundo os dados fornecidos pela Depen no primeiro semestre de
2019 o Brasil comportava uma população carcerária com aproximadamente de 748.009 de
presos
Assim que entrou em vigência a lei assinada pela princesa Isabel que abolia a
escravidão, Foram sancionadas lei que dificultavam o acesso dos negros ao meio social tais
com a edições de decretos como o 847/1890 em que seu capitulo XIII criminalizava a
capoeira ou seja uma dança cultural negra, ainda se o negros que naquela época não tinha
trabalho ou onde morar, como comprovar residência? Seria considerado vadio e poderia sofrer
sanções, agora como que um negro recém liberto teria como ter sua terra ou uma residência se
ele não era detentor desse direito, e sacramentado assim que a lei de Eusébio de Queiroz
proibiu o trafico negreiro para o Brasil, que foi no dia 4 de setembro de 1850, e a proibição de
negros terem terras foi sancionado logo quatorze dias depois com medo de que os negos
pudessem no futuro tomar posse das terras, ou ate mesmo terém fazendas,
Diante desse contesto, sancionamos mais uma lei desta vez a primeira cota para a
educação, que não foi para integra o negro a sociedade, a lei do boi foi para garantir que filhos
de fazendeiros tivessem acesso a um curso técnico, e hoje pleno século XXI, a ignorância
toma conta de parte da população com a ideia de que a cota para as faculdades publicas são
uma afronta ao intelecto dos negros e injustiças, pôs garante uma pequena parcela das vagas,
para os negros de forma a reparar todos esses anos, sem politica de integração. A ideia da
estruturação do racismo no Brasil é muito antiga e elaborada de forma que em tempos em
tempos elege um negro a posição de destaque criando uma falsa representatividade, para dizer
que todos nos podemos chegar lá , onde na verdade é um caminho árduo só para os negros
pela falta de integração por anos, agora um jovem negros para poder vencer “na vida” tem que
trabalhar muito mais difícil pela frente do que um jovem branco que sempre teve uma
educação uma posição confortável, e não vai ser descriminalizado quando concorrer vagas no
mercado de trabalho.
3
ALMEIDA, Silvio Luiz de. O que é racismo estrutural, Belo Horizonte (MG) Letramento,2018
Sendo racismo um crime e previsto na atual Constituição Nacional ao analisarmos a
concepção supramencionada é evidente a sua fragilidade, quando mesmo com a previsão
constitucional de crime e lei cria um abrigo e a maioria das condutas são tipificadas como
injuria que é tem a sanção mais branda.“ deixa –se de considerar o fato de que as maiores
desgraças produzidas pelo racismo foram feitas sob o abrigo da legalidade e com apoio moral
de lideres politico, religiosos e considerados homens de bens”(ALMEIDA, 2018 p. 29)4
O conceito de racimos institucional foi num enorme avanço no que tange ao estudo
das relações raciais. Assim a principal tese de quem afirma a existência e racismo
institucional é que os conflitos raciais s também fazem parte das instituições. Tendo
em vista que a desigualdade racial é uma característica da sociedade não apenas por
causa da ação isolada de grupos ou indivíduos racista, mas fundamentalmente
porque as instituições são hegemonizadas por determinados grupos racista que
utilizam mecanismo institucionais para impor seus interesses políticos e
econômicos.6
O domínio através do racismo institucional se dá com estabelecimento de parâmetro
discriminatórios baseados na raça, que servem para manter a hegemonia do grupo
racial de pode isso faz com que a cultura a aparência e as praticas de pode de um
determinado grupo tornem-se horizonte civilizatório do conjunto da sociedade,
assim o domínio de homens brancos em instituições publicas. 7
A sociedade tem um senso comum de que as Instituições são racista pelo fato da
sociedade ser racista, afim de exemplificar. “As instituições cujo padrões de funcionamento
redundem em regras que privilegiem determinado grupo racial , é porque o racismo é parte da
ordem social, não é algo criado pela instituição, mas é por ela reproduzida”(ALMEIDA, 2018,
4
ALMEIDA, Silvio Luiz de. O que é racismo estrutural, Belo Horizonte (MG) Letramento,2018 p. 29
5
Ibidem. P. 29
6
Ibidem. P. 29
7
Ibidem. P. 31
8
Ibidem. P. 36
p36) 9 desta forma destaca o autor que a única forma que das instituições combater o racismo
é por meio de uma adoção de politica internas.
Segundo Foucault (1976) O racismo esta ligado diretamente com a formação dos
Estados sendo a forma pela qual o Estado exercer seu poder direito esse que apenas o
9
ALMEIDA, Silvio Luiz de. O que é racismo estrutural, Belo Horizonte (MG) Letramento,2018 P. 36
10
Ibidem. p. 37
11
Reportagem do https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/09/apenas-16-dos-juizes-brasileiros-sao-
negros-segundo-cnj.shtml acesso 18/05/2020
12
ALMEIDA, Silvio Luiz de. O que é racismo estrutural, Belo Horizonte (MG) Letramento,2018 p. 38
13
ALMEIDA, Silvio Luiz de. O que é racismo estrutural, Belo Horizonte (MG) Letramento,2018 P 38, 39
soberano tem que são direito da guerra, de assassinar, da morte e liga esse poder ao racismo.
14
Como mecanismo para a concretude das ações
A discussão sobre poder que Foucault trouxe nunca foi tão atualmente é possível ver a
atuação de maneira mais presente do estado no que diz respeito ao direito a vida e a morte por
isso o estado adota uma politica que não respeita os direitos a vida, direito este previsto na
Constituição da república federativa do Brasil de 1988. Diante das formas arbitrarias em que o
estado vem atuando na questão de segurança pública, parte da população mais querente mais
desprovida financeiramente tem visto o estado exercendo talvez um dos seus maiores direitos
como soberano, que é o da morte.
O que nos leva a crer que nos dias atuais quem o Estado ocupa o papel de soberano
que por sua vez usufruir desse poder, é um tanto quando estranho pensar que o seu soberano,
Estado, teria a faculdade de tirar a sua vida de forma direta ou indiretamente. Remontando o
conceito nos dias atuais, seria como dizer que o Estado sabe que a grande parte da população
mais carente vai se bandear para a criminalidade e ele deixa de investi em questões sociais,
educação; um incentivo ao não abandono escola, cursos sociais, inclusão de forma a ocupar o
tempo das crianças, grosso modo o soberano não se preocupara em mudar o quadro social
para que ele trave uma guerra com a escopo de fazer um controle social dessa forma
exerceria o direito da morte ainda que indiretamente nas ações mal coordenadas das policias.
O Racismo segundo esta enraizado na estrutura do estado e sem ele o estado não
consegue exercer o seu poder de soberano,biopoder, para poder gerar as guerras ainda que
internas de raças, branqueamento e exclusões sócias. Por assim dizer Foucault (1975)
14
FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade 1975, 1976 P. 315
15
FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade 1975, 1976 P. 286
que permite ao biopoder exercer-se. Portanto, o racismo e ligado ao
funcionamento de um Estado que e obrigado a utilizar a raça, a eliminação
das raças e a purificação da raça para exercer seu poder soberano. A
justaposição, ou melhor, o funcionamento, através do biopoder, do velho
poder soberano do direito de morte implica o funcionamento, a introdução e a
ativação do racismo.” 16
A Desigualdade que o estado faz através de suas instituições pode ser ter diferentes
formas talvez essa seja a mais importante e o mencionarei agora, segundo Foucault, o Estado
dotado de sua soberania detém o poder de deixar viver ou morrer, e na periferias ou melhor
comunidade; vielas o estado em suas operações com o advento de coibir o trafico de drogas
usufruí de seu poder de deixar morrer.
O racismo institucional não algo único exclusivo do Brasil, é claro que cada lugar tem
sua especificidade no Brasil é usado a politica de drogas para produzir o racismo, para ceifar
vidas de jovens crianças, idosos sem distinção, mas o racismo não é uma particularidade
nossa. Temos um mister de possibilidade para exercer o racismo podendo ocorrer em
processo seletivo a vagas de emprego, nas ruas caminhado, praticando esporte, é infinita as
formas qua e os negros podem sofre racismo.
16
FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade 1975, 1976 P. 309
3. AS POLÍTICAS DE DROGAS E O CONTROLE RACIAL
A que se refere a lei 11.343/06 traz em seu corpo a definição de uso de entorpecente,
mas não defini a quantidade que seria considerado consumo próprio, mas condiciona a
analise única e exclusivamente ao juiz analisando as condições previstas em seu artigo 28 da
lei 11.343/2006 que aduz :
17
Levantamento Nacional de Informações Penitenciarias -<http://depen.gov.br/DEPEN/depen/sisdepen/infopen
>Acesso 25/05/2020
desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos
antecedentes do agente.18
A lei Traz a Ressalva que a droga pode esta com o individuo para consumo próprio, os
dependentes químicos quando são detidos por esta em porte de quantidades de entorpecente
não são vão responder por consumo, como usuário é sempre lavrado o auto de prisão em
fragrante e este reponde pelo crime de trafico de drogas. Este cenário é absurdo em diversos
aspectos. O principal deles talvez seja a ausência de critérios razoáveis para a tipificação do
crime de tráfico. Há quem esteja preso por ter sido flagrado com 0,1 grama de maconha.
Segundo a Wikipédia, no verbete “baseado”, um único cigarro de maconha contém
tipicamente entre 0,25 grama e 1 grama da erva. Condenar alguém por tráfico por portar uma
“ponta” com menos de um terço do volume de um único cigarro da droga denota a
incapacidade da nossa Justiça em lidar com a questão19
18
Lei 11.343/06 Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para
prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de drogas; estabelece normas
para repressão à produção não autorizada e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências
19
Reportagem da Carta capital, https://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-quem-interessa-criminalizar-o-
usuario-de-drogas-1546/ acesso em 25/05/20
20
KARAM, Maria Lucia (2012). Não são as drogas que causam violência e criminalidade. Citado por CUNHA,
Vivane Martins, A interface entre a Política de Guerra às Drogas e o Racismo Institucional (2016) P. 11
O combate ao crime organizado especificamente o tráfico de drogas, aumenta ainda
mais o racismo e dificulta as relações sociais em comunidades, onde as forças de segurança
agem de maneira mais abusiva, utilizando-se prioritariamente da violência, além da flagrante
corrupção de seus agentes. Esse modelo de combate ignora a subsistência dos indivíduos que
ali reside
Afinal, esta claro que a lei de drogas pertence a um dos grupos penais que mais
prendem no Brasil a lei se tornou a forma mais rápida para se encarcera um individuo e assim
aumentando a população privada de sua liberdade.
O Brasil precisa mudar sua politica de enfrentamento reconhecer que grande parte da
população usar drogas de maneira recreativa, encara que na sociedade que vivemos há os
privilegiados e os não, e os negro não fazem parte dessa parcela de privilegiadas, não é difícil
analisarmos essas questão, mas vou essa discursão para um próximo tópico. A politica de
drogas do Brasil já é ultrapassada, segundo um levantamento feito pela carta capital diverso
países defende o uso recreativo. Como o doutor Dráuzio Varella citado pela carta capital
chamou atenção recentemente para a posição de outros países em relação a isso. Segundo ele,
tomando como exemplo a maconha, é permitida “a posse de 5 gramas no México, 10 gramas
no Paraguai, 15 gramas na Austrália, 25 gramas em Portugal, 28 gramas nos Estados Unidos e
200 gramas na Espanha. Na Espanha, também são permitidos até 7,5 gramas de cocaína. Se
vigorassem no Brasil leis semelhantes às espanholas, o número de presos por tráfico de
drogas seria um terço do atual”.22
21
Ribeiro, Isabela Trivino Racismo estrutural: um olhar sobre a justiça criminal e as políticas de drogas após a
abolição Rj , 2018 P. 27
22
Reportagem da Carta capital. A quem interessa criminaliza o usuário de drogas (2015)
https://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-quem-interessa-criminalizar-o-usuario-de-drogas-1546/
Indo de contra mão ao mundo enquanto não criarmos parâmetros pra distinguir quem
porta as drogas para uso pessoal e quem trafica, deixando essa responsabilidade para
autoridade policial quando se depara com um individuo no seu cotidiano ou no judiciário. A
uma enorme omissão na lei e por isso há possiblidade da lei ser aplicada diferentemente para
as pessoas, deixando assim de ser exercer a igualdade, nos julgados.
O Brasil adotou o controle penal para repressão das drogas de uma forma autoritária e
oque podemos ver tudo isso para travar a guerra que para o Estado seja a mais “importante”.
“Essa escolha política pela guerra também está relacionada com as influências externas,
principalmente com a Convenção das Nações Unidas da qual o Brasil é signatário, e com os
Estados Unidos, o grande incentivador do proibicionismo.”23
Segundo BOITEUX (2006) O tratamento penal a comercialização das drogas teve seu
aumento do consumo de tóxicos no país, como cocaína e ópio por parte das classes mais
abastadas, e maconha, pelos negros e pobres. “Com a promulgação da Convenção de Haia
sobre o Ópio, o Brasil editado o Decreto 4.294/ incluir expressamente a cocaína, o ópio e seus
23
Ribeiro, Isabela Trivino Racismo estrutural: um olhar sobre a justiça criminal e as políticas de drogas após a
abolição Rj , 2018 P. 28
24
No mesmo sentido em toda a América Latina, cf. ZAFFARONI, Eugênio Raul. El sistema penal en los países
de América Latina, In: ARAÚJO JÚNIOR., João Marcello (Org.). Sistema penal para o terceiro milênio. 2. ed.
Rio de Janeiro: REVAN, 1991, p. 225 Citado por BOITEUX, Luciana Controle penal sobre as drogas ilícitas: o
impacto do proibicionismo no sistema penal e na sociedade (2006)
derivados como substâncias proibidas de serem comercializadas sem autorização legal,
prevendo prisão de um a quatro anos”25.
Sob o período ditatorial do Estado Novo, Getúlio Vargas editou a Lei de Fiscalização
de Entorpecentes (Decreto-lei n. 891/38), criminalizando, pela primeira vez, o uso próprio de
entorpecentes, e igualmente de forma inédita elencou todas as substâncias que estavam sob
fiscalização e controle administrativos.27
Pouco tempo depois foi editado por decreto o Código Penal de 1940, considerado
rígido e autoritário em seu aspecto ideológico, ainda na vigência da Carta outorgada de 1937,
com o Congresso Nacional ainda fechado. Era um código ligado aos postulados do tecnicismo
jurídico e do neopositivismo e mostrava-se eclético ao compor diversas teorias penais. Nessa
época a droga não tinha destaque na mídia nem era objeto de preocupação social, o Brasil
ainda era uma sociedade predominantemente rural, com pequenas cidades, e a criminalidade
registrada era de crimes de homicídio, furto, apropriação indébita e estelionato.29
25
BOITEUX, Luciana. Controle penal sobre as drogas ilícitas: o impacto do proibicionismo no sistema penal e
na sociedade(2006). Citado por Ribeiro, Isabela Trivino Racismo estrutural: um olhar sobre a justiça criminal e
as políticas de drogas após a abolição Rj (2018) P. 137
26
BOITEUX, Luciana. Controle penal sobre as drogas ilícitas: o impacto do proibicionismo no sistema penal e
na sociedade(2006) P. 138
27
BOITEUX, Luciana. Controle penal sobre as drogas ilícitas: o impacto do proibicionismo no sistema penal e
na sociedade(2006). Citado por Ribeiro, Isabela Trivino Racismo estrutural: um olhar sobre a justiça criminal e
as políticas de drogas após a abolição Rj (2018) P. 140
28
BOITEUX, Luciana. Controle penal sobre as drogas ilícitas: o impacto do proibicionismo no sistema penal e
na sociedade(2006) P. 140
29
Ibidem p. 140
O período que se seguiu marcou uma fase conturbada. Sobre a égide de uma ideologia
da segurança nacional, foram criados tribunais de exceção e inquéritos militares, para prender,
punir e conter os “subversivos”, oponentes da Ditadura Militar. Instaurou-se um sistema penal
autoritário com prisões políticas, tortura, censura, violência policial e supressão de direitos
humanos e garantias individuais, como o habeas corpus.30
Segundo Vivane Cunha (2016) no Brasil há um forte discurso naturalizado dos jovens
como potencialmente perigosos, especialmente, se esses são negros, pobres e de periferia.
Recorrentemente ganha grande visibilidade e ressonância, inclusive no cenário político, o
apelo social por maior punição, localizando na juventude o bode expiatório de toda uma
dinâmica complexa de violência urbana. Percepção essa reforçada pela construção midiática
sobre crime e violência na qual se cristaliza e dissemina uma visão negativa sobre
determinados indivíduos e grupos sociais.31
O usuário já não responde com privação de liberdade desde 2006, mas continua
sancionado. Isso significa, em rápidas palavras, que o jovem que traz consigo um baseado
pode não ser preso, mas poderá ser julgado, condenado à prestação de serviços comunitários
e, incongruência maior, deixará de ser réu primário32
No Brasil, não é preciso muita abstração para notar que droga no morro é tráfico, na
agência de publicidade é uso pessoal; nas mãos do skatista negro é tráfico, nas mãos do
operador do mercado financeiro é uso pessoal33
30
Ibidem P. 142
31
CUNHA, Vivane Martins, A interface entre a Política de Guerra às Drogas e o Racismo Institucional (2016) P.
14
32
Reportagem da Carta capital, https://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-quem-interessa-criminalizar-o-
usuario-de-drogas-1546/ Acesso em ,14/05/2020
33
Reportagem da Carta capital, https://www.cartacapital.com.br/sociedade/a-quem-interessa-criminalizar-o-
usuario-de-drogas-1546/ Acesso em ,14/05/2020
medida é inferior nas três substâncias: 65 gramas de maconha, 22 gramas de cocaína e 9,5
gramas de crack. Nos casos de apreensão de somente um tipo de droga, os negros foram
proporcionalmente mais condenados portando quantidades inferiores de entorpecentes. No
caso da maconha, 71% dos negros foram condenados, com apreensão mediana de 145 gramas.
Já entre os brancos, 64% foram condenados com apreensão mediana de 1,14 quilo, ou seja,
uma medida quase oito vezes maior. Ainda entre as apreensões somente de maconha, a
diferença ocorre também nos casos em que a acusação é desclassificada pela Justiça para
“porte de drogas para consumo pessoal”: 9,3% dos negros foram considerados usuários, e a
mediana das apreensões nesses casos foi de 39,4 gramas. Já entre os brancos, 15,2% foram
considerados usuários, com apreensão mediana de 42,8 gramas de maconha fonte.34
Diante disto houve um levantamento que considera que, ao menos 103 réus poderiam
ser enquadrados neste limite de 25 gramas para “posse de drogas para consumo pessoal”.
Destes, 60% são negros e 40% são brancos. Nesse recorte, que selecionou somente os
processados por tráfico com apreensões de até 25 gramas de maconha, os dados indicam que a
diferença nos índices de condenação, absolvição e desclassificação entre as cores se
acentuam. Entre os negros, 66% foram condenados; entre os brancos, 43%. As acusações que
foram desclassificadas para o crime de “porte para uso pessoal” beneficiaram 15% dos negros
e 38% dos brancos.35
Por fim cabe suscitar como analisa que Um moleque negro, sem trabalho formal, em
um bairro de periferia à noite em um local dito como controlado por determinada facção,
necessariamente vai ser enquadrado como traficante independentemente da quantidade (de
droga) que tenha.36
34
DOMENICI, Thiago. BARCELOS, Iuri. Reportagem. https://apublica.org/2019/05/negros-sao-mais-
condenados-por-trafico-e-com-menos-drogas-em-sao-paulo/ acesso em 14/05/2020
35
Ibidem Acesso 14/05/2020
36
Reportagem Guerra às drogas é pretexto para atacar negros e pobres, diz criminalista .acesso 14/05/2020
https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2019/04/10/guerra-as-drogas-e-pretexto-atacar-negros-e-pobres-diz-
criminalista.htm?cmpid=copiaecola
A prisão por sua vez está longe de ser um mecanismo capaz de frear a delinquência,
infelizmente apenas a estimula, pois é um instrumento de dominação que possibilita toda a
espécie de desumanidade, vícios e degradações(BITENCOURT, 2004).37
A prisão traz consigo a concepção cristã da penitência, cujo objetivo quase terapêutico
é o de submeter o criminoso a condições precárias de vida como forma de pagar o mal que fez
à sociedade. É preciso sofrer para reparar as faltas cometidas. Tratar o mal com o mal.
A questão legal da pena de prisão nem sempre é respeitada. Ainda hoje existem
encarceramentos arbitrários em todo o mundo. Combessie sublinha que desde o período da
industrialização, no século XIX, a prisão das classes ditas "perigosas" se faz sentir. A elite
dirigente e defensora dos ideais democráticos utiliza a pena de prisão para exercer o controle
social em momento de grandes conflitos econômicos.38
37
BITENCOURT, Cezar Roberto, Falência da pena de prisão: causas e alternativas. 3. ed. São Paulo: Ed.
Saraiva, (2004 ) Citado Por Justificando , http://www.justificando.com/2017/05/29/o-carcere-e-seus-efeitos-
devastadores-no-individuo/
38
COMBESSIE, (2001) REGO, Isabel Pojo do, sociologia da prisão (2004)
39
BITENCOURT, Cezar Roberto. Falência da pena de prisão(2001),Citado por SALIM, Bruna, (2016)
https://brunasalim.jusbrasil.com.br/artigos/388022445/o-sistema-prisional-brasileiro-e-os-efeitos-do-aprisionamento acesso em 15/05/2020
40
Ibidem, Artigo sem pagina
Assim explica Zaffaroni (2012) “[…] o preso está submerso em um meio
completamente artificial, introduzido em uma sociedade com valores que nada têm a ver com
os da vida em liberdade e que parece uma escola de crianças grandes bastante
complicadas”. Assim, a prisão nada mais faz do que fabricar cada vez mais um elevado
número de delinquentes, pois a pena privativa de liberdade não oferece nenhum tipo de
possibilidade de melhora, seja no desenvolvimento humano ou laboral.41
Nas palavras de Foucault (1987): “A prisão não pode deixar de fabricar delinquentes.
Fabrica-os pelo tipo de existência que faz os detentos levarem: que fiquem isolados nas celas,
ou que lhes seja imposto um trabalho inútil, para o qual não encontrarão utilidade” […]42
Outro efeito que é ponto chave para entendermos o porquê da decadência do sistema
prisional vigente é a falta de segurança dentro dos presídios e a crescente criminalidade que
só tende a fortalecer as facções criminosas que atuam de forma escancarada dentro e fora
das penitenciárias. O que ocorre é um caminho bastante lógico: O indivíduo que ingressa na
cadeia começa a cumprir sua pena. Considerando que as organizações criminosas
estabelecem um poder paralelo dentro dos presídios, se mostrando por vezes mais fortes do
que o próprio Estado, o ingressante, mesmo não fazendo parte de nenhuma facção, se vê
obrigado a respeitar as regras estabelecidas por elas. Este caminho, porém, não se encerra
aí, sendo que muitos detentos acabam integrando uma facção em busca de proteção dentro
da própria penitenciaria.43
41
ZAFFARONI, Eugenio Raúl. A palavra dos mortos: Conferências de criminologia cautelar, São Paulo: Ed.
Saraiva, 2012. Citado porhttp://www.justificando.com/2017/05/29/o-carcere-e-seus-efeitos-devastadores-no-
individuo/ acesso15/05/20
42
FOUCAULT, Michel; Vigiar e punir. 16. ed. Petrópolis, RJ: Ed. Vozes, (1987)
http://www.justificando.com/2017/05/29/o-carcere-e-seus-efeitos-devastadores-no-individuo/ acesso 15/05/2020
43
SALIM, Bruna (2016) https://brunasalim.jusbrasil.com.br/artigos/388022445/o-sistema-prisional-brasileiro-e-
os-efeitos-do-aprisionamento Acesso em 15/05/2020
grande impeditivo à eficácia desta nova lei, que não possui meios suficientes de ser
colocada em prática44.
44
SALIM, Bruna (2016) https://brunasalim.jusbrasil.com.br/artigos/388022445/o-sistema-prisional-brasileiro-e-os-efeitos-do-
aprisionamento Acesso em 15/05/2020
45
levantamento nacional de informações penitenciarias, 2019 http://depen.gov.br/depen/depen/sisdepen/infopen
acesso em 15/05/2020
46
levantamento nacional de informações penitenciarias, 2019 http://depen.gov.br/depen/depen/sisdepen/infopen
acesso em 15/05/2020
47
“Após a abolição, são vítimas de uma política de morte, agenciada pelo Estado
brasileiro que não garante nenhum direito, sequer o de liberdade, menos ainda o direito à vida.
Esse conjunto de não-ações do Estado, entendemos como a necropolítica.”(MBEMBE,
2017).48
É possível analisar que a função do estado, na época era de frear o progresso dos
negros oque não era difícil para o estado fazer pois já vinha acontecendo a tempos com
preconceito e racismo tendo em vista que os negros eram tratados como objetos ao qual
pertencia a seu senhores. Não cabe esclarecimento desse assunto aqui pôs já foi debatido em
capitulo anterior, mas Fazer uma menção de que a falta de condição para que os negros
libertos aquela época, se perpetua ate hoje, e o preconceito só mudou o modus operandi,
podemos fazer um alusão, com atual politica de drogas que a Justiça Criminal é baseada no
processo de marginalização social e na pobreza. Encontra, assim, no jovem negro o seu
principal alvo e com todas as distorções e supressões de direitos básicos, propiciando o
reflexo das classes pobres negras como verdadeiro espelho nas prisões, garantindo
47
levantamento nacional de informações penitenciarias, 2019 http://depen.gov.br/depen/depen/sisdepen/infopen
acesso em 15/05/2020
48
MBEMBE, Achille. Políticas de Inimizade. Lisboa: Antígona, 2017
resultados discriminatórios e transformando o sistema de Justiça Criminal em verdadeiro
modelo de castas.
4.1 DESIGUALDADE / SELETIVIDADE NO PROCESSO PENAL
Uma pesquisa aponta que nas ocorrências registradas pelos policiais nos casos de
prisões em fragrante delito por trafico de drogas, so tinha como testemunha os mesmo
policiais que efetuaram a prisão. Segundo um levantamento feito pela Publica.
A Pública analisou os processos referentes a apreensões de até 10 gramas para
maconha, cocaína e crack. Em 83,7% dos casos, as únicas testemunhas ouvidas em juízo
foram os próprios policiais envolvidos na ocorrência. Isolando-se os casos com réus negros, o
índice é de 85,3% e o de brancos, 81%.49
Quando somente policiais prestaram depoimento em juízo, foram condenados 59%
dos acusados. Já nos processos com testemunhas civis, o índice de condenação caiu para 44%.
A diferença também ocorre no índice de absolvição: quando foram ouvidas testemunhas civis,
21% dos réus foram absolvidos. Quando havia somente testemunhas policiais, este número
caiu para 14%50
A pesquisa vai muito mais além segundo a, publique, Nos casos de apreensão de
somente um tipo de droga, os negros foram proporcionalmente mais condenados portando
quantidades inferiores de entorpecentes. No caso da maconha, 71% dos negros foram
condenados, com apreensão mediana de 145 gramas. Já entre os brancos, 64% foram
condenados com apreensão mediana de 1,14 quilo, ou seja, uma medida quase oito vezes
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Publica- Thiago Domenici, Iuri Barcelos, Negros são mais condenados por tráfico e com menos drogas em
São Paulo 2019
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Publica- Thiago Domenici, Iuri Barcelos, Negros são mais condenados por tráfico e com menos drogas em São
Paulo 2019
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Publica- Thiago Domenici, Iuri Barcelos, Negros são mais condenados por tráfico e com menos drogas em
São Paulo 2019
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
ALMEIDA, Silvio Luiz de. O que é racismo estrutural, Belo Horizonte (MG)
Letramento,2018
Apenas 18% dos juízes brasileiros são negros, segundo CNJ, Disponível em
< https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/09/apenas-16-dos-juizes-brasileiros-sao-
negros-segundo-cnj.shtml>. Acesso em 18/05/2020
DOMENICI, Thiago. BARCELOS, Iuri, Negros são mais condenados condenado por
Trafico e Com Menos Drogas em Pão Paulo https://apublica.org/2019/05/negros-sao-mais-
condenados-por-trafico-e-com-menos-drogas-em-sao-paulo/ acesso em 14/05/2020
FOUCAULT, Michel; Vigiar e punir. 16. ed. Petrópolis, RJ: Ed. Vozes, (1987)
Disponível em <http://www.justificando.com/2017/05/29/o-carcere-e-seus-efeitos-
devastadores-no-individuo/ >. acesso 15/05/2020
Guerra às drogas é pretexto para atacar negros e pobres, diz criminalista Disponivel
em < https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2019/04/10/guerra-as-drogas-e-pretexto-atacar-
negros-e-pobres-diz-criminalista.htm?cmpid=copiaecola>. Acesso em 14/05/2020
Lei 11.343/06 Institui o Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad;
prescreve medidas para prevenção do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e
dependentes de drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao
tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências.