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Antropologia Jurídica

Acadêmicas: Ana Sabrina Kuczainski

Sara Alves Marques

Ensaio sobre o Racismo Brasileiro: como padrão

1. Introdução

Ao decorrer do bimestre estudamos o grande preconceito que existe em


relação a pessoa de pele negra, e abordamos diferentes pensamentos de
autores, e podemos estudar suas obras e entender de forma lúcida como esse
pré-conceito esta enraizado em nossa base colonizadora.

Entender como algo começa é o primeiro ponto de avanço para quebrar o ciclo
vicioso da sucessão, e começar a transformar antigos pensamentos e dar voz
aos novos.

2. Autores

Buffun foi um dos autores estudados, o mesmo acreitava que Deus fez um só
ser, mas apesar de todos terem saído do mesmo ser, foi instalado um processo
de distanciamento entre os filhos de Adão, por este motivo ocorreu a diferença
entre grupos, raças, línguas e assim por diante. Seu pensamento foi
considerado racista, pois ele afirmava que o negro não era capaz de mudar e
deveriam apenas obedecer e aceitar o que o homem branco ordenava.

Niina Rodrigues seguia uma linha parecida com a de Buffun, o mesmo


acreditava que os negros eram criminosos e por isso eram visto como servos,
que o Brasil por ser uma pais miscigenado era um pais destinado ao fracasso,
ditando que o controle leal deveria ser exercido sobre a raça, ou seja, sujeito
que não for branco é incluso, com essa forma de pensamento ele pretendia
criar um código penal diferente para as raças, e ainda afirma que por questões
biológicas negros e brancos jamais chegariam ao mesmo patamar.

Eduardo Viveiros de Castro em uma conferência em Lisboa decorreu sobre o


tema mostrando uma diferença significativa que encontramos hoje em dia,
dando enfoque aos grupos indígenas, maias e outros. Por exemplo muitos
índios foram mortos por grandes fazendeiros, sendo que poucos fazendeiros
foram punidos.
3. O Racismo e seus tentáculos

Infelizmente não existe um vacina politica histórica. O racismo em especial no


Brasil foi conformado durante três séculos de pura escravidão de dor,
sofrimento e desigualdade, o que de forma totalmente influente e direta fez a
construção de nossa identidade nacional, e foi instalado com sucesso dentro
de cada ser cuja a ideia de diferença compactue com o preconceito.

Após a abolição, a ausência do Estado e de um pensamento humanitário na


integração da população negra garantiu à sobrevivência dessa crença limitante
e ressignificou a mentalidade e a pratica escravagista na estrutura da nossa
pátria.

Joaquim Nabuco, político abolicionista: "O nosso caráter, temperamento, a


nossa moral acham-se terrivelmente afetados pelas influências com que a
escravidão passou 300 anos a permear a sociedade brasileira (...) enquanto
essa obra não estiver concluída, o abolicionismo terá sempre razão de ser".

O racismo é o ato de discriminar, isto é, fazer distinção de uma pessoa ou


grupo por associar suas características físicas e étnicas a estigmas,
estereótipos, preconceitos. Essa distinção implica um tratamento diferenciado,
que resulta em exclusão, segregação, opressão, acontecendo em diversos
níveis, como o espacial, cultural, social.
Conforme definição do Artigo 1º do Estatuto da Igualdade Racial:
“Discriminação racial ou étnico-racial: toda distinção, exclusão, restrição ou
preferência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica
que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício,
em igualdade de condições, de direitos humanos e liberdades fundamentais
nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo
da vida pública ou privada”.

A aplicação da teoria darwinista às ciências humanas produziu teorias


racialistas e evolucionistas sociais que partiam de premissas de que haveria
uma superioridade racial de determinados grupos sociais sobre outros e que a
história humana era unilateral e dividida em fases, as sociedades consideradas
superiores julgavam-se no estágio de civilização.

4. Aspectos no Brasil

Entre 1501 e 1870, mais de 12,5 milhões de africanos foram raptados,


vendidos como escravos e transportados para o continente americano. Desses,
1 em cada 4 eram enviados para o Brasil, cerca de 4,8 milhões até a segunda
metade do século XIX. Cerca de 20%, 1,8 milhão de pessoas, não
chegaram ao destino – morreram de escorbuto, varíola, sarampo, sífilis,
disenteria ou mesmo pela brutalidade dos traficantes. Muitas vezes os mortos
jaziam por dias junto aos vivos nos navios negreiros até que fossem lançados
ao mar.

Na segunda metade do século XIX, o Brasil contava com uma grande


população negra, uma intensificação das fugas e da formação de quilombos,
pressão internacional – especialmente da Inglaterra – pelo fim da escravidão e
a necessidade de se adequar ao capitalismo, que estava em processo de
expansão no país. O Brasil foi o maior território escravista do hemisfério
ocidental, foi o último a extinguir o tráfico negreiro – com a Lei Eusébio de
Queirós em 1850 – e também o último a abolir a escravidão, que ocorreu por
meio da Lei Áurea, em 1888.

Em 3 de julho de 1951, o Congresso Nacional aprovou a Lei nº 1.390, que ficou


conhecida como Lei Afonso Arinos, a qual criminalizava a discriminação por
raça ou cor. A promulgação dessa lei foi motivada por uma situação de
discriminação sofrida por uma bailarina norte-americana, Katherine Dunham,
impedida de se hospedar num hotel em São Paulo em razão de sua cor, o que
repercutiu mal à época na imprensa estrangeira.

A Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956, em seu artigo 1º, tipifica como


“homicídio qualificado os casos em que haja intenção de matar grupo nacional,
étnico, racial ou religioso”, com pena de 12 a 30 anos de reclusão. A incitação
pública ao crime contra esses grupos também é criminalizada no artigo 3º. Em
1990, na Lei nº 8.072, que dispõe sobre crimes hediondos, o crime de
genocídio previsto na Lei nº 2.889 é qualificado como tal.
Na Constituição de 1988, o artigo 3º, em seu inciso IV, estabelece como
objetivo precípuo da Nova República “promover o bem de todos, sem
preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação”. O Artigo 4º, inciso VII, define que “as relações internacionais
brasileiras regem-se pelo repúdio ao terrorismo e ao racismo”.

A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989, define os crimes de preconceito de cor


e raça e estabelece penalidades para situações de discriminação: em ambiente
de trabalho público ou privado, como ter acesso negado a empregos, cargos,
serviço militar, ou sofrer tratamento diferenciado; em locais públicos, como ser
impedido de adentrar em transporte público, edifícios públicos, clubes,
restaurantes, etc. Essa lei também estabelece punições para “práticas de
incitação à discriminação ou preconceito de raça, cor”, criminalizando,
inclusive, a fabricação, comercialização e distribuição de propagandas de
incitação a essas modalidades de preconceito. Essa é a lei que prevê o crime
de racismo, isto é, a discriminação racial praticada contra uma coletividade.
Essa lei tornou o racismo crime imprescritível e inafiançável.

A Lei nº 9.459, de 13 de maio de 1997, promoveu alterações na legislação


antirracista.
À Lei nº 7.716 acrescentou a punição à discriminação e à incitação à
discriminação por etnia, religião ou procedência nacional, além do preconceito
de raça e cor anteriormente previsto. Ao artigo 140 do Decreto-Lei nº 2.848
acresceu na especificação de injúria “elementos referentes a raça, cor, etnia,
religião ou origem”. Mais tarde, a Lei nº 10.741, de 2003, ampliou a definição,
incluindo “a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência”.
Em 2003, a Lei nº 10.639 modificou a Lei de Diretrizes de Base da Educação,
introduzindo a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira e
africana nas escolas de ensino fundamental.

Em 20 de julho de 2010, a Lei nº 12.288 instituiu o Estatuto da Igualdade


Racial, “destinado a garantir à população negra a efetivação da igualdade de
oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o
combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica”. Esse
estatuto modificou as leis anteriores, atualizando-as. Incluiu na lei nº 7.716, por
exemplo, a possibilidade de interdição de mensagens e páginas da internet. A
Lei nº 12.735, de 30 de novembro de 2012, prevê a “a cessação das
respectivas transmissões radiofônicas, televisivas, eletrônicas ou da publicação
por qualquer meio” por incitações ao preconceito racial.

O Estatuto da Igualdade Racial, além de atualizar e ampliar o alcance das leis


antirracistas anteriores, tem uma dimensão propositiva de embasar
juridicamente políticas públicas direcionadas a diminuir as desigualdades
raciais no acesso a bens, serviços e oportunidades. Nesse escopo estão as
ações afirmativas, como a Lei de Cotas, Lei nº 12.711/2012, que reserva
vagas nos cursos de graduação das universidades federais para estudantes de
escolas públicas, negros, indígenas e quilombolas, e a Lei nº 12.990/14, que
estabelece cotas para negros e pardos em concursos federais.

É importante ressaltar que, além da promulgação da legislação antirracista, é


primordial que haja a promoção de sua efetividade.
5. Conclusão
Preconceito, segundo o Dicionário Aurélio, é o “conceito ou opinião formados
antecipadamente, sem maior ponderação ou conhecimento dos fatos; ideia
preconcebida; julgamento ou opinião formada sem se levar em conta o fato que
os conteste; suspeita, intolerância, ódio irracional ou aversão a outras raças,
credos, religiões, etc”.
Esse assunto é serio e muito relevante, estamos falando de pessoas que tem
sentimentos que não merecem tratamento desigual só por que tem a cor da
pele diferente, tanta dor e sofrimento que carregam no seu código genético, um
passado marcado por sangue e maus tratos, que deve ser reconhecido,
entendido e processado, para que assim possamos quebrar esse ciclo vicioso
como disse a cima.
Por esses motivos nos devemos educar a futura geração e ensinar não
somente o que é respeito, mas também o que é amor e como amar, começar
uma nova cultura na qual os iguais sejam interpretados e visto como iguais.
6. Bibliografia
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Lei nº 12.288. Disponível no site oficial do Planalto Central.

NASCIMENTO, Abdias do. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo


mascarado. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978, pp. 92.

MARINGONI, Gilberto. O destino dos negros após a Abolição. IPEA: 2011 . Ano 8 . Edição 70.
Disponível em: Ipea.

MACHADO, Carolina de Paula. A designação da palavra preconceito nos dicionários atuais. p.


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