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Com base numa analogia, um juiz de Cuiabá (MT) justificou a aplicação da Lei
Maria da Penha para determinar uma medida protetiva, impedindo uma ex-
namorada de se aproximar do ex-namorado. Nesse caso específico, o promotor
Fausto Rodrigues Lima não vê problemas devido à inexistência de prisão ou
punição. Ele acredita, no entanto, que a utilização da lei de violência doméstica foi
desnecessária. "Apesar do fundamento ter sido na Lei Maria da Penha, creio que
seja mais de fundo constitucional, baseado no direito à intimidade. Caberia até
mesmo um pedido de medida cautelar cível para evitar perturbação da ordem",
afirma o promotor.
Ele destaca que os homens vítimas de lesão corporal praticada pelas companheiras
no lar podem procurar seus direitos. "O que rege a punição, para homens e
mulheres, independentemente do sexo do agressor, é o Código Penal, com pena
prevista de três meses a três anos. A Lei Maria da Penha apenas trouxe as medidas
cautelares, ou seja, urgentes, para tirar a mulher da situação de risco, e também a
obrigatoriedade do processo penal", defende.
Constitucionalidade
Para Rúbia, na medida em que homens têm sido contemplados com a Lei Maria da
Penha, menos riscos corre a norma de ser declarada inconstitucional. Este ano, o
Supremo Tribunal Federal (STF) deve julgar a constitucionalidade da lei. Para
Fausto, essa questão está absolutamente pacífica entre os juristas. "Tenho
confiança de que o Supremo vai confirmar a plena constitucionalidade", afirma o
promotor. Segundo ele, a justificativa da ofensa à igualdade é um falso argumento.
"Na verdade, nunca houve igualdade. E para reverter todo o processo cultural que
coloca a mulher numa posição submissa ainda nos dias de hoje, veio a Lei Maria da
Penha deixar claro que a violência doméstica é crime, e não mais um problema de
âmbito familiar", defende.
Renata Mariz