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FACULDADE DE DIREITO

SANTO ANDRÉNOME DO
DEPARTAMENTO NOME DO
CURSO OU PROGRAMA

Giovanni Costa

Documento sem título

Monografia/Dissertação/Tese

S 2023
Sumário

1 Introdução................................................................................................3
2 História da Lei Maria da Penha (Lei N°11.340/2006)..............................................3
2.1 Principais inovações da Lei Maria da Penha......................................................4
3 A hipossuficiência na lei maria da penha............................................................5
4 Crítica às medidas protetivas.........................................................................5
5 Mulheres Públicas E Sua Influência Na Divulgação da Lei Maria da Penha.....................6
5.1 Luiza Brunet...........................................................................................6
5.2 Luana Piovanni........................................................................................7
6 Conclusão.................................................................................................8
Referências....................................................................................................9
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1 Introdução

A lei Maria da Penha é uma Lei que vigora em território nacional Brasileiro
desde 2006, leva o nome de sua idealizadora, Maria da Penha Maia Fernandes, a lei
pretende punir agressores de mulheres da maneira cabível.
Este artigo contém recortes de pesquisas e notícias que permitem exemplificar
casos de aplicação da Lei, a fim de apresentar ao leitor a recorrência com qual casos
ligados a este assunto ocorrem em nossa sociedade brasileira contemporânea.

2 História da Lei Maria da Penha (Lei N°11.340/2006)

A criação da lei intitulada “Lei maria da Penha” foi um marco importante no código
penal brasileiro, ganhou o nome de sua idealizadora, Maria da Penha Maia Fernandes, que
lutou incansavelmente por anos, pela sua causa e pela de tantas outras mulheres, até que
logrou então êxito.
Maria é farmacêutica bioquímica pela Universidade Federal do Ceará com Mestrado
em Parasitologia pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo
(USP), local onde conhecera seu Ex. Marido, e Agressor, o colombiano Marco Antônio
Heredia Viveros, que, após casar-se com Maria e se naturalizar brasileiro, mudou seu
comportamento, tornando-se intolerante e agressivo com a esposa e com seus próprios
filhos.
[. . . ]Uma noite, ainda no período do meu resguardo, essa mesma criança, que
na época tinha um ano e oito meses de idade acordou chorando, com uma forte
infecção intestinal e foi severamente agredida pelo próprio pai que, irritado
com a filha, suspendeu e jogou ao chão o berço onde ela se encontrava, com
brutal violência. Depois lhe aplicou duas palmadas com tamanha força que deixou
marcas nas coxas da pobre criança. Para não agravar a tensão do momento,
minha única reação foi a de tremular aflita, acudir a minha filha e tentar evitar
que ela chorasse. (FERNANDES, Maria da Penha Maia. 2012. p. 21).

O ambiente de agressividade era constante, como relatou diversas vezes em sua


autobiografia. Entretanto, Maria ainda possuía dentro de si o sentimento de esperança de
que Marco melhorasse seu comportamento. “No íntimo, eu desejava ardentemente que
tudo voltasse a ser como antes, quando reinava a paz nossa convivência.” (PENHA, 2012)
No dia 29 de abril de 1983, Maria da Penha foi atingida por um projétil de arma
de fogo, enquanto dormia, deixando-a paraplégica. Após quatro meses hospitalizada
voltou para casa, mantida em cárcere privado, além de quase ser eletrocutada na hora do
banho por um chuveiro modificado, propositalmente. Depois foi constatado pela Polícia
que o autor dos disparos foi seu marido Marco Antônio, desmascarando a versão
contada por ele, de que o ocorrido fora uma tentativa de assalto. (SEIXAS; DIAS, 2013)
É possível notar apenas nestes pequenos relatos a realidade de muitas mulheres
no mundo todo, para Maria, justiça foi feita 19 anos depois, faltando 6 meses para que
prescrevessem os crimes, mediante pressão de instituições internacionais contra Brasil
, no Comitê Interamericano de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados
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Americanos (OEA), alegando “a clara discriminação contra as mulheres agredidas, pela
ineficácia dos sistemas judiciais brasileiros e sua inadequada aplicação dos preceitos
nacionais e internacionais” (SEIXAS; DIAS, 2013)
Com a finalizada de fazer valer os tratados assinados pelo Brasil, foi criado um
projeto de lei, que por unanimidade foi aprovado e finalmente em 7 de agosto de 2006, ser
sancionado como Lei Federal n°11.340, batizada de Lei Maria da Penha.

2.1 Principais inovações da Lei Maria da Penha

Conforme o site Oficial Conselho Nacional de Justiça (2023):


Os mecanismos da Lei:
•Tipifica e define a violência doméstica e familiar contra a mulher.
•Estabelece as formas da violência doméstica contra a mulher como física, psico-
lógica, sexual, patrimonial e moral.
•Determina que a violência doméstica contra a mulher independe de sua orienta-
ção sexual.
•Determina que a mulher somente poderá renunciar à denúncia perante o juiz.
• Ficam proibidas as penas pecuniárias (pagamento de multas ou cestas básicas).
• Retira dos juizados especiais criminais (Lei n. 9.099/95) a competência para
julgar os crimes de violência doméstica contra a mulher.
•Altera o Código de Processo Penal para possibilitar ao juiz a decretação da prisão
preventiva quando houver riscos à integridade física ou psicológica da mulher.
•Altera a lei de execuções penais para permitir ao juiz que determine o compareci-
mento obrigatório do agressor a programas de recuperação e reeducação.
• Determina a criação de juizados especiais de violência doméstica e familiar
contra a mulher com competência cível e criminal para abranger as questões
de família decorrentes da violência contra a mulher.
•Caso a violência doméstica seja cometida contra mulher com deficiência, a pena
será aumentada em um terço.
A autoridade policial:
• A lei prevê um capítulo específico para o atendimento pela autoridade
policial para os casos de violência doméstica contra a mulher.
•Permite prender o agressor em flagrante sempre que houver qualquer das formas
de violência doméstica contra a mulher.
• À autoridade policial compete registrar o boletim de ocorrência e instaurar o
inquérito policial (composto pelos depoimentos da vítima, do agressor, das tes-
temunhas e de provas documentais e periciais), bem como remeter o inquérito
policial ao Ministério Público.
•Pode requerer ao juiz, em quarenta e oito horas, que sejam concedidas diversas
medidas protetivas de urgência para a mulher em situação de violência.
•Solicita ao juiz a decretação da prisão preventiva.
O processo judicial:
• O juiz poderá conceder, no prazo de quarenta e oito horas, medidas
protetivas de urgência (suspensão do porte de armas do agressor, afastamento
do agressor do lar, distanciamento da vítima, dentre outras), dependendo da
situação.
•O juiz do juizado de violência doméstica e familiar contra a mulher terá
competên- cia para apreciar o crime e os casos que envolverem questões de
família (pensão, separação, guarda de filhos etc.).
•O Ministério Público apresentará denúncia ao juiz e poderá propor penas de três
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meses a três anos de detenção, cabendo ao juiz a decisão e a sentença final.

3 A hipossuficiência na lei maria da penha.

A hipossuficiência é um conceito jurídico que se refere à situação de


vulnerabilidade ou fragilidade econômica de uma pessoa, que pode comprometer o
acesso à justiça e o exercício pleno de seus direitos. Na Lei Maria da Penha, a
hipossuficiência é reconhecida como um fator agravante da violência contra a mulher.
Isso significa que, nos casos em que a mulher vítima de violência é hipossuficiente,
ou seja, está em uma situação de vulnerabilidade econômica, o agressor pode receber uma
pena maior, conforme previsto na lei. Além disso, a lei também prevê a assistência jurídica
gratuita às mulheres hipossuficientes, garantindo o acesso à justiça e a proteção de
seus direitos.
A assistência jurídica gratuita às mulheres hipossuficientes pode ser requerida
nos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, nos Núcleos de
Atendimento à Mulher e nas Defensorias Públicas. A lei também prevê a possibilidade
de os custos do processo serem arcados pelo Estado, caso a mulher não tenha
condições financeiras para arcar com eles.
Além disso, a Lei Maria da Penha prevê a possibilidade de a vítima solicitar medidas
protetivas de urgência, mesmo sem a necessidade de um advogado. Essas medidas são
importantes para garantir a segurança da vítima e podem incluir o afastamento do agressor
do lar, a proibição de sua aproximação da vítima e o uso de dispositivos eletrônicos de
monitoramento.
Dessa forma, a Lei Maria da Penha busca garantir que as mulheres em situação
de hipossuficiência não sejam prejudicadas no acesso à justiça e na proteção de seus
direitos. Dessa forma, a hipossuficiência não é um obstáculo para que as mulheres
em situação de violência tenham acesso à justiça e à proteção previstas na Lei Maria da
Penha. O Estado deve garantir a efetivação desses direitos, para garantir a igualdade de
acesso à justiça e a promoção da proteção integral dos direitos das mulheres. (AGÊNCIA
CÂMARA
DE NOTÍCIAS, 20/11/2022)

4 Crítica às medidas protetivas.

As medidas protetivas são uma ferramenta importante para a proteção de vítimas


de violência doméstica, porém, elas também têm sido alvo de críticas em diversos
aspectos.
Uma das principais críticas à medida protetora é a sua evolução. Muitas vezes,
a simples emissão de uma medida protetora não é suficiente para impedir que a
violência continue ocorrendo. É que os agressores descumprem essas medidas, o que
muitas vezes não resulta em consequências comuns para eles. Além disso, muitas
vezes as vítimas não se sentiram seguras o suficiente para denunciar o
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descumprimento dessas medidas.
Outro problema das medidas protetivas, é que elas podem ser utilizadas para
punição ao agressor, mas não necessariamente como uma ferramenta de prevenção da
violência. Isso porque elas muitas vezes são privadas após o fato, ou seja, após a
violência já ter ocorrido. É importante que as medidas protetivas sejam seguidas por
medidas preventivas que ajudem a evitar que a violência volte a acontecer.
Além disso, as medidas protetivas podem ser prejudiciais às vítimas em alguns
casos. Em situações em que o agressor é o provedor financeiro da família, por
exemplo, a medida protetora pode deixar a vítima em uma situação financeira precária.
Também é comum que as medidas protetivas imponham restrições à vítima, como a
aguardar de se aproximar de certos locais ou pessoas, o que pode limitar a sua
liberdade.
Por fim, a emissão de medidas protetivas muitas vezes não é acompanhada por um
atendimento psicológico adequado para as vítimas, o que pode deixá-las desamparadas
emocionalmente. É importante que as vítimas recebam todo o suporte necessário para
lidar com as consequências da violência sofrida.
Em resumo, as medidas protetivas são uma importante ferramenta de proteção
às vítimas de violência doméstica, mas é preciso que sejam acompanhadas por outras
medidas que garantam a sua passagem e evitem que prejudiquem as vítimas. É
importante, que sejam oferecidos atendimento psicológico e outras formas de suporte às
vítimas para que elas possam se recuperar emocionalmente.
A previsão de medidas protetivas de urgência na lei 11.340, de 7 de agosto de 2006,
é apontada como um dos maiores avanços no combate à violência doméstica e familiar
contra a mulher no Brasil.
Afastamento do agressor do lar, proibição de contato e aproximação com a vítima,
suspensão de visitas aos dependentes e prestação de alimentos provisionais são exemplos
das disposições trazidas nos artigos 22, 23 e 24 da referida lei. (PEREIRA, 2016)

5 Mulheres Públicas E Sua Influência Na Divulgação da Lei Maria


da Penha

Como grande fator de divulgação para a Lei Maria da Penha, encontramos


diversos casos envolvendo celebridades que passaram por situações de agressão e violência
enqua- drados nesta lei. A repercussão de casos com mulheres públicas ajuda a
promover a Lei Maria da Penha e incentiva mulheres de todo país a procurarem
medidas que as protejam em situações de risco.
Dentre os casos de maior destaque, podemos citar o da modelo Luiza Brunet, da
atriz e da modelo Luana Piovanni, os quais abordaremos abaixo. Além destes, outros
casos como o da cantora Joelma Mendes, conhecida por ter feito parte da banda paraense
Calypso, e seu ex-marido e parceiro de banda Cledivan Farias (pupolarmente
conhecido como Chimbinha) e as acusações da influenciadora digital Duda Reis contra o
cantor Leno Gomes (mais conhecido como Nego do Borel) também causaram comoção
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popular e trouxeram a Lei Maria da Penha mais uma vez aos holofotes.

5.1 Luiza Brunet

Em 1º de julho de 2016 a atriz veio a público realizando a denúncia de agressão


contra seu ex-marido Lirio Parissoto. Luiza revelou ter sido espancada por Parissoto
em maio do mesmo ano, enquanto o casal viajava em Nova York. A modelo revelou ao
programa de rede nacional da emissora TV Globo que teve medo e vergonha de
denunciar. Além do relato sobre a agressão, Luiza enviou para a promotoria exames onde
havia a comprovação que as agressões resultaram em quatro costelas quebradas,
machucados nas pernas e hematomas pelo rosto.
Em 2019, Parissoto foi condenado a dois anos sob vigilância e a cumprir serviços
comunitários durante doze meses. (G1, 2019)

5.2 Luana Piovanni

Em 2008 a atriz e modelo Luana Piovanni e seu então namorado também ator e
modelo Dado Dollabela se envolveram em uma discussão em uma boate na cidade do
Rio de Janeiro, durante a briga Dado agrediu Luana e derrubou no chão uma camareira
que a acompanhava.
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro na época afastou a aplicação da Lei
Maria da Penha para a situação, com a alegação de que Luana não poderia ser
considerada uma mulher em situação de vulnerabilidade ou hipossuficiente. O TJRJ ainda
alegava que Luana não possuía uma relação estável com Dado. O STJ no entanto
derrubou esta decisão, considerando que a lei vale para toda e qualquer mulher,
independente de classe social.
Dado Dollabela, foi condenado a nove meses de prisão em 2014, quando a de-
cisão da justiça saiu o crime já havia prescrito e o agressor não precisou cumprir pena.
(EXTRA.GLOBO.COM,2014).

6 Conclusão

A vulnerabilidade da mulher é um tema complexo e abundante que pode ser


abordado de diversas formas, dependendo do contexto em que se está se discutindo.
Em geral, a vulnerabilidade feminina está relacionada à desigualdade de gênero e à
discriminação histórica e cultural enfrentada pelas mulheres em diferentes esferas da
vida, épocas, culturas e sistemas.
Por si só as mulheres já são consideradas mais vulneráveis, pelo fator biológico,
mesmo ao longo da história as mulheres sofrem diversos tipos de agressões, físicas,
psicológicas, morais, etc. É uma luta diária pela busca do reconhecimento e respeito
da sociedade, de mostrar ser tão capaz e tão importante quanto o sexo oposto, porém,
a maior luta é pela vida, pela sobrevivência, sem medo de ser rebaixada, diminuída e
principalmente agredida, tanto física, psicológica, verbal e moralmente.
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É importante reconhecer e combater as desigualdades de gênero que geram a
vul- nerabilidade feminina. Isso inclui o fortalecimento da legislação e das políticas
públicas que protegem os direitos das mulheres, bem como a promoção da igualdade de
oportunidades e a conscientização sobre os direitos das mulheres.
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Referências

AGÊNCIA CÂMARA DE NOTÍCIAS. Dependência econômica é fator de vulnerabilidade


da mulher à violência, alertam especialistas Fonte: Agência Câmara de
Notícias. 20/11/2022. Artigo Online. Disponível em:
https://www:camara:leg:br/noticias/923159- dependencia-economica-e-fator-de-
vulnerabilidade-da-mulher-a-violencia-alertam- especialistas. Acesso em:
08/05/2023.

EXTRA.GLOBO.COM. STJ mantém Dado Dollabela enquadrado em Lei Maria


da Penha por agressão à atriz Luana Piovani. 2014. Notícia. Disponível em:
https://extra:globo:com/casos-de-policia/stj-mantem-dado-dollabela-enquadrado-em-lei-
maria-da-penha-por-agressao-atriz-luana-piovani-12066908 :html. Acesso em: 07/05/2023.

G1. TJ mantém condenação do empresário Lírio Parisotto por agressão a


Luiza Brunet, diz advogado. G1 SP, São Paulo., fevereiro 2019. Disponível em:
https://g1:globo:com/sp/sao-paulo/noticia/2019/02/14/tj-mantem-condenacao-do-
empresario-lirio-parisotto-por-agressao-a-luiza-brunet-diz-advogado:ghtml. Acesso em:
07/05/2023.

PENHA, M. da. Sobrevivi posso contar. 2. ed. Fortaleza: Armazém da Cultura, 2012.

PEREIRA, L. Rupturas e recomeços: percepções de mulheres sobre medidas


protetivas de urgência da Lei Maria da Penha na cidade de São Gabriel - BA. 2016.
Artigo Online. Disponível em: www:IBDFAM:org:br. Acesso em: 08/05/2023.

SEIXAS, M. R. D.; DIAS, M. L. Violência Doméstica e a Cultura da Paz. São Paulo:


Grupo GEN, 2013. Disponível em: https://integrada:minhabiblioteca:com:br/#/books/978-
85-412- 0296-1/. Acesso em: 01/05/2023.

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