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Rede de Ensino Doctum – Unidade Centro

Trabalho de conclusão de curso II

A LEI MARIA DA PENHA E SEUS MARCOS TEÓRICOS: UMA ANÁLISE


MULTIDISCIPLINAR SOBRE A VIOLÊNCIA DE GÊNERO NO BRASIL

Ana Carolina Corrêa da Fonseca1


Gizele Corrêa da Fonseca2
João Paulo Sell Avezani³
RESUMO

Promulgada em 2006, a Lei Maria da Penha tem como objetivo prevenir, coibir e punir a
violência doméstica e familiar contra as mulheres, além de garantir a proteção e os
direitos das vítimas. Desde então, a Lei Maria da Penha tem sido uma importante
ferramenta para garantir a segurança e a justiça para as mulheres brasileiras que sofrem
violência doméstica. Neste contexto, é fundamental entender o que prevê a lei, seus
objetivos, desafios e conflitos com leis já existentes, como por exemplo, aplicação das
escusas absolutórias aos casos de violência patrimonial previstos na Lei Maria da Penha.
Portanto, o objetivo desse trabalho é um entendimento breve, através de pesquisa
bibliográficas, de conceitos e aplicações das imunidades ou escusas relativas e absolutas
previstas nos artigos 181 e 182 do Direito Penal brasileiro em paralelo com o
entendimento da Lei Maria da Penha, com ênfase em violência patrimonial, citada na lei
de número 11.340/2006.

Palavras-chave: escusas absolutórias. violência patrimonial. lei Maria da penha.

1
Bacharelanda, Direito e faculdade Doctum Juiz de Fora
2
Bacharelanda, Direito e faculdade Doctum Juiz de Fora
³ Bacharelando, Direito e faculdade Doctum Juiz de Fora
1. INTRODUÇÃO

A Lei 11.340/2006, mais conhecida como “Lei Maria da Penha” é uma das
legislações mais notórias no Brasil no que diz respeito ao combate à casos de violência
doméstica que ocorrem dentro do âmbito familiar. A criação da lei que protege as
mulheres, criada em 2006, foi motivada pela luta de Maria da Penha, que viveu anos
sofrendo violência doméstica do seu Cônjuge e sobreviveu a duas tentativas de homicídio
de seu ex companheiro. Desde a sua promulgação, a Lei é trabalhada de forma que possa
punir e inibir casos de violência domésticas no âmbito familiar, dando maior acolhimento
e segurança possível a vítimas que se encontram no mesmo cenário que Maria da Penha
já pertenceu.
O texto legal da Lei 11.340/2006 foi amplamente discutindo após a entrega de
proposta de ONG’s e, teve como aprovação unanime no Congresso Nacional. Portanto,
até a data de dissertação desse trabalho, é considerado como violência doméstica nos altos
do art 7º, capítulo ll e incisos l, ll, lll, lV e V. São eles:

l – violência física: é interpretado como tal, qualquer ato que fere a integridade física e da saúde de
uma mulher.
ll – violência psicológica: interpretada como violência psicológica, condutas que causam danos
emocionais, como, diminuição de autoestima; atos prejudiciais ao desenvolvimento pessoal da
mulher e por fim, condutas que visam desestabilizar e controlar as crenças, ações, decisões e forma
de se comportar perante a sociedade.
lll - violência sexual: atos através de ameaças, uso da força e coação que tem como objetivo
constranger uma mulher a manter, presenciar e manter relação sexual não consensual.
lv – violência patrimonial: pode ser entendida como qualquer ato que configure retenção, subtração
e destruição de documentos, materiais de trabalho, bens e recursos financeiros, destinados as
necessidades pessoais da mulher.
v – violência moral: conduta do indivíduo que represente calúnia, difamação e injúria.

Visto isso, assim como no inciso lV da Lei 11.340/200º, a violência patrimonial é


tratada também no título ll da parte especial do código penal código penal, que discorre
de “Crimes contra o patrimônio”, entendidos como furtos, apropriação indébita, roubos e
extorsões. O código penal ainda traz normas que são denominadas escusas absolutórias.
Portanto, provavelmente poderá surgir conflitos entre ambos os textos que são
mencionados violência patrimonial, visto que o Código Penal trás que será isento de pena
aquele que cometer o crime patrimonial em prejuízo de: a) cônjuge, na constância da
sociedade conjugal; ou contra b) ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo
ou ilegítimo, seja civil ou natural, desde que não sejam cometidos mediante violência ou
grave ameaça à pessoa. Tem-se aqui as hipóteses de imunidades absolutas.
Dessa forma identifica-se que, por um lado, a Lei Maria da Penha cita como crime
patrimonial contra mulher e determina a punição para tal crime cometido do âmbito
familiar, entretanto, por outro, o Código Penal disserta outras conjecturas em que esses
crimes poderiam passar como impunes, visto as escusas absolutórias. A questão problema
desse trabalho é entender em qual Lei se aplica em casos de tal violência.

2. ANÁLISE E COMENTÁRIO DO CONTEÚDO

O site do G1 publicou em 22/07/2023 uma entrevista, sobre os casos de denúncias


de mulheres vítimas de violência doméstica no campo em 2022. A entrevista traz um
gráfico mostrando o número de denúncias em cada região do país, onde Pernambuco
registra o maior número de casos. Apesar de ser um número grande, infelizmente não
podemos afirmar que todos os casos são registrados como deveriam ser de fato. No que
tange a esses registros nos deparamos com as seguintes questões: primeiro o medo da
mulher em realizar a denúncia e segundo a forma como são registradas essas denúncias
em alguns Estados o boletim de ocorrência não especifica que o crime ocorreu em área
rural.
A dependência financeira pode gerar abusos e agressões, a maioria dos homens
acreditam ter poder no que diz respeito aos bens do casal, já que a mulher estagna sua
vida para cuidar da casa e dos filhos. Em virtude disso, as vítimas são amparadas de
acordo com tais fatos e interpretação da Jurisprudência, onde se encontram vários tipos
de violência e então o agressor sofrerá a pena do crime cometido. Vale ressaltar que o
pretexto de proteção da vítima não indefere negar os direitos fundamentais autor do delito,
o que por sua vez feriria o princípio da legalidade.

3. CONCLUSÃO
Ao longo das pesquisas literárias, entende-se que dado momento do que se trata de
violência patrimonial citada na Lei Maria da Penha e as escusas absolutórias, entram em
conflito e, portanto, por diversas vezes cabe a jurisprudência interpretar cada caso e
aplicar a sanção de acordo com Lei devida.
Vale ressaltar que embora haja conflitos entre Leis do Código Penal e que
eventualmente, a jurisprudência decida por escusas absolutórias em determinados casos,
as mulheres não estão desamparadas pelo ordenamento jurídico podendo procurar seus
direitos no âmbito civil, além de solicitar medidas protetivas de urgência.
Sugere-se futuramente, novos trabalhos sobre o tema, que se encontra infinidades
de materiais analíticos e literários ricos em informações para uma visão mais ampla do
tema, materiais estes que não seria viável trazer no formato de um resumo expandido

REFERÊNCIAS

BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal. Volume 3. 3ª. Ed. São Paulo: Saraiva,
2006.
CAVALCANTE, Stela Valéria Soares. Violência Doméstica: Análise da Lei Maria da Penha, n.
11.340/2006. 3 ed. Salvador: JusPodivim, 2010.
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal: parte especial (artigos 121 a 361). 14. Ed.
NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 3ª. Ed. São Paulo: RT, 2003, p. 603.
PIERANGELI, José Henrique. Manual de Direito Penal Brasileiro – Parte Especial. São Paulo:
RT, 2005, p. 628. Ver ainda, no mesmo sentido, reconhecendo a imunidade para as uniões estáveis:
JESUS,
SALATI, Paula. SOUZA, Viviane. Violência doméstica no campo: isolamento, longas distâncias,
vergonha... o que impede mulheres de denunciar e receber atendimento. G1. Disponível em:
<https://g1.globo.com/google/amp/economia/agronegocios/noticia/2023/07/22/violencia-
domestica-no-campo-isolamento-longas-distancias-vergonha-o-que-impede-mulheres-de-
denunciar-e-receber-atendimento.ghtml > Acesso em: 15, novembro de 2023.

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