ÍNDICE DE FEMINCÍDIO NO BRASIL CALLINNE DA SILVA SANTOS Orientadora:
Palavras chaves: (In)eficácia. Lei. Maria da Penha. Feminicídio.
INTRODUÇÃO É sabido que a violência contra a mulher é tão comum e tão banalizada em meio a sociedade brasileira, que muitas acabam apresentando dificuldades para se reconhecer como vítima dessa violência. Entende- se que o rompimento desse silêncio é tardio devido a diversos fatores, dentre eles está a dificuldade da própria compreensão dela, mulher, como vítima, o temor de serem compreendidas, às vezes, por parte da própria Justiça. Foi com base nesse crescimento exacerbado da violência contra mulher, que o Poder Legislativo criou o Projeto de Lei nº 37/2006, cuja aprovação foi por unanimidade, tendo sido sancionado formalmente pela Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, a qual recebeu popularmente o nome de Lei Maria da Penha. JUSTIFICATIVA/PROBLEMÁTICA O estudo é de extrema importância porque é nesse diapasão que a presente pesquisa busca contribuir para a percepção dos dados e números de violência, bem como demonstrar que, embora o ordenamento jurídico possua leis que regulamentam, criminalizam essa conduta, os índices de violência e feminicídio continuam alarmantes. A tendência das mulheres ainda é suportar por um longo período dentro de casa, até que consigam pedir ajuda, e essa realidade não se estende tão somente ao Brasil, é uma realidade mundial. Com isso surge o questionamento: De que forma a Lei Maria da Penha busca cumprir o seu fim, tendo em vista o alto índice de feminicídio? OBJETIVO ✓ Geral Demonstrar fatores que dificultam a eficácia da aplicabilidade da Lei Maria da Penha.
✓ Específicos
a) Mostrar os impasses que reduzem a efetividade da Lei e a proteção de
mulheres vítimas de violência; b) Proporcionar uma breve reflexão sobre os tipos de violência até a chegada do feminicídio; c) Fazer um panorama sobre o cenário do crime de feminicídio, mostrando com dados, a importância da proteção as mulheres. METODOLOGIA O tipo de pesquisa realizado neste trabalho foi uma revisão de literatura, no qual foi realizada consulta a livros, dissertações e em artigos científicos selecionados através de busca nas seguintes bases de dados de livros, sites de banco de dados. Os principais autores, PASINATO, 2016; SARLET, 2014; SILVA, 2015, entre outros. Foram pesquisados trabalhos e artigos publicados nos últimos 10 anos. As palavras-chave utilizadas na busca foram: (In)eficácia. Lei. Maria da Penha. Feminicídio. 1º CAPÍTULO ✓ FEMINICIDÍO O feminicídio é a morte de uma mulher devido a uma doença feminina, geralmente motivada por raiva, prazer e/ou sentimento de posse e superioridade. Os dois últimos são o resultado de uma sociedade e cultura patriarcal onde a maioria dos homens se acha superior e tem poder sobre as mulheres. "Femicídio" ou "feminicídio" são termos usados para definir a morte violenta de mulheres por serem mulheres. Foi utilizado pela primeira vez em 1970, mas somente após a morte de muitas mulheres no México passou a ser amplamente utilizado, sendo este um dos motivos pelos quais o termo foi posteriormente reformulado e passou a ser “feminicídio” no mesmo país (PASINATO, 2016). Pode-se dizer que esses dois termos possuem uma essência comum, a desigualdade de gênero é causada pela violência contra a mulher e consequentemente sua morte. 1º CAPÍTULO Com a Lei do Feminicídio nº 13.104/2015, os homicídios contra mulheres com base apenas no gênero da vítima passaram a ser classificados como homicídio, com penas que variam de 12 a 30 anos. O objetivo dessa lei é trazer proteção e garantias às mulheres, pois o feminicídio é um crime que trata de matar mulheres apenas com base no gênero, ou seja, uma mulher é morta por ser mulher. Largade (2004 apud PASINATO, 2016) argumentou que o assassinato de mulheres é um crime de Estado, e que o Estado falha em fornecer segurança às mulheres em casa, no trabalho e no lazer, e em desempenhar suas funções com sucesso. É baseado na visão da desigualdade entre homens e mulheres, com o primeiro enganando-os fazendo-os acreditar que têm controle sobre os corpos das mulheres e usando isso para forçar as mulheres a usar a violência para satisfazer seus próprios desejos. 2º CAPÍTULO ✓ A LEI MARIA DA PENHA Lei nº 11.340/2006 - A Lei Maria da Penha é resultado das lutas do movimento feminista brasileiro. Neste capítulo, discutimos a lei de Maria da Penha. Primeiro, vamos discutir quem foi Maria da Penha Maia Fernandes e sua história. Posteriormente, foi abordado pelo surgimento da Lei nº 11.340 publicada em 2006, que trata da violência doméstica contra a mulher. E por fim, serão apresentadas as atualizações da lei Maria da Penha. Através das palestras, descobriu-se que muitas mulheres são entrevistadas minuciosamente e colocadas em situações constrangedoras, principalmente quando a denúncia não é sobre violência física (SOUZA, 2019, p. 36). Constatou-se também que um fator que influencia a ineficácia da lei é a falta de delegacias especializadas, principalmente em cidades do interior. É urgente unir as forças da sociedade e das autoridades competentes no combate à violência doméstica, promover discussões, campanhas e mecanismos de controle para implementar medidas protetivas, pois o descumprimento pode ocasionar a morte da mulher (CAMPOS, 2021). 2º CAPÍTULO Diante disso, a lei Maria da Penha, que entrou em vigor em 22 de setembro de 2006, veio como uma espécie de inovação para a proteção dos direitos da mulher, quando a figura feminina foi protegida e não teve medo de julgar o agressor (CAMPOS, 2021). Princípios são declarações abstratas que atuam como fundamento e dão razão e fundamento à lei. Eles também podem ser definidos como fundação, fundação e origem, que é o principal motivo pelo qual qualquer assunto é discutido. Eles podem desabar, mas pesam em um caso específico. Os direitos humanos, por outro lado, são uma conquista longa e muitas vezes dolorosa na jornada humana. Segundo Porto (2016, p. 35), “o problema atual dos direitos humanos não é sua justificação, mas sua proteção e implementação”. A dignidade humana e os direitos fundamentais são, portanto, interdependentes e correlativos tanto no direito público quanto no privado, onde o reconhecimento e a proteção da dignidade humana podem ser considerados um dos objetivos dos Estados democráticos. 2º CAPÍTULO Aqui foi estabelecida uma exceção à regra, que especificou que no caso de crime de espionagem, a prisão não é realizada e a fiança pode ser decidida por decisão judicial, podendo também ser decidida a saída do casamento (PORTO, 2021). Segundo Comparato (2017, p. 04), a dignidade humana compreende principalmente os campos da religião, filosofia e ciência. A religião nasceu da crença monoteísta, e a humanidade recebeu grandes contribuições dos povos da Bíblia. Segundo Sarlet (2014, p. 109), “o valor básico da dignidade humana foi explicitamente reconhecido nas constituições somente após a Segunda Guerra Mundial”. A violência doméstica contra a mulher é um exemplo concreto de violação dos direitos fundamentais, da dignidade humana e dos direitos humanos. Assim, a lei de Maria da Penha precisou ser adaptada aos acordos internacionais de proteção à mulher para garantir esses direitos. 3º CAPÍTULO ✓ A (IN)EFICÁCIA DA LEI MARIA DA PENHA
A abrangência penal da lei também tem sido questionada porque ela
involuntariamente, mas acaba colocando a mulher na posição de menor razoável, deita e ignora seu poder de decisão e seus próprios desejos. 57% dos brasileiros conhecem uma mulher que recebeu ameaças de morte de um atual ou ex-parceiro. 37% conhecem uma mulher que foi vítima de tentativa ou homicídio íntimo de mulher. Um total de 1.503 pessoas com 18 anos ou mais (1.001 mulheres e 502 homens) participaram da pesquisa online de 22 de setembro a 6 de outubro de 2021. A taxa de erro é de 2,5% pontos. Noventa e três por cento dos entrevistados concordam que as ameaças de morte são violência psicológica tão ou mais grave do que a violência física. A própria María da Peña, que deu nome à lei, disse anteriormente em entrevista ao Papo de Mae: “A violência psicológica pode ser pior do que um tapa na cara” (MPPR, 2021, p. 1). 3º CAPÍTULO Segundo a lei Maria da Penha, existem dois tipos de medidas protetivas: as que obrigam o agressor a não praticar determinados atos, e as que visam proteger a esposa e os filhos. Não faltaram ações para declarar a inconstitucionalidade da Lei Maria da Penha. É por isso que essa lei gerou debates acalorados sobre sua positividade em nosso ordenamento jurídico, porque a lei visa apenas mulheres. O Ministério de Estado tem o direito de atuar como parte e intervir em outros processos e tem um papel central, devendo o Ministério Público estar presente na audiência se a vítima estiver interessada em dispensar um representante. Além disso, o Ministério Público pode solicitar a prisão. Portanto, à luz desse debate, foi criada a última Lei nº 13.641/18, alterando dispositivos da Lei Maria da Penha - Lei 11.340/06 - e tipificando os crimes de descumprimento de medidas protetivas de urgência nos autos sobre violência doméstica. CONSIDERAÇÕES FINAIS A análise do estudo revelou que a lei Maria da Penha é uma lei híbrida. Isso porque contém um viés de precaução (a maioria dos dispositivos) e um viés punitivo inserido em sistemas críticos. Os sistemas jurídicos de combate à violência doméstica e os sistemas jurídicos de repressão à violência doméstica lidam com estratégias criminais. A invalidade da lei Maria da Penha é um tema que não deve ser deixado de lado no âmbito da justiça penal. Isso porque a lei é inútil a menos que produza um efeito. Apesar desse passo a passo de aumento das denúncias, muitos agressores continuam ilesos perante a justiça, pois muitas mulheres resistem ao medo de culpar seus parceiros. Nesse contexto, é muito importante ressaltar que muitas mulheres não comparecem às delegacias com base nos resultados. Agressões e humilhações que passaram com os invasores. Nesse sentido, cabe destacar que embora a violência doméstica tenha diminuído, ela ainda existe em números significativos e deve ser constantemente combatida. CONSIDERAÇÕES FINAIS Portanto, acredita que finalmente, ainda que exista muito o que se possa abordar sobre a questão levantada, o atual projeto logrou êxito ao conseguir apresentar as leis 11.340/06 e 13.104/15 e, através da análise de diferentes doutrinas sobre o posicionamento dos tribunais. De modo geral, a aplicação da Lei Maria da Penha conjuntamente à Justiça Restaurativa visa tratar dos envolvidos num conflito de âmbito doméstico e familiar, empoderando a vítima, conscientizando-a de que essa realidade de violência precisa parar. E, ao agressor, à oportunidade de enxergar que o seu ato é errôneo, covarde e cruel, que o assuma, pague por este erro e, principalmente, não o pratique novamente, e que os efeitos desse processo restaurativo sejam permanentes. Considera que Ineficácia essa que se demonstrou pela evidenciada ausência de uma estrutura suficientemente capaz de garantir a segurança da mulher, desde que, em iminente risco ou, que já tenha sofrido algum ato de violência doméstica. Referências CAMPOS, Carmen Hein de (Org). Lei Maria da Penha: comentada em uma perspectiva jurídico-feminina, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2021. COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos. 5. ed. revisada e ampliada. São Paulo: Saraiva, 2017. MPPR. Campanha reforça atuação no combate à violência contra a mulher, 2021. Disponível em:https://mppr.mp.br/2021/11/24116,10/Campanha-reforca atuacao-no-combate-a-violencia-contra-ae. Acesso em: 15 mar. 2023. PASINATO, W. coordenador. Diretrizes nacionais Feminicídio. Investigar, processar e julgar com a perspectiva de gênero. As mortes violentas de mulheres. Brasília: (sn), abr. 2016. PORTO, Céli Regina Jardim. Uma história do Feminismo no Brasil. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2021. PORTO, Pedro Rui da Fontoura. Direitos fundamentais sociais: considerações acerca da legitimidade política e processual do Ministério Público e do sistema de justiça para sua tutela. Porto Alegre: Liv. do Advogado, 2016. SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. 4. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2014. SOUZA, Sérgio Ricardo de. Comentários à Lei de Combate à violência contra a mulher. Curitiba: Juruá, 2019. OBRIGADA!
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