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As diferenças sócio-jurídicas

entre a lei Maria da Penha e


a lei do Feminicídio
Sabrina Rodrigues Marques
Mestra em História PPGH/UFMS
 Objetivo da oficina é apresentar as diferenças sócio jurídicas entre a lei
Maria da Penha e a lei do Feminicídio.

 No Brasil, uma em cada cinco mulheres brasileiras, já sofreu algum tipo


de violência física, verbal, psicológica e emocional. Segundo Veloso
(2015), a Lei Maria da Penha (11.340/2006) não contribuiu muito para a
diminuição dos homicídios de mulheres em um contexto de gênero.

 Dados levantados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), por meio da


Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad/IBGE) - Mapa da
Violência, demonstram que no primeiro ano de sua vigência ocorreu um
decréscimo nas taxas de homicídio (2006), porém nos anos subsequentes
essas taxas voltaram a aumentar.
 A Lei Maria da Penha 11.340/2006 represnta violências contra o gênero
feminino. Na época de sua criação, a lei Maria da Penha teve como
objetivo trazer um “endurecimento” na legislação brasileira, a fim de que
as violências contra as mulheres não permanecessem mais impune.

 A Lei Maria da Penha trata tanto da punição da violência, quanto das


medidas de proteção à integridade física e dos direitos das mulheres.
 A Lei Maria da Penha 11.340/2006, segundo a câmara dos deputados foi
um Projeto de Lei amplamente discutido dentro da Câmara dos
Deputados. (...) É uma Lei que visa proteger a mulher das agressões, no
âmbito familiar, e acabasse com a impunidade. Essa lei conforme o
registro das audiências públicas foi batizado de Lei Maria da Penha, em
homenagem à farmacêutica cearense Maria da Penha Maia Fernandes,
que em 1983 recebeu um tiro do marido, enquanto dormia. Dessa agressão
Maria da Penha perdeu os movimentos das pernas e passou a viver numa
cadeira de rodas – paraplégica.
 O marido não parou por aí – mais uma vez atentou contra a vida da
mulher, por eletrocussão. Maria da Penha buscou ajuda e saiu de casa
juntamente com as filhas. Num périplo em busca de justiça, Maria da
Penha conseguiu ver o marido punido 19 anos depois com uma
condenação de 10 anos de prisão. Ele ficou preso apenas por dois anos em
regime fechado. Maria da Penha tornou-se símbolo de luta.
 A lei do feminicídio 13.104/2015 no Brasil foi sancionada em março de 2015
pela Presidente da República Dilma Rousseff. No país a lei tornou-se um
ato oficial e de grande relevância para a luta a igualdade de gênero e de
crimes baseados em violência contra a mulher.

 O feminicídio, são mortes violentas de mulheres em razão de gênero, ou


seja, que tenham sido motivadas por sua “condição” de mulher”.
 A Lei do feminicídio Nº 13.104/2015 de 9 de março de 2015, foi criada como
mecanismo para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher.

 O feminicídio surge como uma modalidade de homicídio qualificado, que


ocorre quando uma mulher vem a ser vítima de homicídio simplesmente
por razões de sua condição de sexo feminino.

 Dentro da legislação brasileira o feminicídio possui tipos possíveis: “A


doutrina costuma dividir o feminicídio em íntimo, não íntimo e por
conexão.
 Por feminicídio íntimo entende aquele cometido por homens com os
quais a vítima tem ou teve uma relação íntima, familiar, de convivência
ou afins. O feminicídio não íntimo é aquele cometido por homens com os
quais a vítima não tinha relações íntimas, familiares ou de convivência.

 O feminicídio por conexão é aquele em que uma mulher é assassinada


porque se encontrava na “linha de tiro” de um homem que tentava
matar outra mulher, o que pode acontecer na aberratio ictus”.
 Devemos observar, entretanto, que não é pelo fato de uma mulher
figurar como sujeito passivo do delito tipificado no art. 121 do Código
Penal que já estará caracterizado o delito qualificado, ou seja, o
feminicídio. Para que reste configurada a qualificadora, nos termos do
§2-A, do art. 121 do diploma repressivo, o crime deverá ser praticado por
razões de condição de sexo feminino, que efetivamente ocorrerá quando
envolver: I – violência doméstica e familiar; II – menosprezo ou
discriminação à condição de mulher.
• Ou seja, os crimes contra mulheres só é qualificado como homicídio
quando a justiça determinar o crime por razões da condição do sexo
feminino, que efetivamente envolva violência doméstica e familiar,
menosprezo ou discriminação à condição de mulher.

• As diferenças sócio jurídicas entre as leis, é que com a criação da lei do


feminicídio, os crimes contra mulheres passam a ser julgado não apenas
com medidas protetivas e reparação a vítima, mas também como
homicídio qualificado.

• O chamado feminicídio, que ocorre quando uma mulher vem a ser


vítima de homicídio simplesmente por razões de sua condição de sexo
feminino.
Referências Bibliográficas

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https://jus.com.br/artigos/38048/feminicidio-o-outro-lado-de-uma-mesma-moeda. Acessado em: 17/03/2018.

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