Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo
1ROMIO, Jackeline Aparecida. "Femicídio cresce entre mulheres negras e indígenas". Disponível
em:<https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/radio/materias/RADIOAGENCIA/565165-
FEMINICIDIO-CRESCE-ENTRE-MULHERES-NEGRAS-E-INDIGENAS,-ALERTA-
PESQUISADORA.html>. Acesso em: 28 de maio de 2019.
Feminicídio qualificado e também explanaremos a respeito das medidas protetivas e
da visibilidade dos crimes de Feminicídio.
1. CONTEXTO HISTÓRICO: FEMICÍDIO VERSUS FEMINICÍDIO
Diana explicou que optou pela palavra fêmea e não mulher uma vez que o
femicídio é cometido também contra crianças e idosas. No Brasil, a palavra
“Feminicídio” começou a ser utilizada nos resultados da CPMI (Comissão Parlamentar
mista de Inquérito) da Violência contra a Mulher no ano de 2012.
Diana ressaltou:
>. 2 BRANDALISE, Camila. O que é Feminicídio? Entenda a definição do crime que mata mulheres.
Disponível em: < https://universa.uol.com.br/noticias/redacao/2018/08/21/o-que-e-feminicidio-entenda-
a-definicao-do-crime-que-mata-mulheres.htmAcesso em 20 de abril de 2019.
tipo de violência em algum momento de suas vidas. Em 2016, um terço
das mulheres no Brasil – 29% – relatou ter sofrido algum tipo de
violência. Delas, apenas 11% procuraram uma delegacia da mulher e
em 43% dos casos a agressão mais grave foi no domicílio3.
Há três classificações para o Feminicídio, são elas: íntimo, não íntimo e por
conexão. Podem ser definidos como: íntimo - quando o agente tem afeto, fraternidade
com a vítima, não íntimo - quando não há uma relação de afeto e fraternidade com a
vítima, por conexão - quando uma mulher tenta ajudar outra (vítima) e é morta no seu
lugar5.
Carla Fernanda de Marco redigiu um texto significativo a respeito da
Desigualdade de Gênero e a violência Contra a Mulher para a Revista dos Tribunais:
Apesar dessa reforma ter incluído o homicídio contra Mulheres dentro do rol de
Crimes Hediondos, o questionamento surge se a Lei atende às principais demandas
da sociedade brasileira. E a lei é efetiva e capaz de atender as expectativas de todas
as mulheres no Brasil? Respeitarão todas as classes, cores, raças e culturas ou só
apenas mais uma lei para compor o ordenamento jurídico?
6DE MARCO, Carla Fernanda, Revista Dos Tribunais 2011 - Proteção Internacional dos Direitos
Humanos, p.1111.
7Revista Bonijuris, pag. 6 Julho de 2015, Ano XXVII.
8Vade Mecum 2017 - Código Penal, art.121 - VI, p. 501, 502.
De acordo com o Mapa da Violência de 2015, o Brasil ocupa o 5º lugar no
ranking entre os 87 países que realizaram a pesquisa, como o país com o maior índice
de Homicídios Femininos 9.
No ano de 2018 ocorreram cerca de 4.254 homicídios dolosos contra mulheres,
desse total estima-se que 1.173 são Feminicídios (um número maior até em relação
ao ano anterior de 2017).
Os dados apresentaram que oito estados indicam uma elevação no número de
mulheres mortas, apenas por serem mulheres. Os estados do Acre e Roraima foram
apontados com maior quantidade de casos, no Acre em média de 3,2 a cada mil
habitantes e Roraima 110 casos a cada 100 mil habitantes10.
O Mapa da Violência de 2015 aponta que no Brasil a cada duas horas uma
mulher é morta e que mesmo antes da qualificadora Feminicídio ser inserida no rol de
Crime Hediondo, já existiam índices de Mulheres Brasileiras que foram assassinadas
entre os anos de 1980 e 2013. Um número estimado de 106.093 casos, sendo 4.762
desses apenas no ano de 2013.
A pesquisa denuncia a falta de competência do sistema de justiça no
julgamento de casos de violência, especificamente femininos, há também uma falta
de importância nesses casos onde o agressor encontra brechas e privilégios,
causados direta ou indiretamente pela lei, para cometer tais crimes até nos dias de
hoje. É mais que uma falta de estrutura Judiciária, é uma calamidade na Segurança
Pública.11
À Luz da Convenção Interamericana para prevenir, punir, e erradicar a violência
contra a mulher, De Marco aborda como o Sistema de Justiça e a Sociedade devem
se posicionar a respeito:
12DE MARCO, Carla Fernanda, Revista Dos Tribunais 2011 - Proteção Internacional dos Direitos
Humanos, p.1111.
13Vade Mecum 2017 -Lei N° 11.340/ 2006, p.1511.
14Veja mais em: <https://ibdfam.jusbrasil.com.br/noticias/2110644/para-onu-lei-maria-da-penha-e-uma-
Partindo desse pressuposto, nota-se que uma grande parte da sociedade tem
conhecimento da Lei Maria da Penha nº 11.340/2006, (aproximadamente 98% da
população), tendo em vista, que ela ganhou uma grande visibilidade após o seu
reconhecimento mundial, uma vez que o país não apresentava normativa específica
para enfrentar a violência de gênero, bem como não havia no sistema de justiça
delegacias, promotorias e varas especializadas no tema.
15Violênciacontra a mulher não é só física conheça 10 outros tipos de abuso. Disponível em:
<http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2015/12/violencia-contra-mulher-nao-e-so-fisica-
conheca-10-outros-tipos-de-abuso>. Acesso em: 21 de abril de 2019.
Uma grande parcela dessa mesma população desconhece a Lei do Feminicídio
e as condições agravantes que podem ser agregadas a ela. Muitos ainda consideram
que crimes de violência envolvendo figuras femininas são crimes de passionais,
crimes de ciúmes, crimes comuns ou apenas mais um desentendimento familiar 16.
Existe no imaginário da sociedade uma opinião de que a morte de uma mulher
por seu marido, companheiro, namorado ou “ficante”, “Só pode ter sido provocada por
ela mesma”, por vezes, é comum se ouvir frases como “ela é uma vagabunda”, “ela
deve ter traído ele”, “ela o provocou” culpabilizando a vítima, o que reforça, ainda mais,
o estereótipo que difama as mulheres. O feminicídio veio para expor que não existe
crime de amor e sim o crime de ódio.17
De acordo com Os Cadernos Jurídicos da Escola Paulista da Magistratura, é
possível ver os privilégios de uma sociedade que se estabeleceu em meio ao
patriarcado e que prorrogou até a atualidade, reflexos de poder aos homens em
detrimento dos direitos das mulheres como descreve Luiza Nagib Eluf:
169 fatos que você precisa saber sobre a Lei Maria da Penha. Disponível em:
<http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2015/10/9-fatos-que-voce-precisa-saber-sobre-a-lei-
maria-da-penha> Acesso em: 07 abril de 2019.
17FRÔ, Maria. Stop blaming the victim! Ver mais em: <https://www.geledes.org.br/stop-blaming-the-
Entretanto, esse comportamento violento cíclico pode ser explicado pelo Ciclo
da Violência:
Este ciclo caracteriza-se pela sua continuidade no tempo, isto é, pela sua
repetição sucessiva ao longo de meses ou anos, podendo ser cada vez
menores as fases da tensão e de apaziguamento e cada vez mais intensa a
fase do ataque violento.
22Disponível em:<https://www.revistaforum.com.br/nos-somos-o-primeiro-pais-do-mundo-em-
feminicidio-trans-alerta-psicologa-e-ativista-trans/>.Acesso em 28 de maio 2019.
Disponível em:<https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/radio/materias/RADIOAGENCIA/565165-
FEMINICIDIO-CRESCE-ENTRE-MULHERES-NEGRAS-E-INDIGENAS,-ALERTA-
PESQUISADORA.html>. Acesso em: 28 de maio de 2019.
23VCM: Violência Contra a Mulher
24Cadernos Jurídicos da Escola Paulista de Magistratura, Violência Doméstica, p. 148 e 149.
25Disponível em: Mapa da Violência; <https://dossies.agenciapatriciagalvao.org.br/dados-e-
fontes/pesquisa/mapa-da-violencia-2015-homicidio-de-mulheres-no-brasil-flacsoopas-omsonu-
mulheresspm-2015/>. Acesso em: 28 de maio de 2019.
são em maioria solteiras e tem uma maior dificuldade para conseguir um emprego,
tendo em vista os estudos realizados sobre a solidão da mulher negra26 e sobre os
baixos índices de educação com as pessoas de cor27, a esse parâmetro em relação
às mulheres brancas.
De acordo com o Mapa da Violência28, há uma diminuição de 9,8% dos
assassinatos, demonstrando que essa realidade está longe de ser um espelho, essas
mulheres têm medo de viver em uma realidade onde a violência é naturalizada e com
vestígios culturais do patriarcado.
em 18 de junho de 2019.
Apesar de o corpo físico ser do sexo masculino, o cérebro de uma pessoa trans
não aceita o sexo biológico, assim, destacando algo mal interpretado pela sociedade
e que não tem relação direta ou indiretamente ligada com a orientação sexual.
O gênero feminino decorre da liberdade de autodeterminação
individual, sendo apresentado socialmente pelo nome que adota,
pela forma como se comporta, se veste e se identifica como pessoa.
A alteração do registro de identidade ou a cirurgia de
transgenitalização são apenas opções disponíveis para que exerça
de forma plena e sem constrangimentos essa liberdade de escolha.
Não se trata de condicionantes para que seja considerada mulher.36
Entre janeiro de 2008 e abril de 2013, foram 486 mortes, quatro vezes
a mais que no México, segundo país com mais casos registrados. Em
2013, foram 121 casos de travestis e transexuais assassinados em
todo o Brasil. O transfeminícidio se caracteriza como uma política
disseminada, intencional e sistemática de eliminação da população
trans no Brasil, motivada pelo ódio e nojo. Qual a quantidade de
mortes é suficiente para chegar a esta conclusão? No Brasil não há
nenhuma fonte totalmente confiável. O que existe é um
acompanhamento, por algumas ONGs de ativistas LGBTT, de
matérias jornalísticas sobre as mortes de pessoas LGTT. Nestas
notícias, as pessoas trans são apresentadas com o nome masculino e
3. AVANÇOS OU RETROCESSOS.
Depois de um trauma, ficam algumas sequelas, isso não poderá ser descartado
(destacando o modo que a vítima é tratada em um processo, como se fosse apenas
um objeto, meio de prova). É necessário que se trabalhe para valorizar a essas vítimas
e a quem foi afetado, deve-se dedicar investimentos e melhorar o apoio psicológico
fornecido à essa mulher ou família.
CONCLUSÃO
Conclui-se através desse estudo que uma legislação ineficaz não irá amparar
os abusos e as violências que acometem as pessoas de gênero feminino,
pressupondo que a luta contra todos os tipos de violência deverá estar em pauta e ser
debatida não só dentro de ambientes políticos, mas também nas casas das famílias,
nas escolas e em outros círculos sociais, para que assim, essa violência que está
enraizada na sociedade seja sanada.
Embora esse objetivo seja algo ainda inalcançável, algumas medidas políticas
e de conscientização poderão abrandar os altos índices de violência. Não existe uma
solução rápida, mas sim uma solução que parta da reconstrução do que é a imagem
feminina, como Aristóteles expressou; "A educação tem raízes amargas, mas os seus
frutos são doces"49. Do mesmo modo, se uma melhoria na educação e um plano de
conscientização não forem suficientes, então que haja punição severa a quem tentar
macular a imagem, a saúde física e emocional ou tentar ceifar a vida da mulher.
ALEIXO, Isabela. Existe feminismo indígena? Seis mulheres dizem pelo que
lutam. Disponível em:<https://oglobo.globo.com/celina/existe-feminismo-indigena-
seis-mulheres-dizem-pelo-que-lutam-23619526>. Acesso em: 27 de maio de 2019.
FRÔ, Maria. Stop blaming the victim! Parem de culpar a vítima. Disponível em:
<https://www.geledes.org.br/stop-blaming-the-victim-parem-de-culpar-a-vitima/>
Acesso em 19 de abril de 2019.
LISBOA, Vinícius. Analfabetismo entre negras é duas vezes maior que entre
brancas, aponta IBGE. Disponível em:
<http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2014-10/embargada-para-sexta-feira-
denise-griesinger-4>. Acesso em 29 de maio de 2019.
LOPES, George. Lei Maria da Penha protege transexual que não realizou
cirurgia?. Disponível em:
<https://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI279860,51045Lei+Maria+da+Penha+pr
otege+transexual+que+nao+realizou+cirurgia+de>. Acesso em: 01 de maio de 2019.
MARIA, Kênia. Feminicídio cai entre mulheres brancas, mas cresce entre negras
e indígenas. Disponível em: <http://www.socialistamorena.com.br/feminicidio-cai-
entre-mulheres-brancas-mas-cresce-entre-negras-e-indigenas/>. Acesso em 01 de
maio de 2019.
OLIVEIRA, Guilherme. OLIVEIRA, Nelson. O que ainda falta para o brasil coibir o
feminicídio. Veja mais em:
<https://www12.senado.leg.br/noticias/infograficos/2018/03/o-que-ainda-falta-para-o-
brasil-coibir-o-feminicidio>. Acesso em 29 de maio de 2019.
OAB vai impedir agressores de mulheres de se tornarem advogados. Disponível em:
<https://veja.abril.com.br/brasil/oab-rejeitara-inscricao-de-acusados-de-violencia-
contra-mulheres/>. Acesso em: 29 de maio de 2019.
ROSA, Ana Beatriz. Por que a violência contra mulheres indígenas é tão difícil de
ser combatida no Brasil. Disponível em:
<https://www.huffpostbrasil.com/2016/11/25/por-que-a-violencia-contra-mulheres-
indigenas-e-tao-dificil-de-s_a_21700429/>. Acesso em 01 de maio de 2019.