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A Lei n. 13.

104/15, QUE TIPIFICOU O DELITO DE FEMINICÍDIO


COMO UMA FORMA QUALIFICADA DE HOMICÍDIO, ESTÁ SENDO
APTA A GARANTIR A PROTEÇÃO EFETIVA A TODOS OS TIPOS DE
MULHERES BRASILEIRAS?

Aluno: Thainá Roque da Silva


RA 415200417 - 8º A, noturno, Vergueiro
Orientador: Rafaela Caldeiras Gonçalves

Resumo

Por meio de pesquisa doutrinaria, a partir de livros, artigos, notícias de jornais


e entrevistas o presente trabalho debate as questões relativas ao Feminicídio e a
Violência Doméstica, dando ênfase à questão da diversidade de mulheres no Brasil e
a necessidade de uma Lei que atenda à demanda de cada uma respectivamente,
através do desenvolvimento histórico, legal e doutrinário.
Nesse artigo científico será abordada a violência contra as mulheres, se a lei
13.104/2015 tem a eficácia de proteger o gênero feminino em sua diversidade, os
dados sobre as mortes desiguais quando há também fatores como raça, classe e
cultura e se as medidas que estão sendo implantadas são eficazes ou não para coibir
o Feminicídio.
Para isso, tratamos da Lei n.13.104/15, que introduziu o Feminicídio como
forma de Homicídio qualificado, para, em seguida, abordarmos a questão da falta de
estruturas do Judiciário.

Palavras-Chave: Feminicídio. Violência Doméstica. Diversidade de Gênero


Introdução

Ao longo da História, as mulheres conquistaram com muito sacrifício alguns


direitos, deixaram de ser analfabetas, de depender de seus maridos, de serem apenas
do lar, ingressaram no mercado de trabalho e se tornaram independentes. Entretanto
essa introdução da mulher na sociedade, não a isentou da violência e tampouco da
descriminação por ser mulher, em que pese uma sociedade que tem como influência
cultural o machismo estrutural e o patriarcado. Além da questão do preconceito contra
o gênero feminino, soma-se o preconceito contra a cor ou raça, orientação sexual e a
classe social, um contexto na violência ainda muito comum.1
A metodologia empregada nesse artigo científico utilizará a abordagem
dedutiva mediante a pesquisa doutrinária, investigações científicas, reportagens,
artigos e matérias de jornais e revistas. Em questões de técnica, possui caráter
bibliográfico, pois tenta explicar um problema, utilizando o conhecimento disponível a
partir das teorias publicadas em cadernos jurídicos e obras congêneres. Nesse
sentido, a base do estudo será a partir de matérias, pesquisas científicas, reportagens
e artigos veiculados em jornais, revistas jurídicas e científicas, bem como em ambiente
virtual (internet).
Nessa atual sociedade percebe-se que cada vez mais mulheres são vítimas de
Feminicídio, visto que através dos meios de comunicação e das mídias sociais,
chegam ao nosso conhecimento que esse tipo específico de violência ainda é muito
banalizado.
O objetivo geral desse estudo é constatar e denunciar a falta de estrutura, o
descaso e a superficialidade do sistema de justiça em relação aos casos de violência
contra pessoas de gênero feminino, questionar a eficácia de uma lei que atenda a
todos os tipos de Mulheres Brasileiras, para que a sociedade seja mais participativa e
atenta às questões que envolvem essa violência.
Em seguida será elucidado a respeito da Lei n° 13.104/2015, pela qual os
homicídios de mulheres por questões de gênero, passaram a ser considerados como

1ROMIO, Jackeline Aparecida. "Femicídio cresce entre mulheres negras e indígenas". Disponível
em:<https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/radio/materias/RADIOAGENCIA/565165-
FEMINICIDIO-CRESCE-ENTRE-MULHERES-NEGRAS-E-INDIGENAS,-ALERTA-
PESQUISADORA.html>. Acesso em: 28 de maio de 2019.
Feminicídio qualificado e também explanaremos a respeito das medidas protetivas e
da visibilidade dos crimes de Feminicídio.
1. CONTEXTO HISTÓRICO: FEMICÍDIO VERSUS FEMINICÍDIO

A origem do termo Feminicídio advém da necessidade de definir os homicídios


cometidos contra as Mulheres. A palavra Feminicídio foi utilizada pela Socióloga Sul-
africana Diana Russel em um simpósio em Bruxelas no ano de 1976, Russel afirmou
ter criado o termo a partir da palavra fêmea:

Vinha da ideia de que a palavra homicídio tem um conceito geral e que


seria preciso criar uma definição específica para mulheres a partir da
palavra "fêmea". Homicídio de fêmeas virou, então, femicídio.2

Diana explicou que optou pela palavra fêmea e não mulher uma vez que o
femicídio é cometido também contra crianças e idosas. No Brasil, a palavra
“Feminicídio” começou a ser utilizada nos resultados da CPMI (Comissão Parlamentar
mista de Inquérito) da Violência contra a Mulher no ano de 2012.
Diana ressaltou:

Por aqui, a palavra apareceu pela primeira vez em âmbito legislativo


nos resultados da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) da
Violência contra a Mulher, de 2012. O relatório final da comissão
propôs o projeto de lei 292/2013, do Senado Federal, que alterava o
código penal para inserir o feminicídio como circunstância
qualificadora do crime de homicídio.

Quando uma mulher, criança, idosa, cisgênero ou transgênero é morta apenas


por sua condição de mulher, pode ser qualificado como Feminicídio. Porém, nem
sempre foi assim, tendo em vista o contexto histórico, a nova legislação que visa
proteger pessoas de gênero feminino foi sancionada tardiamente e ainda se mostra
superficial.
Carla Mereles, do Politize através de uma matéria sobre o panorama de
Feminicídio no Brasil descreveu:
Um terço dos homicídios de mulheres no mundo – 35% – é cometido
por seus companheiros, de acordo com a Organização Mundial da
Saúde, enquanto 5% dos assassinatos de homens são cometidos por
suas parceiras. A projeção da Organização das Nações Unidas é que
70% de todas as mulheres no mundo já sofreram ou irão sofrer algum

>. 2 BRANDALISE, Camila. O que é Feminicídio? Entenda a definição do crime que mata mulheres.
Disponível em: < https://universa.uol.com.br/noticias/redacao/2018/08/21/o-que-e-feminicidio-entenda-
a-definicao-do-crime-que-mata-mulheres.htmAcesso em 20 de abril de 2019.
tipo de violência em algum momento de suas vidas. Em 2016, um terço
das mulheres no Brasil – 29% – relatou ter sofrido algum tipo de
violência. Delas, apenas 11% procuraram uma delegacia da mulher e
em 43% dos casos a agressão mais grave foi no domicílio3.

O Feminicídio é um crime de ódio que foi criado para dar reconhecimento a


discriminações, macros e micros opressões, desigualdades e violências contra as
mulheres, muitas vezes resultando em suas mortes. Consoante o pensamento de
Eleonora Menicucci na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa
(CDH) em 2018:

"Essa forma de assassinato não constitui um evento isolado e nem


repentino ou inesperado; ao contrário, faz parte de um processo
contínuo de violências, cujas raízes misóginas caracterizam o uso de
violência extrema. Inclui uma vasta gama de abusos, desde verbais,
físicos e sexuais, como o estupro, e diversas formas de mutilação e de
barbárie.”4

Há três classificações para o Feminicídio, são elas: íntimo, não íntimo e por
conexão. Podem ser definidos como: íntimo - quando o agente tem afeto, fraternidade
com a vítima, não íntimo - quando não há uma relação de afeto e fraternidade com a
vítima, por conexão - quando uma mulher tenta ajudar outra (vítima) e é morta no seu
lugar5.
Carla Fernanda de Marco redigiu um texto significativo a respeito da
Desigualdade de Gênero e a violência Contra a Mulher para a Revista dos Tribunais:

Entende-se por violência contra a mulher “qualquer ação ou conduta”,


baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico,
sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como no
privado ao mesmo tempo em que elege a comunidade, os agentes do
Estado e qualquer sujeito convivente nas relações interpessoais como
sujeitos ativos dos atos de violência, demonstrando grande
sensibilidade social e observação cuidadosa dos fatos que ocorrem
com frequência nas relações sociais latino-americanas. Assim,
entende-se como violência também aquela que tenha ocorrido dentro
da família ou unidade doméstica ou em qualquer outra relação
interpessoal, em que o agressor conviva ou haja convivido no mesmo
domicílio, na comunidade e perpetrada por qualquer pessoa, na

3MERELES, Carla, do Politize. Disponível em: <https://guiadoestudante.abril.com.br/blog/atualidades-


vestibular/entenda-a-lei-do-feminicidio-e-por-que-e-importante/> Acesso em: 07 de abril de 2019.
4Ibid.
5MERELES, Carla, do Politize. Disponível
em:<https://rogeriogreco.jusbrasil.com.br/artigos/173950062/feminicidio-comentarios-sobre-a-lei-n-
13104-de-9-de-marco-de-2015> Acesso em 07 de abril de 2019.
comunidade, local de trabalho, estabelecimentos educacionais de
saúde ou qualquer outro lugar, e mesmo aquela perpetrada ou
tolerada pelo Estado ou seus agentes onde quer que ocorra. 6

A Ex-Presidente do Brasil Dilma Rousseff sancionou a lei 13.104/2015, em 08


de março de 2015, como a Lei do Feminicídio. A promulgação dessa Lei especial foi
necessária pelo fato de pluralidade de assassinatos de mulheres serem cometidos por
pessoas próximas, companheiros e ex-companheiros, sendo na maioria dos casos em
suas residências.
A lei 13.104/2015 modificou o Código Penal e qualificou o Feminicídio, que
anteriormente era usado como atenuantes nos Crimes Hediondos 7.

O § 2º-A foi acrescentado como norma explicativa do termo “razões da


condição de sexo feminino”, esclarecendo que ocorrerá em duas hipóteses:
a) violência doméstica e familiar; b) menosprezo ou discriminação à condição
de mulher; A lei acrescentou ainda o § 7º ao art. 121 do CP estabelecendo
causas de aumento de pena para o crime de feminicídio.
A pena será aumentada de ⅓ até a metade se for praticado: a) durante a
gravidez ou nos 3 meses posteriores ao parto; b) contra pessoa menor de 14
anos, maior de 60 anos ou com deficiência; c) na presença de ascendente ou
descendente da vítima. (Código Penal) 8

Apesar dessa reforma ter incluído o homicídio contra Mulheres dentro do rol de
Crimes Hediondos, o questionamento surge se a Lei atende às principais demandas
da sociedade brasileira. E a lei é efetiva e capaz de atender as expectativas de todas
as mulheres no Brasil? Respeitarão todas as classes, cores, raças e culturas ou só
apenas mais uma lei para compor o ordenamento jurídico?

1.1. SURGIMENTO DO FEMINICÍDIO NO BRASIL

6DE MARCO, Carla Fernanda, Revista Dos Tribunais 2011 - Proteção Internacional dos Direitos
Humanos, p.1111.
7Revista Bonijuris, pag. 6 Julho de 2015, Ano XXVII.
8Vade Mecum 2017 - Código Penal, art.121 - VI, p. 501, 502.
De acordo com o Mapa da Violência de 2015, o Brasil ocupa o 5º lugar no
ranking entre os 87 países que realizaram a pesquisa, como o país com o maior índice
de Homicídios Femininos 9.
No ano de 2018 ocorreram cerca de 4.254 homicídios dolosos contra mulheres,
desse total estima-se que 1.173 são Feminicídios (um número maior até em relação
ao ano anterior de 2017).
Os dados apresentaram que oito estados indicam uma elevação no número de
mulheres mortas, apenas por serem mulheres. Os estados do Acre e Roraima foram
apontados com maior quantidade de casos, no Acre em média de 3,2 a cada mil
habitantes e Roraima 110 casos a cada 100 mil habitantes10.
O Mapa da Violência de 2015 aponta que no Brasil a cada duas horas uma
mulher é morta e que mesmo antes da qualificadora Feminicídio ser inserida no rol de
Crime Hediondo, já existiam índices de Mulheres Brasileiras que foram assassinadas
entre os anos de 1980 e 2013. Um número estimado de 106.093 casos, sendo 4.762
desses apenas no ano de 2013.
A pesquisa denuncia a falta de competência do sistema de justiça no
julgamento de casos de violência, especificamente femininos, há também uma falta
de importância nesses casos onde o agressor encontra brechas e privilégios,
causados direta ou indiretamente pela lei, para cometer tais crimes até nos dias de
hoje. É mais que uma falta de estrutura Judiciária, é uma calamidade na Segurança
Pública.11
À Luz da Convenção Interamericana para prevenir, punir, e erradicar a violência
contra a mulher, De Marco aborda como o Sistema de Justiça e a Sociedade devem
se posicionar a respeito:

Antes de aprender a aplicar as normas originárias dos instrumentos


internacionais de proteção dos direitos humanos, o operador do Direito
deve aprender a aplicar efetivamente a Constituição Federal do Brasil,
atribuindo às cláusulas definidoras de direitos e garantias individuais
e coletivas com a máxima eficácia.

9Mapa da Violência 2015, disponível em:


<https://www.mapadaviolencia.org.br/mapa2015_mulheres.php> Acesso em 07 de abril de 2019.
10Monitor da Violência Globo. Disponível em: <https://g1.globo.com/monitor-da-
violencia/noticia/2019/03/08/cai-o-no-de-mulheres-vitimas-de-homicidio-mas-registros-de-feminicidio-
crescem-no-brasil.ghtml>. Acesso em: 18 de maio de 2019.
11Mapa da Violência 2015, disponível em:
<https://www.mapadaviolencia.org.br/mapa2015_mulheres.php> Acesso em 07 de abril de 2019.
O Poder Judiciário e todos os operadores do Direito, bem como a
sociedade como um todo, devem não só se sensibilizar, mas ter a
coragem de atribuir a máxima eficácia aos dispositivos constitucionais
da Carta Magna de 1988 para adaptá-la à prática jurídica da Corte
Interamericana de Direitos Humanos. 12

1.2. A LEI MARIA DA PENHA, A VISIBILIDADE DO FEMINICÍDIO E MEDIDAS


PROTETIVAS.

A Lei Maria da Penha representou um grande avanço exatamente porque


reconheceu a violência de gênero como uma violação de Direitos Humanos,
consoante expressamente disposto em seu artigo 6º.
A lei prevê:

Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a


mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir,
Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação
dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera
o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de execução
Penal; e dá outras providências. 13

A Lei Maria da Penha ( nº 11.340 de 7 de agosto de 2006) é a principal


legislação usada para lidar com casos de violência contra a mulher, e foi reconhecida
pela ONU com uma das três melhores do mundo.14
Existem alguns tipos de violência contra a mulher que são combatidas através dela:
violência patrimonial, sexual, física, moral e psicológica.
Algumas formas dessas agressões são consideradas violência, baseada na
diferença de gênero no Brasil, por exemplo:
Humilhar, xingar e diminuir a autoestima: Agressões como
humilhação, desvalorização moral ou deboche público em relação
a mulher constam como tipos de violência emocional. Tirar a liberdade
de crença: Um homem não pode restringir a ação, a decisão ou a
crença de uma mulher. Isso também é considerado como uma forma
de violência psicológica.¹¹

12DE MARCO, Carla Fernanda, Revista Dos Tribunais 2011 - Proteção Internacional dos Direitos
Humanos, p.1111.
13Vade Mecum 2017 -Lei N° 11.340/ 2006, p.1511.
14Veja mais em: <https://ibdfam.jusbrasil.com.br/noticias/2110644/para-onu-lei-maria-da-penha-e-uma-

das-mais-avancadas-do-mundo>. Acesso em: 18 de maio de 2019.


Atitudes manipuladoras e que oprimem as mulheres:

Fazer a mulher achar que está ficando louca: Há inclusive um nome


para isso: o gaslighting. Uma forma de abuso mental que consiste em
distorcer os fatos e omitir situações para deixar a vítima em dúvida
sobre a sua memória e sanidade. Controlar e oprimir a mulher: Aqui o
que conta é o comportamento obsessivo do homem sobre a mulher,
como querer controlar o que ela faz não deixá-la sair, isolar sua família
e amigos ou procurar mensagens no celular ou e-mail.¹¹

Agressões físicas e injurias:

Expor a vida íntima: Falar sobre a vida do casal para outros é


considerado uma forma de violência moral, como por exemplo, vazar
fotos íntimas nas redes sociais como forma de vingança. Atirar objetos,
sacudir e apertar os braços: Nem toda violência física é o
espancamento. É considerada também como abuso físico a tentativa
de arremessar objetos, com a intenção de machucar, sacudir e segurar
com força uma mulher.¹¹

Agressões sexuais e imposições machistas:

Forçar atos sexuais desconfortáveis: Não é só forçar o sexo que


consta como violência sexual. Obrigar a mulher a fazer atos sexuais
que causam desconforto ou repulsa, como a realização de fetiches,
também é violência.

Impedir a mulher de prevenir a gravidez ou obrigá-la a abortar: O ato


de impedir uma mulher de usar métodos contraceptivos, como a pílula
do dia seguinte ou o anticoncepcional, é considerado uma prática da
violência sexual. Da mesma forma, obrigar uma mulher a abortar
também é outra forma de abuso. Controlar o dinheiro ou reter
documentos: Se o homem tenta controlar, guardar ou tirar o dinheiro
de uma mulher contra a sua vontade, assim como guardar documentos
pessoais da mulher, isso é considerado uma forma de violência
patrimonial. Quebrar objetos da mulher: Outra forma de violência ao
patrimônio da mulher é causar danos de propósito a objetos dela, ou
objetos que ela goste. 15

Partindo desse pressuposto, nota-se que uma grande parte da sociedade tem
conhecimento da Lei Maria da Penha nº 11.340/2006, (aproximadamente 98% da
população), tendo em vista, que ela ganhou uma grande visibilidade após o seu
reconhecimento mundial, uma vez que o país não apresentava normativa específica
para enfrentar a violência de gênero, bem como não havia no sistema de justiça
delegacias, promotorias e varas especializadas no tema.

15Violênciacontra a mulher não é só física conheça 10 outros tipos de abuso. Disponível em:
<http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2015/12/violencia-contra-mulher-nao-e-so-fisica-
conheca-10-outros-tipos-de-abuso>. Acesso em: 21 de abril de 2019.
Uma grande parcela dessa mesma população desconhece a Lei do Feminicídio
e as condições agravantes que podem ser agregadas a ela. Muitos ainda consideram
que crimes de violência envolvendo figuras femininas são crimes de passionais,
crimes de ciúmes, crimes comuns ou apenas mais um desentendimento familiar 16.
Existe no imaginário da sociedade uma opinião de que a morte de uma mulher
por seu marido, companheiro, namorado ou “ficante”, “Só pode ter sido provocada por
ela mesma”, por vezes, é comum se ouvir frases como “ela é uma vagabunda”, “ela
deve ter traído ele”, “ela o provocou” culpabilizando a vítima, o que reforça, ainda mais,
o estereótipo que difama as mulheres. O feminicídio veio para expor que não existe
crime de amor e sim o crime de ódio.17
De acordo com Os Cadernos Jurídicos da Escola Paulista da Magistratura, é
possível ver os privilégios de uma sociedade que se estabeleceu em meio ao
patriarcado e que prorrogou até a atualidade, reflexos de poder aos homens em
detrimento dos direitos das mulheres como descreve Luiza Nagib Eluf:

No tempo do Brasil - Colônia, a lei portuguesa admitia que um homem


matasse a mulher e seu amante se surpreendidos em adultério. O
mesmo não valia para a mulher traída. O primeiro Código Penal do
Brasil, promulgado em 1830, eliminou essa regra. O código posterior,
de 1890, deixava de considerar crime o homicídio praticado sobre um
estado de total perturbação dos sentidos e da inteligência. Entendia
que determinados estados emocionais, como aqueles gerados pela
descoberta do adultério da mulher, seriam tão intensos que o marido
poderia experimentar uma insanidade momentânea. Nesse caso, não
teria responsabilidade sobre seus atos e não sofreria condenação
criminal.18

O Feminicídio tem uma visibilidade falha, pois há uma repercussão em alguns


casos mais destacados na mídia. A mídia tem muitas formas de influenciar a
população ou até mesmo o Tribunal do Júri através da internet que a cada dia se torna
mais dominante.
O tribunal do Júri precisa estar em conformidade com a Lei, mas em alguns
casos a vítima sequer está mais presente, mas tem chance de ser alvo da imprensa.

169 fatos que você precisa saber sobre a Lei Maria da Penha. Disponível em:
<http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2015/10/9-fatos-que-voce-precisa-saber-sobre-a-lei-
maria-da-penha> Acesso em: 07 abril de 2019.
17FRÔ, Maria. Stop blaming the victim! Ver mais em: <https://www.geledes.org.br/stop-blaming-the-

victim-parem-de-culpar-a-vitima/> Acesso em 19 de abril de 2019.


18Cadernos Jurídicos da Escola Paulista da Magistratura, Violência Doméstica, p. 48, SP - 2014.
Contudo, a imprensa como um meio de comunicação poderia servir nesses casos
como meio efetivo para conscientizar e diminuir os casos de Feminicídio, assim como,
outros crimes.

A falta de estrutura do Sistema de Justiça pode prejudicar esses avanços


porque a grande maioria da população é considerada leiga e desatenta, pois há pouca
discussão sobre o assunto que é pertinente e acaba se renovando com novos
Homicídios com o passar dos dias, gerando números absurdos.
Muitas mulheres têm medo de pedir ajuda, são retratadas nos veículos de
comunicação as falhas da Justiça brasileira quanto à efetividade das leis que regem
o tema de forma inadequada para prevenção nos casos de violência.

Tais como: o “Botão do Pânico” que se refere a um aplicativo que destaca a


Medida Protetiva e auxilia a mulher, (contudo fora do alcance da população em geral
porque há os que não sabem de sua existência) e tem indícios de efetividade e que
pode diminuir a possibilidade da violência contra a vítima e resultados de morte de
mulheres19.

Entretanto, esse comportamento violento cíclico pode ser explicado pelo Ciclo
da Violência:

A violência doméstica funciona como um sistema circular (o chamado Ciclo


da Violência Doméstica) que apresenta, regra geral, três fases; aumento de
tensão: as tensões acumuladas no quotidiano, as injúrias e as ameaças
tecidas pelo agressor, criam, na vítima, uma sensação de perigo eminente–
ataque violento: o agressor maltrata física e psicologicamente a vítima, estes
maus-tratos tendem a escalar na sua frequência e intensidade–lua-de-mel: o
agressor envolve agora a vítima de carinho e atenções, desculpando-se pelas
agressões e prometendo mudar (nunca mais voltará a exercer violência).

Este ciclo caracteriza-se pela sua continuidade no tempo, isto é, pela sua
repetição sucessiva ao longo de meses ou anos, podendo ser cada vez
menores as fases da tensão e de apaziguamento e cada vez mais intensa a
fase do ataque violento.

19Conselho Nacional de Justiça. Botão do Pânico. Veja mais em:


<https://cnj.jusbrasil.com.br/noticias/398345291/botao-do-panico-e-tecnologia-aliada-de-mulheres-
vitimas-de-violencia>. Acesso em: 19 de maio de 2019.
Usualmente este padrão de interação termina onde antes começou. Em
situações limite, o culminar destes episódios poderá ser o homicídio. 20

2. FEMINICIDIO E LEI MARIA DA PENHA À LUZ DA CONSTITUIÇÃO, AS


RELAÇÕES SOCIAIS E A DEMANDA DA DIVERSIDADE DO GÊNERO FEMININO.

A Constituição Federal de 1988 versa em seu artigo 5º, inciso I, in verbis:

"Todos são iguais perante a Lei sem distinção de qualquer natureza


garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes nos país a
inviolabilidade do Direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade nos termos seguintes".
I. "Homens e Mulheres são iguais em direitos e obrigações, no termo
dessa constituição".21

A igualdade possível entre homens e mulheres, mas há necessidade de


prevenção das desigualdades, através da concessão de direitos sociais e
fundamentais.
É necessário que a visão do judiciário e dos assistentes sociais não sejam
apenas jurídica, tendo em vista, que o Juiz não deve simplesmente aplicar uma
determinada lei, mas também promover o encaminhamento das famílias para as
instituições públicas que atende essas demandas sociais para apoio e
acompanhamento. Os casos de Feminicídio e de Violência doméstica carecem de um
olhar mais humano, tanto do judiciário quanto da sociedade, pois essas famílias
precisam não apenas de instrução, mas também de um cuidado psicológico que visa
à saúde mental e física de todos os envolvidos.
Como já abordado anteriormente, não há um parâmetro social de boa estrutura
que auxilie e proteja todos os tipos de mulheres e as suas diversidades, visto que hoje,
as mulheres negras, indígenas e também a população trans (travestis, transexuais e
transgêneros) estão dentro dos índices de feminicídio, e de forma geral, parte desses
índices e as estatísticas dessas mortes, a maioria dos casos se destacam dentro
desses perfis. Ou seja, não é só pelo fato do gênero, agregam-se também fatores

20APAV. O Ciclo da Violência Domestica. Disponível em: <https://apav.pt/vd/index.php/vd/o-ciclo-da-


violencia-domestica>. Acesso em: 19 de maio de 2019.
21Vade Mecum 2017, Constituição Federal 1988 artigo 5º, I.
como a etnia, raça, religião, orientação sexual e entre outros aspectos que vão sendo
integrados a essas violências.22

Ainda sobre as consequências dessas violências, alguns dados mostram o que


acontece diariamente com essas vítimas e os impactos na saúde e no cotidiano
dessas famílias.

Todos os tipos de violência têm consequências em termos de saúde,


socioeconômicos e em custos. Em termos de saúde, sabemos que os
diferentes tipos de VCM23 têm resultados fatais como o femicídio,
suicídio, a mortalidade materna e a AIDS. Entretanto, a maioria
apresenta consequências à saúde física, como fraturas, fibromialgias,
distúrbios gastrointestinais, problemas de saúde sexual e reprodutiva
como DSTs, gravidez imposta, abortos ou complicações na gravidez.
Finalmente, a VCM tem efeitos significativos na saúde mental das
vítimas, que vão desde depressão a abuso de substâncias e estresse
pós-traumático.
Além dos problemas físicos, a VCM tem impactos particularmente
sérios na saúde mental das mulheres, vinculados à depressão e à
ansiedade, desordens do sono e da alimentação. Esse gráfico mostra
que entre 24 e 39% das mulheres que sofriam violência conjugal na
região, afirmaram ter desejado morrer ou se suicidar por causa da
violência que sofriam.24

2.1. O FEMINICÍDIO OCORRIDO CONTRA AS MULHERES TRANS,


NEGRAS E INDÍGENAS.
O feminicídio com relação às mulheres negras tem indícios de um aumento de
54% (cinqüenta e quatro por cento) de casos. A problemática vai além da questão
racial e abrange sua classe, nível educacional, profissão e localização geográfica,
grande parte das mulheres negras reside em periferias e em locais mais vulneráveis
om inclinação para maior violência.25
A mulher negra lésbica, por exemplo, está mais vulnerável à violência, porque
além da sua cor, pesa também sua orientação sexual. Geralmente as mulheres negras

22Disponível em:<https://www.revistaforum.com.br/nos-somos-o-primeiro-pais-do-mundo-em-
feminicidio-trans-alerta-psicologa-e-ativista-trans/>.Acesso em 28 de maio 2019.
Disponível em:<https://www2.camara.leg.br/camaranoticias/radio/materias/RADIOAGENCIA/565165-
FEMINICIDIO-CRESCE-ENTRE-MULHERES-NEGRAS-E-INDIGENAS,-ALERTA-
PESQUISADORA.html>. Acesso em: 28 de maio de 2019.
23VCM: Violência Contra a Mulher
24Cadernos Jurídicos da Escola Paulista de Magistratura, Violência Doméstica, p. 148 e 149.
25Disponível em: Mapa da Violência; <https://dossies.agenciapatriciagalvao.org.br/dados-e-
fontes/pesquisa/mapa-da-violencia-2015-homicidio-de-mulheres-no-brasil-flacsoopas-omsonu-
mulheresspm-2015/>. Acesso em: 28 de maio de 2019.
são em maioria solteiras e tem uma maior dificuldade para conseguir um emprego,
tendo em vista os estudos realizados sobre a solidão da mulher negra26 e sobre os
baixos índices de educação com as pessoas de cor27, a esse parâmetro em relação
às mulheres brancas.
De acordo com o Mapa da Violência28, há uma diminuição de 9,8% dos
assassinatos, demonstrando que essa realidade está longe de ser um espelho, essas
mulheres têm medo de viver em uma realidade onde a violência é naturalizada e com
vestígios culturais do patriarcado.

Consoante às palavras da especialista em Direitos Humanos, Deise Benedito:


“Ainda somos coisificados, ainda somos despossuídos de direitos,
ainda somos aqueles que não merecem ser respeitados”.
“A abolição não foi concluída, não garantiu nenhum direito, não
garantiu escola, saúde, moradia e terra”.

Alguns dados apontam que o Feminicídio praticado contra mulheres negras é


uma problemática social na Sociedade Brasileira, abaixo uma pesquisa mostra em a
quantidade de mortes de mulheres no país.

No ano de 2016, foram assassinadas 4.645 mulheres no país, o que


representa 4,5 homicídios para cada 100 mil brasileiras, a quinta maior
taxa do mundo, segundo a OMS. Em 12 estados, o aumento da taxa
de homicídio de mulheres negras foi maior do que 50%, sendo dois
deles superior a 100%, Amazonas e Rio Grande do Norte. Em Roraima
o aumento de assassinatos de mulheres negras em 10 anos foi de
214%. Goiás apresenta a maior taxa de homicídio de negras, com taxa
de 8,5 por grupo de 100 mil. No Pará foram assassinadas, em 2016,
8,3 mulheres negras para cada grupo de 100 mil e em Pernambuco a
taxa ficou em 7,2. São Paulo, Paraná e Piauí tem as menores taxas
de homicídio de mulheres negras do país, com 2,4, 2,5 e 3,4 por 100
mil, respectivamente. Em sete estados houve redução da taxa no
período, entre 12% e 37%.29

26Estudo disponível em: <https://www.geledes.org.br/sobre-a-solidao-da-mulher-negra/>. Acesso em:


29 de maio de 2019
27Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2014-10/embargada-para-sexta-feira-

denise-griesinger-4>. Acesso em 29 de maio de 2019.


28Veja mais em: Mapa da Violência; <https://dossies.agenciapatriciagalvao.org.br/dados-e-
fontes/pesquisa/mapa-da-violencia-2015-homicidio-de-mulheres-no-brasil-flacsoopas-omsonu-
mulheresspm-2015/>. Acesso em: 01 de maio de 2019.
29Disponível em: <http://www.socialistamorena.com.br/feminicidio-cai-entre-mulheres-brancas-mas-

cresce-entre-negras-e-indigenas/>. Acesso em 01 de maio de 2019.


Cerca de 0,4% da população brasileira é formada por índios, um total
aproximado de 800 mil pessoas.30 Existe uma grande dificuldade em combater o
feminicídio contra mulheres indígenas no Brasil.
As mulheres Indígenas brasileiras lutaram muito para conquistar seus direitos
na sociedade e deixarem de serem tratadas como "bicho" e o histórico dessa violência
estrutural permeiam desde a época colonial.
Através da inserção delas nas universidades e no mercado de trabalho e na
sociedade como um todo, ao longo do tempo, criou-se uma vertente do Feminismo
que é chamado popularmente de Feminismo Indígena.31
Daniela Rosendo, para o site Insecta Shoes, quebrou os estereótipos sobre o
movimento feminista Indígena e descreveu a luta dessas mulheres:

O movimento de mulheres indígenas começou a ser organizado no


Brasil na década de 70 e 80. Não era algo institucionalizado, eram
mulheres ganhando voz dentro do movimento indígena e levantando
questões relacionadas à gênero. Conforme contextualiza a
publicação “Mulheres Indígenas, Direitos e Políticas Públicas. As duas
primeiras organizações brasileiras exclusivas de mulheres indígenas
surgiram na década de 1980. As pioneiras foram a Associação de
Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro (Amarn) e a Associação de
Mulheres Indígenas do Distrito de Taracuá, Rio Uaupés e Tiguié
(Amitrut). As demais foram constituídas a partir da década de 1990.
Em 2000, na Assembléia Ordinária da Coordenação das
Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), em
Santarém, Pará, foi reivindicada a criação de um espaço específico
para as demandas das mulheres indígenas. Atualmente, o feminismo
indígena está bem mais organizado e articulado do que se comparado
às décadas anteriores, e também não é raro vermos mulheres
indígenas liderando movimentos que falam não só sobre as questões
específicas de gênero, mas sobre questões cruciais do movimento
indígena como um todo.Com o avanço da Internet, mulheres indígenas
começaram também a se articular pelas redes, levar as pautas do
feminismo indígena a espaços feministas, e atuar por meio do
ciberativismo e do etnojornalismo.32
Existem diversos casos de violência que aconteceram com mulheres indígenas,
há indícios de omissão nesses casos, sem os movimentos políticos e a falta de
conscientização, sejam através de protestos ou mesmo de matérias, vídeos,

30Disponível em: <http://www.funai.gov.br/index.php/indios-no-brasil/quem-sao>. Acesso em 01 de


maio de 2019.
31Disponível em:<https://oglobo.globo.com/celina/existe-feminismo-indigena-seis-mulheres-dizem-
pelo-que-lutam-23619526>. Acesso em: 27 de maio de 2019.
32Disponível em: <https://www.insectashoes.com/blog/conheca-um-pouco-sobre-feminismo-indigena-

no-brasil-e-sua-importancia/>. Acesso em 01 de maio de 2019.


campanhas e até as discussões na internet, podem ajudar a desmistificar essas
violências.

No Mato Grosso do Sul, estado com a segunda maior população


indígena do País, com 72 mil pessoas, os casos de violência contra a
mulher indígena aumentaram em aproximadamente 495%. Em 2010,
o número era de 104 agressões físicas. Já em 2014, foram relatadas
619 agressões.Só em 2016, o levantamento da Secretaria de
Segurança Pública do mesmo estado mostrou que o número de
denúncias de violência contra a mulher na região cresceu 23,1% no
primeiro semestre daquele ano em relação ao mesmo período em
2015.O levantamento do (Cimi) Conselho Indigenista Missionário,
mostra que, só em 2015, 137 casos de assassinatos de índios foram
contabilizados no País. Outros dados obtidos junto à Secretaria
Especial de Saúde Indígena (Sesai) e às equipes regionais do
Conselho revelam a ocorrência de 87 suicídios entre os povos
indígenas no último ano. Ainda, 9 casos de violência sexual contra
várias mulheres foram contabilizados em comunidades espalhadas
pelo Brasil.33

Para falar sobre a população trans, é necessária uma pequena abordagem


sobre quem são os transexuais, pode se definir como transexual aquele cuja sua
identidade de gênero difere da sua condição biológica, aquela do nascimento34.
A mulher trans é aquela que nasceu homem, mas não se considera como tal e
em seu psicológico sente-se mulher, poderá ingerir hormônios femininos e
futuramente realizar a cirurgia para reversão genital se assim desejar.
Com base na diversidade sexual e de gênero, os princípios de Yogyakarta que
abordam os avanços Constitucionais que garantem que essas pessoas possam viver
em sociedade com igualdade:
Muitos avanços já foram conseguidos no sentido de assegurar que as
pessoas de todas as orientações sexuais e identidades de gênero
possam viver com a mesma dignidade e respeito a que todas as
pessoas têm direito. Atualmente, muitos Estados possuem leis e
constituições que garantem os direitos de igualdade e não-
discriminação, sem distinção por motivo de sexo, orientação sexual ou
identidade de gênero. 35

33Disponível em: <https://www.huffpostbrasil.com/2016/11/25/por-que-a-violencia-contra-mulheres-


indigenas-e-tao-dificil-de-s_a_21700429/>. Acesso em 01 de maio de 2019.
34Disponível em: <https://tab.uol.com.br/trans/>. Acesso em 01 de maio de 2019.
35 Disponível em: <http://www.clam.org.br/uploads/conteudo/principios_de_yogyakarta.pdf>. Acesso

em 18 de junho de 2019.
Apesar de o corpo físico ser do sexo masculino, o cérebro de uma pessoa trans
não aceita o sexo biológico, assim, destacando algo mal interpretado pela sociedade
e que não tem relação direta ou indiretamente ligada com a orientação sexual.
O gênero feminino decorre da liberdade de autodeterminação
individual, sendo apresentado socialmente pelo nome que adota,
pela forma como se comporta, se veste e se identifica como pessoa.
A alteração do registro de identidade ou a cirurgia de
transgenitalização são apenas opções disponíveis para que exerça
de forma plena e sem constrangimentos essa liberdade de escolha.
Não se trata de condicionantes para que seja considerada mulher.36

O mercado de trabalho não é amplo para acolher as respectivas diferenças,


assim, muitos transexuais desempregados acabam se propondo à prostituição por
falta de oportunidades, pois são excluídos da sociedade por estarem fora do que é
imposto como padrão.37
O processo de exclusão das pessoas trans começa muito cedo.
Quando as famílias descobrem que o filho ou a filha está se rebelando
contra a “natureza” e que desejam usar roupas e brinquedos que não
são apropriados para seu gênero, o caminho encontrado para
“consertá-lo” é a violência. Geralmente, entre os 13 e 16 anos as
pessoas trans fogem de casa e encontram na prostituição o espaço
social para sobrevivência financeira e construção de redes de
sociabilidade.38

O Índice de homicídio de Travestis e transexuais no Brasil é algo absurdo se


comparado aos índices mundiais. Esses dados são alarmantes, porém é um reflexo
de uma sociedade machista e retrograda estruturalmente:

Entre janeiro de 2008 e abril de 2013, foram 486 mortes, quatro vezes
a mais que no México, segundo país com mais casos registrados. Em
2013, foram 121 casos de travestis e transexuais assassinados em
todo o Brasil. O transfeminícidio se caracteriza como uma política
disseminada, intencional e sistemática de eliminação da população
trans no Brasil, motivada pelo ódio e nojo. Qual a quantidade de
mortes é suficiente para chegar a esta conclusão? No Brasil não há
nenhuma fonte totalmente confiável. O que existe é um
acompanhamento, por algumas ONGs de ativistas LGBTT, de
matérias jornalísticas sobre as mortes de pessoas LGTT. Nestas
notícias, as pessoas trans são apresentadas com o nome masculino e

36LOPES, George. Disponível em:<https://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI279860,51045-


Lei+Maria+da+Penha+protege+transexual+que+nao+realizou+cirurgia+de>. Acesso em: 01 de maio
de 2019.
37Veja mais em: <https://g1.globo.com/economia/concursos-e-emprego/noticia/transexuais-enfrentam-

barreiras-para-conseguir-aceitacao-no-mercado-de-trabalho.ghtml>. Acesso em 01 de junho de 2019.


38BENTO, Berenice. Disponível em: <https://www.revistaforum.com.br/brasil-o-pais-transfeminicidio/>.

Acesso em: 04 de maio de 2019.


são identificados como “o travesti”. E, no âmbito conceitual, são
consideradas como vítimas da homofobia. Acredito, ao contrário, que
as mortes das mulheres trans é uma expressão hiperbólica do lugar
do feminino em nossa sociedade 39.
Se o feminino representa aquilo que é desvalorizado socialmente,
quando este feminino é encarnado em corpos que nasceram com
pênis, há um transbordamento da consciência coletiva que é
estruturada na crença de que a identidade de gênero é uma expressão
do desejo dos cromossomas e dos hormônios. O que este
transbordamento significa? Que não existe aparato conceitual,
linguístico que justifica a existência das pessoas trans. Mesmo entre
os gays, é notório que a violência mais cruenta é cometida contra
aqueles que performatizam uma estilística corporal mais próxima ao
feminino. Portanto, há algo de poluidor e contaminador no feminino
(com diversos graus de exclusão) que precisam ser mais bem
explorados. Durante toda a vida a pessoa trans luta para ser
reconhecida por um gênero diferente do imposto ao nascimento, no
entanto, é considerada homem quando morre e mesmo a
contabilidade dos mortos feito por ativistas não enfatiza a dimensão
de gênero. Há um processo contínuo de esvaziamento e apagamento
da pessoa assassinada.40

3. AVANÇOS OU RETROCESSOS.

As medidas punitivas na lei não são o suficiente para diminuir o Feminicídio,


que se destaca em nossa cultura, por sinais deixados por uma misóginia, já
enraizados. Deve haver uma breve reformulação, não apenas na educação como
também no Sistema Judiciário.
O Feminicídio simboliza algo histórico, a comum posição do agressor, é de
sentir-se injustiçado, não culpado, como se não houvesse cometido crime algum.
Mesmo o agressor cumprindo a sentença prolatada futuramente vai se
relacionar com outras mulheres e poderá ainda continuar a praticar os mesmos
crimes, é necessário lutar para que este agressor não só seja responsabilizado
criminalmente como também tenha o entendimento dos seus atos e do que gerou o
resultado.41

39BENTO, Berenice. Disponível em: <https://www.revistaforum.com.br/brasil-o-pais-transfeminicidio/>.


Acesso em: 04 de maio de 2019.
40Ibid.
41Veja mais em: <https://www12.senado.leg.br/noticias/infograficos/2018/03/o-que-ainda-falta-para-o-

brasil-coibir-o-feminicidio>. Acesso em 29 de maio de 2019.


Tais medidas já começaram brevemente a serem implantadas, como é o
exemplo dos agressores que não poderão mais tirar carteira da OAB:
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) não vai mais aceitar a
inscrição em seus quadros de bacharéis em direito que tenham
agredido mulheres, idosos, crianças, adolescentes e pessoas com
deficiência física e mental. Sem a inscrição no órgão, os recém-
formados não podem exercer a advocacia nem se apresentar como
advogados.
A edição de uma súmula que torne esses casos um impeditivo à
inscrição foi aprovada pelo plenário do Conselho Federal da OAB
nesta segunda-feira (18). A súmula com os detalhes da medida deve
ser publicada ainda esta semana, mas, segundo a assessoria da OAB,
a decisão já está em vigor, podendo ser aplicada pelas seccionais da
Ordem.
Os conselheiros concordaram com a tese de que quem incorre em
qualquer um destes casos não tem idoneidade moral para exercer a
profissão. Ao analisar a proposta apresentada pela Comissão
Nacional da Mulher Advogada, que tratava especificamente da
violência contra as mulheres, o relator, o conselheiro Rafael Braude
Canterji, afirmou que, mesmo que ainda não tenha sido julgada pelo
Poder Judiciário, a simples denúncia é um fator contrário à aceitação
do acusado nos quadros da OAB. 42

A melhor forma de prevenção para essa triste realidade será a educação,


entretanto, não somente no âmbito escolar ou até mesmo acadêmico.
As crianças desde bem pequenas devem ser instruídas de que é inaceitável
qualquer tipo de violência e agressão, sabe-se que existem milhares de formas para
agredir ou violentar e que isso é especificamente uma covardia contra os mais frágeis.
Fiona Macaulay, pesquisadora britânica em entrevista ao Estadão articulou
sobre a necessidade de trabalhar a prevenção contra a violência com base numa boa
educação:
A prevenção começa com as normas da sociedade e elas se
estabelecem primeiro na escola, e tem de ser trabalhado de uma forma
muito competente e contínua. Tem de trabalhar de uma forma afetiva
com meninos e meninas sobre relacionamentos e reconhecimento de
emoções. Sei que nesse momento no Brasil a questão da educação
pública é um assunto politizado. Geralmente, as pessoas não
entendem sequer o significado da palavra gênero, mas há relação com
as normas sociais que dirigem e formam o comportamento. Todos nós
sabemos que há uma tolerância social a violência doméstica e a
violência nascem dessas normas. Essa tolerância se expressa de
diferentes formas. A prevenção é completamente atingível, mas tem
de ser de uma forma continuada, baseada em muita pesquisa, e

42Disponível em: <https://veja.abril.com.br/brasil/oab-rejeitara-inscricao-de-acusados-de-violencia-


contra-mulheres/>. Acesso em: 29 de maio de 2019.
depois tem de investir na avaliação dessa política pública, senão
nunca se descobrirá se está havendo impacto ou não. 43

Nessa mesma linha de pensamento, se faz presente o raciocínio de que a


mulher não poderá ser tratada como objeto ou propriedade e esses desafios
precisarão ser transpostos na sociedade.
Embora hoje existam algumas melhorias que amparem as vítimas ou as futuras
vítimas de Feminicídio e violência doméstica, ainda há vários retrocessos quanto à
inclusão de mulheres deficientes e com necessidades especiais:

— Na polícia, não havia intérprete para me auxiliar. Tive de fazer o


registro escrito, de um jeito bem informal, fazendo mímica. Me senti
exposta — disse ela, por meio de uma intérprete. — Se eu vou até lá
é porque realmente estou precisando de ajuda. Tem de haver um
apoio humano e tecnológico. 44

A falta de intérpretes tem sido um problema alarmante, a vítima que já sofreu a


violência, precisa de um sistema elaborado que facilite as denúncias:

Com a ajuda de uma profissional que se voluntariou para intermediar


a comunicação, Carla finalmente conseguiu, no mês passado, que a
polícia encaminhasse o pedido à Justiça para restringir o acesso de
seu ex-companheiro a ela. Sua demanda ainda não foi julgada, mas,
mesmo se ela conseguir a medida protetiva, diz que continuará
desprotegida e dependente de outros casos seu agressor volte a
ameaçá-la. — Eu não tenho autonomia. Se eu ver ele chegando, me
ameaçando ou algo do tipo, vou ter que mandar mensagem pedindo
para alguém chamar a polícia. 45

3.1. FEMINICÍDIO; COMO REDUZIR OS CASOS?

Os profissionais que atendem as vítimas de violência devem passar por uma


capacitação, para poder acolher as mesmas de forma mais eficaz e que seja realizado
um trabalho mais humanizado em relação às sobreviventes e suas famílias.

43Disponível em: <https://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,prevencao-a-violencia-contra-a-mulher-


deve-comecar-na-escola,10000078074>. Acesso em 29 de maio de 2019.
44Disponível em: <https://oglobo.globo.com/sociedade/celina/mulheres-surdas-nao-conseguem-
denunciar-violencia-domestica-por-falta-de-interpretes-23597017>. Acesso em 30 de maio de 2019.
45Disponível em: <https://oglobo.globo.com/sociedade/celina/mulheres-surdas-nao-conseguem-
denunciar-violencia-domestica-por-falta-de-interpretes-23597017>. Acesso em 30 de maio de 2019.
Débora Brito repórter da Agencia Brasil mostrou através da pesquisa feita pelo
(IPEA) que 37% dos casos não são solucionados no país:

Sobre a percepção das mulheres em relação ao atendimento oferecido pela


Justiça nos casos de violência, há relatos de queixas sobre a falta de atenção,
de amparo, de resposta efetiva do Estado e de demora da Justiça. O Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apresentou essa semana os
resultados preliminares de uma pesquisa sobre a qualidade do atendimento
do Judiciário às mulheres vítimas de violência.
O trabalho foi feito a pedido e em parceria com o Conselho Nacional de
Justiça (CNJ) e mostra a existência de problemas na resolução dos casos de
violência de gênero, entre eles, a falta de juízes em audiências judiciais de
violência doméstica e insuficiência do atendimento psicossocial às vítimas 46.

Depois de um trauma, ficam algumas sequelas, isso não poderá ser descartado
(destacando o modo que a vítima é tratada em um processo, como se fosse apenas
um objeto, meio de prova). É necessário que se trabalhe para valorizar a essas vítimas
e a quem foi afetado, deve-se dedicar investimentos e melhorar o apoio psicológico
fornecido à essa mulher ou família.

A pesquisa aponta também que as vítimas não entendem ou


não recebem esclarecimentos sobre o caso e, às vezes, ainda são
culpabilizadas durante o processo, com a obrigação de pagar multas
pelo não comparecimento às audiências, por exemplo. Há também
informações de que as mulheres não são tratadas de forma
humanizada. As informações que baseiam o levantamento foram
colhidas em seis juizados e varas exclusivas de violência doméstica e
seis não exclusivas, nas cinco regiões do país. 47

Assim futuramente para que possa se recuperar e pleitear um novo amanhã,


acontecimento que deixa tantas marcas e dores para acarretar mudança estrutural na
educação, expondo que a violência contra a mulher, não seja mais naturalizada e de
que o machismo não seja visto como algo normal; "coisa de homem", é preciso
quebrar a misoginia, dizimá-la com uma Educação que preza a justiça e o respeito
acima de tudo, como seres iguais não só perante a Lei, mas que o respeito pelo
próximo seja naturalizado e enraizado, e quem fugir dessa linha de pensamento,
entenda que irá colher as devidas punições. É preciso uma abordagem mais
minuciosa do tema nas escolas, mídias sociais, divulgações e campanhas para a

46Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-09/pesquisa-aponta-


falhas-no-atendimento-mulheres-vitimas-de-violencia>. Acesso em: 30 de maio de 2019.
47Ibid.
população, sendo assim obrigado a ter mais atenção e respeito com as vítimas, com
vistas a uma abordagem mais responsável e séria no que pertence às causas e
consequências da violência de gênero envolvendo as mulheres.
Em relação à mídia responsável em querer culpar a vítima e expor de qualquer
forma sem prezar a família e a saúde emocional.
As reportagens sobre o Feminicídio no Brasil são um exemplo de como a
reprodução de violência contra a Mulher é cruel e sem parâmetros, fazendo a vítima
não seja considerada como tal, a falta de responsabilização da mídia por degradar a
imagem delas. Precisando com urgência de um preparo e capacitação para entender
os riscos de uma exposição nos meios de comunicação.48

CONCLUSÃO

Conclui-se através desse estudo que uma legislação ineficaz não irá amparar
os abusos e as violências que acometem as pessoas de gênero feminino,
pressupondo que a luta contra todos os tipos de violência deverá estar em pauta e ser
debatida não só dentro de ambientes políticos, mas também nas casas das famílias,
nas escolas e em outros círculos sociais, para que assim, essa violência que está
enraizada na sociedade seja sanada.
Embora esse objetivo seja algo ainda inalcançável, algumas medidas políticas
e de conscientização poderão abrandar os altos índices de violência. Não existe uma
solução rápida, mas sim uma solução que parta da reconstrução do que é a imagem
feminina, como Aristóteles expressou; "A educação tem raízes amargas, mas os seus
frutos são doces"49. Do mesmo modo, se uma melhoria na educação e um plano de
conscientização não forem suficientes, então que haja punição severa a quem tentar
macular a imagem, a saúde física e emocional ou tentar ceifar a vida da mulher.

48Veja mais em:< https://www.brasildefato.com.br/2017/11/25/4-passos-para-combater-prevenir-e-


erradicar-o-feminicidio/>. Acesso em 31 de maio de 2019.
49Grandes Pensadores: Aristóteles. Publicado em março de 2015. Disponível em:
<https://youtu.be/kkHJce9-oLE> Acesso em 31 de maio de 2019.
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