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RESUMO
ABSTRACT
1 INTRODUÇÃO
A temática de violência exercida contra a mulher possui grande relevância, haja vista
que os índices de casos registrados são assustadores, sem a percepção da importância do papel
da mulher na sociedade. A violência contra mulher corresponde a um fenômeno social grave,
pois apresenta várias consequências de natureza física social e psicológica para a padecente.
O feminicídio, alvo deste estudo, corresponde a um problema jurídico-social que teve
um crescimento expressivo durante e após pandemia. Segundo o Fórum Brasileiro de
Segurança Pública (2023), o Brasil teve um aumento de 5% nos casos de feminicídio em 2022
quando comparado aos dados de 2021, em que uma média de 1,4 mil mulheres são mortas
simplesmente pelo fato de serem mulheres, sendo tal quantitativo, o maior registrado no país
desde da vigência da lei de feminicídio.
A violência que acomete meninas e mulheres tem como etiologia os variados valores
atribuídos de forma cultural a mulheres e homens que determinam expectativas sobre seus
comportamentos. Nota-se então que a desigualdadede gênero nas relações estabelecidas entre
homens e mulheres, é o principal elemento que fomenta as relações violentas oriundas de
comportamentos que persuademas mulheres a submissão.
A violência em detrimento da mulher representa uma violação grave dos direitos das
mulheres e constitui em um problema social grave, multifacetado, que apresenta indícios
desde dos primórdios da história sociocultural que norteava as relações hierárquicas de poder
e no desequilíbrio típico entre os gêneros. À Lei n. 11.340/2006, denominada de Lei Maria da
Penha, é considerada tanto pelo segmento jurídico como pela sociedade, como um grande
avanço no que tange à consolidação dos direitos da mulher em face da tutela de sua proteção
contra qualquer modalidade de violência, sendo robustecida pela Lei nº 3.104/2015
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que torna a prática de feminicidio, como um homicídio qualificado, sendo encarado como
crime hediondo.
As vítimas de feminicidio, por sua vez, sofrem por serem reféns de situações
indesejáveis e torturantes. Vale destacar que apenas na última década, esse delito começou a
ser encarado como um problema público que demanda políticas públicas efetivas para o seu
enfrentamento.Nessa linha de raciocínio, as políticas públicas podem ser compreendidas pelo
seu sentido político ou administrativo.
Diante da complexidade do problema, a ONU chama atenção para a necessidade de
assegurar às mulheres vítimas de violência ou feminicidio, o pleno acesso a um conjunto de
serviços basilares a serem prestados por diferentes setores, tais como: saúde, jurídico e
serviços sociais, em que tem o intuito de diminuir os índices da violência e mitigar as
consequências sobre o bem-estar, auxiliando na recuperação da vítima.
Desse modo, a violência contra mulher tornou-se uma problemática social grave,
principalmente devido ao aumento dos índices de violência em diversas formas e lugares,
infringindo assim os direitos sociais e humanos.
Assim, a relevância deste trabalho justifica-se pela preocupação contínua com o
aumento alarmante dos números de casos de violência contra mulher, em especial, o
feminicidio, mesmo com a vigência de leis criadas para coibir tal cenário. Busca-se então
realizar uma reflexão sistemática acerca das medidas que buscam intimidar tal prática, das
políticas públicas de enfrentamento, com elaboração de propostas consistentes, pautadas em
uma vasta pesquisa bibliográfica, que tem o intuito de minimizar os quadros da violência
contra mulher, com apoio familiar e da sociedade em geral.
Embora existam leis e projetos de leis que ainda estão por sancionar, percebe-se que
não é o suficiente, pois o índice de violência contra a mulher vem aumentando ao decorrer dos
anos. É notório a preocupação do Governo em adotar medidas mais severas ao agressor, como
o caso da lei do feminicídio que hoje é considerado crime hediondo, bem como, políticas
públicas de enfrentamento dos quadros de violência.
Assim, foi realizado o seguinte questionamento: Quais as estratégias e políticas
públicas para enfrentamento do feminicidio? O objetivo geral foi investigar sobre o aumento
dos quadros da violência contra a mulher e feminicidio no Brasil, com demonstração em
gráficos a realidade do aumento de violência, mesmo com a vigência de inúmeras leis. Os
objetivos específicos foram: compreender as estratégias de acolhimento à vítima denunciante;
entender o limite de atuação do agente público e do sistema jurídico posterior à
denúncia; analisar a efetividade ou não das políticas públicas da proteção das mulheres no
enfrentamento do feminicidio.
A metodologia trata-se de um estudo de revisão bibliográfica sistemática do tipo
qualitativo, quantitativo, exploratório, descritivo. Na oportunidade, será reunido as principais
contribuições teóricas, as leis, as estatísticas, com base na discussão de livros, artigos, teses,
pesquisas em doutrinas e jurisprudências e dados do sistema de segurança nacional e estadual,
no lapso temporal de 2015 a 2023.
2 FEMINICÍDIO
Nota então que, mesmo a desobediência da decisão judicial sendo interpretado como
crime, derivando na eventualidade prisão do agressor, depara-se novamente com o quesito
estrutural do sistema jurídico e policial. É sabido que o sistema carcerário brasileiro já não
compreende uma quantidade tão vultosa de indivíduos, visto que não possui estrutura física
apropriada para fomentar a ressocialização dos delinquentes (CARVALHO, 2017).
O judiciário, por outro lado, faz uso de penas alternativas ou mesmo das denominadas
penas restritivas de direito para substituí-la com uso de tornozeleiras eletrônicas, que se
encontra ainda inúmeras falhas no que tange o monitoramento integral e a segurança do
instrumento. Todos esses fatores, atrelado, em muitos casos, com o abandono do processo
pela ofendida, sob a justificativa da reconciliação do casal, retoma-se o ciclo de violência.
Observa-se que além dos elementos apontados, existem outros fatores que colaboram
para a ineficácia das medidas protetivas. Sobreleva que ao buscar reconhecer os fatores, deve-
se analisar o cenário social e econômico em que a ofendida convive, visto que mesmo com o
avanço que o século XXI vislumbrou, ainda depara-se como justificativa para tal fenômeno, o
quesito econômico, pautada em uma dependência financeira para a ofendida submeter-se à
quadros de violência (BRAVO, 2019).
Outro ponto que merece destaque, é que, infelizmente, ainda é enraizado na nossa
cultura, o personagem do homem como provedor da subsistência familiar, em que a ofendida
acredita possuir com agressor uma eterna dívida de gratidão, devido ele manter seu sustento,
ofertar moradia, alimento e educação da prole (CARVALHO, 2017).
Segundo Bravo (2019), sabendo dessa fragilidade, o agressor faz uso dessa fragilidade
e desse discurso para dominar sua ofendida, pois reconhece a sua vulnerabilidade e influência
na esfera psicológica e física da vítima. Isto posto, a dificuldade da mulher, especial, quando
se tem a presença de filhos, envolta pela preocupação com a conquista de sustento e
restabelecimento no mercado de trabalho, são entraves que colaboram para atravancar o
processo de desligamento daquela relação.
Contudo, quando inexiste a dependência econômica, porém é presente a dependência
afetiva, o agressor desencadeia a concepção de inferioridade à ofendida, expressando em
desfavor dela uma bateria de humilhações, que destroça sua autoestima (BALZ, 2015).
Em geral, o agressor faz uso de técnicas de negação de sua culpa, colocando em
indagação inclusive a sapiência da ofendida, ao promover deformação dos fatos, com
ocasionado uma indagação de si mesma, volvendo em seu proveito, com o ingresso da culpa
somente na mulher, sendo a única responsável pela construção de uma relação infeliz, esta,
que por outro lado, possui aflição da solidão, se sujeita a viver em um relacionamento
abusivo, sendo tal comportamento denominado de gaslighting (CARRETERO, 2017).
Isto posto, nota-se que o agressor, apresenta grande menosprezo pelos sentimentos,
pela integridade física e até pela vida da ofendida, com pleno domínio sobre ela, destacando
sempre a sua inferioridade. Nesse cenário, um dos casos que provocou grande repercussão
pública foi da advogada Tatiane Spitzner, no ano de 2018, na cidade de Guarapuava,
provocado supostamente pelo cônjuge, que teria a arremessado do sétimo andar de um prédio
residencial que moravam (CARVALHO, 2017).
No que concerne os registros das câmeras de segurança do local, o crime demonstra
uma bateria e sequencia de agressões, físicas e morais, que se sucederam no período anterior
da morte de Tatiane, e foram largamente propagadas no sistema jornalístico nacional, ficando
evidente que inexistiu tempo hábil que a vítima viesse se defender (BALZ, 2015).
Nesse cenário, é notório a vulnerabilidade da vítima perante o seu agressor, em que
pese a inexistência de qualquer possibilidade de defesa, em que pode-se observar algumas
condutas possivelmente cometidas pelo agressor que desencadeou o resultado trágico dessa
história, como discorre a investigação do Ministério Público, e noticiado no Tribuna do
Paraná.
Ademais dos relatos da violência no dia que ocorreu a fatalidade, como mostram os
vídeos, os promotores aludem que Manvailer teria executado todo tipo de violência
em desfavor da vítima. Desde do uso de palavras depreciativas, além de ser tratada
como escrava sexual e escrava doméstica, sendo que não podia usufruir do próprio
dinheiro, chegando ao ponto de ter suas roupas e pertencer pessoais deteriorados,
sendo ameaçada verbalmente em inúmeras situações.
Com base na realização de uma análise do caso concreto, constata-se que a violência
doméstica não é recorrente de um caso isolado ou súbito, mas sim em um conjunto de ações
sucessivas. O agressor busca conviver com uma ofendida com alguma fragilidade em relação
a ele, e o mesmo é mergulhado em uma personalidade dominante, com forte persuasão. A
violência psicológica, é a mais difícil de ser legitimada pela autoridade policial, visto que a
ofendida não impreterivelmente sofre um ataque físico, não sendo de logo constatado por
familiares e indivíduos próximos, e com isso, há uma delonga na tomada de providências
(BALZ, 2015).
Em 04 de abril de 2018, teve uma modificação no Código Penal Brasileiro que por
meio da lei 13.641/2018, apresentou a seção IV ao Capítulo II, Título IV da Lei Maria da
Penha, sendo elaborado o artigo 24-A, que caracterizou como delito o desrespeito das
medidas protetivas.
Desta forma, foi incorporado à Seção IV o seguinte texto:
Tal deliberação, realizada pelo Poder Legislativo, foi uma solução a tantos casos de
desrespeito das medidas protetivas, visto que o art. 313, III do Código de Processo Penal
dispõe acerca da exigência de prisão preventiva nessas situações. Sobreleva que tal decisão,
entretanto, não esquiva que outras metodologias sejam empregadas à custa da listagem
exemplificativa das medidas protetivas (CARVALHO, 2017).
Ao vasculhar o dispositivo legal, apura-se que a modificação é imprescindível ao que
defende o parágrafo primeiro, no qual descreve que a aspecto do delito acontece de maneira
independente do juízo que outorgou a medida, sendo da seara civil ou criminal (LOPES,
2020).
Outrossim, também verifica-se que “somente a autoridade judicial poderá consentir
fiança”, nas situações de prisão em flagrante, fato que anterior a respectiva mudança era
apanágio do delegado de polícia, exceto, no que concerne a deliberação de fiança para os
demais delitos, em que a pena apresenta-se inferior a quatro anos (SANTOS, 2018).
Antes da Lei 13.641/2018, indagava-se a probabilidade de desobediência das medidas
protetivas serem emolduradas por transgressão de desobediência, todavia o STJ interpretou
que tal medida é uma ação atípica em face das sanções já prognosticada na Lei Maria da
Penha, como exemplo abaixo:
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS