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FEMINICÍDIO NO BRASIL: Impacto da pandemia na violência contra a

mulher1

FEMICIDE IN BRAZIL: The pandemic’s impact over violence against


woman

Ana Clara de Oliveira Duarte2


Cibele Marta da Silva3
Katiwce Paz da Costa4
Fernanda Kallyne Rêgo de Oliveira5

RESUMO

Esta pesquisa estuda sobre o feminicídio, abordando os impactos da


pandemia da COVID-19 na violência contra a mulher no Brasil. Como questão
problema tem-se a seguinte: qual o impacto causado pela pandemia na
questão da violência doméstica no Brasil? De tal modo, o objetivo geral foi
analisar o contexto do feminicídio no Brasil no período pandêmico de COVID-
19. Para isso, utilizou-se como metodologia a pesquisa do tipo qualitativa
bibliográfica, tendo como aporte teórico autores como Teles e Melo (2012), que
discutem sobre a violência contra a mulher e Meneghel e Portella (2017), os
quais tratam sobre feminicídio, entre outros. Como resultados, observou-se que
houve um aumento significativo de feminicídio no Brasil no ano de 2020,
comparando-se com 2019. Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança
Pública, em doze estados do país houve um crescimento de 22,2% nos meses
de março e abril de 2020 em relação ao mesmo período do ano anterior.
Chama-se atenção para o caso do Acre, no qual o aumento foi de 300%,
Maranhão, 166,7% e Mato Grosso, 150%. Dessa forma, conclui-se que o
isolamento social ocasionou um convívio maior das mulheres com seus
companheiros, assim como a falta de acesso a rede de serviços de apoio às
mulheres vítimas de violência doméstica, ocasionando um crescimento
considerável dos casos. De tal modo, é preciso que esses serviços se
mantenham ativos,assim como a manutenção e facilitação de canais de
denúncia, os quais proporcionam que estas mulheres consigam sair da
situação de violência antes de chegar culminar no feminicídio.

Palavras-chave: Feminicídio. Violência Contra a Mulher. Pandemia.

ABSTRACT

This research studies about femicide, regarding the impacts of the


COVID-19 pandemic over the violence against woman in Brazil. The pivotal

1Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Potiguar, como parte dos


requisitos para a obtenção do Título de Bacharel em Serviço Social, em 2022.
2 Graduanda em Serviço Social pela Universidade Potiguar - E-mail: aclaraduarte1@gmail.com
3 Graduanda em Serviço Social pela Universidade Potiguar - E-mail:cibele-marta@hotmail.com
4 Graduanda em Serviço Social pela Universidade Potiguar - E-mail:

katiwce12lima@outlook.com.br
5 Professora-Orientadora. Docente na Universidade Potiguar - E-mail: fernandakallyne@unp.br
question-problem is the following: what is the impact caused by the pandemic
into the subject of domestic violence in Brazil? In this way, the general objective
has been analysing the context of femicide in Brazil in the COVID-19 pandemic
period. For that, the bibliografical qualitative kind of research has been utilized,
having as theorical subsidy authors as Teles and Melo (2012), which discuss
over violence against woman and Meneghel and Portella (2017), that deal with
the femicide subject, amongst others. As a result, it has been observed that a
considerable growth in the femicide occurrence in Brazil happened throughout
the year of 2020, in comparison to 2019. According to data of the Brazilian
forum of public security, in twelve states of the country a rise of 22,2% occurred
between march and april of 2020 in relation to the same period of the year prior.
Attention is drawn to the situations of Acre, which has had an increase of 300%,
Maranhão with 166,7% and Mato Grosso with 150%. All things Considered, it is
possible to conclude that the social isolation led to women spending more time
with their partners, just as a lack of access to the network of support services
towards women victime of domestic violence, having as a result a considerable
increase of the cases. Taking that into Consideration, these services need to
stay active just as the maintenance and facilitation of the means of complaint,
which allow these women to get out of a situation of violence before it leads to a
femicide.

Keywords: Femicide. Violence Against Woman. Pandemic

1 INTRODUÇÃO

Sem dúvidas, o Corona Vírus trouxe muitos problemas não só no


âmbito da saúde, mas também político, econômico e social. O avanço da
transmissão da doença levou os órgãos de saúde governamentais, como a
Organização Mundial de Saúde e, a nível nacional, Ministério e Secretarias de
Saúde, a adotarem algumas ações como a questão do isolamento e
distanciamento social, com objetivo de conter o aumento dos casos.
Neste sentido, este trabalho analisou o problema a nível social, mais
especificamente, a questão relacionada a violência doméstica no país,
buscando conhecer os números estatísticos do feminicídio, fazendo uma
relação entre os números coletados e o contexto pandêmico. Neste sentido,
como problemática a pesquisa fundamentou-se na seguinte questão: qual o
impacto causado pela pandemia na questão da violência doméstica no Brasil?
Como objetivo geral, esta pesquisa buscou analisar o contexto do
feminicídio no Brasil no período pandêmico de COVID-19. E como objetivos
específicos: Compreender de que forma se da o feminicídio no Brasil;
Evidenciar se o feminicídio se fez mais presente na realidade das mulheres
brasileiras no período pandêmico; Identificar as principais causas e formas de
feminicídio; e Perceber de que forma os dispositivos legais de enfrentamento a
violência contra a mulher se efetiva no Brasil.
Estudar os impactos da pandemia sob a ótica de todas as ciências é de
fundamental importância para conhecer as transformações e consequências
que esta doença trouxe para a sociedade. Destaca-se, ainda, que no período
de isolamento social, chamado de lockdown, vários serviços também foram
suspensos, o que impossibilitou o acesso das mulheres ao atendimento
oferecido pela rede. Assim, considera-se importante verificar os casos de
aumento da violência e, em seu grau mais grave, o feminicídio, comprovando a
importância dos canais de acesso das mulheres vitimizadas.
Para desenvolver esta pesquisa utilizou-se autores que discutem a
violência doméstica, como Teles e Melo (2012), os quais abordam a violência
contra a mulher, Saffioti (2015) que faz destaque ao histórico patriarcal que se
perpetua na sociedade, assim como Meneghel e Portella (2017), os quais
tratam sobre feminicídio, apresentando seu conceito e o cenário atual para a
sua existência.
Este trabalho divide-se em três partes: primeiramente é apresentado o
conceito de feminicídio, elucidando as circunstâncias para as suas causas,
assim como também a importância de abordar este tema. Em seguida,
apresenta-se os números relacionados ao feminicídio no período pandêmico,
destacando os impactos em relação aos casos no Brasil. Por fim, aborda-se a
legislação atual, vigente, relacionada a proteção das mulheres diante da
violência doméstica e feminicídio, dando ênfase a Lei no 11.340/2006,
denominada de Lei Maria da Penha, assim como a Lei n o 13.104/2015, a qual
alterou o art. 121 do Código Penal criando o crime de feminicídio.

2 FEMINICÍDIO: Desmistificando suas causas

Refletir acerca dessa problemática sempre será muito desafiador, uma


vez que se configura como uma expressão fatal das diversas formas de
violência. O termo pode parecer atual, mas o feminicídio teve início a várias
décadas atrás e carrega raízes culturais que apontam o patriarcado como fator
determinante para o entendimento sobre o assunto (MENDES, 2017).
Para Saffioti (2015) o patriarcado se denomina através das relações de
gênero, ligadas a visão da mulher como vulnerável, ou um ser humano mais
frágil apenas como um objeto de posse e controle do homem. Como objeto
central da ordem patriarcal, há a submissão do sexo feminino. Além de que, a
mulher possuía obrigações, tais como manter relações sexuais, embora fosse
contra sua vontade, enfatizando o controle sobre suas escolhas e sexualidade
(AGUIAR, 2015).
O assassinato de mulheres é habitual no regime patriarcal, no qual
elas estão submetidas ao controle dos homens, quer sejam maridos,
familiares ou desconhecidos. As causas destes crimes não se devem
a condições patológicas dos ofensores, mas ao desejo de posse das
mulheres, em muitas situações culpabilizadas por não cumprirem os
papeis de gênero designados pela cultura (MENEGHEL;
PORTELLA,2017, p. 3079).

A mulher era tida como propriedade, submissa ao pai e ao marido,


devendo guardar a honra de seu pai até o casamento, onde deveria se manter
fiel, correndo risco de sofrer castigos como o cárcere privado. O seu marido
possuía liberdade para se relacionar com outras mulheres. Em meados do
século XVI e XIX a Justiça Brasileira considerou as Ordenações Filipinas que
concedia ao marido o direito de matar a sua esposa em caso de a mesma
cometer adultério, ou se houvesse apenas boatos ou desconfiança do
acontecido, esse crime possuía o nome de uxoricídio. Entretanto, o marido e o
amante poderiam ser condenados a uma pena de três anos de exílio na África
(MELLO,2017).
Após trinta anos, houve uma mudança no Código Civil, que motivou o
surgimento do Estatuto da Mulher Casada, Lei n° 4.121/62, que concedeu as
mulheres a oportunidade do divórcio e de exercer o pátrio poder, todavia ainda
era vista como submissa ao marido. Vale ressaltar que as mudanças ocorreram
apenas em teoria, dado que o comportamento abusivo foi preservado
(MARCIANO et al, 2019).
O termo feminicídio surgiu na década de 1970, dentro do movimento
feminista, conceituando a morte de mulheres como ato de ódio tendo por
motivação o fato de sua condição social enquanto gênero feminino. Diferente
do homicídio, que denominava mortes por assassinato sem distinção dos
sexos, o feminicídio revela características especificas, como a existência de
violência geralmente advinda de ex relações afetivas, mostrando a relação de
posse sob o corpo feminino e a vulnerabilidade feminina dentro dessas
relações (ROMIO, 2019).
Assim, os feminicídios são mortes femininas que se dão sob a ordem
patriarcal, uma forma de violência sexista que não se refere a fatos
isolados, atribuídos a patologias ou ciúmes, mas expressa ódio
misógino, desprezo às mulheres e constituem mortes evitáveis e, em
grande maioria, anunciadas, já que grande parte representa o final de
situações crescentes de violências (MENEGHEL; PORTELLA,2017,
p.3080).

No ano de 1976, aconteceu o Primeiro Tribunal Internacional de Crimes


contra Mulheres, na cidade de Bruxelas, Bélgica onde foi citado pela primeira
vez o termo “feminicídio”, entretanto somente em 1990 que se deu sua
definição, através da ativista feminista Diana Russell (2011) que defendia que o
feminicídio seria causado por atitudes advindas de um conjunto de violência
contra mulheres, praticadas ao longo dos anos com várias justificativas, sendo
elas questões de honra ou a prática de incendiar as mulheres que eram
consideradas bruxas, sucedendo a morta das mulheres (SOUZA, 2018).
Posteriormente Diana Russel, junto com Jill Radford, lançaram o livro
“Femicide: the politics of woman killing” (Feminicídio: a política de matar
mulheres) formados por artigos que foram escritos por pesquisadores dos
direitos humanos das mulheres, nos anos de 1980 e 1990, analisando também
como fatores importantes o racismo, violência sexual, preconceito, entre outros
(RUSSEL, 2011).
A ativista Diana Russell (2011) também denominava como feminicídio,
de forma indireta, as violências patriarcais resultada em morte, de forma
institucional onde há o impedimento do aborto como forma de controle ao corpo
feminino, colocando em risco a vida da mulher, e a negligência por parte do
Estado que estimula a “violência e o senso de segurança e justiça se desloca
da esfera pública dos direitos para se tornar uma responsabilidade individual”
(ROMIO, 2019, p.84).
Em 1990, começa o aumento do número de notificações de casos de
morte de mulheres jovens, na fronteira entre o México e os Estados Unidos. A
conjuntura dessas mortes, causadas por violências sexuais, mutilações dos
corpos e abandono em locais públicos, atraíram a atenção da mídia e da
população. A partir daí deram início aos movimentos de defesa dos direitos
humanos femininos em busca de justiça pelas vítimas e suas famílias, foi então
que o termo feminicídio foi revogado na América Latina como conceito
exclusivo de morte a mulheres (ROMIO, 2019).
As autoras Meneghel e Portella (2017) ressaltam determinantes que
influenciam a vulnerabilidade das mulheres de serem mortas pelos seus
conjuges, sendo a diferença de idade entre eles, a relação conjugal informal, a
iniciativa de separação por parte da mulher, além das agressões constantes.
Outra característica de relevância é que o agressor, muitas vezes, culpabiliza a
vítima por tentar assumir uma postura mais independente, seja trabalhando ou
estudando, ou por seu comportamento, forma de se vestir, entre outras.
(CANAL; ALCANTARA;MACHADO, 2019). A maioria dessas relações são
consideradas comuns para a sociedade, pois o agressor não transparece
qualquer evidência, atribuindo ao crime uma visão passional ou como um
momento de fúria, dificultando que o crime seja impedido ou prevenido. “Por
esse motivo, considerar o feminicídio como uma explosão passional ou atribui-
lo à doença do agressor, significa retirar a conotação social e de gênero do
crime, reduzindo-o à esfera individual” (MENEGHEL E PORTELLA, 2017,
p.3081)
O feminicídio pode ser estabelecido conforme sua particularidade,
estímulo ou características especificadas do crime de ódio, sendo essas:
Feminicídio íntimo: cujo a vítima tem realmente um relacionamento íntimo ou
familiar, mais constante e com maior taxa de violência e abuso, e com
permanência de meses ou anos; Feminicídio sexual: de que a vítima não tem
ou tinha alguma correlação íntima ou familiar com o agressor; Feminicídio
corporativo: crime por vingança ou norma, que envolve facção ou organização
criminosa, realizado em nome de outra pessoa; Feminicídio infantil: crime de
menores de idade, na qual tem vinculação, cuidado do agente ativo e passivo
(ROMERO, 2014).
A expressão “feminicídio” abrange diversos tipos de violências, que
resultam na morte de mulheres. Vale ressaltar como evidenciado, que esses
crimes ocorrem desde muitos anos atrás e vem ganhando força e sendo
compreendido constantemente, a partir das lutas e criação de legislações como
forma de defesa e busca por justiça, ressaltando o quanto a sociedade ainda
permanece com tradições patriarcais, privando as mulheres de sua liberdade e
dignidade. É possível identificar que é fundamental alertar as mulheres sobre
as causas, buscando uma forma de tentar evitar e protegê-las deste ato brutal,
que destroem suas vidas e famílias, e garantir o respeito e direitos das
mulheres que passam por esse e tantos outros crimes.

2.1 Porque é importante falar sobre Feminicídio?

No que concerne ao debate sobre Feminicídio, um fator que cabe


relevância neste assunto é o machismo. A respeito disso, sabemos que desde
o Brasil colônia, a mulher já era menosprezada, e colocada para ser submissa.
O machismo é algo demasiadamente significativo na educação brasileira, que
ainda é muito conservadora e exerce um papel visível para esses crimes que
acontecem. A submissão da mulher na sociedade patriarcal, desde o princípio,
foi vista com naturalidade, portanto possuíam poucos direitos e seus deveres
eram estar sempre ao lado do seu protetor, que poderia ser o pai, o irmão ou
marido (CARNEIRO, 2011).
A mulher era condutora da honra e, se porventura, fosse desonrada,
mesmo que estuprada, poderia ser morta para resguardar a posição social de
seu suposto protetor, uma violência insensata e discriminatória que,
infelizmente, ainda persiste em algumas partes do mundo. De acordo com o
Mapa da Violência de 2015, o Brasil é um país de extrema agressividade
contra a mulher ocupando a sétima posição em uma lista de oitenta países,
uma taxa de 4,5 mortes para cada 100 mil mulheres. As mulheres negras
acompanharam diferentes momentos de sua militância, à questão específica da
mulher negra ser secundarizada na suposta universalidade de gênero, embora
seja em um país em que as afrodescendentes integram, em torno de metade
da população feminina. A crescente compreensão do impacto do binômio
racismo/sexismo na produção de privilégios e supressões vem produzindo
maior proteção entre as mulheres (CARNEIRO, 2011).
Conforme a Lei 11.340/2006, considera-se violência doméstica e familiar
contra a mulher, qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause
morte, lesão, sofrimento físico, dano patrimonial, moral, sexual e psicológico. A
violência física entendida como qualquer conduta que ofenda a integridade ou
saúde corporal.
“Gênero”, como substituto de “mulheres”, é igualmente utilizado para
sugerir que a informação a respeito das mulheres é necessariamente
informação sobre os homens, que um implica no estudo do outro.
Este uso insiste na ideia de que o mundo das mulheres faz parte do
mundo dos homens, que ele é criado dentro e por esse mundo. Esse
uso rejeita a validade interpretativa da ideia das esferas separadas e
defende que estudar as mulheres de forma separada perpétua o mito
de que uma esfera, a experiência de um sexo, tem muito pouco ou
nada a ver com o outro sexo (SCOTT, 1989, p.7).

Ademais, o gênero é igualmente utilizado para designar as relações


sociais entre os sexos. No entanto, para entender essa violência de gênero que
vitimiza particularmente as mulheres, é necessário que vejamos sua
inferiorização como modo histórico repassado pelas distinções e singularidade
do contexto em que se constituiu, assim, então, sendo resultado de uma
produção cultural. Segundo Teles e Melo (2012), a violência de gênero
“demonstra que os papéis impostos às mulheres e aos homens, consolidados
ao longo da história e reforçados pelo patriarcado e sua ideologia, induzem
relações violentas entre os sexos” (TELES E MELO, 2012, p.16).
De acordo com o Art. 7º da Lei 11.340/06 são as seguintes formas de
violência contra mulher:
I – a violência física, compreendida como qualquer conduta que
ofenda sua integridade ou saúde corporal; II – a violência psicológica,
percebida como qualquer conduta que cause dano emocional e
diminuição da autoestima ou que prejudique e perturbe o total
desenvolvimento ou que venha destruir ou controlar suas ações ,
comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça,
manipulação, humilhação, isolamento, vigilância, constrangimento,
perseguição, chantagem, ridicularização, insulto, exploração e
restrição do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que cause
prejuízo à saúde psicológica e a autonomia; III – a violência sexual,
compreendida como qualquer conduta que a force participar de
relação sexual não desejada, por meio de intimidação, ameaça,
repressão ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar,
de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer
método contraceptivo ou que o force ao matrimônio, a gravidez, ao
aborto ou à prostituição, mediante opressão, chantagem, suborno ou
manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos
sexuais e reprodutivos; IV – a violência patrimonial, compreendida
como qualquer conduta que caracterize retenção, subtração ,
destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho,
documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos
econômicos, incluindo os designados a satisfazer suas necessidades;
Violência Moral - a violência moral, vista como qualquer conduta que
configure calunia, difamação e injúria.

Como apresentado, a violência doméstica, é uma violência vivenciada


em diversas famílias brasileiras, de diversas formas, sendo ela sexual,
patrimonial, psicológica, física, entre outras. Como consequência dessa
violência sofrida, a série de atos é um ciclo, que começa em uma violência
mais “leve”, chegando ao extremo que se transforma no feminicídio, isto é o
homicídio daquela pessoa em decorrência do sexo feminino (ALMEIDA, 2020).
O feminicídio não se efetiva de forma única, a violência sofrida já vem
sido feita em diversas formas e contextos (ENGEL, 2020). Deste modo, se
entende que o feminicídio, para Débora Prado (2017) vem a ser considerado
como mortes escapáveis, como resultado da série de violências já sofridas
antecedentemente a morte. Desta forma, entende-se, que a maior parte dos
feminicídios decorrem da violência doméstica, conhecida como feminicídio
íntimo, em desvantagem ao sentimento de posse que o homem estabelece
sobre a mulher.
É possível observar que grande parte dos casos de feminicídio ocorrem
no âmbito familiar e doméstico, evidenciando a ligação entre a violência
doméstica e os crimes praticados no contexto conjugal. O maior número de
casos está principalmente entre casais heteroafetivos, levando em
consideração as relações entre os gêneros (CANAL; ALCANTARA;
MACHADO, 2019).
Saffioti (1994) advertiu que a violência contra a mulher é realidade entre
todas as classes sociais, a prática não escolhe classe social. O fenômeno da
violência é enviesado à sociedade, eliminando a divisão de classe social e de
raça/etnia, claramente com observação que: “É visível que as classes
abastadas possuem de muitos recursos, políticos e econômicos para omitir a
violência doméstica”. (SAFFIOTI, 1994 p.168).
Conforme aponta Miller (2002, p.16), o agressor, primeiramente antes de
“ferir fisicamente sua companheira, precisar baixar a autoestima da mesma de
tal modo que ela acabada tolerando as agressões”. Porém, para Verardo
(2004), compreender que está vivendo uma situação de violência pode ser
bastante difícil para algumas mulheres. Muitas delas acabam se enganando e
disfarçando que aquela violência toda não está de fato acontecendo.
De acordo com a pesquisa do Data Senado (2020), a 9ª edição da
pesquisa nacional sobre violência doméstica e familiar contra a mulher, revela
que o percentual de mulheres que percebem aumento na violência cometida
contra pessoas do sexo feminino no último ano segue em linha crescente e
chega a 86%. O dado representa aumento de 4 pontos percentuais em relação
ao levantamento anterior, realizado em 2019. Para apenas 10% das brasileiras,
a violência contra mulheres permaneceu igual nos últimos 12 meses, enquanto
2% apontam redução. A taxa de mulheres que alegam já ter sofrido algum tipo
de violência doméstica chega a 29% em 2021. Os homens surgem como
autores em 94% dos casos de agressão expostas pelas brasileiras, portanto, o
percentual de mulheres que declaram já ter sofrido algum tipo de violência
doméstica acarretará por um homem foi de 27%. Ainda de acordo com a
pesquisa 20% revelam ter passado por algum tipo de agressão doméstica nos
últimos 12 meses e 36 declaram ter buscado assistência à saúde por conta da
violência sofrida. Entre elas, 18% convivem com o agressor.
Já no Rio Grande do Norte a violência doméstica aumentou em 258,7%,
entre os anos de 2019 e 2020, de acordo com o site Tribuna do Norte (2020).
Segundo a promotora de defesa da mulher Erica Canto, os dados aumentaram
por conta do isolamento social. Em reportagem publicada na Tribuna do Norte
(2020), apresentou que o número de medidas protetivas atribuído a mulher em
meio a pandemia de COVID-19 havia crescido em 22,7%. Em 2021 os casos
aumentaram em 29% no primeiro semestre do ano no RN, os dados são da
coordenadoria de estatística da secretaria de segurança pública e defesa social
(SESED).
Como é possível observar, a violência contra a mulher ainda é uma
realidadee vem apresentando considerável crescimento no Brasil, apesar de
todas as estratégias de combate a essa problemática e das políticas públicas
vigentes no país. Para tanto, é importante evidenciar quea violência é fruto da
desigualdade promovida pelo gênero, pelo preconceito definido pelas
sociedades. Como apontado pela literatura, percebe-se que no Brasil o
tradicionalismo patriarcal ainda é muito presente embora as conquistas das
mulheres que buscam a igualdade e a conquista do seu espaço dentro da
sociedade sejam muitas (AMARANTE, 2019).
Dessa maneira, não se pode negar que a cultura do patriarcado ainda
existente acaba por impedir a autonomia da mulher. Sendo esse um círculo
vicioso cultural que gera violência contra a mulher nos mais diversos aspectos
e nos mais variados espaços da sociedade, demonstrando que apesar das leis
protetivas a violência e o feminicídio crescem a cada dia (TELES; MELO,
2012). Para buscar controlar esse ciclo de violências, foi posto a Lei Maria da
Penha, que objetiva proteger e impedir toda a violências sofrida pelas vítimas.
Contudo, as proteções oferecidas não são suficientes para impossibilitar todos
os feitos. É deprimente que a violência doméstica, na sua forma física,
psicológica, moral, sexual, patrimonial entre outros, é um fator bastante alto
para o resultado feminicídio, pois após a vítima ser agredida e não ter a
consciência, ação ou coragem de entender e sair daquele ciclo, o agressor se
sente no direito de cessar tal ato da forma mais trágica, chegando ao
feminicídio (TELES; MELO, 2012).
Como forma de evidenciar essa realidade, no tópico a seguir, será
apresentado os impactos desse fenômeno na pandemia, bem como os danos
configurados.

3 IMPACTOS DA PANDEMIA NOS CASOS DE FEMINICÍDIO

O Brasil teve o ano de 2020 marcado pela pandemia do novo


coronavírus, uma doença que varia do resfriado comum a doenças mais
graves, como a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS-CoV) e a
Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS-CoV). Assim, por se configurar
como uma doença infecto contagiosa, e para que não ocorresse uma
proliferação do Covid-19, algumas medidas foram adotadas pelos órgãos de
controle da política de saúde no país, dentre elas, pode-se destacar, o
isolamento social como a principal maneira de proteção e método mais seguro
para diminuir a propagação da doença, ocasionando uma enorme mudança na
rotina das pessoas, na qual diversas atividades passaram a ser realizadas no
formato hibrido, na modalidade de tele trabalho ou home office6. Essa medida,
entretanto, trouxe à mulher a realidade de vivenciar uma situação de maior
vulnerabilidade, elevando os conflitos familiares e, consequentemente, a
violência doméstica (ABUDE, 2021). Além de conviver e permanecer por mais
tempo com o seu agressor no lar, o que dificultou a realização da denúncia,
visto que, muitas vezes, foi impedida de se locomover ou até acessar canais de
denúncia. Entretanto, o isolamento social só ressaltou uma realidade já
vivenciada pelas mulheres, uma vez que, mesmo em contextos não
pandêmicos, possuem dificuldade de realizar a denúncia (AGÊNCIA BRASIL,
2020).
De acordo com Vieira et al. (2020) a violência doméstica em tempos de
pandemia, comprovou que o isolamento social alarmou indícios preocupantes
da sua prática contra mulheres. Os autores declaram que as organizações de
enfrentamento à violência doméstica salientaram aumento da violência por
causa da coexistência forçada, do estresse econômico e de temores sobre a
coronavírus.
Na mesma direção Siqueira et al. (2020) esclarecem que as medidas de
quarentena postas como forma de controle da pandemia alcançaram o nível de
estresse dentro dos lares. Somando-se a isso, o uso incontrolado de bebidas
alcoólicas, o desemprego, a insegurança econômica, o distanciamento de
amigos e familiares, a interrupção das redes sociais e de proteção, a
sobrecarga de delegacias e hospitais e a falta de vagas nos abrigos, atestaram
para o aumento dos casos de violência física e sexual contra as mulheres em
todo o mundo.
Inicialmente evidencia que, o Brasil é avaliado como o quinto país do
grupo de 83 países no mundo que mais matam mulheres, circunstância
presente no Mapa da Violência de 2015, organizado pela Faculdade Latino-
Americana de Ciências Sociais (Flacso), da qual essa informação também foi
apresentada pelo Conselho Nacional de Justiça, na data de 24 de julho de
2020 (ABUDE, 2021).
Em reportagem, Lima (2021) notabiliza que entre março e dezembro de
2020, pelo menos 1.005 mulheres morreram vítimas do feminicídio,
correspondente a três mulheres assassinadas por dia. Além do mais, Oliveira
(2021) aponta que para a socióloga e consultora sobre políticas de

6Tele trabalho ou home office é conceituado pelo trabalho remoto, utilizando das tecnologias de
trabalho e comunicação (TIC), sendo realizado na casa do trabalhador(ROCHA; AMADOR,
2018).
enfrentamento à violência contra as mulheres, Wânia Pasinato, todo o final de
ano acontece um alerta a respeito do aumento de casos de feminicídios, ainda
que não exista condições reais de medir o feminicídio no Brasil em
consequência da falta de produção de estatísticas que correspondam a
realidade, mesmo que os dados produzidos pelo FBSP se aproximem disto.
Dessa maneira, Oliveira (2021), explica que existe uma ligação de
fatores estruturais que podem provocar o aumento da violência doméstica e de
feminicídios, porém, se trata de fatores conjunturais, nas quais fazem com que
a violência ganhe algum tipo de entendimento. Assim, consiste em uma
violência com causas estruturais, de maneira que acontece em qualquer
período do ano, independentemente de qualquer tipo de celebração, de haver
ou não pandemia, de forma que este tipo de violência ocorre em razão da
sociedade ser desigual, ou seja, por permitir que homens matem mulheres.
Para tanto, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública ressalta o
predomínio de casos de feminicídios que cresceu 22,2% entre março e abril de
2020 em 12 estados do país, relativamente ao mesmo período do ano
passado. De acordo com o relatório, o estado em que se nota o agravamento
mais crítico é o Acre, onde o aumento foi de 300%. Na região, o total de casos
passou de um para quatro ao longo do bimestre. Do mesmo modo tiveram
destaque negativo o Maranhão, com alteração de 6 para 16 vítimas (166,7%), e
Mato Grosso, que iniciou o bimestre com 6 vítimas e o encerrou com 15 (150%)
(AGÊNCIA BRASIL, 2020).
Diante disso, com o que indica o gráfico de feminicídio no Brasil
disponibilizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em decorrência da
pandemia e a intensificação do seguimento do isolamento social, houve um
aumento alarmante de mulheres vítimas de feminicídio entre os anos de 2020 e
2021.
Tabela 1: Feminicídios, Brasil e Unidades de Federação – 2019-2021
Fonte: Secretarias Estaduais de Segurança Pública e/ou Defesa Social; Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE); Fórum Brasileiro de Segurança Público.

No período de pandemia, várias medidas foram propostas para o


enfrentamento da violência contra a mulher, mas nem todos os países
seguiram com esse compromisso. Os Países como a França, Espanha, Itália, e
Argentina, utilizaram quartos de hotéis para oferecer abrigo para as mulheres
que sofriam violência, o que possibilitou não somente a proteção perante dos
seus agressores, como também, que cumprissem o isolamento corretamente.
Já no Brasil, não ocorreu os mesmos cuidados, apenas o aperfeiçoamento dos
canais de denúncias e execução de campanhas que não possuíram os
mesmos resultados (FBSP, 2020). Dessa forma, Vieira, Garcia e Maciel (2020)
apontam que globalmente, como no Brasil, durante a pandemia da COVID-19,
ao mesmo tempo em que se nota o agravamento da violência contra a mulher,
é reduzido o acesso a serviços de apoio às vítimas, especialmente nos setores
de saúde, assistência social, justiça, e segurança pública.
Contudo, a corte Interamericana de Direitos Humanos no dia 09 de abril
de 2020, com o objetivo de lembrar os estados de suas obrigações
internacionais e a jurisprudência da Corte, a fim de garantir a proteção e
vigência dos Direitos Humanos, no que diz respeito ao combate a pandemia foi
publicado uma declaração que tendo em consideração as medidas de
isolamento social que podem levar a um aumento de grande medida da
violência contra mulheres e meninas em suas casas, é de grande importância
enfatizar o dever do Estado de devida diligência restrita com respeito ao direito
das mulheres a viverem uma vida livre de violência e, por isso, todas as ações
importantes devem ser tomadas para prevenir casos de violência de gênero e
sexual; ter mecanismos seguros de denúncia direta e imediata; e reforçar a
atenção às vítimas (CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS,
2020).
De acordo com o Mapa da Violência (2015), as armas de fogo são
consideradas o objeto mais utilizado para o crime de feminicídio, com 48,8%,
logo em seguida, os objetos cortantes como facas e canivetes, utilizados para
mutilação dos corpos femininos, o que enfatiza o crime motivado pelo ódio.
Outro fator relevante destacado pelo Mapa da Violência (2015) é que 31,2%
dos crimes ocorrem na rua e 27,1% nas casas das vítimas, demostrando o
quanto as mulheres estão vulneráveis até mesmo dentro de suas próprias
residências.
Sublinhasse que mesmo diante de uma gama de cuidados preconizado
em regulamentações vigentes, a mulher ainda vive essa realidade fatal. Desse
modo, no próximo tópico, será elencado acerca de como essas legislações
estão vigentes no país, e como acionar a sua efetividade.

4 PROTEÇÃO AS MULHERES E AS LEGISLAÇÕES VIGENTES

Como a mulher pode identificar que é vítima de violência? Como


reconhecer que cuidado, zelo e amor, são elementos distintos de ciúmes,
agressões e culpabilização? Pode-se afirmar que reconhecer que é vítima de
violência e denunciar, é o primeiro passo a ser superado pela vítima, pois o
medo prevalece em todas as etapas, e questionamentos acerca de se
realmente o agressor será punido em tempo hábil, sempre será uma incógnita.
Para esse fim, o Forúm Brasileiro de Segurança Pública (2020) visa a
importância que é ter uma rede de apoio para dar um grande suporte a essas
mulheres que sofrem violência e outras situações, assim como, torna-se
preciso investir sempre na prevenção e na implementação de uma política
educacional, no âmbito institucional e familiar que torne o cidadão consciente
acerca da definição de condutas machistas e implemente ações que retratem a
indignação da sociedade diante desses acontecimentos que é a desigualdade
de gênero e o feminicídio.
Como reflete Prado (2011) em 1979, a Convenção sobre a Eliminação
de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, conhecida como
CEDAW, foi criada para tomar medidas para atingir todos os seus objetivos.
Em 1998, o Centro de Justiça e Direito Internacional (CEJIL) e o Comitê Latino-
Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (CLADEM),
juntamente com Maria da Penha Fernandes, enviaram à Comissão
Interamericana de Direitos Humanos (OEA) para denunciar casos de violência
doméstica no Brasil (SOUZA; FONSECA, 2006).
O caso Maria da Penha parece ser o primeiro a aplicar a Convenção de
Belém do Pará, um marco na utilização de instrumentos internacionais de
proteção aos direitos humanos das mulheres. Em outubro de 2002, quase 20
anos após o crime, e poucos meses antes de expirar o prazo prescricional, o
processo foi encerrado em nível nacional e a prisão do agressor foi decisiva
(MAIA, 2011). A condenação do caso específico de Maria da Penha também
demonstra o padrão sistêmico de negligência e descaso associado à violência
doméstica contra muitas mulheres brasileiras (SOUZA; FONSECA, 2006).
Dessa maneira, em 2006, o Brasil cumpriu seus compromissos
internacionais por meio da Lei 11.340/06, conhecida como Lei Maria da Penha,
em homenagem a Maria da Penha Maia Fernandes, vítima de violência
doméstica. Deste modo, a Lei nº 11.340/06 foi sancionada pelo Presidente da
República, em 07 de agosto de 2006. Em vigor desde 22 de setembro de 2006,
a Lei Maria da Penha define a punição, cautela e erradicação da violência
contra a mulher, e a eliminação de todas as medidas de discriminação contra
ela (BRASIL, 2006).
Como é sabido, a Lei Maria da Penha é a principal legislação do Brasil
de proteção às mulheres vítimas de violência doméstica, determinando a prisão
do suspeito de agressão, ordena o afastamento do agressor da vítima e da sua
família, dentre tantos benefícios para as vítimas. Entretanto, nenhuma mulher
está livre de ser acometida pela violência, pois independe de cor, raça, religião
e situação econômica, a regulamentação hoje existente, é resultado das
inúmeras situações pelas quais vivenciou a farmacêutica Maria da Penha Maia
Fernandes, que recorda o dia em que acordou paraplégica em decorrência da
tentativa de homicídio do marido, o economista Marco Antônio Heredia
Viveiros. O pai de suas três filhas declarou à polícia que o tiro havia sido
disparado por ladrões e, duas semanas depois, no mesmo ano de 1983, tentou
eletrocutá-la em uma banheira (BRASIL, 2006).
A Lei Maria da Penha foi decretada para atender às necessidades das
mulheres vítimas de qualquer tipo de violência doméstica, punir e prevenir
certos atos de discriminação social e legislativa e prestar assistência às
vítimas. No entanto, ao final do processo criminal do agressor, foi instaurado
inquérito para apurar a responsabilidade por irregularidades e atrasos
injustificados no procedimento e para tomar as medidas administrativas,
legislativas e judiciais correspondentes, sem prejuízo da eventual resposta do
governo brasileiro, por falta de um recurso rápido e eficaz para a punição e
eliminação da violência contra a mulher (MATA, 2006).
Assim, a história da Lei Maria da Penha compreende a luta pela não
discriminação e não violência contra a mulher, e objetiva conscientizar a
sociedade sobre a gravidade dessa violência como questão social. Essa ação,
a eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres, pode ser
observada em diversas convenções de defesa dos direitos das mulheres
(OLIVEIRA, 2013).
Em conformidade com a regulamentação, as medidas protetivas que
foram constituídas para trazer à mulher uma origem jurisdicional dos direitos
que são devidos não só na Lei específica, como também na Constituição
Federal. Conforme Pasinato (2010), as ações e medidas protetivas na Lei
Maria da Penha estão separadas em três eixos de intervenção. O primeiro é a
punição, que reflete na aplicação de medidas processuais penais, de acordo
com artigo 5º e incisos da lei; o segundo, a proteção e assistência, que
consistem na utilização das medidas protetivas visando à proteção da vítima, e
o terceiro trata sobre a prevenção, que trata à obrigação de um compromisso
dos governos na criação de ações integradas que apontam à prevenção da
violência.
Medidas protetivas, dessa forma, são as medidas que propõem garantir
que a mulher possa agir livremente ao priorizar por buscar a proteção estatal e,
fundamentalmente, a jurisdicional, contra o seu suposto agressor. Para que
tenha a cessão dessas medidas, é essencial a constatação da prática de
conduta que caracterize violência contra a mulher, criada no âmbito das
relações domésticas ou familiares dos envolvidos (BRUNO, 2013).
Desse modo, foram criadas as medidas protetivas de urgência. A
autoridade policial deve tomar providências legais cabíveis quando tiver a
consciência de episódios que ajustem a violência doméstica. A comunicação
ao Ministério Público é obrigatória. No que se refere ao magistrado, que deverá
conhecer e decidir sobre o pedido no prazo legal de 48 horas (HERMANN,
2008).

Art. 18: Recebido o expediente com o pedido, caberá ao juiz no prazo


de 48 (quarenta e oito) horas: I – conhecer o expediente e do pedido
e decidir sobre as medidas protetivas de urgência; II – determinar o
encaminhamento da ofendida ao órgão de assistência judiciaria,
quando for o caso; III – comunicar ao Ministério Público para que
adotem as providências cabíveis. (BRASIL, 2006).

Cabe salientar que estas decisões não são mutuamente divergentes,


isto é, uma não exclui a outra. Portando, como ação peculiar do conflito
doméstico é considerada, as medidas atribuídas podem ser substituídas a
qualquer tempo, de modo a viabilizar proteção mais eficiente aos direitos das
vítimas (HERMANN, 2008).

Art. 19: As medidas protetivas de urgência conseguirão ser atribuídas


pelo juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da
ofendida. §1º: As medidas protetivas de urgência poderão ser
providas de imediato, independentemente de audiências das partes e
de manifestação do Ministério Público, devendo este ser rapidamente
comunicado. §2º: As medidas protetivas de urgência serão aplicadas
isolada ou conjuntamente, e poderão ser substituídas a qualquer
tempo por outras de maior eficácia, sempre que os direitos
reconhecidos nesta Lei forem ameaçadas ou violadas. §3º: Poderá o
Juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida,
atribuir novas medidas protetivas de urgência ou rever aquelas já
concedidas, se entender necessário à proteção da ofendida, de seus
familiares e de seu patrimônio, ouvindo o Ministério Público (BRASIL,
2006).

É fundamental que verifique que as medidas protetivas, dado o seu


caráter emergencial que acarreta uma atuação mais ágil do Estado, tem o
poder de cessar o ciclo de violência que pode ser averiguado em diversas
relações afetivas domésticas. Dessa forma, Saffioti (2015) declara que a
violência doméstica ocorre numa relação afetiva, cuja ruptura demanda, via de
regra, mediação externa. Dificilmente uma mulher consegue desvincular-se de
um homem violento sem auxílio externo. Até que este ocorra, descreve uma
trajetória oscilante, com manejos de saída da relação e retorno a ela. Este é o
chamado ciclo da violência mesmo quando se encontram na relação por
décadas, as mulheres reagem à violência, variando muito as estratégias.
Saffioti (2015) declara que a competência na atuação do judiciário e dos
demais órgãos relativos à rede de atendimento às mulheres vítimas de
violência é primordial para que sejam prevenidas ocorrências de maiores danos
a essas pessoas. Apesar de que Freitas (2012) tenha um pensamento parecido
ao de Saffioti, e que ainda reforce o fato de ser a Lei Maria da Penha uma
legislação muito importante, realce o normativo não tem tido o efeito esperado
e desejado pela sociedade, principalmente pelas mulheres que são vítimas da
violência, isso tudo em consequência da lentidão na tramitação dos processos.
Sobre essa realidade o autor aponta que parte dessa ineficiência se dá pela
falta de aparato às polícias e ao judiciário, onde o pequeno número de agentes,
servidores, juízes e promotores não conseguem sustentar o número de
métodos e processos que a cada dia aumenta nas delegacias e judiciário, não
só resultantes desta lei, promovendo um sentimento de inserção aos
agressores que possuem contra si medidas protetivas em favor de seus
cônjuges, companheiras e namoradas, pois há demora na emissão dessas
medidas, ou, quando são emitidas, sua efetividade é moderada pela falta de
punição aos agressores que descumpre (FREITAS, 2012).
Ressalta-se ainda que existem várias diferenças entre os assassinatos
de mulheres, entretanto todos com o mesmo objetivo: tirar a vida da mulher de
forma cruel. Fato esse que tem se tornado bastante presente e naturalizado na
sociedade (RIOS; MAGALHÃES; TELLES, 2019). Vale elencar, como previsto
no artigo 5 da Constituição Federal (1988), que trata “todos são iguais perante
a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade”. Todavia esse direito é retirado das
mulheres que tem suas vidas perdidas, portanto a Lei nº 13.104/2015 incluiu o
feminicídio como crime qualificado.
Para tanto, a Lei do Feminicídio (13.104/2015) foi sancionada em 9 de
março de 2015, que altera o artigo 121 do Código Penal, dando ênfase ao
crime de homicídio qualificado contra mulheres por razões de gênero, alterando
a pena de 06 a 20 anos, para 12 a 30 anos. Destaca-se também que a pena
pode ser aumentada de um terço até a metade, caso o crime seja cometido
durante a gravidez ou nos três meses após o parto, entre outras
particularidades previstas na lei (BRASIL, 2015).
Outra modificação relevante imposta pela Lei 13.104/2015, foi a
colocação do feminicídio como crime hediondo, tornando-se inafiançável.
Entretanto, sua aplicação só foi válida nos processos após o dia 10 de março
de 2015, a data de sua promulgação, tendo em vista a degradação da prática
destes crimes (MARCIANO et al., 2019).
Para efetivação das legislações vigentes e como forma da garantia de
proteção das mulheres, em 2003 foi criada a Secretaria de Políticas para as
Mulheres (SPM), no entanto, antes disso o atendimento era voltado para as
Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMS) e no
encaminhamento das mulheres às casas-abrigo. Com a criação da SPM, as
ações de proteção e prevenção foram ampliadas, incluindo novos espaços de
acolhimento para mulheres, tais como: centros de referência da mulher,
defensorias da mulher, promotorias da mulher ou núcleos de gênero no
Ministérios Públicos, juizados especializados de violência doméstica e famílias
contra a mulher, Central de Atendimento à Mulher (Ligue 180), entre outros
(SPM, 2011).
Segundo a Política Nacional de Enfretamento à Violência contra as
Mulheres (2011), a Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180, é um canal
que pode ser acessado gratuitamente e de utilidade pública, um importante
avanço para a propagação dos serviços ofertados pela rede de atendimento as
mulheres, que visa orientá-las sobre seus direitos e serviços para o
atendimento de suas demandas.
Mesmo frente a importância evidenciada, uma enorme parcela de
mulheres, que vivem a violência, opta por permanecer no convívio com o
agressor e, dessa maneira, a atenção e a prudência devem incluir não apenas
as vítimas, mas também os homens autores dessa violência, com o objetivo de
atuar em prol da prevenção de sua revitimização (MADUREIRA, 2014).
Portanto, os maus tratos sofridos pelas mulheres instituem perdas
significativas em sua saúde física e mental. As consequências na vida das
mulheres violentadas são muitas. O Ministério da Saúde vem, ao longo dos
anos, estabelecendo políticas e regularizando ações de precaução e
tratamento dos agravos consequentes da violência contra as mulheres, visto
que são agravos de alta frequência e que resultam serias consequências ao
estado físico, psíquico e social, sendo relevantes no processo de saúde e
adoecimento das pessoas (OLIVEIRA, 2013).
Assim, a violência contra a mulher é passível de cuidado e precisa ser
enfrentada. Entende-se que a sua superação causa a eliminação das situações
desiguais da mulher na sociedade. Porém, até que esse princípio seja
alcançado, as políticas públicas têm um papel primordial. É claro a
necessidade de estudos para contribuir com a elaboração e a avaliação dessas
políticas, visando o seu contínuo aperfeiçoamento (GARCIA et al., 2016).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O feminicídio é um crime hediondo perverso no sistema jurídico nacional


e internacional. No Brasil, casos de feminicídios são acometidos diariamente.
São mulheres vítimas de atos macabros dos seus ex-companheiros, esposos,
por acharem ter o domínio e o poder contra suas companheiras.
Frequentemente, esta ação é praticada por violências constantes como
violência sexual, física, doméstica, psicologia, entre outras relacionadas à
relação de subordinação e dominação, ciúmes e discriminação, situações que
deveriam ser ultrapassadas, se esses atos fossem denunciados. Este fato não
é um acontecimento recente. Esses crimes vêm sendo praticados a muito
tempo, porém é observado um aumento de incidência a cada ano.
Com o isolamento devido a pandemia da COVID-19 e a impossibilidade
de as mulheres saírem de casa se torna mais agravante. Perante o elevado
aumento do número de feminicídios no nosso país, as medidas preventivas
como: o uso de tornozeleira eletrônica com o intuito de monitorar
eletronicamente o agressor, tal como a utilização do dispositivo eletrônico
conhecido como botão do pânico, o qual se destina a realizar o rastreamento
do agressor, se fazem fundamentais para o combate à violência contra a
mulher e em consequência, ao feminicídio.
Como pretendido inicialmente, buscou-se nesse trabalho a formação de
um estudo capaz de auferir de que maneira o modelo de tipificação do
feminicídio proposto pela Lei 13.104/2015, do Senado Federal, impactará
nossa sociedade. Para tanto, se procurou abordar os principais fenômenos
concernentes à violência de gênero e ao feminicídio, abordando os impactos da
Pandemia nos casos de Feminicídio.
Nesse sentido, o primeiro tópico demonstrou que a construção histórica
do gênero feminino como subordinado à autoridade masculina culminou na
aceitação social da violência contra as mulheres como forma de controlar seu
comportamento e de tutelar seu corpo como propriedade de um homem e suas
causas, fazendo com que diferentes formas de agressão fossem naturalizadas
e inclusive aceitas pelo Estado, em determinados momentos históricos, bem
como trazido e mostrado os casos emblemáticos, demonstrou-se que este
crime ainda é ignorado como demonstração máxima do poder do homem sobre
a vida e morte das mulheres.
O Estado, ao tratá-los como simples homicídios, no próximo tópico,
após tratar dos diversos marcos normativos, tanto nacionais como
internacionais, que buscaram coibir a violência contra as mulheres e,
consequentemente, o feminicídio, questionou-se qual o significado da
tipificação do feminicídio.
Trazendo as justificativas que a criação de uma lei especial que trate
do tema, a exemplo das agressão de várias doméstica, tutelada
especificamente na Lei Maria da Penha, será via mais adequada para
normatizar essa proteção, pois a simples inserção do feminicídio no Código
Penal, como forma agravada de homicídio, não dá conta da complexidade do
fenômeno, nem prevê os procedimentos necessários para sua investigação,
afim de possibilitar uma consolidação nacional dos dados e a elaboração das
políticas públicas necessárias para combate-lo.
Dessa forma, acredita-se que o objetivo principal do trabalho foi
alcançado, uma vez que se conseguiu chamar a atenção para um assunto
ainda pouquíssimo debatido no Brasil, mas extremamente relevante para o
alcance de uma sociedade livre de opressões. Percebe-se que a temática
abordada não finaliza neste estudo, assim, há demanda do desenvolvimento de
outras investigações/análises na área jurídica acerca do crime de feminicídio e
das medidas protetivas implementada para o seu combate, considerando que o
elevado número de feminicídios, com ou sem pandemia, em nosso país ainda é
uma realidade a ser superada, como também merece maior atenção na nossa
sociedade como um todo.

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