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FACULDADE DOCTUM DE JOÃO MONLEVADE

REDE DE ENSINO DOCTUM

ANA CLARA ABREU MILLER GODOI


ARTHUR CESAR DOS SANTOS FRANCISCO
GUILHERME PERDIGÃO FRADE MORAIS
MARIA DAS GRAÇAS TEIXEIRA COELHO
PABLO SCHLEVEIS ALMEIDA
PAULA OHANA GANDRA ALVES

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER


João Monlevade
2016
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho visa abordar a luta das mulheres em nossa sociedade em
relação à violência doméstica e suas lutas e direitos conquistados desde o século
passado até os dias de hoje. Evidenciar as leis que para elas foram feitas em
especial, como a Lei Maria da Penha, e a triste realidade da violência doméstica
praticada há muitos anos contra as mesmas, destruindo muitos lares e famílias.
Mesmo com divulgação e ações contra esse crime, ainda há muito dessa pratica em
nossa sociedade. Países com prevalecência de cultura masculina o índice de
violência é maior comparados aos Países que buscam igualdade para as diferencias
de gênero.
No Brasil, na época da República mulheres que tivessem relações sexuais fora do
casamento eram assassinadas por seus maridos pela pratica do adultério. O código
de 1830 atenuava a pratica do homicídio cometido pelo marido em caso de adultério.
Mas o adultério praticado pelo o homem era considerado como concubinato e não
adultério. Somente em 1916 o código civil alterou o dispositivo em relação ao
adultério, numa forma menos agressiva, surgindo o desquite.
Desde então os movimentos, vem surgindo mudando o panorama econômico e
social do País, fazendo com que os Organismos internacionais, a ONU dedicassem
ao assunto mobilizando contra este tipo de violência e dedicando um dia exclusivo
as mulheres, Dia Internacional da Mulher. Juntamente com leis que foram criadas
para por fim na violência domestica e familiar, que causa a morte e deficiência entre
mulheres de 16 a 44 anos de idade e que mata mais do que o câncer e acidente de
transito. Toda mulher independente de classe, raça, etnia, orientação sexual, jovens,
adultas, solteiras, casadas, separadas, enfim todas merecem respeito, dignidade e
igualdade, dentro da sociedade.

2 DESENVOLVIMENTO
2.1 DIREITOS HUMANOS E HOMICÍDIO DE MULHERES
A discriminação das mulheres está presente em todo o mundo desde os primórdios
da civilização, e a violência contra a mulher é a manifestação mais desastrosa desse
preconceito. A luta em combate a violência contra a mulher faz parte da realidade
brasileira há décadas, ao longo dos anos foram criados alguns artifícios para tentar
diminuir esta prática, como a Criação de delegacias que tratas de crimes somente
contra mulheres, a Lei Maria da Penha e a mais recente lei 13.104/15 que alterou o
Código Penal, criando uma nova modalidade de homicídio, o feminicídio, que faz
com que o homicídio de mulheres seja crime qualificado.
Uma pesquisa realizada em 1995-2000 revelou alguns dados sobre como o
homicídio de mulheres era tratado, naquela época, pela mídia, nos boletins de
ocorrências das Delegacias de São Paulo e nos processos judiciais. Diante intensos
estudos e investigações, verificou-se pela mídia, principalmente, que ocorriam
feminicídios de todas as idades, mais de 20% dos crimes contra a mulher eram
praticados por ciúme, o número de assassinatos de mulheres ligados ao uso de
drogas era de quase 20%, notou-se também, que houve uma mudança de
linguagem dos noticiários da última década do século XX, estes não mais acusavam
a vítima de sofrer os abusos, eram neutros e investigativos.
Já a análise dos boletins de ocorrência das Delegacias Gerais da década de 90,
resultou o levantamento de 623 ocorrências com 964 vítimas, sendo que quase dois
terços do número de vítimas eram mulheres, e seus agressores, em 90% dos casos,
homens. Em relação aos processos judiciais, naquela época era mais difícil o
processo da mulher chegar até esta fase, devido à falhas não só da justiça, mas
também advindas do processo socio-cultural o qual a sociedade se submete. Em
média, a justiça encontrava grande dificuldade de finalizar esses processos, levando
a crer que o problema maior estava nos trâmites legais que deveriam ser mais ágeis
e eficazes, este, porém está presente na realidade judicial do Brasil até hoje,
acarretando a impunidade que cerca principalmente estes crimes.

2.2 VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA E VIOLÊNCIA FÍSICA


Visando demonstrar o grande aumento da violência psicológica, dados demonstram
que em todos os casos de violências sexuais ou físicas, 90% das vitimas relataram
ter sofrido violência psicológica, sendo esta a de maior destaque relacionada entre a
violência física e sexual. Tais tipos de violência ferem os direitos humanos das
mulheres, gerando consequências em sua saúde física e mental, tornando-se um
estimulo para demais violências sofridas posteriormente.
A violência psicológica é crime, no qual o artigo 7° da lei 11.340 que tipifica violência
psicológica condutas que causem danos emocionais ou a saúde, cabendo também
ao artigo 5° do CPC no qual define crime a honra, injuria, calunia e difamação, e por
fim o artigo 6° que prevê crimes contra liberdade e tipifica crimes de ameaça.
Abordado as violências físicas, são de grande relevância os casos de tapas e
empurrões denunciados pela vitima, mas também o numero de ameaças com ou
sem uso de armas por parceiros íntimos chamam atenção pelo aumento constante.
Vários fatores contribuem para o aumento dos casos de violência, como as
desigualdades econômicas, o machismo, educação, uso abusivo de álcool e drogas,
dentre outros, que geram aumento de estresse, distúrbios psicológico se outros
fatores que afetam diretamente o bem estar e a saúde da mulher.
Estudos apontam que nos últimos anos, as vitimas estão deixando de ser
manipuladas, com isso aumenta o numero de denuncias proporcionando
diretamente maior confiança e coragem das demais mulheres que sofrem com a
violência diária, com a finalidade de reduzir os casos de forma segura e eficaz.

2.3 LEI MARIA DA PENHA E MEDIDA PROTETIVA


A Lei 11.340/06, de 22 de setembro de 2006, batizada de Lei Maria da Penha, para
homenagear uma cearense que ficou paraplégica após ser agredida pelo marido,
que foi punido, dezenove anos após a ocorrência do crime. Com esta lei, que tem
como paradigma o reconhecimento que tal violência é uma violação dos direitos
humanos, a violência doméstica deixou de ser um crime de menor potencial
ofensivo. A pena máxima passou a ser de três anos de detenção, e o afastamento
do agressor pode ser solicitado através de medidas protetivas. Se as medidas forem
desobedecidas, é admitido o pedido de prisão preventiva do agressor.
Violência doméstica é aquela praticada no âmbito privado, perpetrada por um
membro da família que conviva com a vítima ou tenha relacionamento afetivo com
ela. Pode envolver diferentes tipos de maus-tratos, como violência psicológica,
violência física e violência sexual, além de negligência e abandono.
A correta implementação da lei exige a formulação políticas públicas de gênero
direcionadas à integração entre a polícia, o judiciário e os diferentes serviços nas
áreas de segurança, saúde, assistência jurídica, médica, psicológica, entre outras,
que prestam atendimento a mulheres em situação de violência.
Uma das atribuições da polícia em observância à citada lei são as medidas
protetivas. Os problemas em torno das medidas protetivas são diversos, podemos
mencionar o conteúdo do relato circunstanciado, que muitas vezes não fornece ao
juiz elementos suficientes para decidir sobre a necessidade das medidas e nem
mesmo sobre sua adequação. À inexistência de uma articulação entre o Judiciário e
os serviços da Rede Especializada, de forma que possa ser dada à mulher
alternativa de ajuda nos casos em que o agressor esteja desrespeitando as
medidas, como a intervenção rápida da polícia militar e um serviço telefônico que
facilite a denúncia dessas ameaças. Mesmo com as medidas protetivas, muitas
mulheres não se sentiam seguras, uma vez que o agressor não recebia nenhuma
responsabilização pelo ato cometido, o que muitas vezes inibe que outras ofendidas
procurem a justiça para denunciar as agressões sofridas.

3 ANÁLISE DE DADOS
O Brasil é um dos países do mundo com a maior taxa de homicídios femininos,
segundo o estudo Mapa da Violência, realizado pelo professor Julio Jacobo
Waiselfisz. É o sétimo país com a maior taxa, para ser exato. Dentre os estados
brasileiros, o Espírito Santo é aquele onde acontecem mais homicídios de mulheres.
E os números impressionam: o estado supera duas vezes a média nacional. São 9,4
homicídios em cada 100 mil mulheres, um número quase quatro vezes maior do que
o do Piauí, estado que representa o menor índice do país. De acordo com o Mapa
da Violência 2012 (o mais recente), entre 1990 e 2010 foram assassinadas cerca de
91 mil mulheres – 43,5 mil só na última década. Em 30 anos, o número de
assassinatos de mulheres cresceu 1.353 para 4.297, um aumento de 217,6%. Com
taxa de 4,4 mortes para cada 100 mil mulheres mortas, o Brasil ocupa a 7ª
colocação entre 84 países.
Os homicídios contra a mulher estão espalhados por todo o país, mas o Nordeste se
destaca negativamente, com a maior taxa do crime: 6,9 mortes para cada 100 mil
mulheres. Entretanto, o Espírito Santo é o pior estado quando se trata do assunto
(11,24) e o Piauí é o melhor (2,71).  Outro fato revelado pela pesquisa é que as
mulheres negras e pobres são as principais vítimas da violência. No Brasil, 61% dos
óbitos foram de mulheres negras, que foram as principais vítimas em todas as
regiões, à exceção da Sul.

48% das mulheres agredidas declaram que a violência aconteceu em sua


própria residência; no caso dos homens, apenas 14% foram agredidos no interior
de suas casas. 56% dos homens admitem que já cometeram alguma dessas
formas de agressão: xingou, empurrou, agrediu com palavras, deu tapa, deu soco,
impediu de sair de casa, obrigou a fazer sexo. 77% das mulheres que relatam
viver em situação de violência sofrem agressões semanal ou diariamente.
Em mais de 80% dos casos, a violência foi cometida por homens com quem as
vítimas têm ou tiveram algum vínculo afetivo: atuais ou ex-companheiros,
cônjuges, namorados ou amantes das vítimas.

4 CONCLUSÃO FINAL
Homicídios de mulheres não é um fato novo na realidade da sociedade brasileira,
afligindo a população há séculos, como vem sendo demonstrado através de caráter
jurídico, histórico, em revistas, notícias de jornal, e a presente pesquisa. As
proporções que vem assumindo essa violência, ano após ano, há grande temor e
indignação, ficando evidente nas estatísticas periodicamente divulgadas sobre
diversas formas que as violências assumem no cotidiano, mas também nas
pesquisas de opinião.
Podemos concluir que a celeridade dos processos é de grande importância, já que
muitas vezes a medida protetiva não é eficaz. A luta pelos direitos humanos e contra
a violência, o preconceito e a discriminação, não só contra as mulheres, mas contra
todos aqueles que são vitimas, deve ser encarado como um mal a ser combatido,
punido e disciplinado.
Recentemente, Raúl Eugenio Zaffaroni, Ministro da Suprema Corte Argentina
colocou em uma entrevista: “Cada país tem o número de presos que decide
politicamente ter”. Assim, Julio Jacobo Waiselfisz diz que complementaria a
afirmação do ilustre Ministro assim: “Cada país tem o número de feminicídios que
decide politicamente ter, assim como o número de condenações por essa agressão”.

5 REFERÊNCIAS

WAISELFISZ, Julio Jacobo. MAPA DA VIOLÊNCIA 2015: homicídio de mulheres no


Brasil. 1ª Edição Brasília – DF – 2015. Disponível em:<
http://www.mapadaviolencia.org.br/>. Acessado em 02/05/16.

GADONI-COSTA, Lila Maria; ZUCATTI, Ana Paula Noronha; DELL’AGLIO, Débora


Dalbosco. VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: levantamento dos casos atendidos no
setor de psicologia de uma delegacia para a mulher. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/estpsi/v28n2/09.pdf/> acessado em 29/04/16.

Dados e estatísticas sobre violência contra as mulheres. Disponível em:


<http://www.compromissoeatitude.org.br/dados-e-estatisticas-sobre-violencia-contra-
as-mulheres/>. Acessado em 25/04/16.

PASINATO, Wânia. LEI MARIA DA PENHA: novas abordagens sobre velhas


propostas. Onde avançamos?. Disponível em:
<http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/civitas/article/view/6484/5603>.
Acessado em 29/04/16.

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