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A pesquisa apontou que um terço das mulheres brasileiras já sofreu algum episódio de
violência física ou sexual pelo menos uma vez na vida. Esse índice foi apurado pela
primeira vez e é mais alto que o registrado globalmente (27%), em um levantamento
feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2021. Quando incluídas as
violências psicológicas, o número de mulheres brasileiras que já sofreram episódios de
violência sobe para 43%.
Quanto às denúncias, o estudo apurou que 45% das mulheres agredidas não pediram
ajuda de nenhum tipo, 38% afirmaram acreditar que conseguiriam resolver o problema
sozinhas e 21,3% declararam que não denunciaram por não confiarem na polícia. A
maior parte das que pediram ajuda o fizeram para familiares e amigos.
Segundo a servidora Angie Miron, representante das mulheres no Comitê Gestor de
Equidade de Gênero, Raça e diversidade do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região
(RS), esses números são resultado direto da legitimação de um discurso de absoluto
descaso com as mulheres instituído no país nos últimos anos. “É clarividente o fôlego
que recebeu, no Brasil, a narrativa de desvalorização e enquadramento do papel da
mulher, tendo por consequência a autorização para o cometimento de tão abjetos atos
contra as brasileiras”, avalia. Conforme Angie, é necessário, mais do que nunca, que
todos e todas se unam nas lutas para que as mulheres estejam em todos os espaços de
visibilidade social, como forma de destituir essa lógica perversa. “Precisamos exigir a
participação de todas e todos nesse processo reconstrutivo para dar um basta à violência.
A narrativa opressora misógina precisa ser combatida todos os dias”, enfatiza a
servidora.