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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIHORIZONTES

DIREITO NOITE

PROVA FINAL

DISCIPLINA: Ciência Política e TGE


PROFESSOR: José Carlos Batista UNIDADE: BA/SA
TURMA (s): VALOR: 40,0 pontos NOTA:
1D1BN/1D1N/2D1BN/2D1N/
3D1BN/3D1N

ALUNO(A):

LEIA COM ATENÇÃO AS INSTRUÇÕES ABAIXO


01 – PROFESSOR, ESCREVA AQUI AS INSTRUÇÕES NECESSÁRIAS

- Evitar Plágio, pois pode zerar sua questão.


- Evitar respostas curtas demais (menos de 5 linhas) e longas demais (mais de 20 linhas)

QUESTÃO 01 – VALOR 8 PONTOS.

No Brasil, uma em cada quatro mulheres acima de 16 anos foi vítima de algum
tipo de violência na pandemia. Cerca de 17 milhões de mulheres sofreram violência
física, psicológica ou sexual no último ano. A cada minuto, oito mulheres apanharam no
país, 4,3 milhões (6,3%) foram agredidas fisicamente com tapas, socos ou chutes. O
tipo de violência mais frequentemente relatado foi a ofensa verbal, como insultos e
xingamentos, em que cerca de 13 milhões de brasileiras (18,6%) passaram por este
tipo de violência. Os dados são da pesquisa do Instituto Datafolha encomendada pelo
Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e divulgada em junho deste ano.

“Houve um incremento nos números de feminicídios e violência doméstica desde o


início da pandemia pela covid19, provavelmente por conta da crise econômica e da
necessidade de confinamento. Não se descarta também que o crescimento dos
números tenha ocorrido pelo incentivo a denunciar. A maioria das vítimas ainda são
mulheres negras, pobres e de baixo grau de escolaridade. Atrás desses números
encontra-se a cultura do machismo, as dificuldades no fluxo de atendimento das
vítimas, o descrédito no sistema de justiça e o receio de denunciar”, destaca a
defensora pública e dirigente do Núcleo de Defesa da Mulher da Defensoria Pública do
Estado do Rio Grande do Sul (NUDEM – DPE/RS), Tatiana Kosby Boeira.

Considerando os dados e o conteúdo dos textos acima, avalie a charge abaixo.


A lei Maria da Penha, criada em 7 de agosto de 2006, a Lei nº 11.340, completou em
2021 15 anos. E o silêncio que a abarca acompanha o feminicídio. Uma palavra mais
áspera, depois o grito, o tapa, soco, chute, a tentativa de feminicídio. A alegação de ser
por ciúme, a culpa da bebida, a não aceitação da separação, o feminicídio. No Brasil,
mais de 80% dos crimes de violência doméstica contra as mulheres acontece por
parceiros e ex-parceiros. Vivemos um estado de violência contra as mulheres e esta
epidemia nos colocou em uma situação ainda mais grave. A dificuldade de as mulheres
reclamarem, a instabilidade dos serviços públicos e a privatização dos serviços
públicos, que acabou por reduzir o apoio às mulheres e a qualidade dos serviços de
apoio, agravaram a situação.

QUESTÃO 02 – VALOR 8 PONTOS.

Numa decisão recente, falando sobre a importância da cooperação entre os três


poderes da República, o ministro Alexandre de Moraes afirmou que a gravidade da
emergência causada pela pandemia do novo coronavírus exige das autoridades
brasileiras, em todos os níveis de governo, a efetivação concreta da proteção à saúde
pública, com a adoção de todas as medidas possíveis e tecnicamente sustentáveis
para o apoio e manutenção das atividades do Sistema Único de Saúde (SUS).
Segundo ele, nesses momentos de crise o fortalecimento da união e a ampliação de
cooperação entre os Três Poderes, no âmbito de todos os entes federativos, são
instrumentos essenciais e imprescindíveis a serem utilizados pelas diversas lideranças
em defesa do interesse público.

Para o ministro, as autoridades devem atuar sempre com o absoluto respeito aos
mecanismos constitucionais de equilíbrio institucional e manutenção da harmonia e
independência entre os poderes, “evitando-se o exacerbamento de quaisquer
personalismos prejudiciais à condução das políticas públicas essenciais ao combate da
pandemia de Covid-19".
Essas afirmações do ministro vão de encontro à teoria? Considerando a teoria do
equilíbrio entre os três poderes de Montesquieu, por que a busca da cooperação entre
tais poderes, tal como afirma o ministro, é tão importante na atual conjuntura do Brasil?

A teoria da descentralização desenvolvida por Montesquieu considera a autonomia de


poder uma hipótese efetiva para um país democrático. A ideia de que o poder deve ser
controlado pelo próprio poder pressupõe que as atitudes dos atores participantes da
fase de tomada de decisão estejam inter-relacionadas, cada um deles tenha uma
divisão clara de autoridade e a dependência mútua garanta o compartilhamento e a
gestão homogênea. Portanto, as ações administrativas, legislativas e judiciais devem
ser autônomas e complementares em teoria. Os entraves ao desempenho jurídico de
qualquer entidade devem basear-se no abuso do seu poder institucional, sendo eficaz
para as demais entidades, pelo que se trata de uma intervenção para obter a
restituição. Diante disso, por meio dos elementos apresentados, a arena política
brasileira pode ser resumida a partir da teoria da distribuição de poder, dos princípios
básicos do direito democrático e dos princípios de checks and balances. Esses
números mostram que a interdependência dos comportamentos das entidades
estudadas aumentou, e não tem relação particular com os períodos dominantes da
arena política, eleições e compensação para outros atores. Essa liderança partiu do
modelo brasileiro geralmente autoritário e se fortaleceu durante a ditadura militar. Em
suma, pode-se concluir que o movimento atual ainda não se tornou a queda da teoria
da descentralização proposta por Montesquieu. Mais provavelmente, é uma espécie de
“sincronização assíncrona”, ou mesmo uma espécie de movimento cíclico institucional,
como forma de ajuste no processo dinâmico da democracia contemporânea.

QUESTÃO 03 – VALOR 8 PONTOS.

De acordo com a Constituição de 1988, o Brasil é de uma república federativa


constitucional presidencialista. Com base nesta afirmação, explique o significado a) do
Brasil ser uma república, b) presidencialista, c) e possuir um sistema político-
administrativo federalista.

A) Porque é a forma mais compatível com a democracia e tem como base o


consenso dos cidadãos, por meio de instituições próprias. Na República, os
poderes são independentes e harmônicos entre si (Executivo, Legislativo e
Judiciário). Ela pode ser unitária ou federativa. São pressupostos da República a
alternância no poder, a realização regular de eleição, a prestação de contas, o
respeito aos princípios da impessoalidade, da moralidade e o interesse público.

B) A primeira coisa importante para fixar é que o presidencialismo é um sistema que anda de
mãos dadas com regimes republicanos. Na república, não há monarcas, pois é um regime
que não se pauta na ideia de que o poder emana de um direito divino destinado a uma
pessoa ou família específicas. O poder emana da vontade popular. Repúblicas
geralmente são democracias e possuem a clássica separação de poderes entre
Executivo, Legislativo e Judiciário. Isso não quer dizer que em toda república você verá
um presidente como o principal líder, pois já vimos que algumas repúblicas podem adotar
o parlamentarismo, e é isso, afinal, que chegou a ser proposto no Brasil: uma república
parlamentarista, ou semipresidencialista. Mas a maioria dos regimes republicanos do
mundo são presidencialistas, caso do Brasil.
C) Falando do regime político do Estado Federal, é importante ressaltar que há uma
incompatibilidade entre o regime autoritário e o federalismo. O regime autoritário não
respeita a pluralidade de interesses. Esse regime é marcado pela coerção que se dirige
ao esmagamento de conflitos sociais e alto grau de centralização do poder. A formação
de pactos federais, por sua vez, representa uma resposta democrática a esses conflitos,
através de mecanismos institucionais que possibilitam o debate entre diversos grupos de
interesses segundo um regime democrático.

QUESTÃO 04 – VALOR 8 PONTOS.

Texto 1

Olhe pro menino


Sem camisa e descalço
Que chora por comida
Que te pede um trocado
Olhe pro menino
Que não tem onde morar
Não tem pra onde ir
E não tem onde ficar
Olhe em seus olhos
Sinta o ódio animal
A revolta que ele sente
Da injustiça social Injustiça Social

Esgoto. In: <http://www.letras.com.br/esgoto/injustica-social>

Texto 2 – (adaptado)

Morte de criança negra negligenciada pela patroa branca de sua mãe choca o Brasil

Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, caiu do nono andar de um prédio de luxo em
Recife, na terça, enquanto estava sob os cuidados da empregadora da mãe, que
responderá em liberdade. “Se fosse o contrário, eu acredito que não teria direito nem à
fiança”, lamenta a mãe da criança

Miguel Otávio Santana da Silva, 5 anos, morreu na última terça-feira, 2 de junho, ao cair do
nono andar de um prédio no bairro de São José, região central de Recife, Pernambuco. O menino
acompanhava sua mãe, a doméstica Mirtes Renata Souza, no apartamento onde ela trabalhava e,
segundo relatam os vizinhos, começou a chorar quando ela saiu para passear com o cachorro da
patroa. Miguel resolveu ir atrás da mãe, saiu do apartamento, entrou no elevador sozinho ―com
o consentimento da empregadora de Mirtes ―se perdeu no prédio. Em seguida, caiu de uma
altura de 35 metros. A dona da casa foi detida no dia seguinte por suspeita de homicídio culposo,
quando não há intenção e matar, mas saiu com pagamento de fiança e responderá o processo em
liberdade. O caso ocorre em meio aos protestos e debates contra o racismo pelo mundo.
As aulas suspensas em função da pandemia do novo coronavírus foram o motivo de Miguel
precisar passar a terça-feira com sua mãe. Segundo as regras da quarentena de Recife, estão
fechadas instituições de ensino, comércio, bares, cinemas, praias, parques e outras atividades não
essenciais. As medidas de isolamento social, no entanto, começaram a ser flexibilizadas na
segunda-feira, 1 de junho. Sem ter onde deixar a criança, a funcionária levou o filho à residência
da patroa, para quem trabalhava havia quatro anos.
O apartamento onde Mirtes trabalhava fica no quinto andar do Condomínio Píer Maurício de
Nassau, conhecido como Torres Gêmeas na capital pernambucana. A dona estava em casa, com
uma manicure, quando a doméstica foi levar o cachorro da família para passear e deixou seu
filho com a proprietária do imóvel. [a ausência dos cuidados devidos], foi determinante para que
o acidente ocorresse, na terça-feira, 2 de junho.

Disponível em https://brasil.elpais.com/brasil/2020-06-04/morte-de-crianca-negra-negligenciada-pela-
patroa-branca-de-sua-mae-choca-o-brasil.html visitado 05/06/2020

Com base nos temas direitos fundamentais e realidade social, analise as relações entre
a letra da música acima e o caso da morte do Miguel Otávio.

Os direitos humanos são direitos inerentes a todos os seres humanos,


independentemente de raça, sexo, nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer
outra condição. Todos merecem estes direitos, sem distinção de cor, gênero, raça,
credo, enfim sem que exista alguma discriminação. Os direitos humanos não são
apenas um conjunto de princípios morais que devem informar a organização da
sociedade e a criação do direito. Os direitos humanos incluem o direito à vida e à
liberdade, à liberdade de opinião e de expressão, o direito ao trabalho e à educação,
entre e muitos outros. Enumerados em diversos tratados internacionais e constituições,
asseguram direitos aos indivíduos e coletividades e estabelecem obrigações jurídicas
concretas aos Estados. Diante disso, todo ser humano, a partir dos direitos
fundamentais previstos em nossa constituição possuem seus direitos e liberdades
básicas, ou seja, os acessos não deveriam ser limitados, mais o acesso limitado a
oportunidades de educação, desigualdades sociais, saúde pública precária, falta de
transparência e abuso de poder, são sem sombra de dúvidas obstáculos para a
execução plena dos direitos dos indivíduos. Frente a isso, os direitos fundamentais que
deveriam ser exercidos frente a realidade social, ou seja, o direito à vida e à liberdade,
à liberdade de opinião e de expressão, o direito ao trabalho e à educação, entre e
muitos outros, conforme apresentado acima, o Brasil não atende a todos os seus
cidadãos no que diz respeito aos direitos humanos e fundamentais propostos no texto e
na triste notícia.

QUESTÃO 5 – VALOR 8 PONTOS.


É razoável supor que, num país democrático, o governo seja capaz de conter facilmente o
crescimento da desigualdade social empregando políticas públicas que redistribuam a renda e
desconcentrem a riqueza. O raciocínio é elementar: na medida em que a riqueza se concentra
cada vez mais nas mãos de uma ínfima minoria, a vasta maioria da população irá, por meio
dos mecanismos de representação democrática, eventualmente reverter a concentração da
riqueza exercendo seu poder de maioria eleitoral. Aqueles prejudicados pela crescente
desigualdade social poderiam influenciar as políticas públicas, modificando a distribuição dos
frutos econômicos e, assim, revertendo a concentração da renda e da riqueza.

https://diplomatique.org.br/a-desigualdade-social-e-a-erosao-da-democracia/

Considerando a charge e o texto acima, faça uma reflexão crítica sobre a democracia
brasileira.

Democracia é o sistema político no qual o povo exerce poder. É o governo do povo. No


Brasil fala-se muito em democracia, mais muita das vezes vemos exceções, pois muito
se vê a democracia que nos é empurrada garganta abaixo, não podemos exerce-la
como queremos. Se observarmos a situação brasileira, A precária situação política do
atual governo da República Federativa do Brasil mostra como a democracia é
maltratada de todos os lados. Os políticos que se opõem ao governo, tentam, dia-após-
dia, estratégias para o pedido de impeachment daquele presidente que não os agrada
e não alcança seus anseios pessoais, não sem contar com o apoio luxuoso de outros
privilegiados da burocracia estatal. Tomam o conflito da política democrática como algo
a ser eliminado e para tanto desrespeitam as próprias e mais básicas regras do
processo democrático. Talvez o mais correto fosse dizer que a ideia de liberdade e
tolerância política está no DNA da democracia, e não a plena representação do povo
por seus parlamentares e administradores eleitos. O Brasil será tão democrático quanto
mais pudermos tolerar pensamentos políticos opostos e permitir que pensamentos
divergentes ocupem o mesmo espaço de debates. A democracia brasileira precisa de
que ninguém intente eliminar o outro. Quando o direito e os juristas, o povo e os
detentores de mandatos legítimos operarem no sentido de extinguir o oposto, a
democracia terá acabado.

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