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TEMAS PARA O ARTIGO DE OPINIÃO

DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO
“A criminalização não impede que 1 milhão de abortos induzidos ocorram todos os anos no Brasil. O dado
foi compartilhado pelo Ministério da Saúde na primeira participação da audiência pública para debater a
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442, que começou nesta sexta-feira (3) no
STF (Supremo Tribunal Federal). A ação, proposta em março de 2017 pelo PSol em conjunto com o Anis –
Instituto de Bioética, pede a descriminalização da interrupção voluntária da gestação até a 12ª semana.
“A estimativa do Ministério da Saúde é de cerca de 1 milhão de abortos induzidos, portanto, uma carga
extremamente alta que independe da classe social. O que depende da classe social é a gravidade e a
morte. Quem mais morre por aborto no Brasil são mulheres negras, jovens, solteiras e com até o Ensino
Fundamental”, afirmou Maria de Fátima Marinho de Souza, diretora do Departamento de Vigilância de
Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção da Saúde.
As maiores vítimas do aborto no Brasil - Negras, menores de 14 anos e moradoras da periferia são as que
mais morrem após interrupções da gravidez realizadas de forma insegura no país. "O que mata não é o
aborto, é a clandestinidade", diz especialista. Quando se fala em vítimas do aborto, o cenário é muito mais
grave para mulheres dos chamados grupos vulneráveis. Por causa da ilegalidade da interrupção voluntária
da gravidez no país, aquelas de segmentos periféricos – negras, indígenas e moradoras de regiões
distantes dos grandes centros, além de adolescentes menores de 14 anos – acabam sendo as que mais
morrem devido a complicações de procedimentos clandestinos.... - Veja mais em
https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/deutschewelle/2020/02/21/as-maiores-vitimas-do-aborto-no-
brasil.htm?cmpid=copiaecola
Ainda de acordo com o órgão, os procedimentos inseguros de interrupção voluntária da gravidez levam à
hospitalização de mais de 250 mil mulheres por ano, cerca de 15 mil complicações e 5 mil internações de
muita gravidade. O aborto inseguro causou a morte de 203 mulheres em 2016, o que representa uma
morte a cada 2 dias. Nos últimos 10 anos, foram duas mil mortes maternas por esse motivo.”

ANSIEDADE
“A ansiedade é uma cicatriz que acompanha a vida de muitas pessoas. Independentemente de quando ela
surge, seja na infância, seja na adolescência, a doença é capaz de levar muitos jovens a uma vida mais
reclusa e de dificuldades, principalmente na escola, na universidade ou em suas relações interpessoais.
As crises, conhecidas por provocar falta de respiração, dormência em algumas partes do corpo e
taquicardia, tornam-se recorrentes em muitos ambientes, além de acarretarem vários outros problemas
sociais.
Segundo estudo feito pela Secretaria do Estado de São Paulo, em parceria com o Instituto Ayrton Senna,
casos de ansiedade e depressão aumentaram em 69% nas escolas, corroborando, também, com a volta
dos alunos às aulas presenciais — depois do longo período de isolamento por causa da covid-19. O
levantamento apontou, ainda, junto a uma professora da rede de ensino paulista, que há casos de
crianças que chegam a desmaiar em sala de aula, em razão das fortes crises de ansiedade.
Mais da metade dos jovens classificaram sua saúde mental como regular a péssima. Os dados mostram
uma predominância de problemas de saúde mental entre as mulheres, com 90% das meninas e mulheres
relatando problemas, em comparação com 76% dos meninos e homens. As mulheres são particularmente
vulneráveis à depressão e ansiedade devido a fatores como flutuações hormonais e maior exposição a
violência física, sexual e psicológica.”
RACISMO E DISCRIMINAÇÃO
“Conforme dados do IBGE de 2018|4|, 56,10% da população brasileira declara-se como preta ou parda.
No entanto, quando observamos dados do mercado de trabalho, 68,6% dos cargos gerenciais eram
ocupados por brancos, e somente 29,9%, por pretos ou pardos.
Já na taxa de força de trabalho subutilizada, isto é, pessoas que trabalham menos do que gostariam, 29%
era preta ou parda contra 18,8% de brancos subocupados. Na representação legislativa, dentre os
deputados federais, 75,6% eram brancos, contra 24,4% de pretos ou pardos. A taxa de analfabetismo
entre pessoas brancas era de 3,9%; entre pretos e pardos, era 9,1%. Nas taxas de homicídios por 100 mil
habitantes na faixa etária de 15 a 29 anos, a população branca tinha a média de 34,0, e a população preta
ou parda apresentava 98,5, ou seja, a chance de um jovem negro morrer de homicídio é quase três vezes
maior que a de um jovem branco.
A ocupação informal também é maior entre pretos e pardos (47,3%) do que entre brancos (34,6%.) A
desigualdade salarial é notória quando a renda média é estratificada. O rendimento mensal de pessoas
brancas naquele ano foi R$ 2.796,00, e o rendimento mensal médio de pessoas pretas ou pardas foi R$
1.608,00.”

VIOLÊNCIA SEXUAL INFANTIL


A violência sexual contra crianças e adolescentes apresenta causas múltiplas e complexas. Ela está
relacionada com questões sociais, econômicas e culturais e deve ser analisada com cuidado e critério
levando em conta as diferentes variáveis para o abuso e a exploração sexual. Além das causas diversas,
existem também contextos em que o problema se insere que podem agravá-lo ou dificultar o seu
enfrentamento.
Um boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde nesta quinta-feira (18) aponta que 202.948
casos de violência sexual contra crianças e adolescentes foram notificados em sete anos, de 2015 a 2021,
no Brasil. São quase 80 casos por dia no período.
Segundo o documento, divulgado no Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de
Crianças e Adolescentes, 83.571 (41,2%) dos casos de violência foram contra crianças (0 a 9 anos) e
119.377 (58,8%) praticados contra adolescentes (10 a 19 anos).
Familiares e conhecidos são responsáveis por 68% dos casos de violência sexual contra crianças de 0 a 9
anos no Brasil. Entre as vítimas de 10 a 19 anos, o crime é cometido por pessoas próximas em 58,4% dos
casos.
VIOLÊNCIA NO BRASIL
A Organização Mundial da Saúde (OMS) define violência como “o uso intencional de força física ou poder,
ameaçados ou reais, contra si mesmo, contra outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade, que
resultem ou tenham grande probabilidade de resultar em ferimento, morte, dano psicológico, mau
desenvolvimento ou privação”.
Ao contrário do que se imagina, tentativa de roubo não figura entre as principais causas de morte violenta.
Mortes provocadas por assalto compõem um pequeno percentual do total de mortes. Em 2015, por
exemplo, menos de 4% dos homicídios eram resultados de latrocínio.
A desigualdade social é um dos fatores que agravam quadros de violência. Os homicídios concentram-se
em bairros pobres e atingem, em proporção muito maior, a população pobre. A situação é ainda mais
preocupante quando se conjugam a desigualdade e o racismo. A estigmatização da figura do negro como
potencial suspeito faz com que a possibilidade de um jovem negro morrer vítima de homicídio seja 23,5%
maior que a de um jovem não negro. A cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, cerca de 70 são negras.
Outro fator preponderante para o aumento da violência é o paradoxo impunidade versus punição. O Brasil
tem uma das maiores populações carcerárias do mundo, mais de 40% dos presos não foram a julgamento.
No entanto, o encarceramento em massa está vinculado a delitos que não são contra a vida,
principalmente relacionados a drogas e a furtos.
BULLYING E CIBERBULLYING
“Aproximadamente um em cada dez adolescentes (13,2%) já se sentiu ameaçado, ofendido e humilhado
em redes sociais ou aplicativos. Consideradas apenas as meninas, esse percentual é ainda maior, 16,2%.
Entre os meninos é 10,2%. Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE)
2019, divulgada hoje (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Ao todo, foram entrevistados quase 188 mil estudantes, com idade entre 13 e 17 anos, em 4.361 escolas
de 1.288 municípios de todo o país. O grupo representa 11,8 milhões de estudantes brasileiros. A coleta
dos dados foi feita antes da pandemia, entre abril e setembro de 2019. A partir de 2020, com a suspensão
das aulas presenciais, o uso das redes sociais, até mesmo como ferramenta de estudos, foi intensificado.
As agressões existem também fora da internet, nas escolas, onde 23% dos estudantes afirmaram ter sido
vítimas de bullying, ou seja, sentiram-se humilhados por provocações feitas por colegas nos 30 dias
anteriores à pesquisa. Quando perguntados sobre o motivo de sofrerem bullying, os três maiores
percentuais foram para aparência do corpo (16,5%), aparência do rosto (11,6%) e cor ou raça (4,6%).”

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER


“Todas as formas de violência contra a mulher aumentaram no Brasil durante o ano de 2022. Essa triste
conclusão foi revelada por uma pesquisa do Instituto Datafolha, realizada a pedido do Fórum Brasileiro de
Segurança Pública, uma ONG sem fins lucrativos que reúne especialistas no assunto para elaborar
estudos e proporcionar cooperação técnica a governos e demais interessados. O levantamento ocorreu
entre os dias 9 e 13 de janeiro desse ano e ouviu pessoas com idades acima dos 16 anos em 126 cidades,
em todas as regiões do país. A pesquisa inclui todas as formas de violência contra as mulheres, desde
xingamentos e ameaças até feminicídios, passando por violências psicológicas.
A pesquisa apontou que um terço das mulheres brasileiras já sofreu algum episódio de violência física ou
sexual pelo menos uma vez na vida. Esse índice foi apurado pela primeira vez e é mais alto que o
registrado globalmente (27%), em um levantamento feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em
2021. Quando incluídas as violências psicológicas, o número de mulheres brasileiras que já sofreram
episódios de violência sobe para 43%.
Quanto às denúncias, o estudo apurou que 45% das mulheres agredidas não pediram ajuda de nenhum
tipo, 38% afirmaram acreditar que conseguiriam resolver o problema sozinhas e 21,3% declararam que
não denunciaram por não confiarem na polícia. A maior parte das que pediram ajuda o fizeram para
familiares e amigos.”

USO DE CELULAR NO AMBIENTE ESCOLAR


Apesar de proibido na maior parte das salas de aula do país, o uso do celular em atividades pedagógicas
cresce ano a ano. Mais da metade dos professores dizem que utilizam o celular para desenvolver
atividades com os alunos, que podem ser desde pesquisas durante as aulas, até o atendimento aos
estudantes fora da escola. O uso não se restringe aos docentes: mais da metade dos estudantes afirmam
que utilizaram o celular, a pedido dos professores, para fazer atividades escolares.
A Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nas Escolas Brasileiras (TIC
Educação 2017), divulgada esta semana, mostra que o percentual de professores que utilizam o celular
para desenvolver atividades com os alunos passou de 39% em 2015 para 56% em 2017. O aumento
aconteceu tanto nas escolas públicas, onde o percentual passou de 36% para 53%, quanto nas
particulares, crescendo de 46% para 69%.
Entre os alunos, o uso também aumentou. Em 2016, quando a pergunta foi feita pela primeira vez, 52%
disseram já ter usado o aparelho para atividades escolares, a pedido dos professores. No ano passado,
esse índice passou para 54%. Entre os alunos de escolas particulares, o percentual se manteve em 60%.
Entre os das escolas públicas, aumentou de 51% para 53%.
INTOLERÂNCIA RELIGIOSA
Religiões de matriz africana, como o candomblé e a umbanda, estão entre as cinco mais seguidas no
Brasil, com mais de um milhão de adeptos. De acordo com o IBGE, os católicos praticantes são maioria:
cerca de 123 milhões de fiéis. Em seguida estão os evangélicos, com 113 milhões.
Apesar de ser um país laico, ou seja, que aceita todos os credos, e de que intolerância religiosa é crime,
só em 2023 foram 1.478 denúncias no Disque 100 sobre o assunto no Brasil. O número representa um
aumento de 60% em relação a 2022, quando foram registrados 898 casos e segue tendência de
crescimento dos últimos anos. No Distrito Federal, em 2023 foram registradas 42 ocorrências de
discriminação religiosa pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), um aumento de 55% em relação a
2022, quando foram registradas 27 ocorrências do tipo, segundo levantamento obtido pelo Correio.
Para se ter uma ideia, em 2018, foram registrados 615 registros do tipo pelo Disque 100. Entre as
denúncias, as de violação à liberdade de crença ocupam o primeiro lugar, seguidas das de violação à
liberdade de culto e, por fim, as de violação à liberdade de não crença. Os estados com mais casos são
Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia.

RACISMO NO FUTEBOL
Ao menos 41% dos jogadores negros que atuam nos principais campeonatos do país já sofreram racismo.
É o que afirma o Levantamento sobre a Diversidade no Futebol Brasileiro, publicado pela Fisia Comércio
de Produtos Esportivos, detentora dos direitos de comercialização da Nike no Brasil.
A pesquisa sobre a Diversidade no Futebol Brasileiro foi produzida pelo Observatório da Discriminação
Racial no Futebol, em parceria com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e financiamento da Fisia.
O estudo ouviu 508 profissionais, entre atletas e comissão técnica das divisões de elite do esporte
nacional, e trouxe estatísticas sobre temas como racismo, intolerância religiosa e xenofobia.
Os resultados evidenciam os ambientes mais nocivos para a prática, como o estádio (53,9% dos casos) e
as redes sociais (31,4% dos casos), mas também alertam para a prática em outros espaços de atuação
dos atletas, como centros de treinamento e nas sedes dos clubes (casos denunciados por 11,4% dos
participantes).

DESCRIMINALIZAÇÃO DAS DROGAS NO BRASIL


Os ministros favoráveis à descriminalização argumentam que o uso de pequena quantidade de maconha é
um direito de cada pessoa, com consequências individuais à saúde dos usuários. Também consideram
que o fato de o porte ser crime aumenta o encarceramento de pessoas vulneráveis.
Já os ministros contrários avaliam que a descriminalização do porte de maconha para consumo próprio
pode estimular o vício e agravar o combate às drogas no País. Além disso, alegam que a decisão do
Supremo de tornar o ilícito administrativo pode criar uma lacuna sobre o tipo de punição e o responsável
por aplicá-la.
A Suprema Corte está julgando a constitucionalidade do Artigo 28 da Lei das Drogas, que, para diferenciar
traficantes de usuários descreve penas alternativas para “quem adquirir, guardar, tiver em depósito,
transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar”. As penas podem ser prestação de serviços comunitários,
advertência sobre os efeitos das drogas e cursos educativos obrigatórios.

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