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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

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Programa de Promoção à Vida e à Saúde Mental

Palmas-TO
2018
1 INTRODUÇÃO

A temática do bem estar físico e psíquico das pessoas tem chamado


atenção de órgãos e instituições governamentais para os diferentes problemas
associados à saúde enfrentados pela população, além dos prejuízos
financeiros que muitas nações dispõem com tratamentos, medicamentos e
intervenções cirúrgicas poderiam ser minimizados com ações preventivas e
orientações a comunidade.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2004) o conceito de
saúde é mais amplo do que considerar a simples ausência de alguma doença,
patologia ou morbidade, deve-se considerar o bem estar físico, psíquico e
social da pessoa e também informações sobre sua qualidade de vida como
trabalho, lazer, família, nível de escolaridade, hábitos alimentares, atividade
física, entre outros.
Já o conceito de saúde mental, atualmente, também se configura como
uma questão mais ampla de direito à cidadania, à autonomia e à ampliação dos
vínculos sociais. Trata-se um projeto social de vida plena de capacidades e
possibilidades (Figueiredo, 2004). Passa pela transição do “tempo de morrer”
que se caracteriza por um sofrimento psicossocial completamente vazio de
afetividade, marcado pelo desamparo e pela alienação, para um "tempo de
viver", o qual se caracteriza por um convite à vida, não necessariamente viver
bem. Refere-se à transformação das relações objetivas que aprisionam as
emoções; onde a sensação de impotência se transforma em energia e força
para lutar (Sawaia, 1995).
Em uma sociedade capitaneada pela instantaneidade e pela
espetacularização do viver as novas formas de sofrimento psíquico atingem
grande parte da população (Debord, 2000). Tais expressões do sofrimento se
manifestam de forma preponderante nos adolescentes e jovens adultos
(público alvo de nosso programa). Para citar um exemplo, segundo dados da
OMS, a depressão é hoje a segunda maior causa de sofrimento no mundo e
até 2050 deve ser tornar a “doença” mais frequente em toda a população
mundial.
Atualmente as doenças não transmissíveis são as que mais matam,
somente no ano de 2016, cerca de 72% das mortes registradas no mundo são
decorrentes de isquemias cardiovasculares e câncer. E outras 19% são
doenças transmissíveis. O fato é que boa parte destas mortes poderiam ser
evitadas se as pessoas aderissem a um estilo de vida saudável, com boa
alimentação e maiores níveis de prática de atividades físicas (GBD, 2016).
Hábitos inadequados de saúde como a falta de atividade física
contribuem para um dos maiores males contemporâneo e também considerado
um problema de saúde pública mundial, o sedentarismo. Atualmente o estilo de
vida sedentário é a quarta maior causa de morte no mundo. O sedentarismo se
refere ao baixo nível de atividade física ou movimentação corporal diária das
pessoas. A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2004) prevê que pessoas
adultas devem realizar no mínimo 60 minutos por dia de algum tipo de
atividade física.
O sedentarismo é um comportamento associado a ações passivas como
uso excessivo da tecnologia (tv, celular, tablets, computadores, notebooks e
games) e tempo sentado sem movimentação corporal. Este comportamento
tem acentuado patologias metabólicas como obesidade, diabetes, doenças
cardiorrespiratórias e câncer.
Ressalta-se que ao avaliar a avaliação da prevalência de
morbimortalidade por doenças não transmissíveis no Brasil teve incremento na
mortalidade por causas externas, assim como do número de internações e de
sequelas devido violência e acidentes, contribuindo para a redução da
expectativa de vida de adolescentes e jovens, e da qualidade de vida da
população. Em 2011 as causas externas representaram 8,6% do total de
internações no Sistema Único de Saúde (SUS), ocupando a quinta posição
entre as principais causas, com maior taxa de internações de homens de 20 a
39 anos e mulheres de 60 e mais anos de idade (BRASIL, 2013).
Outro aspecto que tem minado a saúde da população são as
psicopatologias que alteram o estado de saúde física e mental do indivíduo,
comprometem os aspectos afetivos e sociais e ainda tem levado muitas
pessoas ao suicídio. Dados internacionais da WHO (2014) indicam que no
mundo um suicídio é cometido a cada 40 segundos, sendo 11,4 óbitos para
cada 100 mil habitantes, ou seja, 800 mil pessoas morrem por ano por suicídio,
representando 1,4% das causas de morte, a 15ª causa de mortalidade na
população geral e 2ª entre jovens de 15 a 29 anos (BRASIL, 2017).
Segundo Calixto e Zerbini (2016) o Brasil está entre os dez países que
mais apresentam taxa de óbito por suicídio e o comportamento de
autoextermínio tem crescido entre os jovens. No período de 2011 a 2015
ocorreram 55.649 óbitos por suicídio, sendo o risco quatro vezes maior no sexo
masculino (BRASÍLIA, 2014) e em 2017 haviam de 6,3 casos por 100.000
habitantes (WHO, 2017). Portanto, verifica-se que as taxas de suicídio
apresentaram crescimento progressivo de 2,7% na década de 1980/1990 e
18,8% em 1990/2000, havendo aumento também entre jovens em 1990/2000
(9%) e 2000/2010 (24,2%) (BRASÍLIA, 2014).
Ainda, entre 2011 a 2016 foram notificados 1.173.418 casos de
violências interpessoais ou autoprovocadas, sendo 15,0% relativos à prática de
lesão autoprovocada e destes 27,4% foram casos de tentativa de suicídio, e
74,4% foram de ocorrências nas faixas etárias de 10 a 39 anos (BRASIL,
2017).
No estado do Tocantins observou-se o aumento do número de suicídios
de 4,1 casos por 100.000 habitantes no ano de 2002 para 6,6 casos por
100.000 habitantes em 2012, significando aumento de 58,4%, valor esse maior
que o crescimento de suicídios na região Norte (46,8%) e do Brasil (20,3%).
Em se tratando da população jovem os casos aumentaram no estado de 4,8
casos por 100.000 habitantes em 2002 para 9,1 casos por 100.000 habitantes
em 2012, o que indica aumento de 90,9%, valor também bem superior ao da
Região Norte (38,9%) e do Brasil (8,9%) (BRASÍLIA, 2014).
Quanto aos dados de Palmas verificou-se no Mapa da Violência de
Jovens do Brasil (2014) que a taxa de suicídio total aumentou de 2002 para
2012 em 3,5% e em jovens reduziu em 30,9%, sendo que em 2012 haviam 5,8
casos por 100.000 habitantes na população total da capital e 4,9 casos por
100.000 habitantes jovens.
De acordo com Felix et al. (2016) e o Ministério da Saúde (2017), o
suicídio também é considerado um problema de saúde pública e o Brasil
necessita estabelecer estratégias de enfrentamento, prevenção e tratamento
deste comportamento que provoca uma desarmonia individual levando a
pessoa ao autoextermínio associado a fatores de risco (gênero, idade,
emprego, nível socioeconômico e biológicos) e fatores socioculturais
(isolamento social, solteiros, viúvos, divorciados e migrantes).
Dessa forma há a demanda de compreensão das situações de maior
risco como o acesso aos meios de cometer suicídio (enforcamento, intoxicação
exógena e armas de fogo, meios mais utilizados), apresentar dificuldade em
lidar com estresses agudos ou crônicos, e sofrer violência como gênero, abuso
infantil ou discriminação (BRASIL, 2017).
Portanto, em 2014 a tentativa de suicídio passou a ser um agravo de
notificação obrigatória e imediata, devendo o cuidado da pessoa dever ser
imediato por acompanhamentos de emergência e psicossocial na Rede de
Saúde e Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) (BRASIL, 2017).
Para Miranda et. al. (2018) em um estudo de revisão de literatura sobre
o suicídio em jovens universitários, foram identificados fatores externos e
internos associados às causas para a ideação suicida, tais como, fatores
externos: o abuso de drogas lícitas e ilícitas; pressão da faculdade e conflitos
familiares; e fatores internos: saúde mental debilitada e depressão.
A Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca da Fiocruz
(ENSP/Fiocruz, 2017) relata que o aumento dos casos de ansiedade e
depressão nas Instituições de Ensino Superior (IES) Públicas tem gerado a
criação de núcleos de prevenção e atendimento psicológico pela IES, e grupos
de apoio nas redes sociais para compartilhar relatos e oferecer ajuda pelos
discentes. No entanto, ainda existe uma carência na prevenção e na
intervenção pública em saúde mental no ambiente universitário do país como
um todo (Miranda et. al., 2018).
Essas ações se devem ao fato a tentativas de suicídios e concretização
do ato em algumas IES como a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar),
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade Federal do ABC
(UFABC) e na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Além disso, os
dados demonstram que o trancamento de matrícula dos alunos também tem
percentual considerável por problemas psicológicos, aumento da busca por
auxílio psicológico ligada à exigência que se faz dos jovens, rejeição dos
cotistas por seus colegas e alguns professores (ENSP/FIOCRUZ, 2017).
A pesquisa da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições
Federais de Ensino Superior (Andifes) em 2014 que 30,5% já fizeram a busca
por atendimento psicológico, sendo maior entre as mulheres. Dos que nunca
procuraram o atendimento, verificou-se que esse foi maior na região Norte
(82,5%). Ao avaliar o uso de medicamentos psiquiátricos 8,9% responderam
que já fizeram uso, mas não fazem mais, e 3,7% tomaram a medicação e
continuam tomando (ANDIFES, 2016).
Ainda a associação revelou que 86,1% dos discentes possuem alguma
dificuldade que interfere significativamente na sua vida ou no contexto
acadêmico. Destas foram destacadas dificuldades financeiras (42,2%), carga
excessiva de trabalhos estudantis (31,1%), falta de disciplina ou hábito de
estudo (28,8%), adaptação a novas situações (21,9%), relação professor-
estudante (19,8%), dificuldades de acesso a materiais e meios de estudo
(18,3%), relacionamento familiar (18,3%), relacionamento social e interpessoal
(17,7%), carga horária excessiva de trabalho (17,5%), dificuldade de
aprendizado (16,2%), relações amorosas ou conjugais (14,3%), discriminações
e preconceitos (9,8%), conflito de valores e religiosos (7,7%), situação de
violência psicológica (4,6%), situação de violência física (2,1%), situação de
violência sexual (1,1%) (ANDIFES, 2016).
Acrescenta-se que 79,8% relataram apresentar dificuldades emocionais,
dentre esses 58,4% descreveram apresentar ansiedade; 44,7% desânimo ou
falta de vontade de fazer as coisas; 32,6% insônia ou alteração significativa do
sono; 22,6% sensação de desamparo, desespero ou desesperança; 21,3%
sentimento de solidão; 19,3% sensação de desatenção, desorientação ou
confusão mental; 19,3% tristeza persistente; 15,5% timidez excessiva; 12,6%
problemas alimentares; 10,6% medo ou pânico; 6,4% ideia de morte; e 4,1%
pensamento suicida (ANDIFES, 2016). No entanto, a depressão não é um fator
exclusivo para a ideia e efetivação do suicídio (Miranda et. al., 2018).
Dados de uma Organização não-Governamental brasileira denominada
Centro de Valorização da Vida (CVV, 2018) reconhece que o suicídio tem
aumentado no país, acometendo 32 pessoas por dia. Esta organização ainda
registra que 90% dos casos de suicídios poderiam ser evitados a partir de
ações simples de prevenção como diálogo, atenção, conversa e atividades de
engajamento social.
Diante deste contexto, Tavares, Lordello e Montenegro (2015)
estabelece três estágios de prevenção e um de intervenção voltados para o
suicídio: prevenção universal, seletiva, indicada e intervenção preventiva.
A Prevenção universal busca atingir todo o segmento de uma
população, buscando diminuir o risco e evitar que o problema venha a se
estabelecer. Não se utiliza uma seleção das pessoas em risco.
A Prevenção seletiva busca atingir subgrupos de uma população
expostos a fatores de risco epidemiológicos, buscando favorecer fatores de
proteção relevantes no enfrentamento de situações de vida para reduzir o
impacto de vulnerabilidades ou características reconhecidas de risco (Tavares,
Lordello, Montenegro, 2015). No caso do suicídio, uma estratégia de prevenção
seletiva seria oferecer atenção a uma turma mais próxima a vítima que
cometeu suicídio, evitando novos casos de tentativa ou suicídio por contágio
entre aqueles que estão mais próximos.
A Prevenção indicada “têm por foco pessoas em situações de risco ou
com vulnerabilidades identificadas” (Tavares, Lordello, Montenegro, 2015,
p.760), mas busca agir antes que as características patológicas sejam
suficientes para definir um quadro clínico. Busca-se abordar de modo
adequado isolamento, dificuldades acadêmicas e problemas de
comportamento, que são os primeiros indicadores de risco grave e podem levar
aos primeiros pensamentos sobre a morte, resultando em ideação suicida
(Tavares, Lordello, Montenegro, 2015).
Já a Intervenção preventiva busca reconhecer jovens que estão
vivenciando sofrimento grave que pode estar associado a processos
psicopatológicos, como a ideação suicida (Tavares, Lordello, Montenegro,
2015). Estes casos requerem intervenção clínica imediata e devem ser
encaminhados a um profissional especializado da área de Saúde Mental.
Nesse caso, os autores anteriormente citados ressaltam que a identificação de
novas situações e encaminhamento para o tratamento já se situa na fronteira
do âmbito preventivo e por isso preferem adotar o termo transição de
cuidados. O profissional que encaminha precisa se comprometer com o
sucesso do acolhimento da pessoa pelo serviço de atenção em Saúde Mental
no SUS, o que requer uma colaboração de profissionais da instituição que
encaminha e da instituição que recebe, implicando em uma transferência ativa
de informações que motivaram o encaminhamento e da atenção a família e
apoio ao jovem pelo serviço que acolhe, em um trabalho em rede.
A partir dessas modalidades de prevenção e enfrentamento destacam-
se as seguintes ações, conforme tabela 1.

Tabela 1 - Ações de prevenção e enfrentamento ao suicídio

Prevenção Enfrentamento

Vídeo institucional Ampliação do atendimento interno e


externo
● mais servidores para setor de
apoio psicopedagógico

Aproximação com os alunos Parcerias institucionais - rede de


● calourada saúde municipal, estadual e outras
● ciclo de debates IES

Atividades artísticas, Política institucional - Eixos do PDI


esportivas e culturais implantar a política
● priorizar como ação da
universidade (espaço físico,
bolsas, recursos)
● Regra para o programa

Grupos para a orientação de Envolvimento da comunidade


estudos acadêmica, direção e coordenação de
cursos e setores de apoio assistencial

Bolsas para o programa Intervenção Clínica


(extensão, pesquisa e
monitoria)
Fonte: elaborado pelos autores.

Considerando o aumento das psicopatologias e do estilo de vida


sedentário tanto na população geral bem como entre os jovens universitários,
entende-se a necessidade de implantação de programas que atendam a essas
estratégias de prevenção e enfrentamento que podem minimizar os prejuízos
causados a vida e a saúde mental da comunidade universitária, elevando o
nível de atividade física, incentivando eventos culturais, a interação social,
estímulos cognitivos, criatividade e manifestações emocionais positivas.
OBJETIVOS

● Implantar uma política institucional de bem estar e saúde mental para a


comunidade acadêmica da universidade.
● Elaborar estratégias de prevenção e enfrentamento a saúde mental de
estudantes e servidores, articulando ações de pesquisa, ensino e
extensão.
● Oferecer ações práticas que valorizem a qualidade de vida, o bem estar
social e a saúde da comunidade acadêmica, como atividades físicas e
culturais.

JUSTIFICATIVA

Esse programa se justifica pela necessidade urgente de enfrentamento


das questões relacionadas à preservação da vida e da saúde mental da
comunidade acadêmica da UFT (acadêmicos e servidores). Dados da
assistência estudantil da própria Universidade mostram que temos hoje uma
população adoecida e com risco de desenvolvimento de quadros graves de
sofrimento psíquico, podendo chegar ao suicídio, como já ocorreu algumas
vezes na trajetória recente da nossa instituição.
Olhando para os dados da população geral, o quadro já é preocupante.
No estado do Tocantins observou-se o aumento do número de suicídios de 4,1
casos por 100.000 habitantes no ano de 2002 para 6,6 casos por 100.000
habitantes em 2012, significando aumento de 58,4%, valor esse maior que o
crescimento de suicídios na região Norte (46,8%) e do Brasil (20,3%). Em se
tratando da população jovem os casos aumentaram no estado de 4,8 casos por
100.000 habitantes em 2002 para 9,1 casos por 100.000 habitantes em 2012, o
que indica aumento de 90,9%, valor também bem superior ao da Região Norte
(38,9%) e do Brasil (8,9%) (BRASÍLIA, 2014).
Além disso, estudos recentes (Gradella Junior, 2010; Horta et. al. 2012)
têm apontado para uma estreita relação entre a vida universitária e o
desenvolvimento de psicopatologias. Essas pesquisas revelam que pelo menos
30% dos docentes e 27% dos acadêmicos relatam algum tipo de sofrimento
psíquico (aqui evitamos o termo transtornos mentais).
Soma-se a isso a dificuldade que a população universitária,
principalmente estudantes, têm no acesso a serviços de atenção à saúde
mental. Os fatores que contribuem, decisivamente, para essa falta de apoio
terapêutico são o nível socioeconômico dos acadêmicos, onde atualmente
temos 72% da população de estudantes da universidade são de classes C, D e
E, e a escassez de serviços públicos de acolhimento e tratamento no âmbito da
saúde mental.
Também se justifica uma abordagem mais voltada para a prática de
exercícios físicos pois, no que tange ao avanço do sedentarismo, as doenças
cardiovasculares e os problemas associados à saúde mental têm prejudicado a
qualidade de vida e atrapalhado a produtividade social e o potencial
profissional das pessoas acometendo-as de diversas patologias físicas,
metabólicas e psíquicas que perturbam as condições essenciais de diferentes
esferas da vida, como trabalho, relacionamentos sociais e familiares.
Acrescenta-se o estudo da ANDIFES (2016) demonstrou que 61,0% dos
estudantes de instituições federais, 65,4% da Região Norte não têm o hábito da
prática de atividade física; e 47,0% de todos os discentes, e 44,9% da Região
Norte relataram que a universidade não provia as condições para realizar
atividade física.
Considerando o âmbito local, a Universidade Federal do Tocantins - UFT
é uma instituição pública de qualidade e referência no estado do Tocantins.
Atualmente a UFT conta com sete campus universitários, aproximadamente
20.000 estudantes, 1.000 professores e 500 técnicos-administrativos (UFT,
2016), o que coloca a Universidade como um ambiente em potencial de
pessoas que podem ser acometidas por diferentes patologias e necessitam de
orientação e prevenção.
Nesse sentido, o programa aqui proposto está em consonância com o
valor Responsabilidade Social que norteia essa instituição. Além de
corroborar com a missão da UFT, que é a de “formar profissionais cidadãos”
(UFT, 2016, p.19). Haja vista que cidadania não é um conceito definido apenas
no campo econômico, mas possui raízes no bem estar social, psíquico e
relacional.
Parcerias internas:

É importante destacar que tais ações serão possíveis com o apoio de


diferentes setores da Universidade, tais como:
● Pró-reitoras de Graduação; Extensão e Cultura; e Assuntos Estudantis;
● Direções de Campus;
● Coordenações de curso;
● Núcleos psicopedagógicos;
● Centros Acadêmicos.
● Ações: vídeos: circular na mídia, em reuniões de gestão; eventos
(verificar o vídeo da USP), programar a calourada 2018, incluindo ações
do programa.

Parcerias externas:
● Setores de Atenção Básica dos municípios e do estado do Tocantins
● PET Saúde - FESP
● PET-Saúde Gradua SUS
● Seminário de Vigilância em Saúde do Estado - ver data e pedir ponto de
pauta e seminário
● Projeto de Regionalização em Saúde
● Secretarias Municipais e Secretaria Estadual de Assistência Social. Os
CRAS e CREAS dos municípios onde os sete câmpus estão localizados
podem contribuir para diminuir as vulnerabilidades sociais dos
acadêmicos e suas famílias
● Projeto OPAS - Organização Panamericana de Saúde - saúde mental
● Editais PP-SUS - para dar suporte às pesquisas a serem realizadas

2 Metodologia:

No presente capítulo se explica a forma em que as diretrizes e os


objetivos do programa serão implementados. A aproximação epistemológica
que subjaz à proposta contempla alguns princípios orientadores das ações
metodológicas:

● Abertura à pluralidade cultural e subjetiva da comunidade universitária.


● Respeito pelas pessoas da comunidade universitária.
● Rigorosidade e transparência no tratamento das informações que serão
construídas ao longo do processo.
● Abordagem a partir de uma visão interdisciplinar da saúde mental.
● Articulação recursiva de perspectivas qualitativas e quantitativas no
levantamento de informações, relatórios e campanhas em saúde mental.
Em termos especificamente metodológicos, o programa vai desenvolver
as seguintes fases:

2.1 Diagnóstico integral, complexo, dinâmico e permanente da saúde mental


da comunidade pertencente à Universidade Federal do Tocantins.

Essa primeira fase contempla:

● Articulação interdisciplinar, entre teoria e prática, para


compreender as particularidades dos contextos sócio-culturais e
vivências individuais.
● Elaboração de redes comunitárias e inter-institucionais que
permitam um enfrentamento integral da problemática.
● Elaboração de instrumentos metodológicos: questionários,
entrevistas, grupos focais, visitas comunitárias, entre outros.
● Realização de pesquisas de campo que alimentem uma
construção de informação permanente sobre a saúde mental da
comunidade.
● Construção de relatórios, campanhas, palestras e publicações
que permitam tanto a compreensão singular e global da
problemática estudada, como a devida comunicação social do
conhecimento acumulado.
● Realização de seminário interdisciplinar para comunicação de
saberes e metodologías relacionadas com a problemática.
2.2 Implementação de atividades de promoção, prevenção e intervenção
sobre a saúde mental da comunidade universitária. Essa segunda fase
contempla vários momentos.

Momento de preparação:

● Organização da equipe técnica, profissional e da comunidade


ampliada (universitária, rural, urbana e inter-institucional).
● Construção e/o adequação de espaços físicos, em cada um dos
câmpus da UFT, nos quais acontecerão as diversas atividades do
programa.
● Efetivação dos recursos necessários para o desenvolvimento do
programa: bolsas, transporte, viáticos, materiais, entre outros.
● Construção de estratégias comunicativas sobre o programa de
saúde mental: vídeos, artes, propagandas, entrevistas, teatro
social
Momento de criação e oferta de atividades de prevenção e intervenção:

● Atividades do programa de saúde mental:


○ Identificação de pessoas e/o grupos com alto risco em
matéria de saúde mental.
○ Realizar encaminhamento das pessoas ou grupos em alto
risco para a RAPS - Rede de Atenção Psicossocial.
○ Efetivar o Auxílio Saúde da UFT.
○ Psicoterapia individual por meio da clínica escola (câmpus
Miracema) e na RAPS dos sete câmpus da UFT.
○ Psicoterapia grupal: acreditamos que o trabalho com saúde
mental, nas universidades, solicita o dispositivo
psicoterápico grupal como método incontornável para
tratamento dos pacientes, sob a égide da reabilitação e da
contratualidade, tão caras aos ideais reformistas que
vigoram atualmente nas políticas de humanização das
práticas do Sistema Único de Saúde (SUS) (Rosa e
Vilhena, 2013).
As razões que nos levam a crer no dispositivo grupal, não
se relacionam ao atendimento de mais pacientes, em um
menor espaço de tempo, mas na criação de um espaço de
mediação grupal, no qual as fantasias primitivas do grupo
familiar compareçam e sejam trabalhadas e que,
igualmente, a alteridade se apresente destacada como
disparador das elaborações subjetivas (Campos, Rosa e
Campos, 2010). Palco, por excelência, dos processos de
transformação da identidade, configura a relação de
alteridade em cujo espaço privilegiado dá-se a mediação
grupal (Vilhena e Rosa, 2011). Quando um paciente fala e
o grupo consegue responder à sua demanda, seja
corroborando sua fala, seja contestando-a, ele se sente
amparado em sua condição, pois agora não está mais
sozinho, pois tem quem compartilhe seu sofrimento (Rosa,
2011).

○ Linhas telefónicas / espaços de redes sociais


(emergenciais) para escutar e dialogar com pessoas com
alto sofrimento psíquico pontual.
○ Orientação vocacional
○ Atividades de bem-estar físico e emocional: caminhadas,
corridas passeios, torneios esportivos, aulas de dança,
ginástica, prática esportiva, espaços de leitura, jogos de
tabuleiro e eventos culturais.
○ Rituais culturais que marquem os diferentes momentos da
vida universitária: calouradas, homenagens acadêmicas e
culturais, formaturas, entre outros.
○ Oferta de cursos: palestras, conversatórios, grupos de
discussão e oficinas sobre saúde mental. Dentro das
temáticas de trabalho estão: projeto de Vida, expressão de
afetos, manejo de estresse e ansiedade, suporte e coesão
grupal.

2.3 Autoavaliação permanente do programa de saúde mental.

Essa terceira e última fase contempla:


● Levantamento permanente de informações relacionadas com a
implementação do programa de saúde mental.
● Construção e implementação de instrumentos que permitam fazer
uma valoração da efetividade do programa no cumprimento dos
seus objetivos.
● Revisão crítica do programa e desenvolvimento de ajustes e
melhorias dos procedimentos, atividade e instrumentos.
● Construção de relatórios, campanhas, palestras e publicações
que permitam devida comunicação social das aprendizagens
realizadas no processo de implementação do programa.
Referências Bibliográficas

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS DIRIGENTES DAS INSTITUIÇÕES


FEDERAIS DE ENSINO SUPERIOR. Fórum Nacional de Pró-reitores de
Assuntos Comunitários e Estudantis. IV Pesquisa do Perfil Socioeconômico
e Cultural dos Estudantes de Graduação - das Instituições Federais de
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