A IMPORTÂNCIA DE NOVOS ESTUDOS ACERCA DO SUICÍDIO NA

ADOLESCÊNCIA NA CIDADE DE TOLEDO

1. INTRODUÇÃO

A informação é um poderoso instrumento, capaz de contribuir, de forma

dinâmica, para um processo de planejamento, avaliação, manutenção e
aprimoramento das ações. É necessário que haja uma disponibilidade de dados que
possam amparar o processo de produção de informação para que se possa agir.
(BRASIL, 2002). Nesta lógica, conhecer o cenário epidemiológico dos casos de
suicídio, bem como produzir estudos sobre o tema, se torna muito relevante, para
que se desenvolvam políticas de prevenção, a fim de diminuir os números de
suicídios, que atualmente se transformaram em um problema de saúde pública.
A palavra suicídio pode ser definida como uma ação executada pelo próprio
indivíduo, cujo objetivo é a morte, de uma maneira consciente e intencional,
utilizando um meio que ele acredita ser fatal (BRASIL, 2021). De acordo com o
relatório “Suicide worldwide in 2019”, uma a cada 100 mortes no ano de 2019 foi
causada por suicídio e, ainda, cerca de 703 mil pessoas por ano morrem por esse
motivo em todo o mundo. Segundo o diretor geral da Organização Mundial da
Saúde (WHO), Tedros Adhanom Ghebreyesus, a cada 40 segundos uma pessoa
morre por suicídio no mundo. Conforme dados da folha informativa sobre suicídio de
2018, da Organização Pan-americana de Saúde, o suicídio é a segunda principal
causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos.
Segundo dados publicados pela Secretaria de Saúde do Estado do Paraná,
em 2016, foram notificados 768 casos de suicídio no estado do Paraná, o que
corresponde a uma média de 2 suicídios por dia. Dentre essas 768 ocorrências, 641
se tratava de suicídios realizados por homens e 127 foram realizados por mulheres.
No mesmo ano, cerca de 25% dos suicídios registrados foram cometidos por
indivíduos entre 10 e 29 anos de idade. Segundo o Sistema de Informações sobre
Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, o número de suicídios cresceu pelo
quinto ano consecutivo em nosso país, e apresentou um recorde no Paraná no ano
de 2019 com 925 casos.
 A 20° Regional de Saúde da Secretaria de Saúde do Estado do Paraná
possui sua sede localizada no município de Toledo, e é composta pelos municípios
de: Assis Chateaubriand, Diamante d’Oeste, Entre Rios do Oeste, Guaíra, Marechal
Cândido Rondon, Maripá, Mercedes, Nova Santa Rosa, Ouro Verde do Oeste,
Palotina, Pato Bragado, Quatro Pontes, Santa Helena, São José das Palmeiras, São
Pedro do Iguaçu, Terra Roxa, Toledo e Tupãssi. Conforme os dados disponíveis no
DATASUS (2021), a taxa de mortalidade por suicídio na 20° Regional de Saúde no
ano de 2019, foi de 15,6 por 100 mil habitantes, enquanto, a taxa nacional em 2019
foi de 6,6 por 100 mil habitantes.
Em Toledo o atendimento às pessoas que estão em sofrimento psíquico, se
faz por meio da Rede de Atenção Psicossocial, que conta com serviços desde a
Atenção Básica, nas unidades básicas de saúde (UBS) ou unidades saúde da
família (USF), na rede de Urgência e Emergência - Unidade de Pronto Atendimento
(UPA), Pronto Atendimento Municipal (PAM) e Serviço de Atendimento Móvel à
Urgência (Samu) - e na rede especializada - ASM e Caps. (PREFEITURA DE
TOLEDO, 2021). As campanhas de prevenção ao suicídio se limitam ao mês de
setembro, em referência ao Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio e ao “Setembro
Amarelo”, embora o Painel de Monitoramento da Mortalidade, da Secretaria de
Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, demonstre que a taxa de suicídios no
município é maior que o dobro da média nacional.
É importante destacar que através de pesquisas acerca do suicídio, é
possível identificar qual a faixa etária dessas pessoas, gênero, região que mais
ocorre, entre outros. Com posse desses dados atualizados, é possível fazer uma
análise de quais fatores têm uma maior influência em determinada área, para que
se possa elaborar alguns movimentos para a prevenção do suicídio nos âmbitos da
saúde pública, da educação, da segurança pública, nas mídias e em outros lugares
(DAMIANO, 2021).
Em vários países, o suicídio está entre as cinco maiores causas de morte na
faixa etária entre 15 e 19 anos (MOREIRA & BASTOS, 2015). De acordo com
Damiano (2021) o suicídio em crianças e adolescentes é predominante e
preocupante, pois é a segunda causa de mortalidade no mundo, e a terceira causa
de morte no Brasil, entre jovens de 10 a 24 anos, no entanto, supõe-se que exista
uma subnotificação das tentativas de suicídio, autolesão e suicídios, embora sejam
ocorrências de notificação compulsória em todo território nacional.
 Segundo o Boletim Epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde, o
aumento das taxas de suicídio de adolescentes e jovens no Brasil tem chamado a
atenção, uma vez que os estudos têm apontado para a adolescência e o início da
fase adulta, como os principais estágios da vida para o início de comportamentos
suicidas.
Diante dos dados acima, nossa pesquisa buscará referencial bibliográfico
para que possamos identificar e caracterizar os estudos sobre suicídio na cidade de
Toledo/ PR.

2. METODOLOGIA

Será utilizado o método de pesquisa bibliográfica, a qual “abrange toda

bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo” (MARCONI E
LAKATOS, 2021, p.76), possibilitando o acesso aos conhecimentos já produzidos
acerca do assunto. A partir disso, será realizada a análise dos mesmos, fazendo
com que torne-se perceptível a importância de discutirmos sobre tal assunto e,
consequentemente, explicitando a importância de haver novos estudos acerca
desse fenômeno na cidade de Toledo.
As buscas sobre este tema serão realizadas com base nas plataformas
digitais (CAPES, SciELO e Pepsic). Para tal, utilizar-se-ão os seguintes descritores:
suicídio, adolescentes e/ou adolescência e Toledo. Os critérios a serem utilizados
serão: estudos escritos em língua portuguesa, que tenham sido feitos nos últimos 15
anos e que contenham ao menos 2 descritores em seus resumos. Para a
caracterização dos estudos, os mesmos serão separados nas seguintes categorias:
estudos bibliográficos, estudos aplicados e outros estudos. O foco em nossa
pesquisa será a ocorrência de suicídios em adolescentes que tenham entre 12 a 17
anos de idade, na cidade de Toledo.

3. RESULTADOS

A proposta desta pesquisa não pôde ser concluída, pois conforme verificado
nesta busca, nenhum estudo acerca do tema suicídio na adolescência na cidade de
Toledo-PR foi desenvolvido no período entre os anos de 2005 e 2020, o que traz
uma grande preocupação: como reconhecer esse indivíduo que diz não à existência
e tira a vida com as próprias mãos? Identificar os fatores de risco é primordial para
que se executem intervenções eficazes na prevenção do suicídio e é notória a
escassez de estudos que investiguem este fenômeno durante a infância e a
adolescência. De acordo com Damiano (2021) o risco de suicídio é influenciado pela
interação de uma variedade de fatores biológicos, clínicos, psicológicos, sociais,
ambientais e culturais e nenhuma causa ou fator de estresse isolado é suficiente
para explicar um ato suicida. O que se pode observar é um conjunto de fatores de
risco agindo de forma concomitante e assim aumentando a suscetibilidade de um
indivíduo ao comportamento suicida.
Do ponto de vista psicológico, o suicídio vai depender unicamente de fatores
individuais, como temperamento do suicida, por seu caráter, por seus antecedentes
e pelos acontecimentos de sua história, no entanto quando enxergamos os suicídios
cometidos numa determinada sociedade, durante um intervalo de tempo,
constataremos um fato sui generis, ou seja, um fato que tem como causa uma
natureza própria, e essa natureza é eminentemente social (DURKHEIM, 2000), por
isso seria importante identificar os fatores de risco para o suicídio em adolescentes
na cidade de Toledo, uma vez que a ausência destes estudos atrapalha o
planejamento de ações de prevenção. O suicídio de adolescentes é um problema
que atinge, além das famílias das vítimas, os profissionais de saúde e a comunidade
a qual pertence este indivíduo. É necessário desenvolver pesquisas que possam
investigar este fenômeno de forma mais profunda e que busquem compreender
como ocorre este processo, para que se possa combatê-lo em todos os âmbitos da
sociedade onde o adolescente está inserido, ou seja, escola, saúde, etc., a fim de
evitar que o jovem que esteja passando por alguma dificuldade busque, como
solução, a morte.

REFERÊNCIAS

COSTA, Fernanda Benquerer. Políticas estratégias de prevenção ao suicidio.

ABEPS. Disponível em:
http://www.mpce.mp.br/wp-content/uploads/2018/07/20180410-politicas-
estrategicas-de-prevencao-ao-suicidio-Etapa_III.pdf. Acesso em 16 set. 2021.

BRASIL. Mortalidade por suicídio e notificações de lesões autoprovocadas no

Brasil. Brasil, 2021. Disponível em:
https://www.gov.br/saude/pt-br/media/pdf/2021/setembro/20/boletim_epidemiologico
_svs_33_final.pdf Acesso em 30 out 2021.

_____. Ministério da Saúde. Fundação Nacional da Saúde - FUNASA. Guia de

Vigilância Epidemiológica. Vol. 1. Brasília, 2002. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_vigilancia_epidemiologica_7ed.pdf.
Acesso em 16 set. 2021

_____. Ministério da Saúde. Biblioteca Virtual em saúde. Setembro Amarelo e Dia

Mundial de Prevenção ao Suicídio – 10/9. Brasília, 2021. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/setembro-amarelo-e-dia-mundial-de-prevencao-ao-
suicidio-10-9/ Acesso em 31 out 2021

DAMIANO, Rodolfo F. et al. Compreendendo o suicídio. 1. ed. Santana de

Parnaíba [SP] : Manole, 2021.

DURKHEIM, Émile. O Suicídio - Estudo de Sociologia. Tradução Mônica Stahel.

Sao Paulo: Martins Fontes, 2000.

KOWALSKI, Rodolfo Luis. Número de suicídios cresce pelo quinto ano

consecutivo e bate recorde no Paraná. Bem Paraná, 2020. Disponível em:
https://www.bemparana.com.br/noticia/numero-de-suicidios-cresce-pelo-quinto-ano-
consecutivo-e-bate-recorde-no-parana#.X5tzOohKhPY. Acesso em 29 out. 2020

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa. 9

ed. São Paulo: Atlas, 2021.

ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE. Folha informativa: suicídio.

2018. Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.php?
option=com_content&view=article&id=5671:folha-informativa-suicidio&Itemid=839.
Acesso em 23 out. 2020

ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE. Uma pessoa morre a cada 40

segundos, afirma OMS. 2019. Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.php?
option=com_content&view=article&id=6017:suicidio-uma-pessoa-morre-a-cada-40-
segundos-afirma-oms&Itemid=839. Acesso em: 23 out. 2020.

PERES, Emerson Luiz. Perfil Epidemiológico do Suicídio no Paraná. Secretaria

de Saúde do Paraná, 2017. Disponível em:
http://www.proec.ufpr.br/download/extensao/2017/set/2SemSuicidio/Perfil
%20Epidemiologico%20do%20Suicidio%20no%20Parana%20-%20Emerson
%20Luiz%20Peres%20-%20SVS-PR.pdf. Acesso em 29 out. 2020.

PREFEITURA DE TOLEDO. Prevenção ao suicídio será o foco de ações do

setembro amarelo em Toledo. Toledo, 2021. Disponível em
https://www.toledo.pr.gov.br/noticia/prevencao-ao-suicidio-sera-o-foco-de-acoes-do-
setembro-amarelo-em-toledo. Acesso em 16 set. 2021.
SECRETARIA DE SAÚDE DO PARANÁ. 20° Regional de Saúde - Toledo.
Governo do Estado. Disponível em: https://www.saude.pr.gov.br/Pagina/20a-
Regional-de-Saude-Toledo. Acesso em 29 out. 2020.

World Health Organization. Suicide worldwide in 2019: global health estimates.

Geneva: 2021. Disponível em:
https://www.who.int/publications/i/item/9789240026643. Acesso em 15 set. 2021.