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UNOPAR – UNIVERSIDADE DO NORTE DO PARANÁ

CURSO DE BACHARELADO EM ENFERMAGEM

ANA MARTINA SILVA DE MOURA

O RISCO DE SUICÍDIO NA ADOLESCÊNCIA

Canoas/RS
2022
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ANA MARTINA SILVA DE MOURA

O RISCO DE SUICÍDIO NA ADOLESCÊNCIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


disciplina TCC2 do Curso de Enfermagem pela Uni-
versidade do Norte do Paraná – UNOPAR, como
exigência parcial para obtenção do título de Bacha-
rel em Enfermagem sob orientação do Professor
Lucio Mauro Rocker dos Santos.

Canoas/RS
2022
8

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus por estar sempre a frente me dando ânimo e forças para conti-
nuar e nunca desistir,

Ao Fernando por estudar junto e ter paciência em montar junto os trabalhos,

À minha mãe pelas orações quando me via exausta,

À minha filha por todo carinho, amor e compreensão minha por ausência.

Minha professora Elis, que nunca desistiu em me apoiar e esteve presente em todos
os momentos,

Aos meus colegas, em especial Luciane e Bia, pelo apoio recíproco, junta a pro-
messa de não desistir.

A todos os amigos que me apoiaram com palavras, foi graça a todo incentivo que re-
cebi durante esses anos que hoje posso celebrar o marco da formatura na minha vida.
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RESUMO

O suicídio já é a terceira principal causa de morte no mundo entre os jovens, onde


aproximadamente 70% destes são clinicamente identificados deprimidos. Em 2019,
dados da Organização Mundial da Saúde, demonstrou que setecentas mil pessoas
morreram por suicídio, sendo uma a cada 100 mortes. Este estudo buscou demonstrar
a relevância da abordagem sobre o suicídio, pois ainda há muito preconceito relacio-
nado à mesma, tanto no que diz respeito as causas, quanto ao tratamento de depres-
são que deve ser feito corretamente com profissional habilitado, atentando para im-
portância do olhar dos pais e professores na mudança de conduta destes jovens. O
presente estudo tem por objetivo apontar possíveis motivos que podem desencadear
a tentativa ou suicídios em jovens. Para isso, foi utilizado pesquisa qualitativa, sendo
uma revisão bibliográfica, tendo como fonte as bases da Scielo, além de sites oficiais
de saúde, buscando identificar em artigos que exploram a temática. Diante do exposto,
o estudo foi direcionado pelo seguinte questionamento: “Qual a relevância de uma
abordagem preventiva com atenção ao risco de suicídio de jovens?”

Palavras-Chave: Jovens; Suicídio; Causas; Prevenção.


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LISTA DE SIGLAS

BR Brasil
MS Ministério da Saúde
OMS Organização Mundial de saúde
ONU Organização das Nações Unidas
OPAS Organização Pan-Americana de Saúde
SUS Sistema Único de Saúde
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 6

2 REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................... 8

2.1 SUICÍDIO – CONCEITO ....................................................................................... 8

2.2. POSSÍVEIS CAUSAS ......................................................................................... 11

2.2.1 Diferenciando tristeza de depressão ................................................................. 11

2.2.2 Lidando com sentimentos e frustrações ............................................................ 11

2.2.3 Baixa autoestima ............................................................................................... 12

2.3 OBSERVANDO OS SINAIS ................................................................................. 14

2.4 A FAMÍLIA E A PREVENÇÃO .............................................................................. 18

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 23

4 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 25
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1 INTRODUÇÃO

A depressão já é considerada como o mal do século, conforme Who (2016) é


caracterizada por transtorno de humor grave com distorção da forma como a pessoa
vivencia e entende a realidade, sendo a adolescência o período de transição para a
idade adulta, repleta de alterações morfológicas e psicossociais, cronologicamente
esta fase corresponde ao período dos 10 aos 19 anos de idade.
Segundo a OMS (Organização Mundial de saúde) e OPAS (Organização Pan
americana de saúde), a depressão tem representado um crescente problema de sa-
úde pública mundial, as estatísticas mostram que a depressão no estado mais grave,
pode levar ao suicídio e a cada ano sendo a segunda principal causa de morte entre
pessoas com idade entre 15 e 29 anos, sendo grande parte os adolescentes.
Vai além de uma tristeza passageira, entre os fatores de risco estão: o histórico
familiar, prejuízo cognitivo, transtornos, relatos de mídia onde morre um famoso e a
mídia romantiza o acontecido, aumentando os índices do suicídio, o fácil acesso a
utilização de entorpecentes e bebidas, crises econômicas e isolamento social. É ne-
cessário enfatizar a gravidade da doença, pois na adolescência é comum os parentes
consideraram muitos dos sintomas como “drama de adolescente” (ANTONELI, 2021).
Na atualidade a depressão e o suicídio ainda enfrentam tabu em sua abordagem,
a realidade é que as famílias, em grande parte, preferem não debater em uma atitude
mística de que se não falar, não acontecerá. Então, buscou-se demonstrar a relevância
de uma abordagem preventiva com os jovens acerca da depressão e o suicídio, não
esquecendo do envolvimento da família e dos profissionais de saúde.
De acordo com o Ministério da Saúde (MS, 2020), os números são alarmantes,
especialmente na última década, pois são registrados aproximadamente “12 mil sui-
cídios todos os anos no Brasil e mais de 1 milhão no mundo”. É uma triste e crescente
realidade, especialmente entre os jovens.
De acordo com o Ministério da Saúde (2017), no Brasil, o suicídio já é a terceira
maior causa de morte dos jovens na mesma faixa de idade. O objetivo do estudo foi
conhecer as principais causas de tentativas de suicídio em jovens, apontar a prevenção
como uma das melhores formas de atenção assertiva e discutir o papel da família na
prevenção do mesmo.
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Diante disto, em um quadro crítico de depressão em jovens, onde a família não


recebe o auxílio necessário para ajudá-los, o índice de suicídio é considerado elevado,
buscou-se analisar: “Qual a relevância de uma abordagem preventiva com atenção ao
risco de suicídio de jovens com depressão?”
Este estudo é uma revisão bibliográfica, tendo como base artigos científicos
lançados nos últimos 15 anos no Google Acadêmico e em outros sites com especia-
listas de saúde. Segundo Gil (2017), a pesquisa será exclusivamente teórica, onde se
investigará abordagens já analisadas.
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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 CONCEITO

Conforme o Ministério da Saúde (2020), o suicídio pode ser definido como um


“ato deliberado executado pelo próprio indivíduo, chamando a atenção que sua inten-
ção é a morte, de forma consciente e intencional, onde se utiliza um meio que acredita
ser letal”.
Junto a este conceito, fazem parte do que comumente são identificados como
comportamento suicida envolvendo o pensamento, o plano e uma suposta tentativa
de execução do mesmo.

É um comportamento com determinantes multifatoriais e resultado de uma


complexa interação de fatores psicológicos e biológicos, inclusive genéticos,
culturais e socioambientais. Dessa forma, deve ser considerado como o des-
fecho de uma série de fatores que se acumulam na história do indivíduo, não
podendo ser considerado de forma causal e simplista apenas a determinados
acontecimentos pontuais da vida do sujeito. É a consequência final de um
processo. (MS, 2020)

Porém, o suicídio não pode ser considerado de forma causal, nem mesmo
como uma simples atitude que se decidiu naquele momento, mas como o desfecho
de uma sequência de elementos que contribuíram no acúmulo da vivência desta pes-
soa. É um proceder causador que envolve os mais variados e complicados aspectos
emocionais. (BRASIL, 2018).

Apesar de os dados numéricos relacionados ao suicídio serem subestimados,


a estatística é de que para cada suicídio que acontece, houve entre 10 e 20
tentativas. Quando a pessoa consegue consumar sua intenção, o fato afeta
emocionalmente outras 60 pessoas próximas. Além disso, entre 40 e 60%
das pessoas que cometeram suicídio consultaram algum serviço médico no
mês anterior ao ato, portanto, mesmo com os registros aquém da realidade,
os números evidenciam a magnitude desse problema de saúde pública (Gon-
çalves, Freitas & Sequeira, 2011; Cantão; Botti, 2016). O maior índice de sui-
cídio está entre os homens (79%), todavia, a maior incidência de tentativas
de suicídio está entre as mulheres (BRASIL, 2018).

Na obra Le suicide1, de Durkheim, o sociólogo relacionou o suicídio a causas


sociais, “todo o caso de morte que resulta, direta ou indiretamente, de um ato, positivo
ou negativo, executado pela própria vítima, e que ela sabia que deveria produzir esse
resultado (NUNES, 1998).

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Deve-se relevar que foi a única envolvendo este tema em seus dias. (NUNES, 1998)
9

Durkheim acreditava que toda sociedade se predispõe a conceder determinados


motivos para tal prática: “cada sociedade, em cada momento da história, oferece uma
atitude social em relação ao autoextermínio”. (NUNES, 1998).

Cerca de 96,8% dos casos de suicídio estavam relacionados a transtornos


mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e
do abuso de substâncias. Com esses números, o suicídio encontra-se entre
as três principais causas de morte em indivíduos com idade entre 15 e 29
anos no mundo. O Brasil é um país com taxas crescentes, apesar da escas-
sez de indicadores epidemiológicos, corresponde a mais de 5% das mortes
por causas externas. (MS, 2020)

Diferentemente, o doutor Augusto Cury (2020), analisa como um tema polêmico


e de altíssima relevância, pois trata de vidas, ou do fim destas. Porém, credita que
nem precisa ser altamente entendedor da temática para perceber que a tentativa ou
o próprio suicídio é um grito de socorro, como quem pensa: “quero viver e não sei
como, não consigo!” (CURY, 2020)
Segundo Cury (2020) estamos na era da intoxicação digital, os jovens cada vez
mais conectados em seus celulares com o mundo, mas não conectados consigo
mesmo. Acrescenta que “toda pessoa que pensa em suicídio, tem fome e sede de
viver!”, ninguém que pensa em morrer quer na verdade acabar com sua própria vida,
o desejo real é acabar com a dor que está sentindo.

Dentre os fatores associados à morte voluntária, destaca-se a relação com


transtornos mentais em 90% dos casos. O quadro psiquiátrico mais frequente
é a depressão, mas também encontramos correlação com abuso de álcool,
esquizofrenia, transtornos de personalidade e transtorno bipolar (OMS,
2016).

Sentimentos causados pela ansiedade, frustração, como a dor, a angústia, a


autopunição, a baixa autoestima, expectativas frustradas, desencantamento, des-
gosto, desilusão, insatisfação, entre tantos outros, são causa de querer frear o que
está se sentindo naquele momento. Porém, o psiquiatra acredita que a pessoa, não
deseja realmente acabar com a própria existência, pois existe em cada ser humano
uma vontade dramática de viver, (CURY, 2020).
Na observação de Souza e Moreira (2018), no momento em que se amadurece
a ideia de uma morte voluntária, a angústia é tamanha que de alguma forma como
que num momento de adormecimento, os pensamentos só visualizam o problema,
não se permitindo lembrar de sua vontade de viver.
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O sentimento de frustração quando não é bem assimilado, traz desmotivação,


comportamento agressivo e pode até fazer com que as pessoas desistam dos
seus objetivos. Podemos perceber a baixa tolerância à frustração numa pes-
soa, quando ela reage com irritabilidade fácil, desmotivação, tem dificuldades
em se comunicar sobre o que a está frustrando, podendo ser até violenta,
desiste fácil das coisas, tem muita resistência em lidar com situações mais
complexas e acaba distorcendo sua visão de mundo. Geralmente, pessoas
com baixa tolerância à frustração acabam adquirindo problemas de autoes-
tima e autoconfiança. (VARELLA, 2020).

Se no momento em que o jovem projeta sua própria morte, se este conseguisse


ter o mínimo de consciência de que, o que ele deseja verdadeiramente é viver, “ele
conseguiria extrair forças na sua mente, coragem na sua emoção e capacidade para
escrever os capítulos mais nobres destes dias mais tristes” (CURY, 2020).

[...] a baixa tolerância à frustração, é a pouca capacidade que um indivíduo


possui ao lidar com uma situação frustrante ou desfavorável. A frustração
acontece, quando algo não sai conforme a expectativa e gera um certo sen-
timento de impotência. É uma das emoções mais comuns do ser humano.
(VARELLA, 2020).

De acordo com Cury (2020) a atual sociedade poderia ser denominada como a
era do baixo limiar para a frustração, pequenos problemas tem impacto muito grande,
atitudes como uma rejeição conseguem “arrasar” o dia, ou uma crítica estraga a se-
mana, uma humilhação para a vida.

O suicídio é um fenômeno complexo que engloba diversas esferas da vida do


sujeito por meio de aspectos psicológicos, biológicos, culturais, existenciais
etc. Dentre os fatores associados ao suicídio, destacam-se a relação com
transtornos mentais em 90% dos casos, e o quadro psiquiátrico mais fre-
quente, que é a depressão, uma enfermidade que se espalha velozmente ao
redor do globo (SOUZA e MOREIRA, 2018).

Vale ressaltar que a palavra suicídio - criada em 1737, por Desfontaines com
origem no latim: sui (si mesmo) e cæderes (ação de matar), conforme Sena e Penso
(2018).

[...] aponta para a necessidade de se buscar a morte como refúgio para o


sofrimento que se torna insuportável, ou seja, não é uma ato de coragem e
nem de covardia, é um ato de desespero. Por se tratar de uma ação voluntária
e intencional, que objetiva cessar a vida do praticante após certo grau de
reflexão, planejamento e ação, parte do ponto de vista que a morte significa
o fim de tudo (SENA e PENSO, 2018).
Na análise de Sena e Penso (2018), a pessoa provavelmente não acolheria a
intensão do suicídio se não fosse a dor insuportável de não saber lidar com seus me-
dos daquele exato momento.
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2.2 POSSÍVEIS CAUSAS

2.2.1 Diferenciando tristeza de depressão

Num primeiro momento, Cury (2020), aponta a importância de se identificar a


tristeza e a depressão patológica, onde a tristeza faz parte da vida, sentimentos como
crises, rejeições, frustração nos estudos, no namoro, com um amigo, bullying, humi-
lhação, neste momento fenômenos mentais são ativados, detonando gatilhos, cau-
sando um trauma, resultando em angústia, tristeza momentânea, podendo durar al-
guns minutos, horas e até mesmo alguns dias, sintetiza.

Uma das diferenças mais significativas entre a tristeza, a depressão e a me-


lancolia está na relação estabelecida entre o depressivo e o Outro. Na tris-
teza, o Outro existe plenamente como presença consoladora e protetora. Na
depressão, essa relação é distante, mas ainda possível. Já na melancolia
esta possibilidade desaparece em decorrência da distância estabelecida en-
tre o sujeito e o Outro. O depressivo está encerrado em seu próprio corpo e
distante do mundo exterior, encontrando-se privado da imediaticidade que
tange sua relação com o mundo, tornando-o alienado em si mesmo (SOUZA
E MOREIRA, 2018).

O problema constitui-se quando estes sentimentos negativos perduram por


muito mais tempo, e esta pessoa não consegue mais se superar, perdendo suas for-
ças e sentimentos como a esperança, com o objetivo de agir com motivação para
viver. (CURY, 2020).

2.2.2 Lidando com sentimentos e frustrações

De acordo com Cury (2021), no uso dos smartphones, que se opera na esfera
da virtualidade e somado à virtualidade da consciência, surge ai o aumento exacerbado
da solidão, do isolamento, as pessoas acreditam estar em contato com centenas de
pessoas, mas raramente e muito menos profundamente com quase ninguém, e acres-
centa ainda que, o mais perigoso, é quando a pessoa passa a não ter contato nem
consigo mesma, alerta.
Em conformidade Pereira (2020), cita que o uso das redes sociais é um caminho
sem volta: “a tecnologia faz parte da nossa cultura, já está incorporada em nossas roti-
nas e, principalmente, no dia a dia dos mais jovens”. Sua utilização já ocupa parte da
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rotina da pessoas em geral, independente de idade, classe social, geografia. Vale res-
saltar que em meio a pandemia houve um considerável aumento à utilização da mesma,
chamando atenção de pais e educadores.

Com a imposição do distanciamento social, em razão da pandemia, a busca


por interação por meio das redes sociais deixou de ser apenas uma preferên-
cia entre os adolescentes para se tornar o único meio de convívio entre pes-
soas de todas as idades, por orientações e protocolos dos órgãos de saúde.
Essa experiência, que os pais vinham tentando controlar em doses homeo-
páticas, se tornou um hiperconsumo devido a atual realidade. Novas refle-
xões e discussões têm sido geradas e o que antes era quase um consenso
(adolescente + redes sociais = isolamento) tem provocado questionamentos
e dividido opiniões. (PEREIRA, 2020).

Vale ressaltar, na observação de Pereira (2020), que todas as vezes que se ma-
ximiza a capacidade de interpretação, de maneira superficial, e que não se compreende
que há uma maximização virtual, a solidão se torna tóxica, a pessoa passa a não se
conectar consigo mesma e por isso, não conseguirá fazer isso com outros ao seu redor.

Várias investigações realçaram a tendência de as pessoas que fizeram ten-


tativas de suicídio terem mais dificuldade na resolução dos problemas pesso-
ais colocados pela vida diária, por apresentarem rigidez cognitiva e disporem
de baixo nível de competências sociais

2.2.3 Problemas com a autoimagem – a baixa autoestima

De acordo com Nunes (2020), a pessoa ao se considerar frágil, incapaz, inde-


fesa, provavelmente enfrenta em sua realidade a baixa autoestima, dependendo do ní-
vel que se vê, a ideia que tem de si, não influenciará somente pra si mesma, mas refle-
tirá na autoconfiança e especialmente na segurança em seus relacionamentos.

A autoestima pode ser definida como a avaliação que a pessoa efetua e, ge-
ralmente, mantém em relação a si própria, a qual implica sentimento de valor
que engloba um componente predominantemente afetivo(8), expresso numa
atitude de aprovação/desaprovação em relação a si mesma(6). A análise de
vários estudos experimentais permite concluir que existe consistente relação
entre baixa autoestima e a conduta suicida. Baixa autoestima leva as pessoas
a se avaliarem como incapazes de solucionar os problemas colocados pela
vida e a antecipar o futuro de forma negativa. (NUNES, 2020).

Nunes (2020), analisa que todas estas práticas, são gatilhos na estimulação do
estado de ansiedade, estimulando inclusive uma necessidade vital de ser o “centro das
atenções”, exatamente por isso que as pessoas buscam nas redes sociais a evidência,
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esperam likes para o personagem que se criou e que começa a agradar a alguns e
talvez a muitos.

O mundo onde estou, rodeado de pessoas, muitas vezes milhares delas, mas
estou só, dentro de mim mesmo, mergulhado na esfera virtual, sem falar das
minhas lágrimas, para que meus filhos aprendam a chorar as deles. Sem que
os professores falem para seus alunos, de seus fracassos, para que estes
entendam que ninguém vai ao pódio sem que aprendam com as frustrações,
quedas e erros, para alcançá-lo. Uma realidade virtual, onde os executivos
não expõem seus riscos, para que seus expectadores entendam que quem
vem sem riscos, triunfa sem glória. (CURY, 2021)

Atitudes de sorrisos perfeitos, corpos sarados, sem ter contato com a realidade
concreta do seu próprio ser, este é um dos maiores gatilhos emocionais da depressão
e de ansiedade na atualidade, afirma Otoni (2021).

Os gatilhos emocionais podem ser pessoas, palavras, opiniões ou situações


que desencadeiam uma reação emocional intensa e excessiva dentro de nós.
Entre as emoções mais corriqueiras quando um gatilho é desencadeado es-
tão raiva, tristeza, ansiedade e medo. (OTONI, 2021).

Na observação de Nunes (2020), há cinco possíveis fatores para o aumento do


suicídio em jovens nestes últimos anos. Conforme tabela demonstrativa a seguir:

QUADRO I – 5 CAUSAS QUE ELEVARAM O AUMENTO DO SUICÍDIO EM JOVENS

Seriados, como a conhecida “13 Reasons Why”, foram ampla-


mente discutidos na mídia devido à sua possível relação com o
SÉRIES/FILMES aumento de suicídio de jovens. Na verdade, mesmo que a ideação
suicida esteja associada a múltiplos fatores, a alta exposição aos
filmes e às séries com essa temática pode motivar a opção pelo
suicídio.

Nesse universo virtual, há, ainda, outra problemática que não pode
ser desconsiderada: a forma como as mídias sociais dominam a
REDES SOCIAIS mente e influenciam o comportamento de adolescentes e jovens.
Como esse grupo ainda está em fase de desenvolvimento, a me-
nor capacidade crítica aumenta a vulnerabilidade a essas influên-
cias.

Muitos jovens enfrentam conflitos que levam à redução da expec-


FALTA DE tativa quanto ao futuro. Isso pode estar relacionado ao baixo de-
sempenho escolar e acadêmico, à insatisfação com a aparência
EXPECTATIVA FUTURA física ou às excessivas cobranças em casa. Outro problema bas-
tante comum e que deve ser incluído nas causas que influenciam
as ideações são os bullying recorrentes.

Essas questões influenciam bastante o desenvolvimento dos


ORIENTAÇÃO SEXUAL transtornos psíquicos que podem levar ao suicídio. Além do medo
da não aceitação da orientação sexual do jovem pelos pais, isso
ainda leva à insegurança nos relacionamentos afetivos. Logo,
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questões de sexualidade não podem ser descartadas como moti-


vação para o suicídio.

Muitos que enfrentam problemas relacionados à saúde mental não


recebem tratamento. Os órgãos públicos não conseguem suprir a
demanda por vagas e, com isso, há falhas no acolhimento dos in-
divíduos que necessitam de atenção à saúde mental. Além disso,
O NÃO TRATAMENTO muitos têm vergonha ou medo de pedir ajuda, de serem incompre-
endidos ou até mesmo de serem rotulados como loucos. Infeliz-
mente, a superação dos estigmas e dos preconceitos em relação
ao verdadeiro papel da Psiquiatria ainda é um dos principais de-
safios deste século com relação à saúde mental.

Fonte: Nunes, 2020.

Vale lembrar, conforme abordado anteriormente, que os jovens ao pensarem ou


tentarem o suicídio não tem a verdadeira intenção de morrer, de acabar com a sua
própria história. Botega (2021) analisa que, o que provavelmente aconteça é uma ten-
tativa de não vivenciar ou de acabar com uma situação ruim e/ou sentimentos doloro-
sos, como a frustração, o bullying, entre outros.

Embora haja muitos fatores que podem levar um adolescente a tentar tirar a
própria vida, é preciso sempre levar em conta a possibilidade de uma doença
mental. A maioria dos adolescentes que tentam o suicídio o faz por causa de
depressão, transtorno bipolar ou transtorno de personalidade limítrofe (boder-
line). (BOTEGA, 2021).

Botega (2021), ainda acrescenta que “esses distúrbios amplificam a dor que um
adolescente pode sentir. É por isso que qualquer adolescente com vontade suicida deve
ser tratado por um profissional médico”, sintetiza.

2.3 OBSERVANDO OS SINAIS

Segundo a Organização das Nações Unidas – ONU (2019), o suicídio é a ter-


ceira principal causa de morte de jovens no mundo, e que aproximadamente 70%
destes jovens estavam clinicamente deprimidos.
De acordo com Varella (2020), os sinais de depressão são exatamente os mes-
mos em jovens e adultos: Tristeza, inquietação, irritabilidade, falta de motivação, falta
de autoestima, Isolamento social, dificuldade em tomar decisões, baixo rendimento
escolar, falta de concentração, distúrbios alimentares, ansiedades e/ou medos.
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O diagnóstico de depressão requer a presença de cinco ou mais sintomas


que incluam obrigatoriamente espírito deprimido ou anedônia, durante pelo
menos duas semanas. Depressão é a tristeza quando não acaba mais. É uma
doença que ataca tão subrepticiamente, que a maioria dos que sofrem dela
nem percebem que estão doentes. De cada dez pessoas que procuram o
médico, pelo menos uma preenche os requisitos para o diagnóstico de de-
pressão. Do início insidioso, a depressão evolui continuamente para quadros
que variam de intensidade e duração. Nos casos mais simples, a pessoa pode
curar-se por conta própria em duas a quatro semanas. Passado esse período
sem haver melhora, os especialistas recomendam atenção e tratamento, por-
que a depressão prolongada pode levar a suicídio e mortes por causas natu-
rais. (VARELLA, 2020).

O diagnóstico da depressão pode ser feito pela análise dos sintomas pelo psiqui-
atra ou por um médico experiente, que diferenciará os sintomas de situações como
estresse, ansiedade (SENA, 2020). Portanto, alguns fatores de riscos são apresentados
pela literatura, que podem potencializar ou são protetores para os sintomas depressi-
vos, como a associação entre a presença de problemas psíquicos e agressividade, bul-
lying escolar e a dependência ao acesso à internet com uso de meios eletrônicos e os
ataques cibernéticos que afetam a integridade social dos adolescentes. (OTONI, 2021).
De acordo com Botega (2021), é necessário observar alguns mitos e verdades
sobre o suicídio:

QUADRO II – MITOS E FATOS – GUIA PARA PAIS E EDUCADORES, CVV.


MITO FATO
Pessoas que ameaçam ou falam em tirar a Pessoas que falam sobre suicídio podem es-
própria vida não querem de fato fazer isso. tar procurando ajuda ou apoio. Um significa-
tivo número de pessoas que pensam em se
suicidar está num momento de ansiedade, de-
pressão e falta de esperança e pode sentir que
não exista outra opção.
A maioria dos suicídios acontece de repente, A maioria dos suicídios foram precedidos por
sem nenhum aviso prévio. sinais de alerta, sejam comportamentais se-
jam verbais. É importante entender que sinais
são esses e procurá-los, embora, nem sempre
esses sinais sejam claros.
Um suicida está determinado a tirar a própria Ao contrário, pessoas com ideias suicidas são
vida. com frequência ambivalentes sobre viver e
morrer. Algumas pessoas podem agir impulsi-
vamente, ao sobreviverem por alguns dias,
queiram continuar a viver. O acesso a um
apoio emocional no tempo certo pode prevenir
o suicídio.
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Uma vez que alguém tenha ideias suicidas ele O pico do risco de suicídio frequentemente
permanecerá nessa condição para sempre. tem curta duração. Embora pensamentos sui-
cidas possam voltar, eles não serão perma-
nentes, e uma pessoa que tenha tido pensa-
mentos suicidas pode superar essa fase e ter
uma vida longa.
Pessoas idosas com doenças mentais são O comportamento suicida requer uma infelici-
suicidas em potencial. dade profunda, mas não necessariamente de-
sordem mental. Muitas pessoas com doenças
mentais não são afetadas por comportamen-
tos suicidas e nem todas as pessoas que tiram
a própria vida têm desordens mentais.
Falar sobre suicídios é uma má ideia e pode Em razão do grande tabu sobre o suicídio,
ser interpretado como encorajamento. pessoas que estão pensando em tirar a pró-
pria vida, não encontram com quem conver-
sar. Ao inverso de encorajar o comportamento
suicida, falar sobre o assunto abertamente
pode dar ao indivíduo outras opções ou
mesmo o tempo suficiente para que ela/ele re-
pense sua decisão, dessa maneira prevenindo
o suicídio.
Fonte: CVV, 2021.

Entre outros, Otoni (2021), aponta os fatos traumáticos ocorridos na infância,


como perdas de vínculos afetivos devido à morte, separação dos pais e abandono
estão entre os fatores que predispõem a depressão, histórico familiar de depressão
em um dos pais aumenta os riscos em até três vezes, seguidos por estressores am-
bientais, como abuso físico e sexual.
Simultaneamente, a coordenadora Avanci (FIOCRUZ, 2021), do Departamento
de Estudos sobre Violência e Saúde Jorge Careli da Escola Nacional de Saúde Pú-
blica, em algum momento da adolescência e dos anos iniciais dos jovens, pode ser
considerado uma situação comum, o pensamento de acabar com as frustrações e
dores, afinal, crescer dói, o problema é este pensamento perdurar, conforme analisa:

É relativamente comum que na adolescência surjam ideias suicidas, pois fa-


zem parte do desenvolvimento de estratégias para lidar com problemas,
como o sentido da vida e da morte. Vem a ser um problema quando essas
ideias se tornam a única ou a mais importante alternativa. A intensidade des-
ses pensamentos, sua profundidade, duração, o contexto em que surgem e
a impossibilidade de desligar-se deles são fatores que determinam a crise
suicida. Um suicídio costuma ser pensado, planejado e antecedido por tenta-
tivas. Existem suicídios por impulso, mas são raros. (FIOCRUZ, 2021)
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Na análise de Rojas (2019), a adolescência traz consigo incertezas, inseguran-


ças, medos, confusão, sendo que este período pode evidenciar “características que
se confundem com a depressão, como disfunção no sono, baixa autoestima, ansie-
dade e problemas de concentração”, analisa.

A percepção existencial que ocorre nessa época da vida, como a compreen-


são da vida e morte, pode trazer pensamentos sobre suicídio vez ou outra,
de formal normal, necessitando apenas orientação e conversa. O que deve
sempre ser levado em consideração é a intensidade, profundidade e duração
dos pensamentos suicidas, bem como o contexto em que eles surgem e a
dificuldade em tirar a atenção da criança ou adolescente desse tipo de pen-
samento. Aí sim, distinguimos a pessoa que se encontra em conflito e deve-
mos procurar ajuda! (ROJAS, 2019).

Muitos adolescentes, especialmente as meninas, enfrentam assédio ou abuso


sexual e maus-tratos físicos e emocionais, o que causa muito estresse. Quando uma
pessoa com o emocional fragilizado está em um ambiente assustador, o resultado
quase sempre é desespero e confusão. Muitas meninas também ficam estressadas
porque não têm o “corpo perfeito”. Uma adolescente que se preocupa demais com o
que outros acham dela ou que não se sente fisicamente atraente talvez tenha mais
chances de desenvolver depressão (OMS, 2021)
O suicídio vem da necessidade de se buscar a morte como refúgio para o so-
frimento que se torna insuportável, não é um ato de coragem e nem de covardia, é um
ato de desespero, por se tratar de uma ação voluntária e intencional, que objetiva
cessar a vida do praticante após certo grau de reflexão, planejamento e ação, parte
do ponto de vista que a morte significa o fim de tudo (Assumpção & Solomon, 2018).
A presença de ideação suicida pode caracterizar um primeiro passo para a con-
solidação do suicídio, estudos mostram a necessidade de desenvolver programas pre-
ventivos para minimizar o desenvolvimento da ideação suicida e diminuir os índices
de suicídio na adolescência, a morte pode ser considerada como um alívio para aque-
les que não encontram alternativas para seus problemas e buscam se autodestruir
(Araújo, Vieira, & Coutinho, 2010).
Em resumo, quando a pessoa não consegue transformar a frustração em um
momento de aprendizado, esta pode se instalar de tal maneira, gerando assim, pensa-
mentos perturbadores, sofrimento por antecipação, sentimentos de incapacidade resul-
tando em uma tristeza permanente. Depois disto se manifestam sintomas mais impor-
tantes como o isolamento social, alteração do sono, alteração do apetite, até mesmo de
18

qualquer forma de prazer sexual. A partir daí, provavelmente a depressão se instalou


como doença
Conforme SOUZA (OPAS, 2021), após um ano e meio de pandemia de Covid-
19, onde foram afetadas as rotinas de praticamente todos os jovens, os fatores de risco
que apontam para o suicídio cresceram cerca de 50%, conforme apontam estudos:

Estudos demonstram que a pandemia ampliou os fatores de risco associados


ao suicídio, como perda de emprego ou econômica, trauma ou abuso, trans-
tornos mentais e barreiras ao acesso à saúde. Cerca de 50% das pessoas
que participaram de uma pesquisa do Fórum Econômico Mundial no Chile,
Brasil, Peru e Canadá um ano após o início da pandemia, relataram que sua
saúde mental havia piorado. (OPAS, 2021)

Segundo Souza, chefe da Unidade de Saúde Mental (OPAS, 2021): “Precisamos


de ações concretas de toda a sociedade para pôr fim a essas mortes e para que os
governos criem e invistam em uma estratégia nacional integral para melhorar a preven-
ção e o atendimento ao suicídio”, observa.

QUADRO III - PERFIL DO COMPORTAMENTO SUICIDA ENTRE JOVENS

Grupo etário 15-19 anos 76,4%


Gênero Feminino 71,6%
Cor Branca 58,3%
Local Casa 88,5%
Meio utilizado Envenenamento/intoxicação 77,5%
Região Sudeste 7/100 mil habitantes
Fonte: Fiocruz, 2021.

2.4 A FAMÍLIA E A PREVENÇÃO

Os pais e professores precisam aprender a reconhecer a depressão nos jovens


para saberem como agir no momento necessário, é importante que os familiares es-
tejam prontos a ouvir, aconselhar e procurar ajuda quando necessário, os jovens mui-
tas vezes passam por dificuldades em falar sobre seus sentimentos e pensamentos.

Quando se notam alguns sinais que podem indicar uma intenção de suicídio,
é importante ter uma dose de segurança sobre a avaliação é correta. Em caso
afirmativo, o que se deve fazer é chamar o/a adolescente para uma conversa.
Essa conversa deve ser tão delicada quanto o assunto merece, o adulto deve
19

enfatizar que está ali para tentar ajudar, mas o diálogo deve ser franco. (BO-
TEGA, CVV, 2021).

Um questão a ser abordada é se o adolescente está pensando em se matar.


Muitas pessoas têm resistência a essa pergunta, devido a antigos mitos, conforme
Botega (2021):

MITO VERDADE
Quem fala em tirar a própria vida Esse é um mito antigo. A ideia por tras dele é que quem fala
não o faz em se matar está apenas querendo chamar atenção e está
sobretudo carente de afeto. Estudos do MS, da OMS indi-
cam basicamente o contrário: a maioria das pessoas que di-
zem que pensam em tirar a própria vida tentam o suicídio
mesmo. Assim, quando alguém falar algo nesse sentido a
recomendação é que o assunto seja levado a sério. Se uma
pessoa está manifestando esse desejo, é porque precisa de
ajuda. Apenas a forma e a urgência dela é que precisam ser
avaliadas.

Levantar o assunto do suicídio O suicídio é uma ação extrema que uma terceira pessoa ra-
pode acabar dando uma ideia a ramente vai tocar nesse assunto antes que o adolescente já
quem não estava pensando nisso. pensado nele algumas vezes. Pelo horror que isso provoca,
as pessoas com intenções suicidas pensam várias vezes no
assunto antes de tomar uma decisão.

O contexto familiar e sua influência sobre o comportamento depressivo na cri-


ança, muitas vezes acaba proporcionando um risco ao desenvolvimento infantil pos-
sibilitando, desta forma, o desencadeamento da depressão.

Na sociedade da internet e das redes sociais, o nível de informação das pes-


soas e em especial dos adolescentes é ainda maior. Em geral, eles já conhe-
cem casos concretos de quem se tentou se ferir e provavelmente já debate-
ram o assunto com amigos. (BOTEGA, 2021).

Muitas vezes, as pessoas olham para famílias equilibradas, felizes e acham


que é uma questão de sorte os filhos serem educados, respeitarem os pais, serem
carinhosos. Acontece que, como tudo na vida, a harmonia familiar não vem de graça,
é uma construção.

[...] se relacionar dá trabalho, seja com quem for, com os amigos, o chefe, os
colegas do serviço. E, na família, então, onde a interação é intensa e muito
próxima, além das diferenças de personalidade, o relacionamento é ainda
mais trabalhoso. Na vida social, por conta da interação pouco frequente, em
certas ocasiões, é possível disfarçar, não perceber ou deixar passar algumas
coisas. Mas no ambiente familiar é diferente. Os que são mais próximos têm
a oportunidade, pelo convívio constante e intenso, de se conhecer com maior
20

profundidade. Essa intensidade e qualidade da relação familiar também traz


outro tipo de responsabilidade, principalmente se estamos falando da relação
entre pais e filhos. Como sempre dizemos, o pai e a mãe são figuras de au-
toridade e cabe a eles estruturar a família, educar e guiar as crianças e os
adolescentes. (RELACIONAR..., 2021)

O que indica que a presença de uma relação saudável da criança com seus
pais é um fator importante na prevenção do surgimento de sintomas depressivos, sa-
lienta-se a necessidade de uma maior divulgação sobre o tema nas escolas e unida-
des de saúde capacitando os profissionais que lidam com crianças, pois desta forma,
é possível prevenir e até mesmo diagnosticar precocemente o aparecimento de sinais
e sintomas que a criança apresentar e efetivar medidas visando o desenvolvimento
emocional saudável desta criança (PEREIRA, 2020)
É difícil e complexo prever quem poderá cometer o suicídio, e ideação suicida,
os familiares devem criar um canal de diálogo com o jovem, se colocando à disposição
para conversar quando necessário, o adolescente precisa sentir-se seguro e acolhido
em sua casa, com a certeza de que não será julgado o tempo todo por suas emoções,
o comportamento suicida é todo e qualquer ato por meio do qual uma pessoa causa
lesão a si própria, independente do grau de letalidade, é considerado comportamento
suicida. O comportamento suicida classifica-se em três categorias distintas: ideação
suicida, tentativa de suicídio e suicídio consumado (CUNHA et al, 2021).
A prevenção é a melhor maneira de lidar com a depressão, muitos estudos
estão sendo realizados por universidades de medicina para enfrentar essa doença da
melhor maneira, hoje achamos na mídia entrevistas importantes e preocupadas em
ajudar estes jovens, pois o índice de suicídio na adolescência vem aumentando no
Brasil e nos EUA prejudicando esses jovens ainda mais nesta fase de isolamento so-
cial (ANTONELI, 2021).
Falta de interesse por coisas que causavam prazer e agora não tem mais graça,
a violência na escola são problemas que vem preocupando os profissionais da edu-
cação, local onde as crianças passam grande parte do seu dia, são identificados mui-
tos problemas relacionados com o comportamento dos alunos, sendo o recreio o mo-
mento onde registram mais problemas relacionados ao bullying (BARROS, 2012).
A criança em seu estágio inicial de desejo em cometer suicídio demonstra sua
insatisfação com a vida através de suas atitudes, como se recusar a ir para a escola ou
21

não querer brincar com seus jogos favoritos, ou em uma ação mais explícita, expres-
sando seu desejo pela morte através de palavras. Os pensamentos suicidas são cons-
tantes e a vontade de se expor ao perigo aumenta, levando muitas vezes essa criança
a praticar a automutilação ou fazer uso abusivo de álcool e drogas (MILLER 2003).
Miller (2003) ainda acrescenta que as principais medidas comprovadas de pre-
venção ao suicídio incluem limitar o acesso a meios (como pesticidas e armas de fogo),
identificação precoce, avaliação, manejo e acompanhamento de pessoas afetadas por
pensamentos e comportamentos suicidas, promoção de habilidades socioemocionais
de adolescentes e educação da mídia no relato responsável sobre suicídio.
Existem pesquisas sendo realizadas sobre adolescentes e os resultados apon-
tam para a criação de um programa de apoio nas escolas, com o objetivo de
promover o desenvolvimento de habilidades para que o adolescente consiga lidar
com as questões enfrentadas nessa fase, além de palestra psicoeducativa a
respeito dos temas que permeiam essa fase, que seja um espaço de acolhimento
e confiança para que os adolescentes possam falar sobre sentimentos e dificuldade,
por se tratar de um período de transição, a adolescência se caracteriza como um perí-
odo de amadurecimento, tanto físico, como psicológico, fazendo com que muitas vezes,
o adolescente possa se sentir confuso e inseguro, se não houver suporte emocional e
social neste período, as chances de depressão e suicídio podem aumentar (COSTA
2014)
De acordo com o psiquiatra Luiz Rojas, uma relação familiar positiva constitui um
fator de proteção contra o desenvolvimento de transtornos mentais na adolescência,
tornando importante a percepção dos pais sobre o tema.

Os vínculos são uma das principais chaves para prevenir inclinações suicidas
entre crianças e adolescentes. O apoio familiar é essencial, assim como as
relações sociais, em festas, na família, na escola, nos esportes, etc. Incenti-
var a criança ou adolescente a acreditar em si mesmo, estar aberto a ouvi-lo
e a compartilhar experiências, aprendizados e orientações também é primor-
dial. (ROJAS, 2019).

Algumas medidas podem ser tomadas para intervir na redução à solidão, criar
oportunidades para interação social, aumentar o suporte social pertencendo à uma co-
munidade, tratar a cognição social (ANTONELI, 2021).
22

É preciso que ao identificar sinais os responsáveis tenham uma conversa franca


e aberta com a criança, permitindo que ela se expresse e desabafe sobre seus senti-
mentos, acolhendo-a, procurar ajuda psicológica e psiquiátrica também é fundamental,
pois são profissionais que estudaram e estão aptos a lidar com tal situação, ajudando
o jovem a passar pela crise.
Vale ressaltar que, apesar da atitude do professor de querer identificar sinais de
depressão em seus alunos e, consequentemente, ajudá-los a sair de tal situação, não
é papel do educador dar diagnóstico, pois ele não tem as qualificações e formações
necessárias para isso. Ao reconhecer sintomas de depressão e/ou outros transtornos
de humor na criança, o professor deve entrar em contato com os pais, para que esses
possam encaminhar a criança até uma avaliação médica a fim de obter o diagnóstico
correto, para em seguida ser enviada ao tratamento ideal (BORGES E BITTAR 2016).
A escola compartilha ferramentas com seus alunos a fim de que eles
desenvolvam o seu lado social, criando amizades, socializando entre colegas e funci-
onários da escola, além de aprender como agir em certas situações e a desen-
volver empatia e respeito pelo próximo, segundo pesquisas na área da saúde
mental, a escola tem sido considerada como um ambiente privilegiado para se imple-
mentar políticas de saúde pública para crianças e adolescentes, . (ANDRADE &
FURLANETTO, 2016)
Através de estudos foi possível constatar que o ambiente mais apropriado para
a observação dos primeiros sinais do transtorno depressivo em crianças é a escola, por
ser um dos lugares que ela passa a maior parte de seu dia, além de ser uma das áreas
mais atingidas pela doença, por isso os pais devem estar sempre em contato com edu-
cadores.
23

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Buscou-se encontrar as formas mais indicadas de prevenção de suicídio em


jovens na literatura através deste estudo, demonstrando que tanto para o jovem,
quanto para a família, pais ou cuidadores na tentativa de evitar a piora dos sintomas,
assim como no cuidado e atenção com o paciente, envolvendo toda a equipe na busca
por excelência
Todos os autores concordam que a sociedade moderna está doente, intoxicada
pela necessidade neurótica de evidência social. Observa-se que a humanidade nunca
esteve tão triste, um exemplo disto é o culto à celebridade, fala-se de um personagem,
não exatamente de alguém em especifico como um ator de televisão, novelas ou fute-
bol, por exemplo, mas dos perfis nas redes sociais, busca por likes e seguidores a todo
custo.
É preciso trabalhar as emoções, descobrindo o lado bom da vida e construindo
uma vida feliz, o tempo todo os jovens são desafiados a se fortalecer, aprender a amar
e perdoar. A qualidade de vida está direcionada a este foco, não guardar sentimentos
negativos dentro de si, buscar aprendizado com os fracassos e aprimorar sua mente
e seu corpo todos os dias, vale apena ressaltar que uma vida com hábitos saudáveis
com práticas de atividades físicas diárias, uma boa alimentação, boas horas de sono
com qualidade e construção de laços sociais, sair da zona de conforto.
Se a pessoa aprender a proteger suas emoções, conseguir-se-ia transformar
muitas ofensas, muitas vezes injustas, em nutrientes para se tornarem mais fortes, não
para ser mais frágeis e pequenos, especialmente, não se auto abandonar, auto rejeitar.
No fundo, todo jovem deveria aprender a cultivar primeiramente a sua própria vida, an-
tes de entregar este sentimento para outrem. É necessário aprender a tratar os seus
problemas.
É necessário que os pais educadores de crianças que se encaixam em um qua-
dro depressivo se atentem aos sinais que esses jovens podem estar passando, pois o
suicídio é considerado uma consequência da depressão, não um sintoma. Entretanto,
pensamento recorrentes sobre suicídio são um sintoma da depressão.
24

Duvidar – criticar – determinar, são atitudes que os jovens tem que aprender,
mas pra isso é necessário ter um movimento de governo, sociedade, famílias, educa-
dores com a finalidade de ensinar os jovens a trilhar seu caminho com coragem, sa-
bendo que vai enfrentar frustrações.
É relevante que hajam ações urgentes e concretas, pois o suicídio é um risco
eminente e uma problemática urgente de saúde pública, sua prevenção deve ser co-
locada como alta prioridade nacional, somente assim para se frear o alto índice de
morte entre os jovens.
25

4 REFERÊNCIAS

______________________ Ter uma família equilibrada não é sorte, é construção!


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