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Fichamento: Devolução das Informações do Psicodiagnóstico.

Disciplina: Psicodiagnóstico
Docentes: Profª Amanda Ribeiro Pasqualini

Nome: Carolina de Fatima Macedo


RA: F289GC2
Campus: Marquês
Periodo: Noturno

ALBORNOZ, A. C. G. Devolução das Informações do Psicodiagnóstico. In: HUTZ, C. S.;


BANDEIRA, D. R.; TRENTINI, C. M.; KRUG, J. S. (Org.) Psicodiagnóstico. Porto Alegre: Artmed,
2016, p. 160-171.

DEVOLUÇÃO DAS INFORMAÇÕES DO PSICODIAGNÓSTICO

O processo do Psicodiagnóstico, tem como desfecho o momento da devolução das


informações, que é essencial para o processo, pois deve englobar todos os momentos
vivenciados durante as etapas anteriores, além disso, deve produzir a integração desses
momentos, conduzir a um fechamento e abrir portas para novos direcionamentos. Ele é o
ápice de todo investimento realizado por todas as partes interessadas e deve apontar
caminhos que levam a alterações na vida dos envolvidos.
Há algumas décadas, a entrevista devolutiva do psicodiagnóstico caracterizava-se por
um momento em que o profissional iria nomear o que afetava o avaliando, ou seja, ele dava
ao paciente o nome de sua doença e o caminho da cura, após um processo totalmente
direcionado e individualista, olhando somente para o paciente e não para seu ambiente
como um todo. Essa prática, chamada de “Psicodiagnóstico clássico”, oriunda da grande
influência do modelo médico sobre a psicologia clínica, produzia efeitos pessoais e sociais
negativos e influenciava na autoestima do avaliando. Atualmente, a meta do
psicodiagnóstico é vislumbrar um entendimento cuidadoso do seu estado geral
compreendendo as interações constantes e multidirecionais entre o indivíduo e meu meio
ambiente, entrelaçando passado e presente, prevendo na medida do possível, prováveis
competências e vulnerabilidades no futuro, levando em conta a história, o comportamento
do avaliando e a dinâmica familiar, econômica, cultural, institucional e social em que ele está
inserido envolvendo uma avaliação compreensiva e integradora da realidade. Na nova
concepção de psicodiagnóstico, o momento da devolução das informações tem um papel
essencial: em vez de comunicar ao paciente e aos seus familiares o quadro nosológico e de
prescrever terapêuticas, esse momento torna-se decisivo por propiciar um espaço para a
construção conjunta – entre o profissional, o paciente e os seus familiares – de uma rede de
significados que dão sentido à existência do avaliando, tomando, para isso, todas as
informações referentes aos contextos intrapsíquico e psicodinâmico, relacional e social, por
ele vivencia. A devolução das informações do psicodiagnóstico é um momento especial, pois,
plantará sementes que poderão germinar, no presente e no futuro, maximizando os efeitos
da intervenção realizada.

A TÉCNICA DA DEVOLUÇÃO DAS INFORMAÇÕES NO PSICODIAGNÓSTICO

Esse momento deve estar previsto desde o início do psicodiagnóstico, e a sua


previsão deve ser inicialmente comunicada ao avaliando e aos seus familiares. O fato de
saber que haverá um momento de discussão sobre os achados do processo pode fazer o
avaliando sentir-se comprometido e disposto a colaborar. Isso não se confirma nos casos em
que o avaliando tem receio de que os seus segredos sejam desvelados para outros
demandantes, como professores, médicos, entre outros, pois poderá apresentar ansiedade
persecutória e resistência ou oposição ante a abordagem.
Quando se trata de avaliando criança, adolescente ou adulto dependente, existem,
necessariamente, duas entrevistas básicas de devolução de informações do
psicodiagnóstico: uma com os pais ou responsáveis, e outra, com o avaliando.
A devolução das informações do psicodiagnóstico, momento que encerra um
processo em si, não precisa ficar circunscrita a uma única entrevista, podendo ser ampliada a
partir da necessidade dos solicitantes e do profissional. A devolução das informações do
psicodiagnóstico também não diz respeito a um momento único, pois não acontece somente
no encerramento do processo. Essa questão é mais bem apreendida a partir de três
aspectos, que serão descritos a seguir.
Em primeiro lugar, trata-se de um processamento que começa na mente do
profissional no momento em que se depara com dados provenientes das diferentes etapas
da avaliação, passando a integrá-los e a delinear alternativas possíveis para o atendimento
das necessidades do avaliando e de sua família muito antes dos encontros finais.
Em segundo lugar, podem ser realizadas uma ou mais entrevistas, tanto com o
avaliando como com os seus responsáveis, em momentos diferentes ou de forma conjunta.
Em terceiro lugar, o momento da devolução das informações do psicodiagnóstico
caracteriza-se como um processo dentro de um processo maior, que não é objetivo e que
tampouco deve ser estanque, mas que deve ter o ritmo ditado pelo curso dos eventos e pelo
modo como cada um expõe e processa as informações.
No momento da devolução das informações, cabe ao profissional retomar o diálogo,
esquematizando os pontos que devem ser abordados. Alguns autores sugerem o uso de
critérios de prioridade, como características de intensidade, repetição e obscuridade. Em
alguns casos, podem ser abordados primeiramente os aspectos adaptativos do avaliando,
por serem menos ansiogênicos; e, por último, os menos adaptativos, sempre observando os
indicadores de tolerância (postura receptiva, perguntas, adição de novos dados, realização
de novas associações) e de intolerância (dificuldades para compreender, negativas,
empalidecer, sair da sala, atrasos) quanto ao que está sendo tratado.
A linguagem deve ser clara, e devem ser utilizados, preferencialmente, termos
compreensíveis ao avaliando e à sua família. No caso de crianças pequenas, a devolução
pode se dar por meio de jogos, e, nesse caso, também deve ser priorizado o uso de termos
comuns à criança.
Inicialmente, o campo para discussão pode ser aberto com a retomada do motivo
original da busca de ajuda. Assim, pode-se observar o que se sucedeu a partir desse
momento, possibilitando ao avaliando e a seus pais ou responsáveis expor o que os
preocupava e as suas percepções iniciais a respeito do motivo da procura.

AS INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS

Deve-se atentar para o fato de que prescrever tratamentos de forma não condizente
com a realidade e com o desejo dos pais e da criança pode tornar o psicodiagnóstico inócuo
e estéril. As indicações terapêuticas devem ser apropriadas às possibilidades do avaliando e
de sua família, priorizando-se referenciar locais próximos à sua comunidade e recursos
financeiramente acessíveis, atendendo às necessidades observadas. No caso de o
psicodiagnóstico seguir-se de uma psicoterapia com o mesmo profissional, este deve estar
ciente de que o que ocorreu durante o processo de avaliação poderá influenciar o processo
terapêutico de seguimento. Em caso de continuidade do vínculo por meio da psicoterapia, o
profissional deve deixar claro que o avaliando e sua família têm a abertura e o tempo
necessários para tomar uma decisão, inclusive para conhecer outros profissionais que
realizem a mesma atividade, antes da contratação.

O PROGNÓSTICO

A devolução de informações encerra também um caráter preventivo, pois auxilia o


avaliando e sua família a vislumbrar um possível porvir, que, não sendo favorável, poderá de
alguma forma ser prevenido. Apontar os possíveis desdobramentos das atuais dificuldades
do avaliando também deve fazer parte desse momento, além de ter um sentido preventivo,
pois permite que os pais adotem medidas favoráveis ao desenvolvimento da criança ou do
adolescente.

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