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para você

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No final do capítulo colocamos um Desconto Especial para você.
O casal dia nte do e spelho e a reconstrução do vínculo do amor.O livro revela a importância de obs ervar a relação conjugal por mei o de di ferente s abor dagens te óricas, ba seadas em evidê ncias cientí ficas, que e xpõem s ua compreensão e forma s de trabalho. Há diversos modelos que são integrativos, re forçando a proposta da obra de que é possível ter di ferentes perspe ctivas e trabalhar com ela s. Assim como um casal que compre ende suas difere nças e a s aproveita para o e nrique cimento da rela ção.

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No final do capítulo colocamos um Desconto Especial para você.


www.sinopsyseditora.com.br
O casal
diante do
espelho e a
reconstrução
do vínculo
do amor
C335 O casal diante do espelho e a reconstrução do vínculo do amor
/ organizado por Iara L. Camaratta Anton. – Novo Hamburgo
: Sinopsys, 2020.
16x23cm; 416p.

ISBN 978-85-9501-166-3

1. Psicologia – Casais – Vínculo – Amor. I. Anton, Iara L.


Camaratta. II. Título.

CDU 159.922

Catalogação na publicação: Mônica Ballejo Canto – CRB 10/1023


O casal
diante do
espelho e a
reconstrução
do vínculo
do amor

Iara L. Camaratta Anton


e colaboradores

2020
© Sinopsys Editora e Sistemas Eireli, 2020
O casal diante do espelho e a reconstrução do vínculo do amor
Iara L. Camaratta Anton (org.).

Capa: Fabiana Franck


Imagem da capa: Shutterstock
Supervisão editorial: Mônica Ballejo Canto
Editoração: Formato Artes Gráficas

Todos os direitos reservados à


Sinopsys Editora
Fone: (51) 3066-3690
E-mail: atendimento@sinopsyseditora.com.br
Site: www.sinopsyseditora.com.br
Autores

Iara L. Camaratta Anton (org.). Psicóloga. Psicoterapeuta individual, de casal e de


família. Especialista em Psicologia Clínica Aplicada pela Pontifícia Universidade Cató-
lica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Especialista em Psicoterapia de Orientação Ana-
lítica (PUCRS). Especialista em Terapia de Casal e de Família pela Domus. Especialis-
ta em Psicanálise dos Vínculos pelo Instituto Contemporâneo de Psicanálise e Vin-
cularidade. Ex-professora do Instituto de Psicologia da PUCRS. Idealizadora e respon-
sável pelos cursos de Psicologia Evolutiva e Educacional (para pais e educadores);
de Vida a Dois (para profissionais e para casais); e intensivo de terapia de casal (para
psicólogos, médico e profissionais afins). Docente e supervisora em psicoterapia de ca-
sal. Autora dos livros A escolha do cônjuge: um entendimento sistêmico e psicodinâmico
(Artmed); Vínculos e saúde mental (Sinopsys), entre outros.

Débora Albé Sartori. Psicóloga pela Universidade de Caxias do Sul. Especialização em Terapia
Familiar pelo Instituto de Desenvolvimento Educacional de Caxias do Sul IDEAU – em parce-
ria com o Centro de Terapia de Casal e Família (Domus). Curso de Formação em Constelação
Familiar pelo RECRIAR – Centro de Estudos Avançados em Medicina e Psicologia, Caxias do
Sul. Trabalha na clínica psicológica, atendimento individual, casal e familiar.

Diego Villas-Bôas da Rocha. Psicólogo e Terapeuta Sexual. Especialista em Sexualidade Hu-


mana pela Faculdade de Medicina da USP. Terapeuta Sexual pelo Centro de Sexologia de
Brasília (Cesex). Formação em Terapia do Esquema pela Wainer Psicologia Cognitiva/NYC
Institute for Schema Therapy.  Vice-coordenador do Comitê de Sexualidade da Sociedade de
Psicologia do Rio Grande do Sul. Delegado da Sociedade Brasileira em estudos em Sexuali-
dade Humana,  responsável pela área de psicologia do Centro de Sexualidade Humana no
Hospital Mãe de Deus.
vi Autores

Gabriela Pavan. Médica Psiquiatra pelo Hospital São Lucas (HSL/PUCRS). Especialista em
Psicoterapia de Orientação Analítica pelo CELG. Membro Aspirante da Sociedade Psicanalítica
de Porto Alegre (SPPA). Colaboradora do Ambulatório de Psicossomática do HSL/PUCRS.

Helena Centeno Hintz. Psicóloga. Psicoterapeuta especialista em Psicoterapia Individual, de


Casal e Família. Sócia-fundadora, membro da equipe de Coordenação, Docente e Superviso-
ra do Centro de Terapia de Casal e Família (Domus). Fundadora e Editora da Revista Pensan-
do Famílias desde 1999.  Presidente da Associação Brasileira de Terapia Familiar (Abratef,
2014/2016).  Presidente da Associação Gaúcha de Terapia Familiar (Agatef, 2002/2004;
2006/2008 2016/2018; 2018-2020). Membro do Conselho Deliberativo e Científico da Asso-
ciação Brasileira de Terapia Familiar (Abratef ), cocoordenadora (2018/2020). Membro do Co-
mité Asesor Internacional da Revista Sistemas Familiares – ASIBA. Autora e coautora de capí-
tulos e artigos sobre casal e família.

Joice Cadore Sonego. Psicóloga pela Universidade Federal de Santa Maria. Especialização
em Atendimento Clínico - Ênfase em Psicanálise, Mestrado, Doutorado e Pós-doutorado em
Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Pesquisadora associada
do Núcleo de Infância e Família da UFRGS. Docente do Centro Universitário da Serra Gaú-
cha (FSG). Membro do Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário da FSG. Expe-
riência na área de Psicologia, atuando principalmente nos seguintes temas: Pesquisa em psi-
cologia, psicanálise, desenvolvimento humano e ciclo vital, transição para a parentalidade em
diferentes contextos, interdisciplinaridade.

Kamila Baldino. Mestre em Psicologia da Saúde pela Universidade Federal de Ciências da


Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). Especialista em Psicanálise: Teoria e Prática pela Unisinos.
Psicoterapeuta de Orientação Analítica. Membro do grupo de pesquisa coordenado pela Pro-
fessora Doutora Mariana Gonçalves Boeckel na UFCSPA.

Lucas Spanemberg. Médico Psiquiatra pelo HSL/PUCRS. Especialista em Psicoterapia de Orien-


tação Analítica pelo CELG. Doutor em Psiquiatria e Ciências do Comportamento pela UFRGS.
Professor Adjunto da Escola de Medicina da PUCRS e Preceptor da Unidade de Internação Psi-
quiátrica do HSL/PUCRS.

Madeleine Scop Medeiros. Psiquiatra pela UFRGS. Mestre em Medicina pela PUCRS. Pre-
ceptora da Residência em Psiquiatria da UFCSPA/HMIPV.

Maiton Bernardelli. Doutorando em Saúde Coletiva pela Unisinos. Mestre em Saúde Cole-
tiva pela Unisinos. Bolsista CAPES - PROSUP. Docente no Centro Universitário da Serra
Gaúcha (FSG). Graduado em Psicologia pela Faculdade da Serra Gaúcha, com ênfase em
Saúde e Educação. Especialista em Psicologia Clínica. Especialista em Terapia Sistêmica pelo
CEFI-POA. Experiência como psicólogo clínico em consultório e em instituição de saúde
privada. Atua em projetos de educação em saúde, vulnerabilidades em saúde, bioética, epide-
miologia e indicadores de gestão em saúde.

Mara Lins. Psicóloga. Mestre em Psicologia Social. Doutora em Psicologia Clínica. Especialista
em Terapia de Casal e Família. Docente e Supervisora de cursos de pós-graduação. Diretora do
Autores vii

Centro de Estudos da Família e do Indivíduo (CEFI). Tradutora de livro e autora de capítulos


de livros sobre Terapia Comportamental Integrativa de Casal (Integrative Behavioral Couple
Therapy – IBCT). Formação nas Terapias Comportamentais Contextuais.

Márcia Camaratta Anton. Psicóloga pela UFRGS. Especialista em Psicoterapia de Orienta-


ção Psicanalítica pelo ESIPP. Especialista  em Psicologia Hospitalar pela UFRGS. Mestre e
Doutora em Psicologia do Desenvolvimento pela UFRGS. Psicóloga do Hospital de Clínicas
de Porto Alegre. Psicoterapeuta de crianças, adolescentes e adultos.

Mariana Gonçalves Boeckel. Doutora em Psicologia pela PUCRS e Universitat de València.


Professora Adjunta do Departamento de Psicologia e do Programa de Pós-Graduação em Psi-
cologia e Saúde na UFCSPA. Psicoterapeuta Sistêmico-Relacional pela Unisinos, Practicum
Terapia Familiar - Accademia di Psicoterapia della Famiglia, Itália. Atua principalmente nos
seguintes temas: famílias, casais, psicoterapia sistêmico-relacional, intervenção psicossocial,
violência conjugal e familiar. 

Marli Kath Sattler. Psicóloga. Psicoterapeuta de Casais, Famílias e de Indivíduos. Mestra em


Psicologia Clínica. Especialização em Terapia de Casal e Família, no Monsall Hospital, Man-
chester, Reino Unido. Sócia-fundadora, membro da equipe de Coordenação, Docente e Su-
pervisora no Centro de Terapia Individual, Casal e Família (Domus).

Patrícia Manozzo Colossi. Psicóloga. Doutora e Mestre em Psicologia Clínica pela Unisi-
nos. Especialista em Psicoterapia Familiar e de Casal pela Unisinos. Editora da Revista Uni-
verso Psi-FACCAT.

Sheyla Maria Borowski. Psicóloga. Psicoterapeuta de Crianças, Adolescentes, Adultos, Du-


plas Mãe-Bebê e de Casais. Mestre em Psicologia Clínica pela PUCRS. Sócia-fundadora, su-
pervisora e docente do Estudos Integrados de Psicoterapia Psicanalítica (ESIPP). Idealizadora
e responsável pelo Projeto Pais Bastante Bons, em 1985, desenvolvido em seu consultório e
em escolas do Rio Grande do Sul, sendo hoje uma empresa de assessoria a pais e educadores,
chamada Falando em Filhos. Publicações em revistas científicas e participação em livros de
psicoterapia, sobre temas do desenvolvimento humano normal e patológico e de técnica de
psicoterapia psicanalítica.

Silvia Maria Pedrotti Mazzotti. Pedagoga pela Universidade de Caxias do Sul. Psicóloga
pela Universidade de Caxias do Sul. Especialização em Terapia Familiar pelo Instituto de De-
senvolvimento Educacional de Caxias do Sul - IDEAU-Faculdades IDEAU em parceria com
o Centro de Terapia de Casal e Família (Domus). Docente no Centro Universitário da Serra
Gaúcha (FSG). Supervisora de Prática Clínica Sistêmica no FSG. Coordenadora do Grupo
de Convivência na Melhor Idade no FSG. Atua como Psicóloga Organizacional, e Clínica
Sistêmica, no atendimento individual, casal e família. Desenvolve programas de orientação
vocacional. Coordena grupos de estudos, oficinas e capacitação profissional. Na área social e
comunitária, presta atendimento voluntário, em projetos de desenvolvimento humano. Parti-
cipa de programas na área de comunicação, rádio e televisão, com temáticas voltadas ao indi-
víduo, com enfoque sistêmico relacional.
Sumário

Prefácio............................................................................................ 13
Mara Lins

Apresentações................................................................................. 15
Iara L. Camaratta Anton

Parte I
Casais: diferentes faces em diferentes circunstâncias
1 A magia e os desafios do ciclo vital........................................... 26
Iara L. Camaratta Anton
2 O nascimento de um filho enfermo e seu
impacto na conjugalidade......................................................... 35
Márcia Camaratta Anton
3 Os pais no tratamento de crianças............................................ 42
Sheyla Maria Borowski
4 O olhar da neurobiologia e a inclusão da
sexualidade: novos recursos na terapia de casal...................... 56
Marli Kath Sattler e Helena Centeno Hintz
5 Abordagem da sexualidade do casal em
terapia: um tema delicado?...................................................... 66
Diego Villas-Bôas da Rocha
x Sumário

6 Violência psicológica no casal: dinâmica


relacional e prática clínica......................................................... 73
Patrícia Manozzo Colossi
7 Gênero e relacionamento conjugal: concepções
de homens acusados de agressão............................................. 85
Mariana Gonçalves Boeckel e Kamila Baldino
8 As doenças psiquiátricas e sua influência
nas relações conjugais............................................................... 97
Madeleine Scop Medeiros
9 Vínculos feridos pela psicopatologia........................................ 105
Lucas Spanemberg e Gabriela Pavan
10 O castelo real: estabilidade e mudança
nos sistemas familiares............................................................. 111
Maiton Bernardelli, Joice Cadore Sonego,
Silvia Maria Pedrotti Mazzotti e Débora Albé Sartori
11 Terapia comportamental integrativa de casal........................... 120
Mara Lins

Parte II
O casal diante do espelho terapêutico:
psicoterapia de casal teoria e técnica
12 Crianças e terapia de casal........................................................ 132
Iara L. Camaratta Anton
13 Indicações e restrições à terapia de casal................................. 149
Iara L. Camaratta Anton
14 Contato telefônico para marcação de
consulta no atendimento a casais............................................. 173
Iara L. Camaratta Anton
15 Primeira sessão em terapia de casal......................................... 192
Iara L. Camaratta Anton
16 Contrato terapêutico................................................................. 207
Iara L. Camaratta Anton
Sumário xi

17 Neutralidade em psicoterapia de casal..................................... 226


Iara L. Camaratta Anton
18 Interpretação e transferência em terapia de casal................... 240
Iara L. Camaratta Anton
19 Insigts e mudanças vinculares................................................... 274
Iara L. Camaratta Anton
20 In/fidelidade/s........................................................................... 291
Iara L. Camaratta Anton
21 Intimidade.................................................................................. 333
Iara L. Camaratta Anton
22 O espelho terapêutico e seus reflexos sobre a conjugalidade... 356
Iara L. Camaratta Anton
23 Reconstrução em terapia de casal............................................ 377
Iara L. Camaratta Anton
24 Terapeuta de casais................................................................... 398
Iara L. Camaratta Anton
25 O casal diante do espelho: reflexos da terapia de casal
na vincularidade – síntese para conclusão............................... 408
Iara L. Camaratta Anton
Prefácio
Mara Lins

Quem tem o privilégio de conhecer Iara, seja por sua escrita didática e
fluida, por seus ensinamentos em aula, seja pelo seu sorriso que aproxima,
sabe que sua obra é essencial para a formação de um bom terapeuta de casal.
Suas reflexões ficam reverberando nas nossas mentes, abrindo possibilidades
de caminhos para a compreensão e para a ajuda. Sua sensibilidade, inteligên-
cia e amor pelo o que faz se revelam neste livro.
Na qualidade de terapeuta de casal a conheci (e muito aprendi)
como professora. Sendo assim, fiquei sem palavras ao receber o convite
para prefaciar seu livro! Alguém que você admira lhe convida para parti-
cipar de algo tão precioso? Uma honra, um presente, um afeto... o senti-
mento é de gratidão.
Este afeto me move a falar de amor. Este livro fala de amor. Amor
das relações familiares, conjugais, amor pela existência. Como o ciclo da
vida familiar, o livro também perpassa por fases, etapas que tiveram
adaptações ao novo momento, da mesma forma que as famílias necessi-
tam se reorganizar para lidar com as novas circunstâncias. Morfogênese
para os processos de mudança e morfoestase para o equilíbrio se estabele-
cer novamente. Capítulos da edição de O casal diante do espelho: psicote-
rapia de casal – teoria e técnica, publicado anteriormente pela Casa do
Psicólogo, receberam uma revisão e novos capítulos participam como re-
cém-chegados integrantes da família que trazem sua contribuição. Esta,
14 Prefácio

talvez, seja sua essência: uma alta capacidade de atualização, de observar


os fenômenos humanos e compreendê-los conforme as abordagens teóri-
cas do momento, caminhando com o espírito dos tempos, ou ainda, no
contexto em que estamos.
O livro revela a importância de observar a relação conjugal por meio de
diferentes abordagens teóricas, baseadas em evidências científicas, que expõem
sua compreensão e formas de trabalho. Há diversos modelos que são integrati-
vos, reforçando a proposta da obra de que é possível ter diferentes perspectivas
e trabalhar com elas. Assim como um casal que compreende suas diferenças e
as aproveita para o enriquecimento da relação.
A parte “madura” do livro, atualizada, reforça a terapia conjugal
como recurso terapêutico essencial, evidenciando sua contribuição como
um manual de treinamento para o terapeuta. Enquanto a parte nova acres-
centa os desafios do ciclo vital na atualidade, questões referentes à sexuali-
dade, à parentalidade, a aspectos não previstos, tais como doença de um fi-
lho ou doenças psiquiátricas em um dos membros do casal. Um distinto
tema abordado é a violência na relação conjugal, importante reflexão para
o auxílio neste tipo de interação. Por fim, há a inclusão de abordagens tera-
pêuticas conjugais, como a terapia de casal das terapias de terceira onda ou
contextuais. Uma distinta riqueza do livro são os exemplos com vinhetas
clínicas, os quais transportam o leitor para situações reais e propiciam uma
melhor compreensão das teorias.
Em síntese, as adversidades conjugais fazem parte da vida, o con-
flito conjugal revela as vulnerabilidades de cada parceiro(a) e sua compreen-
são pode trazer intimidade, pode abrir a oportunidade do efetivo cuida-
do, da verdadeira conexão com nossas agruras e potencialidades, com o
que realmente somos: humanos imperfeitos que querem amar e ser ama-
dos. Sendo assim, esta obra, ao ensinar a cuidar das feridas emocionais
do casal, torna-se mais que um livro técnico, é uma leitura sobre o amor.
Prepare-se para se apaixonar.
Apresentação
Iara L. Camaratta Anton

O tempo voa.
E, quanto mais o tempo passa, mais se percebe que, graças às novas tec­nologias, o
mundo, aparentemente, estreitou-se, de modo que nos é per­mitido, num piscar de
olhos, entrar em contato com estudiosos talvez geo­gra­ficamente distantes que, ba-
seados em pesquisas científicas e em vivên­cias psicoprofiláticas ou terapêuticas, co-
locam-nos a par de tantos pontos de vista em comum, semelhantes, diferentes, di-
vergentes ou com­ple­men­tares, se comparados aos nossos próprios referenciais.
Neste novo formato de O casal diante do espelho, múltiplos olhares, escutas e in-
tervenções foram incluídos, por meio de capítulos inéditos, da autoria de colegas, psi-
cólogos e psiquiatras, cujas pessoas e trabalho admiro muito. Agradeço a cada um por
tornarem a leitura desse livro ainda mais instigante, integrativa e enriquecedora.

INTRODUÇÃO: RECORTES LONGITUDINAIS

Foram as crianças que me conduziram à terapia de casal. Por mui-


tos anos, convivia com elas, seja em minha família e entre amigos, seja
nas escolas onde tive a oportunidade de lecionar, seja como “chefe de fa-
dinhas”, bandeirantes de 6 a 10 anos de idade.
Eu as amava. Encontrá-las era, constantemente, motivo de aleg­ria e estí-
mulo à criatividade. Quantas histórias a contar! Quantas lembranças... Dar au-
las, em especial, consistia numa espécie de brincadeira séria e, naquele ambien-
te sempre lúdico, aprendizagem ia mui­to além dos conteúdos programáticos,
16 Apresentação

pois colaboração e respeito mútuos, camaradagem e lealdade, responsabilidade


pelas próprias ações e reações eram a tônica. Como é fácil conviver quando há
regras claras, limites adequados, senso de justiça e um clima de empenhos pes-
soais, de confiança e de colaboração mútuas, e de amor, muito amor.
Ao me tornar psicóloga, meu objetivo era seguir voltada à infância e,
como “ludoterapeuta”, tive a oportunidade de continuar conhecendo-as de
perto, e também à íntima relação entre o que elas demonstravam e o modo
de ser e de agir dos pais, que as confiavam a mim. Observava “encaixes
perfeitos” entre gerações, escutando-os a falarem sobre si mesmos, como
indivíduos e casal, alinhavando histórias, encontros e desencontros. O foco
proposto, nas referidas sessões, era escutá-los a falar sobre suas crianças.
Mas como falar em filhos sem revelar às suas pessoas e sem demonstrar
seus próprios anseios, conflitos, crenças e valores e o modo como tentavam
chegar a um entendimento?
No Brasil, de um modo geral, e no sul do país, de um modo particu-
lar, psicoterapias ainda engatinhavam, e a adesão a alguns princípios tidos
como “os corretos” era necessária, não se permitindo discussões e dissidên-
cias. Nem se cogitava, inicialmente, atendimento a famílias e procurava-se
manter os pais a distância em tratamentos infantojuvenis, para que o proces-
so e a “neutralidade” do terapeuta não fossem “contaminados”. Felizmente,
sempre houve quem ousasse refletir e ajustar o foco, levando em conta suas
vivências pessoais e profissionais e buscando conhecer o que já vinha sendo,
formalmente, alvo de pesquisas em outros lugares do planeta, ao qual reco-
nhecíamos como os de “primeiro mundo”. Assim, ética e cientificamente,
modos de intervir poderiam ser validados e enriquecidos, tais como:
• trabalhar com famílias em terapia;
• orientar pais, professores, crianças e adolescentes;
• usar amabilidade e cortesia, em lugar de formalidade e distância, su-
postamente úteis para a preservação da tão mal compreendida “neu-
tralidade terapêutica”.

Pesquisas, com foco na dinâmica familiar, evidenciaram cada vez


mais o forte entrelaçamento entre quadros de psicopatologia e funciona-
mentos parentais desequilibrados. Alguns estudiosos, na tentativa de com-
preender tais processos e na melhor das intenções, tendiam a buscar culpa-
O casal diante do espelho e a reconstrução do vínculo do amor 17

dos, como sugerem os conceitos de “mães esquizofrenizantes” (Frieda


Fromm-Reichmann) e de “pais fracos e distantes” (Theodore Lidz), en-
quanto outros reuniam evidências a respeito dos reflexos positivos da cor-
dialidade e da busca de entendimento por parte do terapeuta em relação
aos seus pacientes (indivíduos, casais ou famílias) para, efetivamente, aju-
dá-los a superarem os sofrimentos psíquicos e inadequações comportamen-
tais apresentados. Estudos avançaram, inúmeras teorias e intervenções fo-
ram sendo realizadas, discutidas, avaliadas, divulgadas e, assim, alavancou-
-se o exercício da terapia de casal e de família pelo mundo.
Sabe-se, hoje, com total clareza, que as histórias vividas não podem
ser captadas, relatadas e compreendidas de forma linear ou casual. E mais:
narrativas são influenciadas por sentimentos, informações e qualificações
nas quais se acredita e valoriza, além do quê, falsas memórias tendem a ge-
rar distorções involuntárias. Outra face de nossos relatos é que inúmeros
fatores se cruzam abaixo da linha da consciência, inspirando modos de ser
e de agir, e colorindo nossa fala em “muito mais do que cinquenta tons” –
ainda que estejamos sendo sinceros.
Então, de que nos vale “identificar culpados”, desconsiderar ou conde-
nar a pais e educadores? Nosso papel, como terapeutas e também como educa-
dores, é compreender essa rede de estímulos que nos conecta uns aos outros,
para o bem e para o mal. Em seguida, descobrir os caminhos que, efetivamen-
te, nos conduzam à condição de “seres humanos”. A dignidade merece ser pre-
servada sempre. Isto não significa sermos tolos, ingênuos, acreditando em tudo
e em todos ou coniventes com mau-caratismo.
Voltando ao referido “recorte longitudinal”: embora ainda não tives-
se tido contato com a terapia familiar, era cada vez mais claro para mim, e
para inúmeros outros colegas da mesma geração, que as sessões que envol-
viam pais tendiam a ocasionar reforço e enriquecimento para o processo
terapêutico “de seus filhos”. Eram evidentes as mudanças no ambiente fa-
miliar – quase sempre, mudanças para melhor. Em alguns casos, porém, o
desequilíbrio familiar aumentado, graças aos progressos infantis (pois,
quando alguém muda, essa mudança repercute no ambiente) resultava em
pais procurando por suas próprias terapias individuais ou decidindo, pre-
cocemente, afastar seus filhos da terapia, já que a perda da homeostase
mostrava-se por demais frustrante e ameaçadora.
18 Apresentação

Pessoalmente, eu me sentia cada vez mais atraída pelo trabalho com os


adultos. Quem sabe minhas vivências de jovem mãe, jovem mulher, identifi-
cavam-me com eles, facilitando compreender os sentimentos e as emoções
que manifestavam. Como ainda desconhecia que, em algumas localidades da
Europa e dos Estados Unidos, muitos profissionais já se dedicavam regular-
mente à terapia de casal, dirigi minhas atenções a cursos de psicologia evolu-
tiva e educacional (para pais e profissionais da educação e da saúde) e ao
atendimento individual de adultos, ainda que já percebesse em mim um
“faro aguça­do”para histórias de amor e de vínculos em conflito.
Foi aí que nasceu a escrita da tese e do livro (editado, então, pela Sagra)
A escolha do cônjuge: motivações inconscientes, esboçando algo do entendimento
sistêmico, por intuição e associação com publicações de outra natureza que
circulavam por aqui. Nesse mesmo tempo, colegas transferiram-se para a Itália
e para os Estados Unidos, investindo em sua formação e trazendo para nosso
meio a terapia familiar. A eles, minha gratidão!

O DESENVOLVIMENTO DAS
CIÊNCIAS E A PSICOLOGIA

Felizmente, nas últimas décadas, o desenvolvimento das ciências,


exatas ou humanas, mostrou-se claramente acelerado e eficaz, causando
certa perplexidade: afinal, nada é tão simples como parece, e a complexida-
de de todos os fenômenos sugere que causa e consequência nem sempre
são lineares e, mesmo que eventualmente sejam, há muito a ser desvenda-
do. As perguntas se multiplicam, a cada nova descoberta.
As ciências exatas, das quais possivelmente a física seja o maior ex-
poente, partem de três pressupostos paradigmáticos:
1) Linearidade: as relações de causa e efeito obedecem a uma or-
dem linear.
2) Estabilidade: é possível prever e controlar os fenômenos observados.
3) Objetividade: o mundo é como é e, como tal, deve ser observa-
do e conhecido.

Pretende-se, assim, observar, compreender, prever e controlar os


fenômenos em foco, estabelecendo, inclusive, a relação entre eles. Essa
O casal diante do espelho e a reconstrução do vínculo do amor 19

tendência também foi e segue sendo buscada nas diferentes “ciências da


vida”, como, sob alguns aspectos, a biologia, a medicina, a farmacologia
e a própria psicologia.
Muitas pesquisas têm se desenvolvido no intuito de encontrar evi-
dências relacionadas a técnicas terapêuticas, avaliando sua eficácia em di-
ferentes situações clínicas. Teorias são enriquecidas e atualizadas. Visões
integrativas são valorizadas.

A “ORIGEM DAS COISAS”

A curiosidade em relação à “origem das coisas” e a tendência a compre-


ender “como tudo funciona” são extremamente antigas e observáveis em todos
os povos, de todos os tempos. Mas, muitas vezes, os humanos apegam-se a su-
postas verdades, como se fossem completas, absolutas e definitivas. Fanatizam-
-se e organizam guetos, com identidades próprias e rígidos critérios de valor e
pertencimento. Tais padrões de comportamento, provavelmente, sustentam-se
a partir de vaidades pessoais e coletivas e, em destaque, a partir de medidas au-
toprotetoras e de outros interesses.
Maturana e Varela (1995) observam que “nossas visões do mun-
do e de nós mesmos não conservam registros de suas origens”, desta-
cando que temos “tantos e tão renovados “pontos cegos” cognitivos”,
que “não vemos que não vemos e que não percebemos que ignoramos”.
E seguem, mais adiante:

A tradição é uma maneira de ver e atuar, mas também um modo de ocul-


tar. Toda tradição se baseia no que uma história estrutural acumulou
como óbvio, como regular, como estável, e a reflexão que permite ver o
óbvio opera somente com aquilo que perturba essa regularidade. (Matu-
rana & Varela, 1995, p. 260)

Vasconcellos (2002) analisa o “paradigma emergente da ciência


contemporânea” demonstrando clara distinção entre os pressupostos des-
ta e da tradicional: complexidade, instabilidade e intersubjetitividade são
importantes objetos das atuais pesquisas científicas. A respeito do pressu-
posto da complexidade, Vasconcellos declara:
20 Apresentação

Por isso, é importante termos presente que, apesar de a estarmos


tomando como uma das dimensões do novo paradigma da ciência,
não é a complexidade que é nova, mas é o seu reconhecimento pela
ciência que é muito recente. (Vasconcellos, 2002, p. 104)
Para proceder à contextualização do objeto ou do problema, devere-
mos fazer um exercício de ampliação do foco, o que nos leva a ver
sistemas amplos. As primeiras perguntas serão sempre: em que condi-
ções, acontece o fenômeno no qual estou interessado? Como o vejo
relacionado com outros elementos do sistema? Assim, estaremos ti-
rando o foco exclusivo no elemento e incluindo o foco nas relações.
E fica claro, então, que o contexto não significa simplesmente am-
biente, mas se refere às relações entre todos os elementos envolvidos
(Vasconcellos, 2002, p. 112).

Esta é uma das ricas possibilidades oferecidas pelas terapias de ca-


sal e de família.
Desde muito cedo, soma-se à nossa bagagem genética uma história
que inclui uma imensidão de relacionamentos, que atravessam gerações,
movimentando-se entre diferentes grupos socioeconômicos e culturais.
Sobrevivência e desenvolvimento são instintivamente buscados por todos
os seres vivos que habitam a face da Terra e, desde sempre, cada associa-
ção humana cria, repassa e tenta fortalecer suas crenças e valores no in-
tuito de permanecer coesa e funcional. Mas, para que isto seja viável, se-
melhanças, afinidades e diferenças têm igual importância (haveria como
mensurar?); criteriosas seleções de parceiros ocorrem (ainda que movidas
por disfunções e neuroses); papéis e funções são distribuídos entre os par-
ceiros de vida, levando-se em conta algumas características próprias de
quem vem ao mundo, seu lugar no seio da família e da sociedade – sem-
pre a serviço dos interesses e necessidades (ainda que inconscientes) des-
ses grupos de pertencimento.
Em alguns processos terapêuticos, é analisada a árvore genealógica,
incluindo, no máximo, três ou quatro gerações, as mais diretas e, por isso
mesmo, as mais conhecidas. Mas os genes recebidos não se limitam so-
mente a esses antecedentes. E o processo genético, por si só, é longo e
complexo. O que dizer da memória emocional, intensamente registrada
a partir de histórias vividas?
O casal diante do espelho e a reconstrução do vínculo do amor 21

Cientistas focados na biologia têm feito cada vez mais descobertas a


respeito da árvore “filogenética”, no intuito de compreenderem como os
seres vivos já se apresentavam e de que modo eles têm evoluído lenta, po-
rém significativamente, ao longo de milhões de anos. Suas pesquisas cons-
tatam que estímulos elétricos e rudimentos de cérebro já se apresentavam
em organismos muito primitivos, sugerindo a presença ativa de um sistema
nervoso que, gradativamente, vem se desenvolvendo, ao ponto de chegar
ao que ainda hoje caracteriza peixes, répteis, aves e mamíferos.
Segundo consta, até este momento da história, são os mamíferos
que contam com cérebros mais sofisticados, capazes de captar e armaze-
nar dados, sendo que, ao ser humano, são facultadas, de um modo muito
especial, a aquisição e a transmissão de conhecimentos, a criação e o uso
de ferramentas, a comunicação por meio de palavras orais e escritas e in-
finitas outras habilidades que, de alguma forma, são úteis aos seus siste-
mas de pertencimento. Parte desse sistema evolutivo é geneticamente
transmitido, e o cérebro, por si só, armazena, interpreta e transmite da-
dos que fazem toda a diferença, entre as gerações.
Goethe, que viveu entre 1749 e 1832, ponderou que “a natureza
reservou para si tanta liberdade, que nosso saber e nossa ciência jamais
poderão penetrá-la completamente”. Com certeza, Goethe não poderia
imaginar a que ponto chegariam tais descobertas até nossos dias, bem
como nós não temos como avaliar as que ainda estão por vir, mas sabe-
mos perfeitamente que os segredos da natureza são infindáveis e nunca
serão compreendidos em sua totalidade.
A visão sistêmica é apropriada às mais variadas ciências, desafian-
do-nos a estudar a relação intensa e profunda que existe entre os organis-
mos vivos, dos mais próximos aos mais distantes, no tempo e no espaço.
Um foco que, de perto, nos interessa diz respeito às organizações huma-
nas, como se estabelecem, como funcionam e de que modo influenciam
nas escolhas interpessoais, com ênfase nas escolhas amorosas e sexuais e
na construção dos vínculos desta natureza.
Jung adotou a expressão “inconsciente coletivo” para memórias
que transcendem àquelas reprimidas, ligadas a vivências pessoais, a
traumas, a recompensas e castigos. Este “inconsciente coletivo” deriva-
ria de conhecimentos que se apresentam de forma latente, influencian-
22 Apresentação

do sensações, pensamentos, ações e reações. Trata-se de um “reservató-


rio de imagens ancestrais”, denominadas “arquétipos”, que recebemos
como herança e, também, compartilhamos com nossos herdeiros, po-
dendo, gradativamente, modificá-las de acordo com a cultura e o am-
biente em que vivemos.
Acompanhando histórias de família, vemos que toda e qualquer
bagagem genética não só influencia, mas também é direcionada por uma
natural distribuição de papéis e funções, sendo encorajado o surgimento
e o desenvolvimento de determinadas habilidades, ignoradas e/ou deses-
timuladas aquelas que não representam nada de especial para cada grupo
em particular. Assim, nós nos tornamos “especialistas em sermos a pessoa
que somos”. E, para dar sequência à história, precisamos nos encaixar en-
tre os demais membros de nossos grupos, estabelecendo relações por
meio de complementariedades e de afinidades. Parcerias conjugais fazem
parte dessa trama.
Uma das complementariedades fundamentais está entre “cuidador
e cuidado”. Sem a figura do cuidador e sem o exercício do cuidado, ne-
nhum ser humano seria capaz sequer de sobreviver.
Dentre os cuidadores, estão pais e mães, professores, médicos,
enfermeiros e psicólogos, fisioterapeutas, assistentes sociais e outros,
que têm como opção ocupar esses espaços e assumirem essas funções.
Mas o cuidador apresenta-se também na informalidade, entre amigos,
vizinhos, e no interior de nossos lares, frequentemente na relação entre
irmãos e, em alguns casos, prematuramente e invertendo-se posições,
entre adultos e crianças.
Penso que, num processo terapêutico qualquer (independente da
abordagem), tende a ser muito rico olhar para a história dos indivíduos, do
casal, ou do grupo familiar presente. Mas esta história vai além de três ge-
rações, de modo que boa parte das informações conscientes a respeito das
mesmas perde-se por completo. Outrossim, há omissões e distorções quase
que inevitáveis, movidas por diferentes mecanismos de defesa e por natu-
rais subjetividades. Compreender o contexto de desenvolvimento das gera-
ções anteriores pode facilitar profundamente a compreensão dos encontros
e desencontros interpessoais, cujo foco, neste livro, está na dinâmica e na
psicoterapia de casais. Compreender “a origem das coisas” pode favorecer o
O casal diante do espelho e a reconstrução do vínculo do amor 23

entendimento de “para onde elas se dirigem, o porquê e o para quê disso”


e, assim, intervir de maneira adequada, tendo em vista uma melhor quali-
dade de vida e de vínculos.

NOVOS OLHARES

Interessante como a cada instante podemos ser tocados por diferen-


tes olhares, escutas e entendimentos – se estivermos abertos a tais influên-
cias e em condições de conectá-las com as diferentes aprendizagens que
nossas histórias, pessoal e profissional, nos proporcionaram.
Veja: o que estamos fazendo aqui, neste momento? Estudando!
Estudando como? A partir da leitura do que outros diferentes au-
tores nos proporcionaram.
Mas nada do que se passa em nós é passivo. Se estivermos atentos,
tudo ecoa, tudo faz sentido, provocando novos questionamentos, indaga-
ções e conclusões. Nossa resposta pessoal é diferente das demais pessoas,
ainda que se possa assemelhar sob alguns aspectos. Fazemos parte ativa
de um universo em expansão.
Quando elaborei a escrita de O casal diante do espelho: psicoterapia de
casal – teoria e técnica, publicado pela Casa do Psicólogo, fi-lo movida por
uma percepção bem clara: coube aos movimentos sistêmicos o surgimento e o
significativo desenvolvimento das terapias de casal e de famílias. Teorias muito
interessantes enriqueceram nossa percepção a respeito da dinâmica dos grupos
humanos e, paralelamente, ampliaram as possibilidades e os modelos de inter-
venção. Como tende a acontecer, porém, esse investimento foi motivado e
fortalecido a partir de questionamentos necessários à psicanálise, a um afasta-
mento radical e a oposições ferrenhas, de lado a lado.
Quando participei do primeiro evento do sistêmico, um encontro
superintensivo com Karmine Saccu, da Scuola Romana di Psicoterapia
Familiare, fiquei entusiasmada, porque os temas que ele nos trouxe e seu
modo de trabalhar coincidiam totalmente com meus próprios questiona-
mentos e necessárias adaptações na prática clínica. Colegas gracejavam,
sugerindo que eu teria que fazer uma opção entre psicanálise ou sistêmi-
ca. Impossível: não tenho como renegar e abandonar tesouros. Posso es-
24 Apresentação

tabelecer comparativos, encontrar e valorizar aspectos em comum, pensar


muito bem a respeito das diferenças e das divergências. Parto de uma po-
sição essencialmente integrativa e, dessas reflexões, o livro A escolha do
cônjuge: motivações inconscientes deu lugar ao A escolha do cônjuge: um en-
tendimento sistêmico e psicodinâmico. Anos depois, a partir da formação
em Psicanálise dos Vínculos, nasceu O casal diante do espelho, para o qual
escolhi muito cuidadosamente alguns aspectos das teorias e técnicas psi-
codinâmicas, que percebo estarem faltando às sistêmicas. Creio que a este
diferencial devemos a expressiva aceitação de ambos os livros. Vínculos e
saúde mental, editado em 2018, completa essa tríade que tenho o prazer
de compartilhar com interessados por esses temas que, a mim, fascinam.
Desta vez, adequando-me a novas tendências e tendo encerrado o
contrato com a editora que publicou anteriormente O casal diante do espe-
lho, surgiu este novo livro, O casal diante do espelho e a reconstrução do
vínculo do amor. Permanecem alguns capítulos do livro anterior, devida-
mente revisados e atualizados, e novos foram acrescentados, com a partici-
pação de colegas que nos agraciam com seus próprios olhares, entendimen-
tos e intervenções. Agradeço a cada um deles:
Débora Albé Sartori, Diogo Villas-Bôas da Rocha, Gabriela Pavan,
Helena Centeno Hintz, Joice Cadore Sonego, Kamila Baldino,
Lucas Spanemberg, Madeleine Scop Medeiros, Maiton Bernardelli,
Mara Linz, Márcia Camaratta Anton, Mariana Gonçalves Boeckel,
Marly Kath Sattler, Patrícia Manozzo Colossi, Sheyla Maria Borowski,
Silvia Maria Pedrotti Mazzotti

minha gratidão aos colegas escritores


e a você, que nos acolhe com seu interesse e carinho.
Sem você, nada disso teria sentido!
Boa leitura!

REFERÊNCIAS
Maturana, H R. & Varela, F. (1995). A ár- Vasconcellos, M. J. E. (2002). Pensamento
vore do conhecimento. Campinas: Editorial sistêmico: O novo paradigma da ciência.
Psy. Campinas: Papyrus.
Parte I
Casais: diferentes faces em
diferentes circunstâncias
1
A magia e os desafios
do ciclo vital
Iara L. Camaratta Anton

A análise do ciclo vital pode ser feita a partir de qualquer ponto da histó-
ria, não necessariamente de um casamento, do nascimento de um filho,
de uma perda ou de algum ganho significativo. Cada início segue a al-
gum fim, cada movimento representa uma passagem, uma despedida,
uma inauguração – mesmo aqueles que se repetem incessantemente...

INTRODUÇÃO

Chegou às minhas mãos esta mensagem, escrita por Aline Groff Vi-
vian, a respeito de sua filha Alice, de apenas quatro anos de idade. Imediata-
mente, pedi para incluí-la no corpo deste livro, pois ela expressa, com beleza
e poesia, nossa perplexidade diante do ciclo vital. Suas palavras:

Dia desses, ainda do alto de seus quatro aninhos, Alice me fez um pe-
dido inusitado: “Mamãe, me dá uma folha bem cheia de nada?!”
Eu e o mano nos olhamos, tentando entender, e ela explicou: “Eu vou
fazer um livro. Eu quero escrever meu nome, sem ficar escorregando.”
De posse da folha colorida, depois de um tempo na empreitada de
ilustrar e assinar a obra, a mocinha encerrou uma parte da tarefa que
levará toda a vida para preencher.
O casal diante do espelho e a reconstrução do vínculo do amor 27

– Pronto, já senti a cansadura!


E pensar que hoje, há exatos cinco anos, essa nova autora veio me
inaugurar. Com sua vinda, tornei-me mãe, pela primeira vez! Nascia
minha filha, a estrear uma nova estação. Menina que sabe alternar
ventania com calmaria, como ela só. Trouxe transformações intensas à
vida e fez brotar uma mulher e uma mãe diferente em mim.
Filhota, desejo que nossos corações sigam tendo o ritmo compassado
que nos une. Eu te sinto crescer, encantada, perdendo o fôlego, to-
mando novos ares, conhecendo outros rumos. Saiba que estou pronta
para te ajudar a preencher as próximas folhas do livro da tua existên-
cia, com muito amor, cheiros e afetos! Floresça, filha. Feliz aniversá-
rio, de mão cheia! (Aline Groff Vivian)

Alice, 4 ou 5 anos, pedindo à mãe “uma folha bem cheia de


nada”, na qual possa escrever “seu livro”. Desde quando, o início desta
história? Desde agora, desde outras gerações? Cada momento é um
início. Cada início tem um antes e um depois. Cada antes e cada ago-
ra, vão deixando suas marcas. Algumas pouco expressivas. Outras im-
pactantes ou, até mesmo por sua monotonia, indeléveis.
Nosso foco, neste livro, é o casal. Então, estrategicamente, to-
maremos o casal como um início. Pensemos juntos.

ELOS

Elos “entre passado, presente e futuro; entre o adulto e a criança


que existe dentro deste adulto; entre homem e mulher; entre razão e
emoção” (Anton, 2012, p. 19) perpassam gerações e culturas. A escolha
do cônjuge, certamente não é obra do acaso. Ela se inspira em toda uma
história pregressa, que inclui os muitos ingredientes formadores do ser.
Mesmo quando, intencionalmente, busca-se o diferente, esta busca im-
plica na resposta ao já vivido, que segue presente e, de alguma forma,
atuante. As relações de apego (seguro ou inseguro, perseguidor, evitati-
vo, etc.) tendem a se repetir nos vínculos estabelecidos por adultos,
28 A magia e os desafios do ciclo vital

mesmo que as características manifestas sejam opostas às da infância.


No “contrato secreto do casamento” (conceito de Pincus e Dare, 1978),
pode haver uma cláusula que determina a inversão de papéis.
Bowen (citado em Nichols & Schwartz, 2007) impulsionou
suas pesquisas a partir da observação de pacientes psiquiátricos graves,
percebendo neles relacionamentos fusionais, indiferenciados, com
suas mães, faltando-lhes total autonomia. Surpreendeu-se quando, em
Georgetown, passou a se dedicar a famílias “normais”, constatando
que o que as diferencia das gravemente perturbadas são apenas varia-
ções “ao longo de um contínuo que vai da fusão emocional à diferen-
ciação” (Nichols & Schwartz, 2007, p. 138). Ou seja:

Quanto mais a mãe focaliza sua ansiedade no filho, mais o funciona-


mento desse é tolhido” (...) Os pais que impõem suas preocupações
aos filhos deixam a eles pouca escolha, além de se conformar ou se re-
belar. Em vez de aprender a pensar por si mesmos, esses filhos funcio-
nam em relação aos outros. Quando saírem de casa, terão expectativa
de serem os autores de sua própria vida. Não serão iguais aos pais! In-
felizmente, embora possamos lutar contra nossa herança, ela em geral
nos alcança (Nichols & Schwartz, 2007, p. 133).

O foco de Bowen na pessoa da mãe, como ocorre com a maior


parte dos autores conhecidos, talvez seja demasiado. É de nos pergun-
tarmos onde está o pai, que permite a con/fusão entre a parceira e o fi-
lho? Talvez ele mesmo seja fusionado com sua mãe, ou com sua família
de origem, e não esteja livre para agir como adulto, em sua família atu-
al. Talvez o filho o represente. Talvez ele tenha um perfil evitativo e pre-
cise de uma parceira desligada de si mesma e superenvolvida com a pro-
le. São tantas as hipóteses a serem consideradas, mas penso ser funda-
mental não sobrecarregar às mulheres por todas as tragédias familiares.
Elos fazem parte da história de cada ser. Sem eles não haveria, se-
quer, a possibilidade de sobrevivência. Mas um fato a ser levado em conta
é que, em muitos casos, há laços frágeis e inconstantes; há outros que,
para se manterem, cobram preços altos demais. Há os que ferem, como
O casal diante do espelho e a reconstrução do vínculo do amor 29

grilhões. Há os que não dão a sensação de abrigo, de pertencimento. E


tudo isso se reflete na constituição de personalidades e nas estratégias de
adaptação e defesa, que conduzem às escolhas correspondentes.
Os filhos que nascem de casais traumatizados recebem, de ime-
diato, uma carga pesada, eventualmente adoecedora e incapacitante.
Mas são tantos os fatores que podem contribuir para que mudem os
rumos da história! Outros laços marcam o desenvolvimento infantil,
influenciando na elaboração de conflitos e na construção de recursos
saudáveis. Bons professores, por exemplo, podem deixar belas marcas,
pelas oportunidades que criam e por se constituírem em modelos de
identificação. Psicoterapias, idem. Dentre essas, merecem ênfase as
psicoterapias de casal, em que o par tem oportunidade de compreen-
der profundamente o vínculo que os une, suas crenças e seus valores,
descobrindo competências, talvez, até então, inimagináveis.
Como Bowen, não sou adepta a treino de habilidades, mas sim
à busca de entendimento intrapsíquico e vincular. Defendo essa ideia
radicalmente, desde o início de minha prática clínica. Inclusive, quan-
do atendia a crianças e desconhecia abordagens sistêmicas, era impos-
sível dissociar o atendimento a elas da atenção direta ao casal parental,
e me era muito clara a associação entre suas características (problemá-
ticas ou não) ao que observava em seus pais. Conversar com eles in-
cluía, obviamente, o que hoje se costuma denominar psicoeducação.
Valia o mesmo para os cursos de psicologia evolutiva e educacional
que eu criei, em 1975, para pais e professores, e que atraíram profis-
sionais de outras diversas áreas: quando um adulto “compreende”, ele
tem as melhores condições para intervir, para se relacionar, entre si e
com seus filhos. Estes continuaram a ser realizados por quase 30 anos.
Nichols e Schwartz (2007, p. 104) assim descrevem o processo
terapêutico, sob a perspectiva boweniana, com a qual muitos de nós
nos identificamos plenamente:

Os bowenianos não tentam mudar as pessoas, nem estão muito inte-


ressados em resolver problemas. Eles veem a terapia como uma opor-
30 A magia e os desafios do ciclo vital

tunidade de as pessoas aprenderem mais sobre si mesmas e seus rela-


cionamentos, para que possam assumir a responsabilidade pelos pró-
prios problemas. (...) A terapia boweniana é um processo de investi-
gação ativa, em que o terapeuta, orientado pela mais abrangente das
teorias em terapia familiar, ajuda os membros da família a irem além
da culpa e da acusação, a fim de enfrentarem e explorarem o papel de
cada um nos problemas familiares.
Traçar o padrão dos problemas familiares significa prestar atenção ao
processo e à estrutura. O processo refere-se aos padrões de reatividade
emocional; a estrutura, à rede interligada de triângulos.

TRIÂNGULOS

A boa qualidade dos vínculos iniciais e atuais possibilita uma crescente


autonomia. A capacidade de autonomia, por sua vez, possibilita tanto a
conservação de antigos vínculos, quanto o estabelecimento e a qualida-
de de vínculos novos. Do ponto inicial à relação dual, desta à triangular
e desta a novas formas geográficas, o produto humano pode expandir-se
em uma crescente complexidade, em um contínuo desenvolvimento
pessoal, que somente pode ocorrer se também for interpessoal.
Ao empregarmos o vocábulo “triângulo” (ou “polígono de três lados”)
como metáfora, imaginamos seus lados como linhas relacionais que, a
um só tempo, expressam proximidade e distância, união e afastamen-
to (Anton, 2018, p. 269).

A questão dos triângulos acompanha-nos desde sempre e para


sempre. O próprio ato da concepção é um exemplo disso, implicando
em que “1+1” já não seja “= 2”, mas sim, milagrosamente, “1+1=3”.
Ou seria “1+1=1”? Cumpre-se o ciclo vital, como num passe de mágica.
Mas este não é um processo tranquilo, por mais desejado que
seja e por mais preparados que nos sintamos. Curiosamente, muitos
contos de fadas iniciam com o nascimento de um bebê (quase sempre,
uma menina) e seguem com a descrição de triangulações malsucedi-
das que, no entanto, são superadas por meio da descoberta de um
O casal diante do espelho e a reconstrução do vínculo do amor 31

grande amor entre um príncipe e uma princesa, que, juntos, serão fe-
lizes para sempre... Essas metáforas são extremamente sugestivas, em
relação à formação de díades e de triângulos.
Na prática, tanto ser filho ou filha como ter seus próprios filhos é
algo complexo e desafiador. Triângulos diminuem riscos de engolfamen-
to, presentes em relações exclusivamente diádicas, mas também mobili-
zam fantasias e temores de exclusão. Ninguém está livre de vivenciar
ansiedades desse tipo, em diversos momentos de sua vida. A existência
de “apegos inseguros”, como característica pessoal, pode resultar em di-
ficuldades aumentadas perante à formação de triângulos – de quaisquer
triângulos, incluindo a presença de um filho na vida do casal.
De acordo com Bowen (citado por Nochols & Schwartz, 2007),
“praticamente todos os relacionamentos são influenciados por tercei-
ras pessoas – parentes, amigos, até lembranças”, sendo que a ansieda-
de exerce uma influência significativa nestes vínculos. Parceiros em
conflito tendem a buscar apoio em um terceiro, o que pode ser algo
regular (fixo) ou não. “O que faz com que os triângulos sejam proble-
máticos é que eles tendem a se tornar habituais e a corromper o rela-
cionamento original. A triangulação deixa sair o vapor, mas congela o
conflito” (Nichols & Schwartz, 2007, p. 131-132).
A expectativa é que um filho expresse e fortaleça o amor, a união
entre o casal. Não é o que necessariamente acontece. Uma tendência na-
tural (e histórica, ou arcaica) é a mãe procurar e encontrar reforço em sua
própria mãe e em outras mulheres de sua confiança. E um fato nada in-
comum é o pai buscar consolo entre amigos, bebidas e em outras mulhe-
res (confidentes, prostitutas ou amantes). A formação deste novo triângu-
lo – pai, mãe e filho – reativa memórias infantis, inconscientes. Vivifica
fantasias e temores de exclusão, ameaças ao apego conjugal. Consequen-
temente, desperta emoções primitivas, podendo desencadear inveja, ciú-
me e muita raiva, que podem se manifestar de diversas formas.
De acordo com Johnson e Whiffen (2012, p. 99), “isolamento,
separação ou desligamento de uma figura de apego é inerentemente
traumatizante”. E, curiosamente, a dependência absoluta do bebê em
32 A magia e os desafios do ciclo vital

relação a figuras maternas tende a ser mais bem atendida por meio dos
estreitos laços entre a própria mãe e seu filho, o que pode ser sentido
como excesso ou como algo que não permite outras inclusões (como a
do próprio pai que, inclusive, pode ver ameaçado em seu lugar de mari-
do). Johnson e Whiffen (2012), citando Bowlby, Casidy e Shaver, assim
descrevem a “perspectiva do apego nos relacionamentos infelizes”:

Os mais significativos problemas de relacionamento serão aqueles rela-


tivos à segurança nos vínculos entre os parceiros, sua luta em definir o
relacionamento como uma base e um porto seguros. O contato com
outras pessoas íntimas é a primeira forma que os humanos desenvolve-
ram para lidar com a ansiedade e o medo. A proximidade de uma figu-
ra de apego domina o medo e oferece um antídoto para os sentimentos
de desamparo e a falta de significado. A questão-chave nos relaciona-
mentos infelizes é a acessibilidade e a receptividade de cada parceiro aos
sinais emocionais. Como comentou uma mulher em sofrimento a seu
cônjuge: “Não são as brigas que realmente importam, eu poderia lidar
com as discordâncias se eu sentisse que você estava ali do meu lado.
Mas eu nunca consegui achar você, quando precisei. Sinto-me sozinha
nesse relacionamento”. O cônjuge torna-se a figura de apego principal
para a maioria dos adultos e, como tal, sua maior fonte de segurança e
conforto (Johnson & Whiffen, 2012, p. 98-99).

Identificar, re/conhecer, aceitar, legitimar e expressar sentimen-


tos e emoções, traduzindo-os de forma clara e dando-lhes boas alter-
nativas de superação (ou de solução) é uma arte, e facilita tudo. O
predomínio da autoconfiança e da confiança no parceiro, a capacida-
de de seguir olhando para si mesmo e para o outro são indicativos de
maturidade emocional e fazem com que o aumento de todas as sensi-
bilidades, a partir da chegada de cada filho (e este filho pode, simboli-
camente, ser concebido e vir ao mundo por meio de outras criações
artísticas, profissionais, etc.), não seja ameaçador, mas oportunize ain-
da mais descobertas, prazeres e realizações.
Vale incluir alguns recortes de Vínculos e saúde mental (Anton,
2018, p. 274):
O casal diante do espelho e a reconstrução do vínculo do amor 33

Sob o ponto de vista intrapsíquico e psicorrelacional, a relação diádica


aprisiona, ao passo que a triangular dá margem a movimentações poten-
cialmente libertadoras. Nessa “praça de guerra”, representada pelo polígo-
no denominado triângulo, circulam afetos por entre uma infinidade de
conflitos, sendo que o medo de ficar retido e o medo de ficar excluído
apresentam-se como nodais. (...)
Vale observar o que se passa nessas relações triangulares. Elas aprisionam
ou expulsam? Contêm, abrigam, protegem e liberam ou maltratam, sufo-
cam e destroem? Encobrem ou revelam, sustentam-se através de segredos
e de mentiras ou baseiam sua ligação na verdade e na confiança mútua?
Como são interpretados e resolvidos os conflitos que nelas ocorrem? Por
que, para que, a serviço de que ou de quem? (...)
Observar e compreender o que se passa nos triângulos humanos muitas
vezes constitui-se em chave para deslindar mistérios e abrir novas portas.

A MAGIA E OS DESAFIOS DO CICLO VITAL

Quando recebemos casais em terapia, nem precisamos recorrer à aná-


lise formal do genograma, a anamneses conduzidas, a protocolos, etc., a
menos que se trate de um trabalho cujo desenrolar irá contribuir para pes-
quisas científicas. Se o objetivo for terapêutico, o processo irá depender das
expectativas e características do casal, integradas ao estilo do próprio tera-
peuta. Esse estilo é fruto de sua própria história e modo de ser (personalida-
de, sob seus mais variados aspectos), sua formação teórica e técnica, seus
modelos de identificação, suas experiências como paciente e terapeuta.
As mais diversas vivências de ambos (como indivíduos e como
casal) ressurgem espontaneamente, ao longo do processo terapêutico,
quando este se caracteriza por conversações e por quaisquer técnicas di-
retivas. Trata-se de associações de ideia. E mais, a própria sequência de
eventos, observáveis por meio de relatos, comportamentos, característi-
cas relacionais, são reveladores, constituindo-se, por si só, em material
de trabalho, produtor de insights e de mudanças, baseadas na autoper-
cepção, na atenção ao outro, em novas competências comunicacionais.
34 A magia e os desafios do ciclo vital

A relação terapêutica em terapia de casal é claramente triangular,


oportunizando a manifestação de conflitos (inclusive, muito remotos e
inconscientes) e a elaboração dos mesmos. Através dela, é possível revi-
ver, afetivamente, a magia e os desafios do ciclo vital, cujo final feliz
consiste em “deixar partir”.

REFERÊNCIAS
Anton, I. L. C. (2012). A escolha do cônju- Nichols, M. & Schwartz, R. (2007). Tera-
ge: Um entendimento sistêmi-co e psicodi- pia familiar: Conceitos e métodos (7.ed.).
nâmico. Porto Alegre: Artmed. Porto Alegre: Artmed.
Anton, I. L. C. (2018). Vínculos em saúde Pincus, L. & Dare, C. (1978). Secrets in the
mental. Novo Hamburgo: Sinopsys. family. London: Faber.
Johnson, S. M. & Whiffen, V. E. (2012). Os
processos do apego na terapia de casal e da família.
São Paulo: Roca.
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