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SUMÁRIO
1 COMPREENDENDO A ORIGEM DA FAMÍLIA .................................. 2

2 TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL COM CASAIS ........... 6

3 O MODELO COGNITIVO E AS RELAÇÕES CONJUGAIS ............. 15

4 QUESTÕES INTRAINDIVIDUAIS .................................................... 21

4.1 Conteúdo Cognitivo: .................................................................. 21

4.2 Estruturas cognitivas: ................................................................ 22

4.3 Processamento de Informação: ................................................. 23

4.4 Questões interindividuais .......................................................... 25

5 MODELO DE INTERVENÇÃO COM CASAIS: ................................ 26

6 BUSCANDO AJUDA ........................................................................ 28

7 TERAPIA DE CASAL E SEXUALIDADE.......................................... 32

8 TERAPIA FAMILIAR E HOMOAFETIVIDADE ................................. 43

9 Terapia de Casal Homossexual ....................................................... 48

BIBLIOGRAFIA ...................................................................................... 50

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1 COMPREENDENDO A ORIGEM DA FAMÍLIA

Fonte:feneo.webnode.com.br

A família é o lugar que dá origem à história de cada pessoa, é o espaço


privado onde se dão as relações mais espontâneas. Não podemos escolher
nossa qualidade de membro na família a não ser, talvez, pelo casamento. Ainda
que possamos acreditar que é possível deixar de pertencer a uma família, rom-
pendo os laços com a família de origem e não nos enveredando na constituição
de outra, mesmo assim as lembranças e memórias de um convívio familiar fica-
rão como marcas em nossas histórias, podendo ser acessadas a qualquer mo-
mento.
É certo que a família é sem dúvida a instituição e o agrupamento humano
mais antigo, haja vista que todo ser humano, todo indivíduo nasce em razão da
família e, via de regra, no âmbito desta, associando-se com seus demais mem-
bros. A palavra família possui um significado que foge à ideia que temos de tal
instituto hoje, vem do latim famulus e significa grupo de escravos ou servos
pertencentes ao mesmo patrão.

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A ideia do que vem a ser família, suas características, sua formação e


etc., é um conceito extremamente volátil e mutável no tempo, acompanhando
sempre a evolução dos ideais sociais, das descobertas científicas e dos costu-
mes da sociedade, sendo impossível se construir uma ideia sólida e fixa do que
vem a ser família e quais suas características.
Família é definida como um grupo de indivíduos unidos por laços transge-
racionais e interdependentes quanto aos elementos fundamentais da vida.
Antigamente, o modelo familiar predominante era o patriarcal, patrimonial
e matrimonial. Em tal modelo tínhamos a figura do “chefe de família”, era o líder,
o centro do grupo familiar e responsável pela tomada das decisões. Era tido
como o provedor e suas decisões deveriam ser seguidas por todos.

Fonte:rka-law.com

Além disto, a ideia de família era patrimonial e imperialista, prova disso


estava no fato de que as uniões entre pessoas não se davam pela afeição entre
as mesmas, mas sim pelas escolhas dos patriarcas, com o interesse de aumen-
tar o poder e o patrimônio de suas famílias. Em tal modelo, muitas vezes os

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nubentes nem sequer se conheciam, mas se viam obrigados a contrair núpcias


para honrar o bom nome da família e contribuir para seu fortalecimento econô-
mico.
A família era constituída unicamente pelo casamento, não havia que se
falar em nenhum outro meio de constituição familiar, como a união estável.
Como consequência de tais fatos, a figura do divórcio era inimaginável, vez que
a felicidade dos membros não era mais importante do que a predominância da
família como instituição, afinal, o divórcio representaria uma quebra no poderio
econômico concretizado pelo casamento.
Com o passar do tempo e a evolução a que passou a sociedade, o modelo
familiar mudou, fora influenciado pela ideia da democracia, do ideal de igualdade
e da dignidade da pessoa humana.

Fonte:casandoembh.com.br

A família passou a ser mais democrática, o modelo patriarcal fora aban-


donado, sendo empregado um modelo igualitário, onde todos os membros de-
vem ter suas necessidades atendidas e a busca da felicidade de cada indivíduo
passou a ser essencial no ambiente familiar.
Porém, o maior avanço a que o ideal de família passou fora no elemento
que a constitui, hoje, as pessoas se unem por haver uma atração entre elas, um
querer. A união das pessoas possui um fim egoísta, porém no melhor sentido do

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termo, vez que esta se dá pelo fato de a outra pessoa lhe trazer prazer, felicidade
e crescimento. Esse novo elemento para a criação da família é de suma impor-
tância, principalmente para entendermos as mudanças à que passa a família.
Como se percebe, não há mais que se falar em casamento como ele-
mento de criação da família, afinal é o sentimento que une seus membros, a
vontade de cada um em se unir ao outro, por isso, hoje é possível vislumbrar-
mos que uniões estáveis podem constituir família, que há a família monoparen-
tal (mãe ou pai solteiro) e que há família na união de pessoas do mesmo sexo.
Tudo isto porque o elemento responsável pela constituição da família é subje-
tivo e decorre da vontade dos indivíduos.

Fonte:extra.globo.com

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2 TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL COM CASAIS

Fonte: grupopsicologas.com.br

A sociedade de maneira geral, o núcleo familiar surge do encontro de dois


adultos jovens, independentes, que se separam de suas famílias de origem, na-
moram, noivam e casam-se posteriormente. A partir daí, novas fases incremen-
tam a formação do ciclo vital da família. O nascimento do primeiro filho é um
período difícil, onde é necessária a acomodação de um terceiro membro na di-
nâmica cotidiana. O bebê é frágil e demanda atenção e vigilância constantes por
parte dos pais.
Quando os filhos ainda estão pequenos, a família se abre cada vez mais
para a sociedade, fazendo contato com creches, maternais, escolinhas, etc. Aí
está a primeira prova de fogo à qual a criança é exposta: enfrentar as exigências
do mundo externo. Com a adolescência dos filhos, as brigas entre estes e seus
pais tornam-se mais frequentes. Geralmente, o motivo maior é a reivindicação
dos jovens por mais liberdade; afinal de contas, o adolescente está em busca de
sua própria identidade.
Na última etapa do ciclo vital familiar, os adolescentes tornam-se adultos,
e saem de casa em busca de um companheiro. Os pais retornam então, ao es-
tágio inicial do casamento onde encontram-se sozinhos, de frente consigo
mesmo, envelhecidos, com a iminente perspectiva de morte. Ressalta-se então,

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que cada fase exige mudanças por parte dos membros da família, e sua conse-
quente adaptação.
Muitas pessoas procuram a psicoterapia porque estão preocupadas com
seus relacionamentos - com a família, com amigos, com esposos, com namora-
dos, com parentes, com vizinhos, com filhos, com irmãos, com colegas de traba-
lho, com companheiros de república. Isso acontece porque os relacionamentos
são uma parte muito importante de nossas vidas. Essas pessoas procuram psi-
coterapia porque querem entender melhor seus relacionamentos, o que está
dando errado neles e pensar em como melhorá-los.

Fonte: psicoter.com.br

A terapia comportamental de casal surgiu junto com o movimento político


de emancipação feminina. As novas relações de trabalho, associadas à maior
liberdade da mulher, levaram a uma mudança profunda na relação conjugal.
Para manter a convivência, os parceiros passaram a necessitar de habilidades
de comunicação e de solução de problemas. Foi a partir dos anos de 1950 e
1960, principalmente na Inglaterra e Estados Unidos, que surgiu a terapia com-
portamental de casais.
A TCC baseia-se na premissa de que a relação pensamento-emoção-
comportamento implica diretamente no funcionamento normal do ser humano.
Acontecimentos comuns do cotidiano podem gerar diferentes formas de sentir e
agir em cada pessoa, e estas emoções e comportamentos não são gerados por
estes acontecimentos, mas sim pelo nosso pensamento. Nossas emoções e
comportamentos são influenciados pelo que sentimos: “Nós sentimos o que pen-
samos”.

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A primeira geração de terapeutas comportamentais de casal tinha uma


formação em Análise Aplicada do Comportamento. Nesta linha, procuravam-se
as causas do comportamento em variáveis ambientais (contingências), e a téc-
nica era baseada na aquisição de habilidades de comunicação objetiva e pela
busca de padrões eficientes de trocas por meio de negociação direta e estabe-
lecimento de acordos concretos (Vandenberghe, 2006). A terapia, nestes casos,
restringia-se a comportamentos definidos e observáveis.
Os parceiros aprendem a monitorar o conteúdo de pensamentos automá-
ticos, tanto na sessão (por exemplo, quando o terapeuta interrompe a expressão
de emoções por uns minutos para reestruturar uma atribuição irracional) quanto
em casa, com o uso do registro diário de pensamentos disfuncionais. Vanden-
berghe, 2006, p. 151.

Fonte: www.patrocinioonline.com.br

Com a utilização da Terapia Cognitivo-Comportamental, observou-se que


muita ênfase era dada ao controle verbal, por meio de disposição de regras, o
que coloca o terapeuta como alguém que deve ensinar a forma correta de pen-
sar. No entanto, esta técnica mostrava-se insuficiente, pois não considerava os
aspectos subjetivos. Foi então que surgiu a terceira geração de terapias compor-
tamentais de casais: a Análise Clínica do Comportamento. Pela Análise Clínica
do Comportamento, sentimentos, pensamentos e sensações são importantes,

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pois são sinais das contingências que os geram. Nesta linha, contingências arti-
ficialmente planejadas são abandonadas a favor da exploração do comporta-
mento espontâneo.
Busca-se uma aceitação (Mindfulness) de aspectos negativos de si e do
outro, num jogo dialético de aceitação e mudança. Mindfulness é o termo usado
para descrever este ato de aceitar plenamente de forma consciente e intencional
eventos, sentimentos ou pensamentos, com o mínimo de elaboração intelectual
ou julgamento. Vandenberghe, 2006, p. 155.

Fonte: ambientevistoriado.com

Neste novo modelo, um relacionamento saudável não é mais decorrente


de um ambiente ausente de conflitos, mas sim, decorrente de um ambiente onde
os conflitos são construtivos e capazes de produzir maior intimidade e proximi-
dade. Neste contexto, para auxiliar esses casais, a TCC precisou ser reformu-
lada para integrar novas estratégias de aceitação emocional com as estratégias
tradicionais promotoras de mudança.
Dessa reformulação conceitual e técnica, nasce a terapia de casal com-
portamental integrativa (TCCI). O termo integrativo refere-se a mistura do foco

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tradicional (promoção de mudanças) com foco mais recente (promoção de acei-


tação). (CORDOVA & JACOBSON, 1999).
De acordo com Cordova & Jacobson (1999), a TCCI tem como base
teórica o behaviorismo moderno, que apresenta, entre outros, os seguintes prin-
cípios: o comportamento é formado e mantido por eventos ambientais singula-
res, ou seja, o modo que cada membro do casal se comporta depende de todas
as suas experiências singulares.

Fonte:slideplayer.com.br

O passado é importante para compreender os comportamentos, porém


a intervenção do terapeuta é pautada no momento presente. É fundamental que
o terapeuta realize análises funcionais para compreender a manutenção dos
comportamentos, principalmente aqueles que contribuam para a crise do casal.
A TCCI utiliza, sempre que possível, de reforçadores naturais e procura promo-
ver o contato direto com as contingências naturais para que os ganhos da terapia
sejam generalizados e mantidos depois do término da mesma.
A TCCI desenvolveu conjuntos de intervenção que são destinadas para
ter efeito sobre os eventos privados. A técnica de “aceitação” é um exemplo de
intervenção que visa promover efeito sobre as experiências privadas de cada
pessoa. OTERO & INGBERMAN (2009) afirmam que no Brasil, até pouco mais

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de 30 anos, os casais que procuravam ajuda terapêutica eram predominante-


mente pessoas “legalmente” casadas e de no máximo meia idade. Hoje em dia,
há uma crescente variedade de parceiros que procuram auxílio, sendo eles na-
morados, casais jovens ou idosos, heterossexuais ou homossexuais. Então, na
terapia de casais não se diferencia se os parceiros são do mesmo sexo ou não,
visto que as questões que os preocupam são do mesmo âmbito, como comuni-
cação, afeto, tolerância, aceitação, etc. Assim, deve o terapeuta ter cautela no
momento de coletar os dedos iniciais, principalmente se abstendo de partir de
algum pressuposto, permitindo assim que o cliente aborde todos os temas que
lhe preocupam.

Fonte: slideplayer.com.br

A TCCI possui vários estágios, dentre eles: avaliação; sessão de feed-


back; estrutura da terapia; estrutura da sessão terapêutica; estratégias para pro-
mover a aceitação emocional; estratégias para promover a mudança; e treina-
mento em comunicação e solução de problemas. (CORDOVA & JACOBSON,
1999).
A avaliação é o primeiro estágio e abrange as primeiras duas ou três
sessões. O objetivo desse estágio é obter uma visão geral das queixas do casal
e avaliar se a TCCI é um tratamento adequado para eles. As entrevistas são
realizadas com os casais juntos e também individualmente. Nessas entrevistas,
o terapeuta irá avaliar como é a crise desse casal, qual é o nível dessa crise, se
há episódios de violência.

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Fonte:slideplayer.com.br

O clínico também poderá analisar como cada casal relata a sua versão
da história. Nessas entrevistas, o terapeuta deverá identificar qual é o compro-
misso desse casal com o seu relacionamento, pois a partir desses dados, é de-
cidido se o tratamento iniciará com ênfase na aceitação ou com a mudança de
comportamento. Se o casal não estiver muito comprometido com o seu relacio-
namento, as estratégias de aceitação serão mais eficazes, pois a promoção de
aceitação exerce um efeito profundo sobre os estímulos que funcionam como
reforçadores. (CORDOVA & JACOBSON, 1999). De acordo com OTERO & IN-
GBERMAN (2004), o processo terapêutico acontece em sessões conjuntas e
individuais, como já mencionado sobre as entrevistas.
É importante, para a terapia de casal, realizar sessões individuais, pois
o terapeuta pode se atentar a algumas questões que um dos membros do casal
pode trazer, visto que nas sessões individuais o cliente tende a ser mais honesto,
principalmente em relação a assuntos sensíveis, como sexo e violência. Dessa
forma, o cliente se assegura de que sua versão da história foi ouvida, e acaba
por se sentir compreendido quando ocorrer de o terapeuta agir de modo neutro
em sessões seguintes.

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Fonte:nunesjanilton.blogspot.com.br

Porém, o terapeuta deve tomar o cuidado para que essas sessões sejam
intercaladas por sessões conjuntas. Nas entrevistas conjuntas, o terapeuta irá
avaliar quais são os problemas que afastam o casal, e como os cônjuges lidam
com esses problemas no relacionamento, pois isso possibilita que o terapeuta
conheça o nível da crise desse casal.
É importante que ele (terapeuta) compreenda quais os problemas que
desunem o casal têm maior ou menor probabilidade de mudar e a partir desses
dados decidir quais estratégias serão utilizadas. Sendo assim, problemas que
têm baixa probabilidade de mudar ou que envolvam eventos privados deverão
ser tratados, principalmente, com as estratégias de aceitação. (CORDOVA & JA-
COBSON, 1999).
O terapeuta também deverá verificar quais as forças que mantêm o casal
juntos, pois conhecer essas forças indicará para o terapeuta como o casal irá se
comportar na terapia, pois se o casal não puder gerar lembranças positivas do
seu relacionamento, o sucesso da terapia será mais duvidoso que a dos casais
que apresentam lembranças positivas. Alguns dados da avaliação inicial podem
ser obtidos por meio de questionários e inventários psicológicos. Após a obten-

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ção de todas essas informações da avaliação o terapeuta irá converter as mes-


mas no esboço de um plano terapêutico, a fim de definir o que o tratamento pode
fazer para ajudar o casal que procurou pela terapia.
Na sessão de feedback serão colocadas as informações obtidas no de-
correr da avaliação e também a proposição de um plano terapêutico. Nessa ses-
são serão discutidos os problemas e os temas do casal, e o terapeuta dará o
feedback no que o tratamento poderá ajudar. Também serão discutidos os obje-
tivos da terapia, bem como os procedimentos necessários para alcançar tais ob-
jetivos. (CORDOVA & JACOBSON, 1999).

Fonte: www.psicologaflorence.com.br

A terapia deve ser estruturada após o clínico decidir se começará o tra-


tamento com ênfase na mudança ou na aceitação. Essa decisão depende do
resultado da avaliação de cada casal. Mesmo se a terapia começar com ênfase
nas estratégias de mudança, as estratégias de aceitação também serão inte-
gradas no processo. Há casais que expressam desejos por determinadas es-
tratégias, nesses casos é melhor aderir aos desejos do casal.

A crescente adoção de métodos cognitivo-comportamentais por terapeu-


tas de casais e de famílias parece dever-se a diversos fatores (KNAPP, 2004,
p. 379):

 Evidencias de pesquisa sobre sua eficácia;


 Sua atratividade para os clientes, que valorizam a abordagem
proativa na resolução de problemas e na construção de habi-
lidades que a família pode utilizar para enfrentar futuras difi-
culdades;

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 Sua ênfase na relação colaborativa entre terapeutas e clien-


tes.

Em terapia, é necessária a construção cuidadosa e acurada do que deno-


minamos conceituação cognitiva (BECK, 1996; SERRA E NICOLET, 2007 apud
SERRA, 2011, p. 722) – hipóteses desenvolvidas pelo terapeuta a respeito do
sistema de esquemas e crenças disfuncionais dos integrantes do casal, que os

leva a interpretar o real de forma rígida, exageradamente negativa, não realista


(SERRA, 2011, p.722).

Fonte:www.mulher.com.br

3 O MODELO COGNITIVO E AS RELAÇÕES CONJUGAIS

Fonte:www.psicologacarla.com

O modelo cognitivo de Beck tem sido aplicado a diferentes transtornos


mentais e populações específicas (Falcone, 2001). Beck et al. (1979/1997), por

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exemplo, colaboraram para o entendimento do ser humano ao apresentar alguns


processos cognitivos como influenciadores das emoções e comportamentos.

Segundo esses autores, cognições inadequadas ou disfuncionais – pen-


samentos automáticos e crenças – estariam na base de uma variedade de de-
sordens psicológicas.
Beck (1995) apontou que muitos problemas vivenciados dentro do casa-
mento também poderiam estar relacionados às cognições disfuncionais de am-
bos os parceiros. Alguns estudos ratificaram essa hipótese sobre o papel nega-
tivo dos pensamentos, crenças, expectativas, atribuições, entre outros, na quali-
dade dos relacionamentos maritais.
Os pensamentos automáticos vêm sendo concebidos como ideias ou ima-
gens que passam despercebidas e de forma muito rápida na mente das pessoas.
Esses pensamentos por si sós não são adequados ou inadequados. Devido ao
fato de esses tipos de pensamento não serem sempre racionalmente avaliados,
eles tendem a ser aceitos como algo razoável, em situações específicas.
Tem sido apontado que esse fluxo de ideias instantâneas, que pode pas-
sar na cabeça de um dos cônjuges, pode influenciar seus estados emocionais e
suas ações negativamente. Por exemplo, quando uma esposa não recebe a
atenção que gostaria de receber de seu marido, a respeito de um problema de
trabalho, pode chegar à seguinte conclusão: “ele nunca me ouve”. Nessa situa-
ção, a parceira pode sentir raiva e gritar com seu companheiro, dizendo que ele
é um imprestável (Dattilio et al., 1998).

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Fonte:joselainegarcia.blogspot.com.br

Os pensamentos automáticos disfuncionais podem ser influenciados por


distorções cognitivas. Estas seriam distorções sistemáticas no processamento
da informação, falhas de interpretação e raciocínios desprovidos de lógica (Beck
& Alford, 2000).
A leitura mental, por exemplo, é um tipo de distorção segundo a qual uma
pessoa acredita ser capaz de ler os pensamentos de alguém. Por exemplo,
quando um homem está falando com a esposa e essa boceja por estar cansada,
ele pode pensar: “ela está achando chato conversar comigo”. Ele, então, pode
ficar magoado e evitar sua parceira ao longo do dia. Existem inúmeras outras
distorções relatadas na literatura especializada que podem ter influência sobre o
relacionamento de casais (Beck, 1995; Dattilio, 2004).
Beck et al. (1979/1997) apontaram que o surgimento das crenças inter-
mediárias e centrais ocorre durante a interação das crianças com pessoas signi-
ficativas em suas vidas e estão associadas a fatores socioculturais. São ideias
que uma pessoa tem sobre si mesma, sobre as pessoas de uma maneira geral,
sobre o mundo, sobre relacionamentos, entre outros aspectos. Crenças mais
centrais têm maior impacto sobre o pensamento de uma forma geral, são mais
rígidas e mais difíceis de mudar do que crenças mais periféricas. Ambos os tipos
podem ser inadequados e levar ao aumento de conflitos em um relacionamento
amoroso. Por exemplo, um marido pode ter a seguinte crença central, “não sou
uma pessoa digna de ser amada”.
Para tentar não acreditar nesse pensamento, o esposo pode desenvolver
uma crença intermediária do tipo, “se eu sempre recebo apoio em todas as mi-
nhas decisões, então eu sou amado”, ou do tipo “se minha esposa não concorda
comigo a todo o momento, então estou sendo rejeitado”. Uma vez que a esposa
não endossa todas as ideias do marido, este pode ficar triste e não expressar
seus pensamentos, por acreditar que realmente não pode ser amado por alguém
(Beck, 1995).

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Fonte:www.psicologosp.com

A atenção seletiva é entendida como um processo de percepção no qual


uma pessoa capta informações de uma situação de acordo com categorias que
fazem sentido ao seu ponto de vista. Além disso, ignora os dados que não se
encaixam em seu perfil de relacionamento. Por exemplo, uma mulher quando
acredita que é fraca, pode ficar atenta aos comportamentos do seu marido que
julgue serem de dominação.
Quando ela pede ao parceiro para visitar os pais dela, e ele não quer ir, a
esposa pode pensar que ele nunca atende aos seus desejos por não respeitá-
la. Então, ela pode sentir-se frustrada e passar a evitar o marido. Entretanto, o
parceiro não aceitou o convite por estar sentindo enxaqueca. Em diversas situa-
ções, essa mulher busca fazer diferentes solicitações que em sua maioria são
atendidas pelo marido. Contudo, ela geralmente presta atenção aos seus pró-
prios desejos, que ele não atende (e.g., Baucom et al., 1989).
As atribuições dizem respeito às inferências que os parceiros fazem sobre
a causa e a responsabilidade do acontecimento de determinada situação. Por
exemplo, um parceiro pode culpar sua esposa por todos os problemas conjugais
e não perceber que ele também contribui. As expectativas referem-se ao que um
indivíduo acha que vai acontecer no seu relacionamento. Por exemplo, uma mu-
lher pode esperar que seu marido sempre pergunte como foi seu dia de trabalho
(e.g., Baucom & Epstein, 1990).

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Fonte:blog.drpepper.com

Os pressupostos são crenças que as pessoas mantêm sobre a natureza


dos relacionamentos e das pessoas em geral. Por exemplo, um homem pode
pressupor que a existência de desacordo entre parceiros é algo prejudicial para
a relação. Os padrões são crenças que um indivíduo tem sobre como “deveria”
ser uma vida conjugal. Por exemplo, uma mulher pode acreditar que, numa rela-
ção amorosa, deveria haver o eterno sentimento de paixão (e.g., Epstein & Bau-
com, 2002).
Epstein e Baucom (2002) apontaram que as emoções têm um papel igual-
mente relevante no funcionamento da vida amorosa. Sentimentos como raiva,
medo, ansiedade e tristeza podem influenciar de forma negativa as cognições e
os comportamentos de ambos os parceiros. Por outro lado, emoções como amor
e felicidade podem influenciar positivamente o convívio conjugal. Casais que há
muito tempo estão vivenciando grandes níveis de estresse em seus relaciona-
mentos tendem a ter mais os primeiros sentimentos do que os segundos, uma
parceira que solicita a ajuda do marido para carregar um objeto pesado, e esse
não a atende por problemas de saúde que ela ainda desconhece, pode ficar com
raiva ao não ser atendida em sua solicitação. Ela pode pensar: “ele nunca me
ajuda” e gritar que ele é egoísta.

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Fonte:www.escola-dominical.com

Fatores de ordem comportamental também estão relacionados com os


conflitos conjugais. A má comunicação entre os parceiros é um dos principais.
Algumas pessoas têm dificuldades para expressar o que pensam e o que sen-
tem. Uma esposa pode expressar-se em demasia ou mesmo não mencionar de-
terminado sentimento, como, por exemplo, raiva (e.g., Baucom & Epstein, 1990).
A resolução inadequada de problemas cotidianos é outro fator comporta-
mental que também pode ter consequências indesejáveis para os parceiros em
seu relacionamento. Por exemplo, um marido pode ter dificuldade em definir um
problema de ordem financeira com sua esposa, o que pode acabar por manter o
casal mergulhado em dívidas. Além disso, os casais têm de lidar com temas
específicos que podem ser conflitantes, como a educação dos filhos (Dattilio &
Padesky, 1995).

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Fonte:www.escola-dominical.com

Na Tcc Trabalha-se então as questões interindividuais e intraindividuais do ca-


sal:

4 QUESTÕES INTRAINDIVIDUAIS

4.1 Conteúdo Cognitivo:

Fonte:slideplayer.com.br

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Em relação a conteúdo cognitivo, os membros de um casal necessitando


de atenção psicoterápica frequentemente têm cognições disfuncionais associa-
das aos três vértices da assim denominada tríade cognitiva (BECK et al, 1997):

 A respeito de si: Não tenho valor, não sou capaz, não sou amado, etc.
 A respeito do mundo interpessoal: outros não me amam, não me com-
preendem, olham-me como inferior, etc.
 A respeito do futuro: minhas dificuldades vão perdurar no futuro, o futuro
será ainda pior do que o presente, se tentar resolver problemas irei piorá-los
mais ainda, etc.

4.2 Estruturas cognitivas:

Fonte:slideplayer.com.br

 Esquemas de não-estima: crenças de que “eu não sou amado” ou “não


possuo requisitos para ser amado”.
 Esquema de inadequação: cujas crenças podem ser “eu não sou bonito
ou atraente”.

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 Esquemas de incapacidade ou incompetência: “sou incapaz, portanto,


minha esposa me abandonará”.
 Esquemas de vulnerabilidade: cujas crenças refletem dois erros básicos
de processamento:
 a) superestimação de perigos e ameaças;
 b) subestimação dos próprios recursos de enfrentamento, resultando na
experiência e ansiedade ou de irritação e raiva.

4.3 Processamento de Informação:

Fonte: www.psicologiaacolher.com.br

Casais e famílias disfuncionais costumam ter padrões distorcidos do proces-


samento de informação e tendem a cometer erros cognitivos que ocasionam ou
agravam suas dificuldades (SERRA, 2011, p. 723):

 Catastrofização: “baseia-se na crença de que “o pior vai acontecer e não


tenho recursos para evitar”, “o casamento está acabado e não há nada
que eu possa fazer a respeito”. O que pode ocasionar ansiedade e de-
pressão.
 Descontando o positivo: por exemplo: “ele cuida bem de nossas coisas,
mas e daí? É mais do que a obrigação dele!”
 Supergeneralização: tendência a usar termos como: todos/ninguém,
nunca/sempre; tudo/nada, ninguém me compreende/ tudo está perdido.
 Pensamento dicotômico: extremista, do tipo tudo ou nada.

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 Abstração seletiva: por exemplo; “você só me dá problemas e dor de


cabeça”.
 Conclusões precipitadas ou insuficientemente fundamentadas: por
exemplo: “não chegou a tempo na festa do filho... não ama a família”.
 Leitura mental: atribuir pensamentos ou intenções ao outro, por exemplo:
“eu sei que você está pensando em se separar de mim”.
 Julgamentos globais: por exemplo: “sempre voltamos a esse mesmo
ponto, outra briga... o casamento está acabando”.
 Personalização: acreditar que sinais, eventos, e falas neutras se referem
a si, por exemplo: “ele só se atrasa porque sou eu que estou a esperar
por ele”.

Observa-se com frequência que membros de casais em dificulda-


des apresentam sintomas de:

 Transtornos afetivos;
 Transtorno de ansiedade;
 Dependência química;
 Ideação ou comportamentos suicidas;
 Transtornos de personalidade;

Como causas ou consequências das crises conjugais, esses casos reque-


rem tratamentos individuais, para que as dificuldades subsequentes do casal se-
jam tratadas com êxito.

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4.4 Questões interindividuais

Fonte:www.psiquiatriaavancada.com.br

Para Serra (2011) há várias questões/dimensões do relacionamento conju-


gal nas quais os casais apresentam problemas:

 Padrões de solução de conflito: disfuncionais ou incompatíveis, um ou


ambos são fechados, ou se exasperam com facilidade, ou um agride e o
outro submisso se cala; caso identifique-se tais padrões, uma das inter-
venções terapêuticas será desenvolver habilidades para resolução funci-
onal de seus conflitos, afim de restaurar a flexibilidade cognitiva;
 Expectativas realistas: refere-se às expectativas que cada cônjuge tem
do outro, em termos de aportes de atenção, ou carinho, dedicação, o pró-
prio relacionamento com a família. Muitas vezes a origem do conflito re-
mete à expectativas não realistas, as quais serão desafiadas pelo tera-
peuta, objetivando adequá-las à realidade e à real capacidade de cada
cônjuge.
 Identidade de interesses e companheirismo: diz respeito ao grau de
interesse em que os parceiros têm em comum [...] o quanto apreciam e
se sentem relaxados na companhia um do outro e em atividades estrutu-
radas e não estruturadas. Essa dimensão do relacionamento tem grande

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importância para os esforços terapêuticos, dela dependendo a normaliza-


ção do relacionamento conjugal satisfatório.
 Comunicação eficiente: considera o grau em que o casal apresenta ha-
bilidades e conforto para comunicar desejos, expectativas e diferenças.
 Comunicação Afetivo-Sexual: grau em que os membros de um casal
sentem-se confortáveis em esperar ou oferecer carinho verbal e físico, ou
grau de satisfação com a qualidade e a frequência da atividade sexual, ou
ainda conforto com que comunica suas expectativas, desejos e preferên-
cias. Esta é uma importante área a se trabalhar, pois possui uma dimen-
são definidora do relacionamento conjugal.
 Planos futuros em comum: referem-se ao grau em que os cônjuges pos-
suem planos futuros em comum, planos incompatíveis, trazem grandes
prejuízos ao casal e família, por isso precisam ser bem comunicados e
avaliados, para que possam haver concordâncias entre o casal.

5 MODELO DE INTERVENÇÃO COM CASAIS:

Fonte: www.psicolog.com.br

Serra (2011) cita alguns aspectos principais do modelo aplicado na medida de


intervenção da TCC:

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 Relação entre pensamentos automáticos, emoções e comportamentos:


recomenda-se a socialização do casal para que conheçam a associação
desta tríade.
 Identificar e desafiar pensamentos automáticos disfuncionais: tem o ob-
jetivo de modular emoções e comportamentos que conduzirão à realização
de suas metas.
 Identificar e mudar crenças e esquemas disfuncionais e expectativas
não realistas: o terapeuta assumirá a tarefa de identificar crenças e pensa-
mentos disfuncionais que serão alvo da intervenção ao longo do processo
terapêutico.
 Questões e conteúdos frequentes na intervenção: questões comuns
nas psicoterapias com casais.
 Tirania dos deveres: derivada das expectativas não realistas. Um ou am-
bos os cônjuges têm regras, originados na cultura ou nas famílias de origem,
sobre os quais são os deveres de cada um, porém observa-se que esses
deveres são muito mais ditos do que cumpridos. O que agrava neste, caso,
é a crença de que esses deveres são universais.
 Distorções cognitivas Típicas: essas são desafiadas socraticamente pelo
terapeuta. Estas podem conduzir a estados afetivos negativos que interfe-
rem na comunicação funcional. Neste caso, o terapeuta desafia distorções
cognitivas afim de, pela flexibilidade cognitiva buscar interpretações alterna-
tivas, e em consequência, modular emoções e comportamentos.
 Atribuições incorretas: Aqui também cabe desafiar socraticamente as atri-
buições incorretas, objetivando flexibilizá-las e incentivar atribuições mais
realistas. Isso reduz o nível de tensão entre o casal, favorecendo o diálogo,
a comunicação afetivo-sexual, o ajuste de diferenças, a negociação de acor-
dos.
 Déficit em habilidades de soluções de problemas: a este cabe um retrei-
namento dos membros do casal em habilidades de resolução dos problemas
que foram identificados colaborativa mente entre os três (marido, esposa,
terapeuta).

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 Interações destrutivas: são muitas vezes identificadas no casal pelo tera-


peuta e constituem fontes de dificuldades mais graves. Por interações des-
trutivas, há presença de comportamentos disfuncionais que mutuamente ati-
vam ou agravam a ativação de comportamentos disfuncionais um no outro.
Cabe ao terapeuta atuar primeiro sobre cada membro, buscando a substitui-
ção dos esquemas disfuncionais por esquemas mais funcionais, e em está-
gios mais adiantados, atuar em conjunto sobre o casal e/ou família, afim de
promover formas mais funcionais de interação.
 Comunicação disfuncional: focaliza a família/casal dentro de uma pers-
pectiva sistêmica, destacando a necessidade de avaliar as relações dentro
da família em vários níveis: relação adulto-adulto; adulto-criança; criança-
criança; cada um destes níveis de relação tem suas particularidades, por-
tanto, requer analises especificas (SERRA, 2011, p. 723-724-725-726-727)

6 BUSCANDO AJUDA

Fonte:casalsemcrise.com.br

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Existe uma procura bastante significativa no consultório buscando atendi-


mento de casal. O tratamento de casais busca minimizar os conflitos e desen-
volver com o casal habilidades de manejos de problemas, onde são trabalhadas
de forma individual e conjunta. O tratamento segue uma reestruturação de cog-
nições inadequadas, o manejo das emoções durante as situações que são rela-
tas e também em relação ao parceiro, a modificação de padrões de comunicação
que podem estar errada (disfuncionais) e o desenvolvimento de estratégias para
solução de problemas cotidianos. Outros procedimentos utilizados são as alte-
rações de comportamentos que formam padrões negativamente específicos.

A prática profissional prova que a terapia de casal é a especialização mais


dolorosa e difícil tanto para o psicoterapeuta quanto para as partes envolvidas.
Obviamente isto decorre do dinamismo de um casal e toda a dificuldade do rela-
cionamento conjugal de nossa era que é modificado toda vez que ocorrem mu-
danças sociais, como por exemplo: a independência econômica da mulher no
século passado.
A tarefa básica do psicólogo na terapia de casal é primeiramente não cair
na armadilha da sedução dos parceiros, com a finalidade de cada qual se ino-
centar um pouco mais do que o outro acerca da responsabilidade pela situação
de desgaste da relação. Podemos inferir inclusive de que quando alguém é presa
do desejo citado de se inocentar, isto é a prova máxima de que tal pessoa não
almeja realmente o esquecimento das mágoas passadas, esmiuçando a disputa
de poder ao ponto máximo e culpando o outro pela morte da relação.
O terapeuta é investido no modelo de juiz, e é quando o mesmo deve
tomar a máxima precaução para não ser afetado, assinalando para ambos que
estão presos pela culpa e pela disputa, ao invés de discutirem a histórica solidão
a dois. Esta última é a prova não apenas da incompletude da relação, mas tam-
bém de que o modelo mental de ambos pode estar direcionado a apenas “amar
aquilo que não se tem” ou que o parceiro não proporcionou. Isto é a reprodução
afetiva do modelo social vigente de eterno consumismo e sensação de vazio
interior. Perceber o que conquistamos com o outro, não é apenas um ação de
boa vontade mas o estabelecimento inicial da justiça pessoal e do relaciona-
mento.

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Cada cônjuge deve repassar a história de sua vivência emocional, sendo


que geralmente ambos contam que a carência reinava absoluta antes do casa-
mento, embora o desejo sexual fosse intenso, após o mesmo houve uma inver-
são, o desenvolvimento do tédio e desejo de se ver livre das amarras afetivas,
sendo que ambos não admitem usar a palavra “enjoei” ou me sinto “cansado”
diariamente da convivência. Cabe ao terapeuta alongar tal discussão. Se deter-
minada pessoa sempre encarou uma relação como um objeto a ser conseguido
como um “troféu”, obviamente o tédio não irá demorar a aparecer. Mas se anali-
sarmos a estrutura mental do ser humano iremos descobrir que o mesmo se
apega a determinados gostos, sejam: alimentares, diversões, conceitos e ideo-
logias. Há picos de aumento ou recrudescimento perante tais desejos, sendo
que geralmente permanecem com a pessoa no transcorrer da vida.
O fato que desejo ressaltar é que uma pessoa terá tendência maior para
o tédio se sua personalidade estiver presa no conceito abstrato citado acima de
sempre desejar aquilo que ainda não possui.
A monotonia que todos se queixam que se alastra no decorrer do casa-
mento muitas vezes é um mero pretexto para que ambos não reflitam que seus
intentos de moldar o outro simplesmente fracassaram. Se pensarmos do ponto
de vista histórico e sociológico chegamos à conclusão de que nossos pais ou
antepassados fizeram de tudo para preservar o casamento, inclusive aceitando
a plena infelicidade e insatisfação; hoje se nota que boa parte da energia é dire-
cionada para destruição completa da relação.
O terapeuta também deve estar atento para o sentimento de raiva do ca-
sal por ter que assumir a incapacidade de resolver a situação conjugal e neces-
sitar de ajuda externa. Boa parte das terapias de casal fracassam pela não cons-
cientização deste aspecto. A aceitação de ajuda implica no resgate pelo casal
da capacidade de dividir novamente. Num primeiro momento se deve comparti-
lhar a responsabilidade pelos problemas apresentados para que mais na frente
o prazer possa ser o elemento chave a ser desfrutado.

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Fonte:slideplayer.com.br

 Muitos casais brigam porque não conseguem perceber a emoção no outro. É


importante tentar entender o que está acontecendo para tomar uma postura.
 Avaliar o pensamento. Importante colocar em cheque o que você está sentindo
e identificar o primeiro pensamento que vem na sua cabeça, para quando acon-
tecer uma conversa o sentimento seja de acordo com o problema. Nem de mais,
nem de menos.
 Grau de expressão, a forma que se expressa pode estar relacionada ao apren-
dizado na infância, quando se expressava exageradamente para ganhar aten-
ção, quanto positivo quanto negativo.
 Stress no casamento: Nascimento dos filhos, tomada de decisões, educação.
Erros comportamento, crenças sobre o parceiro e ao relacionamento, expectati-
vas.
 Desejo sexual.
A Terapia Cognitiva busca a resolução desses conflitos de maneira mais focada.
O grande objetivo é fornecer ao casal habilidades que possam diminuir os pro-
blemas e ter uma relação mais estável e saudável.

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Fonte:slideplayer.com.br

7 TERAPIA DE CASAL E SEXUALIDADE

Fonte: jovempanfm.uol.com.br

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"A família é o cristal no dispositivo de se-


xualidade: parece difundir uma sexualidade que
de fato reflete e difrata. Por sua penetrabilidade e
sua repercussão voltada para o exterior, ela é um
dos elementos táticos mais preciosos para esse
dispositivo." Michel Foucault

O atendimento terapêutico de casais vem auxiliar na falta de comunicação


entre os mesmos, pois é sabido que crises conjugais importantes são geradas
pela dificuldade de diálogo.
Alguns conceitos muitas vezes não "comunicados" adequadamente em rela-
ção ao contrato estabelecido entre o casal causam estranheza. Existem variá-
veis a serem consideradas, que são fruto de valores, normas e crenças trazidas
da família de origem e decorrentes do processo de desenvolvimento e amadu-
recimento de cada indivíduo e de suas experiências individuais.
Percebe-se o quão é difícil para cada um abrir mão de seus conceitos na
tentativa de construir um modelo exclusivo daquele casal. O motivo inicial que
aproxima dois indivíduos parece suficiente para o início do processo, porém, à
medida que o encantamento vai diminuindo de intensidade, faz-se necessária
criatividade para construir novos sentimentos que solidifiquem este relaciona-
mento.
A questão da sexualidade também fica comprometida, uma vez que esta re-
presenta uma forma íntima de comunicação do casal, desenvolvida ao longo do
ciclo vital e com vivências bastante diversas para cada um, normalmente preju-
dicando o relacionamento quando o diálogo não é franco e transparente.
As expectativas individuais são algumas vezes diferentes e, não sendo com-
partilhadas, resultam em cobranças que poderão dar "start" a crise conjugal.
As disfunções sexuais são provenientes de uma relação disfuncional pré-exis-
tente e estão presentes, muitas vezes, devido a uma solução inadequada ado-
tada pelos envolvidos de uma maneira consciente ou inconsciente.

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Fonte:mensofbehaviorism.blogspot.com.br

A Sexualidade faz parte da vida, no entanto ao longo da História ela teve


diferentes definições, usos e representações. Hoje a sexualidade é entendida
como fonte de prazer e reprodução sendo que, em alguns casos, o uso da
mesma é desviado para interesses outros que não cabem ser explanados neste
momento. O casal muitas vezes encontra dificuldade em identificar-se enquanto
parceria sexual por uma dificuldade de desenvolver a intimidade necessária para
a construção da conjugalidade.
Ocorre que, muitas vezes, o casal acaba se frustrando na tentativa
de se entender, pois não sabe exatamente que caminho seguir, podendo trazer
sofrimento e, às vezes, desinteresse na busca da solução do conflito.
Cabe a cada um o entendimento de que não há culpados e sim responsá-
veis e que eles poderão modificar esta relação, desde que a mesma tenha um
sentido maior na vida dos dois envolvidos. A Sexualidade é um dos quesitos da
relação além de todos os demais. A falta de consciência do problema pode levar
um dos parceiros, ou mesmo os dois, a não assumir sua responsabilidade na
dificuldade agravando, ainda mais, o conflito.

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Fonte:.slideshare.net

Observa-se, ainda, que é comum, quando existem filhos, usá-los para jus-
tificar uma união, transferindo assim, para estes, o fardo da "culpa" de conviver
com situações dolorosas.
Fatores externos podem reforçar as dificuldades do casal como, por exem-
plo, o fato da mulher atualmente vir se colocando de maneira cada vez mais
crítica e arrojada na vida, bem como com um nível de exigência maior que há
alguns anos atrás, fazendo com que o homem, por sua vez, tenha seu papel
redefinido, porém não como uma escolha própria e sim em decorrência das mu-
danças do papel feminino.
As mudanças sociais atuais fizeram com que muitos casais não conse-
guissem reconstruir novos conceitos estruturados em novas bases de convivên-
cia.
A terapia de casal pode ajudar os casais na reconstrução desta relação de
forma consciente e com contratos explícitos, nos quais cada um poderá dizer o
que espera e quanto pode dar ao outro, em bases mais realistas.

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Fonte: claudia.abril.com.br

Faz-se necessário identificar o vínculo que apoia a relação; em assim


sendo ter-se-á maior clareza do motivo das escolhas iniciais, as quais poderão
não ser mais suficientes para a continuidade do referido relacionamento, ca-
bendo a cada um dos envolvidos se reconhecerem neste elo e criar novas alter-
nativas de convívio.
A terapia de casal auxilia a estabelecer condições apropriadas para o de-
senvolvimento de um processo onde o respeito para consigo próprio e com o
outro fique garantido, uma vez que o profissional vai trabalhar no sentido de me-
diar queixas e problemáticas apresentadas, auxiliando no restabelecimento de
uma comunicação menos ruidosa e com possibilidades de crescimento para o
casal.

Fonte: www.atlasdasaude.pt

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As dificuldades sexuais provenientes do desacordo do casal são também


passíveis de intervenção na medida em que são a representação erotizada da
disfunção relacional. As possíveis disfunções sexuais decorrentes de crises con-
jugais são as mais diversas como, por exemplo, falta ou baixa de desejo sexual,
anorgasmia, ejaculação precoce, dificuldades na ereção e transtorno da excita-
ção.
A descoberta de que cada dia da vida traz consigo uma nova possibilidade
e proposta de não se deixar aprisionar ao passado, aumenta a chance de novas
realizações pessoais e compartilhadas.
Embora haja diferenças no funcionamento sexual de homens e mulheres,
sensíveis a fatores motivacionais, emocionais e contextuais, a atração mútua é
um dos principais fatores para a qualidade do relacionamento e, consequente-
mente, para a função sexual e satisfação conjugal, sendo essa influência mais
intensa em mulheres.
O fortalecimento da intimidade emocional tem sido relacionado à saúde
do relacionamento e da vida sexual, porém o interesse sexual depende do equi-
líbrio entre intimidade e erotismo. Exemplificando, a capacidade de compartilha-
mento de preferências sexuais está associada a melhor desempenho e satisfa-
ção sexual de homens e mulheres.
Quando há excesso de intimidade, muitos casais deixam de abordar
questões sexuais, tentando evitar constrangimentos no vínculo. Outra fonte de
desequilíbrio é a exclusão do erotismo por grande proximidade afetiva. As dife-
renças entre os parceiros tendem a comprometer o padrão relacional, sendo das
mais importantes as diferenças de gênero quanto à motivação para a atividade
sexual.

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Fonte: www.sagradafamilia.net.br

Para as mulheres, o desejo por intimidade e sentir-se desejada sexual-


mente levam ao sexo, enquanto para eles, a busca pelo alívio sexual e o or-
gasmo (resposta física) e também agradar a parceira são as motivações para o
desejo sexual. Outra barreira para o relacionamento conjugal refere-se às habi-
lidades comunicacionais no enfrentamento de conflitos inerentes à convivência.
Uma análise desses recursos, entre casais heterossexuais, homossexuais do
sexo masculino e lésbicas, revelou que, além da influência de atitudes negativas
individuais, a capacidade de apoio mútuo melhora sensivelmente a qualidade do
relacionamento. Porém, em relacionamentos de longa duração, padrões de co-
municação instalados com o tempo exercem influência muito maior do que a
experiência momento a momento vivenciada com o cônjuge. Isso sugere que o
estado inicial e a inércia emocional determinam o resultado da discussão.

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Fonte: tinamuniz.com.br

Os padrões de interação contribuem fortemente para as dinâmicas disfun-


cionais. Em recém-casados, evidenciou-se forte correlação entre alegria e entu-
siasmo nas situações do cotidiano e a utilização do humor e afeto durante os
conflitos, sugerindo que o fortalecimento da interação possa facilitar o enfrenta-
mento de situações conflituosas.
Uma das principais armadilhas para o sistema conjugal é o desequilíbrio
do poder. Quando igualitário, facilita intimidade e fortalecimento do relaciona-
mento. No entanto, os modelos culturais vigentes não facilitam esse equilíbrio.
Questões relacionadas à divisão da responsabilidade pelo relacionamento, à ca-
pacidade de se mostrar vulnerável e de sintonia às necessidades do outro, além
da influência de cada um no relacionamento tendem a dificultar essa proposta.
Desequilíbrios na distribuição do poder geram sofrimento e comprome-
tem a experiência emocional e os processos de comunicação do casal. Também
a experiência de eventos traumáticos anteriores, padrões disfuncionais na famí-
lia de origem, nos relacionamentos prévios, no contexto social ou mesmo na pró-
pria história do casal podem repercutir em experiências vivenciadas pelo casal,
fazendo com que sejam percebidas como uma grande ameaça de dor. Essa con-
dição aumenta a vulnerabilidade individual, desencadeando reatividade emocio-
nal desproporcional à experiência atual vivenciada pelo casal.

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Fonte:aterapia.com.br

O sistema disfuncional do casal pode provocar, na sessão de terapia, dis-


cussões carregadas de acusações e ressentimentos que expressam as diferen-
ças de opinião e de percepção de si mesmo e do outro. Nas sessões terapêuti-
cas, essas discussões podem se tornar um processo doloroso e estéril. Porém,
apesar dessas dificuldades, há evidências de que as intervenções terapêuticas
direcionadas ao casal melhoram as dificuldades sexuais. Para ampliar a visão
do casal sobre a dinâmica disfuncional e ao mesmo tempo evitar a simples re-
petição dessas discussões estéreis, a terapia de casal tem desenvolvido estra-
tégias terapêuticas em diferentes abordagens teóricas.
Um recurso muito valorizado para capturar e transformar impasses nas
relações de casais é a construção de esculturas.
O casal é convidado a buscar formas simbólicas para expressar como
cada um se percebe no relacionamento quando surge um problema. Cada um
expressa sua fantasia numa curta encenação, que captura a percepção de si, do
outro e do relacionamento, expressando a experiência subjetiva de cada um
(emoções, crenças, expectativas, vulnerabilidades, ameaças, projeções e distor-
ções).

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Na construção da escultura, a memória corporal é trazida pela emoção e


não pela razão, fazendo com que padrões de comportamentos sejam explicita-
dos, associando e combinando conteúdos recordados e os esquecidos. As vias
emocionais substituem as cognitivas carregadas de justificativas, negações e
acusações, que tendem a obstruir a abertura de novos canais de comunicação.

Fonte:www.argila.psc.br

A associação da técnica de inversão de papéis e a construção de escul-


turas facilita explicitar o padrão disfuncional complementar do casal.25 A repre-
sentação metafórica do relacionamento, associada a outros recursos técnicos,
impede as justificativas e explicações próprias da discussão verbal, facilitando o
desenvolvimento de novos padrões de comunicação.
Uma outra estratégia para ampliar a compreensão dos padrões de intera-
ção é focar na maneira como os parceiros lidam com aspectos mais sensíveis
do relacionamento, que desencadeiam sensações de vulnerabilidade e conse-
quente reatividade emocional, assim como na sintonia e eficácia dos padrões
interacionais que utilizam.
Um outro recurso é a terapia focada na emoção, que busca expandir a
consciência emocional do casal, especialmente emoções mais profundas e sen-
síveis, para que possam enviar novos sinais ao parceiro.

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[Digite aqui]

Fontewww.felipedesouza.com.br

Consequentemente, evoca respostas novas e mais positivas, que por sua


vez são organizadas em novos padrões relacionais que geram mais segurança
e confiança para o casal. Algumas disfunções sexuais têm a recomendação de
diagnóstico e tratamento psicoterápico, como por exemplo, o vaginismo.
A maioria dos parceiros de mulheres vagínicas tem pouca ou nenhuma
experiência sexual prévia e apresenta alta prevalência de disfunção erétil, suge-
rindo a relevância da abordagem da disfunção numa perspectiva sistêmica do
casal. A ejaculação precoce adquirida também é uma disfunção associada à di-
nâmica relacional do casal.
A abordagem terapêutica deve associar o levantamento dos conflitos do
casal e seus desencadeantes, o que ajuda o casal a identificar o padrão relacio-
nal disfuncional, principalmente as influências negativas de suas famílias de ori-
gem, de onde decorrem geralmente esses conflitos.

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8 TERAPIA FAMILIAR E HOMOAFETIVIDADE

Fonte:consultapsicologo.com.br

Vivemos numa sociedade que, ainda hoje, cria as pessoas para serem
heterossexuais, e se descobrir homossexual pode ser um processo difícil e do-
loroso, pois além de lidar com o preconceito do outro é preciso lidar com suas
próprias dúvidas e angústias, e até mesmo com seu próprio preconceito.
Decidir contar para outras pessoas como família, amigos, colegas de trabalho é
um momento cheio de receios e emoções. Após esse momento de revelação o
indivíduo embarca em um outro momento delicado, o de lidar com a rejeição e o
preconceito vindo de pessoas desses grupos.

Nesse momento a pessoa sente-se triste, desamparada, incompreendida e com


raiva. Chega a se questionar sobre como é e como se sente, e pensa até em
tentar mudar.

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Fonte:beardebelem.blogspot.com.br

É a família que transmite valores, crenças, e um sentido de ação, assim


como um modelo, para o relacionamento. A família também é o principal trans-
missor das atitudes culturais, habituais, assim como das atitudes em relação a
essas atitudes. Dentro dessa família os homens gays e as mulheres lésbicas
lutam para estabelecer uma identidade pessoal que vai contra a identidade da
família".
Em relação aos pais observamos que precisamos trabalhar, gradual-
mente, o exercício voltado ao auto reconhecimento da homoafetividade do seu
filho (a).
Essa dinâmica deve se basear, antes de tudo, no respeito e acolhimento
dos sentimentos de todos os envolvidos, todavia também, em um olhar abran-
gente que procura junto à família rever crenças culturais, religiosas e culturais
cristalizadas, e juntos caminhar na desconstrução da ideia que a homoafetivi-
dade é patológica.

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Fonte: cafesempo.com.br

Assim sendo, avaliamos que um papel básico inicial da terapia é ver a


crise presente, naquele ciclo, como uma resposta familiar possível, olhá-la de
frente, explorar os seus múltiplos significados e instrumentalizar a família como
um todo, identificando suas possibilidade e limitações.
Entendemos que reforçar a prática sistêmica na direção da compreensão da re-
ciprocidade das partes envolvidas no trabalho terapêutico envolve, entre outros,
a atenção aos seguintes pontos:

 A família necessita de um tempo cronológico e emocional relativo ao sen-


timento da perda dos sonhos e projetos voltados ao filho homoafetivo;
 A vivência do homoafetivo passa por fase de negação, ambivalência, ten-
tativas sofridas de experiências heterossexuais, períodos de raiva,
medo, ódio, depressão, até assumir seu self homoafetivo.
 Muitos, mesmo após a revelação, ainda vivem dentro de uma conspiração
própria de segredo;
 Sofrimento emocional e psicológico do sistema familiar por muito tempo
e a percepção que o processo de autoconhecimento que antecede a re-
velação é muito complexo;
 A revelação traz junto uma grande insegurança ao homoafetivo pelo
medo da perda do apoio familiar; na maioria das vezes a revelação tem
um alto preço.

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 Revelação como meio de favorecer, por parte do homoafetivo, a autono-


mia da sua vida, investir na autoestima, como ainda facilitar condições
para a melhoria do isolamento social;
 O membro homoafetivo deverá ser encorajado ao entendimento das pos-
sibilidade e limites dos pais, sendo explicado a necessidade do cultivo da
paciência e empatia pelo sistema parental;
 Acolhimento aos pais a exporem suas lamentações, seus conflitos pelas
expectativas perdidas e não compreendidas em relação aos filhos e ao
mito da família"normal";
 Muitas vezes a revelação da homoafetividade de um dos filhos pode vi-
venciar um processo carregado de culpa, rejeição, vergonha.
 Alguns pais alimentam um movimento de racionalização, "acreditando"
ser só uma fase do filho e tentam, ao máximo, mudar a orientação sexual
do filho(a).
 Após a revelação da homoafetividade o relacionamento familiar poderá
desenvolver os seguintes comportamentos em relação ao familiar homoafe-
tivo:
 Distanciamento afetivo, físico e emocional;
 Invisibilidade;
 Não aceitação e conflitos constantes;
 Aceitação restrita e contrato de silêncio para os não familiares;
 Aceitação e aproximação gradual da homoafetividade.

A Terapia Familiar trabalha no sentido de junto com a família rever e


transformar suas interações em formas mais claras e positivas de comunica-
ção. Procuramos investir na família mais voltados aos processos familiares,
ajudando-os na ressignificação dos seus significados.

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[Digite aqui]

Fonte:brenorosostolato.blogspot.com.br

Empreendemos esforço para que a família fortaleça uma maneira mais


efetiva e afetiva de compreender suas diferenças e semelhanças, revendo que
algumas mudanças são frutos de caminhadas lentas e que há situações nas
quais não conseguimos mudar
Algumas vezes, ao mesmo tempo que a pessoa está lidando com tudo
isso, está também em um relacionamento amoroso (que por si só não é uma
tarefa fácil), em que a outra pessoa pode estar passando pelas mesmas dificul-
dades, ou estar em um momento totalmente diferente. Tantas situações difíceis
e dolorosas podem desencadear transtornos de ansiedade e depressão, idea-
ção e tentativas de suicídio.

Para a psicologia comportamental a homossexualidade é tão natural


quanto ser heterossexual ou bissexual, e não é apenas uma escolha. A intera-
ção de nosso organismo com o ambiente resulta nas nossas ações, pensamen-
tos e sentimentos. Portanto, o indivíduo apresenta características inatas e a
interação delas com o ambiente definem a sua sexualidade.

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[Digite aqui]

Na psicologia não tratamos a homossexualidade, pois se pararmos para


pensar ela por si só não gera sofrimento, são as questões emocionais, sociais
e culturais que a envolvem que geram esse sofrimento, e portanto são essas
questões que discutimos em terapia.

9 TERAPIA DE CASAL HOMOSSEXUAL

Fonte:www.mensagenscomamor.com

A terapia de casal sempre teve grande procura nos consultórios e clínicas


de psicologia. E atualmente a procura por terapia de casal homossexual tem au-
mentado. As queixas são as mais variadas, tais como:
 Casais que não assumiram a sua sexualidade apresentam questões rela-
cionadas a assumi-la socialmente e assumir a relação em si. Muitas vezes
um está mais decidido em assumir que o outro e tem dificuldade de enten-
der o companheiro, o outro por sua vez sente-se pressionado e esta situa-
ção acaba gerando diversos conflitos;

 Problemas relacionados à adoção ou inseminação artificial;

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 Assim como na terapia de casal com heterossexuais a traição também é


uma queixa frequente em casais homossexuais. Casais que optam por um
relacionamento “aberto” muitas vezes procuram a terapia, pois tem dificul-
dades em delimitar seu funcionamento, o que pode causar desconfortos e
mágoas para uma ou ambas as partes;

 Disfunções sexuais, discrepância entre a frequência sexual desejada pelos


parceiros, problemas com a ejaculação (precoce ou retardada) e anor-
gasmia são queixas de ordem sexual que aparecem na terapia de casal;

 Problemas de comunicação, lidar com conflitos, depressão e dificuldade


financeiras são outros aspectos que levam o casal para o consultório de
psicoterapia.

Cada uma das queixas trazidas são trabalhadas visando a satisfação con-
jugal. Para isso buscamos em terapia melhorar a comunicação do casal, desen-
volvendo a escuta e aumentando o repertório de soluções de problemas.

Fonte:slideplayer.com.br

49
[Digite aqui]

BIBLIOGRAFIA

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