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Emoção e Motivação

Emoções

■ Estudar cientificamente todos os aspectos das emoções, tanto


em animais quanto em seres humanos, é uma tarefa
particularmente difícil, por duas principais razões:

■ Emoções são difíceis de DEFINIR SUBJETIVIDADE

■ Emoções são difíceis de MEDIR


AFETIVIDADE

É um termo genérico, que compreende várias modalidades


de vivências afetivas, como o humor, as emoções e os
sentimentos.
AFETIVIDADE
Tipos básicos de vivências afetivas:

1. Humor ou estado de ânimo


2. Emoções
3. Sentimentos
4. Afetos
5. Paixões

DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais


HUMOR

O humor, ou estado de ânimo, é definido como o tônus afetivo do


indivíduo, o estado emocional basal e difuso em que se encontra a pessoa
em determinado momento.

É a disposição afetiva de fundo que penetra toda a experiência psíquica, a


lente afetiva que dá às vivências do sujeito, a cada momento, uma cor
particular, ampliando ou reduzindo o impacto das experiências reais e,
muitas vezes, modificando a natureza e o sentido das experiências
vivenciadas.
DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais
HUMOR
O humor refere-se às emoções predominantes do paciente, sem estímulo contextual. Tem tanto um
componente subjetivo (a própria avaliação do paciente) quanto um objetivo (observado ou descrito
por outros, por seus acompanhares ou membros da equipe do hospital durante uma internação).
O humor do paciente, não importando se objetivo ou subjetivo, é mais bem descrito em termos que
definem estados emocionais.
Exemplos típicos incluem calmo, feliz, triste, ansioso, deprimido, alegre, eufórico, tenso, hostil, furioso
ou enraivecido, apático, sério e exaltado.

DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais


Emoções
São estados internos caracterizados por cognições, sensações, reações fisiológicas e
comportamento expressivo.
Davidoff, 2009.

Assim como o humor, as emoções são frequentemente acompanhadas de reações somáticas,


corporais (neurovegetativas, motoras, hormonais, viscerais e vasomotoras), mais ou menos
específicas. O humor e as emoções são, simultaneamente, experiências psíquicas e somáticas e
revelam sempre a unidade psicossomática básica do ser humano.
SENTIMENTOS

São estados e configurações afetivas estáveis; em relação às


emoções, são mais atenuados em sua intensidade e menos
reativos a estímulos passageiros. Os sentimentos estão
comumente associados a conteúdos intelectuais, valores,
representações e, em geral, não implicam concomitantes
somáticos.
Constituem fenômeno muito mais mental do que somático.
AFETO

Define-se afeto como a qualidade e o tônus emocional que


acompanham uma ideia ou representação mental.

Os afetos acoplam-se a ideias, anexando a elas um colorido afetivo.


Seriam, assim, o componente emocional de uma ideia.

Em acepção mais ampla, usa-se também o termo “afeto” para


designar, de modo inespecífico, qualquer estado de humor,
sentimento ou emoção.
PAIXÕES

A paixão é um estado afetivo extremamente intenso, que domina


a atividade psíquica como um todo, captando e dirigindo a
atenção e o interesse do indivíduo em uma só direção, inibindo os
demais interesses.

Muito estudado no campo da filosofia


Emoções e sentimentos
Algumas teorias entendem como sinônimos (TCC)

Outros com diferenças significativas (Neurobiologia)

Emoções: Emoções são programas de Sentimentos são as percepções compostas daquilo


ações complexos e em grande medida que ocorre em nosso corpo e na nossa mente
automatizados, engendrados pela quando uma emoção está em curso. No que diz
evolução. As ações são complementadas respeito ao corpo, os sentimentos são imagens de
por um programa cognitivo que inclui ações, e não ações propriamente ditas; o mundo
certas ideias e modos de cognição, mas o dos sentimentos é feito de percepções executadas
mundo das emoções é sobretudo feito em mapas cerebrais.
de ações executadas no nosso corpo, Esses sentimentos baseiam-se na relação única
desde expressões faciais e posturas até entre o corpo e o cérebro que privilegia a
mudanças nas vísceras e meio interno. interocepção.
Damásio, Antónío R. E o cértbro criou o Homem. Paulo: Companhia das Lttras. 2011.
Emoções e Sentimentos Neurociências Emoções Básicas
Existem vários tipos de emoções Neurociência ajuda a entender Existem emoções básicas,
e sentimentos que como as emoções são também conhecidas como
experimentamos diariamente. processadas em nosso cérebro e primárias, que são universais e
como elas afetam nosso compartilhadas por pessoas em
comportamento e saúde mental. diferentes culturas.
Gerenciamento

Inteligência Emocional

Daniel Goleman em 2019, nos ajuda a reconhecer,


entender e gerenciar nossas emoções para alcançar um
maior bem-estar emocional e sucesso em diversas áreas
da vida.

As emoções são aspectos essenciais de nossa experiência humana e desempenham um papel vital em
todos os aspectos de nossa vida. Aprofundar nossa compreensão das emoções nos permite viver de
maneira mais consciente, saudável e plena.
1 As emoções são codificadas em nossos
cérebros, enquanto processamos
informações ou experiências que
Expressão 2 desencadeiam respostas emocionais.

Expressar emoções é uma maneira


importante de comunicar nossos
sentimentos aos outros. O corpo, o rosto
e a linguagem corporal desempenham um 3 Regulação
papel crucial na expressão emocional.
A regulação emocional envolve a
capacidade de controlar e ajustar nossas
emoções, bem como gerenciar o impacto
das emoções em nossas interações e
tomada de decisões.
Influência Resiliência Empatia
Nossas emoções têm o A resiliência emocional A empatia nos permite
poder de influenciar nos capacita a lidar com os compreender e
nossos pensamentos, desafios e adversidades da compartilhar os
comportamentos e vida de forma saudável, sentimentos dos outros,
relacionamentos com os ajudando-nos a manter o fortalecendo nossas
outros. Aprenda a equilíbrio emocional conexões sociais e
reconhecer e lidar com mesmo em tempos estimulando
essa influência. difíceis. relacionamentos
saudáveis.
Importância das Emoções

Autorregulação emocional Inteligência emocional


A capacidade de regular nossas próprias emoções Competência emocional que nos permite
e reações. reconhecer, entender e gerenciar nossas próprias
emoções e as emoções dos outros.

Interação social Bem-estar emocional


O modo como experimentamos, expressamos e O estado de equilíbrio emocional e psicológico que
respondemos às emoções em nossas interações nos permite lidar com o estresse e aproveitar a
com outras pessoas. vida de maneira satisfatória.
Manifestação das Emoções

1. VERBAIS
2. OBSERVAÇÃO DO COMPORTAMENTO
3. INDICADORES FISIOLÓGICOS
Emoções

Cognitivo: pensamentos, crenças e expectativas que


determinam o tipo de intensidade da resposta
emocional.

Fisiológico: mudanças físicas internas no organismo,


resultantes de alerta emocional.

Comportamental: são sinais exteriores das emoções,


que estão sendo vivenciadas.
Emoções Sentidas X Emoções Demonstradas

Emoções Sentidas – São aquelas genuínas para o indivíduo.

Emoções Demonstradas – São adquiridas pela organização e consideradas


apropriadas para uma determinada tarefa. Elas não são inatas, são aprendidas.
O sentimento tenho e você não sabe se tenho ou não
tenho. E se você tiver um sentimento de profunda tristeza,
mas se me quiser enganar, e quiser comportar-se como se
estivesse alegre, vai me enganar mesmo, porque eu não
posso saber o que está dentro da sua cabeça, posso
adivinhar, mas é diferente.
Isso é uma diferença fundamental. É a diferença entre
aquilo que é mental e aquilo que é comportamental.

(António Damásio, neurocientista português em entrevista em 2015)


Emoções positivas X Emoções Negativas

Emoções positivas seriam aquelas que promovem o bem-estar, favorecem a


socialização e resultam geralmente de gratificações quando um desejo ou
necessidade é satisfeito.

Emoções negativas se relacionariam com as sensações de repulsa, raiva e


agressividade, que, no que lhe concerne, resultam ou interferem nas
desavenças nas relações interpessoais.

Cabe frisar que tal classificação é excessivamente relacionada a valores sociais,


que podem ser questionados a todo momento.
Dimensões das Emoções
Variedade – 6 tipos (Alegria, tristeza, nojo/desagrado, raiva, medo e a surpresa).

Intensidade – As pessoas dão respostas diferentes a estímulos emocionais idênticos.

Algumas vezes isso pode ser atribuído à personalidade de cada pessoa. Outras vezes, é
uma exigência do trabalho.
Dimensões das Emoções - VARIEDADE

1971 – 6 tipos (Alegria, tristeza, nojo/desagrado, raiva, medo e a surpresa).

1990 – 11 tipos (culpa, orgulho, vergonha, desprezo, contentamento, constrangimento, diversão


ou divertimento (amusement), excitação, satisfação, prazer sensorial e alívio)

Famílias de emoções; assim, encontraram 60 microvariações de expressões faciais para a


emoção “raiva”, distintas do conjunto de microvariações da emoção “medo”, ou da família de
emoção “nojo”, e assim por diante.
Dimensões das Emoções - VARIEDADE
Emoções secundárias ou não universais

Nesse grupo, está reunido um conjunto extenso de emoções, em geral mais


complexas do ponto de vista psicológico e neuropsicológico, mais aprendidas
socialmente e mais variáveis entre os subgrupos culturais.

Elas seriam construídas com mesclas de emoções de fundo, emoções primárias e


outras emoções sociais. Como exemplos de emoções sociais, ou secundárias,
podem ser citados vergonha, culpa, remorso, simpatia, compaixão, embaraço,
orgulho, ciúmes, inveja, gratidão, admiração, submissão, indignação e desprezo.
Teorias da afetividade e das emoções

Teoria de James-Lange (1884)

Nessa concepção teórica, a emoção era concebida como a percepção, a tomada de


consciência das modificações fisiológicas produzidas por determinados eventos:

“ Após as mudanças corpóreas, segue-se imediatamente a percepção do fato excitante,


e a emoção é o que sentimos dessas mudanças (corpóreas)”.

Assim, nessa teoria, “a pessoa primeiro vê o tigre, começa, em seguida, a suar, a


empalidecer, a ter taquicardia e, em consequência dessas mudanças corporais, passa,
então, a sentir propriamente o medo”.
Teorias da afetividade e das emoções
Teoria de James-Lange (1884)
James (1890/1952, p. 743) afirma que seria impossível imaginar o que sobraria da emoção “medo”
se não se sentisse o pulsar do coração, a respiração ofegante, o tremor dos lábios, o dobrar das
pernas, a “pele de ganso”. Seria outra coisa, mas não a verdadeira emoção.

Contra a teoria de James-Lange, tem-se verificado que, em várias situações fisiológicas, há


alterações viscerais e autonômicas sem qualquer concomitante emocional ou mental. No entanto,
em favor dela, verifica-se, nos indivíduos com lesões medulares, as quais impedem as sensações
proprioceptivas, alterações da qualidade das emoções. Tais indivíduos relatam uma mudança
radical na qualidade de suas emoções após a lesão medular. Falam que, a partir da lesão, sentem
uma “raiva fria” ou uma espécie de “raiva mental”, que parece uma raiva sem a força e a
intensidade que tinham antes da lesão, antes da supressão das informações corporais que
recebiam.
(Sanvito, 1982).
Teorias da afetividade e das emoções

Teoria de Cannon-Bard (1927, 1929)

No fim dos anos de 1920, uma hipótese sobre as emoções que refutava e
formulava uma alternativa à teoria de James-Lange (Cannon, 1927).

Com base em suas pesquisas com animais de laboratório, havia descoberto que
as informações sensoriais e fisiológicas passavam pelo diencéfalo,
especialmente pelo tálamo, antes de serem analisadas e processadas,
atingindo, então, as áreas corticais da percepção consciente e,
simultaneamente, as áreas fisiológicas do sistema nervoso autônomo. Não
seria possível, anatomicamente, que primeiro fossem ativadas as áreas
fisiológicas autonômicas e depois a percepção sensorial consciente.
Teorias da afetividade e das emoções

Teoria de Cannon-Bard (1927, 1929)

Nessa teoria, os estímulos que gerarão a emoção – por exemplo, a visão do


tigre –, ao passarem pelo tálamo, dividem-se em aferências que vão para o
córtex visual, produzindo a sensação ameaçadora de ver o animal, e,
simultaneamente, outras aferências, que vão para o hipotálamo, as quais geram
as respostas fisiológicas de taquicardia, sudorese, palidez. As respostas
fisiológicas e psicológicas do medo ocorreriam ao mesmo tempo, com
coordenação efetuada pelo tálamo.
Teorias da afetividade e das emoções

Teoria de Schachter-Singer, ou teoria dos dois fatores


(1962

O psicólogo social norte-americano Stanley Schachter (1922-1997),


juntamente com seu aluno, o psicólogo Jerome E. Singer (1934-2010),
formularam uma visão da emoção composta por dois grandes fatores: a
estimulação e resposta fisiológica geral; e a avaliação cognitiva e
atribuição de significado (também cognitivo) à experiência.

A avaliação cognitiva e atribuição de significado regula o sentido e a


intensidade da experiência afetiva, diferencia e dá qualidades específicas
às emoções. A experiência emocional é dominada por aspectos cognitivos
que assinalam o sentido que as emoções devem ter.
Teorias da afetividade e das emoções

Teoria de Lazarus (1966, 1977)

Apresentou uma teoria na qual se valoriza a avaliação cognitiva da


experiência emocional, atribuindo-lhe sentido negativo, positivo ou neutro.

A avaliação cognitiva imediata dispara a ativação fisiológica (taquicardia,


sudorese, palidez, etc.), e, então, ocorre a experiência completa da emoção.
Essa abordagem é particularmente útil no processo das terapias cognitivo
comportamentais.
Teorias da afetividade e das emoções

Teoria de Lazarus (1966, 1977)

No sentido oposto a essas teorias cognitivistas da emoção, o psicólogo social


polaco-americano Robert Zajonc (1923-2008) postulou uma teoria na qual o
processo emocional ocorre antes e independentemente da cognição, do
significado cognitivo que a experiência emocional irá ter.

Assim, o processamento emocional pode ocorrer na ausência de


conhecimento consciente (Zajonc, 1980). Essa teoria é atualmente reforçada
pelas pesquisas que descrevem ativações relacionadas a emoções na
amígdala, mesmo com estímulos não conscientes.
Teorias da afetividade e das emoções

Teoria de Lazarus (1966, 1977)

Essa teoria, na verdade, é inspirada no trabalho da psicóloga checacanadense


Magda B. Arnold (1903-2002), que formulou a teoria da avaliação das emoções
(appraisal theory), na qual, antes de a emoção surgir, há uma avaliação
automática e inconsciente do que está acontecendo e irá acontecer.

Isso deflagra uma ação, a tendência a se aproximar de situações agradáveis e se


distanciar de situações desagradáveis. Após isso, o indivíduo tem a experiência
final da emoção (Arnold, 1960).

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