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BRASIL – CHILE
OBRAS COMPLETAS
DE
VOLUME lII
© Editora Unilasalle, 2012
2. Regras do Decoro
e da Urbanidade Cristãos – RU
GE
Página de rosto da edição princeps do Guia das Escolas Cristãs,
publicado em Avinhão, em 1720.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 9
APRESENTAÇÃO
O Guia das Escolas é o livro que contém tudo o que os Irmãos das
Escolas Cristãs deviam levar em conta no modo de lecionar e dirigir as
escolas do Instituto.
A primeira edição é de 1720, ano seguinte ao da morte de São João
Batista de La Salle. Mas, no preâmbulo, avisa-se que o livro já existe há
tempo e, para chegar-se ao texto apresentado, foram feitas duas revisões.
Uma delas, por proposta do Capítulo Geral que elegeu o Irmão Bartolomeu
como sucessor do Fundador. O Capítulo pediu que fossem revistos alguns
pontos que constavam entre as normas, e o Fundador anuiu ao pedido.
A outra foi quando se decidiu imprimir o texto, no intuito de prepará-lo
do melhor modo possível para a edição. Na página de rosto desta edição
aparece claramente o lugar e o ano: Avinhão, na tipografia de José Carlos
Chastanier, 1720.
Mas na Biblioteca Nacional de Paris existe um manuscrito (n. 11.759),
cujo texto é substancialmente o mesmo que o da edição de 1720, embora
com significativo número de diferenças.
Considera-se que este manuscrito não é original, mas uma cópia,
por vezes feita um tanto de afogadilho. É lógico supor que, se os Irmãos
deviam observar as prescrições do Guia das Escolas – e se este não estava
impresso – teriam, pelo menos, de dispor de cópias manuscritas, uma no
mínimo em cada casa. E esta suposição torna-se mais verossímil quando
se leva em conta que se recomendava aos Irmãos que a lessem e relessem
com atenção, e ao Inspetor da Escolas e ao Diretor que, além disso, lhe
exigissem o cumprimento.
O manuscrito conservado em Paris não pode ser datado com preci-
são absoluta, mas há indícios que levam a situá-lo entre 1704 e 1706. Em
várias ocasiões, nos modelos de catálogos que se oferecem, consta a data
de 1706. E chama a atenção o fato de que, na edição de 1720, essas datas
tenham mudado para 1722.
Poder-se-ia pensar que essa obra era como que a “Regra” dos
Irmãos para a escola, assim como as Regras Comuns o eram para a vida
comunitária. O próprio prefácio do manuscrito de 1706 esclarece o assunto.
Diz que o livro não está concebido como regra e há nele muitos pontos
que será difícil cumprir, sobretudo por alguns Irmãos. Estimula, porém, e
recomenda que os Irmãos o observem cuidadosamente, como expressão da
vontade de Deus, manifestada através dos superiores.
O Guia das Escolas tem valor pedagógico de primeira ordem. Pôde
inspirar-se em outras obras ou práticas existentes na época. Mas não há
dúvida de que tipificou um estilo próprio de ensinar e educar que carac-
terizou as Escolas Cristãs, e que muitos outros pedagogos, alguns deles
fundadores de Institutos docentes, hauriram nele ideias educacionais.
Muitos pontos de que trata referem-se à organização pedagógica.
Outros poderiam ser chamados de psicologia educativa; outros de didática;
outros de espiritualidade pedagógica; outros de relações humanas, etc.
Observa-se que a finalidade do livro é assegurar a unidade de ação em
todas as Escolas Cristãs do Instituto fundado por São João Batista de La
Salle, e que a todo mestre jovem se ensinava a dar aula segundo as normas
do Guia.
É certo que, com o passar do tempo, houve pontos que se foram
tornando anacrônicos ou foram sendo superados pelas novas realidades.
Os próprios Irmãos que contribuíram para estabelecer o Guia o perceberam
e, na edição de 1720, diz-se que pontos impraticáveis ou inúteis foram
supressos. A mudança e a adaptação teriam que ser feitas necessariamente
12 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 0,0,1 Prefácio
Foi preciso redigir este Guia das Escolas Cristãs, para que
houvesse uniformidade em todas as escolas e localidades
em que se encontram Irmãos deste Instituto e para que as
práticas nelas fossem sempre idênticas. O homem é tão
inclinado ao relaxamento, inclusive à mudança, que necessita
regras escritas para retê-lo nos limites de seu dever e para
impedir que introduza alguma novidade ou destrua o que foi
sabiamente estabelecido.
GE 0,0,2 Este Guia só foi redigido em forma de regulamento1 após
numerosas trocas de ideias entre os Irmãos2 mais antigos
deste Instituto e os mais aptos em dar aula, e após experiência
de vários anos. Nada foi nele introduzido que não fosse
muito consensual e bem comprovado, de que não se tivessem
ponderado as vantagens e inconvenientes e previsto, tanto
quanto possível, as boas ou más consequências.
GE 0,0,3 Este Guia não foi elaborado como Regra – por haver nele
várias práticas apenas em vista de se alcançar o melhor
possível e que, talvez, não possam ser facilmente observadas
pelos pouco aptos em dar aula, e por serem várias delas
acompanhadas e apoiadas por razões para as fazer com-
preender e dar a conhecer o modo de utilizá-las. Os Irmãos,
no entanto, se esforçarão, com grandíssimo esmero, por se
tornarem fiéis na observância de todas essas práticas, per-
suadidos de que só haverá ordem em suas classes e escolas
na medida em que se for exato em não descuidar nenhuma
delas. Acolherão este Guia como dado por Deus, através da
mediação dos Superiores e dos primeiros Irmãos do Instituto.
1
O texto impresso de 1720 diz: só foi coletado e ordenado (pelo falecido Senhor
de La Salle). (As notas de rodapé são do coordenador da tradução portuguesa).
2
1720: entre ele e os Irmãos
20 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
3
1720: só publica as duas primeiras, embora anuncie e dê o plano das três.
4
1720: substitui esta última frase por: Esta terceira parte será usada somente
pelos Irmãos Diretores e formadores dos novos mestres.
5
1720: “Os Irmãos Diretores das casas do Instituto...”. É que as Regras Comuns
(12,1) estatuíam que “os Irmãos darão o nome de Superior somente ao Irmão
Superior do Instituto”.
6
O texto impresso de 1720 repete esse prefácio. Mas o Irmão Superior Geral,
Irmão Timóteo, o precede com uma carta de apresentação, na qual: 1º Reconhece
o zelo demonstrado pelos Irmãos no exercício de seu transcendente ministério.
2º Lembra a solicitude de La Salle para que este ministério fosse realizado
bem e de forma uniforme nas Escolas Cristãs, redigindo, para isso, um Guia,
melhorado por ele, a pedido da assembleia de 1717. 3º Fala, por um lado, do
interesse dos Irmãos de terem cópia do Guia e, por outro, da dificuldade para
fazer cópias manuscritas dele para atendê-los, além do fato de nestas cópias
se irem introduzindo erros por falhas dos copistas. 4º Por isso, comunica que,
respondendo a desejo pessoal e a pedido dos Irmãos, decidiu imprimir esse
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 21
GE 1 PRIMEIRA PARTE
DAS ATIVIDADES REALIZADAS NAS ESCOLAS CRISTÃS7
E DO MODO COMO DEVEM SER FEITAS
Capítulo 1º
Da entrada na escola e do início das aulas
GE 1,1 Artigo 1º
Da entrada dos alunos na escola8
GE 1,1,1 A porta das escolas será aberta sempre às sete e meia pela
manhã e a uma hora, à tarde.
GE 1,1,2 Os alunos, tanto pela manhã, como pela tarde, terão sempre
meia hora para se reunirem.
GE 1,1,3 Cuidar-se-á para que não se aglomerem na rua em que está
a escola, antes da abertura da porta, e não façam algazarra,
gritando ou cantando.
GE 1,1,4 Não se tolerará que brinquem, correndo ou jogando, durante
esse tempo, no quarteirão junto à escola; ou que, de qualquer
forma que seja, incomodem os vizinhos; mas cuidar-se-á que
andem de modo tão comportado na rua onde está a escola, e
que permaneçam depois, ante a porta, aguardando que seja
aberta, com tal compostura que os passantes possam ficar
edificados.
GE 1,1,5 O primeiro mestre ou Inspetor das escolas terá o cuidado de
encarregar um dos alunos mais bem comportados de observar
quem faz algazarra enquanto se reúnem. Esse aluno somente
observará, sem nada dizer, e comunicará, depois, ao mestre o
que passou, sem que os outros o possam perceber.
texto, após providenciar pela remoção do que nele havia de inútil. 5º Faz votos
de que o Guia impresso seja bem acolhido e sirva de fonte de prudência e
sabedoria necessárias na realização do ministério, com a realização do qual os
Irmãos se salvarão a si mesmos e a muitos outros.
7
1720 elimina: Cristãs
8
1720 não traz este subtítulo.
22 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
9
1720 elimina este parágrafo.
10
1720: nem perceber que os outros estudam.
11
1720 elimina: o mínimo
12
1720 elimina: rigorosamente
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 23
13
1720: elimina o que segue.
14
O parágrafo seguinte mostra como as crianças podem estudar sem saberem
ainda ler.
15
1720: um aluno
16
1720: Cada aluno de todas as lições de cada cartaz lerá, um após outro,
seguindo a ordem dos bancos. Enquanto o encarregado da leitura lê em voz
alta, todos os demais, olhando juntos no cartaz a letra ou a sílaba apontada, a
leem em voz sumida, de forma a...
17
1720: O que for designado
18
GE 3,2,1.
19
1720: o fará sem corrigir e sem dizer...
20
1720: seja fiel
21
1720: antes deles
24 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 1,2 Artigo 2º
Da entrada do mestre e do início da aula
GE 1,2,1 Os mestres dirigir-se-ão às escolas assim que terminar a reza
do terço, tanto na parte da manhã como de tarde23, logo depois
das Ladainhas de São José, sem deter-se em nenhum lugar da
casa24.
GE 1,2,2 Andarão muito modesta e silenciosamente, com passo não
apressado, porém moderado, e conservando os olhos e todo o
exterior em grande reserva.
GE 1,2,3 Ao entrarem na escola, se descobrirão, tomarão água benta
com muito respeito. Chegados ao centro de sua classe25, farão
inclinação ao crucifixo, por-se-ão de joelhos, farão o sinal da
santa cruz e, em seguida, breve oração; depois, feita inclina-
ção ao crucifixo, irão a seu lugar.
GE 1,2,4 Quando os mestres entrarem na escola, todos os alunos da
classe26 de cada mestre se levantarão, ficando de pé até que o
mestre tiver ocupado seu lugar.
GE 1,2,5 Aqueles diante dos quais ele passar, o saudarão, a seu passo;
os demais o farão quando ele tiver chegado ao meio da sala
para fazer sua oração; e todos saudarão de novo o mestre
22
1720: raramente,
23
No original consta: “nos dias de jejum”, sem se perceber o porquê deste
acréscimo.
24
1720 suprime: da casa.
25
1720: chegados à sua classe,
26
1720: de cada classe
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 25
27
1720 simplifica este parágrafo: Aqueles diante dos quais ele passar o saudarão
quando ele se colocar de joelhos para fazer sua oração, e não se sentarão
enquanto ele não o tiver feito.
28
No original diz-se: “cloche” (sino). Mas a edição princeps (p. 228, por erro,
118), diz claramente do que se trata: ...na classe dos escreventes, haverá uma
pequena sineta para dar o sinal para os exercícios da escola.
29
1720: com os braços cruzados e os olhos baixos,
30
Vinde, Santo Espírito,
31
1720: Os outros alunos
32
1720 introduz: Pela manhã, o encarregado das orações rezará a bênção da
comida em latim: Benedicite, e, após o desjejum, a ação de graças: Agimus
26 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 2 Capítulo 2º
Do desjejum e da merenda
GE 2,1 Artigo 1º
Das coisas a que o mestre deverá estar atento durante o
desjejum e a merenda
GE 2,1,1 O mestre deve estar atento a que os alunos tragam diariamente
o necessário para o desjejum e a merenda, a não ser que esteja
seguro de sua pobreza33.
GE 2,1,2 Não permitirá que tragam carne e, se alguém a trouxer, fará
com que seja dada aos pobres que ele sabe que não a comem
em sua casa34.
GE 2,1,3 Cuidará também que não joguem caroços nem cascas no
chão, mas os obrigará a guardá-los nos bolsos ou sacolas.
GE 2,1,4 Para estar seguro de que não tomaram seu desjejum e que o
trouxeram, fará com que todos o mostrem assim que a oração
tiver terminado e antes que se inicie a comer. Se alguém que
o devia trazer não o traz, será castigado.
tibi gratias. Após o meio-dia, rezará estas orações em francês, assim como
está no livro de orações. O livro de orações de que se fala é o dos Exercícios de
Piedade feitos ao longo dia nas Escolas Cristãs.
33
1720 não conserva: a não ser que esteja seguro de sua pobreza. Mas acrescenta:
Em lugar determinado da sala, será colocada pequena cesta, na qual os alunos,
sem serem obrigados a isso, poderão colocar, se quiserem, o pão que lhes tiver
sobrado, para ser distribuído aos que são pobres. Os mestres estarão atentos
a que não deem tanto pão que não fiquem com o suficiente para si mesmos.
Os que tiverem pão para dar, levantarão a mão, mostrando o pedaço que têm
para oferecer. Um aluno, encarregado de recolher as esmolas, irá recebê-las.
E, quando os alunos estiverem terminando de comer, os mestres distribuirão o
pão aos mais pobres, exortando-os a rezarem por seus benfeitores.
34
1720 exclui este parágrafo, bem como o 2,1,4; 2,1,5 e 2,1,6.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 27
GE 2,2 Artigo 2º
Do que se faz durante o desjejum e a merenda
GE 2,2,1 Durante o desjejum e a merenda, dois alunos, estando no meio
da classe, um de um lado e outro de outro, farão a recitação.
35
1720 acrescenta: excetuado os que estão ocupados com a escrita.
36
Em 1720 o resto do parágrafo desaparece.
37
1720 substitui este parágrafo por: Os mestres cuidarão para que os alunos, na
medida do possível, tenham terminado o desjejum às oito horas e meia.
28 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 2,2,2 Nos dois primeiros dias da semana em que houver aula o dia
inteiro, os alunos que leem sem silabar, durante o desjejum
farão recitação da oração da manhã, e durante a merenda,
da oração da tarde38; nos dois últimos dias da semana em
que houver aula o dia inteiro, os alunos recitarão, durante o
desjejum e a merenda, o que tiverem aprendido ao longo da
semana no catecismo da diocese. O mestre cuidará para que
todos, sem exceção de ninguém, o recitem nesses dois dias.
O que deverão ensinar em cada aula, no decorrer da semana,
lhes será indicado pelo Irmão Diretor39.
GE 2,2,3 Para esse efeito, em cada classe haverá um ou mais catecismos
da diocese, nos quais serão indicadas, por algarismos e por
barras, todas as lições que os alunos dessa classe e dessa lição
deverão aprender cada semana, de acordo com a lição em que
estiverem40.
GE 2,2,4 Na quarta-feira, quando na quinta-feira for feriado todo o
dia, ou no dia livre na parte da tarde, se houver uma festa na
semana, os que leem latim, recitarão as respostas da santa
Missa no desjejum41.
GE 2,2,5 Se na classe em que se recitam as respostas da santa Missa
houver alunos que já as saibam ou sejam capazes de as
aprender, embora ainda não leiam o latim, o mestre se
empenhará para que as saibam bem e igualmente a eles lhas
fará recitar.
GE 2,2,6 Os alunos que recitarão todas as coisas de que se fala acima,
deverão tê-las aprendido de cor em casa ou durante o tempo
38
1720 acrescenta: Nas aulas dos que escrevem, na segunda e na terça-feira,
durante o desjejum e a merenda, um aluno ficará num lugar indicado, recitando,
com voz inteligível, todas as orações: durante o desjejum, a oração da manhã
e, após o meio-dia, a da tarde, os mandamentos de Deus, os da Igreja, e o
Confiteor. O mesmo farão todos, uns depois dos outros. Se exigirá dos alunos
que aprendam as orações de cor e, durante o desjejum e a merenda desses dois
dias, as recitarão, e o Inspetor admoestará os que não as souberem.
39
1720 continua: ou o primeiro mestre.
40
1720 corta este parágrafo.
41
1720 acrescenta: e mesmo na primeira meia hora do catecismo da tarde.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 29
42
1720 acrescenta: na escola.
43
1720 continua: Também se fará com que as aprendam e recitem os que não as
sabem, embora já estejam há tempo na lição de escrita.
44
No original, reintera-se: recitarão as respostas da santa Missa.
45
GE 13,5,1.
46
1720 só guarda a primeira frase deste parágrafo.
47
1720 acrescenta, neste início: Nas classes dos menores,
48
Esse termo, acrescido em 1720, corresponde a uma espécie de recitador das
orações.
49
Sinal: Pequeno instrumento usado pelo professor lassaliano para comunicar
ordens através de ruídos e sinais convencionados (Cf. adiante: 12,0,4 – 12,0,5).
30 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
50
GE 18,2.
51
1720 acrescenta: para que todos os possam ouvir,
52
1720: muito cuidadosamente
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 31
o que está sendo recitado aos que nota não estarem53 atentos.
Caso estes não souberem responder, lhes imporá alguma
penitência ou os castigará, de acordo com o que julgar
conveniente54.
GE 2,2,15 No decorrer desta recitação, o mestre terá em mãos, ou o livro
de orações ou o catecismo e tratará de que os alunos façam a
recitação com55 exatidão e muito baixo.
GE 2,2,16 Os alunos que aprendem as letras ou as sílabas nos cartazes ou
no silabário, e que soletram e leem no segundo livro, recitarão
as orações durante o desjejum e a merenda, não somente nos
dois primeiros dias da semana, mas também nos dois dias em
que se deve recitar o catecismo56.
GE 2,2,17 Os que aprendem a ler no primeiro cartaz aprenderão e
recitarão somente o Pater, a Ave, o Credo57, em latim e em
francês, o Confiteor58 em francês como estão no livro de
orações das Escolas Cristãs.
GE 2,2,18 Os que leem no segundo cartaz aprenderão e recitarão os atos
de presença de Deus, de invocação ao Espírito Santo, de adora-
ção e de agradecimento, que se encontram sequencialmente
tanto no começo da oração da manhã, como da tarde.
GE 2,2,19 Os que leem no Silabário aprenderão e recitarão, um depois
do outro, de acordo com a ordem seguinte: os atos de ofere-
cimento e de petição, contidos na parte da oração da manhã; o
ato de apresentar-se a Deus com confusão; o ato de contrição
e o ato de oferecimento do sono, que se encontram na oração
53
1720: suficientemente
54
1720: o que julgar necessário.
55
1720: com grande exatidão e muito bem.
56
1720 reduz este parágrafo e o subsequente (2,2,17) ao seguinte texto: Nos dois
primeiros dias da semana e nos dois dias em que se deve recitar o catecismo, os
que estudam suas letras no cartaz do alfabeto, aprenderão e recitarão somente
o Pater, a Ave, o Credo e o Confiteor em latim e em francês, como estão no livro
de orações das Escolas Cristãs.
57
Creio (em Deus),
58
(Eu, pecador, me) confesso
32 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
59
1720: que devem recitar todos os
60
1720: Os que soletram e
61
1720 omite este parágrafo e o seguinte (2,2,24).
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 33
62
Dignai-vos (conceder-me) que vos louve, ó Virgem Sagrada;
63
Dai-me força para lutar contra vossos inimigos.
64
1720 pormenoriza assim o restante deste parágrafo: Em seguida, dirá, sobre a
cruz do rosário: Credo in Deum; sobre o grão maior que segue, rezará o Pater
noster, etc. e, sobre cada um dos três grãos menores, recitará uma Ave Maria.
Após isso, dirá: Gloria Patri, etc. e: Sicut erat, etc. Continuará, da mesma forma,
a recitar a dezena seguinte, no final da qual, dirá novamente Gloria Patri, etc.
Depois que este terminou, o outro rezará, também em voz forte e inteligível, o
que seu colega recitou. Assim, um depois do outro, recitará apenas essa dezena
do terço. O mestre lhes explicará que, para recitar um terço, é preciso rezar
seis dezenas iguais à rezada.
65
1720: Assim, rezarão apenas, um depois do outro, essa dezena do terço,
34 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 2,3 Artigo 3º
Da coleta feita para os pobres e da maneira de fazer sua
distribuição69
GE 2,3,1 Durante o desjejum e a merenda, um dos alunos, a saber, o
primeiro de um dos bancos da frente, terá diante de si uma
cesta para recolher pão para os pobres. Os que tiverem trazido
pão em quantidade poderão dar algum pedaço dele, ou o que
lhes tiver sobrado depois de haverem comido o suficiente. O
mestre, contudo, estará atento para que não deem tanto pão
que não sobre o suficiente para eles.
GE 2,3,2 De vez em quando, durante o próprio tempo do desjejum, os
estimulará a esta ação caritativa, seja por algum exemplo,
seja por alguma razão tocante, que os anime a fazê-la de bom
grado e com gosto, por amor de Deus.
GE 2,3,3 Algumas vezes, louvará algum aluno que tiver feito esta ação
de forma caritativa, por exemplo, privando-se da fruta trazida,
66
Maria, mãe da graça, mãe da misericórdia, defendei-nos do inimigo, e buscai-
nos na hora da morte.
67
GE 3,1,3.
68
1720 omite essa frase.
69
1720 omite este artigo.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 35
70
GE 18,3.
71
GE 2,1,6.
36 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 3 Capítulo 3º
Das lições
GE 3,1 Artigo 1º
Das lições em geral
GE 3,1,1 Seção 1ª
Daquilo que se refere a todas as lições
GE 3,1,2 Existem nove espécies de lições nas Escolas Cristãs: 1.
o cartaz do alfabeto; 2. o cartaz das sílabas; 3. o silabário;
4. o primeiro72 livro; 5. o73 segundo livro, no qual os que
souberem silabar perfeitamente começam a ler; 6. o terceiro
livro, que serve para aprender a ler por pausas; 7. o saltério;
8. a Urbanidade; 9. os manuscritos.
GE 3,1,3 Todos os alunos, de todas as lições, exceto os que leem nos
cartazes, serão distribuídos em três ordens: a primeira, dos
principiantes; a segunda, dos médios; e a terceira, dos avan-
çados e dos perfeitos nesta lição.
GE 3,1,4 Os principiantes são assim chamados, não porque apenas
começam a estar nesta lição, pois vários poderiam permanecer
muito tempo nessa ordem de lições pelo fato de não haverem
evoluído o suficiente para serem colocados numa ordem mais
adiantada.
GE 3,1,5 A ordem dos iniciantes em cada lição é, portanto, formada
por aqueles que ainda cometem muitos erros na leitura. A
ordem dos médios em cada lição será formada por aqueles
que poucos erros cometem ao ler, isto é, no máximo um ou
dois cada vez.
72
1720: o segundo livro, para aprender a soletrar e a ler por sílabas;
73
1720: o mesmo segundo livro,
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 37
74
1720: quase erro algum.
75
1720: neste Guia,
76
Modo simultâneo, em lugar do modo individual de ensino, anteriormente em
voga no ensino primário.
38 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 3,1,13 Seção 2ª
Da postura que deverão ter mestres e alunos e da maneira
como deverão portar-se durante as lições
GE 3,1,14 O mestre deve ficar sempre sentado ou de pé, diante de sua
cadeira, em todas as lições, tanto as dos cartazes, como as dos
livros ou dos manuscritos.
GE 3,1,15 Não deve deixar seu lugar sem grande necessidade e, com
um mínimo de atenção, descobrirá que essa necessidade é
muito rara.
GE 3,1,16 Cuidará de guardar exterior muito reservado e manter-se
muito sério, sem deixar-se levar por nada de inconveniente
ou que tenha algo pueril ou de um escolar, como seria rir ou
fazer algo que pudesse levar os alunos a rir.
GE 3,1,17 Essa gravidade exterior77 exigida do mestre não consiste em
manter aparência austera, em mostrar-se amuado, nem em
dizer palavras duras. Consiste, antes, em grande controle78
nas ações e nas palavras.
GE 3,1,18 O mestre tomará especialmente cuidado de não se familiarizar
com os alunos, de não lhes falar de maneira frouxa e de não
tolerar que lhe falem a não ser com grandíssimo79 respeito.
GE 3,1,19 Para cumprir bem seu dever, o mestre deve estar formado
para poder fazer simultaneamente estas três coisas80: 1º
vigiar sobre todos os alunos, para levá-los a cumprirem bem
o dever e para mantê-los em ordem e silêncio; 2º ter nas
mãos, no decorrer de cada lição, o livro que se esteja lendo
no momento e cuidar de acompanhar o leitor; 3º prestar
atenção ao leitor e à maneira como lê, a fim de corrigi-lo ao
cometer algum erro.
77
1720 omite: exterior
78
1720: controle nos gestos, nas ações e nas palavras.
79
1720: grande
80
1720 elimina: simultaneamente
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 39
81
GE 15 explicita em que consistem as penitências e os castigos ou correções.
82
1720: e mais ordinariamente
83
Estar coberto no interior de aposento é o normal (RU 204,1,219), e no caso
presente serve para saber os que já leram.
40 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 3,1,24 Seção 3ª
Do que deve fazer cada mestre a fim de preparar os alunos
para serem promovidos a outra lição
GE 3,1,25 Os mestres nunca mudarão de lição nem de ordem de lição a
nenhum aluno de sua classe. Apenas apresentarão84 ao Inspetor
os [nomes dos] julgados aptos para serem promovidos.
GE 3,1,26 Cuidarão muito particularmente de não apresentar ao Inspe-
tor, para ser promovido, nenhum aluno que não esteja bem
capacitado. Os alunos desanimam facilmente se, aprovados
pelo mestre, não são promovidos pelo85 Inspetor.
GE 3,1,27 Para que nenhum mestre se engane sobre a capacidade dos
alunos para serem promovidos de lição, cada um deles exa-
minará, no final de todo mês, no dia que lhe for assinalado
pelo Irmão Diretor ou pelo Inspetor das escolas, todos os
alunos de todas as lições e de todas as ordens de lição, para
verificar os que estão em condições de serem promovidos no
final do mês86.
GE 3,1,28 Após este exame, os mestres assinalarão em seus catálogos,
com furo de alfinete, após87 cada nome, os por eles reconhecidos
como incapazes88 de serem promovidos de lição. E se houver
alguns sobre cuja capacidade tiver dúvida ou que não lhe
pareçam estar suficientemente preparados a fim de passar a
uma lição superior, ou a uma ordem superior da mesma lição,
dá-los-ão a conhecer ao Inspetor das escolas89, para que este
possa examiná-los acuradamente. Depois, em casa, durante
o tempo da escrita e no dia marcado pelo Irmão Diretor, o
mestre fará uma lista dos alunos sem condições de serem
promovidos de lição ou de ordem de lição90.
84
1720: ao Irmão Diretor ou ao Inspetor das escolas
85
Irmão Diretor ou Inspetor.
86
GE 24,1,1 explicita os que não poderão ser mudados.
87
1720: antes e ao lado de
88
1720: capazes
89
1720: os indicarão no mesmo lugar, com furo duplo, para que o Diretor possa...
90
1720 omite esta última frase. Mas a seguir orienta sobre como indicar os
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 41
GE 3,2 Artigo 2º
Dos cartazes94
GE 3,2,1 Seção 1ª
Dos dois cartazes, daquilo que devem conter e da maneira
de colocar os alunos que neles leem
GE 3,2,2 Os alunos que ainda não aprenderam nada, não utilizarão livro
para ler enquanto não começarem a soletrar bem as sílabas de
duas e três letras.
GE 3,2,3 Para tanto, na primeira classe, haverá dois grandes cartazes
afixados na parede a uns seis ou sete pés de altura, a contar da
parte superior dos cartazes até o piso. Um dos cartazes estará
preenchido por letras simples, minúsculas e maiúsculas, e por
ditongos95; o outro, por sílabas de duas ou três letras.
GE 3,2,3-1 (Desde GE 3,2,3-1 até GE 3,2,3-9 segue-se o manuscrito de 1706).
(19,0,1) Os dois cartazes serão confeccionados da seguinte maneira, e
serão os mesmos nas casas das Escolas Cristãs:
1º cartaz: do alfabeto
a b c d e A B C D E
f g h i y F G H I Y
j l m n o J K L M N
p q r s f P Q R T U
t u v x z q d h b p
& oe ae ct ft sl ss sst ffl si (*)
94
1720 omite esse título.
95
1720 acrescenta: e letras ligadas,
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 43
me ba et eux ai ga nos
em ji jo hu of cu qui
oeu en ci cho vu go ont
ny ge in gne ah on sça
im eu xi gue hé ou pei
est cé el cum gu ji nez
om ex ir hau co ze moy
96
1720 acrescenta: Não compreendidas as molduras.
44 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
97
1720 omite: todas
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 45
GE 3,2,7 Seção 2ª
Da maneira de fazer ler no primeiro cartaz98
GE 3,2,8 Todos os alunos que leem neste cartaz terão como lição
somente uma linha de letras minúsculas e99 maiúsculas. Só
lerão na linha seguinte depois de saberem perfeitamente as
que têm que aprender. Mas, para que não esqueçam as linhas
precedentes, já aprendidas, acompanharão e dirão em voz
baixa, olhando atentamente, as letras pronunciadas alto por
aquele que lê.
GE 3,2,9 Cada aluno desta lição lerá sozinho e em particular, pelo
menos três vezes, todas as letras100 da linha que tem por lição;
uma vez, em forma seguida, e nas outras duas vezes sem
ordem, para que não saiba as letras apenas por rotina.
GE 3,2,10 Quando um aluno não souber ler uma letra, se ela é minúscula,
o mestre lhe mostrará a maiúscula de mesmo nome. Se não
souber nem uma nem outra, mandará que a leia alguém que
o saiba fazer bem, e por vezes, inclusive, que não seja da
mesma lição. Não tolerará que um aluno troque mais de duas
vezes uma letra por outra, como seria ler b, q, p em lugar de
d e, c101.
GE 3,2,11 Se alguém tiver dificuldade para memorizar alguma letra, o
mestre o madará repeti-la diversas e seguidas vezes, e o aluno
não será promovido de linha sem que saiba perfeitamente esta
letra, assim como todas as demais.
GE 3,2,12 Quando um aluno tiver aprendido todas as letras102 do alfa-
beto, antes de ser promovido ao segundo cartaz103, terá por
lição, durante alguns dias104, o alfabeto inteiro, cujas letras se
98
1720: no alfabeto
99
1720: ou
100
1720: minúsculas e maiúsculas
101
1720 acrescenta: e assim com as outras (letras).
102
1720: todas as linhas
103
1720: para as sílabas,
104
1720: até o fim do mês,
46 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
105
1720: Elimina: muito perfeitamente. Mas acrescenta: Não será mudado desta
lição se não souber todas as letras muito distintamente.
106
Em 1720 este parágrafo ganha outra redação: Os que leem no alfabeto acom-
panharão e olharão, com os que têm as sílabas por lição, durante todo o tempo
em que as lerem; os que leem sílabas olharão igualmente no alfabeto e seguirão
essa lição por todo o tempo.
107
1720: no alfabeto seguirão e acompanharão os que têm as sílabas por lição...
Trata-se de fazer seguir conjuntamente alunos de duas lições diferentes.
108
1720: do alfabeto e das sílabas,
109
1720: e as sílabas
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 47
110
1720: designadas
111
Nos dicionários do tempo, as palavras iniciadas por i e j ainda vêm efetivamente
escritas num único bloco. Da mesma forma, as começadas por u e por v.
112
1720: do i e do u vogal
113
1720: estas duas letras: ct, é preciso dizer primeiro somente c, e depois, após
pequena pausa, dizer t, e o mesmo com as outras letras.
48 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 3,2,22 Seção 3ª
Da maneira de fazer ler no segundo cartaz114
GE 3,2,23 No segundo cartaz115 far-se-á ler sequencialmente como116
nos livros.
GE 3,2,24 Os que aprendem no primeiro cartaz olharão e acompa-
117
114
1720: no quadro das sílabas.
115
1720: no quadro das sílabas
116
1720: na lição dos livros, e o mestre sempre indicará a sílaba com a vareta.
117
1720 elimina este parágrafo.
118
GE 3,2,14.
119
1720: Os alunos desta lição lerão
120
1720: uma pequena pausa entre as letras de uma sílaba, façam também uma
maior entre cada sílaba,
121
1720: cauda ou vírgula.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 49
GE 3,3 Artigo 3º
Do Silabário124
GE 3,3,1 O primeiro livro em que os alunos aprenderão125 nas Escolas
Cristãs, constará de todo tipo de sílabas francesas com duas,
três, quatro, cinco, seis e sete letras, e de algumas palavras,
para facilitar a pronúncia das sílabas.
GE 3,3,2 Esse livro corresponde a uma só lição e126 sempre são dadas
duas páginas por lição.
GE 3,3,3 Os principiantes não devem ler nele menos de duas linhas; os
demais, pelo menos três, de acordo com o número de alunos
e o tempo de que o mestre dispuser.
GE 3,3,4 Os que começam a ler no silabário assinalarão as sílabas com
vareta de madeira ou de arame, que ficará sempre na classe,
a fim de poderem seguir mais facilmente e não se exporem a
perder de vista o lugar onde se está lendo127.
GE 3,3,5 Para que o aluno recém colocado nessa lição possa acostumar-
se a seguir em seu livro enquanto os outros leem, o mestre
terá o cuidado de lhe dar, durante alguns dias, segundo o
julgar necessário, um colega para lhe ensinar a maneira
122
1720: ele é chamado g brando e
123
1720: Por exemplo: ge, gi. Faz-se estas duas sílabas soar como je, ji.
124
La Salle publicou, em 1698, um Silabário Francês, de 72 páginas, do qual não
sobrou nenhum exemplar.
125
1720: a ler
126
1720 só conserva a segunda parte desta dupla afirmação, trocando, nela, a
palavra sempre por ordinariamente.
127
1720 suprime este parágrafo.
50 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 3,4 Artigo 4º
Do primeiro livro
GE 3,4,1 O primeiro livro de texto seguido a ser utilizado nas
Escolas132.
128
1720: acrescenta: com ele no mesmo livro. E elimina: pelas extremidades,
129
1720: o pequeno tratado
130
1720: uma vírgula
131
1720: Separando e distinguindo bem todas as letras: q, u, o. c, a, r. t, a, r, e assim
por diante,
132
1720 completa: Cristãs será um texto seguido. Os que nele lerem somente
soletrarão, e sempre lhes será dada uma página por lição.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 51
133
1720: aproximadamente pelo menos
134
Não penseis no que haveis de dizer,
52 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 3,5 Artigo 5º
Do segundo livro
GE 3,5,1 O segundo livro a ser utilizado nas Escolas Cristãs135. Os
alunos só terão esse livro como lição quando souberem ler
perfeitamente, sem titubear.
GE 3,5,2 Haverá dois tipos de leitores desse livro: uns que soletrarão e
lerão por sílabas; e outros que não soletrarão e lerão somente
por sílabas.
GE 3,5,3 Todos terão a mesma lição e, enquanto um soletrar ou ler,
todos os demais da mesma lição o acompanharão, tanto os
que soletrarem e lerem, quanto os que apenas lerem.
GE 3,5,4 Todos os que soletram e leem, pela manhã, apenas soletrarão
e não lerão136; depois do meio-dia, soletrarão e lerão: primeiro
soletrarão; segundo, depois que todos tiverem soletrado, lerão
indistintamente com os que somente leem.
GE 3,5,5 Se os que somente leem estiverem na mesma classe dos que
soletram e leem, enquanto estes soletrarem, os demais apenas
acompanharão.
GE 3,5,6 O mestre cuidará, no entanto, para, de vez em quando, sur-
preender alguns, fazendo-os soletrar algumas palavras, para
verificar se efetivamente acompanham.
GE 3,5,7 Todos os que lerem neste livro, lerão somente por sílabas,
isto é, com pausa igual entre cada sílaba, sem considerar as
palavras que elas compõem. Por exemplo: Es-ti-en-ne plein
de foi et du Saint Es-prit fai-sait de grands pro-di-ges137.
135
1720 completa: será um livro de instruções cristãs.
136
1720 elimina: todos e: e não lerão;
137
Estevão, cheio de fé e do Espírito Santo, fazia grandes prodígios (At 6,5.8).
1720 coloca outra frase: Cons-tant-tin, Em-pe-reur, as-sis,ta au con,ci,le, de
Ni-cé (Constantino, Imperador, assistiu ao Concílio de Niceia).
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 53
GE 3,6 Artigo 6º
Do terceiro e quarto livros139
GE 3,6,1 O terceiro livro a ser utilizado nas Escolas Cristãs para
aprender a ler140.
GE 3,6,2 Os que lerem nesse livro o farão por frases seguidas e só
fazendo pausas nos pontos e nas vírgulas. Nessa lição serão
admitidos unicamente os que souberem ler perfeitamente por
sílabas141.
GE 3,6,3 Serão dadas cada vez duas a três páginas como lição, indo de
uma unidade142 de sentido a outra.
GE 3,6,4 Os iniciantes lerão aproximadamente oito linhas; e os adian-
tados, doze a quinze, de acordo com o número de alunos e o
tempo de que o mestre dispuser.
GE 3,6,5 Aos que leem no terceiro livro serão ensinadas143 todas as
regras da pronúncia francesa, a maneira de pronunciar per-
feitamente as sílabas e as palavras, assim como fazer soar as
consoantes no final das palavras quando a palavra seguinte
iniciar por uma vogal.
138
1720: aproximadamente
139
1720: Do terceiro livro
140
1720 completa: será aquele que, em cada local, os Irmãos Diretores combinarem
com o Irmão Superior do Instituto.
141
1720 enfatiza: sem cometer erros.
142
1720 acrescenta: um capítulo, um artigo, ou uma seção.
143
1720: também
54 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 3,7 Artigo 7º
Dos cartazes das vogais e consoantes, pontuações e acentos
e do cartaz dos algarismos
GE 3,7,1 Aos alunos que estão no terceiro livro se ensinará a conhecer
as vogais e consoantes, e a distingui-las umas das outras.
Se lhes ensinará, inclusive, compreensivamente o motivo
de umas serem chamadas vogais e outras consoantes. Serão
instruídos145 sobre as pausas a serem feitas num só ponto, em
dois pontos, no ponto e vírgula, e somente na vírgula, as suas
diferenças e o motivo desses sinais (. : ; , ).
GE 3,7,2 Ensinar-se-lhes-á o que é um ponto de interrogação ?, um
ponto de exclamação !, os parênteses ( ), o hífen - , os dois
pontos sobre um ë, sobre um ï, e sobre um ü, e as razões por
que todas essas coisas são usadas; as diferentes abreviações, e
seu significado; os três diferentes acentos e os motivos pelos
quais são utilizados e o que eles significam é, à, ô.
GE 3,7,3 Ensinar-se-lhes-á também a designar os algarismos, tanto
franceses como romanos, até cem mil146, com todas as suas
modalidades.
GE 3,7,4 Para tanto, nessa classe haverá dois cartazes.
GE 3,7,5 Um deles contém, separadamente, vogais e consoantes e, por
sobre cada consoante, a sílaba com a qual é chamada essa
consoante. Neste cartaz haverá [também] diversos sinais de
pontuação, palavras e períodos em que aparecem o apóstrofo,
144
1720 não conserva esse parágrafo, que trata de insistência já feita antes (GE
3,3,6).
145
1720: serão instruídos também
146
1720: ao menos,
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 55
147
1720: e mais.
148
1720: meia hora
149
1720 acrescenta: da lição do terceiro livro.
150
1720: esta meia hora, em vez de este quarto de hora; e elimina o que está entre
parênteses.
151
1720 acrescenta: depois do meio-dia,
152
1720 acrescenta: Nos lugares em que só há duas classes, naquela dos escreven-
tes far-se-á a recitação na sexta-feira, em lugar da aritmética.
56 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
PRIMEIRO CARTAZ
Vogais
a e i o u
Consoantes
bê cê dê efe gê agá jota cá ele
b c d f g h j k l
eme ene pê quê erre esse tê vê dábliu
m n p q r s t v w
Pontuação
Ponto . dois pontos : ponto e vírgula ; vígula ,
Interrogação ? Exclamação !
Onde está Deus? Ó meu Deus!
Apóstrofo ´
Il n’y a qu’un seul Dieu. (Existe um só Deus).
Parênteses ( )
Dai (vos diz Jesus Cristo) e se vos dará.
Hifen -
Y-a-t-il, est-il, donnez-moi (Há, é ele, dá-me).
Acento agudo ´
Aimé, loué, prisé, donné
(Amado, louvado, valorado, dado)
Acento grave `
Après, près, auprès, à, là
(após, perto, junto, a, lá)
Circunflexo ^
Vôtre, même, maître, être
(Vosso, mesmo, mestre, ser)
e, i, u encimados por dois pontos
ë, vuë, ruë, duë, suë, éluës (ë, visto, rua, devido, sabido, eleitos).
ï, païs, aïez, roïal, voïons, haïr (ï, país, tende, real, vejamos, odiar).
ü, foüille, roüille, seüil, deüil (ü, escavação, ferrugem, limiar, morte).
Abreviaturas
Deû, âte, nûmquã, dus, ej’, utíq,
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 57
SEGUNDO CARTAZ
3 2
5 4 3*
7 6 5 4
9 8 7 6 5
6 5 9 8 7 6
9 8 9 2 9 8 7
6 7 9 0 3 1 9 8
1 2 7 4 5 6 7 8 9
10 11 12 13* 14 15
16 17 18 19 20 30
40 50 60 70 80 90
100 1.000 10.000 100.000
[3*, no original está 4; 13*, no original está 14. As duas diferenças são provavelmente
erros do copista].
58 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 3,8 Artigo 8º
Da leitura do latim
GE 3,8,1 O livro em que se aprenderá a ler em latim é o saltério.
Nesta lição, serão colocados somente os que souberem ler
perfeitamente em francês.
GE 3,8,2 Haverá duas ordens153 de leitores no latim: os principiantes,
que lerão somente por sílabas154, e os adiantados, que lerão
por pausas155. Somente se lhes fará ler por pausas quando
lerem perfeitamente por sílabas. Tanto os que leem por pausas
como os leitores por sílabas estarão na mesma lição. Lerão,
no entanto, separadamente, mas uns acompanhando enquanto
os outros leem.
GE 3,8,3 Os que aprenderem a ler no latim antes de aprender a escre-
ver, lerão no latim tanto de manhã quanto depois do meio-
dia, excetuado nos dias em que se aprendem as vogais e os
algarismos, dias em que não lerão no latim após o meio-dia156.
GE 3,8,4 Pela manhã, lerão no latim depois de terem lido no terceiro
livro; após o meio-dia, começarão lendo no latim157.
GE 3,8,5 Os que aprendem a escrever lerão no latim somente pela
manhã, e no francês depois do meio-dia. Cada vez se lhes
dará somente duas páginas como lição. Os leitores por sílabas
lerão aproximadamente seis linhas e os leitores por pausas,
aproximadamente dez linhas.
GE 3,8,6 Aos que iniciam a ler no latim, o mestre lhes ensinará a
maneira de bem pronunciá-lo, a qual, com frequência, é
diferente da pronúncia francesa.
GE 3,8,7 Sobretudo, lhes fará compreender que no latim todas as letras
são pronunciadas, e que todas as sílabas começadas por um g
153
1720: três ordens
154
1720 acrescenta: os medianos, que começarão a ler por pausas,
155
1720 acrescenta: sem fazer nenhum erro.
156
1720 acrescenta: depois de terem lido no terceiro livro.
157
1720 elimina este parágrafo.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 59
GE 3,9 Artigo 9º
Da Urbanidade158
GE 3,9,1 Quando os alunos souberem ler perfeitamente, tanto em
francês quanto em latim159, se lhes ensinará a escrever; e
desde que começarem a escrever, se lhes ensinará a ler no
livro da Urbanidade160.
GE 3,9,2 Esse livro contém todos os deveres161 tanto para com Deus
como para com os pais, e as regras da urbanidade civil e
cristã. Está impresso em caracteres góticos, de leitura mais
difícil que os caracteres franceses.
GE 3,9,3 Neste livro, não se soletrará e não se lerá por sílabas, mas
todos aqueles aos quais ele será dado lerão, desde o início e
sempre, de forma seguida e por pausas.
GE 3,9,4 No livro da Urbanidade se lerá somente pela manhã. Cada
vez será dada, como lição, um capítulo162, ou um artigo, ou
uma seção. Os principiantes lerão nele aproximadamente dez
linhas163 e os adiantados aproximadamente quinze164.
158
1720 acrescenta: Cristã
159
1720: perfeitamente em francês e estiverem na terceira ordem do latim
160
1720 acrescenta: Cristã.
161
1720: das crianças
162
1720 acrescenta: ou até a primeira estrofe ou asterisco,
163
1720: pelo menos quatro linhas
164
1720: pelo menos dez.
60 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
165
1720: ou começarem a escrever
166
1720 acrescenta várias ideias: graduação dos registros a aprender: dos mais
fáceis aos mais difíceis; proibição de os alunos, normalmente, trazerem
registros de casa; obrigação de os mestres dominarem perfeitamente a leitura
desses manuscritos.
167
1720 exclui esse parágrafo.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 61
GE 4 Capítulo 4º
Da escrita
GE 4,1 Artigo 1º
Do que se refere à escrita em geral
GE 4,1,1 Antes de os alunos começarem a escrever, é necessário que
saibam ler com perfeição170 tanto em francês quanto em latim.
GE 4,1,2 Se, no entanto, houver alunos que tenham atingido doze anos
de idade e ainda não tiverem começado a escrever, se po-
derá fazê-los escrever antes que aprendam a ler em latim171,
contanto que saibam ler bem e corretamente o francês e se
presuma que não virão à escola por tempo suficiente para
poderem aprender a escrever o quanto necessitam. O Irmão
Diretor ou o Inspetor das escolas estará atento a isso.
168
1720: Ler-se-á nos registros duas vezes por semana, no começo das aulas
depois do meio-dia, no primeiro e no quinto dia de aula, se não houver festas;
e no primeiro e quarto dia de aula se não ocorrer festa na quarta-feira, ou duas
festas na semana.
169
1720: lerão trinta palavras aproximadamente;
170
1720: com muita perfeição
171
1720: Substitui: antes que aprendam a ler em latim, por: colocando-os no latim,
62 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 4, 2 Artigo 2º
Dos objetos específicos usados na escrita
GE 4,2,1 Seção 1ª
Do papel
GE 4,2,2 O mestre cuidará para que os alunos tenham sempre papel em
branco na escola. Por isso, lhes recomendará que o peçam aos
pais, o mais tardar quando lhes restarem apenas seis folhas
de papel em branco. Velará, inclusive, para que algum aluno
negligente em trazer papel não receba de volta aquele que
escreveu enquanto não tiver trazido papel em branco173.
GE 4,2,3 Todos os que escrevem trarão, à escola, pelo menos meia mão
de bom papel174, cada vez.
GE 4,2,4 O mestre cuidará para que ele não seja nem muito espesso,
nem cinzento demais, nem demasiado áspero, mas que seja
branco e liso, bem seco e bem colado, sobretudo, não absorva
tinta com facilidade, o que é grande falha e grande empecilho
à escrita175.
GE 4,2,5 Não se deve176 tolerar que algum aluno traga papel sem cos-
tura, ou dobrado em quatro. As folhas devem estar costuradas
de alto a baixo.
GE 4,2,6 O mestre estará atento a que os alunos mantenham seu
177
172
1720 não conservou esta frase.
173
1720 omite esta última frase. É que para os pobres o papel é fornecido grátis
(Cf. 21,1,6).
174
Mão de papel correspondia a 24 folhas.
175
Trata-se de uma espécie de caderno de escrita, sem linhas.
176
Tampouco se deve
177
Enfim, o mestre estará
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 63
GE 4,2,9 Seção 2ª
Das penas e do canivete
GE 4,2,10 Deve-se exigir181 dos que escrevem que levem, todos os dias,
ao menos duas grandes penas para a escola, a fim de que
possam escrever sem interrupção com uma, enquanto a outra
é talhada.
GE 4,2,11 É preciso cuidar para que as penas trazidas não sejam nem
finas, nem grossas demais, mas redondas, consistentes, lisas,
secas e de segunda muda.
GE 4,2,12 O mestre estará atento a que as penas estejam limpas182, e não
cheias de tinta e gastas na ponta, nem aparadas muito curtas,
e que os alunos não as coloquem na boca, nem as deixem
atiradas em qualquer lugar.
GE 4,2,13 Os que escrevem na terceira ordem devem ter também um
canivete, a fim de que possam aprender a talhar as penas.
GE 4,2,14 Todos os que escrevem terão também um estojo para guardar
nele as penas e o canivete183.
178
1720: um cofre ou um armário, no qual serão colocados todos os papéis e
utensílios da escola.
179
Cf. GE 18,10.
180
1720 substitui o restante do parágrafo por: fazê-lo com ordem e silêncio, e
estarão atentos para não misturar uns com os outros.
181
1720: O mestre exigirá
182
1720: bem limpas,
183
1720: seus canivetes.
64 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 4,2,16 Seção 3ª
Da tinta
GE 4,2,17 Aos alunos será fornecida tinta. Por isso, nas mesas186 serão
colocados187 tinteiros de chumbo, de tal maneira que não
possam ser derrubados. Será colocado um entre cada188 dois
alunos que escrevem.
GE 4,2,18 O mestre cuidará para que se coloque tinta neles quando
necessário, e que o coletor dos papéis limpe os tinteiros uma
vez por semana, no último dia de aula. Nos tinteiros não
haverá algodão, mas unicamente tinta189.
GE 4,2,19 O mestre zelará para que os alunos se sirvam da tinta
moderadamente, molhando somente a ponta da pena, e depois
sacudindo-a no tinteiro e nunca contra o piso190.
GE 4,2,20 Seção 4ª
Dos modelos
GE 4,2,21 Aos alunos serão dados dois tipos de modelos191: uns, do
alfabeto contendo um alfabeto de letras todas ligadas umas às
outras.
GE 4,2,22 O segundo tipo de modelos é o dos modelos em linhas, cada
um dos quais deve conter cinco192 linhas.
184
1720: que todos eles tenham estojos os mais longos que se possam encontrar,
185
1720: cortar suas penas demasiado curtas,
186
1720 não traz: nas mesas
187
1720 acrescenta: na medida do possível
188
1720 omite cada
189
1720 acrescenta: a qual será fornecida gratuitamente.
190
1720: sacudindo-a levemente no tinteiro e não contra o piso.
191
1720 traz, para o restante do parágrafo: um com alfabeto de letras não ligadas,
seguido de alfabeto com todas as letras ligadas.
192
cinco ou seis
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 65
GE 4,2,29 Seção 5ª
Das transparências e do mata-borrão
GE 4,2,30 Somente se fornecerão transparências aos alunos que não
conseguem escrever em linha reta por si mesmos.
193
1720 acrescenta: a não ser as grandes letras maiúsculas ou traços no início das
páginas. Este ponto é de importância.
194
Assim como em frases dadas como exemplos, na leitura (Cf 3,4,5; 3,5,7);
195
Máximas, para La Salle, são normalmente afirmações de caráter prático, que
comprometem com a vida cristã.
196
De tamanho grande.
197
De tamanho médio.
198
De tamanho pequeno.
66 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 4,3 Artigo 3º
Do tempo que se empregará na escola para a escrita e do
que cada aluno deverá escrever todos os dias
GE 4,3,1 Os alunos consagrarão à escrita uma hora de manhã e outra
de tarde. De manhã, das oito às nove; de tarde, das três às
quatro.
GE 4,3,2 Desde 15 de novembro inclusive até 15 de janeiro inclu-
sive203, se começará a escrever às duas e meia e se terminará
às três e meia.
199
Em realidade, a palavra transparência é enganosa. Do que se trata é de uma
pauta, de um papel pautado. Não é este que é transparente, mas ele é visto por
transparência, através da folha em que se escreve.
200
1720: uma folha ou duas
201
1720: suprime: da altura do seu papel,
202
1720 não traz esse alerta. Como também o parágrafo 4,3,3 do artigo seguinte.
203
1720: desde o começo de novembro até o fim de janeiro,
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 67
GE 4,3,3 Coisa idêntica se fará nos dias em que se dará uma hora de
catecismo, (isto é) nas vésperas dos dias em que se fará re-
cesso o dia inteiro.
GE 4,3,4 Se acontecer de alguns alunos virem à escola apenas por
algum tempo e precisarem de mais tempo que os outros para
aprenderem a escrever o quanto necessitam, pode-se permitir-
lhes escrever durante todo o tempo de aula, excetuado no
momento da leitura dos registros, das orações e do catecismo,
contanto que saibam ler tão bem, tanto o francês, quanto o
latim e a Urbanidade, que já não possam melhorar em nada
nessas leituras, que leiam quando for a sua vez durante as
lições, e que também, quando lhes toca, façam a recitação do
catecismo, das respostas da santa Missa e das orações durante
o desjejum e a merenda, e que tenham escrito pelo menos
durante seis meses em linhas. E isso não será concedido a
ninguém sem a ordem do Irmão Diretor.
GE 4,3,5 Os alunos escreverão ao menos duas páginas por dia, uma
de manhã e outra pela tarde.
GE 4,4 Artigo 4º
Dos diversos tipos de alunos que escrevem em letra redonda
GE 4,4,1 Haverá oito204 ordens de escreventes em letra redonda, dife-
rentes uma da outra, de acordo com as variadas coisas que se
ensinará em cada uma delas aos alunos.
GE 4,4,2 A primeira ordem, ou nível, de escreventes será a dos que
aprendem a posicionar bem o corpo e a pena e a fazer com
facilidade os dois movimentos, o retilíneo e o circular.
GE 4,4,3 Com relação aos dessa ordem, os mestres se preocuparão
apenas de que posicionem adequadamente o corpo, a pena
e as mãos, e que façam corretamente esses dois movi-
mentos205.
204
1720: seis
205
1720 acrescenta: É muito importante que os alunos não comecem a escrever
antes de saberem segurar corretamente a pena e terem adquirido o livre
movimento dos dedos.
68 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
206
1720: as cinco letras c, o, i, f, m. GE 23,3,4 traz cinco letras.
207
1720: de cada letra
208
A partir deste ponto do artigo quarto, a ordem dos parágrafos da edição impressa
de 1720 é diferente daquela do manuscrito de 1706.
209
1720: todas as letras do alfabeto
210
1720: devem escrever inicialmente uma página de cada letra
211
1720 adiciona: E quando o mestre o julgar oportuno, lhes fará escrever uma
linha de cada letra.
212
1720 elimina: Quando souberem fazer bem as letras, e diz: Antes de fazê-los
passar à terceira ordem,
213
1720 acrescenta: da escrita.
214
1720 substitui esse parágrafo por: Com esse objetivo, os alunos dessa ordem
escreverão, em cada linha, o alfabeto inteiro, ligando as letras entre si, e se lhes
fará observar as mesmas regras que se observam para uma palavra extensa que
ocupasse uma linha inteira. Como 1720 só guarda seis das oito ordens iniciais,
na edição princeps, o final deste artigo 4º se reduz a estes poucos parágrafos:
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 69
GE 4,5 Artigo 5º
Dos diversos tipos de alunos que escrevem em letra
bastarda215
GE 4,5,1 Nenhum aluno escreverá na letra bastarda sem ter escrito na
terceira ou segunda ordem da letra redonda, e se não estiver
215
Com relação a este artigo 5º, em 1720: 1. Em vez de bastarda, passa-se a falar em
letra italiana. 2. Eliminam-se os parágrafos 4,5,1; 4,5,2; 4,5,11; (Cf. 23,4,10);
4,5,12 e 4,5,16. 3. As cinco ordens do manuscrito passam a seis. 4. Para
iniciar, observa-se o prescrito para o aprendizado das primeiras ordens da letra
redonda. 5. Na primeira ordem, aprendem-se as devidas posições e movimentos
dos dedos. Na segunda, faz-se uma página de c,o,i,f,m. Na terceira, uma página
e, depois, linhas do alfabeto, com o devido posicionamento e inclinação das
letras. Na quarta, aprende-se o correspondente à segunda da letra redonda: faz-
se o alfabeto inteiro em cada linha, e também se cuida da segurança e do passar
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 71
217
1720: perfeitamente.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 73
GE 4,6 Artigo 6º
Da maneira de ensinar a postura correta do corpo
GE 4,6,1 O mestre cuidará para os alunos manterem218 o corpo o
mais ereto possível, inclinando-o somente um pouco para a
frente, sem tocar a mesa, de maneira que, estando o coto-
velo apoiado nesta, o queixo possa ficar encostado sobre o
punho. É necessário que o corpo esteja um pouco voltado,
desimpedido, para o lado esquerdo e que todo o peso do corpo
caia sobre o mesmo lado. O mestre lhes fará respeitar com
exatidão todos os aspectos referentes à postura do corpo, de
acordo com as normas da escrita.
GE 4,6,2 Terá cuidado especial para os alunos não separarem dema-
siadamente do corpo o braço direito e não apoiarem o ventre
na mesa, porque tal postura, além de muito desagradável219,
poderá causar-lhes graves danos físicos.
GE 4,6,3 Para fazer o aluno manter boa postura do corpo, o próprio
mestre o colocará na posição em que deve conservar-se220.
Para isso, lhe colocará cada membro no lugar em que lhe
cabe estar, e ao reparar que o aluno mudou de posição, terá o
cuidado de o repor nela.
GE 4,7 Artigo 7º
Da maneira de ensinar a segurar corretamente a pena e o
papel
GE 4,7,1 A segunda coisa a que o mestre deverá prestar atenção
durante a escrita, é a de ensinar o modo correto de manter
218
1720: sempre
219
1720: deselegante,
220
1720: o colocará na posição em que deve conservar-se e cada membro no lugar
em que lhe cabe estar,
74 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
221
1720 não conserva esse bem, assim como a parte final: da forma indicada na
regra da escrita.
222
1720: quinze dias, ao menos,
223
1720: durante a escrita,
224
1720: esta haste ou uma pena não talhada.
225
Em 1720 desaparece esta prescrição.
226
1720: seria conveniente fazer-lhes
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 75
GE 4,8 Artigo 8º
Da maneira de formar à boa escrita
GE 4,8,1 Desde o momento em que um aluno começar a escrever, e
estiver na segunda e terceira ordem de escrita, o mestre lhe
ensinará a traçar bem as letras: por onde é preciso começar,
quando é necessário diminuir a pressão da pena e erguê-la, o
que deve ser feito de um só traço e o que deve ser feito com
vários recomeços. A seguir, lhes fará compreender a maneira
de fazer bem todas essas coisas.
GE 4,8,2 Para que os alunos possam dar-se perfeitamente conta do
traçado das letras e aprendê-lo bem, o mestre terá o cuidado
de lhes guiar a mão, de quando em vez, segundo julgar que
tenham necessidade disso. Mas só o fará com alunos da
primeira e segunda ordens de escrita.
GE 4,8,3 Depois de, por algum tempo, haver-lhes guiado a mão e ensi-
nado a formar as letras, deixará que escrevam sozinhos; mas
verificará, de vez em quando, o que tiverem escrito.
GE 4,8,4 Exercitá-los-á, em seguida, e os ajudará a fazerem bem as
ligações, de maneira leve, reduzindo um tanto a pressão da
pena do lado do polegar, e cuidará para que o façam sempre
da mesma forma.
GE 4,8,5 O mestre não permitirá que os alunos escrevam coisa diferente
do que estiver em seu modelo. Em consequência, que nenhum
deles escreva nada a não ser o alfabeto até que esteja na sexta
ordem da letra redonda e na terceira da bastarda228.
GE 4,8,6 Prestará também atenção, quando os alunos estiverem escre-
vendo o alfabeto, para não juntarem e nem afastarem demais
as letras e as linhas.
227
1720: tão bem
228
1720 corta esse parágrafo.
76 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 4,9 Artigo 9º
Da ocasião em que o mestre talhará as penas dos alunos e
do momento e do modo como lhes ensinará a fazê-lo
GE 4,9,1 Quando os alunos precisarem, o mestre lhes talhará as penas,
unicamente durante o tempo da escrita.
GE 4,9,2 Com esse objetivo, os alunos que tiverem necessidade de
fazer aparar suas penas, terão o cuidado de colocá-las diante
deles, para que o mestre, ao vir corrigir-lhes a escrita, pos-
sa vê-las. Manter-se-ão descobertos até que o mestre as
devolva e, ao recebê-las, lhe beijarão a mão e lhe farão uma
inclinação. Não deixarão de escrever enquanto o mestre lhes
talhar as penas.
GE 4,9,3 Quando o aluno tiver escrito durante um mês, no máximo,
na terceira230 ordem, o mestre lhe exigirá aparar sozinho as
penas.
229
1720: utilizarão a transparência o menos que lhes for possível.
230
1720 acrescenta: ou quarta
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 77
231
1720, deste parágrafo, só guarda a ideia de que o mestre lhe ensinará o modo de
o fazer.
232
1720 acrescenta: e a endireitá-la, caso estiver curva;
233
1720 acrescenta: esquerdo, sobre a mesa ou madeira,
78 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
234
1720 simplifica o restante do parágrafo: o mestre talhará uma delas, nova,
durante três dias, diante do aluno. Far-lhe-á compreender tudo o que ele faz
para talhá-la e porque o faz. Em seguida, fará o aluno talhar outra, dizendo-lhe
tudo o que se deve fazer e o modo de fazê-lo bem. Se errar em algo, o corrigirá.
Fará isso mais ou menos durante oito dias.
235
1720: cada dia
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 79
236
1720: indicadas acima.
80 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
237
1720 omite: oral.
238
1720: a recolocará como deve estar,
239
1720: Em lugar de: esses defeitos, escreve: os defeitos que podem cometer
nessas coisas e os meios de corrigir-se deles,
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 81
240
1720 acrescenta: no mesmo nível
241
1720: os meios de se corrigirem e de o fazerem imediatamente.
242
1720 omite: na cabeça ou na base; se não tem mais partes que deve ter;
82 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
243
1720 acrescenta: se começa bem as letras e
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 83
244
1720: na presença dele
245
1720 acrescenta: isto é, quando não forem bem proporcionadas,
246
1720 acrescenta: em termos de largura,
247
1720 intercala: Se houver um ponto entre as palavras, o mestre fará cinco
hastes contíguas de m, correspondentes a 13 bicos de pena, que é o espaço que
deve haver entre duas palavras.
84 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
248
1720: substitui: de um j a um f, de um c a um o por: de um i a um f, de um c a
um l, de um o a um i,
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 85
GE 5 Capítulo 5º
Da aritmética
GE 5,0,1 Em cada classe em que se escreve em linhas, haverá um
grande quadro249, com a largura de...pés, e a altura de...,
contendo dois painéis, sobre cada um dos quais se possam
escrever operações de aritmética, excetuada a divisão e as
operações que dela dependem, para as quais é necessário
um painel inteiro250.
GE 5,0,2 Esse quadro deve estar preso à parede, no local mais ade-
quado, a parte inferior à altura de cinco pés do chão e a parte
alta inclinada meio pé para frente.
GE 5,0,3 Também será preciso que os dois painéis desse quadro
estejam pintados com óleo de cor preta, para que se possa,
com giz, fazer sobre eles as operações. O quadro deve ser
feito como se indica na página seguinte.
GE 5,0,4 Na lição de aritmética, haverá alunos de diferentes li-
ções251: Alguns que aprenderão a soma; outros, a subtração,
ou a multiplicação ou a divisão, segundo o respectivo
adiantamento.
GE 5,0,5 O mestre terá o cuidado de escrever no quadro uma operação
de cada lição252, todos os sábados ou nos últimos dias253 de
aula da semana, se houver festa no sábado.
249
Um quadro-negro (Cf. 5,0,3).
250
1720 elimina este parágrafo e os dois seguintes (5,0,2 e 5,0,3).
251
Passagem que patenteia a ambiguidade da palavra lição, ora significando
matéria de ensino, ora conteúdo preciso por aprender geralmente num mês, ora
ainda o grupo de alunos que estudam esse conteúdo.
252
Um operação-exercício para cada nível de trabalho.
253
1720: no último dia
86 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
SOMA MULTIPLICAÇÃO
254
1720 simplifica o resto da frase: estiverem iniciando a quarta ordem de escrita.
255
1720 adiciona: a não ser que ocorra uma festa na segunda e na terça;
256
1720: 10 e 6 são 16, e assim por diante.
88 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
257
1720: o total da adição, da subtração, da multiplicação e da divisão. Neste caso,
é o manuscrito que usa os termos apropriados.
258
1720 não conserva este parágrafo, bem como os posteriores 5,0,20 e 5,0,21.
259
1720: sem exceção de nenhum
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 89
seu papel depois que o aluno de turno o tiver feito em voz alta;
e, quanto aos que estão na divisão, os iniciantes farão algumas
operações de subtração e de multiplicação, enquanto que os
das primeiras lições farão sua operação para não esquecer o
que aprenderam260.
GE 5,0,21 Todos os adiantados de qualquer lição que seja farão por
si mesmos operações de sua lição, enquanto os das demais
lições fazem a sua.
GE 5,0,22 Na terça-feira de cada semana ou no primeiro dia de aritmé-
tica, todos os alunos que a aprendem e estão entre os adian-
tados, deverão trazer, feita sobre seus papéis, a operação da
lição que o mestre tiver escrito no quadro, para esta semana,
com algumas outras criadas por eles mesmos. Na sexta-
feira, deverão trazer certo número de operações, tanto de sua
lição, como das inferiores, que eles mesmos tiverem criado,
conforme indicação do mestre e segundo a capacidade deles.
GE 5,0,23 O mestre corrigirá, na terça e sexta-feira de tarde, durante o
tempo da escrita, as operações que os alunos que aprendem
aritmética tiverem inventado por si mesmos, sobre seu papel,
em vez de corrigir-lhes a escrita. Dar-lhes-á a conhecer todas
as dificuldades, perguntando-lhes, por exemplo, no caso da
adição, porque se inicia com os denários, porque se reduzem
os denários a soles, e os soles a libras, e fazendo-lhes outras
perguntas semelhantes, segundo a necessidade neles perce-
bida, dando-lhes de tudo perfeita compreensão.
GE 6 Capítulo 6º
Da ortografia
GE 6,0,1 O mestre de escrita tomará a peito ensinar a ortografia aos
da sétima ordem dos que escrevem em letra redonda e na 4ª
da bastarda261. O Inspetor262 das escolas estará atento a esse
ponto.
260
1720 corta esse parágrafo (5,0,20), bem como o seguinte (5,0,21).
261
1720: aos da 6ª ordem da letra redonda e da letra italiana.
262
1720: O Irmão Diretor
90 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
263
1720: sobretudo dos catecismos dos domingos e festas, ou da quarta-feira
véspera de feriado, se não houve festas durante a semana.
264
1720 não conserva o restante desse parágrafo.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 91
GE 7 Capítulo 7º
Das orações
GE 7,1 Artigo 1º
Das orações diárias feitas na escola
GE 7,1,1 No início da aula da manhã, às oito horas, assim que terminar
o toque da campainha, se fará o sinal da santa cruz e, depois,
se rezará: Veni Sancte Spiritus, etc. Após o meio-dia, se dirá:
Vem, Espírito Santo, etc., como está indicado no livro das
orações das Escolas Cristãs.
265
1720 adiciona quatro parágrafos, nos quais aparece o elemento novo que
é o ditado: Para a ortografia, procede-se ainda assim: O mestre ditará, por
exemplo: Deus onipotente e misericordioso. Todos escreverão, e somente um
aluno, enquanto escreve, soletra: De-us o-ni-po-ten-te e mi-se-ri-cor-dio-so.
Se este errar, ao soletrar, dizendo, por exemplo mis em vez de mi-se, etc., o
mestre, ou aquele que dita, diz a letra ou a sílaba mal pronunciada pelo aluno.
O encarregado de ditar estará atento para indicar os lugares onde deverão ser
colocados os pontos e as vírgulas.
Uma vez escrito o que foi ditado, o mestre fará soletrar, somente um aluno, e em
voz bem alta, o que os alunos escreveram, e todos o acompanharão soletrando
em voz sumida.
O mestre cuidará que este aluno que soletra em voz alta indique quando há
os acentos graves e agudos, nomeando as letras sobre as quais devem ser
colocados tais acentos. O mesmo fará com um ponto, dois pontos, vírgula,
ponto de exclamação e ponto de interrogação. Quem, durante a soletração, se
enganar, fará sua própria correção.
Os alunos farão o exercício de ortografia no verso de suas folhas e o passarão
a limpo naquela dobrada em quatro.
92 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
266
1720 substitui este parágrafo por este outro: Antes e depois do desjejum e da
merenda, e durante todo o tempo da aula, de manhã das oito e meia até as
dez horas, e de tarde desde as duas até as três horas, se rezarão as orações
indicadas no mesmo livro.
267
1720 elimina: fora do tempo do catecismo e das orações. Em compensação,
acrescenta, ao final: e escolhido pelo Irmão Diretor ou Inspetor.
268
Trata-se de prática que só desapareceu na segunda metade do século XIX.
269
1720: suas bênçãos.
270
1720: serão feitos alguns atos,
271
1720 exclui o início: Na escola, serão feitas, todos os dias, a oração da tarde e
da manhã.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 93
GE 7,2 Artigo 2º
Das reflexões na oração da manhã e do exame na oração
da tarde273
GE 7,2,1 Há cinco reflexões na oração da manhã, para os cinco dias de
aula da semana. Serão lidas todos os dias, fazendo-se pequena
pausa entre uma e outra. O aluno que presidir a oração, depois
de haver lido todas, repetirá uma delas, à qual se deverá
prestar atenção particular naquele dia. Em seguida, será feita
pausa com a duração de um bom Miserere274, durante a qual
cada mestre, na respectiva classe, fará breve exortação a seus
alunos sobre o tema dessa reflexão, segundo o alcance deles.
GE 7,2,2 Todas as cinco reflexões serão repetidas dessa forma em
ordem, servindo cada uma de tema de exortação, uma após
outra, em cada um dos cinco dias da semana em que houver
aula.
GE 7,2,3 Se, durante a semana ocorrer uma festa na segunda, terça, ou
quarta-feira, nos dois dias, destes três, em que houver aula, o
mestre falará sobre o tema das duas primeiras reflexões e, na
quinta-feira, sobre o terceiro. Se a festa ocorre na sexta-feira
ou no sábado, o mestre falará na quinta-feira sobre o tema
da quarta reflexão, e no dia posterior que não for festa, sobre
o tema da quinta. No caso de haver duas festas na semana,
omitirá falar da primeira reflexão, e havendo três, omitirá
falar das duas primeiras275.
GE 7,2,4 Na oração da tarde, há um exame cujo conteúdo são as faltas
mais comuns em que as crianças podem cair. Este exame está
272
1720: desde o primeiro dia de aula do mês de novembro até o último dia de
janeiro,
273
As reflexões: EP 2,8. O exame: EP 9.
274
Salmo 51(50): Miserere mei Deus (Tende piedade de mim, Deus…)
275
1720 exclui este parágrafo, a parte final do 7,2,5 (e após...), assim como todo o
7,2,6.
94 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 7,3 Artigo 3º
Das orações não diárias feitas na escola
GE 7,3,1 Todos os sábados e véspera das festas da Santa Virgem,
depois da oração da tarde, se recitarão as Ladainhas da
Santíssima Virgem.
GE 7,3,2 Nas vigílias das festas de Natal, da Adoração dos Reis e da
Purificação, serão recitadas, no final da oração [da tarde], as
Ladainhas do Santo Menino Jesus.
GE 7,3,3 Na vigília da Circuncisão, serão recitadas as Ladainhas do
Santo Nome de Jesus e, na vigília de São José, as Ladainhas do
mesmo santo, tudo como está indicado no livro das orações277
das Escolas Cristãs.
276
Em 1720 desaparece o início: Assim, cada dia em que houver aula durante a
semana,
277
1720: no livro dos exercícios de piedade
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 95
278
1720 acrescenta: em lugar do terço que deve ser rezado durante a aula,
279
1720 acrescenta: ou número maior, de acordo com a quantidade de classes,
dois a dois,
280
1720 acrescenta: Tomar-se-á, no entanto, cuidado para que sempre haja um
que seja capaz de conduzir o outro ou os outros.
281
1720: e imediatamente antes da oração
282
No manuscrito aparece, aqui, um daqueles, supérfluo e, por isso eliminado.
283
1720: no sábado das Quatro Têmporas.
284
1720 acrescenta: nos três primeiros dias de aula após seu falecimento,
285
Em 1720 não aparece: após a oração pelas almas do purgatório e
286
Salmo 130(129): Das profundezas (clamo a ti, Senhor),
96 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 7,4 Artigo 4º
Da postura que o mestre e os alunos devem manter
durante as orações. Do modo de rezá-las e da ordem a ser
observada nelas
GE 7,4,1 Durante as orações, como em qualquer outra oportunidade, o
mestre fará o que deseja que os alunos façam. Por isso, nas
orações do início das aulas, nas rezadas ao final das aulas
da manhã e da tarde e nos atos rezados antes de se ir à santa
Missa, ele permanecerá sempre de pé, diante do seu assento,
com exterior muito grave, reservado, e circunspecto, de braços
cruzados e com muito recolhimento, para dar aos alunos o
exemplo de como devem proceder durante esse tempo.
287
Inclinai, Senhor,
288
1720 adiciona, ao final: E em todas as demais casas do Instituto, se fará rezar
nas escolas, durante um dia, um De profundis, com a coleta Inclina, etc.
289
1720 não traz: somente em todas as classes desta escola,
290
1720 acrescenta: ao final da oração da tarde,
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 97
291
Houry é de parecer que se trata de erro do copista que, em vez de bancos,
copiou braços.
292
1720: ...não se apoiem sobre os bancos pela frente nem por trás e não os toquem;
que, tampouco, se sentem sobre os calcanhares; que não voltem a cabeça para
olhar ao seu redor e, sobretudo, que não se toquem uns aos outros, o que...
293
1720: nos diversos momentos
294
O resto deste parágrafo, em 1720, é assim resumido: Ele dirá, sozinho, o título
dos atos, as reflexões, os exames, tudo segundo o uso estabelecido nas escolas.
295
Senhor, tende piedade,
296
Cristo, ouve-nos;
297
Roga por nós;
98 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
298
1720 substitui: rezará todas as orações, por: terá especial cuidado de rezar as
orações
299
1720: de maneira inteligível e muito pausada... ouvir muito claramente
300
1720 termina assim o parágrafo: que os alunos não gritem nem rezem alto
demais, mas o façam de tal maneira que apenas se possa ouvi-los.
301
Em 1720, o parágrafo termina aqui, desaparecendo: E todos baterão no peito,
quando se rezar, no Confiteor: Por minha culpa.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 99
GE 8 Capítulo 8º
Da santa Missa
GE 8,0,1 Procurar-se-á que, em todas as partes, os alunos ouçam
diariamente a santa Missa, na igreja mais próxima e na hora
mais conveniente.
GE 8,0,2 O tempo mais oportuno para ir à santa Missa [é no final das
aulas. Para se poder ir nesse momento, será necessário que a
Missa] só inicie às dez e meia, para que, antes de ir a ela, se
possa dispor do tempo necessário para fazer a oração, às dez.
GE 8,0,3 Caso não se puder ir à Santa Missa após as aulas, se procurará
ouvi-la às nove horas, ou pelas nove.
GE 8,1 Artigo 1º
Da maneira como os alunos devem sair da escola para ir à
santa Missa, e de como devem comportar-se na rua ao se
dirigirem a ela
GE 8,1,1 Quando se fizer os alunos ouvirem a santa Missa no final das
aulas, eles se disporão para sair da escola da mesma forma
como devem proceder ao sair dela depois do meio-dia, assim
como é indicado no capítulo referente à saída dos alunos.
GE 8,1,2 Quando forem ouvir a santa Missa durante o tempo de aula,
sairão da escola uns atrás dos outros, por ordem e por bancos:
o primeiro de um banco tomará por companheiro ao segundo;
o terceiro, ao quarto, etc.
GE 8,1,3 O mestre cuidará para que todos saiam da escola com muita
modéstia, silêncio e recolhimento, e sem ruído nenhum302.
302
1720 não traz o final: e sem ruído nenhum.
100 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
303
1720 acrescenta: de não se aproximarem demais das paredes, nem das lojas,
nem das valetas, e
304
1720 acrescenta: caminhem pausadamente. E elimina o cuidado final: de não
falarem com seus companheiros.
305
1720: mais atentos a si mesmos, mais sossegados e mais modestos.
306
Entretanto, seria conveniente
307
1720 acrescenta: com o rosto suficientemente voltado para o lado dos alunos,
de modo a poder enxergar a todos.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 101
GE 8,2 Artigo 2º
Da maneira como os alunos devem entrar na igreja
GE 8,2,1 O mestre tomará cuidado muito grande para fazer que os
alunos entrem na igreja em silêncio e com recolhimento todo
particular.
GE 8,2,2 É conveniente que o mestre entre sempre por primeiro na
igreja, à frente dos alunos, e que o mestre seguinte cuide de
reparar nos que ainda estão fora, assim como nos próprios.
GE 8,2,3 É importante o mestre vigiar muito a conduta dos alunos,
principalmente ao entrarem na igreja, para impedir que façam
qualquer ruído, seja com os pés, seja com a língua, e para
fazê-los caminhar calmamente, com os braços cruzados310,
e na ordem a ser observada nas ruas, conforme o indicado
acima, sem que haja a mínima confusão e ruído311.
GE 8,2,4 Haverá um aluno, chamado porta-aspersório, encarregado de
apresentar água benta a todos os alunos, um depois do outro,
ao entrarem na igreja e ao saírem dela.
GE 8,2,5 Ele entrará por primeiro e tomará, de tempo em tempo, água
benta na pia com o aspersório, que segurará de maneira a
todos os alunos poderem servir-se dela facilmente.
GE 8,2,6 O mestre não permitirá que os próprios alunos tomem água
benta da pia, mas cuidará para a tomarem somente do asper-
308
1720: o próximo,
309
1720: nas ruas e na igreja
310
1720: em vez de braços cruzados, traz: olhos baixos,
311
1920 elimina: e ruído.
102 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 8,3 Artigo 3º
Com que os alunos devem ocupar-se durante a santa Missa
GE 8,3,1 O mestre da classe inferior de cada escola estará atento
para que o porta-terços314 leve os terços à igreja cada vez
que se for a ela, e que um deles seja entregue a cada um dos
que não sabem ler.
GE 8,3,2 A distribuição dos terços será feita por tantos alunos, dos mais
bem comportados, quantas forem as filas de dois na igreja.
GE 8,3,3 Assim que os alunos estiverem ajoelhados, o porta-terços e
seus auxiliares distribuirão os terços, cada um na fila que lhe
for assinalada, indo do início ao fim dela.
312
Isto é: à medida que vão chegando a seus lugares, põem-se de joelhos.
313
1720 elimina: e estimulados
314
1720: o encarregado dos terços
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 103
315
1720 elimina essa afirmação final: se alguém não devolver...
316
Cf. Instruções e orações para a santa Missa, de 1,5 a 1,8.
317
1720 omite esta última frase: O mestre estará...
318
Glória a ti, Senhor,
319
1720: no início de cada Evangelho,
320
Ge 18,4 não inclui essa tarefa entre as funções do porta-aspersório. E 1720
corta este parágrafo.
104 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 8,4 Artigo 4º
Do dever dos mestres durante a santa Missa
GE 8,4,1 Os mestres exercerão contínua vigilância sobre os alunos
durante a santa Missa, para se darem conta de como se
comportam, das faltas que, então, podem cometer, e para
impedi-los de conversarem entre si321, trocarem de livro, se
tocarem322, ou cometerem alguma leviandade semelhante,
muito frequente entre crianças.
GE 8,4,2 Para impedir os alunos de incorrerem em todas essas faltas e
nas demais que poderiam cometer durante a santa Missa, serão
usados os três meios seguintes: O primeiro consiste em exigir
que tenham todo o tempo seu livro nas duas mãos e diante dos
olhos, fixando-os nele continuamente323. O segundo será o de
os mestres se colocarem em locais donde possam ver, com
facilidade, a todas os alunos de frente. O terceiro consistirá
em separá-los sempre o mais possível uns dos outros, de
acordo com o tamanho e a configuração do lugar.
GE 8,4,3 Os mestres devem estar persuadidos de que, ao fazerem seus
alunos ouvir a santa Missa, não é para si mesmos que a ela
321
1720 acrescenta: de se passarem qualquer coisa um ao outro,
322
1720: se empurrarem,
323
1720: nas duas mãos, lendo nele continuamente.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 105
GE 8,5 Artigo 5º
Do que se deve fazer ao entrar na igreja se a Missa já tiver
iniciado ou já estiver adiantada
GE 8,5,1 Quando os alunos chegarem à igreja e a santa Missa já
houver iniciado e, caso esta já estiver bem adiantada, far-
se-á que a ouçam, se não começar outra pouco depois. E se
imediatamente após começar outra, se lhes fará ouvi-la toda.
Mas não se rezando outra depois, se permanecerá na Igreja
pelo tempo necessário para completar, com a Missa assistida
em parte, a duração de uma Missa inteira.
GE 8,5,2 Ter-se-á muito cuidado que todos os alunos tenham chegado
à igreja, estejam enfileirados, colocados em seus lugares e
ajoelhados, antes do início da Missa. Para isso, se tomarão
todas as medidas necessárias, mesmo se fosse preciso enviar
um aluno à igreja para329 solicitar que o toque do sino seja
324
Em 1720 esse parágrafo consta mais adiante.
325
1720: quando estes caírem em falta,
326
1720: e tampouco os ameaçarão na igreja.
327
1720 omite: na oração,
328
1720 substitui as três últimas palavras por: em lugar em que não apareça, e não
a usarão na igreja.
329
1720: avisar ou
106 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 8,6 Artigo 6º
Da saída dos alunos da igreja
GE 8,6,1 Os alunos retornarão da igreja para a escola, após o tempo
331
330
1720 acrescenta: em tempo de geadas ou de chuva extraordinária,
331
Este parágrafo, mais o seguinte (8,6,2), em 1720 aparecem resumidos num
único, a saber: Os alunos retornarão da igreja para a escola, após o tempo de
um Pater, uma vez terminada a missa. O mestre cuja classe sair primeiro, ou o
encarregado disso, faz o sinal de costume, e então todos os alunos de uma fila
se levantarão, farão uma inclinação, e deixarão imediatamente seu lugar para
sair, dois a dois, como vieram. O mesmo se observará para fazer sair todas as
outras filas, e cada mestre procederá da mesma forma com sua própria classe.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 107
GE 8,7 Artigo 7º
Da assistência à Missa paroquial e às Vésperas
GE 8,7,1 Assitir-se-á à Missa solene da paróquia com os alunos, nos
lugares e nas paróquias onde se puder fazê-lo facilmente.
Também se assistirá às Vésperas com eles após o catecismo
dos domingos334 e festas, na igreja mais próxima e conveniente.
Ao Superior do Instituto compete determinar o que deve ser
feito com relação a isso.
GE 8,7,2 Os mestres instruirão os alunos sobre a origem da solene335
Missa paroquial e a maneira de como se deve assistir a ela.
Caso houver sermão acompanhado de avisos e comunicações,
terão o cuidado de que os escutem com muita atenção e
respeito. Inspirar-lhes-ão, inclusive, estima336 toda particular
pelos ofícios da igreja, sobretudo os realizados em sua
paróquia.
332
1720 elimina: tumulto
333
1720 não conserva este parágrafo.
334
1720 apresenta variantes neste início do artigo: Assistir-se-à à missa paroquial
com os alunos, quando se puder fazê-lo facilmente. Também se levará os
alunos às Vésperas após o catecismo...
335
1720 suprime solene neste ponto, bem como em 8,7,6; 8,7,10; 8,7,11 e 8,7,12.
336
1720: e afeição todo particulares
108 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
337
1720 inicia com uma eliminação e faz dois acréscimos: ...os alunos se reunirão,
pois, na igreja, nos domingos e festas,
338
1720: da água benta,
339
1720 elimina a circunstância com que começa este parágrafo: durante...
Vésperas,
340
1720 acrescenta: e se ela é feita imediatamente após o ofertório,
341
Este parágrafo e o seguinte (8,7,9) não aparecem em 1720.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 109
GE 9 Capítulo 9º
Do catecismo
GE 9,1 Artigo 1º
Do tempo a ser empregado para dar catecismo na escola,
e dos assuntos sobre os quais deve ser dado
GE 9,1,1 O catecismo será dado todos os dias, durante meia hora: das
quatro até as quatro e meia. Desde quinze de novembro até
quinze de janeiro344, será dado das três e meia às quatro.
GE 9,1,2 Nas quartas-feiras, véspera de dia livre, o catecismo será
dado durante uma hora: das três e meia às quatro e meia; no
inverno, das três às quatro345: meia hora sobre o compêndio, e
meia hora sobre o tema indicado para a semana.
342
Mais uma função do porta-terços, da qual não se fala em 18,5.
343
1720 suprime a circunstância que segue.
344
1720: Desde o primeiro dia de novembro até o último dia de janeiro inclusive,
345
1720 substitui o que segue por: Será também dado durante uma hora na véspera
das festas de São José, da Visitação, da Apresentação da Santíssima Virgem, da
Transfiguração de Nosso Senhor e da Exaltação da Santa Cruz.
110 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
346
1720 completa: da Santíssima Trindade e do Natal.
347
1720: Às três horas, ao final...
348
1720 suprime esse parágrafo.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 111
GE 9,1,10 Nas vigílias das Festas de...349, também se350 dará catecismo
durante uma hora, assim como nos domingos e festas, desde
as duas até as três horas. E o tema do catecismo será a festa
que a Igreja celebra no dia seguinte.
GE 9,1,11 Na segunda-feira, se começará a falar do assunto a ser trata-
do durante a semana, e o domingo será o último dia de se
abordar esse tema351.
GE 9,1,12 Todos os dias, se proporá e explicará somente uma ou duas
perguntas da matéria dada durante a semana, de acordo com
o que será explicitado na folha do tema da semana, à margem
da qual será indicada, por um dos algarismos seguintes: 1, 2,
3, 4, 5, a matéria de que se deverá falar cada dia352.
GE 9,1,13 Cada um dos algarismos indicará, por ordem, o tema do qual
se deverá falar no catecismo, em cada um dos cinco dias da
semana em que houver aula, a pergunta ou as duas perguntas
propostas para cada dia.
GE 9,1,14 O mestre fará várias sub-perguntas. No domingo se recapi-
tulará tudo o que tiver sido apresentado durante a semana, e
o mestre interrogará os alunos sobre todas as perguntas que
tiverem servido de matéria do catecismo em cada um dos
cinco dias da semana.
GE 9,1,15 Nas classes em que se ensinar cada dia somente o compêndio
do catecismo, nos domingos e festas ou nas quartas-feiras,
vésperas de folga de dia inteiro, [dar-se-á catecismo] sobre
um tema particular fixado para a semana.
GE 9,1,16 No domingo, o Irmão Diretor dará e assinalará o tema sobre o
qual se deverá começar a falar no catecismo da segunda-feira
e sobre o qual se continuará falando no restante da semana.
349
1720 precisa: da Santíssima Trindade e do Natal,
350
1720: Todo o restante do período é substituído por: procederá da mesma forma.
351
1720 adiciona: e se recapitulará tudo o que foi apresentado durante os cinco
dias da semana.
352
1720 não conserva esse parágrafo 9,1,12, nem o 9,1,13 e o 9,1,16.
112 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 9,2 Artigo 2º
Da maneira de interrogar os alunos durante o catecismo
GE 9,2,1 Durante o catecismo, o mestre não falará aos alunos como
quem prega, mas [os] interrogará quase continuamente, por
meio de múltiplas perguntas e sub-perguntas, a fim de lhes
fazer compreender o que lhes ensina.
GE 9,2,2 Fará a mesma pergunta em sequência a vários alunos, sete ou
oito ao menos, ou mesmo dez ou doze e, por vezes, até a um
número maior.
GE 9,2,3 Os alunos serão interrogados e responderão em sequência,
segundo a ordem dos bancos. Se, no entanto, o mestre
observar que vários, um depois do outro, não têm condições
de responder à pergunta, ou não respondem bem a ela, poderá
interrogar um ou vários outros353 em distintos lugares da
classe. Então, após haver clicado o sinal, indicará um para
responder. Após um ou vários haverem respondido, fará
responder o aluno antes interrogado, dentro de sua ordem.
GE 9,2,4 Interrogará a todos os alunos diariamente e, até, por diversas
vezes, se possível. De tempo em tempo, interromperá,
no entanto, a ordem e a sequência dos que respondem no
catecismo, a fim de perguntar aos que notou não estarem
atentos ou, mesmo, aos mais ignorantes.
GE 9,2,5 Sobretudo será cuidadoso em interrogar, e muito mais vezes
que aos outros, aos mais ignorantes354, particularmente sobre
o compêndio e, mais ainda, sobre os pontos do compêndio
que todo cristão está obrigado a saber.
GE 9,2,6 Nos dois dias da semana em que se der o catecismo durante
meia hora sobre o compêndio dos principais mistérios, na
quarta-feira ou no dia de festa e no domingo, o mestre não
interrogará sequencialmente, seguindo a ordem dos ban-
353
1720: alguns outros, sem ordem,
354
1720: Além dos ignorantes, fala dos de inteligência lenta e limitada e dos que
têm dificuldade para guardar...
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 113
GE 9,3 Artigo 3º
Dos deveres do mestre durante o catecismo
GE 9,3,1 Um dos principais cuidados que o mestre deve ter durante o
catecismo, consiste em procurar que todos os alunos estejam
muito atentos, e retenham facilmente tudo aquilo que lhes
disser.
355
1720: durante a primeira meia hora.
114 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 9,3,2 Para isso, terá sempre todos os alunos sob o olhar e observará
tudo quanto fizerem. Estará atento a perguntar muito e falar
muito pouco. Falará apenas sobre a matéria proposta para o
dia, e cuidará para não se afastar de seu assunto.
GE 9,3,3 Falará sempre de forma356 que possa inspirar respeito e
contenção aos alunos. Nunca dirá nada de vulgar, nem que
possa provocar risadas.
GE 9,3,4 Será cuidadoso para não falar de maneira mole e que seja
capaz de causar tédio. Em cada catecismo, não deixará de
indicar aos alunos algumas práticas e de instruí-los, o mais
aprofundadamente que lhe for possível, sobre o que se refere
aos costumes e ao procedimento a guardar para viver como
verdadeiro cristão. Mas dará a essas práticas e pontos de mo-
ral forma de perguntas e respostas, o que contribuirá muito
para tornar os alunos atentos e para que retenham facilmente
tais práticas e pontos. Cuidará para não perturbar o catecismo
com inoportunas repreensões ou correções. E, se acontecer
que alunos mereçam uma ou outra, sem avisá-los, ele as
deixará para antes do catecismo do dia seguinte357.
GE 9,3,5 Nos domingos e festas em que o catecismo dura três vezes
mais do que nos outros dias, escolherá uma história de que
os alunos possam gostar e a contará de modo que lhes agrade
e lhes renove a atenção,358 com detalhes que impeçam de se
aborrecerem.
GE 9,3,6 Não dirá nada, nos catecismos, que não tenha lido em livros
devidamente aprovados e de que não esteja muito seguro.
Nunca arbitrará se algo é pecado mortal ou pecado venial.
Poderá somente dizer: “Isto é grande ofensa a Deus; é pecado
que se deve temer muito; é pecado que acarreta funestas
consequências; é grande pecado”, etc., quando julgar que o é.
356
1720: séria e
357
1720 continua: Poderá, contudo, algumas vezes, mas raramente, aplicar algu-
mas palmadas durante esse tempo, quando o julgar inevitável.
358
1720 acrescenta: e o fará
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 115
GE 9,3,7 Não se deve fazer crer os pecados maiores do que são; con-
tudo, mais perigoso é fazê-los parecer pequenos ou leves. É
preciso inspirar sempre grande horror a eles, por menores que
pareçam: uma ofensa a Deus não pode ser pequena, e o que se
refere a Deus não pode ser irrelevante.
GE 9,3,8 Os mestres proporão ao Irmão Diretor todas as subperguntas
antes de fazê-las em aula359.
GE 9,3,9 Velarão para que as perguntas e as subperguntas, bem como
as respostas às subperguntas tenham as quatro360 condições
seguintes: 1. que sejam curtas; 2. que tenham sentido comple-
to; 3. que sejam corretas; 4. que as respostas se situem no
nível dos alunos, não dos mais capacitados, nem dos mais
inteligentes, porém, dos medianos, de tal modo que a maioria
possa responder às perguntas que lhes são feitas.
GE 9,3,10 Os mestres terão tanto cuidado com a instrução de todos os
seus alunos que não deixarão um só na ignorância, ao menos
das coisas que o cristão está obrigado a saber, tanto no refe-
rente à doutrina quanto à prática.
GE 9,3,11 E, a fim de não descuidarem ponto de tão grande importân-
cia, considerarão, muitas vezes, atentamente, que prestarão
contas a Deus e que serão culpados perante Ele pela ignorân-
cia das crianças que tiverem estado sob sua orientação e pelos
pecados a que tal ignorância os tenha induzido se não se
tiverem esforçado suficientemente para retirá-los dela; e que
não haverá nada sobre o que Deus os examinará e julgará com
mais rigor do que sobre esse ponto.
GE 9,3,12 Os mestres ajudarão os alunos a que tenham a máxima apli-
cação ao catecismo, a qual não lhes é naturalmente fácil, e
que lhes dura, ordinariamente, por pouco tempo. Para isso,
utilizarão os meios seguintes: 1. Cuidarão para não os melindrar
nem assustar, quer por palavras, quer por outra forma, quando
359
1720 não traz este item.
360
O original diz três, mas no texto apresenta quatro.
116 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 9,4 Artigo 4º
Dos deveres dos alunos durante o catecismo
GE 9,4,1 Durante todo o tempo do catecismo, os alunos permanecerão
sentados, com o corpo ereto, o rosto voltado para o lado do
mestre e os olhos fixos nele, os braços cruzados e os pés bem
postos. Não362 olharão uns para os outros, e o mestre [tomará]
cuidado para que se mantenham em grande contenção.
GE 9,4,2 Durante o catecismo, todos os alunos serão interrogados e
responderão por turno, uns após os outros, segundo a ordem
dos bancos.
GE 9,4,3 O mestre indicará, com o sinal, o primeiro que interrogará.
Este, para responder, ficará de pé e descoberto; fará, em
seguida, o sinal da santa cruz e responderá à pergunta do mes-
tre, de maneira tal que363 sua resposta tenha sentido, incluindo
nela a pergunta.
GE 9,4,4 Quando o primeiro tiver quase terminado de responder, o
seguinte fará o sinal da cruz, dizendo as palavras em voz sufi-
cientemente sumida para não interromper ao que responde; e
361
1720 elimina: facilmente
362
1720 exclui o restante deste parágrafo e todo o seguinte (9,4,2).
363
1720: ... o sinal da santa cruz, tirando as luvas se as está usando; depois, de
braços cruzados, responderá à pergunta que lhe foi feita, de tal maneira...
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 117
364
Trata-se do aluno que está na vez de responder.
365
1720 acrescenta: Nem girará levianamente a cabeça de um lado para outro.
Manterá o corpo ereto e ambos os pés apoiados corretamente no soalho. Fa-
lará moderadamente alto, antes baixo que alto, para não poder ser ouvido, se
possível, em outras classes, e para os outros alunos prestarem mais atenção.
Sobretudo, falará lenta e claramente, para que se possam ouvir não somente as
palavras, mas também todas as sílabas. O mestre estará atento a que pronuncie
todas, especialmente as finais.
366
Em 1720 desparecem: nos bolsos, nem outra parte e: ou seu chapéu,
118 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 9,5 Artigo 5º
Do que há de particular nos catecismos dos domingos e
festas
GE 9,5,1 Em todos os domingos e festas se dará o catecismo durante
hora e meia, exceto nos dias de367..., nos quais não será dado.
GE 9,5,2 Os alunos se reunirão durante a meia hora que precede o
catecismo. Enquanto se reunirem, em duplas, se interrogarão
um ao outro, sobre o catecismo da diocese, assim como se
procede nas recitações feitas durante o desjejum e a merenda.
O mestre terá o cuidado de indicar aqueles que devem per-
guntar e responder o catecismo neste tempo.
GE 9,5,3 Nos lugares onde as Vésperas são rezadas às três horas, o
catecismo será dado da uma hora até as duas e meia. Os
alunos se reunirão entre meio-dia e meia e uma hora.
GE 9,5,4 Às duas horas e meia, se rezará a oração feita todos os dias
no final das aulas da tarde. Terminada esta e sobrando tempo,
cantar-se-ão seis368 estrofes de um cântico, como de costume.
A seguir, os mestres levarão os alunos às Vésperas.
GE 9,5,5 Nos lugares onde as Vésperas são rezadas às duas e meia, o
catecismo começará ao meio-dia e meia e terminará às duas
horas. Às duas horas, será feita a oração, e depois os alunos
serão levados à igreja, como indicado acima.
GE 9,5,6 Nos lugares em que se rezam as Vésperas às duas horas,
da uma hora até uma e meia se dará o catecismo sobre o
compêndio. A uma e meia será feita a oração, após a qual
se levará os alunos às Vésperas. Depois das Vésperas, se
conduzirá os alunos para a escola, e se lhes dará o catecismo
das três às quatro horas, sobre o tema da semana ou da festa.
Às quatro horas, se fará com que rezem apenas, de joelhos, a
oração feita ao final do catecismo e, depois, o ato de pedido
367
1720 especifica: ... de Páscoa, de Pentencostes, da Santíssima Trindade e do
Natal,
368
1720: algumas
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 119
GE 9,6 Artigo 6º
Dos externos que assistem ao catecismo nos domingos e
festas371
GE 9,6,1 Nos domingos e festas, poderão ser admitidos externos que
assistam ao catecismo. Por externos, entendem-se os que não
frequentam as Escolas Cristãs nos dias de aula.
GE 9,6,2 Todos os externos serão recebidos e admitidos da mesma
forma como são recebidos os alunos que vêm à escola. Se
são pouco avançados em idade, tendo menos de quinze anos,
serão trazidos por seus pais. Se tiverem mais de quinze anos,
poderão ser recebidos sem serem acompanhados pelos pais,
mas só depois de terem sido bem examinados.
GE 9,6,3 Para este efeito, antes de admiti-los, se fará que venham
duas ou três vezes, para falar-lhes e para instruí-los sobre
369
1720 sintetiza este parágrafo: Nos lugares em que se rezam as Vésperas às duas
horas, às doze e meia se dará o catecismo sobre o compêndio; da uma às duas,
sobre um assunto específico, e não se rezará a oração. Às duas horas, se levará
os alunos às Vésperas, sendo liberados em seguida para irem para casa.
370
1720: todos os alunos
371
1720 não traz este artigo 6º e termina o artigo 5º por: Nos catecismos, poderão
ser recebidos externos, desde que não causem nenhuma perturbação.
120 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
372
Ato duplo: de agradecimento e de pedido (Cf. EP 7,2,6).
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 121
GE 10 Capítulo 10º
Dos Cânticos373
Capítulo 11 (10º)
Da saída da escola
GE 10,1 Artigo 1º
Do modo como os alunos devem sair da escola
GE 10,1,1 Os alunos das classes inferiores sairão antes dos das aulas
mais adiantadas. Por exemplo, os da classe inferior [sairão
primeiro; os da imediatamente superior, em seguida; e assim
as outras, até a mais avançada. Quando houver três ou mais
classes na escola de um bairro, os alunos da classe inferior]
sairão enquanto se executam os cantos.
GE 10,1,2 Os alunos sairão de sua classe e da escola, dois a dois, cada
um com o colega que lhe tiver sido dado pelo mestre374.
GE 10,1,3 Os alunos sairão de seu lugar375 em ordem, da seguinte
maneira: tendo o mestre feito sinal ao primeiro do banco
para se levantar, este, de chapéu na mão e braços cruzados,
deixará seu lugar, com aquele que lhe tiver sido dado por
companheiro. Ambos se encontrarão no meio da sala, um ao
lado do outro e, depois de haverem feito [uma] inclinação [ao
373
1720 não traz capítulo sobre os cânticos; no manuscrito consta apenas o título:
Dos cânticos
374
1720 não traz: pelo mestre.
375
1720: de sua classe
122 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 10,2 Artigo 2º
Das orações que os alunos rezam durante todo o tempo da
saída das aulas
GE 10,2,1 Terminados os cânticos, se rezará em voz alta: Pater, Ave,
Credo, De profundis e Miserere. O Recitador das orações
dirá, sozinho, em voz alta e clara: Roguemos a Deus por nos-
sos mestres e383 benfeitores vivos, para Deus os conservar
na fé da Igreja católica, apostólica e romana e em seu santo
376
1720: para saudá-lo
377
1720: as saudarão primeiro, e depois o mestre.
378
1720: se levantará com aquele que o segue,
379
1720: fazendo em seguida inclinação como os dois outros.
380
1720 elimina: E todos os demais farão, depois, a mesma coisa.
381
1720: todos os alunos
382
Lança antiga de aproximadamente um metro e meio.
383
1720: não traz: nossos mestres e
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 123
384
1720 não traz: nossos mestres, por nossos pais e
385
Descanso eterno,
386
Do poder do inferno,
387
Senhor, ouve,
388
1720 acrescenta: E os outros responderão: Amém. (Oremus, Fidelium= Oremos.
Ó Deus, Criador e Redentor de todos os fiéis...)
389
1720 omite: mesmo
390
1720: e todos os alunos
391
1720 suprime: e assim os demais.
392
1720 substitui: depois, por: no entanto,
393
1720 acrescenta que, além de recatados, sejam modestos, e que o façam desde
que saem da escola.
124 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 10,3 Artigo 3º
Dos deveres do mestre enquanto os alunos saem da escola
e depois que saíram
GE 10,3,1 Se houver mais de dois mestres, um deles vigiará a saída
dos alunos, desde a última classe até a porta da rua, atento,
entretanto, ao que se passa nessa classe.
GE 10,3,2 Se houver apenas dois mestres, um deles vigiará as duas
classes, para fazer sair os alunos em ordem, e o outro vigiará
na porta da rua.
GE 10,3,3 O Diretor ou o Inspetor das escolas ou um dos mestres
encarregado desta função, postado junto à porta da rua, tomará
cuidado para os alunos saírem da escola ordenada, recatada e
calmamente394.
GE 10,3,4 Cuidará para que os das duplas não se separem um do outro
nas ruas, não atirem pedras, não corram e não gritem395 e nem
incomodem a ninguém, mas caminhem sempre em silêncio.
GE 10,3,5 Os mestres recomendarão particularmente a seus alunos não
fazerem suas necessidades396, não urinarem nas ruas na saída
da escola, avisando-os de que os que o necessitarem, o façam
antes de sair.
GE 10,3,6 Os mestres darão ordem a seus alunos de não se falarem um
ao outro, nem de uma fileira a outra mesmo estando nas ruas.
O mestre que vigiar na porta da rua estará atento a isso, e
também cuidará que não se aproximem demais uns dos
outros397.
394
1720: Muda este parágrafo para: Aquele, portanto, que for encarregado desta
função pelo Diretor, postado junto à porta da rua, tomará cuidado para os alunos
saírem ordenada e recatadamente.
395
1720 acrescenta: não se aproximem demais uns dos outros. E elimina a última
afirmação: mas caminhem sempre em silêncio.
396
1720 substitui o que segue por: naturais na rua, por ser algo oposto ao pudor
e às boas maneiras, recomendando-lhes irem, para isso, a lugares onde não
possam ser vistos.
397
1720: Não conservou este parágrafo (10,3,6), nem o seguinte (10,3,7).
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 125
398
1720 substitui: este Inspetor ou mestre por: ele
399
1720 substitui: todos os mestres por: todos os outros,
400
Ó minha senhora,
126 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 11 SEGUNDA PARTE
DOS MEIOS PARA ESTABELECER E MANTER
A ORDEM NAS ESCOLAS
GE 11,0,1 Capítulo 11
Da vigilância que o mestre deve exercer na escola
A vigilância do mestre, na escola, consiste especialmente
em três coisas: 1. Em corrigir todas as palavras mal lidas por
aquele que lê; 2. fazer que todos os que estão na mesma lição
a sigam; 3. fazer guardar silêncio muito exato na escola402.
Deve prestar atenção contínua a essas três coisas.
GE 11,1 Artigo 1º
Do cuidado que o mestre deve ter para corrigir todas as
palavras na lição403, e da maneira de fazê-lo bem
GE 11,1,1 É necessário que o mestre seja muito fiel em corrigir todas
as letras, sílabas e palavras mal pronunciadas pelo aluno na
leitura. Os alunos adiantarão tanto mais na leitura quanto
mais rigoroso o mestre for nesse ponto.
GE 11,1,2 O mestre não utilizará a palavra, nem outra manifestação
oral para corrigir a leitura, mas dará duas batidas curtas
seguidas com o sinal. Imediatamente, o aluno que lê repetirá
401
Em 1720 o anúncio desses meios não segue exatamente essa mesma ordem: A
assiduidade e pontualidade aparece em 4º lugar; a regulamentação dos feriados,
em 5º; as reecompensas, em 6º; e as correções em 7º.
402
1720 elimina: na escola.
403
1720 não traz: todas e na lição,
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 127
404
1720 elimina: dará uma só batida com o sinal, e
405
1720: Depois disso, aquele que leu errado a repetirá duas ou três vezes
seguidas.
406
O início do parágrafo (Quando um aluno... para corrigi-lo), em 1720 recebe
outra redação: Se, contudo, errar uma palavra, e continuar lendo duas ou três
outras palavras antes de ser alertado pelo estalido do sinal,
128 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
407
1720: cada sílaba,
408
1720 substitui go, quo, por qo, e todas as sílabas, por todas as letras.
409
1720: Neste parágrafo: 1. Omite os ordinais, e substitui por e o 2º e 3º. 2.
Acrescenta: e arrastando, depois de: demasiado lentamente; e atabalhoadamente,
depois de: demasiado rápido; ou su para dizer us, depois de om.
410
Em 1720, o início do parágrafo passa a ser: Enfim, ele deve ter grande cuidado
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 129
GE 11,2 Artigo 2º
Do cuidado que o mestre deve ter para fazer seguir a todos
os que estão na mesma lição
GE 11,2,1 Em todas as lições dos cartazes, do silabário411 e dos demais
livros, tanto em francês, como em latim e, mesmo de arit-
mética, enquanto se lê412, todos os outros da mesma lição
acompanharão, isto é, sem fazer nenhum ruído com os lábios,
lerão em voz baixa, em seus livros, aquilo que o leitor estiver
lendo alto no dele.
GE 11,2,2 O mestre cuidará para que todos os alunos de uma mesma
lição acompanhem à medida que o leitor avançar de síla-
ba413, ou de palavra em palavra, e que o indicado para ler
não repita nenhuma das palavras lidas por quem leu antes
dele. Essa prática permite saber melhor se quem for ler está
seguindo bem.
GE 11,2,3 O mestre nunca permitirá aos alunos soprarem uns aos outros
as letras, as sílabas ou as palavras das lições, nem sequer as
respostas completas414 nas recitações e no catecismo.
GE 11,2,4 O mestre estará muito atento às lições e terá sempre nas mãos
o livro415 e, no entanto, cuidará, de tempos em tempos, que
todos os da lição acompanhem.
GE 11,2,5 Para ser fiel a essa prática416, ele não terá nada entre as mãos,
durante todo o tempo das aulas, exceto o sinal, o livro da
411
Início do parágrafo de 1720: Em todas as lições dos cartazes do alfabeto, das
sílabas, do Silabário...
412
1720: enquanto um lê,
413
1720: de sílaba em sílaba,
414
1720: respostas completas ou parciais
415
1720: Restante da frase: sem, contudo, perder de vista os alunos, a fim de
perceber se todos estão acompanhando.
416
1720: Para que nada o impeça de ser fiel a essa prática,
130 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
417
Em 1720, no lugar de: outro aluno estará encarregado de retirá-la, aparece:
mandará que outro aluno, dos mais confiáveis, a retire
418
1720 simplifica o restante: o devolverá a ele, a não ser que o mestre julgue que
lhe possa ser prejudicial.
419
1720: o título do livro.
420
1720: perniciosos
421
1720: Meio muito útil para obrigar os alunos a acompanharem a lição é fazer
uso das práticas seguintes:
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 131
GE 11,3 Artigo 3º
Do cuidado que o mestre deve ter para fazer observar
grandíssimo silêncio na escola
GE 11,3,1 O silêncio é dos principais meios para estabelecer e conservar
a ordem nas escolas. Por isso, cada mestre fará com que
seja observado estritamente em sua aula, não tolerando que
alguém fale sem licença.
GE 11,3,2 O mestre fará os alunos compreender que devem observar o
silêncio não por ele, mestre, estar presente, mas por Deus os
estar vendo e por ser esta a sua santa vontade.
GE 11,3,3 Ter-se-á o cuidado de que os alunos estejam colocados de tal
maneira que os mestres os possam ter sempre sob os olhos424.
O mestre vigiará especialmente sobre si mesmo para só falar
mui raramente e em voz sumida, a não ser que seja necessário
que todos os alunos ouçam o que tem a dizer.
GE 11,3,4 Quando lhes der algum aviso, sempre o fará em tom mode-
rado, fazendo o mesmo em toda outra oportunidade em que
tiver que falar ao conjunto dos alunos.
422
Em 1720 desaparece este terceiro meio. E o 4º torna-se 3º, sofrendo diversas
variações.
423
1720: A principal dessas variações é: vigiará passa a vigiar, e os posteriores
fará, exigirá, perdoará e punirá se tornam fazer, exigir, perdoar e punir.
424
1720 não traz a primeira frase deste parágrafo: Ter-se-á...olhos.
132 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
425
1720 introduz: Quando falar, o fará de modo muito grave e sempre em poucas
palavras.
426
1720 suprime: alto,
427
Exames de consciência feitos na oração do fim da tarde (EP 9,1-9,4,5).
428
1720 suprime: em voz alta
429
1720: muito pausadamente, sem arrastar os pés, nem fazer ruído com eles no
assoalho, para que...
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 133
GE 12 Capítulo 12
Dos sinais utilizados nas Escolas Cristãs
GE 12,0,1 De pouco serviria o mestre esforçar-se por fazer os alunos
guardarem o silêncio, se ele mesmo não o observasse. Por isso,
lhes ensinará melhor essa prática com o exemplo do que atra-
vés de palavras. E seu silêncio, mais do que qualquer outro
meio, produzirá ordem muito grande na escola e lhe possibilita-
rá vigiar facilmente sobre si mesmo e sobre os alunos.
GE 12,0,2 Este foi o motivo por que se estabeleceu nas Escolas Cristãs
o uso dos sinais.
GE 12,0,3 Há muitas ocasiões em que os mestres poderiam falar, mas
nas quais se lhes impõe o uso de sinais em vez da palavra.
Isso foi o que obrigou a estabelecer grande número de sinais
de variados tipos. Para433 ordená-los de alguma forma, foram
classificados conforme os exercícios e as ações mais ordina-
riamente praticados nas Escolas Cristãs434.
430
1720 elimina: e mantenham o corpo sempre ereto
431
1720: com ambas as mãos
432
1720 substitui os três nunca deste parágrafo por três não.
433
1720: Para facilitar-lhe (ao mestre) guardar o silêncio e ordená-los (os sinais)
de alguma forma
434
1720 suprime: Cristãs. Em 12,0,2 e 12,0,3 nem todas as ideias estão na mesma
ordem que no manuscrito.
134 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 12,0,4 Para fazer a maior parte desses sinais em uso nas Escolas
Cristãs435, será usado um instrumento436 chamado sinal437,
feito da seguinte forma:
GE 12,0,5 Em todas as casas, todos os sinais terão formato igual, sem
que nada neles seja mudado nem acrescentado, e todos os
mestres se servirão dos mesmos sinais. Os que estão em uso
são438 os seguintes:
GE 12,1 Artigo 1º
Dos sinais durante a comida
GE 12,1,1 Para fazer recitar as orações, o mestre juntará as mãos.
GE 12,1,2 Para indicar que se repassem as respostas da santa Missa,
baterá no peito. Para expressar que se recite o catecismo, fará
o sinal da santa cruz439.
GE 12,1,3 Para saber se um aluno está atento durante o tempo das
recitações, o mestre dará um clique com o sinal, para fazer
parar o que estiver falando; em seguida, com a extremidade
435
1720 não conserva: em uso nas Escolas Cristãs, mas fala de Sociedade (das
Escolas Cristãs), ao final do parágrafo.
436
1720: instrumeno de ferro
437
Sinal: Pequeno instrumento, inicialmente de ferro e depois de madeira, usado
pelo professor lassaliano para comunicar ordens através de ruídos e sinais
convencionais. “O sinal tradicional se compõe de duas hastes de madeira dura:
uma grossa, avolumada perto da extremidade, e uma fina, presa sobre a parte
avolumada por uma cordinha enrolada ao redor desta. Abaixando e depois
soltando a haste fina, ela golpeia a extremidade da grossa emitindo um rápido
estalido” (Anselme, 1951, p. 125).
438
1720: os tratados nos artigos seguintes:
439
1720 acrescenta: ou, então, apontará, com o sinal, o lugar da classe onde deve
ser recitado.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 135
GE 12,2 Artigo 2º
Dos sinais referentes às lições
GE 12,2,1 Para indicar aos alunos que se preparem para iniciar a leitura,
o mestre dará uma batida com a mão sobre o livro440 no qual
se começará a ler.
GE 12,2,2 Para dar a entender que um leitor pare, dará um clique com
o sinal, e todos os alunos olharão para ele; em seguida, com
a ponta do sinal, indicará um deles, para dar-lhe a entender
que comece a leitura.
GE 12,2,3 Para avisar que se corrija quem estiver lendo erroneamente,
pronunciando mal uma letra, sílaba ou palavra, ou não tiver
feito pausas onde devia fazê-las, ou feito uma longa demais441,
o mestre clicará duas vezes seguidas com o sinal. Se, depois
de o mestre haver feito sinal duas ou três vezes, o aluno não
lê corretamente, o mestre clicará uma única vez com o sinal,
para interromper a leitura e fazer que todos os alunos olhem
para ele; então indicará um outro para ler, em voz alta, a letra,
a sílaba ou a palavra que o primeiro leu ou pronunciou mal.
GE 12,2,4 Se o aluno que leu não se deu conta da razão pela qual o
mestre fez sinal duas ou três vezes, e não recomeça a palavra
que leu ou pronunciou mal, por ter lido várias antes de o
mestre clicar para corrigi-lo, este dará três cliques sucessivos,
para avisá-lo de recomeçar442 a ler algumas palavras antes, e
continuará a fazer este sinal, até o aluno chegar à palavra que
havia errado.
440
1720: sobre o livro fechado
441
1720 não conserva: ou não tiver feito pausas onde devia fazê-las, ou feito uma
longa demais,
442
1720: Há variantes no início deste parágrafo: Se, depois de haver feito sinal
duas a três vezes, e o leitor não encontrar e retomar a palavra lida erradamente
ou mal pronunciada, por haver avançado várias palavras antes de ser advertido,
fará três cliques seguidos, para avisá-lo de recomeçar...
136 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 12,2,5 Para avisar de falar mais alto, o mestre levantará o sinal com
a ponta para cima; e para indicar de moderar a voz, baixará o
sinal com a ponta voltada para o soalho.
GE 12,2,6 Para advertir um ou vários alunos para não lerem com voz
tão forte, ao acompanharem a lição ou quando estiverem
estudando, o mestre levantará um pouco a mão443, como se a
quisesse levar à orelha. O mesmo fará ao escutar algum ruído
na sala. Se este vier do lado direito, levantará a mão direita;
se do lado esquerdo, levantará a mão esquerda.
GE 12,2,7 Para fazer sinal de ler pausadamente, o mestre dará dois
cliques distintos e um pouco444 espaçados um do outro.
GE 12,2,8 Para fazer sinal de ler ou445 soletrar uma palavra que um aluno
iniciante não tenha lido bem, baixará uma única vez a ponta
do sinal sobre o livro que tem na mão.
GE 12,2,9 Para indicar ao que lê por sílabas ou pausas, quando um aluno
não faz pausa entre duas sílabas, quando lê só por sílabas, ou
nas pontuações, quando lê por pausas, baixará só uma vez a
ponta do sinal sobre o livro que tem na mão, pausadamente e
repetidas vezes446.
GE 12,2,10 Para fazer mudar de lição, baterá com a mão sobre o livro
aberto e, ao mesmo tempo, quem estiver lendo interromperá
a leitura e dirá bem alto: Deus seja bendito para sempre447.
443
1720 acrescenta: com o sinal,
444
1720 omite: um pouco
445
1720 não traz: ler ou
446
1720: Esse parágrafo é modificado e completado por dois outros: Para indicar
a quem soletra ou lê por sílabas, que não fez pausa suficientemente longa entre
duas letras ou entre duas sílabas, baixará a ponta do sinal sobre o livro que tem
na mão, pausadamente e repetidas vezes.
Para fazer sinal ao que lê por pausas, caso não as observar ou não as fizer
suficientemente longas após uma vírgula ou após um ou dois pontos, colocará
a ponta do sinal, imóvel, no lugar da leitura.
A fim de advertir a quem lê e que faz pausa onde não deveria, ou a faz muito
longa; ou aquele que soletra ou lê por sílabas e arrasta ao soletrar ou ao ler,
deslizará o sinal sobre o livro aberto.
447
Tb 13,1.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 137
GE 12,3 Artigo 3º
Dos sinais relacionados à escrita
GE 12,3,1 No começo da escrita, para dar início a ela448, o mestre dará,
intervaladamente, três cliques com o sinal.
GE 12,3,2 Ao primeiro clique, os alunos tirarão todos os estojos [para
estarem todos à vista. Ao segundo, os abrirão e retirarão]
as penas e o canivete, se devem ter um, e os mostrarão449,
de modo que o mestre possa vê-los todos muito bem. Ao
terceiro, mergulharão a pena na tinta e todos começarão
simultaneamente a escrever.
GE 12,3,3 Se algum aluno, ao escrever, se inclinar sobre a mesa ou tiver
postura defeituosa, o mestre fará sinal com a boca, e depois450
levará a mão [da] direita para a esquerda, para lhe significar
que assuma posição corporal correta.
GE 12,3,4 Se um ou diversos alunos não segurarem corretamente a pena,
o mestre451 dará dois cliques com o sinal. Se observar alguém
que não esteja escrevendo, lhe fará sinal com a boca e depois
fará, com os dedos, o movimento (de escrever).
448
1720: Não reproduz a redundância deste começo, escrevendo: Para dar início à
escrita...
449
1720: e os mostrarão também,
450
1720 exclui: fará sinal com a boca, e depois
451
1720 substitui: dará dois cliques com o sinal, por: mostrará com a mão o modo
de bem segurá-la. E substitui: e lhe fará sinal com a boca... por: e lhe fará sinal
olhando-o; levantará, depois, a mão e fará, com os dedos, o movimento (de
escrever). E se perceber que ainda não escreve, lhe imporá uma penitência.
138 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 12,4 Artigo 4º
Dos sinais durante o catecismo452
GE 12,4,1 Para fazer sinal a um aluno de cruzar os braços, o mestre
fixará nele os olhos e, concomitantemente, ele mesmo cruzará
os seus.
GE 12,4,2 Para indicar a um aluno que mantenha o corpo ereto, o mestre
deve encará-lo fixamente, e, ao mesmo tempo, endireitar o
próprio corpo e depois posicionar adequadamente os pés.
GE 12,4,3 Se algum aluno não tiver feito corretamente o sinal da santa
cruz, o mestre colocará sua mão sobre a fronte453.
GE 12,4,4 A fim de fazer sinal a um aluno para baixar os olhos, deverá
olhá-lo fixamente e, ao mesmo tempo, baixar os próprios.
GE 12,4,5 Para fazer sinal a um aluno de juntar as mãos, o mestre juntará
as suas, olhando para ele. Numa palavra, nessas ocasiões e
em outras semelhantes, o mestre fará, olhando para os alunos,
o que deseja que eles façam e cumpram.
GE 12,5 Artigo 5º
Dos sinais durante as orações454
GE 12,5,1 Ao querer fazer iniciar a oração, deve-se dar batida com as
duas mãos; todos os alunos, ao mesmo tempo, se descobrirão
e se colocarão na posição devida.
GE 12,5,2 Quando todos os alunos estiverem na posição e postura em
que devem estar, dará uma segunda batida com as duas mãos,
para fazer começar a oração.
GE 12,5,3 Quando um aluno não estiver rezando, deve-se olhá-lo
fixamente, rezando a oração um pouco fortemente.
452
1720 acrescenta: e as orações
453
1720 acrescenta: para que recomece.
454
1720 não contempla este artigo 5º com os seus três parágrafos.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 139
GE 12,6 Artigo 6º
Dos sinais para as correções
GE 12,6,1 Todos os sinais de correção serão reduzidos a cinco. Os
mestres farão os alunos saber por qual destes cinco motivos
vão455 ser castigados.
GE 12,6,2 As cinco questões ou os cinco motivos pelos quais se aplicarão
castigos na escola são: 1. Por não haver estudado; 2. por não
haver escrito; 3. por ter faltado às aulas456; 4. por não haver
prestado atenção no catecismo; 5. por não haver rezado.
GE 12,6,3 Haverá cinco sentenças, em diferentes locais de cada classe,
indicanado a obrigação de fazer essas cinco coisas. Cada uma
dessas sentenças será formulada nos termos seguintes457:
1. É preciso não faltar à escola, nem chegar atrasado sem
autorização.
2. É preciso aplicar-se na escola a estudar a lição.
3. É preciso escrever sem interrupção, e sem perder tempo.
4. É preciso escutar atentamente o catecismo.
5. É preciso rezar com piedade na igreja e na escola.
GE 12,6,4 Quando o mestre quiser punir algum aluno, lhe fará sinal458
apontando para ele com a ponta do sinal, e lhe mostrará,
com a mesma ponta do sinal, a sentença contra a qual faltou,
e depois lhe fará sinal para se aproximar dele, se for para
lhe aplicar a palmatória. Se for para lhe aplicar um castigo
(com as varas), lhe mostrará, com o sinal, o local onde este é
administrado.
GE 12,6,5 Se o mestre quiser ameaçar os alunos com alguma punição,
clicará uma vez com o sinal e depois, enquanto todos o
455
1720: devem
456
1720 acrescenta: ou ter chegado atrasado;
457
Em 1720, o caput deste parágrafo passa a ser: Estas cinco coisas serão for-
muladas em sentenças, afixadas, para tal finalidade, em diferentes lugares
de cada classe, indicando a obrigação de fazer estas cinco coisas, cada uma
formulada nos termos seguintes.
458
1720: lhe fará sinal para obrigá-lo a olhar e depois, lhe mostrará
140 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 12,7 Artigo 7º
Dos sinais feitos em algumas ocasiões particulares
GE 12,7,1 Quando um aluno solicitar permissão para falar460, ficará em
pé, em seu lugar, com os braços cruzados e os olhos mo-
destamente baixos, sem fazer nenhum sinal.
GE 12,7,2 Se o mestre lhe concede a palavra, lhe fará sinal para se
aproximar dele461, indicando com a ponta do sinal para si
mesmo. Utilizará o mesmo gesto sempre que tiver necessidade
de falar com algum aluno. Se lhe recusar licença para falar,
baixará o sinal para o soalho, na direção do aluno.
GE 12,7,3 Quando algum aluno solicitar licença para ir satisfazer suas
necessidades462, ficará sentado, levantando a mão. Para
conceder essa permissão, o mestre voltará o sinal em direção
à porta; para recusá-la, fará sinal para não se mover, baixando
o sinal em direção ao soalho.
GE 12,7,4 A fim de pôr um aluno de joelhos, o mestre lhe apontará o
meio da sala com o sinal463. Para fazer beijar464, porá a ponta
do sinal sobre a boca, e depois mostrará o assoalho com o
mesmo sinal.
459
Em 1720, o restante do parágrafo se reduz a: mostrará a sentença por cuja
transgressão ameaça castigá-los.
460
Pela sequência, fica claro não se tratar de falar em voz alta, mas de ir falar com
o mestre.
461
1720 omite: dele,
462
1720: necessidades naturais,
463
1720: 1. Acrescenta: Para ordenar que se levante quem está de joelhos, erguerá
um pouco o sinal com a mão. 2. Elimina: Para fazer beijar...mesmo sinal.
464
Subentendido: o chão,
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 141
GE 13 Capítulo 13
Dos catálogos
GE 13,0,1 Uma das coisas que pode contribuir muito a manter a ordem
nas escolas é a existência, nelas, de catálogos bem ordenados.
Nas escolas, deve haver seis465 tipos deles: 1. catálogos de
recepção; 2. catálogos das mudanças de lição; 3. catálogos das
ordens de lição; 4. catálogos das boas e más qualidades dos
alunos; 5. catálogos dos primeiros dos bancos; 6. catálogos
dos visitantes dos ausentes.
GE 13,0,2 Os dois primeiros estarão a uso do Inspetor das escolas. Os
mestres utilizarão os dois seguintes. E os dois últimos estarão
aos cuidados dos alunos466.
GE 13,1 Artigo 1º
Dos catálogos de recepção
GE 13,1,1 Os catálogos de recepção são aqueles em que serão apontados
todos os nomes dos alunos recebidos e admitidos nas escolas,
desde o início do ano escolar até o fim.
GE 13,1,2 Todos os catálogos de cada ano serão escritos sequencialmente
num registro volumoso, separando-se os alunos recebidos em
um ano dos aceitos em outro.
GE 13,1,3 No começo de cada catálogo, constará, como título: Catálogo
dos alunos recebidos e admitidos nas escolas de N...
GE 13,1,4 Em seguida, se escreverá, em maiúsculo, o mês em que cada
um dos alunos tiver sido recebido; e cada um dos meses será
escrito, da mesma forma, no começo e acima dos nomes dos
alunos que tiverem sido recebidos durante esse mês.
465
Em 1720 permanecem apenas os segundos e terceiros e se acrescenta o catálogo
de bolso. Presume-se que vários catálogos foram supressos para não fornecer
aos mestres calígrafos informações confidenciais sobre as famílias (Cf. Blain,
1961, v. II, p. 8 e 42).
466
1720, em função da redução dos catálogos a três, formula assim este parágrafo:
O primeiro estará a uso do Inspetor das escolas. Os mestres utilizarão os dois
outros.
142 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 13,1,13 Modelo
Dos alunos recebidos e admitidos nas escolas da casa de
Reims, no ano de 1706
João Mulot, recebido em 31 de agosto de 1706467, de 16 anos
de idade. Confirmado faz dois anos. Recebeu a primeira
comunhão na úlltima Páscoa. Filho de José Mulot, cardador
de lã, domiciliado na rua Contray, paróquia de Santo Estevão,
perto da Cruz de Ouro.
GE 13,1,14 Foi colocado na terceira ordem dos que escrevem, e na
primeira da Urbanidade. Deve vir à aula às nove e às três.
Esteve dois anos na escola do senhor M. Caba, na rua de Santo
Estêvão; oito meses, na do senhor Ralot; um ano na do senhor
Huysbecq; e quatro meses na do senhor Mulot, mestre-escola.
Deixou-as, por seus pais pensarem que aprenderia melhor em
outros lugares.
GE 13,1,15 De acordo com o escrito acima, do que aprendeu, seja por
si mesmo, por sua primeira experiência, seja pelo informe
dos mestres, especialmente pelo catálogo das boas e más
qualidades de seus alunos, feitos ao final de cada ano:
467
A data é fictícia, pois o dia de sua matrícula é o mesmo de sua saída (Cf.
13,1,16).
144 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 13,2 Artigo 2º
Dos catálogos das mudanças de lição468
GE 13,2,1 Cada um dos Inspetores das mudanças de lição469 terá um
catálogo no qual os nomes dos alunos serão registrados e
agrupados por lição e por ordem de lição. Cada aluno será
inscrito sob o título da ordem da lição em que estiver.
GE 13,2,2 Haverá tantos desses catálogos quantas forem as escolas
dependentes da mesma casa. Cada um deles começará pelos
nomes dos alunos da primeira ordem da lição mais elemen-
tar, continuando até a última ordem da lição superior, que é a
dos registros470.
GE 13,2,3 Os catálogos de mudança na leitura, na escrita, tanto da
redonda como da bastarda, e na aritmética estarão escritos,
sem intervalos, num mesmo livro471. Os catálogos da escrita
redonda começam pela 1ª ordem e terminam pela 7ª; os da
escrita bastarda, começam pela 1ª e terminam pela 5ª; os da
aritmética, começam pela 1ª e terminam pela 5ª.
GE 13,2,4 Haverá um livro contendo os catálogos das promoções de
lição de escrita e de aritmética para cada uma das escolas que
dependem da mesma casa.
468
1720: de mudança de lições
469
1720: das escolas
470
1720 omite: que é a dos registros.
471
1720 omite o resto deste parágrafo (Os catálogos...pela 5ª). Igualmente deixa
de transcrever os parágrafos 13,2,4 e 13,2,6.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 145
472
1720 elimina: e sem nenhuma ordem
473
1720 adiciona: em que o aluno tiver sido promovido, conforme o modelo
seguinte.
146 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 13,3 Artigo 3º
Dos catálogos das ordens de lição
GE 13,3,1 Cada mestre terá um catálogo474 contendo 24 folhas475, no
qual serão escritos os nomes dos alunos de sua classe, por
lição e476 por ordem de lição. Todos os nomes dos alunos da
mesma ordem de lição serão registrados em sequência, sob o
título da ordem da lição na qual se encontram.
GE 13,3,2 Cada mestre terá cada ano um catálogo novo desse tipo477.
GE 13,3,3 O Inspetor escreverá ou fará escrever todos os catálogos das
ordens e os dará aos mestres no primeiro dia de cada mês, de
manhã, antes de se dirigirem à escola.
GE 13,3,4 Em cada folha desse catálogo, haverá três colunas, separadas
por traços, de alto abaixo.
GE 13,3,5 Na primeira coluna, mais estreita, escrever-se-á, ao lado de
cada nome, o mês e478 o dia do mês no qual cada aluno foi
inscrito nessa ordem de lição.
GE 13,3,6 Na do meio, o nome e sobrenome de cada aluno479 de uma
mesma ordem de lição, tudo em seguida480, sem nenhuma
ordem481 conforme sua admissão à escola, ou conforme
tenham sido colocados na ordem de lição em que se encon-
tram. Todos os nomes estarão separados um do outro por
linhas horizontais, de um lado a outro da folha.
GE 13,3,7 Na terceira coluna, haverá quatro quadrinhos ao lado de cada
sobrenome, nos quais se assinalará, por pequenos pontos:
no primeiro, quantas vezes o aluno chegou atrasado; no
segundo, quantas vezes o aluno esteve ausente com licença;
474
1720: um catálogo em forma de livro
475
1720: vinte e quatro folhas, duas para cada mês,
476
1720 elimina: por lição e
477
1720: Este parágrafo, assim como o seguinte (13,3,3) não aparecem.
478
1720: ou o dia do mês
479
1720: dos alunos
480
1720: todos em seguida,
481
1720 não guarda: sem nenhuma ordem
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 147
GE 13,3,9 Modelo
482
1720 substitui: no momento...das ausências por: (pelo final das aulas),
483
1720 elimina: anotarão
148 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 13,4 Artigo 4º
Das boas e más qualidades dos alunos
GE 13,4,1 Pelo fim do ano escolar, no último mês de aula antes das
férias, cada mestre elaborará um catálogo de seus alunos, no
qual indicará suas boas e más qualidades, conforme as tenha
observado durante o ano. Registra o nome e o sobrenome de
cada aluno, quanto tempo faz que vem à escola, a lição e a
ordem de lição em que está, seu caráter, se é piedoso na igreja
e nas orações, se, por acaso, está sujeito a alguns vícios, tais
como mentira, blasfêmia, roubo, impureza, gula, etc.
GE 13,4,2 Se tem boa vontade ou se é incorrigível; como se deve
proceder com ele; se a correção lhe é útil ou não; se foi
assíduo à escola ou se faltou às aulas frequente ou raramente;
se foi por motivo justo ou não, com autorização ou sem
ela; se foi pontual em chegar na hora e antes do mestre;
se é aplicado nas aulas; se o é espontaneamente; se não se
deixa levar à tagarelice e a brincadeiras; se tira proveito do
ensino; se geralmente foi promovido no tempo previsto, ou
por quanto tempo permaneceu em cada ordem de lição além
do previsto para ser promovido à seguinte; se isso foi por
própria culpa ou porque é de inteligência limitada; se sabe
bem o catecismo e as orações ou se ignora a um e às outras;
se é obediente na escola, se não é de temperamento difícil,
obstinado e inclinado a resistir ao mestre; se não é mimado
pelos pais; se estes não gostam que seja corrigido e se, às
vezes, não se queixam disso; se foi oficial e em que ofício, e
como o desempenhou.
GE 13,4,3 No fim do ano escolar, cada mestre entregará este catálogo por
ele confeccionado ao Irmão Diretor, o qual, no primeiro dia de
aula depois das férias, o dará ao mestre que terá a seu encargo
essa classe, se este for diferente daquele do ano anterior. O
mestre se servirá do catálogo durante os três primeiros meses,
para chegar a conhecer os seus alunos e o modo como deverá
proceder com eles. Se o mestre for o mesmo, o Diretor o
guardará.
Passados três meses do ano escolar, o mestre devolverá ao
Diretor o catálogo que lhe tiver sido entregue no primeiro dia.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 149
GE 13,4,5 Modelo
Catálogo dos alunos da quarta classe da rua São Plácido no
ano de 1706, em que constam suas boas e más qualidades
Francisco de Terieux, de oito anos e meio, vem à escola faz
dois anos; está na terceira ordem da escrita desde o dia 1º de
julho passado; tem espírito irrequieto, é pouco piedoso e nada
modesto na igreja e nas orações, a menos que seja vigiado,
mas isso por leviandade; seu defeito peculiar é a imodéstia.
Tem bastante boa vontade; é preciso conquistá-lo e estimulá-
lo a comportar-se bem; por ser leviano, a correção lhe é pouco
útil; faltou às aulas poucas vezes, algumas sem autorização,
por ter-se encontrado com algum companheiro travesso e por
sua leviandade; foi muitas vezes impontual; sua aplicação é
apenas regular e, com frequência, se distrai e não faz nada, a
menos que seja vigiado.
GE 13,4,6 Aprende com facilidade; duas vezes não foi promovido de
lição da segunda à terceira ordem por falta de aplicação; sabe
bem as orações; quando repreendido, é submisso, se o mestre
tem autoridade, mas, se não a tem, é indócil; entretanto, não
é de caráter difícil: desde que seja conquistado, fará o que
se quiser; seus pais o amam: não gostam que seja punido;
não desempenhou nenhum ofício, por não ser muito capaz;
é esperto, e cumpriria bem o seu dever se não viesse fre-
quentemente tarde.
GE 13,4,7 Lambert du Long, de doze [anos] e meio; vem à escola faz
quatro anos; está na sétima ordem de escrita há seis meses, e
na quinta ordem dos registros e na quarta de aritmética desde o
150 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 13,5 Artigo 5º
Dos catálogos dos primeiros dos bancos
GE 13,5,1 Em toda sala de aula haverá um catálogo de cada banco, no
qual constam os nomes e sobrenomes de todos os alunos do
mesmo banco.
GE 13,5,2 Um dos alunos deste banco, que estará colocado na ponta
e que será chamado primeiro do banco, estará encarregado
desse catálogo e o seu nome será o primeiro a constar nele.
GE 13,5,3 Em continuação, serão colocados os nomes de todos os de-
mais alunos desse banco, na ordem que ocupam depois dele
no banco. Os catálogos serão feitos com um cartão coberto
por um papel da altura de meio pé e da largura aproximada de
quatro polegadas.
GE 13,5,4 Os nomes dos alunos serão escritos nele em fichas de cartão,
cujos dois extremos serão atravessados por dois cordões, entre-
laçados do alto até embaixo do catálogo. Em ambos os lados
de cada ficha haverá uma fita de fio vermelho, a de um lado
para indicar os que chegaram tarde, e a de outro, os ausentes.
GE 13,5,5 Uns e outros serão marcados pelos primeiro do banco, assim
como está marcado no artigo sobre o seu ofício. Esses catá-
logos estarão pendurados, por um cordão, num prego cravado
na parede, cada catálogo diante do banco em que estão os
alunos cujos nomes nele constarem.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 151
Modelo
Ausentes Atrasados
Damien Rivasson
Lambert du Long
Martin Hacq
Jean-Baptiste La Chapelle
Nicolas du Four, etc.
GE 13,6 Artigo 6º
Dos catálogos dos visitantes dos ausentes
GE 13,6,1 Em cada sala de aula haverá catálogos dos visitantes dos
ausentes, cada um dos quais conterá, no máximo, quinze ou
vinte alunos. Em cada um desses catálogos constarão alunos
de um mesmo quarteirão, que possam ser facilmente visitados
pelos visitantes deste.
GE 13,6,2 Cada visitante terá o seu catálogo, e todos os dias marcará nele
os ausentes, como está dito no artigo referente aos visitantes
dos ausentes484. Esses catálogos serão confeccionados com
cartão dobrado em dois, coberto de papel branco pelo lado
interno e de pergaminho por fora. Cada lado do catálogo terá
aproximadamente a largura de duas polegadas e a altura de
meio pé.
GE 13,6,3 Neles os nomes dos alunos estarão escritos em fichas de
cartão, cujos dois extremos serão introduzidos em dois cor-
dões entrelaçados do alto até embaixo do catálogo. Na borda
e nos dois lados de cada ficha haverá uma fita de fio vermelho,
que será puxada para o lado esquerdo da ficha para indicar
que um aluno chega tarde, e para o lado direito na ficha para
indicar que está ausente.
484
GE 18,9.
152 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
Modelo
GE 14 Capítulo 14
Das recompensas
GE 14,1,1 Os mestres darão, de vez em quando, recompensas aos alunos
mais fiéis no cumprimento do dever, para incentivá-los a que o
realizem com empenho e estimular aos demais, na esperança
do prêmio.
GE 14,1,2 Há três tipos de recompensas a serem dadas nas escolas: 1.
recompensas pela piedade; 2. recompensas pela capacidade;
[3.] recompensas pela assiduidade.
GE 14,1,3 As recompensas pela piedade serão sempre mais bonitas e de
maior valor486 que as demais; e as pela assiduidade, melhores
do que as pela capacidade.
485
Como observa Anselme, essas ruas são de Reims.
486
1720 não traz: e de maior valor
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 153
487
1720 exclui: agnus e outras pequenas peças feitas à mão, e introduz: crucifixos
488
1720 substitui em maiúsculas por: gravadas e, mesmo, terços.
489
Em 1720, todo o resto do parágrafo (por serem...de piedade) desaparece.
490
1720 corta: também
491
1720: as estampas e sentenças
492
1720, antes de livros, introduz: terços; e depois: ou outros objetos de piedade
de valor significativo
154 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
493
1720 não traz este item. E também não guarda o 4,1,12. Nem tampouco o
14,1,14.
494
1720 elimina: ou Inspetor
495
1720: se poderá dar,
496
Modéstia significando, aqui, bom comportamento, compostura, boa educação.
497
Esse ponto, em 1720, recebe formulação sintetizada: Poder-se-á também con-
ceder, todos os meses, em cada classe, uma recompensa àquele que se tiver
distinguido em tudo; isto é, que tiver sido o mais piedoso, o mais modesto na
igreja e durante as orações; de maior capacidade e assiduidade.
498
1720 substitui este parágrafo pelo seguinte: Dar-se-ão aos mestres de cada
sala, todos os meses, dez ou doze gravuras, segundo o critério do Irmão Diretor,
para serem distribuídas por eles aos alunos, no decorrer do mês.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 155
GE 15 Capítulo 15
Das correções em geral499
Introdução
GE 15,0,1 A correção dos alunos é uma das coisas mais importantes feitas
nas escolas e aquela com a qual é preciso ter particularmente
cuidado, para que seja feita adequadamente e para que resulte
proveitosa, tanto para aqueles a quem é aplicada como para
os que a presenciam500.
GE 15,0,2 Por isso, há muitas coisas a serem observadas na prática das
correções que poderão ser feitas nas escolas. Delas se falará
nos artigos seguintes501, após haver explicado a necessidade
de se aliar brandura com firmeza na condução das crianças.
GE 15,0,3 A experiência fundada na doutrina permanente dos santos
e os exemplos que nos deram provam suficientemente que,
para fazer progredir aqueles que se dirige, é preciso atuar
com eles ao mesmo tempo de maneira branda e enérgica502.
Não poucos, contudo, se veem obrigados a confessar ou, ao
menos, demonstram com suficiente evidência, pelo modo de
proceder com aqueles de que estão encarregados, que não
veem facilmente como essas duas coisas se podem harmoni-
zar na prática.
GE 15,0,4 Pois se, por exemplo, se proceder com autoridade absoluta
e excessivo rigor com as crianças, parece muito difícil que
não se torne demasiado dura e insuportável essa maneira
de dirigi-las: Ainda que nascida de zelo rigoroso, não está
499
Capítulo que pode ser lido em paralelo com a MR 204.
500
Ter presente que, até o século XVII, e ainda muito depois, os castigos físicos
eram vistos e praticados como algo inteiramente normal, não apenas na escola,
mas também na família e na sociedade em geral (Cf. Hengemüle, 2000, p. 274-
275).
501
O texto dos artigos seguintes – GE 15,0,3 a 15,0,23 – não aparece no manuscrito
de 1706, mas na edição princeps de 1720. Observar o uso muito mais frequente
de correção que de castigo e punição.
502
Cf. MF 101,3,2.
156 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
503
Rm 10,2.
504
Eclo 30,7-13.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 157
GE 15,1 Artigo 1º
Dos diferentes tipos de correção
GE 15,1,1 Para punir as faltas das crianças é possível servir-se de várias
e diferentes formas: 1. a palavra; 2. a penitência; 3. a palma-
tória; 4. as varas; 5. o açoite505; 6. a expulsão da escola506.
GE 15,1,2 Seção 1ª
Da punição com a palavra
Como uma das principais regras dos Irmãos das Escolas
Cristãs é a de falar raramente em sua Escola Cristã507, nela
a punição com palavras deve ser algo muito raro. Parece
mesmo que seria muito melhor não servir-se absolutamente
dela.
GE 15,1,3 As ameaças são um tipo de punição por palavra. É possível
empregá-las, mas o ameaçar deve ser raro e feito com muita
circunspecção, e quando o mestre ameaçou os alunos com
505
1720 elimina: o açoite;
506
1720 acrescenta: Como existe algo de particular a observar quanto às peni-
tências, falar-se-á especificamente delas após haver tratado de tudo o que se
refere às correções.
507
1720: em suas escolas,
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 159
GE 15,1,6 Seção 2ª
Das palmatórias. Por que motivos se podem ou se devem
usá-las, e da maneira de fazê-lo
A palmatória é instrumento formado por dois pedaços de
couro costurados um sobre o outro. Ela terá o comprimento
de... Terá um cabo para segurá-la512 e uma palma, que será oval
e terá513... de diâmetro, com a qual se baterá na mão. A parte
interna da palma terá um recheio para não ser inteiramente
lisa, mas a externa será abaulada.
GE 15,1,7 A palmatória deve ser feita desse modo e ter essa forma514.
508
1720: Desta forma:
509
1720: Elimina esta frase.
510
1720 troca para: se um só deixar de rezar durante a santa Missa, ou aquele que
chegar tarde por último na escola será castigado.
511
Cf. RC 8,3; C 98,1.
512
1720: Ela terá dez a doze polegadas de comprimento, incluído o cabo para
segurá-la,
513
1720: duas polegadas.
514
1720 elimina esta prescrição.
160 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
515
1720 faz um item só dos itens 1 e 2.
516
1720: mão direita,
517
1720: tampouco
518
1720 omite: ou puni-los com as varas, ou
519
1720 suprime: também, e começa a frase por: porque
520
1720: Não se deve
521
1720, de: seja ao receberem, seja depois de haverem recebido, guarda apenas:
ao receberem,
522
1720 exclui: mesmo severo,
523
1720 acrescenta: na igreja.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 161
GE 15,1,16 Seção 3ª
Das varas e do açoite525
O açoite é um bastão longo de oito ou nove polegadas, na
ponta do qual deve haver quatro ou cinco cordas; na ponta de
cada uma delas haverá três nós. Deve ser feito dessa forma.
Ele é usado para chicotear os alunos.
GE 15,1,17 As varas ou o açoite podem ser usados para punir os alunos
por várias razões526: 1. por alguém não ter querido obedecer
prontamente527; 2. por não acompanhar habitualmente a lição;
3. por haver feito rabiscos, bobagens ou tolices no papel, em
524
1720 sintetiza 15,1,13 e 15,1,14 num único parágrafo: É preciso observar que,
quando se quer aplicar a palmatória, ou qualquer outro castigo a um aluno,
por haver cometido alguma falta que o desviou de seu dever, como por haver
conversado ou brincado na igreja e na escola, ou ter olhado para trás de si, etc.,
não se lhe deve dizer que que está sendo castigado por haver falado ou brincado,
etc., mas por não ter estudado sua lição e por não ter rezado na igreja. E o
parágrafo 15,1,15 desaparece.
525
Açoite. Em francês, “martinet”, definido por Littré como um “chicote formado
por diversas cordas na ponta de um cabo, e do qual os mestres-escola se serviam
para castigar os alunos”. Em 1720, esse instrumento desaparece completamente
no Guia das Escolas, tanto neste título (que fica: da correção com varas) como
em todas as passagens em que se falava dele no manuscrito de 1706, incluído o
parágrafo 15,1,16, introdutório à seção 3ª.
526
1720 substitui essa primeira frase por: As varas podem ser usadas para punir os
alunos (de acordo com o uso estabelecido nas Escolas Cristãs):
527
1720 corta: prontamente;
162 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 15,1,20 Seção 4ª
Da expulsão de alunos da escola
GE 15,1,21 Pode-se e deve-se, às vezes, expulsar alunos da escola, mas
não se deve fazê-lo sem o parecer e a ordem do Diretor.
GE 15,1,22 Os que devem ser expulsos são: os corrompidos, capazes de
desencaminhar os outros; os que faltam fácil e frequente-
mente às aulas; os que, por culpa de seus pais, faltam à
Missa paroquial e ao catecismo, nos domingos e festas530; os
incorrigíveis, quer dizer, os que, depois de punidos muitas
vezes, não mudam de comportamento531.
GE 15,2 Artigo 2º
Da frequência dos castigos e do que se deve fazer para
evitá-la
GE 15,2,1 Caso se quiser que numa escola haja disciplina e 532ordem,
é necessário que os castigos sejam raros: a palmatória deve
ser usada só quando necessário, e é preciso procurar que tal
necessidade seja rara.
528
1720: ou
529
1720 substitui: Todas as correções, sobretudo as com varas e açoite, por: Essas
correções
530
1720 acrescenta: fazendo disso um costume;
531
1720 acrescenta: Contudo, expulsar um aluno da escola deve ser algo raro.
532
1720: muita ordem
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 163
533
1720 elimina: ordinário
534
1720 substitui ou o açoite por: etc.
535
1720 não conserva esta justificativa (Isso porque...a palmatória).
536
1720 elimina essa frase.
537
1820: empenhar-se muito
538
1720 elimina: nisso,
539
1720: de vários outros meios
164 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 15,3 Artigo 3º
Das condições que devem ter as correções
GE 15,3,1 Para ser proveitosa, a correção deve vir acompanhada das dez
condições seguintes:
GE 15,3,2 1. Há de ser pura e desinteressada, ou seja, aplicada somente
em vista da glória de Deus e a fim de cumprir-lhe a santa
vontade, sem nenhum desejo de vingança pessoal, sem o
mestre levar absolutamente a si mesmo em consideração.
GE 15,3,3 2. Caridosa, isto é, motivada por verdadeira caridade para
com o aluno que recebe a correção e pela salvação de sua
alma.
GE 15,3,4 3. Justa, razão por que se deve, antes, analisar bem se o
motivo pelo qual o mestre castiga um aluno é, efetivamente,
uma falta e se tal falta merece esta punição.
GE 15,3,5 4. Adequada e de acordo com a falta pela qual é aplicada, o
que significa que deverá ser proporcional à falta cometida,
tanto no referente à espécie como à gravidade. Como há
diferença entre a falta cometida por malícia e obstinação e
540
1720 corta: antes
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 165
541
1720: primeiramente da parte do mestre
166 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 15, 4 Artigo 4º
Das falhas a serem evitadas nas correções
GE 15,4,1 Há muitas falhas a serem evitadas nas correções e é impor-
tante que os mestres estejam particularmente atentos a elas.
GE 15,4,2 As principais, e que devem ser evitadas com mais cuidado542
são as seguintes:
GE 15,4,3 Não se deve impor nenhuma correção que não se julgue ser
útil e proveitosa. Assim, é erro aplicar alguma sem que se
tenha examinado antes se ela será de utilidade, quer para o
aluno ao qual se tenciona infligi-la, quer aos outros que a
devem presenciar.
GE 15,4,4 Quando se julgar que alguma correção somente será útil
como exemplo para os demais e não para quem deve rece-
bê-la, não deverá ser aplicada, exceto se for necessária para
manter a ordem na classe. Se for possível diferi-la, pedir-
se-á a opinião do Irmão Diretor antes de aplicá-la543; se,
quem acredita não poder diferi-la for um mestre das classes
subalternas, solicitará o parecer do primeiro mestre; e se for
o primeiro mestre (que o acreditar), este só aplicará a puni-
ção com muita precaução e por evidente necessidade; e tanto
um como outro, de regresso da escola prestarão contas ao
Irmão Diretor do que tiverem feito neste caso544.
GE 15,4,5 Não se deve nunca fazer uma correção que possa ser prejudi-
cial a quem se quer aplicá-la, pois isso seria agir diretamente
contra a finalidade das correções, estabelecidas unicamente
para fazer o bem.
GE 15,4,6 Não se deve aplicar correção nenhuma que possa causar
desordem na classe ou, mesmo, na escola, como seria, por
exemplo, a que servisse apenas para fazer uma criança gri-
tar545, ou para desencorajar o aluno, ou irritá-lo contra o mes-
542
Em 1720 desaparece: com mais cuidado
543
1720 elimina: antes de aplicá-la;
544
1720 suprime a frase final: e tanto...neste caso.
545
1720 redige assim o restante do parágrafo: ou desencorajá-la, irritá-la e fazê-la
abandonar a escola, e de modo que lhe sinta, posteriormente, aversão; e que as
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 167
queixas dela ou as dos pais possam causar repulsa igual em outros, impedindo
crianças de frequentarem a escola.
546
1720: Também é importante nunca utilizar palavras injuriosas,
547
1720 suprime a palavra piolhento.
168 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
548
1720 não consigna: e que estão indicadas no artigo primeiro do presente capítulo.
549
1720: Não
550
1720 substitui a parte final: mas deve-se bater... por: Ao fazer uso da palmatória,
é preciso cuidar para não bater na cabeça, no corpo, nem em parte alguma que
não seja o meio da mão.
551
1720: muito cuidado
552
1720 elimina esta última frase.
553
1720: não
554
1720: Será, enfim, muito exato
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 169
GE 15,5 Artigo 5º
Das pessoas que devem aplicar a correção555
GE 15,5,1 Cada mestre poderá servir-se, em sua classe, da palmatória
para punir seus alunos556.
GE 15,5,2 Nenhum mestre terá vara ou açoite fora daquele ao qual o
Diretor tiver entregue o cuidado e a guarda dos mesmos. Os
demais Irmãos, quando os precisarem, mandarão pedi-los a
ele; e aquele que os tiver sob sua guarda terá o cuidado de, no
mesmo dia, dizer ao Irmão Diretor que determinado Irmão lhe
mandou pedir varas, e quantas vezes. Se isso aconteceu várias
vezes, o Irmão Diretor pedirá, sem tardar, o motivo pelo qual
este Irmão fez a correção. Será, inclusive muito conveniente
que esse Irmão vá, ele mesmo, dizê-lo ao Irmão Diretor557.
GE 15,5,3 Os jovens Irmãos558 que não tiverem atingido 21 anos não
castigarão com as varas, ou o açoite559, sem havê-lo proposto
ao Inspetor560 ou ao Irmão ao qual tiver sido entregue o cuidado
e a guarda deles, e sem haver solicitado seu parecer a respeito.
GE 15,5,4 Este Irmão estará igualmente atento às correções que estes
jovens Irmãos aplicarem com a palmatória561, e informará ao
Irmão Diretor sobre umas e outras562.
555
1720 não traz esse título. Em compensação escreve diretamente: A respeito de
quem deve ou não aplicar os castigos, proceder-se-á da seguinte maneira.
556
1720 substitui: para punir seus alunos, por: quando necessário.
557
1720 elimina esse parágrafo.
558
1720 suprime: jovens
559
1720 substitui ou o açoite por etc.
560
1720: Diretor, ou aquele ao qual este tiver entregue a guarda,
561
1720 acrescenta: ou outra modalidade,
562
1720 substitui: e informará ao Irmão Diretor sobre umas e outras, por: e
informará, duas vezes por semana, ao Irmão Diretor, sobre todos os castigos
infligidos nas aulas.
170 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 15,6 Artigo 6º
Dos alunos que devem e dos que não devem ser punidos
GE 15,6,1 Seção 1ª
Dos viciosos
Há cinco vícios que, nunca devem ser perdoados564, e que
devem ser punidos sempre com as varas ou o açoite: 1. a
mentira. 2. as brigas. 3. o furto. 4. a impureza. 5. a dissipação
na igreja.
GE 15,6,2 Deve-se corrigir com varas ou açoites565 todas as mentiras,
mesmo as menores, e ensinar aos alunos que, para Deus, não
existe mentira pequena, uma vez que o demônio é o pai da
mentira, de acordo com o ensinamento de Nosso Senhor no
santo Evangelho566; e (dizer-lhes) que se lhes perdoará algumas
vezes quando confessarem sua falta com simplicidade, e
perdoar-lhes efetivamente. Mas, depois, deve-se ensinar-lhes
o horror que hão de ter por sua falta, e levá-los a pedirem
perdão por ela567, humildemente, de joelhos, no meio da
sala, e induzi-los, inclusive, a eles mesmos se imporem uma
penitência568.
GE 15,6,3 Da mesma forma serão também punidos todos os que tive-
rem brigado. Tratando-se de dois ou vários alunos, serão
punidos conjuntamente. Se a briga for de um aluno com
outro, não pertencente à escola, o mestre se informará muito
563
1720: 1. Exclui a frase final do manuscrito (Quanto a excluir...Irmão Diretor).
2. Em compensação, introduz: e durante o primeiro ano após o noviciado.
564
1720: que ordinariamente não devem ser perdoados.
565
1720 não conserva: com varas ou açoites
566
Jo 8,44.
567
1720 acrescenta: a Deus
568
1720 exclui a parte final (e induzi-los...penitência).
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 171
569
1720, em lugar de: procederá da mesma forma, escreve: Observará com muita
exatidão o mesmo proceder
570
1720 substitui com meninas por: com pessoas de outro sexo.
571
1720 substiui: receberão a mesma punição por: serão igualmente punidos com
severidade.
172 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 15,6,11 Seção 2ª
Dos meninos mal-educados e voluntariosos, dos natural-
mente atrevidos e insolentes, e dos que são estouvados e
levianos574
Existem alunos de cuja conduta os pais se preocupam muito
pouco e, às vezes, nada mesmo. Fazem da manhã até a noite o
que bem entendem. Não respeitam os pais, não lhes obedecem,
e reclamam575. Por vezes, esses defeitos não provém do fato
de terem coração e espírito mal dispostos, mas de haverem
sido entregues a si mesmos.
GE 15,6,12 Se não tiverem naturalmente576 espírito atrevido e arrogante,
é necessário conquistá-los, mas também puni-los por seu
mau gênio. Quando, na escola, incorrerem em alguns de seus
defeitos, é preciso sujeitá-los, fazer-lhes frente577 e torná-los
submissos.
GE 15,6,13 Se forem atrevidos e arrogantes, é preciso confiar-lhes algu-
ma função na escola, como a de inspetor, se para isso forem
julgados aptos, ou de coletores de folhas; ou promovê-los em
572
1720: sobre os pequenos enquanto estiverem na igreja,
573
1720 elimina: também
574
1720 reduz o título: Dos meninos mal-educados e voluntariosos
575
1720: reclamam das mínimas coisas.
576
1720: espírito naturalmente atrevido e arrogante
577
1720 elimina: fazer-lhes frente
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 173
578
1720 insere: ortografia,
579
1720 não traz este subtítulo, mas o parágrafo o inclui: Quanto aos que são
atrevidos e insolentes...
580
1720 não traz este subtítulo, mas o parágrafo o inclui: Quanto aos que são
avoados e levianos...
581
1720 acrescenta: pura
174 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 15,6,18 Seção 3ª
Dos teimosos
Sempre é preciso corrigir os teimosos por sua teimosia,
sobretudo os que são teimosos nas correções, resistindo ao
mestre e não suportando que este os castigue. Quando isso
ocorre, o mestre não deve ceder de forma nenhuma e, depois
de haver decidido corrigir o aluno, deve fazê-lo, mau grado
todas as resistências deste582. Tomará, no entanto, duas pre-
cauções com relação a isso: 1. Não decidir castigá-los sem
haver antes analisado bem a falta que cometeram e sem estar
seguro de que ela merece tal punição. 2. Caso alguém resis-
tir, não querendo deixar-se corrigir, ou recusando-se a sair de
seu lugar, será oportuno deixar-lhe passar o acesso de birra e
não demonstrar a intenção que se tem de puni-lo.
GE 15,6,19 Algum tempo depois, o mestre o chamará para lhe falar e,
calmamente, lhe fará reconhecer e confessar sua falta, tanto
a primeira quanto a que acaba de cometer ao resistir e, em
seguida, o castigará exemplarmente, fazendo-lhe, antes, pedir,
de joelhos, perdão a Deus, ao mestre e aos alunos que escan-
dalizou583. Se, ainda assim, não quisesse aceitar a correção,
seria preciso coagi-lo a recebê-la e, se necessário, fazer-se
mesmo ajudar por outro Irmão, pois seria suficiente um
destes exemplos para fazer vários outros resistirem depois.
GE 15,6,20 Algum tempo depois de esse aluno ter recebido a correção,
quando o mestre julgar que o acesso do aluno passou, o cha-
mará junto a si e, serenamente, o fará entrar em si, confessar
sua falta e pedir desculpas de joelhos.
582
Em 1720 desaparece esta última frase: Quando isso ocorre... resistências deste.
583
1720 exclui: fazendo-lhe... que escandalizou, e, depois: e, se necessário... Irmão,
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 175
584
Em 1720 desaparece: ou sobre as mãos
585
Em 1720, o restante (assim que... recebido) desaparece.
586
1720: muito pequeno
587
1720 acrescenta: ou mesmo excluí-lo.
588
1720: o Irmão Diretor
589
1720 acrescenta: Um dos meios mais eficazes para evitar muitos desses
inconvenientes é não mandar o aluno de volta ao seu lugar tão logo tenha
recebido a palmatória ou a correção, mas deixá-lo por algum tempo de joelhos,
sob o olhar do mestre.
176 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 15,6,26 Seção 4ª
Das crianças criadas delicada e frouxamente, conhecidas por
crianças mimadas, das meigas e tímidas, das de inteligência
limitada, das machucadas, das pequenas e das recém-vindas
Há crianças criadas pelos pais de tal maneira, que lhes dão
tudo quanto pedem; não as contrariam em nada e nunca as
castigam por suas faltas.
GE 15,6,27 Parece que receiam desgostá-las, e quando a elas algo desa-
grada, os pais, sobretudo as mães, fazem todo o possível para
acalmá-las e fazê-las voltar às suas boas disposições. Em
toda ocasião, lhes manifestam grande ternura590, e não seriam
capazes591 de tolerar que se imponha a elas o mínimo castigo.
GE 15,6,28 Tais crianças, quase sempre, são de natural delicado e
tranquilo. Geralmente não se deve corrigi-las, mas remediar
suas faltas por algum outro meio, como dar-lhes, às vezes,
alguma penitência fácil de cumprir, ou prevenindo-lhes as
faltas de alguma maneira engenhosa, ou fingindo não havê-
las notado, ou advertindo-as delicadamente em particular.
GE 15,6,29 Se alguma vez se julgar necessário castigá-las, não se deveria
fazê-lo sem o parecer do Irmão Diretor592 e neste caso se
deveria corrigi-las leve e muito raramente.
GE 15,6,30 Se os meios empregados para prevenir suas faltas ou remediá-
las não surtem efeito algum, muitas vezes, é melhor desligá-
las da escola, em lugar de as punir, a não ser que, conversando
com os pais, se tenha conseguido que achem bom que elas
sejam castigadas.
590
1720 omite: e quando... ternura,
591
1720: de sorte que não seriam capazes
592
1720: do Irmão Diretor ou do primeiro mestre
593
1720 não registra este subtítulo, nem os demais desta seção 4ª.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 177
594
1720: Pode-se agir de forma mais ou semelhante com as crianças de inteligência
limitada
178 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 15,6,40 Seção 5ª
Dos acusadores e dos acusados
Os mestres não darão facilmente ouvidos às acusações e
informes dados contra alunos. Não desconsiderarão, no
entanto, os seus autores, mas procurarão averiguar bem o
que denunciaram e informaram e não aplicarão castigo nem
leviana, nem imediatamente a partir dos informes dados.
GE 15,6,41 Se forem alunos os que informam algo sobre algum de
seus colegas ou que o acusam, o mestre procurará597 saber
imediatamente se outros o viram cometer a falta, e tratará
de averiguar algumas circunstâncias capazes de lhe fazerem
descobrir a verdade. Se a informação lhe parece duvidosa ou
não totalmente segura, não castigará o acusado, a não ser que
ele mesmo confesse a sua falta. E, neste caso, lhe dará uma
595
1720: mais ou menos quinze dias
596
1720 acrescenta: Mas se é importante agir assim com os alunos novos, não
é menos importante um mestre novato numa classe abster-se de qualquer
punição até conhecer os alunos.
597
1720 acrescenta: de modo reservado
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 179
598
1720 corta: e exemplarmente.
599
Em 1720 não aparecem esses dois exemplos.
180 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 15,7 Artigo 7º
Do que se deve observar em todas as correções. Do modo
de fazê-las bem600
GE 15,7,1 Quando o mestre quiser aplicar a palmatória em algum aluno,
dará o sinal convencional para chamar a atenção dos alunos.
Depois, mostrará, com a ponta do sinal, a sentença contra a
qual o aluno faltou e lhe fará gesto para se aproximar.
GE 15,7,2 Uma vez chegado junto ao mestre, o aluno fará o sinal da
santa cruz e estenderá a mão. O mestre cuidará que ela esteja
bem espalmada e firme, e que o aluno não a retire. Caso o
aluno não a tiver bem espalmada e firme, o mestre lhe fará
sinal de estendê-la adequadamente, abrindo ele mesmo a sua.
Se, depois disso, o aluno não a estende, o mestre o obrigará a
fazê-lo e lhe aplicará duas (batidas) em vez de uma.
GE 15,7,3 Se, quando o mestre quiser que o aluno espalme a mão, este
resistir, far-lhe-á sinal de se dirigir ao local onde são feitas as
correções e a fará, procedendo de acordo com o que se diz
mais adiante sobre a correção com as varas ou o açoite601.
GE 15,7,4 Ao aplicar a palmatória, o mestre cuidará que o aluno não
coloque o polegar no meio da palma da mão e não a mantenha
(apenas) semi-aberta.
GE 15,7,5 Depois de o aluno ter recebido a correção com a palmatória,
cruzará os braços, saudará o mestre e voltará discretamente
a seu lugar, sem fazer nenhuma contorção602, nem com os
braços, nem com o corpo, nem qualquer outra coisa indevida,
e sem resmungar ou chorar alto603.
600
1720 não guarda: Do modo de fazê-las bem.
601
1720 substitui ou o açoite por: etc.
602
No manuscrito aparece extensão, por evidente erro do copista.
603
Em 1720 este parágrafo apresenta diversas variantes: E (o mestre), depois disso,
o obrigará a cruzar os braços, a colocar-se de joelhos, ou o mandará voltar
recolhidamente a seu lugar, sem permitir que faça contorções com os braços ou
o corpo, nem outra coisa indevida, nem que resmungue ou chore alto.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 181
604
1720 omite: as varas ou o açoite (relembrando que este último desapareceu
completamente não só nesta passagem mas em toda a edição impressa). Vale
acrescentar que, no processo de eliminação gradativa dos castigos físicos nas
escolas lassalistas, o Capítulo Geral de 1777, além do uso do açoite, proibirá
também o uso das varas. E a palmatória é totalmente abolida em 1860. Como
observa o Irmão Anselme (1951, p. 150), à medida que as correções foram
diminuindo, cresceu também a humanização das penitências e a progressiva
multiplicação das recompensas de todo tipo.
605
Em 1720, a primeira parte deste parágrafo (Depois deste sinal...a não ser bater)
desaparece do texto. E a parte final (O aluno... nenhum aluno) sofre variações:
E o aluno se dirigirá imediatamente a ele (ao lugar de aplicação do castigo) e
se preparará para recebê-lo, mantendo-se de tal maneira que não possa ser visto
indecentemente por ninguém.
182 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
606
Esta última frase – estará atento...amor de Deus – não consta no texto impresso
de 1720.
607
Deste parágrafo, 1720 não conserva: para aplicá-la e de vara ou de açoite.
608
1720 elimina: ...o próprio mestre... por correção.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 183
GE 15,8 Artigo 8º
Do lugar onde devem ser aplicados os castigos e dos
momentos em que devem ou não devem ser aplicados
GE15,8,1 O mestre nunca deverá abandonar seu lugar para aplicar a
palmatória e, se ocorrer de não estar nele, voltará a ele para
isso.
GE15,8,2 As correções comuns com as varas ou com o açoite serão
aplicadas num dos recantos afastados611 da sala, onde a nudez
do castigado não possa ser vista pelos outros. Deve-se prestar
muita atenção a isso e inspirar aos alunos grande horror pelo
mínimo olhar nesse momento.
GE15,8,3 As correções extraordinárias por certas faltas especiais e
muito graves em comparação com outras, como, por exem-
plo, haver furtado, desobedecido ou resistido ao mestre, etc.,
devem ser aplicadas em público, quer dizer, na presença dos
alunos e no meio da sala, a fim de lhes servir de exemplo e
impressioná-los mais fortemente.
609
1720 substitui a parte inicial (Quando o mestre... o aluno irá) por: Depois que
o aluno tiver sido corrigido, ele irá
610
1720 adiciona: no meio da sala
611
1720: mais afastados e menos iluminados da sala,
184 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 15,9 Artigo 9º
Das penitências
Seção 1ª
Do uso das penitências, das condições que devem ter e do
modo de impô-las
GE15,9,1 O uso das penitências será muito mais comum nas escolas
que o das correções. Elas aborrecerão menos os alunos,
612
1720 acrescenta: Entretanto, quando achar que a punição é imprescindível,
poderá, alguma vez, mas raramente, aplicar alguns golpes de palmatória
durante o catecismo.
613
1720 suprime: com varas e o açoite
614
1720, em lugar de: não se fará nada, escreve: É igualmente muito importante
nada fazer
615
1720 elimina: inapropriadas e
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 185
616
1720: mais proveitosas.
617
1720 substitui: na classe do mestre que as impôs e nunca em outra, por: na
classe a que pertence o aluno que tiver cometido a falta.
618
1720, deste parágrafo, conserva apenas: Não será dada penitência que possa
prejudicar o silêncio e a ordem na escola: qualquer coisa que faça perder tempo
e não tenha utilidade jamais deve ser imposta como penitência.
619
1720 não registra: com autoridade
186 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
620
1720, além de introduzir nele algumas variantes, abrevia esse parágrafo, eli-
minando a última parte: Coisas que... no meio da sala.
621
Este início – Estando...o mestre pronunciará – em 1720 é encurtado: Após isso,
ele pronunciará...
622
1720: será dos primeiros
623
1720 substitui a parte final por: e se faltar a isso, você será corrigido, o que
deverá ser feito realmente quando o aluno menos pensar nisso.
624
1720 elimina: puramente
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 187
GE 15,9,13 Seção 2ª
Catálogo das penitências em uso e que podem ser impostas
aos alunos por faltas cometidas
Quando um aluno chegar atrasado627 pela segunda vez numa
semana, em lugar de lhe aplicar um castigo, poderá ser-lhe
imposta como penitência, durante 8 ou 15 dias, estar na escola
no momento de se abrir a porta, ordenando ao inspetor628
verificá-lo.
GE 15,9,14 Quando um aluno se concentrar na comida a ponto de perder
a atenção que deve ter para escutar ou as orações, ou as
respostas à santa Missa, ou o catecismo, se poderá impedi-lo
de desjejuar629.
GE 15,9,15 Se um aluno cometer vários erros na leitura por não havê-
la preparado, pode-se impor-lhe a memorização de algo do
livro da Imitação ou do Novo Testamento630 ou, mesmo,
toda a lição631 que não estudou, o que poderia ser o mais
acertado. Também se poderia fazê-lo ler, de acordo com sua
capacidade, uma ou duas páginas depois de os outros terem
625
1720: encarregará vários alunos
626
1720 substitui: e fazer-lhe recordá-las, por: sem falhar.
627
1720 acrescenta: por sua culpa
628
Não o Irmão Inspetor das escolas, mas o aluno inspetor de sua classe, ofício
previsto em 18,7. 1720, aliás, o esclarece, escrevendo: inspetor da classe.
629
1720 troca: se poderá impedi-lo de desjejuar, por: será colocado de joelhos
durante certo tempo.
630
1720: algo do catecismo da diocese
631
1720: uma parte da lição
188 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
632
1720: acenando-lhe com um castigo se não souber melhor a lição.
633
1720: Esse item com suas discriminações é substituído por afirmação genérica
mais aberta: Dar-se-lhe-á para ler trecho maior ou menor, de acordo com a
ordem da lição em que se encontra.
634
1720: qualquer outra
635
1720 substitui este parágrafo por: Igual proceder se adotará com os que tiverem
sido dissipados na igreja: pode-se mandá-los ficar de mãos postas durante toda
a santa Missa do dia seguinte, sem voltar a cabeça, nem erguer os olhos, e
outras coisas semelhantes.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 189
636
1720: aproximadamente meia hora,
637
1720: algum
638
1720: suprime a parte final: ou em qualquer outra... a lição.
639
1720: Far-se-á também
640
1720 suprime: com a cabeça descoberta
641
1720 acrescenta: de catecismo
642
1720 acrescenta: ou na terça-feira.
643
1720 elimina desde: além disso até sua capacidade, e
644
1720 não traz este item.
190 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 16 Capítulo 16
Das ausências
GE 16,1 Artigo 1º
Dos diferentes tipos de ausências645
GE 16,1,1 Seção 1ª
Das ausências regulamentadas e autorizadas
Existem alunos que pedem autorização para ausentar-se sis-
tematicamente todos os dias da semana durante determinado
tempo. Tal permissão poderá ser concedida com parcimônia,
e pelos motivos seguintes, após havê-los bem examinado:
GE 16,1,2 Poder-se-á conceder licença a certos alunos para faltarem
à escola alguma vez, durante a semana, por exemplo, para
trabalhar nos dias de feira, ou em virtude de seu emprego,
desde que não seja depois do meio-dia646, e que o motivo seja
o trabalho e nenhum outro.
GE 16,1,3 Pela mesma razão, poder-se-á também permitir que alguns
alunos diariamente venham à escola só depois do meio-dia;
mas, não se permitirá a ninguém frequentar a aula unicamente
pela manhã.
GE 16,1,4 Também se poderá permitir, pela mesma razão, que alguns
alunos venham à escola de manhã somente às nove horas e à
tarde somente às três, desde que permaneçam até o fim (das
aulas)647.
645
1720 exclui o título: Art. 1º Dos diferentes tipos de ausências
646
A sequência do texto (16,1, 5 e 6) esclarece o motivo: não faltar ao catecismo e
à oração.
647
1720 modifica este parágrafo e o completa com justificativa: Proceder-se-á de
maneira tal a não permitir a nenhum aluno entrar somente às nove horas da
manhã, ou de tarde, às três horas, porque, além de isso perturbar a ordem da
escola, levaria a muitos outros a querer fazer o mesmo.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 191
GE 16,1,7 Seção 2ª
Das ausências não regulamentadas que podem ou não ser
permitidas
Acontece, algumas vezes, alunos solicitarem licença para
se ausentar aos domingos e festas, uns para passear, ou para
visitar parentes; outros, para ir em peregrinação650, e outros a
alguma confraria.
GE 16,1,8 Não se permitirá a nenhum aluno651 ausentar-se do catecismo
nos domingos e festas, por nenhuma dessas razões652.
GE 16,1,9 Às vezes653, nos dias de aula, pode-se permitir a alunos ir
em peregrinação a lugares distantes da cidade, e em que há
ordinariamente grande afluência de povo, se forem com os
pais e estiver claro que é unicamente a piedade e a devoção
que os leva a elas654. Esta permissão só lhes será concedida
se os seus pais a pedirem por eles. Mas não se lhes permitirá
648
1720 formula assim este parágrafo: Tampouco se poderá permitir a algum
outro vir à escola após o meio-dia e sair antes do catecismo; mas todos os
alunos serão obrigados a assistir a ele diariamente, bem como à oração.
649
1720 acrescenta: de manhã
650
1720, em lugar de: em peregrinação, coloca: a alguma festa de aldeia,
651
1720: nem a uns, nem a outros
652
1720 acrescenta: a menos que seja alguma vez de passagem, e não sistemati-
camente, e que os pais o solicitem para eles.
653
1720 elimina: às vezes,
654
1720 omite o restante do parágrafo (Esta permissão... outros rapazes).
192 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
655
1720: Mas não
656
1720 não conserva este parágrafo.
657
1720, introduzindo modificação, sintetiza num só os parágrafos 16,1,14 e
16,1,15. Desta forma: As crianças serão autorizadas a faltarem às aulas para
comprar meias, sapatos, etc., e mesmo para remendar as roupas quando isso
parece absolutamente necessário e os pais não dispõem de outro tempo.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 193
GE 16,2 Artigo 2º
Das causas das ausências e de como remediá-las
GE 16,2,1 Quando os alunos se ausentam facilmente, é, ou por culpa dos
próprios alunos e de seus pais, ou por culpa dos mestres e dos
visitantes.659
GE 16,2,2 A primeira causa da ausência dos alunos provém deles mes-
mos, ou por leviandade, ou por indisciplina, ou por estarem
descontentes com a escola, ou por terem pouca afeição ao
mestre, ou se terem desgostado dele.
GE 16,2,3 Os que se ausentam por leviandade são os que seguem a pri-
meira ideia que lhes vem à mente, e à imaginação660 que vão
correr, ou brincar, ou passear com o primeiro que encontram,
e que agem geralmente sem reflexão.
GE 16,2,4 É muito difícil impedir que tais alunos deixem de se ausentar
de vez em quando. Tudo o que se pode fazer é procurar tornar
suas ausências raras e de curta duração.
GE 16,2,5 Esses alunos deverão ser pouco castigados pelas ausências,
pois, arrastados pela leviandade661, por não refletirem nem
sobre o que lhes foi dito nem sobre a correção recebida,
faltarão de novo no dia seguinte ou na primeira oportunidade.
Serão estimulados a vir à escola mais por meio da bondade
e conquistando-os por uma outra motivação, do que pelo
castigo e a dureza.
GE 16,2,6 Os mestres terão o cuidado de estimular, de vez em quando,
esse tipo de temperamentos, e de animá-los com recompensas,
658
1720: de grande importância.
659
Visitantes dos ausentes: Ofício previsto em GE 18,9. 1720 elimina: e dos
visitantes.
660
1720 elimina: e à imaginação, bem como correr e passear, que vêm a seguir.
661
1720 elimina: arrastados pela leviandade,
194 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
662
1720 elimina: e de torná-los assíduos à escola e que os ocupe nela e que os
torne dóceis,
663
Ter presente que as escolas primárias do tempo normalmente não dispunham de
pátio e que os horários não previam momento de recreio.
664
1720 suprime: se forem julgados capazes.
665
1720: pelo pouco bem
666
1720 elimina a última frase: E isso... leviano.
667
1720 acrescenta: no exercício do magistério,
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 195
668
1720 elimina: e como impor-se aos alunos. Mas adiciona, em seguida: recor-
rendo imediatamente às correções.
669
1720: o Irmão Diretor ou o primeiro mestre
670
1720: O resto do parágrafo recebe nova redação: Sobretudo se tiverem des-
cuidado a atenção aos ausentes ou faltado a algum de seus deveres, por menor
e pouco importante que pareça.
671
1720: O restante do parágrafo é mais enxuto: e que, quase em toda circunstância,
os únicos recursos a que apela são o rigor e os castigos, o que faz com que os
alunos não queiram mais vir à escola.
196 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
672
1Cor 9,22.
673
1720 não conserva este adjetivo, bem como a afirmação final (ou porque os
fazem trabalhar).
674
A frase final deste parágrafo recebe, em 1720, outra formulação, a saber: Em
seguida, é preciso mostrar-lhes o prejuízo que pode causar aos filhos a falta de
instruções sobre as coisas referentes à salvação, ponto que muitas vezes pouco
sensibiliza aos pobres.
675
1720 elimina (por repetitivo ou óbvio): comprometer aos senhores curas das
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 197
paróquias e as damas de caridade a não lhes dar nem lhes facilitar nenhum
tipo de esmola enquanto não enviarem seus filhos à escola... com o nome de seu
pai e mãe, com sua paróquia... E substitui: e que os senhores curas os possam
obrigar por: e para que se possa obrigá-los e pressioná-los...
676
1720 substitui: ou uma hora tanto de manhã como de tarde, por: se não todo o
dia, ao menos a tarde inteira.
677
1720: Elimina o 1º e 2º de 16,2,22. Elimina o 16,2,23. Liga o início do 16,2,22
com o 16,2,24: ...obviar esse inconveniente: Os Diretores das casas...
198 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
678
1720 elimina: o Inspetor das escolas ou
679
1720: aos que vão à casa dos ausentes,
680
1720: Elimina: que estes assinalem...quarteirão, e: que se informe...o escusa.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 199
681
1720 elimina: para ser boa e válida,
200 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
682
1720 simplifica esse parágrafo: Quando os alunos solicitarem permissão para
faltar, é necessário que os mestres se mostrem sempre resistentes para conceder
tais licenças: analisem bem as razões e, em caso de as haver julgado muito
boas e necessárias, enviem sempre o aluno ao primeiro mestre, para obter a
permissão, que este, no entanto, só concederá muito dificilmente, e sem nunca
atender o aluno se este pedir autorizações recusadas por seu mestre.
683
1720: elimina: no máximo,
684
1720: pedindo ausentar-se.
685
1720: esse tipo de
686
1720 exclui o resto do parágrafo.
687
1720: o mestre.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 201
688
1720: Não se excluirão os alunos,
689
1720 acrescenta: nem tiram proveito
690
1720 deixa de transcrever: e, neste caso, ...desligá-los.
691
1720 suprime este terceiro meio. Com o que o 4º passa a 3º.
692
1720 elimina: perto da porta
202 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 16,3 Artigo 3º
Do encarregado de receber e escusar os ausentes, e do
modo de fazê-lo
GE 16,3,1 O Irmão Diretor ou o Inspetor das escolas receberá e escu-
sará os ausentes na escola em que estiver no momento de
serem trazidos de volta, no caso de ele ser Inspetor de vários
bairros. Se ele é Inspetor apenas de uma escola, sempre
receberá e escusará os ausentes de todas as classes desta
escola. Se é Inspetor das escolas de diferentes bairros, o
Diretor confiará a um mestre o cuidado de, em cada escola,
receber e escusar os ausentes quando o Inspetor não estiver
nela, e de informá-lo em seguida dos que foram trazidos de
volta na ausência dele693.
GE 16,3,2 Pela manhã, poder-se-á receber e escusar os ausentes o mais
tardar até as 8 horas e meia e, à tarde, até as duas horas694.
GE 16,3,3 Os mestres não deixarão de avisar a todos os alunos que todos
os que se tiverem ausentado devem estar na escola antes do
mestre e que, se não tiverem a justificativa aceita antes de a
campainha começar a tocar, às oito e meia de manhã e às duas
horas após o meio-dia, sejam quais forem as razões alegadas
por eles e por seus pais, serão mandados de volta695.
GE16,3,4 Somente se receberá e se escusará a um aluno ausente em
razão de enfermidade sobre a qual se tenha certeza, e se um
de seus pais o trouxer de volta à escola.
GE 16,3,5 Os alunos que tiverem estado ausentes só voltarão à aula se a
pessoa que os traz de volta tiver falado com quem recebe os
ausentes. O lugar em que os ausentes serão escusados será
na frente da porta de entrada das escolas.
693
1720: A primeira afirmação deste parágrafo é substituída por: O Irmão Diretor
confiará a um mestre de cada escola o cuidado de receber e justificar os
ausentes. Elimina-se o restante, bem como 16,3,4 e 16,3,5.
694
Lembrar que as portas da escola são abertas às sete e meia da manhã e a uma
da tarde, e que a aula começa precisamente às oito e a uma e meia (GE 1,1,1 e
1,2,8).
695
1720: serão punidos ou mandados de volta.
204 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
696
1720, na parte inicial, generaliza: Se os pais... fazem queixas. Por isso, no final,
substitui: mesmo acreditando que este esteja errado, por: caso for ele o objeto
das queixas.
697
1720: A seguir, lhes dará as recomendações julgadas necessárias e terá depois
o cuidado de informar o Irmão Diretor sobre as queixas que lhe foram feitas e
sobre o seu objeto.
698
1720 só conserva esta primeira frase do parágrafo, eliminando o resto.
699
1720 substitui: o Inspetor ou quem ocupar seu lugar, o repreenderá, por: é
necessário repreendê-lo
700
1720: e dar-lhe depois, em particular, as recomendações necessárias
701
1720: para prevenir e impedir as ausências de seu filho.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 205
GE 16,4 Artigo 4º
Dos castigos a impor aos alunos que se ausentaram sem
permissão e que chegaram atrasados
GE 16,4,1 Os alunos que se tiverem ausentados sem permissão, tendo
sido recebidos, irão colocar-se, na aula, no banco dos negli-
gentes, destinado aos ausentes sem permissão e aos que che-
garam atrasados. Ficarão neste banco pelo dobro do tempo
que tiverem faltado à aula, de sorte que, se tiverem faltado
meio dia, permanecerão nele por um dia inteiro, e assim
por diante, na proporção do tempo em que tiverem estado
ausentes; e, enquanto continuarem neste banco, não estarão
com os demais de sua lição, mas um aluno os fará ler durante
702
1720: Se o encarregado de escusar as crianças
703
1720: na entrada
704
1720: aquele que escusa
705
Que é o banco dos negligentes (GE 16,4,1).
706
Em 1720: Quando o mestre encarregado de escusar os alunos tiver escusado
os ausentes que se tiverem apresentado cada vez, irá ou mandará dizer a cada
mestre quais os alunos trazidos de volta, o que os pais lhe disseram, como e sob
que condições os recebeu.
206 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 17 Capítulo 17
Dos feriados
GE 17,0,1 É importante que os feriados e férias estejam sempre regu-
lamentados de forma idêntica nas escolas. Isso é uma das
coisas que muito contribuirá para manter nelas a boa ordem.
GE 17,0,2 Há quatro coisas atinentes a esse capítulo: 1. os feriados
ordinários; 2. os feriados extraordinários e as oportunidades
em que podem ou não podem ser dados; 3. as férias; 4. a
maneira de indicar os dias feriados e dar conhecimento deles
tanto aos mestres como aos alunos.
GE 17,1 Artigo 1º
Dos feriados ordinários
GE 17,1,1 Os feriados ordinários são os indicados a seguir. Dar-se-á
feriado o dia inteiro todas as quintas-feiras de cada semana
do ano, na qual não ocorrer alguma festa.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 207
707
1720: se dará feriado sexta-feira de tarde.
708
1720 acrescenta: nesta semana.
709
1720 não faz referência a este feriado de Finados.
710
1720 omite: no dia de São Nicolau...até: e, em seguida
208 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 17,2 Artigo 2º
Dos feriados extraordinários
GE 17,2,1 Não se dará nenhum feriado extraordinário sem evidente e
absoluta necessidade. Quando o Irmão Diretor de alguma
casa se julgar na obrigação de conceder algum, solicitará o
parecer do Superior do Instituto, antes de o dar, caso possa
prevê-lo.
GE 17,2,2 Se a previsão não tiver sido possível, ele o comunicará em
seguida ao Superior do Instituto, fazendo-lhe saber as razões
que o obrigaram a isso.
GE 17,2,3 Quando houver necessidade de conceder um feriado extra-
ordinário, ele sempre o dará em lugar da quinta-feira, ou do
dia festivo da semana715. Se há uma festa nesta semana, o
feriado extraordinário só será dado na parte da tarde, no caso
de a necessidade ocorrer somente pela tarde, e será dado todo
dia, se a necessidade ocorrer pela manhã.
711
1720: Corta esta última alternativa: ou na diocese de cada casa.
712
1720: quarta-feira
713
1720 adiciona: Todavia, nas duas últimas festas se assistirá à Missa da
paróquia, com os alunos, e se lhes explicará o catecismo.
714
1720 acrescenta: independente do dia da semana em que ocorrem, e inverte
a ordem da parte final: e não se dará outro feriado durante toda a semana, a
menos que alguma dessas festas ocorra no domingo.
715
1720 elimina: da quinta-feira, ou
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 209
716
1720 não guarda a segunda parte do parágrafo.
717
1720 substitui: durante a semana, por: na mesma semana,
718
1720: na mesma casa ou em outra semana,
719
1720 elimina: nem obrigá-los a virem à escola.
720
1720 acrescenta: feriados nem
721
Transcritas mais sobriamente, como aparecem em 1720.
210 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 17,3 Artigo 3º
Das férias
GE 17,3,1 Este artigo engloba quatro temas: 1. O que se refere às férias
em si; 2. os avisos que os mestres darão aos alunos, a fim de
passarem bem as férias; 3. o que se fará no último dia de aula,
antes das férias; 4. o que será feito no dia do reinício das aulas
após as férias727.
GE 17,3,2 Todos os anos se deixará de dar aula, em toda parte, pelo
espaço de um mês. Essa interrupção das aulas chama-se
férias728.
GE 17,3,3 Não se promoverá os alunos de lição no último dia antes das
férias, mas (para fazê-lo) se esperará para depois das férias. Se
722
Isto é, de carnaval. 1720 não traz esta explicação.
723
1720 elimina o final: a não ser que estejam doentes;
724
1720 suprime: às quais tampouco se levarão os alunos;
725
Diferente da festa deste santo (RC 10,6. GE 17,1,4. DC3: 44,22).
726
Das corporações dos ofícios.
727
1720 elimina: após as férias.
728
1720: É o que se chama férias.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 211
729
1720 exclui este parágrafo. Em compensação, inclui um novo, nos seguintes
termos: As férias serão dadas, em toda parte, durante todo o mês de setembro
e, também em toda parte, as aulas reiniciarão a primeiro de outubro.
730
1720: Entre os
731
1720: A mudança do início do parágrafo exige colocar aqui estão em lugar de
são.
732
1720 suprime: ao se levantar e ao se deitar,
733
1720 amplia a parte final deste parágrafo: ou de meia hora, a alguma igreja,
visitar e adorar o Santíssimo Sacramento.
734
1720 continua: e um grande pecado;
212 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
735
1720: Desaparece a segunda parte deste parágrafo. E, em lugar dela, encontra-
se: Não se lhes darão, nesta oportunidade, as recompensas, mas a entrega
destas será adiada para o início das aulas depois das férias, a não ser que o
Irmão Diretor achar bom proceder de maneira diferente.
736
1720 exclui: e, em seguida, para a mudança de lições que se fará logo depois.
Mas introduz: Neste dia, enquanto se reúnem na escola, se lhes dará o catecismo
das oito às nove horas após a oração rezada no começo das aulas.
737
Em 1720 este parágrafo some do texto, bem como o 17,3,14 e o 17,3,15.
738
Exortar: fazer exortação, isto é, fala piedosa “que, à diferença do sermão,
pregação e homilia”, é “simples e familiar”, estimulando “à devoção e à prática
dos deveres morais e religiosos” (Bailly, 1946, p. 543).
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 213
GE 17,4 Artigo 4º
Da maneira de indicar os dias feriados e de dar conheci-
mento deles tanto aos mestres como aos alunos
GE 17,4,1 Todos os domingos, após a ação de graças da comunhão, o
Diretor739 de cada casa anunciará aos Irmãos, estando todos
de pé740, os dias de festa que ocorrerão durante a semana, e o
dia que será feriado, e se este será de dia inteiro ou somente
após o meio-dia.
GE 17,4,2 Se for preciso conceder algum feriado extraordinário, não
previsto pelo Diretor no domingo, ele o comunicará na
véspera, de manhã, depois das Ladainhas do Santo Menino
Jesus, ou após o meio-dia, depois das Ladainhas de São José.
GE 17,4,3 O Diretor fará a comunicação da mesma forma, caso houver
algo de especial a fazer, durante a semana, nas escolas.
GE 17,4,4 Se o previsto pelo Diretor for algo extraordinário, ele o
comunicará no domingo; tratando-se de algo não previsto
por ele, fará a comunicação na véspera, no oratório, após as
Ladainhas do Santo Menino Jesus ou de São José741.
GE 17,4,5 Cada mestre, na própria classe, anunciará os dias feriados, ou
o que houver de especial a fazer neles, no final das aulas da
véspera, imediatamente após a oração da tarde742.
GE 17,4,6 Todos os mestres cuidarão de dizer tudo isso em poucas
palavras, sem nada esquecer, e de formulá-lo de tal maneira
que possam ser compreendidos por todos os alunos.
739
1720: o Irmão Diretor
740
1720 suprime: estando todos de pé,
741
1720 elimina este parágrafo.
742
1720 prossegue: sobretudo os jejuns da Igreja prescritos para a semana.
214 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 18 Capítulo 18
Dos oficiais743 da escola
743
Ofício, em geral, era uma “função confiada pelo rei a um particular”. Era
“dignidade, porque participação do poder real; função pública, porque serviço
do rei, particularmente no domínio judiciário e financeiro, serviço retribuído
com salário” (Cabourdin e Viard, 1981, p. 235).
744
1720: O parágrafo termina neste ponto, não discriminando os vários “oficiais”
nomeados por cada mestre.
745
Destes oficiais, o texto de 1720 apresenta a descrição de nove, os quais, no
Caderno Lassaliano N. 24, são apresentados em paralelo ao que deles se diz
no manuscrito de 1706. Outros cinco, o texto impresso, embora faça referência
a algum deles, não os contempla desenvolvidamente e, consequentemente,
não os confronta com a descrição feita no manuscrito. São eles: o ministro
da santa Missa, o esmoler, os primeiros dos bancos, os visitantes dos ausentes
e os distribuidores e coletores de livros. Quanto aos que são confrontados,
verificam-se bastantes variações operadas desde 1706 até 1720. Nas notas se
apontarão algumas que pareçam mais significativas.
746
1720: num dos três primeiros dias
747
1720 redige da seguinte forma o restante da frase: proporá todos os que tiver
escolhido ao Irmão Diretor ou ao primeiro mestre, e só lhes fará exercer a
função depois que este os tiver aprovado.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 215
GE 18,1 Artigo 1º
Dos recitadores das orações
GE 18,1,1 Em cada escola, haverá dois alunos encarregados de presidir
as orações, um pela manhã e outro à tarde, os quais se subs-
tituirão mutuamente, caso aquele que tiver que presidi-las
chegar tarde ou faltar à aula749. Aquele que houver presi-
dido, durante uma semana, as orações da manhã, na semana
seguinte as presidirá à tarde e vice-versa.
GE 18,1,2 Presidirão todas as orações feitas na escola pausadamente,
com atenção e recolhimento750, seguindo a ordem prescrita
no capítulo das orações, e num lugar donde possam ser facil-
mente ouvidos por todas as classes.
GE 18,1,3 Nenhum aluno será encarregado deste ofício se não souber
perfeitamente todas as orações, se não as recitar distintamente,
se não tiver voz suficientemente forte para fazer-se ouvir em
todas as salas751 e se não for recolhido e modesto, para não ser
causa de distração para os colegas.
GE 18,1,4 Esses recitadores das orações serão nomeados a cada mês, e
ambos pertencerão à classe dos escrevedores. Com o parecer
do Irmão Diretor ou do Inspetor das escolas752, o mestre
poderá mantê-los753, se não houver outros em condições de
desempenhar tão bem esse ofício. Não serão mantidos por
outras razãos, porque essa função contribui muito para fazer
748
1720 acrescenta: Em seguida se falará destes oficiais e de suas obrigações. E
poderia acrescentar mais: e das qualidades que cada um deve ter.
749
1720 não conserva esta eventualidade: caso aquele... faltar à aula.
750
1720 reduz o restante do parágrafo: de tal maneira que sejam facilmente
ouvidos por todos os alunos.
751
Em 1720 desaparece: se não tiver...as salas
752
1720 corta: Com o parecer do Irmão Diretor ou do Inspetor das escolas,
753
1720: poder-se-á mantê-los,
216 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 18,2 Artigo 2º
Do ministro da santa Missa
GE 18,2,1 Haverá um aluno encarregado de fazer a função do sacerdote
na recitação das respostas da santa Missa, na terça-feira de
cada semana, durante o desjejum.
GE 18,2,2 Ele desempenhará este ofício da maneira seguinte: ficará
sempre de pé num mesmo lugar, enquanto aquele que res-
ponde estará de joelhos a seu lado assim como deve estar ao
servir a santa Missa. Começará dizendo: In nomine Patris,
etc... Introibo, etc..., que o sacerdote reza até subir ao altar.
Depois rezará o Kyrie eleison, com o ajudante, e tudo o que
está no livro, que deve ter em mãos durante esse tempo.
GE 18,2,3 Ao final dos dois Evangelhos755, nas duas ou três últimas
palavras, fará uma inflexão de voz; inclinará a cabeça toda
vez que disser: Jesus, Maria e Oremus. Após o Sanctus, fará
lentamente duas genuflexões, uma após outra, para indicar ao
ajudante o momento em que deve tocar para a consagração.
Baterá três vezes no peito no Agnus Dei756 e no Domine non
sum dignus757. Após o Domine non sum dignus, apresentará
um pequeno vaso, feito expressamente como para receber a
primeira ablução. Depois se voltará para o lado do ajudante,
colocando os quatro dedos sobre este vaso, como faz o padre
ao receber a segunda ablução, para indicar ao ajudante o
modo de fazê-la.
GE 18,2,4 A primeira vez em que se recitarem as respostas da santa
Missa, após as últimas orações, ele fechará o livro; na segunda
vez, o deixará aberto, para indicar ao ajudante que, quando
754
1720 acrescenta: em sua casa
755
O segundo Evangelho: O início do Evangelho de São João, o qual, até o
Vaticano II, era lido após a Missa.
756
Cordeiro de Deus
757
Senhor, eu não sou digno.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 217
GE 18,3 Artigo 3º
Do esmoler
GE 18,3,1 Em cada classe, haverá um aluno encarregado de recolher as
esmolas, isto é, os pedaços de pão que serão dados aos pobres
durante o desjejum e a merenda.
GE 18,3,2 Pelo meio e o final do desjejum e da merenda, após haver
saudado o mestre, ele tomará, na classe, a cesta destinada a
este fim. Irá apresentá-la diante dos bancos, primeiro de um
lado da classe, e depois de outro, sem dizer uma só palavra
e evitando, cuidadosamente, de jamais pedir coisa alguma a
alguém.
GE 18,3,3 Ao caminhar na sala, enquanto exercer esta função, ele o
fará muito modestamente e sem ruído, cuidando de não olhar
fixamente a nenhum aluno.
GE 18,3,4 Depois das esmolas terem sido todas ou quase todas reco-
lhidas, após haver saudado o mestre, ele lhe entregará a cesta,
para distribuí-las.
GE 18,3,5 Cada mestre zelará para que o encarregado deste ofício tenha
compaixão dos pobres e lhes consagre afeição e, sobretudo,
não seja levado à gula. Não permitirá que ele dê algum pedaço
de pão, nem outra coisa, a quem quer que seja e, muito menos
ainda, que tome para si mesmo algo do que estiver na cesta.
Se for observado que ele tiver feito uma ou outra dessas
coisas, será severamente punido e imediatamente privado
218 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 18,4 Artigo 4º
Do porta-aspersório
GE 18,4,1 Em cada escola758, haverá um aluno que levará, em todos os
dias de aula, um aspersório [à santa Missa e, aos domingos
e festas], para a Missa e as Vésperas, a fim de os alunos
poderem servir-se de água benta ao entrar e ao sair da igreja.
GE 18,4,2 Este oficial e o porta-terços serão os primeiros na ida à santa
Missa759, e conduzirão os demais no deslocamento para a
igreja.
GE 18,4,3 Ao entrar na igreja, colocar-se-á perto da pia de água benta,
ali permanecendo até que todos os alunos tenham passado e
se servido da água benta.
GE 18,4,4 Da mesma forma procederá quando os alunos saírem da igreja.
No lugar que o mestre ou o Inspetor lhe indicar, se posicionará
de maneira tal que todos os alunos possam facilmente servir-
se da água benta760. Assim que estiver em seu lugar, tomará da
água benta com o aspersório, imergindo-o na pia, e voltando
a tomar dela assim que perceber que ela tiver terminado.
GE 18,4,5 Segurará o aspersório horizontalmente estendido diante de si
e evitará cuidadosamente utilizá-lo para aspergir ou brincar,
sob pena de castigo.
GE 18,4,6 Durante todo o tempo em que os alunos passarem diante dele,
se manterá de pé, em postura recolhida, de olhos baixos, sem
olhar para nenhum dos que passam, e sem girar levianamente
a cabeça.
GE 18,4,7 Quando todos os alunos tiverem saído da igreja, caso não se
regressar à escola, irá até ela, com o porta-terços, recolocar o
758
1720 corta: Em cada escola,
759
Em 1720 desaparece: na ida à santa Missa,
760
1720 continua: do aspersório.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 219
GE 18, 5 Artigo 5º
Do porta-terços e seus ajudantes
GE 18,5,1 Em cada escola763, haverá um aluno designado para levar os
terços à igreja, 764todos os dias na santa Missa, e nos domingos
na missa cantada e nas Vésperas.
GE 18,5,2 Este aluno receberá do mestre os terços contados, e terá o
cuidado de contá-los, todos os dias, antes765 da Santa Missa,
ou após o meio-dia, no início das aulas, caso a Missa for ao
final das aulas766, e avisará o mestre, se faltar algum.
GE 18,5,3 O mestre os contará no último dia de aula de cada semana.
Haverá tantos conjuntos de terços, quantas forem as fileiras
duplas de alunos na igreja. Se os alunos formarem mais de
uma fila de dois, haverá um ou vários auxiliares para distribuir
os terços em cada fila dupla.
GE 18,5,4 A partir do momento em que os alunos estiverem de joelhos
em seu lugar, este oficial tomará um conjunto de terços, e
dará outro ou outros a seu ou a seus ajudantes. Cada um deles
passará em meio a uma fila dupla767, da frente até o fundo,
para distribuir terços aos desta fila dupla que não souberem
ler, isto é, aos que leem nos cartazes768, no silabário e no
primeiro livro769.
761
1720: colocá-lo.
762
1720: se julgue ser necessário. Procedimento que se repete com outros oficiais:
18,3,5; 18,4,7; 18,5,12; 18,6,5; 18,7,9; 18,14,5.
763
1720: Haverá um aluno designado para levar os terços à igreja,
764
1720: O resto da frase: toda vez que se levar os alunos a ela.
765
1720: imediatamente após a
766
1720 omite: no início das aulas, caso a Missa for ao final das aulas,
767
1720: irá a uma fila entre dois alunos,
768
1720: leem nos cartazes do alfabeto,
769
1720 não conserva: no primeiro livro.
220 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
770
Em 1720 não aparece: e, retornando à escola, os contará.
771
1720: levar os terços de volta à escola, e os colocará em seu lugar de costume.
772
1720: no começo das aulas, tanto de manhã como depois do meio-dia
773
1720: por primeiro na aula,
774
1720 faz supressão no início (Ele deve saber... por qual terminar) e no final (e
o lugar... alunos seguintes).
775
1720: pausada, piedosa e modestamente.
776
1720 elimina: se rezam de fato o terço e não interrompem a sua reza. E após
este parágrafo, introduz outro novo: Se houver mais de três classes na escola,
haverá dois ou três encarregados deste ofício.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 221
GE 18,6 Artigo 6º
Do sineiro
GE 18,6,1 Em cada escola, haverá um aluno com a função de tocar a
sineta para o início das aulas e os exercícios escolares.
GE 18,6,2 No início das aulas e em todas as horas dará vinte batidas; e
dará também vinte batidas na metade de cada hora, e ao final
das aulas783, para indicar que estas terminam e que se deve
começar a oração.
GE 18,6,3 Terá o cuidado de escutar as batidas do relógio e tocar exa-
tamente na hora assim que o relógio der a última batida, e na
meia hora, assim que o último sinal tiver soado784.
777
1720 suprime: como também o precedente,
778
1720 substitui piedoso por: bem comportado
779
1720 exclui o restante do parágrafo.
780
1720: Ele será ordinariamente escolhido, com seus ajudantes, entre os alunos
da classe...
781
1720 modifica e reduz o restante para: será buscado numa outra.
782
1720 não contempla este parágrafo.
783
Em 1720, as duas primeiras vinte batidas se reduzem a cinco, e as terceiras, a
cinco ou seis. Assim como as cinco batidas de 18,6,4 diminuem para duas ou três.
784
1720 reduz este parágrafo a: Terá o cuidado de tocar exatamente na hora.
222 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 18,7 Artigo 7º
Do inspetor e dos vigilantes
GE 18,7,1 Em todas as classes, haverá inspetores, na ausência dos
mestres, não os havendo nunca fora desta circunstância,
a não ser nas classes dos que escrevem, nas quais haverá
um inspetor durante o desjejum e a merenda, o qual vigiará
sobre os que recitam as orações, o catecismo e as respostas
da santa Missa.
GE 18,7,2 O cuidado do inspetor, em cada classe, consistirá em vigiar786
sobre tudo o que acontece na classe, durante a ausência do
mestre.
GE 18,7,3 Todo o seu empenho consistirá em reparar e em estar atento a
tudo o que acontece na classe, sem nunca dizer uma só palavra,
aconteça o que acontecer, e sem sair do seu lugar. Tampouco
permitirá a aluno nenhum de lhe falar, nem de aproximar-
se dele durante todo o tempo em que estiver exercendo esse
ofício.
785
1720: dará duas ou três batidas
786
Em 1720, os parágrafos 18,7,2 e 18,7,3 se aglutinam, desaparecendo, no 18,7,2:
vigiar, em cada classe, e durante a ausência do mestre.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 223
787
1920: Não ameaçará
788
1720 acrescenta: Nunca usará a palmatória, nem coisa alguma para bater nos
alunos.
789
1720 não guarda: Não deixará passar a mínima falta dos alunos sem anotá-la;
790
1720 escreve (equivocadamente): anotará os que guardam o silêncio
791
1720: mas muito mais para
792
1720: lhe deve relatar em voz bem sumida e em particular
793
1720: também discretamente
794
1720: bem comportados e fiáveis.
224 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
795
Em 1720 essa frase inicial é assim formulada: O inspetor precisa ser muito
diligente em vir à escola e ser um dos primeiros a chegar a ela;
796
1720 não traz: dissimulado,
797
1720: de forma que denuncie
798
1720, em lugar de: o mestre o castigará muito severamente e passará o seu ofício
a outro, põe: ele será castigado muito severamente e depois deposto de seu ofício.
799
1720: se foi sempre dos primeiros
800
1720 corta esta parte: se não é ele mesmo causa de desordem na classe;
801
1720: muito fielmente
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 225
GE 18,8 Artigo 8º
Dos primeiros dos bancos
GE 18,8,1 O primeiro aluno de cada banco será encarregado do catálogo
de seu banco, e marcará os deste banco que faltarem à aula,
puxando o cordão correspondente a cada aluno ausente.
Cada aluno primeiro do banco puxará, cada dia, o cordão dos
ausentes de seu banco, às oito e meia da manhã e às duas horas
da tarde. Logo depois de terem assim marcado os ausentes,
cada um dos primeiros dos bancos irá mostrar ao mestre o seu
catálogo, para que este leia os ausentes e verifique se não há
alguns a mais ou a menos.
GE 18,8,2 Os mestres das classes inferiores, nas quais os alunos não
sabem ler, ensinarão a ler os nomes dos catálogos aos primei-
802
1720 elimina o restante do parágrafo: e suficientemente...percebido.
803
1720 suprime: de tempo em tempo, sem que isso seja percebido,
804
Em 1720 desaparece: com os alunos em cada quarteirão ou rua,
805
1720: e que disso informarão o mestre imediatamente, em particular.
226 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 18,9 Artigo 9º
Dos visitantes dos ausentes
GE 18,9,1 Em cada classe haverá dois ou três alunos que serão encar-
regados de controlar a assiduidade dos alunos de várias ruas
de determinado quarteirão da cidade, que lhes for assinalado.
GE 18,9,2 Cada um deles terá um catálogo com os alunos do quarteirão
de que estiver encarregado, no qual estarão registrados os
nomes e sobrenomes dos alunos e a rua onde moram. Se
nas classes inferiores não se encontrar nem um aluno capaz
de desempenhar esse ofício, ou se não houver número sufi-
ciente, o mestre, seguindo o parecer do Diretor ou do Inspetor
das escolas, recorrerá a alunos de uma classe superior para
suprir a essa incapacidade ou insuficiência.
GE 18,9,3 Os visitantes das classes inferiores que forem escolhidos
em alguma classe superior irão, pelo final da aula da manhã
e durante a merenda da tarde, para marcar (nas classes
inferiores) os ausentes: depois de saudar o mestre, puxarão os
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 227
806
1720 suprime: e desde o início de um banco até o fim dele,
807
1720 não consigna: Colocá-las-ão sobre a mesa, cada uma diante daquele a
quem ela pertence.
808
1720: e recolhê-las
809
1720: e sem barulho.
810
1720 elimina a parte final: para que nem eles...para escrever.
811
1720: algum tempo
812
1720 substitui: todos os alunos de que estão encarregados, por: todos os que
escrevem, se o mestre o julgar oportuno,
230 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 18,11 Artigo 11
Dos distribuidores e coletores dos livros
GE 18,11,1 Em cada classe, haverá certo número de livros de cada lição,
para serem emprestados aos alunos pobres e sem condição de
comprá-los. Um aluno terá o encarregado de distribuir esses
livros àqueles aos quais o mestre ordenar levá-los. Toda classe
disporá de uma lista dos que devem utilizar esses livros, e que
o Superior ou o Inspetor das escolas tiver verificado serem
realmente tão pobres que não lhes é possível adquiri-los. E
esses livros não serão dados para uso de nenhum aluno que
não esteja nessa condição.
GE 18,11,2 Este oficial saberá o número dos livros de cada classe des-
tinados aos pobres. Ao recolhê-los, estará atento para que
em nenhum deles haja nada de estragado, que as folhas não
estejam dobradas, mesmo nos cantos, e que cada um lhe
devolva aquele com que estava; e, se faltar algum, ou algum
aluno tiver danificado o seu, este oficial o comunicará ao
mestre, assim que tiver recolocado os livros em seu lugar.
GE 18,11,3 Terá o cuidado de colocar em ordem as folhas, as palmató-
rias, os livros dos mestres, de dá-los a eles, quando os
813
1720 omite desde: se cada um tem um modelo até: além do que está no modelo.
814
1720: falhou em algum coisa,
815
1720 omite: e lhe levarão e mostrarão esses papéis.
816
1720: os alunos sequem sua escrita e
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 231
GE 18,12 Artigo 12
Dos varredores
GE 18,12,1 Haverá um aluno, por classe, cujo ofício será varrê-la, con-
servá-la ordenada e limpa. Deverá varrê-la, sem falta, uma
vez por dia, ao final das aulas da manhã. Quando se for à
santa Missa ao final das aulas, ele voltará, para este fim, à
escola. Antes de começar a varrer, moverá os bancos e os
colocará uns sobre os outros817, junto à parede818, uns de um
lado e os restantes do outro. Os819 varredores das duas salas
contíguas se ajudarão mutuamente para erguer os bancos820
ou recolocá-los em seus lugares, mas somente para isso.
GE 18,12,2 Depois de haver retirado os bancos, umedecerá a classe, se
necessário e, a seguir, a varrerá. Levará, com a cesta, o lixo
ao lugar da rua destinado a isso. Depois guardará a vassoura,
a cesta e as demais coisas utilizadas, no lugar costumeiro.
GE 18,12,3 Quando sua vassoura já não mais servir, terá o cuidado de
mostrá-la ao mestre e de seguir as indicações deste para ir
pedir outra na casa821.
GE 18,12,4 O mestre cuidará para que cada um dos varredores varra a
classe de que está encarregado e que ela esteja sempre muito
limpa.
GE 18,12,5 Os varredores não devem ser lentos, mas despachados, para
não levarem demasiado tempo na realização desse ofício.
817
1720 não traz: moverá os bancos e os colocará uns sobre os outros,
818
1720: colocará os bancos junto à parede,
819
1720: Os dois
820
1720: Substitui: se ajudarão mutuamente para erguer os bancos ou recolocá-
los em seus lugares, por: se ajudarão mutuamente, se necessário, para retirar os
bancos, ou recolocá-los em seus lugares,
821
Este parágrafo não consta em 1720.
232 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 18,13 Artigo 13
Do porteiro
GE 18,13,1 Cada escola terá apenas uma porta de entrada. Havendo mais
de uma, as outras, a juízo do Diretor, permanecerão fora de
uso e sempre fechadas.
GE 18,13,2 Um aluno de uma das classes, geralmente daquela pela qual
se entra, estará encarregado, segundo ordene o Diretor, de
abrir e fechar essa porta cada vez que alguém entra ou sai da
escola. Será chamado, por isso, de porteiro.
GE 18,13,3 Sentará junto à porta, a fim de poder abri-la imediatamente.
Não a deixará aberta, fechando-a sempre com ferrolho.
GE 18,13,4 Deixará entrar na escola somente os mestres823, os alunos e
o senhor pároco da paróquia em que se localizam as escolas.
Não deixará entrar outras pessoas, a não ser por ordem do
Diretor ou do mestre que, na sua ausência, for o Inspetor
nessa escola824.
GE 18,13,5 Quando alguém bater à porta, ele825, imediatamente, a abri-
rá, o menos que lhe for possível, e somente na medida do
necessário para poder falar e responder à pessoa que bate.
822
1720 não conserva este parágrafo.
823
1720: Irmãos,
824
Em 1720 desaparece a parte final: a não ser...nesta escola.
825
1720 introduz variantes: Quando alguém bater à porta da escola, ele abrirá
imediata e pausadamente, fazendo esperar o mínimo possível, para poder
responder... ao mestre que costuma atender.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 233
826
1720: Esta segunda frase é excluída.
827
1720 muda o início: Este oficial será fiel em ler quando for sua vez, assim
como os demais; aplicado...porta. E acrescenta, ao final: Deve-se mudá-lo
com frequência, caso possível, e ter cuidado para que não perca seu tempo,
fazendo-o ler no final da aula, ou colocando um outro em seu lugar durante a
leitura.
828
1720: quando eles saem.
829
1720 adiciona: na medida em que isso for possível.
234 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 18,14 Artigo 14
Do chaveiro
GE 18,14,1 Em cada uma das escolas fora da casa, haverá um aluno
encarregado da chave da porta pela qual se entra830. Será
muito fiel em estar todos os dias na hora em que a porta deve
ser aberta, e em que os alunos começam a entrar, isto é, de
manhã, antes das 07h30 e após o meio-dia, antes da uma
hora. Por isto, se cuidará de que ele não more muito longe da
escola831.
GE 18,14,2 Ele está proibido de entregar a chave da escola a aluno
algum sem ordem do mestre832 encarregado do cuidado e da
inspeção833 desta escola, por ordem do Diretor, na ausência
deste.
GE 18,14,3 Quando se regressar à escola após a santa Missa, ele voltará
a ela por primeiro, junto com o porteiro, para conduzir os
alunos. Quando não se retornar para a escola depois da santa
Missa, ele voltará a ela com o porta-terços, o porta-aspersório
e os varredores, e cuidará para que não se faça barulho ao
varrê-la, e não sairá da escola antes deles.
GE 18,14,4 Este aluno estará igualmente encarregado da conservação
de tudo o que estiver na escola e cuidará para que nada seja
levado. Deve ser escolhido dentre os mais assíduos à escola e
que não faltam a ela.
GE 18,14,5 Esse oficial e os três precedentes, quer dizer, o porteiro e os
distribuidores das folhas e dos livros não serão mudados, a
não ser que o mestre, por recomendação do Irmão Diretor ou
do Inspetor das escolas, o julgue necessário.
830
1720 exclui esta primeira frase, razão pela qual inicia por: O chaveiro será....
831
1720 não conserva: Por isso, se cuidará de que ele não more muito longe da
escola.
832
1720: Irmão
833
1720 elimina: e da inspeção, assim como a parte final (por ordem do Diretor, na
ausência deste).
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 235
GE 19 Capítulo 19834
Da estrutura, da uniformidade das escolas e dos móveis
adequados a elas
GE 19,0,0-1 As escolas devem ser estruturadas de tal forma que mestres
e alunos possam cumprir nelas facilmente seus deveres:
Os espaços sejam tais que não se necessite nem subir, nem
descer; a porta de entrada esteja, quanto possível, localizada
de maneira que os alunos não passem por outras salas para
entrar na sua.
GE 19,0,0-2 Quando as aulas são dadas em sala que dá para a rua ou para
um pátio comum, é preciso ter cuidado para que as janelas não
estejam a menos de sete pés do soalho, a fim de os transeuntes
não poderem olhar para dentro.
GE 19,0,0-3 É preciso também haver locais para os meninos fazerem suas
necessidades, assentando muito mal irem à rua para isso.
GE 19,0,0-4 É necessário que as salas sejam bem iluminadas e arejadas,
devendo haver, por isso, se possível, janelas nos dois lados de
cada classe, para a ventilação; que tenham pelo menos de 18
a 20 pés, em formato quadrado ou, no máximo, 25, porque as
salas muito compridas ou muito estreitas, são desconfortáveis.
GE 19,0,0-5 Que as salas pequenas e as médias tenham, pelo menos, 15
a 18 pés, em formato quadrado; que a porta de comunicação
esteja disposta de tal modo que seja possível colocar a cadeira
do mestre contra a parede, face a ela.
GE 19,0,0-6 Os bancos nas escolas devem ter diversas alturas, a saber:
de 8, 10, 12, 14 e 16 polegadas, e comprimento de 12 a 15
834
A edição princeps, de 1720, acrescenta um capítulo 9º, uma de cujas partes são
os cartazes, que no manuscrito de 1706 aparecem no capítulo 3º. O Caderno
Lassaliano n. 24 colocou-os ao final, coincidindo com o capítulo 9º de 1720.
Na edição das Obras Completas em francês omitiram-se os cartazes, mas se
apresenta uma parte do capítulo 9º, com a numeração 19 e com o título “Dos
cartazes do alfabeto”; mas reproduzem-se apenas os parágrafos que descrevem
os cartazes. Não sendo os cartazes de 1706 e 1720 exatamente iguais, nesta
edição se transcrevem todos eles, os do manuscrito de 1706 no capítulo 3º, e os
de 1720, em sua integridade, no capítulo que segue.
236 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
me ca et eux ce ga nos
em gi jo cho of cu qui
oeu en ei l’hu vu go ont
n’y ge in gue ha on sça
im eu xi cun ou hé pei
est ce el gne gu j’i nez
om ex ni hau co ze moy
238 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
835
1720 adiciona: não compreendidas as molduras.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 239
de milhao
Dezena
Milhão
demilhar
Centena
de milhar
Dezena
Milhar
Milhar
Centena
Dezena
Unidade
1
3 2
5 2 3
6 6 5 4
9 8 7 6 5
6 3 9 8 7 6
6 5 6 3 9 8 7
2 6 3 6 7 3 9 8
1 2 3 4 5 6 7 8 9
10 11 12 13 14 15 16 17 18
19 20 35 43 51 62 73 80 93
100 1012 12011 1673167271
240 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
Vogais
a e i o u
Consoantes
bê cê dê efe gê agá cá ele eme ene
b c d f g h k l m n
Pontuação
Ponto . dois pontos : ponto e vírgula ; vígula ,
Interrogação Exclamação
(Onde está Deus?) (Ó meu Deus!)
Apóstrofo
Il n’y a qu’un seul Dieu. (Existe um só Deus).
Parêntesis
Dai (vos diz Jesus Cristo) e se vos dará.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 241
Hífen
Y-a-il, est-il, donnez-moi (Há, é ele, dá-me).
Acento agudo
Aimé, loué, prisé, pensé, amitié
(Amado, louvado, valorado, pensamento, amizade)
Acento grave
Près, auprès, où, à, là (perto, junto, onde, a, lá)
Circunflexo
Vôtre, même, maître, être (Vosso, mesmo, mestre, ser)
ë ï ü encimados por dois pontos
vuë, ruë, aïez, haïr, seüil, deüil (vista, rua, tende, odiar, limiar, morte)
Abreviaturas
Adição Subtração
214 l. 14. 9. 4 606 504. l.
3101. 15. 6. 2 105 063.
523. 10. 3.
_____________
___________ ___________
_____________
___________ ___________
GE 20 TERCEIRA PARTE
GE 20,1 Capítulo 20
Deveres do Inspetor das escolas
GE 20,1,1 Em todas as casas do Instituto, haverá um Inspetor das escolas,
encarregado da supervisão de todas as escolas dependentes
de uma mesma casa. Essa função será exercida pelo Diretor.
Caso houver três ou quatro escolas dependentes da casa que
ele dirige, poder-se-á dar-lhe um Irmão para auxiliá-lo nessa
função nas escolas, cuja supervisão, no entanto, cabe a ele, de
maneira que tal Irmão nada fará que não seja por ordem sua,
e lhe prestará contas de tudo o que tiver feito e de tudo o que
tiver ocorrido nas escolas.
GE 20,1,2 O Inspetor das escolas atuará sempre em alguma das escolas
de que tem a direção, ora numa, ora em outra, não segundo
sua escolha, mas conforme a necessidade que houver de sua
presença; uma depois da outra e por ordem, conforme o que
lhe tiver indicado o Superior do Instituto.
GE 20,1,3 Não se ausentará sem evidente necessidade; e, se for Diretor,
comunicará ao Superior do Instituto por quanto tempo esteve
ausente, a necessidade e as razões de sua ausência.
GE 20,1,4 Permanecerá na mesma escola, do começo ao fim, e estará
atento a tudo o que se passar em todas as classes. Cuidará
para que as regras e práticas da escola sejam observadas
exatamente sem mudança, nem alteração nenhuma.
GE 20,1,5 O ofício de Inspetor das escolas consiste principalmente
em três coisas: 1. na supervisão que deve exercer sobre as
escolas, os mestres e os alunos; 2. em distribuir os alunos nas
classes e em indicar-lhes a lição; 3. em promovê-los, quando
capazes, a uma lição mais adiantada.
244 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 21 Capítulo 21
Da supervisão do Inspetor das escolas
GE 21,1 Artigo 1º
Da supervisão que o Inspetor deve exercer sobre as escolas
GE 21,1,1 O Inspetor das escolas cuidará para que, na porta de cada
uma delas, haja pia com água benta em quantidade sempre
suficiente.
GE 21,1,2 Que, em todas as classes, se encontrem quatro imagens: um
crucifixo, uma imagem da Santíssima Virgem, outra de São
José e outra da Escola de Jesus836; que em todas as classes
haja todas as sentenças que servem de sinal de advertência.
GE 21,1,3 Que, em cada escola, haja terços suficientes para os alunos
que não sabem ler.
GE 21,1,4 Que haja, em cada escola, um aspersório para se persignar
com água benta ao entrar na igreja e ao sair dela; que, em cada
classe, haja uma cesta para recolher o pão dado aos pobres
durante o desjejum e a merenda.
GE 21,1,5 Que nela haja tantos livros de cada lição, quantos necessários
para os pobres que não os podem adquirir.
GE 21,1,6 Que também haja papel para os escreventes pobres que não
o podem ter; que haja todos os livros necessários para cada
mestre; que não haja livros diferentes dos da escola, seja qual
for a razão.
GE 21,1,7 Que, em cada classe de escreventes, haja uma prateleira ou
um armário, se não houver um cômodo especial, para guardar
todas as folhas dos escreventes, os manuscritos, os livros para
os pobres; e que estes últimos estejam bem ordenados.
GE 21,1,8 Que, entre cada dois escreventes, haja tinteiros embutidos nos
bancos, e que todos estejam tapados; que haja um bastonete
836
19,0,18, em lugar da Escola de Jesus prevê a imagem do anjo da guarda.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 245
GE 21,2 Artigo 2º
Da supervisão que o Inspetor das escolas deve exercer
sobre os mestres
GE 21,2,1 Com relação aos mestres, o Inspetor das escolas velará para
que os que dão aula na escola anexa à casa, dirijam-se a
ela imediatamente após o terço, e que não entrem em lugar
nenhum da casa sem necessidade e sem autorização.
837
Eufemismo usado para designar a privada, latrina, banheiro primitivo.
838
Littré, na 6ª acepção da palavra são, ensina que “são e salvo” significa “sem
acidente, ferimentos, estragos, tratando-se de pessoas e coisas”. E exemplifica :
“As mercadorias chegaram sãs e salvas”.
246 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 21,2,2 Que todos os mestres que vão às escolas fora da casa, saindo
do oratório, se dirijam direto à porta, sem parar em nenhum
lugar; rezem o terço durante todo o caminho e não conversem.
GE 21,2,3 Que, na rua, andem muito modestos, edificando a todos, por
seu exterior.
GE 21,2,4 Que não abordem ninguém nas ruas, e não entrem em
nenhuma casa, sob pretexto algum; se alguém se dirigir a
eles nas ruas, que somente o primeiro [mestre] responda, em
poucas palavras, ao que lhe for dito ou perguntado, caso possa
ou deva fazê-lo; do contrário, se desculpará cortesmente.
GE 21,2,5 Que todos iniciem a aula e os exercícios da escola exatamente
na hora marcada, sem tardar um só momento; que em todas as
classes, o tempo que cada lição deve durar seja estabelecido
de acordo com o número de alunos.
GE 21,2,6 Que nenhum mestre encurte ou prolongue o tempo de cada
lição assim estabelecido.
GE 21,2,7 Que os mestres, em suas classes, nada introduzam contrário à
Regra e sem ordem do Diretor; que sempre estejam ou sentados
ou de pé diante da cadeira, e que não saiam de seu lugar a não
ser por necessidade evidente; que vigiem permanentemente
seus alunos e sempre os tenham sob o olhar.
GE 21,2,8 Que, no tempo das lições, se apliquem a fazer ler os alunos
pausada e distintamente, nem alto nem baixo demais, sem
pronúncia errônea, segundo a sequência e as normas prescritas
para a leitura.
GE 21,2,9 Que sempre utilizem o sinal, nunca falando em voz alta aos
alunos durante o tempo das lições; que sempre sigam em seu
livro e sejam exatos em corrigir durante todo o tempo das
lições.
GE 21,2,10 Que, na escola, não leiam em nenhum livro a não ser nos
manuais adotados e na página da lição; que façam ler todos
os alunos, sem excluir nenhum; que façam ler a cada um
aproximadamente tanto quanto aos demais.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 247
839
Do singular (ele, mestre) se passa ao plural (eles, mestres), o que ocorre também
em outras passagens do Guia.
248 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 21,3 Artigo 3º
Da supervisão que o Inspetor das escolas deve exercer
sobre os alunos
GE 21,3,1 Com relação aos alunos, o Inspetor das escolas estará atento
para que estejam presentes antes do começo das aulas; que
não faltem sem licença e sem justa necessidade bem evidente;
e que sejam modestos, recolhidos e edificantes nas ruas. Que
não se aglomerem, nem ao virem à escola, nem ao regressarem
dela; que nenhum fique parado ou gritando nas ruas; que, uma
vez aberta a porta da escola, não permaneçam diante dela, nem
na rua; que não briguem nem entre si nem com outros; que
não se detenham nas ruas, nem sequer para urinar; que não
façam suas necessidades nas ruas, nem vindo à escola, nem
retornando dela. Que entrem modesta e comportadamente na
classe, ficando nela em silêncio; que sempre tenham os olhos
pregados no livro, seguindo a lição e pronunciando em voz
baixa o que o leitor diz alto.
250 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 21,3,2 Que todos leiam cada vez; e que, durante o tempo da escrita,
todos escrevam, nem demasiado depressa, nem lento demais,
e que formem bem as letras. Que não falem com o mestre sem
necessidade, e o façam em voz baixa e em poucas palavras;
que não conversem com os colegas e não fiquem olhando
para todos os lados.
GE 21,3,3 Que saibam bem as orações e o catecismo e, se capazes,
mesmo as respostas da santa Missa; que rezem todos os dias,
pela manhã e pela tarde; que tenham devoção à Santíssima
Virgem e a São José; que sejam modestos, tenham piedade e
rezem sempre na igreja.
GE 21,3,4 Que, ao passarem diante de alguma igreja, vindo à escola,
entrem nela para rezar e saudar o Santíssimo Sacramento;
que se confessem de vez em quando, e mesmo o mais fre-
quentemente possível; que se peça, por isso, a algum sacer-
dote fazer o obséquio de ouvi-los amiúde em confissão.
GE 21,3,5 Que aqueles que comungam o façam ao menos uma vez ao
mês; que sejam assíduos à paróquia nos domingos e festas,
e frequentem regularmente o catecismo; que tenham grande
respeito por seu pai e mãe, e que [os] assistam com muita
humildade e consideração.
GE 21,3,6 Que saúdem com respeito pessoas de bem, principalmente
eclesiásticos, religiosos, seus mestres e pessoas de autoridade.
GE 21,3,7 Que nenhum aluno vá aos lugares sem o bastonete,840 que
nunca saiam para isso dois ou mais ao mesmo tempo, que
os mantenham limpos e asseados. Que todos tenham seu
companheiro ao sair da escola, que andem sempre com ele, e
não se juntem a outros, até chegar em casa.
GE 21,3,8 Que não frequentem más companhias; que principalmente
evitem, com grande cuidado, a das meninas, mas andem com
companheiros bem comportados, honestos, bem educados e
que os podem levar ao bem com seus exemplos e palavras.
840
O bastonete evitava que dois alunos fossem ao mesmo tempo “aos lugares”
(GE 18,13,9).
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 251
GE 22 Capítulo 22
Da admissão dos alunos
GE 22,1 Artigo 1º
Dos que devem admitir os alunos na escola, e da maneira
de fazê-lo
GE 22,1,1 Somente o Superior841 ou, em sua ausência e por ordem dele,
o Inspetor das escolas admitirá os alunos que se apresentem
para virem à aula.
GE 22,1,2 Ele os admitirá no primeiro dia de aula da semana; se, na
cidade, houver apenas duas escolas dependentes de uma
casa, ele admitirá, de manhã, os alunos para uma escola, no
primeiro dia de aula, e os alunos para a outra escola à tarde
do mesmo dia.
GE 22,1,3 Se houver três ou quatro, matriculará os da 3ª na manhã do
segundo dia de aula, e os da 4ª, no mesmo dia, à tarde.
GE 22,1,4 Os alunos somente serão recebidos no dia da semana e
no horário destinados para a admissão. Todos os que se
apresentarem em outro dia e em outro horário, não serão
atendidos e terão a matrícula adiada para o dia e o momento
indicados, a não ser que o Diretor estiver presente na escola
quando se apresentarem.
GE 22,1,5 Todos aqueles aos quais for impossível ou difícil estar na
escola no dia e na hora marcados para a matrícula dos alunos,
841
Isto é, o Diretor, apesar do que estatui RD 1,1.
252 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 22,2 Artigo 2º
Das coisas de que é preciso informar-se ao admitir os
alunos
GE 22,2,1 O Irmão Diretor não admitirá criança para a escola que não
lhe seja apresentada pelo pai ou a mãe, ou pela pessoa com
a qual mora, ou por alguém aparentado com ele, ou de idade
razoável, e que se possa ter certeza de que vem da parte deles.
GE 22,2,2 Ao admitir um aluno, o Diretor se informará, com a pessoa
que o apresenta, acerca do nome e sobrenome da criança, de
seu pai e da mãe, ou da pessoa responsável, sua profissão,
residência, rua, insígnia e paróquia; a idade da criança; se
foi crismada, se fez a primeira comunhão; se já esteve numa
escola, de quem, por que a deixou, se não foi por alguma
travessura ou por ter sido castigada; se já esteve nas Escolas
Cristãs, por quanto tempo; se foi excluída, o que o Diretor
saberá pelo registro, se este estiver em dia.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 253
GE 22,2,3 Se for menino maior, que projeto os pais têm sobre ele: se
querem fazer-lhe aprender uma profissão e em quanto tempo;
sua capacidade para ler e escrever. Ele o fará ler algumas
letras, soletrar ou ler em francês ou em latim, fazendo-o ler
em alguma parte de um livro não comum, para que não leia
mecanicamente. Quais sãos os bons e o maus hábitos ou
qualidades do menino; se tem alguma indisposição ou enfer-
midade corporal, sobretudo escrófula, tinha e epilepsia, ou
alguma outra doença contagiosa, ao que se deve estar muito
atento; se tiver alguma enfermidade corporal, o Diretor se
informará se isso o pode impedir de frequentar a escola.
GE 22,2,4 Há quanto tempo não se confessa, se o faz a miúdo; se não
frequenta libertinos; ele se informará se o aluno dorme so-
zinho ou com alguém e com quem.
GE 22,3 Artigo 3º
Do que se deve exigir dos pais e dos alunos na hora da
admissão
GE 22,3,1 Ao se admitir algum aluno na escola, se exigirá dos pais e
do aluno que tenha todos os livros necessários, e um livro
de orações842, caso souber ler, ou um terço, se não souber ler,
para rezar na santa Missa.
GE 22,3,2 Que seja assíduo à escola, nunca faltando sem autorização;
que seja pontual em estar todos os dias na escola, de manhã
às 7h30, e a uma hora depois do meio-dia843.
GE 22,3,3 Que não falte, sem grande necessidade e sem autorização,
ao catecismo e à missa cantada nos domingos e festas,
sem o que será desligado; que não tome o desjejum nem a
merenda fora da escola, para que se lhe ensine a comer cristã
e educadamente.
GE 22,3,4 Que não conte nada do que tiver passado na escola, quer com
outro aluno, quer com ele mesmo. Se contar algo em casa, ou
alhures, será severamente punido.
842
Exceto dos que são demasiado pobres para tê-los (GE 21,1,5).
843
O Guia (1,1,1 e 1,1,2) deixa meia hora para se reunirem.
254 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 22,3,5 Que os pais não deem ouvidos às queixas que os filhos lhes
possam fazer, seja contra o mestre, seja contra o proceder
deste, mas que, ao lhes fazerem queixa de alguma coisa, eles
façam o obséquio de vir falar com o mestre, sem que os filhos
estejam presentes, e ele procurará fazer com que fiquem
satisfeitos. Que os pais enviem os filhos pequenos à escola
tanto durante o inverno como durante o verão.
GE 22,3,6 Que o aluno tenha roupa adequada e só venha à escola com
roupa conveniente e limpa, bem penteado e livre de piolhos,
ponto ao qual o mestre estará atento com todo os alunos,
principalmente com os menos asseados; que nunca venham à
escola com as pernas expostas, e só de camisa844; do contrário,
serão castigados e mandados para casa.
GE 22,3,7 Que não se banhe no verão, o que constitui grave risco para a
pureza; que, no inverno, não deslize na neve, nem a arremesse
nos demais; que não frequente meninas, nem companheiros
de mau comportamento, mesmo que seja apenas para brincar
com eles.
GE 22,3,8 Que não deite com o pai ou a mãe, nem com alguma de suas
irmãs, nem com pessoa do outro sexo; e, se o faz, deve-se
comprometer os pais a que o separem e, se for preciso, avisar
o padre da paróquia em que reside, para obrigá-lo a isso.
GE 22,3,9 Que os pais não deem dinheiro aos filhos e não permitam que
o tenham, por pouco que seja, já que isso, ordinariamente,
é uma das principais causas por que se desencaminham.
Se o aluno esteve em outra escola, que os pais acertem as
contas com o mestre anterior do filho845, se eventualmente lhe
ficaram devendo algo.
GE 22,4 Artigo 4º
Dos que podem ou não podem ser admitidos
GE 22,4,1 Há quatro tipos de crianças que podem ser apresentadas para
serem admitidas em nossas escolas: as que estiveram em
844
Veste que vai do pescoço e ombros até os joelhos (Dictionnaire de l’ Académie).
845
Cf. MR 194,1,1.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 255
GE 22,4,2 Seção 1ª
Dos que nunca frequentaram escola
Não se admitirá nenhum aluno que não tenha seis anos com-
pletos, a não ser algum cuja inteligência e tamanho supram a
falta de idade. Não se admitirão crianças pequenas para virem
somente durante o verão, ou quando faz bom tempo, ou mais
tarde do que as outras.
GE 22,4,3 Não se receberá nenhum aluno que seja tão obtuso e embotado
de inteligência que não seja capaz de aprender nada, e que
possa distrair os demais e perturbar a aula.
GE 22,4,4 Seja qual for o motivo alegado, não se inscreverá nenhum
aluno que tenha alguma doença contagiosa, como escrófula,
tinha perniciosa, epilepsia. Se acontecer que algum aluno da
escola vier a contrair alguma dessas enfermidades, se provi-
denciará uma visita do médico da casa e, se o mal é dessa
natureza, sua frequência à escola será interrompidada até que
esteja recuperado, caso o mal tenha cura.
GE 22,4,5 Não se tolerará que o aluno, cujos pais são ricos, venha depois
do primeiro dia de aula sem ter os livros de que necessita para
a sua lição e, caso seja escrevente, sem o papel, as penas e
um estojo. Tampouco se receberá aluno algum que não possa
ser assíduo à escola, quer por alguma enfermidade, quer por
outra razão. Essa assiduidade consiste em não faltar mais de
duas vezes por semana à aula, mesmo por motivo sério e com
autorização.
GE 22,4,6 Não se admitirá ninguém que, nos domingos e festas, não
queira assistir ao Ofício, com o mestre e os alunos, e ao
catecismo; e se alguém não assistir assiduamente a eles, será
desligado.
256 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 22,4,11 Seção 2ª
Dos que estiveram em outra escola
Não se receberão alunos que estiveram em outras escolas sem
saber o motivo pelo qual as deixaram.
GE 22,4,12 Caso se notar que os alunos abandonaram a escola em que
estiveram por excessiva propensão à mudança, se mostrará
aos pais que isso prejudica muito as crianças; que devem
decidir-se a não mais transferi-las e que, se no futuro, deixa-
rem a escola, não serão mais aceitas. Se o motivo de haverem
deixado a escola é o terem sido merecidamente corrigidas, é
preciso dizer aos pais que não devem dar atenção às queixas
dos filhos contra o mestre; que, se não cometessem faltas,
não seriam corrigidos, e que eles devem concordar que sejam
846
Isto é, das corporações de ofício, que, em realidade, eram os locais correspon-
dentes às posteriores escolas técnicas.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 257
GE 22,4,15 Seção 3ª
Dos que já estiveram na escola e a
abandonaram espontaneamente
Os que já estiveram em nossas escolas e as deixaram
voluntariamente, ou pela grande condescendência e falta de
discernimento dos pais, e que se apresentarem para serem
admitidos, somente serão recebidos com grande precaução.
GE 22,4,16 Deve-se examinar muito cuidadosamente a causa da saída, e
não admiti-los imediatamente. É preciso fazer-se rogar por
algum tempo, não para molestá-los, mas tão-somente para
que sintam o favor que se lhes presta, dizendo-lhes que, se
o filho estava bem em nossas escolas, não deveriam tê-lo
retirado.
258 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 22,4,18 Seção 4ª
Dos que foram expulsos da escola
Se, para a admissão na escola, for apresentado alguém que
já tenha estado nela e foi expulso, verificar-se-á no registro
qual foi a causa; e, depois de haver comunicado aos pais os
motivos sérios que se teve de excluir o aluno da escola e de
havê-los feito insistir durante algum tempo, será ele recebido,
caso houver esperança de emenda, sob a condição de expulsá-
lo e de nunca mais readmiti-lo, se não mudar de conduta.
GE 22,4,19 Se houver pouca esperança de que se corrija, que é o que
ordinariamente acontece, somente será recebido depois de
dificultar-lhe muito a admissão e, caso não se corrija, será
expulso.
GE 23 Capítulo 23
Da distribuição dos alunos nas salas de aula e da organi-
zação das lições
GE 23,1 Artigo 1º
Da distribuição dos alunos nas salas de aula e nos lugares
adequados
GE 23,1,1 O Inspetor, depois de haver admitido um aluno e examinado
para o que ele está apto, como foi dito no capítulo anterior,
lhe indicará a classe, a lição e o lugar em que deve sentar.
GE 23,1,2 Ao indicar o lugar ao recém-vindo, terá o cuidado de colocá-lo
ao lado de alguém que possa ensinar-lhe a seguir facilmente (a
lição), e que não se deixe levar a conversar com ele. Em todas
as classes, haverá lugares indicados para todos os alunos de
todas as lições, de modo que os da mesma lição estejam todos
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 259
847
Cf. GE 19,0,0,4.
260 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 23,2 Artigo 2º
Da distribuição em diferentes ordens dos alunos que
aprendem a ler
GE 23,2,1 O Inspetor das escolas dividirá em três ordens os alunos de
cada uma das lições, exceto os que leem nos cartazes. A 1ª
ordem será a dos iniciantes; a 2ª, dos médios, e a 3ª, dos
adiantados e dos perfeitos nessa lição.
GE 23,2,2 Os iniciantes são assim chamados, não porque apenas co-
meçam a estar nessa lição, pois vários deles poderiam per-
manecer muito tempo nessa ordem de lição, por não saberem o
suficiente para serem promovidos para ordem mais avançada.
O Inspetor colocará, pois, na ordem dos iniciantes de cada
lição os que ainda fazem muitos erros.
GE 23,2,3 Somente colocará na ordem dos médios, em cada lição, os
que cometem poucos erros ao ler, isto é, um ou dois quando
muito, cada vez.
GE 23,2,4 Na ordem dos adiantados e perfeitos em cada lição colocará
apenas os que leem bem e que, ordinariamente, não come-
tem erro nenhum. Contudo, aos que leem na Urbanidade os
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 261
GE 23,3 Artigo 3º
Da distribuição em diferentes ordens dos alunos que
escrevem em letra redonda
GE 23,3,1 O Inspetor das escolas dividirá os escreventes em 8 ordens
distintas, diferenciadas segundo as várias coisas que lhes
serão ensinadas.
848
No manuscrito consta, erroneamente, nono.
849
Cf. GE 19,0,0,8.
262 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
850
Essas letras já foram exercitadas na segunda ordem. Aqui, trata-se de aprender
a escrever as que delas derivam.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 263
GE 23,4 Artigo 4º
Da distribuição em diferentes ordens dos alunos que apren-
dem a escrever na letra bastarda e estudam aritmética
GE 23,4,1 O Inspetor das escolas terá cuidado para que nenhum aluno
escreva na letra bastarda se não escreveu na 2ª e na 3ª da ordem
redonda, e que não esteja em condições de ser promovido da
3ª para a 4ª, exceto pelas razões dadas no artigo 1º do capítulo
4º da escrita, 1ª parte.
GE 23,4,2 Assim, o aluno só iniciará, ordinariamente, a escrever a letra
bastarda, quando passa à 4ª ordem de escreventes da letra
redonda; e então, se o Inspetor e o mestre julgarem conve-
niente que passe à letra bastarda, lhe farão deixar a redonda.
Dividirá os escreventes na bastarda em 5 ordens, depois de
haverem começado a escrever na redonda.
GE 23,4,3 O Inspetor das escolas não colocará nenhum aluno na 1ª
ordem de escrita bastarda a não ser pelas razões assinaladas
na 1ª parte, cap. 4º: [1.] sem que tenha escrito na 3ª ordem de
escreventes em escrita redonda, e saiba formar razoavelmente
a letra redonda; 2. que seus pais o queiram; 3. se ele inclina
muito as letras e não se consegue fazer-lhe perder esse hábito;
4. ou sem que tenha passado por todas as ordens de escrita
redonda, quando se quer que aprenda ambas.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 265
851
A observar que nada se diz da 4ª ordem. Presumivelmente, por omissão do
copista do manuscrito.
852
Confrontando o texto com GE 4,5,10, pode-se entender que essas três ordens
são a 3ª. 4ª, e 5ª.
266 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
853
Este parágrafo explicita melhor as cinco ordens de GE 5. No texto consta: as
regras de três porque existe a regra de três direta e a inversa. As partes alíquotas
são os divisores de um número: trata-se, portanto, da decomposição em fatores.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 267
GE 23,5 Artigo 5º
Da maneira de determinar o tempo que devem durar as
lições
GE 23,5,1 Como o número de alunos nem sempre é o mesmo em cada
lição, mas varia quando são mudados de lição, ou vêm novos,
ou se retiram, o tempo que cada mestre deve empregar para
fazer ler os alunos de uma mesma lição não pode ser definido,
nem sempre ser o mesmo; é dever do Diretor ou do Inspetor
das escolas determinar o tempo que os alunos de cada lição
devem empregar na leitura, em todas as classes.
GE 23,5,2 A duração de cada lição deve ser fixada de acordo com o
tempo que o mestre deve empregar para fazer ler, o número
de alunos que há em cada lição, a facilidade ou dificuldade
que eles têm para ler em cada lição e o número aproximado
de linhas que cada aluno deve ler durante a mesma.
GE 23,5,3 O Diretor ou Inspetor estabelecerá o tempo que deve durar
cada lição, conforme a distribuição abaixo, segundo houver
número igual, maior ou menor de alunos em cada lição, que
não há nela na distribuição seguinte854:
GE 23,5,4 Em meia hora, doze alunos podem ler facilmente cada um
três vezes a linha no cartaz do alfabeto; em meia hora, dez
alunos podem facilmente ler cada um três linhas no cartaz
das silabas; oito, facilmente podem soletrar cada um três
linhas em meia hora no [silabário, segundo livro]855; dez
podem facilmente soletrar e ler, depois, cada um três linhas
no segundo livro, em meia hora.
GE 23,5,5 Se todos os alunos acima, que perfazem quarenta, estão na
mesma classe, parece que todos poderão ler no tempo de aula
da tarde e, como de manhã há meia hora de tempo a menos do
854
Qu’il n’y en a (que não há) dans la distribution suivante. Repetição de ideia ou
má transcrição do copista? O Irmão Alain Houry pensa que talvez se deva ler:
que há.
855
O Irmão Anselme propõe ler primeiro livro de leitura, porque as duas palavras
estão riscadas no manuscrito.
268 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
856
...que também fazem leitura de textos posteriores aos dos livros impressos, e
que são os das seis ordens dos que leem registros (Cf. 23,2,5; 3,10).
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 269
GE 24 Capítulo 24
Da promoção dos alunos de uma lição a outra
GE 24,0,1 Uma das coisas de maior importância numa escola é a de
promover adequadamente os alunos de lição, ponto com o
qual o Inspetor das escolas terá grandíssimo cuidado. Para
isso, a promoção de lição se fará segundo normas e de forma
ordenada. Para garanti-lo: [1.] cada mestre preparará seus
alunos, conforme se indica na primeira parte; 2. o Inspetor
fará as promoções, tomando algumas precauções para fazê-
857
O copista colocou: restent (permaneçam? sobrem?)
270 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 24,1 Artigo 1º
Do que o Inspetor deve fazer antes de proceder às pro-
moções de lição
GE 24,1,1 Pelo final de cada mês, o Inspetor das escolas comunicará
aos mestres o dia em que fará o exame dos alunos que po-
derão ser promovidos; em seguida, se porão de acordo sobre
os que não serão promovidos, quer por falta de preparo, por
ausências, falta de piedade ou modéstia, em razão de pre-
guiça e negligência, quer por serem demasiado jovens ou,
enfim, para servirem de apoio na lição e esta transcorra em
boa ordem.
GE 24,1,2 Contudo, o Inspetor tomará muito cuidado de só manter na
mesma lição, ou na mesma ordem de lição um aluno capaz
de ser promovido se este ficar muito satisfeito com isso. É o
que procurará conseguir com muita habilidade, juntamente
com os mestres, seja com recompensas, seja confiando-
lhe um ofício, a não ser que o retenha devido a ausências,
negligências e preguiça, ou por alguma falta considerável,
que tomará por pretexto na ocasião oportuna.
GE 24,1,3 Depois, o Inspetor, se for Diretor, marcará o dia em que os
mestres vão elaborar seu informe, para lho poderem entre-
gar antes da promoção de lições; se não for Diretor, pedirá
a este que o marque; e quando receber os informes dos mes-
tres, buscará junto a eles os esclarecimentos e informação
necessários, para não se enganar na promoção.
GE 24,1,4 Em seguida, o Inspetor avisará os alunos de cada escola do
dia em que fará a promoção de lição, para que todos possam
estar na escola, alertando-os que os que não estiverem nela na
hora da promoção, serão promovidos somente ao final do mês
seguinte.
GE 24,1,5 Ao proceder à promoção de lição, o Inspetor não fará nenhuma
acepção de pessoa, não tomará em consideração nenhuma
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 271
GE 24,2 Artigo 2º
Das aptidões e requisitos que os alunos devem ter para
serem promovidos de lição
GE 24,2,1 É muitíssimo importante jamais colocar um aluno em lição
para a qual não está ainda apto, porque fazer o contrário
seria expô-lo a nunca aprender coisa alguma e ao perigo de
permanecer ignorante por toda a vida. Por isso, ao dispor-
se a promover um aluno a uma lição mais avançada, não se
deve levar em consideração a idade, o tamanho, o tempo que
ele passou na lição anterior, mas unicamente a capacidade.
Assim, por exemplo, antes de mandar um aluno ler por pausas,
é preciso que saiba perfeitamente soletrar e ler por sílabas.
GE 24,2,2 Quanto aos pequenos, muito inteligentes e de boa memória,
nem sempre se deve promovê-los quando capazes de sê-lo
pois, caso contrário, não viriam por tempo suficiente à escola.
Isso, todavia, é o desejável e o que se deve tentar conseguir,
tanto quanto possível sem, contudo, descontentar os pais.
É necessário, no entanto, evitar os dois extremos, pois não
convém reter, por tempo excessivo, um aluno numa lição,
com receio de que se desgoste a ele e a seus pais; assim como
não é conveniente adiantar demasiado os muito pequenos e
novos, ou não capazes, pelas razões já referidas. As aptidões
e requisitos que um aluno deve ter para ser promovido de uma
lição para outra, são as seguintes:
272 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
858
Ao subtítulo Artigo 2º, segue o Artigo 4º. É distração do copista, já que apre-
senta a relação dos temas no início do Capítulo.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 275
GE 24,4 Artigo 4º
Da capacidade que devem ter os alunos para serem
promovidos de lições de escrita
GE 24,4,1 Seção 1ª
Da capacidade que devem ter os alunos para serem promo-
vidos da 1ª para a 2ª e da 2ª para a 3ª ordem dos escreventes
Os que começam a escrever e aprendem a posicionar bem o
corpo e a pena, e a fazer os dois movimentos, o retilíneo e
o circular, não serão promovidos a não ser que posicionem
corretamente o corpo e a pena, e que façam esses dois movi-
mentos com facilidade. O Inspetor das escolas, por isso, os
mandará executá-los, prestando atenção, ao mesmo tempo, se
posicionam corretamente o corpo e seguram direito a pena.
Os que começam a formar as letras e têm por lição as cinco
letras c, o, i, f, m, não serão promovidos se não derem a essas
letras a forma que devem ter.
GE 24,4,2 O Inspetor das escolas examinará, por isso, seus escritos e
observará se as letras têm, em seu conjunto, a forma devida e
não apresentam os defeitos abaixo859.
GE 24,4,3 Que o o não esteja inclinado para a esquerda ou inclinado
para a direita; que não tenha mais parte fina que grossa; que
não seja largo ou estreito, redondo ou achatado, longo ou
curto demais; que não seja corcunda; que o traçado fino não
esteja no lado e o grosso embaixo, mas o grosso nos lados e
o fino no alto e na parte baixa; que não seja pontudo no alto
ou embaixo; que esteja inclinado para a esquerda um bico de
pena; que seja bem fechado em cima e não aberto.
GE 24,4,4 Que o i não esteja inclinado para a direita nem para a esquer-
da; que seu traçado seja reto; que seja fino em cima, não traçado
obliquamente, mas subindo e fazendo volta da esquerda para
a direita; que sua parte fina seja do comprimento de dois
859
Ter presente que a “forma devida” abaixo descrita é a das letras manuscritas,
diferentes das datilografadas e digitadas.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 277
860
Pode-se entender: como a ligação entre i e s, recordando que o s da época tinha
forma assemelhada ao f.
278 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 24,4,7 Seção 2ª
Da capacidade que devem ter os alunos para serem
promovidos da 3ª à 4ª ordem
Para serem promovidos da 3ª ordem dos escreventes – os que
fazem uma página de cada letra do alfabeto ligada – para a 4ª
ordem – que é a dos que fazem uma linha de cada letra ligada
uma à outra – será preciso que os escreventes saibam dar a
todas as letras do alfabeto a forma exata, e que enlacem uma
letra à outra de maneira adequada; que a primeira parte do a,
que é a circular, não seja larga demais, tenha a mesma forma
do o, e se sobreponha à parte grossa do o, começando com
traço fino, como para fazer um e, c, e que as partes superior
e a inferior da segunda parte sejam separadas de um bico de
pena tanto em cima como embaixo da extremidade da segunda
parte; que esta segunda parte do a não suba nem desça mais
que a primeira.
GE 24,4,8 Que o traço superior do b seja como o do f; que ele seja
traçado reto, arredondando embaixo, como para fazer um o,
b, subindo com o reverso da pena, como para tocar o traçado
reto do b, de modo que haja bico e meio de pena entre o traço
reto e o reverso do b; que haja no meio três bicos de pena
entre a parte superior e a inferior; que a parte circular da base
não seja demasiado larga, nem pontuda demais, nem subindo
inteiramente reto, mas arredondando-se da direita para a
esquerda.
GE 24,4,9 Que a cabeça do c seja como a do f, e que a parte fina seja
igual; que seja traçada para a esquerda de forma arredondada,
e não inteiramente reta, terminando por uma ligação fina c.
GE 24,4,10 Que a parte inferior do d seja como um o, e tenha a mesma
altura e largura; que a sua cauda suba tanto quanto a redonda,
isto é, que tenha a altura de um o, não sendo totalmente reta,
mas arredondando da esquerda para a direita.
GE 24,4,11 Que o e seja como o c, exceto a cabeça; que seu capuz seja
como a primeira parte de um r quebrado, começando e
terminando por uma parte fina; que seja redondo e não reto,
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 279
861
No artigo precedente. Em realidade: Na seção precedente. O que vale também
para as referências análogas que virão a seguir.
280 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 24,4,33 Seção 3ª
Da capacidade que devem ter os alunos para serem promo-
vidos da 4ª ordem de escreventes e das seguintes
Os que estão na 4ª ordem de escreventes – que fazem
uma linha de cada letra ligada uma à outra – somente
serão [promovidos] se souberem dar às letras o devido
posicionamento e uniformidade. Assim, será preciso que,
para serem promovidos, na letra redonda deem às letras
quatro bicos robustos de pena.
GE 24,4,34 Que as caudas das letras g, p, q, y tenham corpo e meio, isto
é, seis bicos de pena abaixo do corpo das letras; que as caudas
do f, do h, do s maiúsculo e do z tenham somente um corpo
abaixo das letras.
GE 24,4,35 Que as cabeças do b, do f, do h, do l e do s maiúsculos tenham
somente um corpo acima do corpo das letras.
GE 24,4,36 Que a cabeça do t minúsculo inicial e medial só tenha um bico
de pena em cima.
GE 24,4,37 Que todos os corpos das letras estejam sobre a mesma linha;
que as linhas sejam retas; e nenhuma letra passe acima ou
abaixo das outras, exceto as que têm cauda.
GE 24,4,38 Que as letras não sejam tortas, nem inclinadas à direita, mas
retas; que todas tenham corpo de igual altura e espessura.
GE 24,4,39 Os da 5ª ordem de escreventes – que se exercitam nos
diferentes tipos de letras como se formassem uma só palavra
284 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 24,4,45 Seção 4ª
Da capacidade que devem ter os alunos que escrevem em
letra bastarda para serem promovidos
Quanto aos que escrevem em letra bastarda, após terem
escrito na redonda, os da 1ª ordem - isto é, os que aprendem
a formar as letras bastardas – não serão promovidos a não ser
que deem às letras a forma correta; que as inclinem à esquerda
somente tanto quanto necessário, nem mais nem menos,
isto é, três bicos de pena; que as localizem adequadamente,
de maneira que todos os corpos das letras estejam sobre a
mesma linha, e que todas as linhas sejam retas, por exemplo:
Você não sabe o [que] ordenamos;
GE 24,4,46 que deem ao corpo das letras a devida altura e largura, que
consiste, para a altura, em sete bicos de pena m862..., e para a
largura em cinco m; que façam bem as ligações, que devem
ser traçadas a partir da base da letra anterior ao meio do
seguinte m, exceto na ligação de algumas letras, como x, y, z,
em que a ligação inicia na base da precedente e vai ao topo
dessas três.
GE 24,4,47 Eis como devem ser traçadas as letras bastardas para ficarem
bem, e o que é preciso observar em cada letra para promover
os que aprendem a escrevê-las:
GE 24,4,48 Que todas as partes arredondas e semiarredondadas sejam
ovais e não circulares; o a, o c e o g, a cabeça do f e do q
comecem por linha plena e não fina, e a segunda parte como
um t, encorpado no alto e arredondado embaixo.
GE 24,4,49 Que o e comece por traço fino e um laço.
GE 24,4,50 Que o d, o o e o f finais iniciem com um traço fino; que o o
isolado e o u acabem com traço grosso.
GE 24,4,51 Que o corpo do h seja um c invertido, começando por traço
fino e terminando com um laço.
862
Qual o significado de m...?
286 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 24,6 Artigo 6º
Do tempo em que se devem promover os alunos de lição, e
da maneira de fazê-lo bem
GE 24,6,1 Os alunos de todas as lições, exceto os [que] aprendem o
alfabeto, não serão promovidos no decurso, mas somente no
fim de cada mês.
GE 24,6,2 Os que aprendem o alfabeto – aos quais cabe ler uma linha
por lição – serão promovidos de sua linha ao término de cada
semana, contanto que saibam bem todas as letras que nela
constam; mas não serão promovidos da leitura do alfabeto
inteiro, para serem colocados no cartaz das sílabas, a não ser
no fim do mês.
863
O copista saltou da 4ª para a 6ª seção. Simples erro de enumeração.
288 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
864
Trata-se das lições de leitura, já que as lições de escrita duram vários meses.
865
É de se perguntar se Et não seria, antes, ct (ligado).
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 289
866
A Escola paroquial, uma das fontes de La Salle, além de prever este banco
dos ignorantes, também estabelece outras formas de castigo, como o gorro do
burro, não adotado no Guia das Escolas.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 291
867
Esse documento encontra-se nos Arquivos departamentais, em Avignon, sob
o título: Irmãos das Escolas Cristãs de Avignon, II. 1, 2, 3. Trata-se de um
caderno simples, sem capa, 0,46 X 0,36; contém 24 páginas mais algumas
linhas. Na primeira página consta: Regra do Formador dos Novos Mestres; e a
última termina com a indicação: Formação dos Novos Mestres ou 3ª parte do
Guia das Escolas. Todo o caderno é amostra de uma boa caligrafia do século
XVIII. A cópia foi realizada em agosto-setembro de 1931, pelo Irmão Donato
Carlos, arquivista do Instituto dos Irmãos das Escolas Cristãs (Lassalistas).
292 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
868
Esse parágrafo está riscado no manuscrito. Faz provavelmente parte do texto
primitivo, tendo sido supresso pouco depois, no decorrer do século XVIII.
296 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 25,2,4,10 Nunca consentir que joguem algo sobre os alunos, como seja,
a palmatória, nem mesmo se o fizessem com moderação.
GE 25,2,4,11 Exigir que nunca imponham correção nenhuma senão após
alguns momentos de reflexão e depois de haverem entrado em
si mesmos, e elevado o coração a Deus. Impor-lhes práticas
semelhantes como penitência.
GE 25,2,4,12 Dar-lhes ordem de prestarem contas de todas as correções
impostas, dos motivos pelos quais as impuseram e da maneira
como procederam.
GE 25,2,4,13 Exigir que observem profundo silêncio e grande moderação
quando se sentirem excitados à impaciência, que permaneçam
muito tranquilos durante todo o tempo da comoção. Não
existe melhor meio que esse para conter tal impaciência.
GE 25,2,4,14 Não deixar perto deles nada com que possam bater nos alunos,
nem palmatória, nem varas.
GE 25,2,7 Da familiaridade
GE 25,2,7,1 Para eliminar prontamente a familiaridade, há uma só coisa
a fazer: não falar com os alunos e não permitir que eles lhe
falem.
GE 25,2,7,2 O formador cuidará para que os novos mestres não falem
com os alunos sem grande necessidade; não falem com eles
desde o seu lugar; não lhes falem em voz alta; que nunca
riam com eles; nada lhes deem movidos por familiaridade;
nada lhes mandem executar levados por este espírito; não
tolerem suas faltas por receio causado pela familiaridade
estabelecida com eles.
298 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
GE 25,2,7,3 Que nunca permitam que algum aluno lhes fale sem permissão,
sem respeito e sem reserva [mas] exija que o faça de pé, com
a cabeça descoberta e em voz bem sumida.
GE 25,2,7,4 Que nunca os façam vir junto a si para lhes falar; que não
lhes falem a todo momento, sem seriedade e reserva, como
(falam) com seus colegas.
GE 25,2,7,5 O formador deve ter o cuidado de advertir os novos mestres
sobre todos esses tipos de defeitos, toda vez que notar que
eles os cometem, e indicar-lhes os meios para evitá-los.
GE 25,2,7,6 Por exemplo: aplicar a palmatória a todos os que lhes falarem
sem autorização, ou desde seu lugar, ou sem respeito; ou
então enviá-los a ele, para que lhes inspire temor.
GE 25,2,7,7 A familiaridade gera menosprezo e, depois de o mestre ser
menosprezado por seus alunos, qualquer coisa que faça e diga
não os atinge; todo o seu ensino e instruções perdem o seu
poder de influência, não causam nenhum bom efeito. Os alunos
se tornam insolentes e terminam fazendo dele um capacho.
GE 25,2,7,8 O formador deve ter cuidado e estar muito atento a esse
ponto, que é de grande importância; e nada poupar com o fim
de impedir que isso aconteça aos que lhe cabe formar.
GE 25,2,7,9 Para tal efeito, caso for Diretor, deve impor penitências apro-
priadas aos que poderiam incorrer nisso e, se não for, infor-
mará disso o Irmão Diretor.
GE 25,2,7,10 Pode-se falar aos alunos familiarmente ou de maneira fami-
liar, sem cair na familiaridade com eles e sem que percam o
respeito que devem à pessoa com a qual falam869.
GE 25,2,8 Dos meios para corrigir a lentidão e a negligência
GE 25,2,8,1 É preciso velar muito sobre os novos mestres lentos e negli-
gentes, e obrigá-los, inclusive à base de penitências, a cumprir
o dever na escola, a vigiar, a fazer observar silêncio e ordem,
a fazer que todos os alunos sigam;870
869
Isso parece, em realidade, ser uma restrição acrescida.
870
[...] sigam a lição. (Essa elipse é frequente no Guia das Escolas).
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 299
GE 25,3 Das coisas que se devem fazer adquirir aos novos mestres e
dos meios para isso
GE 25,3,0 As coisas que é preciso fazer adquirir são:
1. Coragem. 2. Autoridade e firmeza. 3. Circunspecção:
exterior grave, digno e modesto. 4. Vigilância. 5. Atenção
sobre si mesmo. 6. Compostura. 7. Prudência. 8. Aspecto
animador e atraente. 9. Zelo. 10. Facilidade para falar,
expressar-se com clareza, ordem e ao nível dos meninos aos
quais se ensina.
871
O que segue não corresponde integralmente aos pontos anunciados, e parece
formado, especialmente na parte final, de algumas respigaduras.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 303
872
Essa Regra não faz parte do antigo Guia das Escolas, que não a menciona em
parte nenhuma. Contudo, o Pensionato de Saint-Yon, de Ruão, é de 1705. Sendo
o único internato mantido pelos Irmãos nos inícios do Instituto, possivelmente
seja essa a razão de ela não figurar no Guia, para não lhe onerar a impressão.
873
Original: Habit: Hábito, vestimenta, com a ressalva de que, na época clássica,
vestimenta incluía sempre o calçado e o chapéu ou touca (Robert).
874
O Superior do Instituto tinha a residência na ampla propriedade do Pensionato
de Saint-Yon.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 307
875
No tempo da Missa celebrada em latim, era corrente a expressão “ouvir Missa”.
310 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
876
A observação se refere aos internos.
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 311
ÍNDICE
Apresentação .................................................................................................................... 9
Prefácio ............................................................................................................................ 19
PRIMEIRA PARTE
Das atividades realizadas nas Escolas Cristãs
e do modo como devem ser feitas
Capítulo 1º Da entrada na escola e do início das aulas ..................................... 21
Artigo 1º Da entrada do alunos na escola ........................................................ 21
Artigo 2º Da entrada do mestre e do início da aula ....................................... 24
Capítulo 2º Do desjejum e da merenda ................................................................ 26
Artigo 1º Das coisas a que o mestre deverá estar atento
durante o desjejum e a merenda ...................................................... 26
Artigo 2º Do que se faz durante o desjejum e a merenda ............................. 27
Artigo 3º Da coleta feita para os pobres e da maneira de fazer sua
distribuição ...................................................................................... 34
Capítulo 3º Das lições ............................................................................................. 36
Artigo 1º Das lições em geral ............................................................................. 36
Seção 1ª Daquilo que se refere a todas as lições .................................. 36
Seção 2ª Da postura que deverão ter mestres e alunos
e da maneira como deverão portar-se durante as lições ...... 38
Seção 3ª Do que deve fazer cada mestre a fim de preparar os
alunos para serem promovidos a outra lição .......................... 40
Artigo 2º Dos cartazes ........................................................................................ 42
Seção 1ª Dos dois cartazes, daquilo que devem conter e da
maneira de colocar os alunos que neles leem ........................... 42
Seção 2ª Da maneira de fazer ler no 1º cartaz ........................................ 45
Seção 3ª Da maneira de fazer ler no 2º cartaz ....................................... 48
Artigo 3º Do silabário ...................................................................................... 49
Artigo 4º Do 1º livro ............................................................................................ 50
Artigo 5º Do 2º livro ............................................................................................ 52
Artigo 6º Do 3º e 4º livros .................................................................................. 53
Artigo 7º Dos cartazes das vogais e consoantes, pontuações
e acentos e do cartaz dos algarismos ........................................... 54
Artigo 8º Da leitura do latim .............................................................................. 58
Artigo 9º Da Urbanidade .................................................................................... 59
Artigo 10º Dos registros ........................................................................................ 60
Capítulo 4º Da Escrita ............................................................................................. 61
Artigo 1º Do que se refere à escrita em geral .................................................. 61
Artigo 2º Dos objetos específicos usados na escrita ...................................... 62
Seção 1ª Do papel ........................................................................................ 62
Seção 2ª Das penas e do canivete ............................................................. 63
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 313
SEGUNDA PARTE
Dos meios para estabelecer e manter a ordem nas escolas
Capítulo 11 Da Vigilância que o mestre deve exercer na escola .................. 126
Artigo 1º Do cuidado que o mestre deve ter para corrigir
todas as palavras na lição, e da maneira de fazê-lo bem .......... 126
Artigo 2º Do cuidado que o mestre deve ter para fazer seguir a todos
os que estão na mesma lição ..................................................... 129
Artigo 3º Do cuidado que o mestre deve ter para fazer observar
grandíssimo silêncio na escola .................................................. 131
Capítulo 12 Dos sinais utilizados nas Escolas Cristãs .................................. 133
Artigo 1º Dos sinais durante a comida ..................................................... 134
Artigo 2º Dos sinais referentes às lições .................................................. 135
Artigo 3º Dos sinais relacionados à escrita ............................................... 137
Artigo 4º Dos sinais durante o catecismo ................................................. 138
Artigo 5º Dos sinais durante as orações ..................................................... 138
Artigo 6º Dos sinais para as correções ..................................................... 139
Artigo 7º Dos sinais feitos em algumas ocasições particulares ............. 140
Capítulo 13 Dos catálogos ............................................................................. 141
Artigo 1º Dos catálogos de recepção ........................................................ 141
Artigo 2º Dos catálogos das mudanças de lição ..................................... 144
Artigo 3º Dos catálogos das ordens de lição ............................................ 146
Artigo 4º Das boas e más qualidades dos alunos .................................... 148
Artigo 5º Dos catálogos dos primeiros dos bancos .................................. 150
Artigo 6º Dos catálogos dos visitantes dos ausentes ................................ 151
Capítulo 14 Das recompensas ....................................................................... 152
Capítulo 15 Das correções em geral ............................................................ 155
Introdução ................................................................................................. 155
Artigo 1º Dos diferentes tipos de correção ............................................... 158
Seção 1ª Da correção com a palavra ................................................ 158
Seção 2ª Das palmatórias. Porque motivos se podem
ou se devem usá-las, e da maneira de fazê-lo .................... 159
Seção 3ª Das varas e do açoite ........................................................... 161
Seção 4ª Da expulsão de alunos da escola ......................................... 162
Artigo 2º Da frequência dos castigos e do que se deve fazer para evitá-la .. 162
Artigo 3º Das condições que devem ter as correções ............................... 164
Artigo 4º Das falhas a serem evitadas nas correções ............................... 166
Artigo 5º Das pessoas que devem aplicar a correção ................................ 169
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 315
Artigo 6º Dos alunos que devem e dos que não devem ser punidos ........ 170
Seção 1ª Dos viciosos ........................................................................ 170
Seção 2ª Dos meninos mal-educados e voluntariosos,
dos naturalmente atrevidos e insolentes,
e dos que são estouvados e levianos .................................... 172
Seção 3ª Dos teimosos ...................................................................... 174
Seção 4ª Das crianças criadas delicada e frouxamente, conhecidas
por crianças mimadas, das meigas e tímidas,
das de inteligência limitada, das machucadas,
das pequenas e das recém-vindas ..................................... 176
Seção 5ª Dos acusadores e dos acusados .......................................... 178
Artigo 7º Do que se deve observar em todas as correções.
Do modo de fazê-las bem ......................................................... 180
Artigo 8º Do lugar onde devem ser aplicados os castigos
e dos momentos em que devem ou não devem ser aplicados..... 183
Artigo 9º Das penitências ......................................................................... 184
Seção 1ª Do uso das penitências, das condições que devem ter
e do modo de impô-las ........................................................ 184
Seção 2ª Catálogo das penitências em uso e que podem
ser impostas aos alunos por faltas cometidas ..................... 187
Capítulo 16 Das ausências ............................................................................ 190
Artigo 1º Dos diferentes tipos de ausências ............................................. 190
Seção 1ª Das ausências regulamentadas e autorizadas .................... 190
Seção 2ª Das ausências não regulamentadas que podem
ou não ser permitidas .......................................................... 191
Artigo 2º Das causas das ausências e de como remediá-las ..................... 193
Artigo 3º Do encarregado de receber e excusar os ausentes,
e do modo de fazê-lo ................................................................. 203
Artigo 4º Dos castigos a impor aos alunos que se ausentaram
sem permissão e que chegaram atrasados ................................. 205
Capítulo 17 Dos feriados .............................................................................. 206
Artigo 1º Dos feriados ordinários ............................................................. 207
Artigo 2º Dos feriados extraordinários ..................................................... 208
Artigo 3º Das férias .................................................................................. 210
Artigo 4º Da maneira de indicar os dias feriados e de dar conhecimento
deles tanto aos mestres como aos alunos .................................. 213
Capítulo 18 Dos oficiais da escola ................................................................ 214
Artigo 1º Dos recitadores das orações ...................................................... 215
Artigo 2º Do ministro da santa Missa....................................................... 216
Artigo 3º Do esmoler ................................................................................ 217
Artigo 4º Do porta-aspersório .................................................................. 218
Artigo 5º Do porta-terços e seus ajudantes ............................................... 219
Artigo 6º Do sineiro .................................................................................. 221
Artigo 7º Do inspetor e dos vigilantes ...................................................... 222
316 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
TERCEIRA PARTE
Dos deveres do Inspetor das escolas
Capítulo 20 Deveres do Inspetor das escolas ............................................... 243
Capítulo 21 Da supervisão do Inspetor das escolas ...................................... 244
Artigo 1º Da supervisão que o Inspetor deve exercer sobre as escolas .... 244
Artigo 2º Da supervisão que o Inspetor das escolas deve exercer
sobre os mestres ........................................................................ 245
Artigo 3º Da supervisão que o Inspetor das escolas deve exercer
sobre os alunos .......................................................................... 249
Capítulo 22 Da admissão dos alunos ............................................................. 251
Artigo 1º Dos que devem admitir os alunos na escola,
e da maneira de fazê-lo ............................................................. 251
Artigo 2º Das coisas de que é preciso informar-se ao admitir os alunos .. 252
Artigo 3º Do que se deve exigir dos pais e dos alunos
na hora da admissão ................................................................... 253
Artigo 4º Dos que podem ou não podem ser admitidos ........................... 254
Seção 1ª Dos que nunca frequentaram escola ..................................... 255
Seção 2ª Dos que estiveram em outra escola .................................... 256
Seção 3ª Dos que já estiveram na escola e a abandonaram
espontaneamente ................................................................. 257
Seção 4ª Dos que foram expulsos da escola ...................................... 258
Capítulo 23 Da distribuição dos alunos nas salas de aula
e da organização das lições ....................................................... 258
Artigo 1º Da distribuição dos alunos nas salas de aula
e nos lugares adequados............................................................ 258
Artigo 2º Da distribuição em diferentes ordens dos alunos
que aprendem a ler .................................................................... 260
Artigo 3º Da distribuição em diferentes ordens dos alunos
que escrevem em letra redonda ................................................. 261
Artigo 4º Da distribuição em diferentes ordens dos alunos que
aprendem a escrever na letra bastarda e estudam aritmética .... 264
GUIA DAS ESCOLAS CRISTÃS 317
REGRAS DO DECORO
E DA URBANIDADE CRISTÃOS
RU
Página de rosto da edição princeps das Regras do Decoro e da Urbanidade Cristãos
Troyes – Reims, 1703
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 321
APRESENTAÇÃO
Com certeza, São João Batista de La Salle utilizou várias fontes para
compor sua obra. No Cahier Lasallien n. 58, o Irmão Jean Pungier começa
uma análise riquíssima e muito bem documentada dessas fontes. Mas o que
importa na obra de La Salle é o cunho particular que imprimiu à matéria.
Antes de mais nada, a profunda inspiração cristã do que é o decoro e
a urbanidade, como um aspecto da virtude da caridade. Mas também a
constante preocupação de educar e formar o menino, ou o leitor em geral:
324 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
o desejo de que seus alunos não fossem estranhos ao mundo, por meio
de refinada educação no decoro e urbanidade; e o repetido cuidado por
recomendar aos pais a formação de seus filhos em determinados aspectos.
Dois são os pontos fundamentalmente desenvolvidos no livro: a
postura do corpo e o cuidado a ter com suas diversas partes; e o modo
de proceder educadamente em variadas circunstâncias da vida, par-
ticularmente como haver-se nos relacionamentos com os outros.
Esta obra é, realmente, verdadeiro tesouro pedagógico, sempre que
situada em sua época e em seu meio. Com efeito, muitas coisas que nela
constam estão hoje totalmente ultrapassadas. Mas há nela práticas que
continuam atuais e princípios de valor perene, como o que afirma que
“o respeito para com o próximo deve estar sempre presente em nosso
proceder” (111,1,109).
Já o biógrafo (Blain, 1961, v. II, p. 457) testemunhava: “Opina-se que
de todos os autores que escreveram sobre este tema o Sr. de La Salle é o
que mais êxito teve”. Gallego (1986, v. II, p. 836) observa que, “ao longo
do século XVIII, os franceses aprenderam cortesia neste livro lassaliano”.
Conforme Chartier (1987, p. 64), trata-se de um “texto essencial na
trajetória do conceito de civilidade”. E Garnot (1991, p. 149) diz que, com
ele, La Salle contribuiu para a construção da “civilização dos costumes”
estudada por Norbert Elias1.
5. A presente edição
1
Aliás, é de chamar a atenção a quantidade de vezes que Norbert Elias cita a La
Salle e as RU em seu Processo civilizador. Vol. I: Uma história dos Costumes.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 325
Prefácio
2
Afirmação que é uma reação a uma abordagem mundana como a das Práticas
familiares da urbanidade, uma das fontes das RU.
3
Gl 5,20.
4
Gl 5,5.
326 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
Capítulo 1º
Do porte e da compostura de todo o corpo
O que mais contribui para destacar a aparência exterior de
uma pessoa e torná-la digna de consideração por sua modéstia,
como alguém cordato e bem regrado é quando mantém todas
as partes do corpo na posição que a natureza ou o costume lhe
prescreveu.
RU 101,1,17 Para isso, devem-se evitar várias faltas no posicionamento
das partes do corpo. A primeira delas é a afetação e a posição
forçada, que torna uma pessoa tensa em seu exterior, o que
é completamente contra a cortesia e contra as regras da
modéstia.
Também é preciso evitar certa negligência, que deixa trans-
parecer desleixo e indolência no proceder e que deslustra
uma pessoa diante dos outros, porque esse defeito manifesta
certa vulgaridade de espírito tanto de nascimento quanto de
educação.
RU 101,1,18 Deve-se, igualmente, prestar atenção toda especial para não
manifestar nada de leviano na própria compostura, o que é
efeito de espírito estabanado.
Os que são de espírito naturalmente leviano e estouvado,
se não querem cair nesse defeito ou corrigir-se dele, devem
cuidar de não mover um só membro do corpo sem controle, e
fazê-lo somente com muita discrição.
Os que por temperamento são ativos e irrequietos devem
esforçar-se muito para atuar sempre com grande moderação,
pensar antes de agir, e manter o corpo, o mais possível, em
posição estável.
RU 101,1,19 Embora não se deva fazer aparecer nada de rebuscado na
aparência, é preciso saber ordenar todos os movimentos e
regular bem a postura de todas as partes do corpo.
330 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
RU 102,1,25 Capítulo 2º
Da cabeça e das orelhas
Para posicionar a cabeça corretamente, é preciso mantê-la
ereta, sem incliná-la para a direita ou para a esquerda. Deve-
se evitar cuidadosamente encolhê-la ou como que afundá-la
entre os dois ombros. Voltá-la para todos os lados é próprio
de espírito leviano, e revirá-la muitas vezes é sinal de pessoa
intranquila e preocupada. Além disso, é dar mostra de arro-
gância levantar exageradamente a cabeça.
É totalmente contra o respeito que se deve a uma pessoa er-
guer a cabeça, sacudi-la ou balançá-la quando ela nos fala.
Isto mostra que não se lhe tem o devido apreço e que não se
está disposto a crer e a fazer o que ela nos diz.
RU 102,1,26 Apoiar a cabeça com a mão, como se não se pudesse mantê-la
ereta, é liberdade que nunca se pode permitir.
Coçar a cabeça ao falar, ou quando em companhia de outros,
mesmo sem falar, é muito indecoroso e indigno de pessoa de
boa índole. Isso também é indício de grande negligência e falta
de higiene, pois provém ordinariamente do fato de não se ter
suficiente cuidado para se pentear e manter a cabeça asseada.
Alguém que não usa peruca precisa tomar cuidado para não
deixar sujeira nem caspa na cabeça, porque somente pessoas
mal-educadas incorrem em semelhante descuido. Deve-se
considerar a higiene do corpo, especialmente da cabeça, como
sinal exterior e sensível da pureza da alma.
RU 102,1,27 A modéstia e distinção exigem que não se deixe ajuntar mui-
ta sujidade nos ouvidos. Por isso, é preciso, de tempos em
332 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
RU 103,1,31 Capítulo 3º
Dos cabelos
Não há ninguém que não deva tomar como regra e prática
pentear-se todos os dias, e nunca se deve aparecer diante de
quem quer que seja com os cabelos em desalinho e mal assea-
dos.Tenha-se, sobretudo, cuidado de que não tenham nem
piolhos, nem lêndeas. Essa precaução e cuidado são muito
importantes ao se tratar de crianças.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 333
RU 103,1,32 Se bem que não se deva colocar a toda hora e sem motivo
pó nos cabelos, e que isso denote um homem efeminado, é
preciso estar atento a não ter os cabelos gordurosos. Por isso,
se eles o são naturalmente, pode-se desengordurá-los com
sêmea, ou colocar pó no pente para secá-los e, se possível,
retirar-lhes a umidade que poderia estragar tanto a roupa
sobre o corpo como a externa.
RU 103,1,33 É muito descortês pentear-se em sociedade; mas é falta into-
lerável fazê-lo na igreja. Este é um lugar em que se deve estar
muito asseado, pelo respeito que se tem a Deus; contudo, o
mesmo respeito exige entrar nela só de modo conveniente.
Se São Pedro e São Paulo5 proíbem às mulheres encrespar
os cabelos, condenam com razão mais forte ainda tal tipo de
adereços nos homens6, os quais, estando, por natureza, muito
menos inclinados a esta espécie de vaidades do que as se-
nhoras, devem, consequentemente, rejeitá-las muito mais e
estar muito menos sujeitos a submeter-se a elas.
RU 103,1,34 Como não é conveniente ter os cabelos curtos demais, porque
isso desfiguraria a pessoa, deve-se também tomar cuidado
para que não sejam demasiado longos e, particularmente, não
caiam sobre os olhos. Por isso, é bom cortá-los adequadamente
de tempos em tempos.
RU 103,1,35 Há pessoas que, para estarem mais à vontade, ao sentirem
calor ou terem algo a fazer, colocam os cabelos atrás das
orelhas ou debaixo do chapéu. Isto assenta muito mal, e
sempre é conveniente deixar cair os cabelos naturalmente.
Também é sinal de compostura e de urbanidade não os tocar
sem necessidade, e o respeito que se deve aos outros exige
que não se coloquem as mãos sob o cabelo na presença deles.
RU 103,1,36 Evite-se cuidadosamente passar várias vezes a palma da mão
sobre a cabeça comprimindo os cabelos, para puxá-los ou
encaracolá-los de cada lado com os dedos, passar os dedos
através deles como para penteá-los, ou sacudi-los de modo
inconveniente, meneando a cabeça.
5
1Pd 3,3; 1Tm 2,8-10.
6
1Cor 11,14-15.
334 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
RU 104,1,39 Capítulo 4º
Do rosto
O Sábio diz que pela aparência do rosto se conhece um
homem sensato7. Por isso, cada qual deve imprimir ao sem-
blante expressão tal que seu exterior o torne, ao mesmo
tempo, amável e edificante para o próximo.
RU 104,1,40 Querendo alguém ser agradável aos outros, não deve expres-
sar na fisionomia nada de severo, nem de repulsivo. Também
nada deve transparecer nele de atemorizador, nem de brabeza.
Tampouco em nada deve revelar leviandade ou dar ares de
escolar8; tudo nele deve transpirar gravidade e cordura.
Também não é cortês apresentar rosto triste e amuado. Nunca
7
Eclo 19,26. Em todas as RU, tanto a localização como a formulação dos textos
do Eclesiástico provêm da Vulgata.
8
Escolares. “Também se diz dos que saem do colégio conservando-lhe os modos
e le mauvais air” (Dictionnaire de Trévoux).
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 335
RU 105,1,49 Capítulo 5º
Da testa, das sobrancelhas e das faces
É muito descortês estar com a testa enrugada. Isso é, ordina-
riamente, sinal de espírito perturbado e melancólico. Deve-se
tomar cuidado para que nela nada transpareça de aspereza,
mas apresente aspecto de cordura, bondade e bem-querença.
O respeito devido aos outros não permite, ao se falar de
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 337
RU 106,1,55 Capítulo 6º
Dos olhos e da vista
O Sábio diz: Muitas vezes, por aquilo que transparece nos
olhos9 se conhece o que uma pessoa tem no fundo da alma,
e se ela está inclinada ao bem ou ao mal. Embora não se
possa ter plena certeza, isso, bastantes vezes, não deixa de
ser verdadeiro. Por isso, um dos primeiros cuidados a ter no
referente ao exterior é manter convenientemente os olhos e
controlar devidamente o modo de olhar.
RU 106,1,56 Pessoa que deseja praticar a humildade e a modéstia e man-
ter aparência correta e comedida deve procurar ter os olhos
afáveis, serenos e recatados.
Quem não foi favorecido com isso pela natureza e que não
tem esse atrativo, deve procurar compensar essa ausência
com semblante alegre e tranquilo, e cuidar para não tornar os
olhos mais desagradáveis ainda por sua negligência.
Algumas pessoas têm olhar de espanto, expressão de alguém
encolerizado ou violento; e outros há, com os olhos sempre
exageradamente abertos e que os fixam com altivez. Isso
identifica ordinariamente espíritos insolentes, sem respeito
por ninguém.
RU 106,1,57 Outros, ainda, têm os olhos irrequietos, não os fixando em
nada; olham ora para um lado, ora para outro. Isso caracteriza
cabeça leviana.
9
Eclo 19,26.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 339
10
Sl 119(118),37.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 341
RU 107,1,66 Capítulo 7º
Do nariz e da maneira de se assoar e espirrar
É impolido franzir o nariz; quem o faz geralmente são os
zombadores. Também é inconveniente e descortês remexê-lo.
Não se deve mesmo tocar nele com a mão nem com os dedos
descobertos.
A boa educação requer se mantenha o nariz bem limpo, e é
sumamente grosseiro deixar que se encha de mucosidade.
Portanto, é preciso limpá-lo muitas vezes para mantê-lo
asseado, porque o nariz é o ornamento e a beleza do rosto, e é
a parte que mais se evidencia em nós.
RU 107,1,67 É muito mal-educado esgaravatar incessantemente nas na-
rinas com o dedo. E mais intolerável ainda é levar à boca o
que se tirou das narinas ou, mesmo, o dedo que se acaba de
introduzir nelas. Isto é capaz de produzir náuseas nos que o
veem.
RU 107,1,68 É abjeto assoar-se com a mão nua passando-a por baixo do
nariz, ou fazê-lo com a manga ou a roupa. E é muito oposto
à cortesia assoar-se com dois dedos e depois jogar o muco no
chão, enxugando os dedos, em seguida, na roupa, pois é bem
sabido como assenta mal ver tais sujeiras na vestimenta, a
qual, por mais pobre que seja, deve sempre estar muito limpa,
porque é o adorno de um servo de Deus e de um membro de
Jesus Cristo.
RU 107,1,69 Há pessoas que apertam um dedo contra o nariz e depois,
soprando por ele, lançam ao chão a sujeira que havia dentro.
Os que o fazem são pessoas que não sabem o que é urbanidade.
Para assoar-se, é preciso usar sempre o lenço e nunca outra
coisa; e, ao fazê-lo, deve-se cobrir ordinariamente o rosto
com o chapéu ou, pelo menos, ao se estar com poucas pessoas
e se poder facilmente desviar o rosto da vista delas, deve-se
fazê-lo, e não assoar-se face ao grupo.
342 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
11
No original aparece, erroneamente, roncar. A edição de 1729 corrige para
fungar.
12
... da forma indicada no parágrafo seguinte.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 343
RU 108,1,77 Capítulo 8º
Da boca, dos lábios, dos dentes e da língua
A boca não deve estar nem aberta nem fechada demais. E
quando se come, nunca se deve tê-la cheia, mas comer com
tal moderação que, apresentando-se a ocasião de falar, se
possa fazê-lo facilmente e ser claramente ouvido.
As boas maneiras pedem que a boca sempre esteja limpa e,
para isso, convém lavá-la todas as manhãs. Mas não é de boa
educação fazê-lo à mesa, nem em presença de outros.
RU 108,1,78 A cortesia não permite ter na boca seja o que for, e não tolera
que se tenha algo entre os lábios, ou entre os dentes. Por isso,
não se deve colocar entre eles pena, ao escrever, nem flores
em qualquer circunstância.
É de mau gosto apertar demais os lábios, ou até mordê-los,
e nunca se deve mantê-los entreabertos. Mas é intolerável
344 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
RU 109,1,85 Capítulo 9º
Do falar e da pronúncia13
Como no falar intervém a boca, os lábios, os dentes e a língua,
parece que este é o lugar para se discorrer sobre este assunto.
Para falar adequadamente e fazer-se entender pelos outros, é
preciso abrir bem a boca, tomar cuidado de não se precipitar,
e não dizer uma palavra sequer estouvada e levianamente.
Isso impede a correta elocução, principalmente nos de tem-
peramento ativo.
RU 109,1,86 Ao falar, deve-se tomar o cuidado de usar tom de voz
moderado, pausado e suficientemente alto para ser ouvido,
porque para isso é que se fala. Contudo, é contra a civilidade
falar gritando, elevar tanto a voz como quem fala a surdos.
Independente com quem se fale, algo de que se deve cuidar
muito é que, na voz, não se note nada de aspereza, de azedume,
nem de altivez. Sempre se deve falar de modo cortês e cordial.
RU 109,1,87 É ridículo falar pelo nariz; e, para que o mau estado deste
não seja a causa disso, é preciso estar atento para que ele não
esteja entupido e que sempre esteja bem asseado e limpo.
Os que têm a língua pesada e querem corrigir esse defeito
devem procurar reforçar a voz, recalcando as letras ou as
sílabas que têm dificuldade de pronunciar bem. Isso pelo
menos lhes tornará a pronúncia mais fácil.
13
O Guia das Escolas (3,6,7; 3,8,7) alude a um Tratado da pronúncia, mas não
fornece detalhes sobre ele.
346 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
14
Cf. logo adiante (110,1,101).
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 349
RU 111,1,105 Capítulo 11
Do dorso, dos ombros, dos braços e do cotovelo
É muito deselegante curvar o dorso como quem carrega
fardo pesado nos ombros. Ao contrário, é preciso desen-
volver o costume de se manter sempre ereto, e fazer com
que as crianças se habituem a isso.
Também se deve evitar cuidadosamente erguer os ombros e
andar empertigado; e estar atento a não andar com os ombros
oblíquos ou com um mais baixo que o outro.
RU 111,1,106 A boa educação não permite que, ao caminhar, se balancem
os ombros de um lado a outro, como pêndulo de relógio,
nem que se adiante um ao outro. Isso manifesta espírito
soberbo e revela pessoa demasiadamente presumida.
Tampouco se deve voltar as costas e nem minimamente os
ombros ao falar a alguém ou ao escutá-lo. É grande inci-
vilidade espreguiçar os braços, torcê-los de um lado e do
outro, mantê-los atrás das costas, ou colocá-los nos quadris,
como fazem algumas vezes mulheres quando, com raiva,
injuriam a outrem.
Também não se deve balançar os braços ao caminhar,
mesmo sob pretexto de, assim, andar mais depressa e chegar
mais longe.
RU 111,1,107 Não se deve, igualmente, manter os braços cruzados; esta é
postura própria de religiosos e não adequada aos seculares.
A postura indicada para estes é a de conservá-los na frente,
levemente encostados no corpo, mantendo as duas mãos
uma na outra.
RU 111,1,108 É totalmente contra as boas maneiras apoiar-se sobre os
cotovelos ao escutar alguém que nos fala; ainda pior é fazê-
lo à mesa; e é grande falta de respeito para com Deus manter
essa posição enquanto se reza.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 351
RU 112,1,110 Capítulo 12
Das mãos, dos dedos e das unhas
É cortês ter e manter sempre as mãos limpas e é vergonhoso
aparecer com elas encarvoadas e sebentas. Tais coisas são
toleráveis somente em trabalhadores manuais e agricultores.
Para ter as mãos limpas e asseadas, deve-se lavá-las cada
manhã, fazer o mesmo cuidadosamente antes das refeições
e todas as vezes que, durante o dia, fiquem sujas, ao se fazer
algum trabalho.
RU 112,1,111 Não é indicado, depois de sujar ou lavar as mãos, enxugá-
las na própria roupa ou na dos outros, numa parede ou em
qualquer lugar que possa manchar alguém.
Esfregar as mãos em presença de pessoas às quais se deve
respeito, quer por causa do frio, quer por sentimento de
alegria, ou por qualquer outra razão, é tomar muita liber-
dade. Isso não se deve fazer nem sequer entre os amigos
mais chegados.
RU 112,1,112 Nas pessoas do mundo, assenta mal ocultar as mãos debaixo
da roupa ou mantê-las cruzadas ao falar com alguém. Essas
atitudes caracterizam mais os religiosos do que os seculares.
Inclusive, em pessoa alguma cai bem enfiar ambas as
mãos nos bolsos, e colocá-las ou conservá-las nas costas,
indelicadeza própria de carregador de fardos.
Não é cortês bater com as mãos ao divertir-se com alguém, o
que é próprio de escolar, e feito somente por criança leviana
e travessa.
352 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
RU 113,1,121 Capítulo 13
Das partes do corpo que se devem ocultar e das neces-
sidades naturais
A cortesia e o pudor exigem que se cubram todas as partes
do corpo, exceto a cabeça e as mãos. É, portanto, indecoroso
estar com o peito descoberto, com os braços nus, as pernas
sem meias e os pés descalços. É, inclusive, contrário à lei
de Deus descobrir certas partes do corpo que tanto o pudor
como a natureza obrigam a manter sempre cobertas.
RU 113,1,122 Deve-se evitar com cuidado e, tanto quanto possível, colo-
car a mão desnuda sobre as partes do corpo ordinariamente
cobertas e, caso houver necessidade de tocá-las, que seja
com precaução.
Devemos considerar nossos corpos como templos vivos
em que Deus quer ser adorado em espírito e em verdade,
e tabernáculos que Jesus Cristo escolheu para sua morada.
Em consideração a esses belos predicados que possuem,
15
...na falta de mata-borrão (GE 4,2,33).
354 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
16
1Cor 11,13.15.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 355
RU 114,1,127 Capítulo 14
Dos joelhos, das pernas e dos pés
A cortesia exige que, ao estar sentado, se mantenham os
joelhos em sua posição natural; não é de bom tom juntá-
los ou afastá-los demais; mas, sobretudo, é muito impolido
cruzar um sobre o outro, principalmente quando em presença
de mulheres.
RU 114,1,128 Remexer as pernas ao estar sentado assenta muito mal, e
balanceá-las é intolerável. Isso é tão oposto às boas manei-
ras, que nunca se deve permitir que nem as crianças o façam.
Colocar as pernas uma sobre a outra é de muito mau gosto.
Nunca se deve fazê-lo, nem sequer diante dos domésticos.
Deve-se tomar cuidado para que os pés não estejam suados
e não exalem mau odor, especialmente no verão, porque isto
é, por vezes, muito desagradável aos outros. Para que esse
mal não ocorra, deve-se tratar de mantê-los sempre muito
limpos.
RU 114,1,129 Ao estar em pé, é cortês manter a ponta dos pés um tanto
para fora e os calcanhares afastados uns quatro dedos um
do outro. É descortês remexer seguidamente os pés, e mais
ainda bater com eles contra o chão, como fazem os cavalos.
Os espíritos por natureza desatentos ou levianos devem
prestar muita atenção sobre si mesmos para não caírem nesta
espécie de defeitos.
RU 114,1,130 Manter os pés estendidos para frente, ou apoiar-se, ora sobre
um ora sobre outro, é atitude que denota displicência.
Encontrando-se com outras pessoas, sobretudo se forem
superiores, por sua condição ou dignidade, não se deve ma-
nifestar que se está cansado de ficar de pé, como se pode dar
a entender por esse tipo de atitudes.
RU 114,1,131 Quando se está sentado, o que deve merecer particular
atenção, no que se refere ao controle dos pés, é não batê-
356 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
SEGUNDA PARTE
Da cortesia nas ações comuns e ordinárias
Capítulo 1º
Do levantar e do deitar
Embora a boa educação não estabeleça nada no referente ao
tempo em que se deve estar deitado e à hora do levantar, é
conveniente levantar-se assim que amanhecer, porque, além
de o dormir demais ser um defeito, é coisa vergonhosa e
intolerável, diz Santo Ambrósio17, que o levantar do sol nos
encontre na cama.
RU 201,1,136 Também é mudar e inverter a ordem da natureza fazer do
dia noite e da noite dia, como é costume de alguns. Quem
leva a agir assim é o demônio: como ele sabe que as trevas
oportunizam o pecado, sente-se muito satisfeito por fazermos
nossas ações durante a noite.
Sigamos antes o conselho de São Paulo18. Deixemos – diz
ele – as obras das trevas e caminhemos, isto é, trabalhemos
dignamente, como se deve fazer durante o dia. Para isto,
sirvamo-nos das armas da luz; demos a noite ao sono; e
empreguemos o dia para realizar todas as nossas ações. Cer-
tamente nos sentiríamos envergonhados e confusos fazendo
à luz do sol obras das trevas, e mesclando nossas ações com
algo desregrado, quando podemos ser vistos.
RU 201,1,137 Portanto, é completamente contrário à boa educação, con-
forme São Paulo nos insinua, deitar-se, como fazem algu-
mas pessoas, no surgir da manhã e levantar-se pelo meio-
dia. É muito conveniente, tanto para a saúde como para o
bem da alma, não se deitar depois das dez, nem se levantar
após as seis da manhã.
Deve-se, então, dizer a si mesmo e lembrar àqueles aos
quais a preguiça retém na cama estas palavras de São Paulo:
17
Sermão 19 sobre o salmo 119(118).
18
Rm 13,12-13.
358 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
19
Rm 13, 11-12.
20
Sl 63(62),2.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 359
RU 202,1,150 Capítulo 2º
Da maneira de se vestir e desvestir
O pecado foi que nos colocou na necessidade de nos vestir e
cobrir nosso corpo com roupa. Por isso é que, como sempre
levamos conosco a condição de pecadores, nunca devemos
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 361
aparecer, não somente sem roupa, mas até sem estar mesmo
inteiramente vestidos. É o que exige tanto o pudor quanto a
lei de Deus.
RU 202,1,151 Muitas pessoas tomam a liberdade de andar, com frequên-
cia, apenas de chambre e, por vezes, mesmo de pantufas.
E, desde que não se saia de casa, parece permitido fazer
as coisas trajado dessa forma. Mas permanecer por muito
tempo assim revela exterior muito descuidado.
RU 202,1,152 Parece ser contra os bons modos voltar a vestir o chambre
por comodidade assim que se volta para casa e de aparecer
vestido assim. Isso pode ser permitido somente aos idosos
e às pessoas adoentadas. Seria, inclusive, faltar de respeito
receber neste estado a visita de alguém que não seja inferior.
RU 202,1,153 Muito mais inconveniente ainda é não usar meias na pre-
sença de alguém ou estar somente de camisola ou simples
gibão. Não se pode tolerar andar de touca de dormir quando
se está fora da cama, exceto quando se está adoentado,
porque ela é feita só para ser usada durante o repouso.
É muito conveniente acostumar-se a nunca falar a alguém, a
não ser com os domésticos, sem estar vestido com todas as
roupas ordinárias. Isso é próprio de homem distinto e bem
ordenado em sua conduta.
RU 202,1,154 A cortesia requer também vestir-se prontamente e começar
vestindo a roupa que mais cubra o corpo, para ocultar o que
a natureza não quer que apareça. Isso deve ser feito sempre
por respeito à majestade de Deus a ter continuamente diante
dos olhos.
RU 202,1,155 Há mulheres que precisam de duas a três horas e algumas
mesmo de manhãs inteiras para se vestirem. Delas se poderia
dizer, com acerto, que seu corpo é seu deus e que o tempo
que empregam para enfeitá-lo elas o usurpam àquele que é
seu único Deus vivo e verdadeiro e ao cuidado que lhes cabe
tomar da família e dos filhos, que sempre devem considerar
como dever de que não se podem dispensar em seu estado.
Sem dúvida, não podem agir dessa forma sem se oporem à
lei de Deus.
362 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
RU 203,1,160 Capítulo 3º
Do vestuário
Artigo 1º
Da adequação da roupa e da moda
A adequação na roupa é uma das coisas que mais tem a ver
com a cortesia. Serve, inclusive, muito para dar a conhecer
a índole e o proceder de uma pessoa. Muitas vezes – e não
sem fundamento – ela também dá boa ideia de sua virtude.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 363
RU 203,2,172 Artigo 2º
Da simplicidade e da limpeza do vestuário
O meio de manter nos limites a moda no tocante ao vestuário
e de impedir que se excedam os que a seguem é submetê-la
e conformá-la à simplicidade que deve ser a norma de com-
portamento do cristão em tudo o que se refere ao exterior.
Para a roupa ser simples é preciso que nela não haja qual-
quer aparência de luxo, nem vaidade.
RU 203,2,173 Apegar-se a roupas e andar à procura das que são chamati-
vas e suntuosas é sinal de espírito vulgar. Os que o fazem
tornam-se alvo do menosprezo de todas as pessoas de bom
senso. Porém, o mais importante de tudo é que renunciam
21
Rm 12,2 .
366 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
22
1Tm 2,10.
23
1Pd 3,3-4.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 367
RU 203,3,179 Artigo 3º
Do chapéu e da maneira de usá-lo
O chapéu serve para adornar a cabeça do homem, além de
protegê-lo contra vários incômodos. Puxá-lo até as orelhas,
ou muito para frente como para esconder o rosto, ou para
trás, de maneira a cair sobre os ombros, são todas maneiras
ridículas e inconvenientes; mas dobrar-lhe a aba da frente
tão alto como a copa é um gesto de altivez intolerável.
RU 203,3,180 Ao saudar alguém, deve-se tomar o chapéu com a mão
direita, tirá-lo inteiramente da cabeça e de maneira cortês,
estendendo o braço até embaixo e segurando o chapéu pela
aba com o lado que deve cobrir a cabeça voltado para fora.
Se alguém tira o chapéu na rua, ou passa diante de alguma
pessoa para saudá-la, deve fazê-lo um pouco antes de estar
perto dela, e só voltar a cobrir-se um pouco distante dela.
368 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
RU 203,4,187 Artigo 4º
Do manto, das luvas, das meias e dos sapatos, da camisa
e da gravata
A cortesia exige que se vista o manto sobre os dois ombros,
que penda para a frente e sem estar arregaçado no alto dos
braços. Ainda mais descortês é dobrá-lo abaixo do cotovelo.
E os bons modos pedem que seja usado à mesa.
Não se deve entrar enrolado no manto nalgum lugar em
que estejam reunidas pessoas importantes. Se fosse em casa
de príncipe, correr-se-ia o perigo de ser repreendido ou até
expulso.
370 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
24
Isto é, com a parte posterior dos sapatos dobrada debaixo do calcanhar.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 371
RU 203,5,194 Artigo 5º
Da espada, da vareta, da bengala e do bastão
Assenta muito mal e é completamente contra a organização
social bem regulada que um burguês ande de espada, a
menos que esteja em viagem ou na guerra. Contudo, um
menino pode carregá-la se for de classe nobre.
É falta de cortesia girar o talabarte de modo que a espada
penda na frente do corpo. Falta maior ainda é colocar a
espada entre as pernas.
RU 203,5,195 Não se deve conservar a mão sobre o copo da espada en-
quanto se fala a alguém ou quando em passeio; é suficiente
colocá-la ali ao estar obrigado a puxar a espada.
Por mais corajoso que possa parecer quem está sempre
pronto para desembainhar a espada quando se lhe diz uma
palavra atravessada ou se lhe quer fazer um insulto, deve
convencer-se de que isso não é nem civilizado nem cristão:
Somente a paixão e o amor à honra vã e ilusória o fazem
agir assim. Portanto, é contra a boa educação ser tão rápido
para se defender de alguma injúria ou ultraje; e as normas do
Evangelho querem que se sofram as injúrias com paciência.
25
Gravata era peça usada ao redor do pescoço, como um lenço de seda, e não sob
o colarinho da camisa.
372 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
26
Mt 26,52.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 373
RU 204,0,203 Capítulo 4º
Da alimentação
É inclinação tão natural do homem procurar o prazer no
beber e no comer, que são Paulo, ao exortar os cristãos a
fazerem todas as suas ações por amor e para a glória de
Deus, sentiu-se na obrigação de referir-se particularmente
ao beber e ao comer27, porque é muito difícil comer sem
ofender a Deus e porque a maioria dos homens só come
como os animais e para a própria satisfação.
RU 204,0,204 Contudo, não é menos contrário à boa educação que às
regras do Evangelho mostrar apego ao beber e ao comer.
27
1Cor 10,31.
374 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
28
Fl 3,19.
29
Mt 11,19.
30
Lc 21,34.
31
Ef 5,18.
32
Fl 3,19.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 375
33
Rm 13,13.
376 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
RU 204,1,212 Artigo 1º
Do que se deve fazer antes de comer: do lavar as mãos;
da bênção da mesa e da maneira de sentar-se à mesa
Um pouco antes de comer e tomar a refeição, exige a boa
educação lavar as mãos, abençoar os alimentos e sentar-se
à mesa. Ela prescreve, igualmente, formas de fazer corre-
tamente essas coisas.
RU 204,1,213 Embora, como diz Nosso Senhor no Evangelho34, comer
sem ter lavado as mãos não seja algo que suja o homem,
é de boa educação nunca deixar de fazê-lo antes de tomar a
refeição. Essa é, inclusive, uma prática que sempre esteve
em uso. Se Nosso Senhor a censurou aos judeus35, foi
somente por se apegarem tão escrupulosamente a ela que
acreditavam cometer falta grave não lavando as mãos antes
de comer; e as lavavam até várias vezes, por temor de se
mancharem ao tocar certos alimentos com as mãos, mesmo
que apenas um pouco sujas, enquanto não temiam macular-
se com os numerosos pecados que cometiam. Jesus Cristo,
portanto, de modo algum, recriminou essa prática; o que fez
foi apenas condenar o excesso.
RU 204,1,214 A ordem a ser observada para lavar as mãos é determinada
pela posição que as pessoas ocupam na família; e, em
sociedade, pela posição dos convidados.
Quando se está com pessoas de condição relativamente igual,
o que de ordinário se costuma é fazer-se reciprocamente
alguma reverência antes de lavar as mãos, mas sem fazer
grandes cerimônias, e lavá-las quase todos ao mesmo tempo.
RU 204,1,215 Havendo no grupo uma ou várias pessoas de condição
elevada, não se deve, de forma alguma, ir lavar as mãos antes
que elas tenham lavado as suas. Entretanto, se uma pessoa
de posição superior nos toma da mão e nos pede lavarmos as
mãos com ela, seria falta de cortesia não atendê-la.
34
Mt 15,20.
35
Mc 7,3.4.6.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 377
36
Mt 14,19. Mc 6,41.
37
Lc 14,8-10.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 379
RU 204,2,225 Artigo 2º
Das coisas a serem usadas à mesa
À mesa, é necessário usar um guardanapo, um prato, uma
faca, uma colher e um garfo. Seria inteiramente contra a boa
educação não utilizar alguma dessas coisas ao comer.
RU 204,2,226 A pessoa mais qualificada do grupo deve ser a primeira
a desdobrar o guardanapo; às demais cabe aguardar que
a primeira tenha aberto o seu, para fazer o mesmo. Se as
pessoas são mais ou menos de igual condição, todos o
desdobrarão ao mesmo tempo e sem cerimônias.
Aberto o guardanapo, é preciso estendê-lo inteiramente
sobre a roupa, a fim de não manchá-la ao comer, e convém
que ele cubra a roupa até o peito.
RU 204,2,227 É descortês utilizar o guardanapo para enxugar o rosto;
mais incivil ainda é esfregar com ele os dentes; e uma das
faltas mais grosseiras contra a boa educação seria usá-lo
para assoar-se. Também é inconveniente limpar os pratos e
as travessas com o guardanapo.
O guardanapo pode e deve ser usado, quando se está à mesa,
para limpar a boca, os lábios, e os dedos,
RU 204,2,228 bem como para desengraxar a faca, antes de cortar o pão, e
para limpar a colher e o garfo depois de servir-se deles.
380 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
38
Não só mesa para colocar o necessário para a refeição, mas também armário
(aparador). Ter presente que para lavar os objetos ainda não havia torneira.
382 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
RU 204,3,237 Artigo 3º
Da maneira de convidar, pedir, receber ou servir-se à
mesa
Não é oportuno que, estando à mesa, qualquer um tome a
iniciativa de convidar os demais a se servirem. Quem deve
fazê-lo é o dono ou a dona da casa; afora eles, ninguém deve
tomar essa liberdade. Isso pode ser feito de duas maneiras:
1. Com palavras, e muito gentilmente. 2. Apresentando os
pratos que se sabe serem ou poderem ser mais apreciados
pelas pessoas às quais se serve.
RU 204,3,238 Ao oferecer uma refeição a algumas pessoas, deve-se ter o
cuidado de convidá-las e animá-las, de tempos em tempos,
a servir-se à vontade, o que há de ser feito com semblante
e expressão alegres, que transmitam aos convidados a
certeza de que são servidos de todo coração. Isso, contudo,
sem demasiada frequência, nem de modo excessivamente
insistente, para não ser muito inoportuno e incômodo aos
demais.
RU 204,3,239 Também se pode convidar os demais a beberem, contanto
que seja educada e moderadamente e sem insistência.
É necessário estar muito atento, diz o Sábio39, para não
estimular a isso os que gostam de vinho, que arruinou a
muitos. E ter presente que é, ao mesmo tempo, coisa lasti-
mável e vergonhosa uma pessoa deixar-se levar à intem-
perança e aos excessos dessa bebida.
RU 204,3,240 Parece que seria melhor e mais de acordo com a urbani-
dade cristã não insistir junto à pessoa para que coma, mas
simplesmente servir-lhe os alimentos no prato, e não esti-
mular ninguém à bebida, mas somente tomar o cuidado de
que, de tempo em tempo, seja servida aos comensais, no
caso de estes não a pedirem.
39
Eclo 31,30.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 383
RU 204,4,249 Artigo 4º
Da maneira de cortar e servir as carnes, e de servir a si
mesmo
Embora se saiba fazê-lo perfeitamente, é muito descortês
tomar a si a tarefa de cortar a carne e servi-la quando se está
à mesa de pessoa de categoria superior, a não ser que ela o
peça. Essa incumbência cabe ao dono ou à dona da casa, ou
a quem eles pedem a prestação deste serviço.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 385
RU 204,5,269 Artigo 5º
Da maneira de comer educadamente
O Sábio40 dá diversas recomendações importantes referen-
tes ao modo de portar-se à mesa, a fim de se comer com
decoro e cortesia: [1] Aconselha41 que, sentado à mesa,
importa não se deixar levar à intemperança da boca, fixando
com avidez42 as iguarias, como se fosse necessário comer
tudo o que nela se encontra, sem deixar nada para os outros.
RU 204,5,270 2. Diz que não se deve ser o primeiro a levar as mãos43
às iguarias. Tal honra e sinal de preeminência devem ser
deixadas à mais qualificada das pessoas presentes.
RU 204,5,271 3. Proíbe apressar-se para começar a comer44. Também é
muito descortês comer precipitadamente, o que é próprio de
glutão.
RU 204,5,272 4. Quer que cada um se sirva, como pessoa comedida, do que
é oferecido45, comendo com muito controle e moderação,
embora se possa tomar tanto quanto se precisa.
[5.] Exorta instantemente a dar preferência aos outros quando
se está à mesa, e a não servir-se ao mesmo tempo que eles46.
O mesmo exigem as boas maneiras.
[6.] Ordena ser, por educação, o primeiro a deixar de comer47.
Assim é que se deve comportar uma pessoa sóbria, que faz
profissão de seguir, durante a comida, as regras da tempe-
rança. E a razão que o Sábio aduz para isso é que ninguém
deve exceder-se no comer, por medo de pecar.
RU 204,5,273 [7.] Para induzir a todas essas práticas de educação e so-
briedade, ele acrescenta48 que quem come pouco terá sono
40
Eclo 31.
41
Eclo 31,2.12.
42
Eclo 31,13-14.
43
Eclo 31,16.
44
Eclo 31,17.
45
Eclo 31,19.
46
Eclo 31,21.
47
Eclo 31,20.
48
Eclo 31.23-24.
390 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
RU 204,6,283 Artigo 6º
Da maneira de tomar o cozido
O cozido serve-se de duas maneiras diferentes: oferecido
em comum, é colocado em sopeira rasa; servido a uma
pessoa em particular, é oferecido em tigela. Esta segunda
maneira também é usada em família, especialmente com
crianças e pessoas adoentadas.
RU 204,6,284 Seria uma grosseria servir o cozido em tigelas quando se
oferece refeição algo melhor. Neste caso, deve-se pô-lo
numa sopeira rasa acompanhada de várias colheres, de
acordo com o número de convidados, os quais devem
servir-se delas para tirar o cozido da sopeira e levá-lo em
seguida ao prato.
RU 204,6,285 É falta de educação pegar o cozido diretamente da sopeira
com a própria colher para comê-lo e voltar a fazê-lo cada
vez que se quiser levar a comida à boca; mas a pessoa deve
servir-se do cozido com uma das colheres que estão na
sopeira, colocá-lo depois no próprio prato e repor a colher na
sopeira sem levá-la à boca; em seguida, deve usar da própria
colher para tomar o que tem no seu prato.
Se não houver colher na sopeira, deve-se utilizar a própria
para tirar o cozido, após havê-la enxugado bem.
RU 204,6,286 Quanto à maneira de tomar o cozido numa tigela, é descortês
sorvê-lo como faria um doente, mas é necessário tomá-lo
pouco a pouco, com a colher.
Igualmente, é grande incivilidade pegar a tigela por uma das
alças e derramar na colher a sobra do caldo, depois de ter
tomado o cozido.
Da mesma forma, é grave falta de educação segurar a tigela
pela alça com a mão esquerda, como por medo de que
alguém a pegue.
RU 204,6,287 A cortesia requer também que não se faça ruído com a tigela
e a colher ao tomar o cozido, e não se raspe com força de um
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 393
RU 204,7,295 Artigo 7º
Da forma de servir-se do pão e do sal e de tomá-los e
consumi-los
O lugar onde se deve colocar o pedaço de pão que se tem
para comer é no lado esquerdo, junto ao prato, ou sobre o
guardanapo. É descortês colocá-lo à direita, na frente do
prato ou atrás dele e, pior ainda, perto do pão de outrem.
RU 204,7,296 Ao se cortar o pão, podem-se cometer várias faltas de cor-
tesia, e que as crianças devem especialmente evitar. Por
exemplo, é muito mal educado escavar o pão tirando apenas
o miolo; ou, cortando-o longitudinalmente, separar as duas
côdeas; ou descascá-lo, por assim dizer, retirando toda a
crosta ao redor; ou rompê-lo todo em pedaços pequenos,
como se prepara o pão bento, e deixá-lo assim sobre a mesa;
ou, ao parti-lo, deixar cair muitas migalhas sobre a toalha.
Não menos deseducado é envolvê-lo com a mão ou apoiá-
lo sobre o peito para o cortar; ou cortar seu pedaço de pão
apoiando-o na toalha ou no próprio prato.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 395
49
Ordinário: não como um pão bento.
50
Ovos de galinha, com casca, cozidos por alguns minutos em água fervente.
396 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
RU 204,8,304 Artigo 8º
Como se comportar com os ossos, o molho e as frutas
É muito descortês apanhar os ossos com a mão inteira como
se pega um bastão; é, inclusive, bem educado tocá-los o
menos possível; e, sendo isso necessário, deve-se fazê-lo
com o polegar e o indicador e segurá-los num ponto que não
deixe os dedos engordurados.
51
Mc 9,49-50.
52
Ideia tola de que servir sal a alguém é dar-lhe azar...
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 397
RU 204,9,312 Artigo 9º
Da maneira de pedir e receber a bebida e de beber,
estando à mesa53
É absolutamente oposto à boa educação ser o primeiro a
pedir a bebida, a não ser que a pessoa que o faz seja o mais
importante dos comensais; não o sendo, deve-se aguardar
que os de condição superior tenham bebido primeiro.
RU 204,9,313 Igualmente é falta de respeito aos presentes solicitar bebida
em voz alta: sempre se deve pedi-la discretamente; e, melhor
ainda, por sinais.
RU 204,9,314 Outra falta de respeito é pedir para beber quando algum
dos convidados está sendo servido. Havendo somente uma
pessoa que atende, não se deve solicitar bebida até achar
que ninguém mais vai pedi-la e todos tenham terminado
de beber; melhor ainda, se possível, é aguardar a sua vez, a
menos que o dono da casa mande servi-la.
É falta de cortesia aceitar bebida ou pedi-la do lado de pessoa
que se deve honrar; neste caso, o correto é segurar o cálice e
se deixar servir do lado oposto.
RU 204,9,315 Quando alguém é servido de bebida, deve enxugar os dedos
com o guardanapo e, depois, tomar o copo pela base e não
53
O cerimonial usado supõe que os convivas, depois das pessoas mais honoráveis,
bebam todo o conteúdo do copo, e pouco após terem sido servidos.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 399
RU 205,0,349 Capítulo 5º
Das diversões
As diversões são exercícios aos quais se pode consagrar
algum tempo do dia, para descansar a mente das ocupações
sérias e o corpo, dos trabalhos fatigantes que a uma e a outro
são entregues durante o dia.
RU 205,0,350 É muito justo tomar algumas vezes um descanso: o corpo
e o espírito necessitam dele. Deus nos deu exemplo disso
já no começo do mundo, quando, segundo a expressão
da Escritura, descansou54 todo um dia depois de haver
trabalhado, sem parar, seis dias inteiros na grande obra da
criação do mundo. Também Nosso Senhor convidou os
Apóstolos a descansarem com Ele, depois de retornarem
dos lugares a que os havia enviado para pregarem neles o
Evangelho55.
RU 205,0,351 Ocorre, com frequência, que as pessoas se entregam a
diversões ou ferindo a própria consciência, ou em detrimento
dos outros, ou violando em algum ponto as regras da civi-
lidade, quer divertindo-se com modalidades não permitidas
pela boa educação, quer entregando-se a elas de maneira
pouco honesta, ou mesclando-as com algo descortês ou
inconveniente. Por essa razão, parece necessário expor aqui
os diferentes tipos de diversões de que se pode usufruir e
informar, depois, sobre o modo como se pode, com elas,
ocupar educadamente o tempo.
Os lazeres possíveis são: recreação, jogo, canto e passeio.
Aqui se tratará dessas quatro coisas, uma depois da outra, e
da maneira de as fazer bem.
RU 205,1,352 Artigo 1º
Da recreação e do riso
A boa educação e a conveniência pedem recrear-se todos os
dias um pouco, após as refeições, com as pessoas com que
54
Gn 2,2 e 3.
55
Mc 6,31.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 407
56
Ecl 3,4.
408 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
RU 205,1,362 A cortesia não quer, portanto, que se ria sem motivo razoá-
vel para fazê-lo. Estabelece igualmente regras acerca do
modo de rir e nunca permite que se ria muito ruidosamente
e, menos ainda, que se ria de maneira tão descontrolada e
mal educada que se perca a respiração, e se chegue a fazer
gestos inconvenientes. Somente pessoas de reduzido bom
senso e de pouca educação são capazes disso: porque é
próprio do néscio, diz o Eclesiástico, levantar a voz ao rir,
enquanto o sábio apenas sorri57.
RU 205,2,363 Artigo 2º
Do passeio
O passeio é prática aprovada pelos usos, que muito contribui
para a saúde do corpo e que torna a mente mais disposta às
suas atividades específicas. Torna-se diversão quando asso-
ciado a conversas aprazíveis.
Ordinariamente, durante o passeio, observa-se alguma for-
malidade quanto ao lugar a ocupar, sendo que o de honra é
devido à pessoa mais qualificada do grupo.
RU 205,2,364 Contudo, aquele a quem se faz a honra de oferecê-lo, não
deve aceitá-lo a não ser que sua condição seja muito superior
à dos outros, e só deve fazê-lo depois de haver saudado o
grupo, como para agradecer a deferência que lhe foi feita.
RU 205,2,365 É muito descortês alguém ocupar, por iniciativa própria,
o lugar de honra, a não ser que sua condição seja muito
superior à dos demais. Quando os que passeiam juntos
são pessoas de nível social mais ou menos igual, devem,
ordinariamente, tomar lugar indistintamente, à medida que
se vão encontrando.
RU 205,2,366 Quando são três ou mais os que passeiam, o lugar que se
deve dar à pessoa mais importante é o do meio; o da direita
é o segundo e o da esquerda, o terceiro. E se forem de con-
dição igual, podem alternar de lugar a cada trecho do pas-
57
Eclo 21,23.
410 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
RU 205,3,377 Artigo 3º
Do jogo
O jogo é diversão algumas vezes permitida, mas não se deve
praticá-lo a não ser com muita cautela: é ocupação em que
se pode empregar algum tempo, mas que também deve ser
controlado. É necessária muita precaução para não se deixar
levar nele por alguma paixão desregrada: deve-se manter
a moderação para não se entregar a ele por completo, nem
dedicar-lhe demasiado tempo.
RU 205,3,378 Como é impossível portar-se nele com boa educação sem
essas duas condições, nunca se deve jogar sem elas.
No jogo, é necessário cuidar especialmente para não se
deixar levar por duas paixões: a primeira é a avareza, causa
ordinária da segunda, que é a impaciência e o descontrole.
RU 205,3,379 Os que jogam devem tomar muito cuidado para não fazê-lo
por cupidez, visto que o jogo não foi inventado para ganhar
dinheiro, mas somente para relaxar um pouco o espírito e o
corpo após o trabalho.
RU 205,3,380 Daí resulta não ser de boa educação jogar somas vultosas,
mas quantia pequena, que não enriqueça a quem ganha,
nem empobreça a quem perde, mas sirva para manter a
continuidade do jogo e aumentar a vontade de ganhar, o que
contribui muito para o prazer do jogo.
Grande falta de cortesia é impacientar-se quando, no jogo,
as coisas não saem como se gostaria; mas é vergonhoso
descontrolar-se e, pior ainda, praguejar. É preciso comportar-
se de modo auto-controlado e tranquilo, para não perturbar a
diversão.
RU 205,3,381 Trapacear no jogo é completamente contrário à boa educa-
ção; é, inclusive, um furto. Ganhando, então, é-se obrigado
a restituir, mesmo no caso de ter sido em parte devido à
própria habilidade.
O dinheiro ganho não deve ser reclamado com precipitação:
se alguém não depositou o apostado e perdeu, somente se
lhe deve pedir ou convidá-lo a que deposite o que deve, e
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 413
RU 205,4,395 Artigo 4º
Do canto
O canto é lazer não somente permitido, mas, até, muito
apropriado, podendo contribuir grandemente a recrear o
espírito de maneira muito agradável e inofensiva, ao mes-
mo tempo.
RU 205,4,396 Contudo, tanto a boa educação como a religião exigem que o
cristão não se permita cantar todo tipo de canções e que tome
especialmente cuidado para não cantar canções indecentes,
nem alguma com letra livre demais ou ambígua.
Numa palavra, é muito indecoroso um cristão cantar melo-
dias que levam à impiedade ou em que se exalta a comida
farta, ou cujas expressões e termos denotam estar-se ufano e
ter-se prazer nos excessos de vinho. Porque, além de o uso
de tais palavras ser de acentuado mau gosto, elas poderiam
contribuir muito para inclinar a tais tipos de desregramentos
– mesmo que ainda não se esteja caindo neles – visto que
as canções fixam o seu conteúdo no espírito muito mais
facilmente que meras palavras.
RU 205,4,397 São Paulo nos indica claramente, em dois textos diferentes
de suas cartas58, que aquilo que os cristãos devem cantar são
salmos, hinos e cânticos espirituais, e que lhes cabe entoá-
los do fundo de seus corações e com fervor, porque encerram
os louvores de Deus.
Estas, com efeito, são as únicas melodias que se deveriam
ouvir nas casas dos cristãos, nas quais o vício e tudo o que
leva a ele não é menos contrário à boa educação do que às
regras do Evangelho, e em que não se deve ouvir qualquer
canção que não leve a louvar a Deus e a praticar o bem e a
virtude.
RU 205,4,398 Esta também era a prática dos antigos patriarcas que não
compunham cânticos a não ser para louvar a Deus ou para
agradecer-lhe algum benefício recebido. Davi, que é autor
de grande número deles, os compôs todos em louvor a Deus.
58
Ef 5,19; Cl 3,16.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 417
59
Aqui, trata-se de cânticos bíblicos (salmos). Aliás, sempre postos em destaque
também em outros textos lassalianos (DC1: 405,2,7. DC 3: 10,3,1. DC3:
41,1,3). Os utilizados no catecismo e na saída da escola são cânticos espirituais
(GE 14,1,9. RC 20,41).
60
Em outros termos: “Por que não disse logo que não era bom no canto” ou “hábil
para tocar”.
418 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
RU 205,5,405 Artigo 5º
Das diversões não permitidas
Há outras diversões das quais não se vai tratar aqui longa-
mente, porque de modo algum são permitidas a um cristão,
nem pelas leis da religião, nem pelas regras de civilidade.
RU 205,5,406 Algumas delas são, em geral, próprias dos ricos: bailes,
danças e comédias. Outras são mais comuns aos artesãos
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 419
61
Santo Ambrósio, De Virginitate, Lib. 3.
420 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
RU 205,5,410 Este santo Padre diz que as mães que deixam as filhas
dançar são as impudicas e adúlteras e não as castas e fiéis ao
marido. Elas devem ensinar as filhas a amar a virtude e não
a dança, na qual, diz são Crisóstomo62, o corpo é desonrado
por movimentos vergonhosos e indecentes, e a alma muito
mais ainda, porque as danças são o jogo dos demônios, e os
que com elas se divertem e deleitam são ministros e escravos
dos demônios e se comportam mais como irracionais do
que como pessoas, porque nelas se entregam a prazeres dos
brutos.
RU 205,5,411 Embora as comédias sejam consideradas no mundo como
divertimento decoroso, elas não deixam de ser vergonha e
vexame do cristianismo. Com efeito, não têm má reputação
pública os que se entregam a essa ocupação e dela fazem
sua profissão? Pode-se gostar de uma profissão que cobre
de vergonha os que a exercem? Não é ignóbil e desonrosa
essa arte, em que toda habilidade dos comediantes consiste
em excitar em si mesmos e nos demais paixões vergonhosas,
das quais uma pessoa educada só pode ter horror? Quando
nas comédias se canta, o único que se ouve são melodias
próprias a alimentar essas paixões.
RU 205,5,412 Acaso há decência e decoro nos adereços, na nudez e nas
liberdades que se permitem os e as comediantes? Acaso
existe em seus gestos, palavras e atitudes algo que não seja
impróprio não somente para um cristão fazer, mas, inclusive
para ver? Portanto, é inteiramente contra a boa educação
fazer deles seu prazer e diversão.
RU 205,5,413 Os palcos dos charlatães e palhaços, geralmente montados
em praças públicas, são considerados indecentes por todas as
pessoas educadas; de ordinário, somente os artesãos e pobres
se detêm na proximidade deles. Até parece que foi para eles
que o diabo os montou para que, como não possuem recursos
para provarem o veneno que, com o fim de perder as almas,
62
São Crisóstomo, Sermão n. 48, sobre Mateus.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 421
63
São Crisóstomo, Homilia 6ª, sobre Mateus.
422 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
RU 206,1,418 Capítulo 6º
Das visitas
Artigo 1º
Da obrigação que a cortesia impõe de fazer visitas e das
disposições que se deve ter ao fazê-las
Para quem vive no mundo, não é possível deixar de fazer
ou receber visitas, de vez em quando. Trata-se de obrigação
imposta pela cortesia a todos os leigos.
Inclusive a Santa Virgem, embora vivendo recolhida, fez
uma a sua prima Isabel64, e parece que o Evangelho só a
narra pormenorizadamente para que possa servir de mo-
delo às nossas. Também Jesus Cristo, ainda que sem estar
obrigado, fez visitas, em diversas oportunidades, movido
simplesmente pela caridade.
RU 206,1,419 Para saber claramente e discernir em que ocasiões se devem
fazer visitas, é preciso persuadir-se de que, neste assunto,
somente a justiça e a caridade devem orientar a cortesia cristã.
Esta só pode pedir que se façam visitas por necessidade, por
deferência, ou para alimentar a união e a caridade.
Uma ocasião em que a cortesia, fundada sobre a justiça,
requer que se faça uma visita é, por exemplo, quando um
pai tem um filho doente ou um filho está com o pai enfermo.
Neste caso, um e outro são obrigados a visitar aquele que se
encontra doente, tanto para lhe prestar os deveres da piedade
e da justiça cristãs, como para cumprir a exigência da boa
educação.
RU 206,1,420 Quando alguém tem ódio e aversão a outrem, ambos são
obrigados, de acordo com as normas do Evangelho, a se
visitar, para se reconciliarem e passarem a viver em per-
feita paz.
RU 206,1,421 A cortesia cristã se orienta pela caridade nas visitas que se
fazem, quer para contribuir à salvação do próximo, seja de
que modo for, quer para prestar-lhe algum serviço material,
64
Lc 1,39-56.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 423
65
Lc 19,1-10.
66
Jo 11,1-16.
67
Mt 9,23-26.
68
Lc 4,38-39.
69
Lc 7,1-10.
70
Jo 12,1-9.
71
Eclo 29,31.
424 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
RU 206,2,426 Artigo 2º
Da maneira de entrar na casa da pessoa que se visita
Se, ao visitar alguém, se encontrar a porta fechada, é muito
descortês golpear com força e dar mais de uma batida72.
Deve-se bater levemente e aguardar com paciência que a
porta seja aberta.
RU 206,2,427 Bater à porta de um aposento seria não saber viver e haver-
se no mundo; o correto é fazer nela um pouco de ruído com
as unhas. Se a pessoa não aparecer, é preciso afastar-se, para
não ser apanhado como quem está escutando e espiando, o
que seria muito desagradável e de acentuado mau gosto.
Se ao ser aberta a porta, quem a abre pergunta pelo nome,
deve-se dizê-lo, sem nunca atribuir-se o título de senhor.
RU 206,2,428 Caso a pessoa que se vai visitar é de condição muito superior
e não se encontra na residência, é cortês não declinar o
próprio nome, e dizer que se voltará outro dia.
Se o visitante é totalmente desconhecido da casa a que vai,
é insolência entrar por conta própria, sem ser introduzido
nela; deve-se esperar o convite para entrar, mesmo que a
porta esteja aberta.
Se não houver alguém para fazê-lo, e existindo razões para
crer que se possa tomar a liberdade de entrar, isso deve
72
...com a aldrava, ainda presente em algumas casas antigas.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 425
73
No francês original: chambre, que Littré descreve como “peça da casa,
especialmente destinada ao uso particular de uma pessoa, para nela dormir ou
trabalhar”.
426 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
RU 206,3,433 Artigo 3º
Da maneira de saudar as pessoas visitadas
A primeira coisa a fazer ao entrar no aposento de uma pessoa
para a visitar é saudá-la, e fazer-lhe uma reverência. Essa foi
também a primeira coisa feita pela Santa Virgem na visita a
Santa Isabel74, segundo assinala o Evangelho.
RU 206,3,434 Pode-se saudar uma pessoa de três maneiras diferentes. Uma
delas, muito comum, é a que se faz, primeiro, descobrindo-
se com a mão direita, baixando o chapéu com o braço
inteiramente estendido e apoiando-o, voltado para fora,
sobre a coxa direita, enquanto se deixa a mão esquerda
livre; segundo, olhando afável e educadamente para a
pessoa que se saúda; terceiro, baixando o olhar e inclinando
o corpo; quarto, estendendo o pé, quando se quer avançar,
e deslizando-o para frente; ao querer recuar, estendendo o
pé esquerdo para trás; quando se passa ao lado, correndo
o pé para frente, do lado da pessoa que se quer saudar, e
curvando-se e saudando-a alguns passos antes de estar frente
a frente com ela.
RU 206,3,435 Quando se saúda um grupo todo, deve-se adiantar o pé
direito, para saudar a pessoa de mais consideração, e deslizar
o pé esquerdo para trás, para saudar de um e de outro lado os
do grupo todo.
Nunca se deve entrar em lugar algum sem saudar os que nele
estão; e a quem entra compete saudar, por primeiro, os que
estão presentes.
RU 206,3,436 Isto é o que também há de observar quem faz uma visita,
mesmo se a pessoa visitada for de condição inferior: é o que
fez a Santa Virgem com relação a Santa Isabel.
Também quem recebe a visita deve procurar tomar a dianteira
e chegar antes para ser o primeiro a saudar.
74
Lc 1,39-56.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 427
75
Jo 11,17-21.
428 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
RU 206,4,444 Artigo 4º
Da maneira de se chegar a uma pessoa que se visita, de
sentar-se e se levantar
Ao entrar no aposento de alguém, e outros estiverem
falando com ele, não se deve chegar perto, mas permanecer
junto à porta até que a conversa tenha terminado, ou que a
pessoa com quem se quer tratar se adiante ou faça sinal de
acercar-se.
76
Rm 16,16.
77
1Cor 16,20. 2Cor 13,12. 1Ts 5,26.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 429
RU 206,5,451 Artigo 5º
Da maneira de se despedir e terminar as visitas
Quando se visita alguém de condição superior ou se percebe
que a pessoa visitada tem alguma coisa a fazer, não se deve
ficar tanto tempo que esta se veja obrigada a pedir que a visita
se retire. Sempre é melhor fazê-lo por iniciativa própria, e
convém sair sem tardar quando a pessoa com que se está fica
em silêncio, chama alguém ou dá algum outro sinal de que
tem algo a fazer alhures.
RU 206,5,452 Não se deve sair sem saudar e sem despedir-se dos presentes.
Contudo, estando-se na casa de pessoa de posição eminente,
e um outro fala a esta logo depois de nós ou ela se ocupa
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 431
RU 206,6,457 Artigo 6º
Das visitas que se recebem e da maneira de comportar-se
nelas
Nunca se deve fazer esperar uma pessoa que vem fazer visita,
a não ser que se esteja ocupado com pessoas de posição mais
alta que a do visitante, ou se esteja envolvido em assunto de
interesse público.
É completamente contra a educação deixar esperar alguém
à porta, no pátio, na cozinha, ou num corredor. Caso se
esteja obrigado a fazer esperar por algum tempo, que seja
num lugar adequado, em que a visita tenha possibilidade de
sentar-se, se quiser. Faz parte da boa educação providenciar
para que, se possível, uma pessoa distinta lhe vá fazer sala
durante o tempo em que tem que aguardar.
RU 206,6,458 Deve-se largar tudo para receber a visita. Se esta for pessoa
de condição mais elevada ou com quem não se tem nenhuma
familiaridade, deve-se tirar o chambre, a touca, interromper
a refeição e, caso se use espada, portá-la de lado, ou levar a
capa sobre os ombros.
RU 206,6,459 Assim que se for avisado de que alguma pessoa a quem se
deve muito respeito vem de visita, deve-se ir até a porta, ou,
se ela já entrou, o mais longe que se puder para recebê-la. É
preciso ser o mais deferente possível com ela, introduzi-la
e fazê-la sentar-se no aposento mais bonito e em toda parte
deixá-la ir na frente e ceder-lhe o lugar mais honroso.
Este é testemunho de respeito a dar em casa não somente às
pessoas de mais alta condição, mas também a qualquer outra
que não seja doméstico ou inferior.
RU 206,6,460 Mas, quando se é visitado por pessoa de condição muito
elevada ou muito superior à própria, e esta última manifesta
o desejo de que se omita parte das deferências que se lhe
demonstra, não se há de insistir em continuar com elas. A
cortesia pede que, então, se mostre, pela inteira aquiescência
a essa pessoa, que se está totalmente às suas ordens na
própria casa.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 433
RU 206,7,470 Artigo 7º
Da maneira de se comportar quando alguém chega ao
grupo ou dele se retira
Quando se está reunido com pessoas e chega outra à qual se
deve consideração, sendo esta pessoa de nível social superior
ao daquelas com que se está, deve-se pedir humildemente
autorização ao grupo para ir cumprimentá-la e, depois,
deixar a companhia para ir recebê-la.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 435
RU 207,0,477 Capítulo 7º
Da fala e da conversa
Como as pessoas que vivem em sociedade sempre têm
algo a tratar, se veem na obrigação de conversar e falar
muitas vezes umas com as outras. Por isso, a conversa é
uma das coisas sobre as quais a cortesia maior número de
normas prescreve. Ela requer que os cristãos nela sejam
extremamente circunspetos nas palavras;
RU 207,0,478 é o conselho que lhes dá São Tiago em sua carta78. O pró-
prio Sábio quer que essa circunspeção seja tão grande que,
embora saiba o apreço que o mundo tem pelo ouro e a prata,
quer que se prefira o cuidado com as palavras à preocupação
natural dos homens pela preservação de seu ouro e prata,
dizendo que se deve fundir esses metais e fazer deles balança
para pesar as próprias palavras79. E isso, certamente com
razão, pois se, conforme diz o mesmo Apóstolo São Tiago80,
se pode afirmar que um homem é perfeito quando não
78
Tg 3.
79
Eclo 28,29.
80
Tg 3,2.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 437
RU 207,1,480 Artigo 1º
Das condições que, segundo a cortesia, devem acompa-
nhar as palavras
A civilidade exige que o cristão nunca profira palavra
alguma que seja contrária à verdade ou à sinceridade,
desrespeitosa com Deus e não caridosa com o próximo,
desnecessária ou inútil, ou dita sem prudência e discrição.
Estas são as condições que a boa educação requer acom-
panhem todas as nossas palavras.
RU 207,1,481 Seção 1ª
(Nas outras divisões deste artigo, o original usa § em vez de
seção)
Da verdade e da sinceridade exigidas pela cortesia nas
palavras
A civilidade não pode tolerar que, em momento algum, se
diga alguma falsidade; requer, pelo contrário que, seguindo
a recomendação de São Paulo81, cada qual diga a verdade
ao falar com o próximo. E, na linha do que pensa o Sábio82,
ela faz com que a mentira seja considerada, no homem,
mancha humilhante, e a vida do mentiroso desonrosa e
sempre acompanhada de vexame83. E, com o mesmo Sábio,
ela requer também que a mentira em que se tenha incorrido
por fraqueza ou ignorância, não deixe de causar vergonha84.
81
Ef 4,25.
82
Eclo 20,26.
83
Eclo 20,28.
84
Eclo 4,30.
438 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
RU 207,1,482 Isso faz com que o Profeta-Rei85, tão bem instruído tanto
nas regras da civilidade quanto na verdadeira piedade, diga
que, se alguém quiser que seus dias sejam felizes, deve
evitar que sua boca profira mentiras. E o Sábio86 quer que
consideremos a mentira como coisa tão detestável, a ponto
de dizer que um ladrão é preferível a um homem que mente
a toda hora, porque a mentira se encontra continuamente
na boca das pessoas desregradas. Pode-se, inclusive, dizer
que basta entregar-se à mentira, mesmo não se tendo outro
vício para, em breve, tornar-se pessoa desregrada, e a razão
disso é a que Jesus Cristo dá quando, com o fim de inspirar
maior horror à mentira, diz que o diabo é o inventor e pai da
mentira87.
RU 207,1,483 Sendo a mentira algo tão vergonhoso, tudo o que a ela se
assemelha, por mínimo que seja, é contrário à boa educação.
Assim, quando alguém nos pergunta ou falamos com
alguém, não é educado dirigir-lhe palavras equívocas e de
duplo sentido. Ordinariamente, nessas ocasiões – quando
parece não se poder falar simplesmente a verdade ou dizer o
que se pensa – é mais cortês desculpar-se delicadamente por
não responder do que ser dúbio nas palavras. Isso porque a
língua ambígua, no dizer do Sábio88, causa grande vexame.
Também é o que são Paulo condena como algo intolerável
nos sacerdotes89.
RU 207,1,484 A circunspeção nas palavras é particularmente necessária
quando alguém nos confiou um segredo. Seria grande
imprudência revelá-lo, mesmo se recomendássemos, a quem
o confiamos, não transmiti-lo a ninguém e se a pessoa que
no-lo contou não nos tivesse proibido comunicá-lo a outros.
Pois, como diz muito bem o Sábio90, quem revela os segredos
do amigo perde toda a confiança e se coloca em situação de
não mais encontrar amigos segundo seu coração.
85
Sl 34(33),13-14.
86
Eclo 20,26-27.
87
Jo 8,44.
88
Eclo 5,17.
89
1 Tm 3,8.
90
Eclo 27,17.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 439
RU 207,1,485 Ele chega a considerar essa falta como muito maior do que
injuriar o amigo, dizendo91 que, depois de uma injúria,
ainda há possibilidade de reconciliação, mas quando uma
pessoa é tão miserável que chega a revelar os segredos do
amigo, já não há esperança alguma de retorno, e seria vã
toda tentativa de reconquistá-la.
RU 207,1,486 Igualmente é grande falta de cortesia usar de fingimento
com pessoa a que se deve respeito. Com um amigo, ser dis-
simulado é sinal de pouca confiança e consideração. E não
é de nenhuma forma cortês usar de falsidade seja com quem
for, servindo-se, para isso, de algum modo de falar ou de
algum termo não compreensíveis sem uma explicação.
RU 207,1,487 Quando em companhia de outros, é de muito mau gosto
falar a uma pessoa em particular e servir-se de expressões
não entendidas pelos demais. O que se diz deve ser sempre
partilhado com todos os membros do grupo. No caso de se
ter algo secreto a dizer a alguém, deve aguardar-se até estar
afastado dos outros ou, se for urgente, retirar-se à parte para
dizê-lo, depois de haver pedido licença ao grupo.
RU 207,1,488 Como acontece amiúde contarem-se novidades falsas, é
preciso tomar extremo cuidado para não espalhar notícias
facilmente, a menos que se saiba serem de fonte segura ou
se tenha muita certeza de que são realmente verdadeiras.
Tampouco nunca se deve dizer de quem se soube as novas,
caso se creia que isso não agradará a quem as contou.
RU 207,1,489 É necessário zelar por tornar-se tão sincero nas palavras,
que se adquira a reputação de pessoa leal e de palavra, com
a qual se pode estar tranquilo e em quem se pode confiar.
Também o Sábio recomenda e considera importante cum-
prir a palavra e ser leal com o próximo92. E nada de mais
honroso para uma pessoa do que a sinceridade e a fidelidade
às promessas, assim como nada a torna mais desprezível do
que faltar à palavra.
91
Eclo 22,27.
92
Eclo 29,3.
440 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
RU 207,1,493 Seção 2ª
Das transgressões que se podem cometer contra a cortesia
ao falar mal da lei de Deus
Pessoas há que se vangloriam de manifestar irreligiosidade
em suas conversas, quer mesclando palavras da Sagrada
Escritura com coisas profanas, quer rindo e divertindo-se
com coisas sagradas e práticas de religião, quer jactando-
se de algum pecado e, por vezes, inclusive, de ações
ignominiosas por eles cometidas. É precisamente deles que
o Sábio94 diz que suas palavras são intoleráveis, por fa-
zerem do próprio pecado objeto de brincadeira e diversão.
93
Eclo 34,1-8.
94
Eclo 27,14.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 441
95
Eclo 27,15.
96
Eclo23,12-14.
97
Eclo 23,10.
98
Pardi: forma reduzida de Par Dieu (Por Deus). Mordi: forma reduzida de dizer:
Mort Dieu (Morte de Deus). Morbleu: Eufemismo de Mord Dieu – Jasni: Modo
reduzido de Je renie (Dieu): Renego (Deus).
442 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
99
Eclo 23,14.
100
Mt 5,37.
101
Ef 4,29. Tg 3,10-12.
102
Ef 5,3.
103
Ef 4,29.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 443
RU 207,1,502 Seção 3ª
Das transgressões que se podem cometer contra a civili-
dade faltando, por palavras, contra a caridade devida ao
próximo
A civilidade é tão cuidadosa no que se refere ao próximo,
que não permite ofendê-lo no mínimo que seja. Por isso,
nunca tolera que se fale mal de alguém.
RU 207,1,503 Também São Tiago105 alerta os primeiros cristãos de que isso
é contra a lei de Deus, ao dizer que falar mal de seu irmão é
falar mal da lei. Portanto, é muito descortês encontrar todo
dia algo a censurar na conduta dos outros. Se não se quer
falar bem deles, deve-se calar. O Sábio106 ordena que, quando
alguém fala mal de outra pessoa, se tapem os ouvidos com
espinhos: quer mesmo tal distanciamento da maledicência
que não se escute uma língua maldosa.
RU 207,1,504 Não quer se conte a alguém o que outro disse dele107: e
chama a atenção para que se tome muito cuidado de não
ter essa reputação108, pois, diz ele, o semeador de mexericos
será odiado por todo o mundo109. Portanto, conforme
o conselho do mesmo Sábio, para agir como pessoa bem
educada, quando se ouve uma palavra contra o próximo,
deve-se guardá-la consigo110.
104
Mt 12,34.
105
Tg 4,11.
106
Eclo 28,28.
107
Eclo 19,7.
108
Eclo 28,30.
109
Eclo 21,31.
110
Eclo 19,10.
444 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
111
“Petite tête” (cabeça pequena), significando também, em francês, “curto de
ideias”.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 445
112
Qu´elle a un mauvais visage. O que também pode ser traduzido por: que tem
aparência doentia.
113
Mt 5,22.
446 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
RU 207,1,517 Seção 4ª
Das transgressões contra a civilidade pela fala inconsi-
derada, leviana ou inútil
Falar inconsideradamente é fazê-lo sem discrição, sem
prudência e sem prestar atenção ao que se tem a dizer. Para
não cair nesse defeito, o Sábio114 nos adverte estarmos muito
114
Eclo 19,4-5.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 447
115
Eclo 4,34.
116
Eclo 23,1ss.
117
Eclo 32,12.
118
Eclo 5,14.
119
Eclo 11,7-8.
120
Cl 4,6.
448 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
121
Eclo 18,19.
122
Eclo 21,29.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 449
RU 207,1,525 Se alguém está com pessoas mais idosas que ele ou de idade
muito avançada, a cortesia requer que fale pouco e escute
muito. O mesmo proceder deve ser seguido quando se está
com pessoas importantes; é o conselho muito pertinente dado
pelo Sábio123. É também de boa educação que uma criança,
quando em companhia de pessoas a que deve respeito, fale
somente quando perguntada.
RU 207,1,526 É preciso evitar cuidadosamente comunicar a todo o mundo
os próprios segredos. Esta é outra recomendação dada pelo
Sábio124, e fazê-lo seria grande imprudência. Mas, antes
de confiar um segredo a alguém, é preciso conhecer bem a
pessoa a quem se quer confiá-lo, e estar bem seguro de que
ela é capaz de o guardar e que será fiel em fazê-lo.
RU 207,1,527 Os que somente têm boatos, bagatelas e tolices para contar,
os que enrolam e os incapazes de ceder aos outros espaço
para falar, fariam melhor de se calar; pois é muito melhor ser
tido por silencioso do que entreter um grupo com asneiras e
ninharias ou ter sempre alguma coisa a dizer.
RU 207,2,528 Artigo 2º
De como falar das pessoas e coisas
É muito mal educado falar incessantemente de si mesmo,
comparar a conduta pessoal com a dos outros: Dizer, por
exemplo: “Quanto a mim, eu não procedo assim; eu não faço
isso; pessoa de minha condição”, etc. Essa maneira de falar
é importuna e inconveniente, porque nunca assenta bem
fazer comparações entre si e os outros, e dos outros entre si;
tais comparações sempre são antipáticas.
RU 207,2,529 Há pessoas tão cheias de si mesmas que sempre entretêm
seus interlocutores falando sobre o que fizeram e fazem, e
que esperam se dê muito valor a todas as suas palavras e
ações. Esse comportamento nas conversas é muito molesto
e enfadonho para os demais.
123
Eclo 32,13.
124
Eclo 8,22.
450 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
RU 207,3,542 Artigo 3º
Das diferentes maneiras de falar
Há muitas maneiras distintas de falar, que externam em nós
diferentes sentimentos e disposições. Essas maneiras são:
louvar, lisonjear, perguntar, responder, contradizer, opinar,
discutir, interromper e repreender.
RU 207,3,543 Parágrafo 1º
(Os outros parágrafos anunciados se tornam Artigo IV e V)
Do que a civilidade prescreve acerca do louvor e da lisonja
Em qualquer circunstância, cai muito mal alguém louvar a
si mesmo e gabar-se. Isso não assenta bem num cristão, que
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 453
RU 207,4,553 Artigo 4º
Da maneira de perguntar, de se informar, de responder e
de opinar
É grande falta de civilidade interrogar e questionar uma
pessoa a que se deve consideração e, mesmo, qualquer outra,
a menos que seja de condição muito inferior à nossa e que
dependa de nós, ou que sejamos obrigados a fazê-la falar.
Nesse caso, deve-se formular as perguntas de modo muito
educado e com muita circunspecção.
RU 207,4,554 Quando se quer saber alguma coisa de pessoa a que se
deve respeito, é cortês falar-lhe de maneira que ela se
sinta comprometida a responder ao que se lhe pede, sem,
contudo, interrogá-la. Se, por exemplo, se quer saber se
uma pessoa vai de viagem ou a algum lugar, seria muito
incivil e desrespeitoso dizer-lhe: “O senhor vai viajar?” Isto
é indelicado e familiar demais. Seria preciso usar um modo
de falar como este: “O senhor certamente está saindo de
viagem, ou indo para tal lugar?” Esse torneio de frase não
tem nada de inconveniente além da curiosidade, escusável
quando respeitosa.
RU 207,4,555 Também é falta de educação dizer a uma pessoa com quem
se fala: “Você me entende. Entendeu? Não sei, se me estou
explicando bem”, etc. Deve-se prosseguir na conversa, sem
usar todas essas maneiras de falar.
RU 207,4,556 Ao chegar a uma roda de amigos, é muito descortês
informar-se do que está sendo conversado. Tais inquirições
são familiares demais e próprias de pessoa que desconhece
as praxes sociais125: é preciso limitar-se, uma vez sentado, a
escutar a quem fala e entrar oportunamente na conversa.
RU 207,4,557 Outrossim, ao conversar com uma pessoa, por mais edu-
cadamente que se pergunte, não se deve pedir informações
ou querer saber onde ela esteve, donde vem, o que fez
125
Como já dito anteriormente (206,7,471), ao dono da casa ou àquele que iniciou
o tema da conversa é que cabe resumi-la a quem chega.
456 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
RU 207,5,563 Artigo 5º
O que a civilidade permite ou não permite com relação
ao discutir, interromper e replicar
São Paulo adverte seu discípulo Timóteo que não se detenha
em discussões126. Além disso, nada é mais contrário às
regras da civilidade. Deve-se, por isso, segundo a opinião do
mesmo Apóstolo, evitar todas as discussões tolas e inúteis,
sabendo que geram contendas127. Com efeito, quando se
quer evitar alguma coisa, é preciso suprimir as ocasiões que
a causam; e a razão disso, segundo São Paulo, é que a um
servidor de Deus não convém viver altercando128.
RU 207,5,564 Portanto, ao estar em companhia, é preciso tomar muito
cuidado para não se opor à opinião dos outros e nada propor
que seja capaz de suscitar querelas e polêmicas. Mas, se os
126
2Tm 2,14.
127
2Tm 2,23.
128
2Tm 2,24.
458 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
129
Eclo 6,5.
130
Eclo 28,13.
131
Eclo 8,4.
132
Eclo 4,30.
133
Trata-se das disputas eruditas nas Universidades.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 459
134
Suposto que se esteja discutindo algo não importante, “de conséquence”
(207,5,574).
460 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
RU 207,6,577 Artigo 6º
Dos cumprimentos137 e das maneiras erradas de falar
Há duas maneiras de cumprimentar. Na primeira, expres-
samos algum sentimento, quer de felicitação, para manifes-
tar a alegria por algo venturoso acontecido à pessoa que
encontramos ou vamos visitar; quer de condolência, pela
qual expressamos à pessoa a quem ocorreu algum infor-
túnio, o pesar que sentimos por isso; quer de agradecimento,
manifestando nosso reconhecimento pelos favores recebi-
dos de alguém, e a obrigação que lhe devemos por eles, asse-
gurando-lhe nosso apreço e nosso compromisso de estar às
suas ordens;
RU 207,6,578 ou, então, pode ser afirmação que fazemos a alguém de
nossa submissão e fidelidade a seu serviço; algumas vezes,
também é queixa, manifestação de mágoa por algum mal
que nos foi causado.
Essas maneiras de cumprimentar devem ser feitas com
naturalidade, sem afetação e sem parecerem calculadas.
Pois, então, a boca, falando da abundância do coração, per-
suade muito mais do que tudo o que se poderia dizer com
135
Eclo 10,6.
136
Lc 6,27.35.
137
No sentido de expressões, fórmulas de cortesia em geral.
462 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
formalismo e que, por ser menos natural, nunca será tão bem
acolhido.
RU 207,6,579 Outro tipo de cumprimento é o elogio. Para convencer de
que se fala a verdade, este requer muito mais circunspe-
ção e habilidade que o primeiro. Para torná-lo agradável, é
preciso que a pessoa que louvamos tenha a certeza de que
estamos persuadidos de seus méritos, caso em que nosso
cumprimento será sincero e obsequioso.
Nesse tipo de cumprimento, também é preciso tomar cui-
dado para não enaltecer as pessoas elogiadas muito acima
do que são e não fazer grandes exageros, os quais se auto-
destroem. Para a adequação desse tipo de cumprimento, é
preciso que seja autêntico e verdadeiro, de maneira que,
graças à retidão, sensatez e moderação que sempre devem
acompanhá-lo, não se fira a modéstia nem daquele que faz o
cumprimento, nem daquele que o recebe.
RU 207,6,580 Por isso, quem o faz há de lembrar-se de que, embora se
esteja obrigado a estimar muito os outros, deve-se louvá-los
pouco e com muita precaução e sobriedade, em obediência
ao conselho do Sábio, que nos diz, com razão, que não se
deve louvar ninguém antes da morte138, porque, nos elogios,
há sempre o perigo da falta de sinceridade da parte de quem
os faz e de envaidecimento da parte de quem os recebe.
Por essa razão, tal modo de cumprimentar tem que ser raro e
feito somente com muita prudência e moderação.
RU 207,6,581 Para serem bons, os cumprimentos devem ser feitos sem
afetação; e os gestos de deferência, para agradarem, não
podem perder a naturalidade; outrossim, hão de ser curtos.
Se feitos a pessoa a quem é devido respeito, é preferível
recorrer a mesuras que a longos discursos.
RU 207,6,582 Ao responder a cumprimentos, importa observar as mesmas
regras. Se feitos a propósito de favores prestados, deve-
se minimizá-los, mas não a tal ponto que pareçam sem
138
Eclo 11,30.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 463
RU 208,1,588 Capítulo 8º
Da maneira de dar e receber, e de portar-se ao encontrar
alguém e ao se aquentar
Antes de receber alguma coisa, fora da mesa, deve-se fazer
uma reverência, retirar as luvas, beijar a mão e, depois,
recebê-la, levando-a educada e lentamente à boca, como
para beijá-la, sem, no entanto, aproximá-la demasiado dos
lábios, só fazendo menção de beijá-la.
RU 208,1,589 Quando se quer dar ou devolver alguma coisa a outrem,
deve-se apresentar-lha sem demora, para que não tenha que
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 465
139
Rm 12,10.
140
As ruas não tinham calçada. Eram cortadas longitudinalmente no meio por uma
valeta, que fazia as vezes das nossas sarjetas.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 467
RU 209,1,604 Capítulo 9º
Da maneira de portar-se ao andar pelas ruas e nas
viagens de carruagem e a cavalo
Ao andar pelas ruas, é preciso estar atento para não caminhar
nem muito depressa nem muito devagar. A lentidão no andar
é sinal de moleza ou negligência; pior, contudo, é andar
demasiado rápido, coisa que fere muito mais a gravidade.
Não é conveniente ficar parado nas ruas, mesmo para falar
com alguém, a não ser em caso de alguma necessidade e,
mesmo então, deve-se fazê-lo com brevidade.
RU 209,1,605 Viajando-se com uma pessoa a quem se deve respeito, a
cortesia requer acomodar-se a tudo, achar tudo bom, não
sentir-se molesto com nada, nunca fazer-se esperar, estar
sempre pronto a prestar serviço a todos os outros. Há pessoas
que, em viagem, são muito incômodas, para as quais nunca
são bons nem os quartos nem as camas e que acham tudo
ruim e mal feito.
Ocorrendo que, em viagem, alguém se veja obrigado a
dormir no quarto de pessoa a quem é devida consideração,
a civilidade requer deixá-la trocar de roupa e deitar-se
primeiro; em seguida, à parte e perto da cama a ser ocupada,
trocar de roupa; depois, deitar cuidadosamente e não fazer
nenhum ruído durante a noite.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 469
141
Rm 16,20. 1Cor 16,23. 2Cor 13,13. Gl 6,18. 1Ts 5,28. 2Ts 3,18, Flm 25.
474 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
RU 210,1,631 Quando se tem ainda muita coisa a escrever e se nota que não
vai haver suficiente espaço para colocar a palavra Senhor no
seu devido lugar, convém ajeitar a escrita de tal forma que
possam ficar pelo menos duas linhas para a página seguinte,
porque nunca deve haver menos de duas linhas numa página.
No término da carta, como sinal de respeitosa deferência
para com a pessoa a quem se escreve, após as palavras: Sou,
ou outras semelhantes, escrevem-se as palavras seguintes:
Vosso muito humilde e muito obediente servidor.
RU 210,1,632 E elas são colocadas em duas linhas, no fim e no canto direito
do papel. É sempre com esses termos que se termina uma
carta, porque não temos outras formas para expressar nosso
respeito. Um filho que se dirige ao pai, escreve: Vosso muito
humilde e muito obediente filho. Um súdito a seu rei, usa
os termos seguintes: Senhor, de Vossa Majestade o muito
humilde, muito obediente e muito fiel súdito.
RU 210,1,633 Quando alguém escreve a igual ou a pessoa de condição
inferior a ele, sempre deve utilizar termos que manifestam
respeito, tratando a quem se dirige como se fosse simples-
mente superior a ele, nunca usando termo algum indicativo
de amizade ou familiaridade.
Escrevendo-se a pessoa de condição muito inferior à própria,
como um artesão ou agricultor, ordinariamente se evita
chamá-lo Senhor e, ao final, diretamente, se coloca: Com
estima, a seu dispor.
RU 210,1,634 Para terminar, devem-se colocar sempre os termos: Vosso
muito humilde, etc., no nominativo ou acusativo e nunca
no genitivo ou dativo. Por exemplo: Sou vosso, etc. E não:
Mandai a vosso, ou: Recebei de vosso, etc.
RU 210,1,635 A cortesia requer sempre que, ao escrever, se coloquem o dia
do mês e o ano em que se escreve, e não o dia da semana;
e, para maior respeito, deve-se pôr a data bem no fim da
página em que a carta termina, do lado esquerdo, por baixo
da palavra Senhor.
476 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
142
... dobrada.
REGRAS DO DECORO E DA URBANIDADE CRISTÃOS 477
ÍNDICE
PRIMEIRA PARTE
Da modéstia que se deve manifestar no porte
e na compostura das diferentes partes do corpo
SEGUNDA PARTE
Da cortesia nas ações comuns e ordinárias
EXERCÍCIOS DE PIEDADE
EP
Página de rosto dos Exercícios de Piedade feitos ao longo
do dia nas Escolas Cristãs, da edição de 1740.
EXERCÍCIOS DE PIEDADE ... 485
APRESENTAÇÃO
EP 3 Na saída da escola
Orações rezadas após a oração da manhã e da tarde,
enquanto os alunos vão saindo da escola
EP 3,1 Aquele que preside diz, em voz alta e clara:
Rezemos por nossos professores, por nossos pais e por todos
os nossos benfeitores vivos, para que Deus os conserve na
EXERCÍCIOS DE PIEDADE ... 495
EP 5,1 No domingo
Façamos um até de fé em geral.
Meu Deus, creio firmemente tudo o que a Igreja crê e me
ordena crer, porque vós lho haveis revelado. Nessa crença,
vos adoro e vos amo de todo o meu coração. Continuarei,
meu Deus, fazendo todas as minhas ações por amor vosso.
† In nomine Patris, etc.
EP 5,2 Na segunda-feira
Façamos um ato de fé no mistério da Santíssima Trindade.
Meu Deus, creio firmemente que sois um só Deus em três
pessoas, o Pai, o Filho, e o Espírito Santo, porque vós o
dissestes. Nessa crença, vos adoro e vos amo de todo o meu
coração. Continuarei, meu Deus, fazendo todas as minhas
1
Porque sete anos é a idade da razão (DC1: 303,1,8; 308,2,2), antes da qual o
aluno não pode cometer pecado pessoal.
EXERCÍCIOS DE PIEDADE ... 499
EP 5,3 Na terça-feira
Façamos um ato de fé na imortalidade de nossas almas.
Meu Deus, creio firmemente que me destes uma alma imortal,
para vos conhecer, amar e servir neste mundo e para gozar de
vós eternamente no céu. Nessa crença, vos adoro e vos amo
de todo o meu coração. Continuarei, etc.
EP 5,4 Na quarta-feira
Façamos um ato de fé no mistério da Encarnação.
Meu Salvador Jesus Cristo, creio firmemente que sois o Filho
único de Deus Pai; que vos fizestes homem por amor de nós;
e que tomastes corpo e alma semelhantes aos nossos no seio
da Santíssima Virgem Maria, vossa mãe. Nessa crença, vos
adoro e vos amo de todo o meu coração. Continuarei, etc.
EP 5,5 Na quinta-feira
Façamos um ato de fé no mistério da Sagrada Eucaristia.
Meu Salvador Jesus Cristo, creio firmemente que estais no
Santíssimo Sacramento do Altar sob as aparências do pão
e do vinho, e que vosso corpo, vosso sangue, vossa alma e
vossa divindade se encontram nele tão realmente como estão
no céu. Nessa crença, vos adoro e vos amo de todo o meu
coração. Continuarei, etc.
EP 5,6 Na sexta-feira
Façamos um ato de fé no mistério da Redenção.
Meu Salvador Jesus Cristo, creio firmemente que sofrestes e
morrestes numa cruz para me livrar de meus pecados e das
penas do inferno, e para me salvar. Nessa crença, vos adoro e
vos amo de todo o meu coração. Continuarei, etc.
EP 5,7 No sábado
Façamos um ato de fé no mistério da Ressurreição.
Meu Salvador Jesus Cristo, creio firmemente que ressusci-
tastes por vosso poder, no terceiro dia após vossa morte.
500 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
2
Há um cântico para cada dia da semana (CE 1).
EXERCÍCIOS DE PIEDADE ... 503
mim mesmo, e que de nada sou capaz a não ser de pecar. Por
isso, meu Deus, submeto-me inteiramente a vós. Disponde de
mim como vos aprouver.
EP 8,5 Agradeçamos a Deus as graças e benefícios que dele
recebemos.
Meu Deus, eu vos agradeço ter-me dado a vida, e me havê-la
conservado até agora; por haverdes criado minha alma para
vos conhecer, amar e servir neste mundo, e por a terdes criado
imortal para gozar, depois desta vida, de felicidade eterna.
Agradeço-vos haver-me feito cristão, livrado e preservado de
numerosos pecados e favorecido com todas as graças que de
vós recebi.
EP 8,6 Tributemos nossas homenagens a Jesus Cristo Nosso Senhor.
Eu vos adoro, meu Salvador Jesus, Filho único e eterno de
Deus, que vos fizestes homem, fostes concebido pelo Espírito
Santo e nascestes da Santíssima Virgem. Obrigado pela
bondade que tivestes de morrer numa cruz para satisfazer
a Deus por meus pecados, livrar-me das penas do inferno e
merecer-me a vida eterna. Entrego-me inteiramente a vós, a
fim de só viver para vos amar.Reinai, pois, em meu coração,
todos os dias de minha vida por vosso santo amor, e fazei que,
depois de minha morte, eu reine convosco no céu. Amém.
EP 8,7 Como pecadores, apresentemo-nos confusos ante Deus, e
peçamos-lhe conhecer todos os nossos pecados.
Vós sabeis, ó meu Deus, que eu vivo em profunda cegueira
e que a maior parte de meus pecados me são desconhecidos.
Iluminai meu espírito com vossa luz para conhecê-los todos e
infundi em meu coração dor sincera que me leve a odiá-los e
detestá-los por amor vosso.
EP 8,8 Confessemos humildemente a Deus nossos pecados.
Confesso-me a Deus todo-poderoso, à bem-aventurada sem-
pre Virgem Maria, a São Miguel Arcanjo, a São João Batista,
aos apóstolos São Pedro e São Paulo, e a todos os santos, por-
que pequei muitas vezes, por pensamentos, palavras e ações,
por minha culpa, minha grande culpa, por minha máxima
culpa. Por isso, rogo à bem-aventurada Maria sempre virgem,
EXERCÍCIOS DE PIEDADE ... 505
EP 9 Exame
EP 9,0,1 Os quatro artigos de exame que seguem são para uso durante
quatro semanas consecutivas. Aquele que preside a oração
lê, cada semana, apenas um artigo e, depois dessa leitura,
repete o ponto a ser explicado.
Os mestres explicam, cada dia da semana, um dos cinco
pontos que foram lidos um após outro, e uma vez lido e
EXERCÍCIOS DE PIEDADE ... 507
EP 9,1 Artigo 1º
EP 9,2 Artigo 2º
Examinemos nossa consciência, etc. Punto primero
EP 9,3 Artigo 3º
Examinemos nossa consciência, etc.Punto primero
3
Nas Escolas Cristãs não havia mestras. Mas, ter presente que, na falta da edição
princeps saída em vida de La Salle, o texto dos EP reproduzido pelo Cahier
Lasallien n. 18 é o da impressão de 1760. Não é de estranhar que, 41 anos após
a morte de La Salle, se tenha ajuntado discretamente alguma menção válida
para escola de meninas, visando atingir um público mais amplo que o dos
Irmãos e, assim, reduzir o custo unitário do livreto...
EXERCÍCIOS DE PIEDADE ... 509
EP 9,4 Artigo 4º
Examinemos nossa consciencia, etc.Punto primero
EP 10,1,3 Agnus Dei qui tollis peccata mundi, parce nobis Domine.
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, exaudi nos Domine.
514 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
EP 10,1,4 Oremus.
Deus ineffabilis misericordiæ, qui non solum homo, sed
etiam filius hominis fieri dignatus es, et mulierem matrem
in terris habere voluisti, qui Deum Patrem habebas in coelis:
da nobis quæsumus ejus memoriam devote celebrare, ejus
maternitatem summe venerari, ac ejus superexcellentissimæ
dignitati, humillime subesse, quæ te de Spiritu Sancto
concepit, te Virgo peperit, et te in terris sibi subditum habuit
Dominum nostrum Jesum Christum Filium Dei unigenitum.
Qui cum eodem Deo Patre et Spiritu Sancto vivis et regnas
Deus.
Per omnia sæcula sæculorum.
R. Amen.
EP 10,2,5 Oremus.
Domine Jesu, qui sublimitatem incarnatæ divinitatis tuæ et
humanitatis tuæ divinissimæ usque ad humillimum nativitatis
et infantiæ statum pro nobis exinanire dignatus es, da nobis
ut divinam in infantiam sapientiam, in debilitate potentiam,
in exilitate majestatem agnoscentes, te parvulum adoremus
in terris, te magnum intueamur in coelis. Qui vivis et regnas
Deus. Per omnia sæcula sæculorum. Amen.
V. Exaudiat nos Dominus Jesus infans.
R. Nunc et semper, et in sæcula sæculorum. Amen.
EP 10,3,3 Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, parce nobis Jesu.
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, exaudi nos Jesu.
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, miserere nobis Jesu.
Jesu audi nos.
Jesu exaudi nos.
EP 10,3,4 Oremus.
Domine Jesu Christe, qui dixisti: petite et accipietis, quærite
et invenietis, pulsate et aperietur vobis, quæsumus, da nobis
petentibus divinissimi tui amoris effectum, ut te toto corde,
ore et opere diligamus, et a tua numquam laude cessemus. Qui
vivis et regnas Deus. Per omnia sæcula sæculorum. Amen.
EP 10,4,2 Sancte Joseph qui puerum Jesum ab Herode liberasti, ora pro
nobis.
Sancte Joseph qui puerum Jesum in Ægyptum detulisti, ora
pro nobis.
Sancte Joseph qui puerum Jesum ex Ægypto in Nazareth
reduxisti, ora pronobis.
Sancte Joseph qui puerum Jesum, triduo dolens cum sponsa
Virgine quæsivisti, ora pro nobis.
Sancte Joseph qui lætus cum sponsa in templo puerum Jesum
inter doctores repulisti, ora pro nobis.
Sancte Joseph qui cum sponsa Virgine et puero Jesu per
triginta annos coelestem vitam egisti, ora pro nobis.
Sancte Joseph qui puero Jesu et matri ejus vitæ necessaria tuo
labore providisti, ora pro nobis.
Sancte Joseph qui in brachiis Christi et sponse Virginis sanctæ
obiisti, ora pronobis.
Sancte Joseph qui Christum adventum patribus in limbo
nuntiasti, ora pronobis.
Sancte Joseph qui in coelis peculiari gloria donatus es, ora
pro nobis.
Sancte Joseph patrone et defensor noster dulcissime, ora pro
nobis.
Per infantiam tuam, exaudi nos infans Jesu.
Per integritatem dilectæ matris tuæ, purifica nos infans Jesu.
Per fidelitatem sancti Joseph, protege nos infans Jesu.
V. Domine exaudi orationem meam.
R. Et clamor meus ad te veniat.
EP 10,4,3 Oremus.
Jesu mitissime omnipotens Deus qui beatum Joseph justum
beatæ Mariæ virginis matri tuæ sponsum providisti tibi
520 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
EP 10,5,5 Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, parce nobis Domine.
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, exaudi nos Domine.
Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, miserere nobis.
Christe audi nos.
Christe exaudi nos.
V. Domine exaudi orationem meam
R. Et clamor meus ad te veniat.
EP 10,5,6 Oremus.
Ecclesiæ tuæ quæsumus Domine, preces placatus admitte,
ut destructis adversitatibus et erroribus universis, secura tibi
serviat libertate.
Omnipotens sempiterne Deus, qui vivorum dominatis simul
et mortuorum, omniumque misereris quos tuos fide et
opere futuros esse prænoscis, te supplices exoramus, ut pro
quibus effundere preces decrevimus, quosque vel præsens
sæculorum adhuc in carne retinet vel futurum jam exutos
corpore suscepit intercedentibus omnibus sanctis tuis, pietatis
clementia, omnium delictorum suorum veniam consequantur.
Per Christum Dominum nostrum.
Amen.
V. Exaudiat nos cum omnibus sanctis suis omnipotens et
misericors Dominus.
R. Nunc et semper et in sæcula sæculorum. Amen.
EP 10,5,7 Na véspera da festa de Todos os Santos, depois de haver
rezado Omnes sancti et sanctæ Dei, etc., se omite tudo o que
segue até Agnus Dei, exclusive; e, depois de ter rezado Agnus
Dei e o que segue até a colecta Ecclesiæ tuæ quæsumus e o
restante, não se rezam as duas coletas, mas aquele que pre-
side reza a coleta da festa de Todos os Santos, desta forma:
Oremus.
Omnipotens sempiterne Deus, qui nos omnibus sanctorum
tuorum merita sub una tribuisti celebritate venerari: quæsumus
ut desideratam nobis tuæ propitiationis abundantiam multi-
plicatis intercessoribus largiaris. Per Christum Dominum
nostrum. Amen.
524 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
4
É que há certo número de verdades “cujo conhecimento é absolutamente
necessário para salvar-se” (MR 194,3,1).
532 SÃO JOÃO BATISTA DE LA SALLE OBRAS COMPLETAS
Índice
Escritos Pedagógicas
1. Guia das Escolas Cristãs – GE ............................................................... 7
2. Regras do Decoro e da Urbanidade Cristãos – RU .............................. 319
3. Exercícios de Piedade feitos ao longo do dia nas Escolas Cristãs – EP .. 483
C Cartas Volume I
C1 Compêndio Maior dos Deveres do Cristão Volume IV-B
C2 Compêndio Menor dos Deveres do Cristão Volume IV-B
CE Cânticos Espirituais Volume IV-B
CT Coleção de Vários Pequenos Tratados Volume II-A
D Diretórios Volume II-A
DC1 Deveres do Cristão I Volume IV-A
DC2 Deveres do Cristão II Volume IV-A
DC3 Deveres do Cristão III Volume IV-B
EMO Explicação do Método de Oração Mental Volume II-A
EP Exercícios de Piedade feitos ao longo
do dia nas Escolas Cristãs Volume III
FV Fórmula de Votos Volume I
GE Guia das Escolas Cristãs Volume III
I Instruções e Orações para a Santa Missa,
a confissão e a comunhão Volume IV-B
MA Meditações adicionais Volume II-B