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Cristologia
Material Teórico
Cristologias do Futuro
Revisão Textual:
Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos
Cristologias do Futuro
• Introdução;
• Falar de Cristo Hoje;
• A Questão do Pluralismo Religioso e a Cristologia;
• Cristologia e Libertação;
• Conclusão.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Compreender que cristologia é uma reflexão aberta, que, embora partindo de
princípios definidos, pode ser interpretada à luz das realidades futuras.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Cristologias do Futuro
Introdução
O amplo e dilatado percurso trilhado até esta posição em nosso estudo tem como
único objetivo enriquecer e dilatar os horizontes de nossa compreensão sobre a figura
de Jesus Cristo, mormente no estudo teológico sistemático sobre a sua figura.
Não menos salutar neste processo de descoberta, foi possível à luz dos textos sagrados
entender as cristologias – modo de compreender o Cristo – alojadas nas entrelinhas
dos evangelhos (sinóticos e João) e de outros escritos neotestamentários (Paulo).
Um passo mais adiante daquilo que fora refletido nos anos logo imediatos à
morte de Cristo, fomos imersos na sistematização dessa reflexão nos vários concílios
chamados ecumênicos, sete comuns a toda Igreja. Eles que foram assumidos por
muitas tradições cristãs, facultaram ao(à) atento(a) estudante perceber como verdades
sobre a figura de Jesus Cristo foram sendo sistematizas e abalizadas dentro de certos
padrões que correspondiam à fé professa e àquilo que os Evangelhos testemunhavam.
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muito pelo contrário, trata-se de apresentá-la de uma maneira nova, sintetizada na
expressão: “Non novum, sed nove”1.
Servindo-nos não mais da literatura, mas sim da teologia, para fazer de maneira
mais específica o mesmo questionamento, podemos recorrer à indagação feita pelo
italiano Bruno Forte, nas primeiras páginas de sua obra sobre cristologia, já aludida em
sessões anteriores, intitulada Jesus de Nazaré, história de Deus, Deus da história:
“Que sentido tem falar de Jesus Cristo hoje?” (FORTE, 1985, p. 9). Diluídos nessa
pergunta e a partir dela, encontram-se elementos para buscar refletir a cristologia
numa perspectiva capaz de ser plausível ao homem na sociedade contemporânea.
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De fato, qualquer assunto que pretenda influir e/ou ter relevância na história
concreta dos seus interlocutores, mesmo partindo de princípios concretos, deve ser
lido à luz de sua história contextual. Caso contrário, corre risco de ser dito, mas não
ter sentido. A natureza humana e a prática humana ensinam de forma clara essa
verdade. Algo comunicado, mas dito de maneira que não atinja o interlocutor, pode
até ser ouvido, mas sua mensagem nada vai influenciar na vida do destinatário, pois
não o atingiu, não teve significado para os ouvintes.
Deve-se, por fim, associando-se à necessidade de uma reflexão cristológica que fale
ao homem de hoje, recordar que a fé em Cristo cobra necessariamente uma prática
cristã, denominada por alguns teóricos de cristopráxis (MOLTMAM, 2009, p. 77):
a profissão de fé em Jesus como Deus vivo e encarnado, bem como o seguimento
dele, inevitavelmente conduz a uma ação ao estilo do Senhor. Conhecer Jesus é
uma ação em sentido positivo pragmática, conjuga a pixtis (fé em grego) e a práxis
(ação em grego). Desse modo, conhecer e professar fé em Jesus Cristo, tal como
se apresenta nas escrituras, na tradição conciliar e dentro de diversa denominações,
implica naturalmente uma prática. Não se trata de uma reflexão que conduz a uma
prática, mas de uma síntese que implica que ao passo que conhecemos Jesus, seus
mistérios, sua história e estamos envolvidos na comunidade, praticamos aquilo que
Ele fez e viveu (cf. MANZATO, 1997, 14-15), assumindo seu lugar entre os pobres,
doentes, socialmente excluídos e oprimidos (cf. Mt 10, 7-8).
A insuficiência de uma pura teoria de Cristo surge da impropriedade do
conhecer a Cristo apenas teoricamente; por isso a teoria Cristológica
tem que apontar para além de si mesma e, de modo paradoxo, deixar
para trás de si própria e apontar para o cumprimento da vontade de
Deus na qual o “conhecer Jesus” como senhor alcança sua totalidade.
(MOLTMAM,2009, p.80)
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Ante essa abertura e concretude da cristologia, podem-se apontar inúmeras
searas que mereceriam, à luz da fé em Jesus Cristo, uma reflexão sistemática e,
portanto, cristológica da realidade. Seria uma cristologia que implicasse Libertação,
outro aspecto, no ambiente plurirreligioso, qual a reflexão possível sobre Jesus
Cristo e a salvação por ele apresentada com as outras religiões. Seria uma cristologia
que considerasse o pluralismo religioso.
Esses dois caminhos são ambientes relativamente novos, que precisam ser
aprofundados para que o mistério redentor apresentado por Jesus Cristo, como
projeto do Pai, possa ainda hoje ressoar de maneira mais límpida no ouvido de
homens e mulheres que seguem um certo galileu, o messias da fé, o Kyrios-
senhor. Não obstante sejam propostos esses dois temas como lugares de reflexão
que colaboram com uma cristologia do futuro, deve-se dizer que eles serão
apenas panoramicamente apresentados nesta sessão e posteriormente mais bem
aprofundados numa das últimas unidades deste livro.
A Questão do Pluralismo
Religioso e a Cristologia
Na imensa seara de uma cristologia contextual e incidente na história concreta
da humanidade, um tema que salta aos olhos é a reflexão sobre o Cristo e o
pluralismo religioso. O background dessa questão decorria da noção de que sendo
Cristo o salvador universal da humanidade, em que espectro residiria a salvação
daqueles que não creem em Jesus como filho de Deus e seu Salvador? Não se
trata, deve-se afirmar, de uma questão inédita no universo cristológico. Do ponto
de vista do marco formal da teologia tradicional cristã, ela já se apresenta e tem um
espectro determinado em várias latitudes.
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delas para salvar a todos. Nesse modo de pensar, são mantidas as teses fundamentais
do cristianismo, especialmente o caráter único da mediação de Jesus. A intuição bíblica
é reafirmada: “não há sob o céu outro nome dado aos homens pelo qual devamos
ser salvos” (At 4,12). Trata-se de uma afirmação constante no Novo Testamento, que
mostra a universalidade da vontade salvífica de Deus vinculada à obra redentora de
Jesus Cristo, o único mediador.
Nesse espírito, todos estariam incluídos no projeto salvador de Deus. Eles seriam,
na expressão do proeminente teólogo do século passado, Karl Ranher, “cristãos
anônimos”, salvos em Jesus Cristo mesmo sem o reconhecer e na sua própria
religião. Agregar-se-ia aqui à reflexão cristológica uma capacidade, numa perspectiva
cósmica, de salvação de todos.
Com o termo inclusivismo refiro-me à crença que prontamente concede
que Deus Salva pessoas de outras religiões e usa as religiões delas para fazer
isso; porém, no esquema fundamental das coisas, Jesus Cristo permanece
a causa última da salvação dessas pessoas. A explicação de Karl Ranher a
respeito do que ele chama de ‘cristianismo anônimo’ oferece um exemplo
claro dessa posição. Termos gerais, representa a posição presente da
Igreja Católica Romana, provavelmente da maioria dos membros das
Igrejas tradicionais e da maior parte dos teólogos Cristãos. (HAIGTH,
2008, p. 163.)
Para aprofundar esta questão sobre a salvação e Cristologia em Roger Haigth, pode-se ler:
Explor
MARINHO, Tiago da Silva. Salvação e pluralismo religioso: uma discussão do tema a partir da
cristologia de Roger Haigh. DISCERNINDO - Revista Teológica Discente da Metodista, v. 1, n. 1,
p. 93-106, jan. / dez. 2013. Disponível em: https://goo.gl/KgibBN. Acesso em: 18.01.2019
Nos últimos anos, teólogos como o norte-americano Roger Haigth, autor de obras
como Jesus, símbolo de Deus e o Futuro da Cristologia; o seu conterrâneo
Paul Knitter, autor de One eart, many religions (Uma terra, muitas religiões -
tradução livre); e o francês Claude Gefré, pai da clássica obra Crer, interpretar: a
virada hermenêutica na teologia, advogam uma postura mais dialética da reflexão
cristológica, situada numa perspectiva para além do exclusivismo ou do inclusivismo.
Tal posição assumida por esses teólogos convencionou-se chamar de posição
pluralista. Esses teólogos relacionam Jesus Cristo e as outras religiões. Cristo, princípio
normativo da salvação para os que nele creem, segue sendo afirmado. De igual modo,
atesta-se que outras mediações religiosas também são normativas e fontes de salvação.
Não se trata de minimizar a salvação ofertada por Jesus, tampouco amalgamar a
salvação ofertada por outras tradições dentro do prisma inclusivista, mas antes dizer
que o universo plural contempla formas plurais de salvação. Jesus Cristo, desse
modo, é verdadeiro salvador, mas não o único. O paradigma reflexivo não seria o da
sobreposição de uma religião sobre outra, mas da complementariedade entre ambas.
Para aprofundar esta questão sobre o Cristo e o Pluralismo religioso, consultar: RIBEIRO,
Explor
Cláudio. Princípio pluralista. Cadernos Teologia Pública. São Leopoldo: Unisinos. Ano XIV,
V. 14, n. 128, 2017. Disponível em: https://goo.gl/gNpvAj. Acesso em: 15 jul. 2018.
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Justamente essa “relatividade histórica leva o cristão a definir mais exatamente
o conteúdo de sua fé em Jesus” (RIBEIRO, 2014, p. 94), seu salvador, revelador
de Deus.
Em Síntese Importante!
Cristologia e Libertação
Num mundo plural, polissêmico e complexo, a reflexão sobre o Cristo ou
um cristologia com veio pluralista é eminentemente necessária como apontada
anteriormente. Ela não nega o princípio basilar de que Cristo é o redentor e
revelador de Deus. Contudo, posta ao lado de outras religiões deve-se entender
que elas não competem entre si, do ponto de vista de quem salva mais, antes elas
se concorrem para a plena revelação de Deus, para o encontro profícuo com o
criador, Deus infinito, Deus absconditus.
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Para aprofundar esta questão de uma cristologia atinente ao futuro, pode-se ler: MANZATTO,
Explor
Antônio. Notas para uma cristologia para o terceiro milênio. Revista de Cultura Teológica, n. 31.
p. 79 – 106. Disponível em: https://goo.gl/EEtH6U. Acesso em: 9 jan. 2019.
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No universo protestante, mesmo com uma variação de nomenclatura, há teólogos
que, em sua reflexão cristológica, articulam um compromisso com o universo dos
empobrecidos. Normalmente, esse tipo de teologia que não prescinde de uma
sistemática Cristologia adentrou a história com o nome de Teologia da Missão
Integral. Figuram como exponenciais dessa forma sistemática de reflexão nomes
como Elza Tamez, Samuel Escobar, Richard Shaul, Milton Schwantes. Eles estão
intrinsecamente atrelados ao pensamento teológico/cristológico dentro desse campo
particular que é a realidade dos pobres.
Para aprofundar esta questão da Teologia da Libertação, é salutar ler AQUINO Jr., Francisco.
Explor
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Desse modo, haja vista a situação de muitos seguidores de Cristo que enfrentam
vicissitudes – pobrezas morais e físicas – em níveis superlativos, urge, numa cristologia
que se pretende pertinente ao futuro e ao homem hodierno, colocar no bojo de sua
reflexão o aspecto intrínseco da fé no Messias, no Cristo ressuscitado, ou seja, na
libertação/salvação integral da humanidade.
Em Síntese Importante!
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Dicionário do Concílio Vaticano II
PASSOS, João Décio. Processo conciliar. In: PASSOS, João Décio e SANCHEZ,
Wagner Lopes (org). Dicionário do Concílio Vaticano II. São Paulo: Paulinas/
Paulus. 2015 p. 784-788.
Leitura
Discernindo - Revista Teológica Discente da Metodista
MARINHO, Tiago da Silva. Salvação e pluralismo religioso: uma discussão do tema
a partir da cristologia de Roger Haigh. Discernindo - Revista Teológica Discente da
Metodista. V. 1, n. 1, p. 93-106, jan. dez. 2013.
https://goo.gl/KgibBN
Cadernos Teologia Pública
RIBEIRO, Cláudio. Princípio pluralista. Cadernos Teologia Pública. São Leopoldo:
Unisinos. Ano XIV, V. 14. n. 128, 2017.
https://goo.gl/gNpvAj
Revista de Cultura Teológica
MANZATTO, Antônio. Notas para uma cristologia para o terceiro milênio. Revista de
Cultura Teológica, n. 31, p. 79 – 106.
https://goo.gl/EEtH6U
Perspectiva Teológica
AQUINO Jr., Francisco. Questões fundamentais de teologia da libertação. Perspectiva
Teológica, v. 4 n. 2, maio/agosto de 2016
https://goo.gl/EKJfL9
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Referências
BENTO XVI, Sessão Inaugural dos Trabalhos da V Conferência Geral
Do Episcopado da América Latina e do Caribe. Disponível em: <http://
w2.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/speeches/2007/may/documents/hf_ben-
xvi_spe_20070513_conference-aparecida.html>. Acesso em: 16 jul. 2018.
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