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Revisão Textual:
Prof. Ms. Luciano Vieira Francisco
O Jesus que Antecede o Cristianismo
• Introdução
• Jesus e sua Atuação junto aos Pobres de seu Tempo
• Jesus Confronta os Poderosos e a Cultura da “Não Vida”
• Jesus e a Pregação da “Boa Nova”
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Aprender um pouco mais sobre o Jesus que antecede o cristianismo.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE O Jesus que Antecede o Cristianismo
Contextualização
Saiba que esta Disciplina tem como propósito apresentar um panorama histórico
do contexto da atuação de Jesus com as discussões mais recentes dessa área; além
de lhe proporcionar momentos de leitura – textual e audiovisual – e reflexão sobre
os temas que serão aqui discutidos, contribuindo com sua formação continuada e
trajetória profissional.
Esta Disciplina está organizada em seis unidades, cujo eixo principal será o Jesus
que antecede o cristianismo, ou seja, que dê conta de lhe fazer conhecer, definir,
classificar e conceituar Jesus e seu tempo como campo de pesquisa, estudo e for-
mação acadêmica e profissional, é o que você encontrará nas próximas unidades.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo,
você poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário
todos ou alguns dias e determinar como o “momento do estudo”.
Importante! Importante!
Você é responsável pelo seu processo de estudo. Por isso, aproveite ao máximo esta
vivência digital!
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Introdução
A partir deste momento contextualizaremos a Palestina no tempo de Jesus, em
seus aspectos político, econômico, religioso e social, em suas disputas e conflitos,
em uma sociedade onde Jesus de Nazaré se fez homem, viveu e conviveu, sujeito
às leis e à cultura de seu tempo, ou seja, entenderemos a prática de Jesus em seu
tempo segundo sua pregação.
Os israelitas em sua longa história, viveram entre longos cativeiros e alguns poucos
tempos de bonança. Esse povo foi cativo de grandes impérios e imperadores ao
longo da história da humanidade; os hebreus ficaram sob o domínio dos impérios
egípcio, babilônio, grego e romano. Segundo seus crentes, isso se deveu em muitos
casos aos abusos cometidos pelos hebreus contra a aliança com Deus. A quebra
da aliança de parte do povo hebreu contra Deus foi, ainda segundo esta mesma
crença, a causa do envio, por parte de Deus, de seu filho, Jesus, para a derradeira
aliança com seu povo; contudo, muitos não acreditaram nessa possibilidade – para
os que creram e creem, Jesus é o salvador da humanidade!
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UNIDADE O Jesus que Antecede o Cristianismo
Porém, de qual contexto histórico emergiu esse Jesus? Como estava a situação
dos hebreus pobres? Qual era a circunstância dos hebreus poderosos em relação à
população pobre que, mais uma vez, encontrava-se sob o domínio de um grande
império, o romano? Segundo Silva ([20--], p. 1), a história se repetiu quando os
judeus caíram sob o domínio do império romano, perdendo sua breve liberdade no
ano de 63 a.C., quando Pompeu dividiu o reino hasmoneu.
Portanto, sabemos que Jesus viveu em um contexto histórico onde, mais uma
vez, seu povo era dominado por um grande império, então sob a batuta de um
dos maiores impérios que a humanidade conheceu, o romano que, em sua política
externa, governava os acordos com as elites locais para manter seu domínio por vastas
extensões. Como nos informa Silva ([20--]), a estrutura de patronagem e clientelismo
foi implantada com sucesso entre os judeus por conta do apoio da elite local que seria
beneficiada com os acertos realizados com os dominadores estrangeiros.
A elite local, de acordo com pesquisas mais recentes, vem confirmado que pou-
co ou nada mudou em seu estilo de vida. Segundo Silva ([20--]): “A riqueza dos
abastados de Jerusalém só se tornou plenamente evidente nos últimos anos, quan-
do arqueólogos desenterraram, em Jerusalém, grandes casas particulares com mo-
biliários luxuosos com aproximadamente 600 metros”. Silva ([20--]) cita Faulkner
(2004) em uma descrição desse tipo de propriedade: “Como podemos notar, a vida
dos sumos sacerdotes e de outros membros da aristocracia judaica era repleta de
luxo e suntuosidade, excedendo em todo o tipo de artefato e construção dos mais
bem-conceituados da moda greco-romana da época”.
A situação vivida pela elite judaica em relação ao poder dos romanos era pra-
ticamente inversa à circunstância vivida pela população pobre. Para Silva ([20--])
havia grande disparidade entre os estilos de vida dos ricos e dos pobres em regiões
como, por exemplo, Cafarnaum, Galileia e Qumran.
Observe a descrição de Faulkner (apud SILVA, [20--]) para os estilos das residên-
cias nas localidades acima citadas:
Cada (casa) era construída de blocos de basalto cru com seixos de
argamassa e lama misturados e cobertos com estuque. Os telhados eram
feitos de ramos de árvores e juncos misturados com argamassa. As casas
eram muito pequenas, compreendiam cerca de 7 x 6,5 metros, com
um único cômodo quadrado. Contudo, apenas a metade ou um terço
das casas tinham esse tamanho, as outras eram bem menores [...]. Os
artefatos domésticos encontrados eram numerosos e principalmente
feitos em casa: as famílias camponesas podiam ter carência de dinheiro
e, consequentemente, dificuldade em adquirir os artefatos, mas não a
habilidade de fazê-los.
Por mais anacrônico que possa parecer, vejamos a citação do profeta Jeremias,
Capítulo 23, partes 1 e 2, que em seus “oráculos messiânicos” diz o seguinte: “[...]
ai dos pastores que perdem e dispersam as ovelhas do meu rebanho [...] contra
os pastores que apascentam meu povo: Vós dispersastes as minhas ovelhas, as
expulsastes e não cuidastes delas”.
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Jeremias advertia os poderosos do povo de Deus por estarem desprezando a Sua
palavra, sendo relapsos com seu próprio povo e prestes a caírem sob o domínio de
Nabucodonosor, poderoso rei babilônico. No contexto em que Jesus atuava, a elite
judaica estava em aliança com os romanos e, mais uma vez na história, seus pobres
sendo negligenciados. Portanto, havia os ricos e os pobres explorados. Os ricos
controlavam a mão de obra nas vilas e no campo, ou seja, a elite detinha a riqueza
local e os produtores da riqueza, naquele contexto, explorando os camponeses.
De acordo com Goodman (apud SILVA, [20--]), há “[...] uma possível explicação:
os ricos adquiririam sua riqueza à custa de camponeses, os quais, às vezes, sofriam
de uma colheita ruim após seca”.
Os filhos de Herodes, Alexandre e Aristóbulo, que teve com sua primeira mulher,
Mariana, foram julgados e mortos pelos romanos, com total consentimento do pai,
por tramarem sua queda antes de sua morte, “de olho” na sucessão dinástica. Essas
disputas colocaram em risco a confiança que Herodes disfrutava junto à Cesar Au-
gusto e para mantê-la não hesitou em destruir nem mesmo seus primogênitos. De
acordo com Saulnier e Rolland (1983): “Pouco antes da morte, Herodes determinara
como seria sua sucessão [...]”, deixando a herança do poder para “[...] Arquelau, filho
de Maltace, uma samaritana, herdaria o título de rei; Herodes Antipas se tornaria
tetrarca da Galiléia e da Peréia; Herodes Filipe, filho de Cleópatra, seria o tetrarca
da Gaulanítide, da Traconítide, da Batanéia e de Pânias [...]”, que foi contestada pela
elite farisaica, mas foi mantida por Roma conforme a vontade de Herodes.
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UNIDADE O Jesus que Antecede o Cristianismo
Segundo creem os judeus, a Palestina, dada de herança aos hebreus por seu
Deus, era uma terra rica e cheia de dádivas, e isso causava interesse de outros
povos. A agricultura era uma verdadeira benção de Deus para seu povo. O trigo era
abundante em toda a terra, abastecia a Judeia e Israel. A cevada era outra dádiva
dada por Deus e abundante na região. Havia ainda outras culturas importantes na
dieta da Palestina, onde encontravam-se figueiras, oliveiras, vinhas – que estavam
por toda a parte na Judeia e eram essenciais para o consumo no Templo. E não era
apenas isso, havia muito mais abundância na terra abençoada por Deus, havia “[...]
frutas ou legumes, [...] lentilhas, ervilhas, alface, chicória, agrião; há tal abundância
de frutas e de legumes de toda espécie, que se costuma dizer que o peregrino tem
certeza de encontrar tudo que precisa em Jerusalém” (SAULNIER; ROLLAND,
1983, p. 23).
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Um setor carente da economia da Palestina era o da pecuária: “Josefo fala sem
dúvida do leite muito abundante da Judéia-Samaria, o que supõe animais [...]. Na
criação dos rebanhos, numerosos na Judéia, o interesse está somente nas ovelhas
[...] e nos cordeiros (necessários para o culto)” (SAULNIER; ROLLAND, 1983,
p. 24). A carne consumida em toda a região era obtida por meio da importação
de regiões como Transjordânia, Moab e Saron. Porém, o consumo da carne era
reservado em sua maioria para a elite e para o Templo, enquanto a população em
geral só consumia carne em dias de festa, ou seja: “[...] a Palestina do séc. I é um
país bastante rico no setor agrícola, satisfazendo amplamente às suas necessidades,
não obstante possuir uma população relativamente densa para a época: 600 mil
habitantes em 20 mil km2” (SAULNIER; ROLLAND, 1983, p. 25).
Figura 1
Fonte: Wikimedia Commons
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Nesse sentido, Jesus não pregava uma revolução política, mas uma resistência
contra o espólio dos valores culturais. Era, na realidade, uma revolução social bem
demarcada, para que todos tivessem vida, e tivessem vida plenamente; era
uma pregação que tinha a pretensão de conscientizar o povo pobre de Israel para
defender sua libertação plena. Era uma revolução que visava resgatar o espaço físico
desse povo, mas também o que havia de simbólico naquela cultura, a solidariedade
entre irmãos, que ia muito além da caridade restrita à benevolência dos ricos para
com os pobres, condição ligada apenas ao seu significado material estrito. Mas
não era isso que pregava Jesus: sua revolução contemplava o indivíduo inserido na
coletividade, ou seja, o sujeito-cidadão que estava em relação à comunidade e que
se sentia sujeito de transformação social.
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A Dinastia dos Hasmoneus começa com a famosa história de Hanukkah. Na sequência da
conquista da Terra de Israel por Alexandre, o Grande, que anexou a maior parte do Mundo
Antigo, a Terra Santa ficou sob o controle dos governantes Gregos Selêucidas. Os Selêucidas
proibiram o estudo da Torá e profanaram o Templo Sagrado, na tentativa de erradicar a
religião e a cultura judaicas [...] o povo judeu revoltou-se, em 166 A.E.C., sob a liderança
do heroico Judas Macabeu, da família dos Hasmoneus [...]. Os Hasmoneus governaram a
Terra de Israel por quase um século. Acreditavam que a sua Dinastia era a continuação da
Era dos Shoftim (Juízes) e dos Reis, dos primórdios de Israel, e consolidaram o poder judicial,
religioso, político e militar. Também expandiram as fronteiras físicas da Terra, restaurando
quase todas as fronteiras da Era de Salomão.
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UNIDADE O Jesus que Antecede o Cristianismo
Tudo parecia ser motivo para se criar um novo imposto, havia, inclusive, o
imposto vinculado ao templo, e Jesus não hesitou em recriminar os excessos em
relação à religião de seu tempo, expulsando os vendedores e cambistas do Templo.
Jesus estava defendendo a inclusão de todos, inclusive dos que não podiam mais
frequentar a Casa de Deus em consequência da “gentrificação” ocorrida na religião
judaica, e lembrava o motivo de sua revolta contra os abusos que ocorriam: “Não
está escrito: minha casa será chamada casa de oração para todos os povos? Vós,
porém, fizestes dela um covil de ladrões!” (Mc 11, 17). Havia na Lei judaica impostos
devidos ao Templo, mas Jesus chamava a atenção para a discriminação ocorrida
contra os excluídos de seu povo. Segundo Silva ([20--]), aos impostos devidos ao
Estado se acumulavam impostos devidos ao Templo:
Outros são os impostos diretos que o Estado romano exige: o tributum
soli ou agri, sobre o capital e a produtividade rural, que atinge os
produtores rurais, principalmente os proprietários de terra. Além desse,
tem o tributum capitis, que segue dois critérios: taxa fixa de um denário,
cobrada das mulheres a partir de 12 anos e dos homens a partir de 14
anos, para ambos até aos 65 anos. E o imposto territorial de 1% sobre o
valor imobiliário. Os romanos também exigem o pagamento do annona,
uma contribuição anual, geralmente em espécie, destinada a suprir as
necessidades das tropas de ocupação. Além desses impostos exigidos
pelos romanos, há todos os tributos estabelecidos na Lei judaica e que
estão intimamente vinculados ao Templo, a exemplo dos dízimos e da
didracma para o Templo. O que significa, em comparação com outros
povos, uma dupla tributação.
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A terra pertence a Deus que a dá a seu povo; todos são iguais diante dele
[...]. Fora preciso inventar instituições como o ano sabático ou jubilar,
para relembrar esta igualdade social [...], pois necessariamente a cultura, a
riqueza, a profissão, criavam diferenças. Por outro lado, para os judeus, a
Lei Civil não é outra senão a Torá, a Lei Religiosa: os que são seus guardi-
ães ou seus intérpretes, os sacerdotes e também os escribas têm, pois, por
força das circunstâncias, um lugar mais importante. “Entre outros povos
— escreve Josefo — outras considerações permitem determinar a nobre-
za; entre nós, porém, é a posse do sacerdócio que é prova duma ilustre
origem” – Autobiografia I, 1 – (SAULNIER; ROLLAND, 1983, p. 39).
Desde 538 a.C., o sumo sacerdote passou a ser a referência máxima da Lei e
da moral para o povo de Israel, porém, não é bem assim:
Por causa das suas funções, o sumo sacerdote goza de grande dignidade,
o que lhe vale uma situação financeira confortável: cada tarde, é o
primeiro a escolher a sua parte entre as oferendas feitas ao Templo e
destinadas aos sacerdotes. O Templo é também uma fonte de renda
para ele; era, com efeito, um centro de comércio muito importante: por
causa das regras de pureza em vigor quanto aos animais que se devem
oferecer em sacrifício, os peregrinos são praticamente obrigados a
comprar essas vítimas no próprio Templo; além disso, compra-se muita
madeira de valor, perfumes e outros objetos de luxo, únicos dignos do
Senhor. Ora, todo esse comércio pertence à família do sumo sacerdote
ou então é confiado a grandes comerciantes que oferecem propinas para
participarem do negócio. Como esses meios nem sempre satisfazem os
apetites do sumo sacerdote e os de sua família, às vezes ele se serve
de outros: apropria-se pela força das peles dos animais degolados, que
deveriam pertencer aos outros sacerdotes, vai aos sítios roubar o dízimo
que lhes é igualmente destinado [...]. Ou usa a intriga, a chantagem, e até
o assassinato. (SAULNIER; ROLLAND, 1983, p. 39).
Tal situação estava cada vez mais insustentável, dado que para grande parte dos
sumos sacerdotes a “Lei” e a “moral” de Israel estavam corrompidas pelo poder
e pelas regalias dadas pelo império romano. O sinédrio era um verdadeiro covil
de feras que defendiam apenas seus interesses e os do império romano. Era uma
situação de “morte moral” na pele daqueles que deveriam ser fonte de instrução
e sabedoria para o povo de Deus. Em uma sociedade estática, com imensas
dificuldades de ascensão social, determinada pelo nascimento e pela religião –
sacerdote ou não, judeu puro ou bastardo, rico ou pobre –, os miseráveis e as
mulheres receberam atenção especial de Jesus, e tal atitude causava escândalo aos
ouvidos da elite, esta que se voltava cada vez mais contra a sua pregação.
Contudo, Jesus não se intimidava e seguia exortando seus seguidores a mudarem
de vida. A trave no olho e o cego que recupera a visão são exemplos de parábolas
que instigavam os seus contemporâneos a perceberem as injustiças existentes naquela
sociedade. O Homem de Nazaré combateu os poderosos de seu tempo, os portadores
da cultura da “não vida” e convidou outros a seguirem os seus passos, a combaterem
aquele poder que causava a destruição do projeto de Deus para seu povo.
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Sinédrio: do grego synédrion (sentar-se juntos) – é a corte suprema de Israel. Suas origens
remontam, sem dúvida, à época persa e suas primeiras menções ao reinado de Antíoco III
(223-187). Foi instituído no tempo de João Hircano (134-104). Como nas cidades helenís-
ticas, é um conselho que assiste o sumo sacerdote, chefe supremo da Nação que é seu
presidente. Compreende 71 membros: anciãos, os sumos sacerdotes depostos, sacerdotes
saduceus e depois, cada vez mais, escribas fariseus. Herodes Magno limitou seus poderes,
mas sob a ocupação romana, estes foram restabelecidos e até mesmo ampliados. Corte de
justiça, julga delitos contra a Lei, fixa a doutrina e, finalmente, controla toda a vida religi-
osa. Tem-se discutido muito, sem chegar a uma certeza, para saber se tinha, à época de
Jesus, o poder de executar um condenado. Em todo caso, para pronunciar uma condenação
à morte, eram necessárias duas sessões com 24 horas de intervalo. Tinha uma guarda à sua
disposição (Jo 18, 3.12). Após a catástrofe de 70 d.C., reconstituiu-se em Jâmnia, mas foi,
então, uma instituição completamente diferente na sua competência e no seu espírito. Em
toda a Palestina havia pequenos sinédrios de três membros, entre os quais o juiz (Mt 5, 25).
Figura 2
Fonte: Wikimedia Commons
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escândalo para os poderosos dos tempos de Jesus e – por que não dizer? – para os
poderosos hodiernos, o Reino de Deus, como “Boa Nova”, é para todos!
Para realizar o “Seu” Projeto, Jesus, no ano 27, depois de um longo hiato,
voltava aos relatos cronológicos da história de Jerusalém; por essa época, segundo
a Bíblia, no outono desse ano, houve uma pregação de João Batista e o começo
do Ministério de Jesus (Lc 3, 2), “[...] sendo sumo sacerdote Anás, e Caifás, a
palavra de Deus foi dirigida a João, filho de Zacarias, no deserto”. João Batista
anunciou o batismo e o arrependimento e em seus pronunciamentos está implícito
que o Messias estava a caminho. João anunciava a chegada de Jesus, quem
iniciaria Sua vida pública. Segundo a Bíblia, Jesus, ao iniciar Seu Ministério, tinha
aproximadamente trinta anos de idade, espalhando o “Reino de Deus e sua Boa
Nova” e, segundo os relatos do Evangelho de Mateus:
Esse Reino de Deus (dos Céus), que deve estabelecer entre os homens a
autoridade soberana de Deus como Rei, finalmente reconhecido, servido
e amado, tinha sido preparado e anunciado pela Antiga Aliança. Por isso
Mateus, que escreve entre os judeus e para os judeus, procura mostrar na
pessoa e na obra de Jesus principalmente o cumprimento das escrituras.
Em cada encruzilhada de sua obra, ele se refere ao AT para provar como
se “cumprem” a Lei dos Profetas, isto é, não só se realizam conforme era
esperado, mas também chegam a uma perfeição que os coroa e supera
(BÍBLIA DE JERUSALÉM, 1995, p. 1.833).
Jesus prega em defesa dos oprimidos e contra os opressores, de modo que seu
discurso está bem contextualizado, abordando um contexto político-econômico es-
pecífico, e é culturalmente bem situado, dizendo fundo à sociedade judaica e aos pre-
ceitos que a elite de seu povo deveria ter em relação aos pobres e excluídos, assim,
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UNIDADE O Jesus que Antecede o Cristianismo
[...] o Reino de Deus não é apenas o tema que abarca a declaração profética
de Jesus sobre o julgamento contra os governantes romanos e os seus
dependentes em Jerusalém, mas esse aspecto de julgamento do Reino
tinha uma contraparte construtiva de libertação, novas forças e renovação
para o povo. No discurso político moderno, no aspecto de julgamento do
Reino de Deus, Jesus proclamava que Deus estava no processo de efetuar
a “Revolução Política” que transtornaria a ordem imperial romana na
Palestina. Então, no aspecto construtivo, na confiança de que Deus estava
cuidando da ordem política dominante, Jesus e o seu movimento estavam
realizando a “Revolução Social” que Deus estava tornando possível e forte
nas comunidades rurais da Galiléia (HORSLEY, 2004b, p. 109).
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Resumo cronológico do império romano no contexto do nascimento de Jesus:
Antes de Cristo:
• 49 – César entra na Itália com seu exército; começo das guerras civis; ditadura de César;
• 48 – Pompeu é vencido na Batalha de Farsala;
• 44 – Assassinato de César;
• 43 – Triunvirato: Marco Antônio, Otávio e Lépido;
• 42 – Os “republicanos” são derrotados em Filipos;
• 31 – Batalha de Actium: derrota de Marco Antônio e Cleópatra;
• 27 – Otávio recebe o título de Augusto. O Senado lhe confirma seu poder tribunício e lhe
reconhece o domínio proconsular sobre as províncias imperiais;
• 12 – Augusto toma o título de pontífice máximo;
• 2 – Augusto é proclamado “pai da Pátria”.
Depois de Cristo:
• 14 – Morte de Augusto;
• 14-37 – Tibério;
• 37-41 – Calígula, dinastia;
• 41-54 – Cláudio Júlio-Cláudios;
• 54-68 – Nero;
• 68-69 – Reinados efêmeros de Galba, Otão e Vitélio;
• 69-79 – Vespasiano;
• 79-81 – Tito, dinastia;
• 81-96 – Domiciano Flávios;
• 96-98 – Nerva;
• 98-117 – Trajano;
• 117-138 – Adriano;
• 138-161 – Antonino, o pio, dinastia;
• 161-180 – Marco Aurélio Antoninos;
• 180-192 – Cômodo (SAULNIER; ROLLAND, 1983, p. 9).
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
A Figura de Jesus Cristo no livro Jesus de Nazaré, de Joseph Ratzinger
BRITO, J. G. de. A figura de Jesus Cristo no livro Jesus de Nazaré, de Joseph
Ratzinger. 2014. Dissertação (Mestrado em Teologia) - Universidade Católica Portu-
guesa, 2014.
Jesus Antes do Cristianismo
NOLAN, A. Jesus antes do cristianismo. São Paulo: Paulus, 1988.
O Evangelho de Mateus e o Judaísmo Formativo
OVERMAN, J. A. O Evangelho de Mateus e o judaísmo formativo. São Paulo:
Loyola, 1997.
Movimentos Messiânicos no Tempo de Jesus
SCARDELAI, D. Movimentos messiânicos no tempo de Jesus: Jesus e outros
messias. São Paulo: Paulus, 1998.
Um Judeu chamado Jesus
VIDAL, M. Um judeu chamado Jesus: uma leitura do Evangelho à luz da Torá.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
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Referências
BÍBLIA de Jerusalém. [S.l.: s.n.], 1995.
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