Você está na página 1de 23

Índice 02

Editorial 03
A Pergunta do Maçom 04
Booz ou Boaz 06
O Delta Luminoso e a Corda de 81 Nós 08
O Patrono da Maçonaria 11
Leitura Recomendada 18
Calendário de Atividades 1° Semestre de 2019 EV 19
Convite – Sessão Magna de Instalação e Posse 20
Administração do Biênio 2017-2019 21
Junte-se a Nós! 22
Créditos 23
Amados Irmãos e Amigos,

O mês de junho de 2019 não traz apenas a edição número


32 de nossa revista digital UM QUARTO DE HORA, também
marca o início de novas administrações nas Lojas federadas ao Grande
Oriente do Brasil, e nos Grandes Orientes Estaduais.
Junho também é o mês no qual toda a Maçonaria Universal comemora
a fundação da Grande Loja da Inglaterra, dando início a uma era onde regras e
doutrinas comuns permitem a Maçons do mundo inteiro mais que se reconhecerem
mutuamente, falar um único idioma simbólico, ainda que haja “dialetos”.
Nós, da revista UM QUARTO DE HORA, desejamos aos Veneráveis Mestres
e Grão-Mestres Estaduais eleitos, um futuro promissor e progressista, para o bem estar das
Lojas em particular e da Maçonaria brasileira em geral. Rogamos ao Grande Arquiteto do
Universo que os guie e ilumine!
Seguindo nosso dever, registramos que os textos publicados não refletem a posição oficial
do Grande Oriente do Brasil, do Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita, ou do Supremo
Conselho Adonhiramita do Brasil, sobre os temas abordados, tratando-se única e exclusivamente das
opiniões individuais de seus autores, que são responsáveis exclusivos pelas suas colaborações.
Boa leitura!
SERGIO EMILIÃO
Editor

REVISTA UM QUARTO DE HORA – ANO III – NÚMERO 32 – JUNHO DE 2019 3


A PERGUNTA DO MAÇOM

Vou contar uma história que servirá sabichões e oportunistas que pululam por aí. Diz
como ponto de partida para nossas reflexões. o velho ditado: “quem tem boca vai a Roma”, ou
“Pouco antes de morrer, no leito do seja: para encontrar o caminho que leva a Roma,
hospital onde estava internada, Gertrude Stein você tem que PERGUNTAR: “onde está
de repente abriu os olhos e disse: Qual é a Roma”? Como faço para chegar até lá? Onde é
resposta? Roma”? Seja no sentido literal e arcaico (quando
Um de seus amigos que lhe faziam os viajantes andavam pelas estradas perguntando
companhia aproximou-se e disse: a todos os transeuntes e em cada estalagem), seja
Mas Gertrude..., se você não disser qual no sentido moderno: quem quiser ir a Roma hoje,
é a pergunta, como vamos lhe dizer qual é a terá que PERGUNTAR na agência de turismo ou
resposta? nas empresas de transporte sobre o preço e as
Gertrude Stein abriu os olhos e retrucou: datas das partidas aéreas ou marítimas. Um
Então, qual é a pergunta”? turista que não sabe QUAL É A PERGUNTA
A Maçonaria* nas Lojas, nas Potências e sobre a viagem que quer fazer, não chegará a
principalmente na internet está cheia de lugar nenhum. Digo mais: para bem chegar a
respostas. Temos respostas e professores para Roma, é importante perguntar-se antes: “o que é
tudo. Deixamos de ser uma Ordem de homens Roma”?
em busca da verdade para sermos um ringue Voltemos nossa atenção para 2.400 anos
(uma rinha de galos) onde curiosos se digladiam atrás; ouçamos o que disse Platão no Diálogo
na defesa de minúsculas “certezas” ou na “Górgias”:
proteção de cargos e posições. “É vergonhoso que, estando na situação
Apesar de todos os esforços, ainda não em que evidentemente estamos, tenhamos a
alcançamos nossas pretensões, pois não sabemos pretensão de crer que somos algo ‒ nós que
o que estamos buscando. Não sabemos QUAL É nunca temos certeza, nem opinião permanente
A PERGUNTA. Proliferam os Ritos, as Ordens, acerca das mesmas coisas e questões; e o que é
os paramentos, as cores e os aventais, os colares pior: não temos certezas nem opiniões a respeito
e os chapéus. Mas não sabemos qual é a de questões de suma importância”.
pergunta. Todos vocês, como bons buscadores, já
É premissa ou axioma que o homem só leram ao menos uma das obras de Platão; sabem,
encontra algo se souber o que está procurando. portanto, que o personagem central dos Diálogos
Necessariamente e evidente! apesar de tantos de Platão é Sócrates, filósofo ateniense que
viveu de 469 a.C. - 399 a.C. Sócrates não tinha

REVISTA UM QUARTO DE HORA – ANO III – NÚMERO 32 – JUNHO DE 2019 4


respostas prontas, pois afirmava só saber que MESMOS e alcançarem valores fundamentais
nada sabia. Seu método consistia na (metafísicos) e o autoconhecimento.
investigação (pesquisa filosófica) mediante A maçonaria nas Lojas e nas Potências
diálogos (contato e discussão entre dois ou mais deveria funcionar assim; a Maçonaria
indivíduos). Nesses diálogos, os participantes (construção do homem interior) foi criada para
alcançavam, por si mesmos, um nível de reflexão tal finalidade e tudo que ultrapassa esses limites
e descoberta dos próprios valores (ou verdades). pode até ser interessante ‒ ilustrativo, culto,
O método socrático partia de perguntas simples bonito, emocionante e chique; mas não é “a
com o objetivo de revelar, primeiramente, as Maçonaria”.
contradições na forma usual de pensar; em
seguida, com perguntas mais aprofundadas, os Texto de autoria de José Maurício Guimarães
participantes eram levados a pensar POR SI

REVISTA UM QUARTO DE HORA – ANO III – NÚMERO 32 – JUNHO DE 2019 5


BOOZ OU BOAZ?

Nas Lojas brasileiras muito se confunde vogais repetidas no Hebraico, de modo que Booz
quanto à forma correta do nome Boaz, uns é uma pronúncia incorreta. Nos tempos modernos,
dizendo Booz, outros Boaz. Neste texto, eu o Irmão Harry Carr, em seu artigo “Pillars and
procuro mostrar duas coisas. Primeiro, que o globes, columns and candlesticks”, publicado
correto é Boaz, o que, aliás, é trivial, pois, para em Ars Quatuor Coronatorum, Transactions of
tanto basta observar a pronúncia hebraica. Em the Quatuor Coronati Lodge №2076 London, em
segundo lugar - e principalmente - eu procuro dar 2001, e apresentado antes na Vancouver Lodge of
uma explicação sobre o porquê de os tradutores Education and Research, em 20 novembro de
antigos, ao escreverem a Septuaginta e a Vulgata, 1998, é Boaz. Nesse artigo, Harry Carr reproduz
optaram pela transliteração incorreta do nome. alguns trechos de exposées publicadas entre 1760
O termo Boaz aparece 18 vezes no Livro e 1765, nos quais o termo é Boaz.
de Ruth, 3 vezes nas Crônicas, 1 vez em 1 Reis, 1 Por que, então, alguns autores nacionais
vez em Mateus e 1 em Lucas. insistem que o correto é Booz ou, quando muito,
Na edição maçônica norte-americana da que tanto pode ser Booz quanto Boaz? Há duas
Bíblia Sagrada (Heirloom Bible Publishers, razões para esse erro. O primeiro deles - e mais
Kansas), o termo é Boaz. Na Encyclopedia of óbvio - é o desconhecimento do Hebraico. Em
Freemasonry, de Albert Mackey (1917), é Boaz. geral o argumento usado é que na escrita hebraica
Em Light on Masonry, de Elder D. Bernard antiga não existiam vogais até o surgimento dos
(1828), é Boaz. O Manual of Freemasonry, de sinais massoréticos (século X), o que, segundo
Richard Carlile (uma exposée da Maçonaria eles, justificaria qualquer pronúncia. Porém, não
publicada aos poucos na revista The Republican, atentam para o fato de o Hebraico não admitir
em 1825), é Boaz. No The Complete Ritual of the vogais repetidas, o que prontamente elimina
Scottish Rite Profuselly Illustrated, editado por Booz, de modo que, neste caso, a suposta
um Soberano Grande Comendador (anônimo), ambivalência não existe.
33o, e complementado por J. Blanchard, no século A segunda razão está nas traduções
XIX (sem data), é Boaz. Em Morals and Dogma, portuguesas da Vulgata. De fato, na Vulgata o
de Albert Pike (1871), é Boaz. termo é Booz. Se São Jerônimo (347–420 d.C.)
Em todas as obras antigas, enfim, o termo traduziu o Antigo Testamento diretamente do
é Boaz. Isso não nos surpreende, se observarmos Hebraico para o Latim, por que optou por Booz e
que na escrita hebraica massorética, o que temos não Boaz? Só vejo duas explicações. Primeiro, em
é ‫( עז ַֹּ֫ב‬Bṓʿaz) e que, além disso, não existem sua época, ainda não existiam os sinais

REVISTA UM QUARTO DE HORA – ANO III – NÚMERO 32 – JUNHO DE 2019 6


massoréticos, que indicam as vogais. Somente Boáz: Bóaz ou Boóz? Eles julgaram que era Boóz.
alguém absolutamente fluente em Hebraico Dessa forma, São Jerônimo, mesmo que estivesse
poderia ler corretamente o texto hebraico. São ciente da correta pronúncia hebraica, pode ter
Jerônimo, porém, era ilírio e só aprendeu Latim e optado por Booz por influência da Septuaginta,
Grego no início de sua vida adulta. Quando tendo preferido, sabiamente, manter uma
maduro, mudou-se para Jerusalém para estudar coerência entre a versão latina e a versão grega já
hebraico. É bem provável que, diante de uma estabelecida há séculos.
dúvida, consultasse a Septuaginta, a versão grega Os autores maçônicos antigos devem ter
da Bíblia, que também traz Booz (Βοος, que deve sabido disso, pois todos, no mínimo, eram
ser lido como Βοός, pois não é possível, por fluentes em Latim, com boas noções de Grego e
razões morfológicas, dizer Βόος em Grego). alguns até de Hebraico, além de, sendo em sua
Nessa série encadeada de porquês, surge maioria protestantes, terem em mãos a versão
mais um. Por que a Septuaginta traz Booz e não protestante da Bíblia, que, ao contrário da
Boaz? Por uma razão muito simples. Boaz é nome Vulgata, trazia Boaz, graças ao gênio de Lutero.
próprio e é oxítono. Em Grego, um nome próprio Textos não-maçônicos também trazem Boaz,
masculino pode terminar em –ας, como ὁ Ξανθίας como Historiarum Totius Mundi Epitome, seção
(cuja pronúncia é ksanthías, donde veio o nosso 16, de Cluverius Johannes, de 1667.
Xântias), mas não pode jamais ser oxítona. O Conclui-se, assim, que a pronúncia correta
mesmo ocorre com os substantivos terminados é Boaz e que, além disso, Booz é apenas a herança
em –ας, como ὁ νεανίας (o jovem), que não podem de uma característica fonética do idioma Grego,
ser oxítonos. Por outro lado, substantivos que herdamos por intermédio da Vulgata. A opção
terminados em –ος podem ser oxítonos, como pelo aparente erro fonético se deve à perspicácia
θεόϛ (theós, pronuncie the-ós, com o th dos antigos tradutores, convictos que estavam de
ligeiramente aspirado). tornar esse e outros nomes hebraicos inteligíveis
Dessa forma, os sábios que verteram a aos ouvidos gregos, sem prejuízo do significado
Bíblia para o Grego podem ter optado por Booz mais profundo das histórias que traduziam.
(Βοός) em vez de Boaz apenas para preservação
do acento tônico na última sílaba, uma exigência Texto de autoria de Rodrigo Peñaloza,
natural se a intenção era não desvirtuar demais a publicado em o pontodentrodocirculo.com
pronúncia de um nome próprio e fazê-lo ser
entendido pelo leitor ou ouvinte grego. Em outras
palavras, se a intenção era fazer a história bíblica
minimamente inteligível ao grego, os tradutores Sobre o Colaborador
tinham de resolver a seguinte questão: ou Diney Maria di Paulos, Irmão Beethoven, é
preservavam a grafia BOAZ mas trocavam o Mestre Instalado, Frater Rosacruz, membro da
acento tônico da última para a penúltima sílaba ARLS Louis Claude de Saint Martin, Oriente do
(ou seja, Bóaz) ou trocavam Boáz para Boós e Rio de Janeiro, e praticante do Rito Escocês
preservavam a oxítona. O nome Boáz, oxítono, Retificado, do qual é Grande Secretário Adjunto
soaria muito estranho ao ouvido grego, mas não de Ritualística junto ao Grande Oriente do Brasil
Boóz e tampouco Bóaz. O que é mais próximo de

REVISTA UM QUARTO DE HORA – ANO III – NÚMERO 32 – JUNHO DE 2019 7


O DELTA LUMINOSO E A CORDA DE 81 NÓS

“Afirmação, negação, discussão, solução, simbolizando Justiça ou Equidade, Prudência ou


tais são as quatro operações filosóficas do Moderação.
espírito humano. A discussão concilia a negação O Delta Luminoso: Postado no Oriente,
com a afirmação, fazendo-as necessárias uma à ao centro e acima do Trono do Venerável Mestre,
outra. E assim o ternário filosófico, produzindo- formado por um Triângulo Equilátero, o Delta
se do binário antagônico, se completa pelo Luminoso ou Delta Sagrado, representando o
quaternário, base quadrada de toda verdade. Em Grande Arquiteto do Universo, tem ao centro o
Deus, conforme o dogma consagrado, há três Olho Simbólico ou o Olho Que Tudo Vê.
pessoas, e estas pessoas são um só Deus. Três em
um, dão a idéia de quatro, porque a unidade é
necessária para explicar os três.”
(Introito de Eliphas Levy, um Abade cujo nome
verdadeiro era Alphonse-Louis Constant)

O Delta Luminoso e a Corda de 81 Nós


são dois símbolos maçônicos de grande valor
esotérico pela simbologia neles naturalmente
contidas. Tentarei neste trabalho, enfocar a
representação de cada um deles dentro da
Maçonaria.
No Ritual do 1º Grau – Aprendiz, Título I
– 1.2 Interpretação do Ritual, 1.2.1 - O Painel do
Grau de Aprendiz exibe uma loja em visão Antes de me aprofundar na dissertação
frontal, com toda sua extensão, símbolos, joias e deste símbolo, vejamos primeiro sua estrutura de
ornamentos. Nos é mostrado O Delta Luminoso base triangular. Considerando que a sequência de
localizado ao fundo, no Oriente, entre o Sol e a 1 e 2 representam a unidade e a dualidade é
Lua. A Corda de 81 Nós se estende pelo Sul e pelo verdadeiro dizer que o 3 representa o equilíbrio da
Norte com suas extremidades findando no polaridade o que faz dele um número perfeito. Na
Ocidente, na porta de entrada, com duas Borlas Maçonaria no Grau de Aprendiz, o 3 aparece em
todas as etapas como: número de batidas dadas à

REVISTA UM QUARTO DE HORA – ANO III – NÚMERO 32 – JUNHO DE 2019 8


porta para se entrar no Templo, número de Passos Podemos ver ainda no centro do Delta
para a Marcha, número de batidas para a Bateria Luminoso o Tetragrama ou Tetragramaton,
e a Idade do Maçom. Podemos e devemos expressão grega que representa quatro letras
também incluir a Santíssima Trindade para hebraicas a saber: IHVH ou seja Iod, He, Vav e
exemplificar esta perfeição. Hé, cuja citação era feita apenas uma vez por ano
Ao passarmos pelas provas de Iniciação e, somente pelo sumo sacerdote dos hebreus. O um
por consequência, cruzarmos o portal da verdade, pode nunca chegar a ser dois. Mas ao se fazer Dois
temos por finalidade desbastar e polir a pedra certamente se transformará em Três. E onde Três
bruta para, ao final, encontrarmos o Ser Supremo é formado o quatro se manifesta.
ou o Grande Arquiteto do Universo. Na Êxodo, Capítulo 26, Versículo 4
Maçonaria, o Olho Simbólico, ou o Olho Que “Farás laços de púrpura violeta na franja
Tudo Vê, simboliza, no plano físico, o Sol visível da primeira cortina que está na extremidade do
de onde emana a Luz. No plano astral, simboliza conjunto; e farás o mesmo na franja da cortina
o Verbo, o Princípio Criador ou a Consciência que está na extremidade do segundo conjunto.”
Divina. Podemos dizer que este Olho governa o A Corda de 81 Nós: Do Ocidente ao
Sol, a Lua, as Estrelas, os Cometas, e, enfim, todo Oriente passando pelo Norte e pelo Sul, por toda
o Universo. extensão de um templo maçônico, temos a Corda
A Natureza manifesta tudo que foi de 81 Nós (3x3x3x3) que simboliza a união de
planificado pela Mente Divina (O Mestre todos os Maçons que habitam o Globo, formando
Perfeito) representada pelo Olho Que Tudo Vê. uma única família com todos os irmãos. Existe
entre a Corda de 81 Nós, a Orla Dentada, o
Pavimento de Mosaico, a Cadeia de União e as
Romãs uma relação simbólica que abrange todas
as Fraternidades Maçônicas. Simboliza ainda a
evolução, onde causas e efeitos sucedem-se como
anéis de uma cadeia. Sua extensão circular e
colocação assimétrica dos nós significam que a
Maçonaria, um reino de virtude, compreenda o
universo em cada loja.
Os nós são feitos de forma anelar (fêmea)
onde se introduz uma extremidade (macho)
transformando-os em uma forma deitada do
número 8 ou a lemniscata esquematizada, uma das
O Olho Que Tudo Vê é também chamado mais antigas simbologias da humanidade. Este
pelos Egípcios de Olho de Hórus, pelos Brâmanes entrelaçamento pode representar a circundação
ou Hinduístas de Olho de Shiva e Olho de dos segredos que permeiam nossos mistérios.
Dangma. Observamos que desde o princípio, em Seu simbolismo foi aplicado totalmente no
todas as Escolas Iniciáticas, ele se faz presente. Grau de Aprendiz onde os três passos foram
Por analogia posso dizer que, se somos feitos a herdados da Maçonaria Operativa. A Maçonaria
imagem e semelhança de Deus ou, de forma Especulativa ampliou a extensão do número 3 no
pessoal, somos uma ínfima partícula da energia Grau de Aprendiz, dando-lhe um maior sentido
divina, ouso dizer que o Delta Luminoso, com o esotérico.
Olho Que Tudo Vê ao seu centro, pode Conta-nos a lenda que Titurel, um
representar também o Terceiro Olho da visão Cavaleiro Templário de Camelot, e um dos
transcendental ou o caminho para o próprio Mestres da Távola Redonda, determinou a Merlin,
descobrimento.

REVISTA UM QUARTO DE HORA – ANO III – NÚMERO 32 – JUNHO DE 2019 9


o Mago, que construísse um grande Templo. conforme o “Sepher-há - Yetzirah”, o livro da
Merlin então o fez, tendo o mesmo 12 salas com criação. Isto nos dá um total de 81 caminhos”.
corredores cruzados na forma de um Labirinto na
qual os iniciados, ao circularem, não podiam
passar duas vezes e ao cruza-los deveriam falar as
respectivas Palavras de Passe. Estas palavras
constavam da Tábua Criptográfica com 81
Combinações. Esta era a chave para o auto início.
Os nós também podem representar a
superação do Maçom ao desfazê-los com a ajuda
dos Irmãos que igualmente se superam. Isto
significa que os Maçons devem escalar A Corda,
apoiando-se e desfazendo-se dos desafios dos 81
Nós, para assim ganhar condições de maior
aproximação com as camadas superiores e com o Independente da simbologia, a Corda de
Grande Arquiteto do Universo. 81 Nós representa acima de tudo a união e o
O Irmão Orlando Soares da Costa em seu reconhecimento universal de todos os maçons.
livro “Hiram e Adonhiram” faz uma analogia da
Corda de 81 Nós com a Escada de Jacó, como Fontes
veremos a seguir: “A escada de Jacó é composta Hiram e Adonhiram, Orlando Soares da Costa;
por 4 Árvores da Vida, superpostas, sendo uma Das Trevas a Luz, Orlando Soares da Costa;
para cada mundo na ordem de: Assiah, Yetzirah, Iniciação Real, Orlando Soares da Costa;
Briah e Atziluth , de forma a que Malkuth da Comentários ao Ritual de Aprendiz – Vade
árvore superior, seja Thipheret da inferior; Mecum Iniciático, Nicola Aslan;
Yesod, da árvore superior, seja D’ aat da inferior A Simbólica Maçônica, Jules Boucher;
e Thipheret, da superior seja Kether da inferior. Do Aprendiz ao Mestre Maçom, Sebastião Dodel;
Cada árvore terá suas “sephiroth” visíveis Ritual do 1º Grau – Aprendiz Maçom – Rito
ligadas por caminhos às demais “sephiroth” que Adonhiramita.
dela se avizinhem e permitam ligação direta. Os
caminhos são as letras do alfabeto hebraico,

REVISTA UM QUARTO DE HORA – ANO III – NÚMERO 32 – JUNHO DE 2019 10


O PATRONO DA MAÇONARIA

Não é política editorial desta revista substituída – na ocasião da declaração de abertura


republicar artigos, no entanto, por razões que da Loja está gravado: “Em nome de São João de
enunciarei mais à frente, decidi abordar Jerusalém, nosso Patrono (...)”, ou na maiorias
novamente um tema publicado na edição número dos casos apenas “São João”; e em segundo lugar
6 de abril de 2016, embora não se trate do mesmo pelo compreensível desconhecimento da
texto, que se refere ao Patrono da Maçonaria hagiologia, já que muitos maçons professam fé
Universal. Faço isso primeiramente em diferente da católica. Assim, há quem defenda
homenagem a São João Batista, cuja data equivocadamente que São João Batista e São João
comemorativa se dá exatamente neste mês, e de Jerusalém sejam pessoas ou santos distintos, o
também na tentativa de demonstrar fatos que absolutamente não é verdade.
históricos e documentais que o estabelecem como
único e verdadeiro Patrono da Maçonaria, e
assim, de certo modo, fazer justiça ao
“aniversariante” do mês.
Defendo a liberdade de pensamento, de
expressão, a diversidade de ideias e a múltipla
interpretação dos símbolos presentes na Doutrina
Maçônica, prática que acho saudável e evolutiva,
mas discordo quanto à aplicação destes princípios
no que se refere a fatos, pois estes não estão
suscetíveis a interpretações subjetivas
Neste sentido, é preciso deixar claro que
dentre todos os países nos quais a Maçonaria
A compreensão, ou pelo menos a
existe, o único em que há contestação desse
aceitação dos fatos mencionados no parágrafo
patronato atualmente é o Brasil, muito embora as
anterior é fundamental para a elucidação desta
origens dessa tendência sejam estrangeiras. As
questão.
Constituições de Anderson citam o nome de São
É igualmente necessário aceitar o fato de
João Batista inúmeras vezes, mas entendo
que a Maçonaria Especulativa “nasceu” cristã e
perfeitamente as razões pelas quais paira essa
teísta sob forte influência do catolicismo, embora
dúvida entre os maçons brasileiros: em primeiro
com o passar do tempo tenham surgido Ritos
lugar porque em nossos Rituais – nos atuais
deístas e agnósticos. A obra de nossos ancestrais
Rituais do Rito Adonhiramita essa expressão foi

REVISTA UM QUARTO DE HORA – ANO III – NÚMERO 32 – JUNHO DE 2019 11


operativos, que construíam igrejas, e a formação sinônimo de deixar as cidades desprotegidas
do pastor presbiteriano James Anderson, que metafisicamente falando: os santos cristãos
presidiu a comissão incumbida de consolidar as passariam a cumprir esse honroso papel. Uma
Old Charges, não deixa dúvida sobre isso. E é daí manipulação compreensível se considerarmos os
que surge o conceito do patronato. padrões intelectuais da sociedade da época. Julgo
O costume de consagrar cidades, legítimo também considerar que o sincretismo
instituições e até pessoas à proteção de um santo religioso levado a termo por Constantino I e seu
padroeiro é comum entre as sociedades cristãs, grupo pode – e certamente o fez – ter inserido na
notadamente as católicas, muito embora, como as fé católica, e apenas cristã na época, conceitos das
próprias raízes do catolicismo, esse costume tenha Antigas Tradições Iniciáticas, passando inclusive
suas origens em época muito anterior, pela alteração do nome do santo para João, o
notadamente no antigo Egito e na Grécia, onde Batista, já que originalmente este chamava-se
deuses desempenhavam esse papel. Isto também yōḥānān (Deus é misericordioso), para associá-lo
era comum nas Ordens Militares de Cavalaria da ao deus romano Janus.
Idade Média, e o santo protetor era sempre Resta claro que a Igreja Católica não era
determinado em função da data do evento a ser tão inocente assim nos Antigos Mistérios, ou
celebrado (nascimento, fundação, etc.). Portanto, mesmo contrária a esses, quanto tenta ou quer
não é de se estranhar que a Maçonaria moderna parecer. Mas esta é a razão exotérica, pois sempre
tenha herdado destas instituições este rito, já que houve e haverá motivos esotéricos e Iniciáticos
ambas professavam e até combatiam em nome da para essas decisões.
fé cristã. Mas a razão disto não é tão simples assim Foi assim que teve origem o “mistério” de
como parece, aliás, nada na Doutrina Maçônica é São João, ou melhor, o início da “Tradição
objetivo e direto. Grandes ensinamentos Joanita” ou “Cristianismo Místico”.
encontram-se nas entrelinhas de nossos Rituais. As Antigas Tradições festejavam as datas
Nós maçons somos treinados para nos tornarmos correspondentes aos solstícios de inverno e verão
decodificadores de símbolos tanto na Natureza em homenagem a Janus, e estas foram
quanto na própria obra do homem. O maçom deve propositalmente estabelecidas como celebrações
compreender, e não apenas enxergar. de São João (Batista e Evangelista) pela igreja
cristã em seus primórdios. Janus, o deus bifronte,
simboliza a Tradição Iniciática, tendo uma de suas
faces voltada para o passado (tradição) e a outra
para o futuro (progresso). Outro detalhe relevante
a ser destacado é que a etimologia do vocábulo
janus deriva da expressão latina janua que
significa “porta”, “origem”, vindo daí inclusive a
denominação do primeiro mês do ano: janeiro
(januarius). Temos assim São João Batista
adotado pela fé cristã como símbolo da
transformação, da Iniciação, representada pelo
rito do batismo pelas águas que praticava no rio
Jordão, e ao qual o próprio Jesus, o Cristo, foi
submetido antes do início de seu ministério.
É certo que ao adotar o patronato a Igreja
É interessante notar que a palavra “porta”
Católica o fez no intuito de substituir o culto aos
corresponde simbolicamente à letra grega delta
deuses pagãos de Roma incutindo no povo a ideia
(derivada do hebraico daleth), que é representada
de que a renúncia às divindades pagãs não era

REVISTA UM QUARTO DE HORA – ANO III – NÚMERO 32 – JUNHO DE 2019 12


graficamente por um triângulo, e que por sua vez Neste raciocínio São João Batista
era a exata forma dos portões dos antigos templos representaria as Antigas Tradições, os Antigos
gregos dedicados à Iniciação nos Mistérios de Mistérios, como o da Iniciação pelo Batismo pelas
Elêusis, e que igualmente representa o Delta Águas, por exemplo, amplamente praticado pela
Sagrado, bastante conhecido por nós. comunidade dos essênios, que eram descendentes
Segundo a mitologia clássica, o deus dos terapeuti do Egito, que entendiam que a
romano Janus presidia todos os “inícios” (do latim transição entre o mundo físico e o Tuat (Plano
initium, de onde se deriva também a expressão Espiritual) se dava exatamente pela transposição
initiare – iniciar), e em particular o ingresso do de um rio, aliás, como a Barca de Caronte da
Sol em cada um dos dois hemisférios celestes. mitologia clássica, e, em ambas as hipóteses
Também era o depositário da “chave” nas transportando o ser para uma “nova vida”, como
Iniciações das Antigas Tradições. Observe que a a Iniciação pela qual passamos em nossa Ordem.
semelhança entre a forma latina do nome deste Enquanto isso na outra ponta temos São João
deus e a de João (em latim Joahnes) é evidente. Evangelista, que viria a participar do surgimento
Portanto, não foi por acaso que este último tomou de uma nova fé, que reformaria toda a Doutrina
o lugar do primeiro. Afinal, João, que parece ter Hebraica e em pouco tempo transformaria toda a
sido um nome comum entre os judeus na época civilização ocidental, representando o já Iniciado,
dos Evangelhos não o era no Antigo Testamento. aquele que se dispôs a experimentar uma nova
Teria sido por acaso? Sinceramente acho que não. existência e segue a senda. Não é à toa que o
Aliás, parece lógico supor que estas personagens Evangelho de São João é considerado o mais
tiveram nomes diferentes na vida real, e foram místico e esotérico de todos os Evangelhos
rebatizadas propositalmente pelas razões Canônicos na visão dos principais teólogos
anteriormente mencionadas, mesmo porque pelo modernos.
que sei, as duas primeiras personagens da De forma genérica podemos afirmar que o
Doutrina Cristã a se chamarem João são nome “João” passou a constituir-se no meio
exatamente o Batista e o Evangelista, e justamente esotérico numa designação simbólica de todo
nesta ordem, o que veremos adiante também homem Iniciado, Iluminado e evoluído
sugerir não ser mero fruto do acaso. espiritualmente, aplicando-se em sua acepção
mais ampla e geral a todos os que são admitidos
nos Mistérios Iniciáticos.
Portanto, tanto São João Batista quanto
São João Evangelista passaram a ser
homenageados pela Maçonaria moderna, mas
apenas um deles se tornou seu Patrono.
Outro fato interessante em relação à São
João Batista, é que ao contrário do que ocorre com
Jesus e seus apóstolos, dentre eles São João
Evangelista, o Batista é citado nos textos de
Flávio Josefo, tido como o principal historiador
judeu do século I, o que pode ser considerado
como uma prova documental de que o “Pregador
do Deserto” realmente existiu. São João Batista
era mais popular entre os primeiros cristãos e a
comunidade judaica do século I do que se
comumente imaginamos.

REVISTA UM QUARTO DE HORA – ANO III – NÚMERO 32 – JUNHO DE 2019 13


Para nós maçons há um aspecto relevante história deste santo e associá-lo à Jerusalém,
a ser percebido, contido no Evangelho de João como iremos ver. Além disso, Bazot, certamente
Evangelista acerca de João Batista, que afirma influenciado pelo famoso discurso do Chevalier
que “Ele (o Batista) não era a Luz”, e nenhum de Ramsay, que lançou a hipótese da Maçonaria ser
nós é. Nos dedicamos a desbastar e polir nossa uma herdeira dos Cavaleiros Templários, buscou
Pedra Bruta ao máximo que formos capazes as bases para suas argumentações nas Cruzadas e
porque somente dessa forma poderemos refletir a nas Ordens Militares de Cavalaria, e não nas
Luz Verdadeira com maior intensidade. Somos guildas de construtores medievais, como a
arautos, mensageiros, conhecedores de maioria dos historiadores, ritualistas e autores
“mistérios” capazes de modificar o mundo a maçônicos da época faziam. Estes, por sua vez,
nosso redor, ou, pelo menos, deveríamos ser. entendiam que a atribuição do patronato das
guildas medievais de construtores a São João
Batista tenha se dado em decorrência da adoção
deste santo como padroeiro pelo colégio de
artífices romanos (collegia fabrorum) no reinado
de Numa Pompílio.
No que diz respeito a sua opinião sobre
“São João Esmoler”, que foi canonizado tanto
pela Igreja Romana (Católica) quanto pela Grega
(Ortodoxa), nascido na ilha de Chipre por volta do
ano 550 de nossa Era (há menções a 550, 556, e
560), numa cidade chamada Amathus, da qual seu
pai, além de ser um homem muito rico, era o
governador, sagrou-se sacerdote, e foi eleito bispo
Portanto, ainda que consideremos que a de Alexandria em 606, falecendo no ano de 619
reunião das quatro famosas Lojas de Londres em na sua terra natal, sem jamais ter colocado os pés
24 de junho de 1717, que deu origem ao em Jerusalém. Seus festejos dão-se,
nascimento oficial da Maçonaria Especulativa (ou curiosamente, em duas datas: 11 de novembro,
pelo menos sua formalização), se deu em virtude data de sua morte, para a Igreja Grega, e 23 de
da celebração do solstício de verão no hemisfério janeiro, data de seu nascimento, para a Igreja
Norte, não podemos ter dúvida de que este dia não Romana.
foi escolhido por acaso, e, por conseguinte,
coincidiu com o dia em que se celebra São João
Batista, igualmente sem ser uma coincidência.
Sendo esse fato indiscutível, além de histórico,
não deveria haver contestação sobre a identidade
do verdadeiro patrono ou padroeiro da Maçonaria.
Mas se é assim, por que a dúvida existe?
A história é a seguinte: um maçom francês
chamado Ettiene François Bazot (1782-186?),
autor de várias obras de renome, dentre as quais
Manuel du Franc-Maçon (1811), do interesse de
nossa análise, afirmou que o verdadeiro Patrono
da Maçonaria era outro São João, chamado de
“Esmoler”, ou ainda “de Jerusalém”, agindo
aparentemente assim apenas por ter analisado a

REVISTA UM QUARTO DE HORA – ANO III – NÚMERO 32 – JUNHO DE 2019 14


Há um fato bastante curioso acerca a fundou um hospital e organizou uma fraternidade
canonização de São João Esmoler. Apesar de para assistir aos cristãos, doentes e feridos, e
existirem dezenas de páginas na internet, prestar ajuda pecuniária aos peregrinos que
inclusive ligadas à Igreja Católica, que narram sua visitavam o Santo Sepulcro. São João, que era
história, em textos bastante parecidos, não há digno de se tornar o patrono de uma sociedade
qualquer registro deste santo na página oficial da cujo único objetivo é a caridade, expôs sua vida
Santa Sé no Vaticano. mil vezes em prol da virtude. Nem a guerra, nem
De acordo com as páginas da internet, o a peste, nem a fúria dos infiéis, podia impedir
São João nascido de Chipre recebeu o título de suas atividades de benevolência.
“esmoler” (aquele que dá esmolas) pelas suas Mas a morte, finalmente, o impediu no
ações de caridade junto aos pobres – na página do meio de seus trabalhos. No entanto, ele deixou o
Vaticano quem recebe esse título é outro, São exemplo de suas virtudes aos irmãos, que fizeram
João Crisóstomo - havendo menções de ter seu dever esforçar-se por imitá-las.
construído hospitais, asilos para idosos e Roma o canonizou com o nome de São
hospedarias no território de Alexandria (no Egito, João, o Esmoler ou São João de Jerusalém, e os
e não em Jerusalém, apesar de haver registros de Maçons – cujos templos, destruídos pelos
que enviou recursos para reconstrução de igrejas bárbaros, que ele fez reconstruir – o
na Terra Santa), já que as guerras contra os sírios selecionaram por unanimidade como seu
transformaram a cidade num campo de patrono”.
refugiados. Há uma lenda que diz que São João A tese é bastante interessante e romântica,
Esmoler teve uma visão na qual uma linda mulher mas completamente equivocada e anacrônica.
lhe apareceu, representando a Caridade, e teria lhe A argumentação de Bazot baseia-se na
dito: “Eu sou a filha mais velha do Senhor Rei. Se fundação do Hospital de São João Batista na Terra
você for meu amigo eu o levarei até Ele.”, e que Santa, que supõe ter sido obra de São João
isso teria se tornado sua principal argumentação Esmoler. Ocorre, no entanto, que esse santo
para suas inúmeras obras de beneficência. sequer conheceu este hospital, que por acaso é de
enorme interesse para nossa Ordem. A razão é
muito simples, o hospital foi construído pelo
beato Gerard e Godefroy de Bouilon por volta de
1099, sendo este último o fundador da Ordem
Hospitalatária de São João de Jerusalém, ou
simplesmente Ordem dos Cavaleiros
Hospitalatários, a primeira das Ordens Militares
de Cavalaria, e isto está gravado nos livros de
História. Ora, se São João Esmoler nasceu entre
os anos de 550 e 560, morreu em 616, e o hospital
teve sua construção iniciada em 1099 pelos
Cavaleiros Hospitalatários, não há hipótese de sua
participação neste evento. Além do mais, a
Bazot esclareceu as razões que o levaram primeira das Cruzadas Militares, ordenada pelo
a pensar que São João Esmoler era o verdadeiro Papa Urbano II ocorreu exatamente nesse ano,
Patrono da Maçonaria sob o seguinte argumento: 483 anos após o falecimento do santo, e, aliás,
“Ele deixou seu país e a esperança de um trono ocasião da fundação da Ordem Hospitalatária, ou
para ir à Jerusalém, a quem ele generosamente seja, não havia cavaleiros a serem socorridos em
ajudou e assistiu os cavaleiros peregrinos. Ele Jerusalém na época de São João Esmoler, tendo a

REVISTA UM QUARTO DE HORA – ANO III – NÚMERO 32 – JUNHO DE 2019 15


primeira ocupação de Jerusalém pelos povos recebermos nosso Nome Histórico somos
árabes se dado em 638, 22 anos após sua morte, e batizados pela água, tal qual o Batista fazia; a
do mesmo modo também não havia Templos afirmação de que São João Batista é o Patrono da
Maçônicos em Jerusalém no período em que ele Maçonaria está gravada nas páginas 16 e 18 do
viveu e que pudessem ter sido destruídos pelos Ritual de Aprendiz Maçom do Rito Adonhiramita
“bárbaros” e reconstruídos pelo santo. Ou seja, publicado pelo GOB em 2009, numa transcrição
um anacronismo comprovado historicamente. da Compilação Preciosa da Maçonaria editada em
Também é desnecessário dizer que 1781 na Filadélfia (EUA); também há certa
considerar a caridade como único objetivo da semelhança, ou coincidência, entre a forma com
Maçonaria é demonstrar incompreensão e que executamos o Sinal do Grau (gutural) e o
desprezo pela nossa Doutrina. martírio do Batista, além desse santo ser
Afirmar que São João Esmoler voltou à considerado padroeiro das doenças da garganta e
sua terra natal e transformou a Ordem dos das cordas vocais.
Cavaleiros Hospitalatários em Ordem de Malta é
o mesmo que afirmar que inventaram a máquina
do tempo e rasgar os livros de História. A
Soberana Ordem Militar dos Cavaleiros
Hospitalatários de São João de Jerusalém de
Rodes e de Malta ganhou essa denominação em
1530, 914 anos após a morte de São João Esmoler,
que não foi canonizado pelo Vaticano com o
nome de São João de Jerusalém, e que sequer é
padroeiro de Chipre, cujo patrono é São Barnabé.
Ao que parece há mais mitos que comprovações
históricas.
Outro equívoco é supor que a Ordem de
Malta, versão atual da Ordem dos Cavaleiros
Hospitalatários, tenha como patrono São João
Esmoler, e nesse sentido, se a fala do Papa João
Paulo II em 24 de janeiro de 1999, quando ao se
dirigir aos próprios Cavaleiros de Malta presentes
numa solenidade se refere a São João Batista
como seu patrono, não for suficiente para esse
convencimento, talvez uma visita à página oficial
da Ordem de Malta na internet dissipe
definitivamente qualquer dúvida.
Mesmo desconhecendo os fatos narrados Por fim, o mais relevante de tudo é que
anteriormente, nós, maçons praticantes do Rito São João Batista nasceu em Aim Karim, distrito
Adonhiramita não deveríamos ter nenhuma de Jerusalém distante cerca de 6Km do centro, e
dúvida quanto à identidade do Patrono da São João Esmoler nasceu em Amathus, no Chipre
Maçonaria, e sem a necessidade de efetuar – São João Batista é de Jerusalém e São João
qualquer pesquisa, senão vejamos: Esmoler é de Chipre.
Abrimos o Livro da Lei recitando os Assim, a afirmação de que São João
versículos 6 a 9 do capítulo I do Evangelho de São Batista não é o São João de Jerusalém citado nos
João que se refere a São João Batista; ao Rituais tanto dos Graus Simbólicos quanto dos
Superiores é falsa e equivocada, bem como a

REVISTA UM QUARTO DE HORA – ANO III – NÚMERO 32 – JUNHO DE 2019 16


teoria de que um é Patrono dos Graus Simbólicos Guido, mestre do coro da Catedral D’Arezzo, na
e o outro dos Graus ditos Filosóficos, porque os Toscana (Itália), por volta de 1030, que utilizou
Ritos, mesmo que possuam número de Graus as primeiras sílabas dos versos (grifadas no
distintos, são uma coisa só, do primeiro ao último, texto) para nomear as sete notas musicais. A nota
ou seja, Maçonaria. SI é formada pelas inicias de Sancte Ioannes.
Não tenho a presunção de ter esgotado a Mais tarde, no século XVII, o músico Doni,
matéria neste artigo, ou mesmo a pretensão e ter também italiano, substituiu o nome da nota UT
convencido os Irmãos, mas tenho plena convicção por DÓ.
de que se não obtive êxito foi exclusivamente pela
minha inabilidade em expor os argumentos, e não Bilbiografia:
por ausência de comprovação histórica.
Salve São João Batista! Ritual do Grau 1, Aprendiz Maçom, Rito
Adonhiramita, Grande Oriente do Brasil, edição
UT QUEANT LAXIS (Para que possam) 2009;
RESONARE FIBRIS (ressoar as) Compilação Preciosa da Maçonaria
MIRA GESTORUM (maravilha dos teus Adonhiramita, tradução efetuada pela ARLS
feitos) Gilvan Barbosa, Oriente de Campina Grande, PB,
FAMULI TUORUM (com largos cantos) 1989;
SOLVE POLLUTI (apaga os erros) The Constitutions of Free-Masons, Philadelfia,
LABI REATUM (dos lábios manchados) 1734 (Constituições de Anderson);
SANTE IOANNES (Oh São João)¹ www.orderofmalta.int (página oficial da
Soberana Ordem de Malta);
NA: ¹ Canção escrita em latim em homenagem a https://w2.vatican.va (página oficial da Santa Sé)
São João Batista, criada pelo monge italiano

REVISTA UM QUARTO DE HORA – ANO III – NÚMERO 32 – JUNHO DE 2019 17


A literatura dedicada ao Rito Adonhiramita é
escassa, o que devemos considerar uma consequência
natural em virtude da desproporção existente entre o número
de praticantes de nosso Rito, se comparado ao Rito Escocês
Antigo e Aceito, recordista de publicações no Brasil, por exemplo.
No entanto, existem peculiaridades – se não houvesse não
haveria Ritos – e esta lacuna acaba por dificultar o entendimento dos
fundamentos, principalmente relacionados à nossa liturgia e ritualística,
tanto para Aprendizes quanto para os Mestres mais experientes.
Por outro lado, com a profusão do fenômeno de comunicação denominado
internet, a oferta de informações obtida através do mais simples mecanismo de busca
é espantosa, e aí surge a indagação: o que é confiável?
Por essa razão, a Revista UM QUARTO DE HORA se propõe a divulgar
publicações de autores confiáveis, cuja leitura de suas obras em nosso entendimento irá
auxiliar os Maçons praticantes de nosso Rito na formação de juízo acerca de nossa sublime
Doutrina.
Nossa Revista não possui qualquer fim lucrativo, e, portanto, as matérias publicadas aqui não
têm o objetivo de promover autores ou editoras em especial, pretendemos apenas sugerir a leitura de obras
que possam proporcionar algo de bom, de útil e de glorioso.

A MAÇONARIA E A CABALA
A Árvore e a Loja

João Anatalino Rodrigues ocupar um lugar de destaque na


é um dos autores brasileiros e moderna filosofia ocidental.
atuais que melhor representam a É uma obra dedicada ao
corrente mística da Ordem. Maçom que entende que a
Seus livros atraem por Maçonaria é mais que uma
abordar e associar diversas escola de valorização de
correntes de pensamento místico conceitos éticos e morais.
e filosófico à Doutrina Maçônica. A MAÇONARIA E A
Nesta obra o autor se CABALA, A Árvore e a Loja,
propõe numa linguagem simples A Influência da Cabala nos
e direta a expor não apenas a Ritos Maçônicos, de João
influência que a doutrina Anatalino Rodrigues, editado
esotérica judaica exerceu na Maçonaria moderna pela Editora Madras, é a leitura recomendada da
e na formação dos diversos Ritos Maçônicos, mas revista UM QUARTO DE HORA deste mês.
também demonstra como a Cabala passou a

REVISTA UM QUARTO DE HORA – ANO III – NÚMERO 32 – JUNHO DE 2019 18


MÊS DIA GRAU CLASSIFICAÇÃO

JANEIRO Suspensão dos Trabalhos


FEVEREIRO 1 1 Sessão de Finanças
1 Suspensão dos Trabalhos
8 1 Sessão Ordinária
MARÇO 15 1 Sessão Ordinária
23 3 Oficina Eleitoral
29 1 Sessão Ordinária
5 3 Sessão Ordinária
12 1 Sessão Ordinária
ABRIL
19 Suspensão dos Trabalhos
26 Suspensão dos Trabalhos
3 1 Sessão Ordinária
10 1 Sessão Ordinária
MAIO 17 1 Sessão de Finanças
24 3 Oficina Eleitoral – Administração 2019-2021
31 1 Sessão Ordinária
7 1 Sessão Ordinária
14 1 Sessão Magna de Instalação e Posse
JUNHO
21 Suspensão dos Trabalhos
28 1 Sessão Ordinária

Observações:
a) O Calendário poderá sofrer alterações em conformidade com a necessidade dos Trabalhos

12 Grau de Aprendiz Maçom


0 Grau de Companheiro Maçom
3 Grau de Mestre Maçom
4 Trabalhos Suspensos

REVISTA UM QUARTO DE HORA – ANO III – NÚMERO 32 – JUNHO DE 2019 19


REVISTA UM QUARTO DE HORA – ANO III – NÚMERO 32 – JUNHO DE 2019 20
Aug e Resp Loj Simb SCRIPTA ET VERITAS, N° 1.641
Grande Benfeitora da Ordem – Fundada em 10.09.1965
Federada ao Grande Oriente do Brasil – GOB
Jurisdicionada ao Grande Oriente do Brasil no Rio de Janeiro – GOB-RJ
RITO ADONHIRAMITA
Palácio Maçônico da Rua do Lavradio, n°97, Templo n°6, Centro, Oriente do Rio de Janeiro
Sessões todas as sextas-feiras, às 19:30h

COMPOSIÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO
BIÊNIO 2017 – 2019 EV

SWAMI CAETANO DASILVA


Venerável Mestre
FERNANDO SANTOS PEDROZA DE ANDRADE SIDNEY COELHO DE CARVALHO
1° Vigilante 2° Vigilante
SERGIO ANTONIO MACHADO EMILIÃO ARLINDO JORGE DE CAMPOS
Orador Secretário
REYNALDO PASSOS CALAZA ISAAC DOMINGOS DA SILVA
Tesoureiro Chanceler

COMPOSIÇÃO DOS DEMAIS CARGOS

HENRIQUE DA SILVA PEREIRA


Cobridor Interno
CARLOS ALBERTO BORGES DA SILVA PAULO EDUARDO MIRANDA CUNHA
Mestre de Cerimônias Hospitaleiro
THIAGO DE ASSIS SOUZA FLAMARION GOMES TAVARES
Arquiteto 2° Experto
ALBERTO JOSÉ PINHEIRO GRAÇA LEONARDO HERMÍNIO EPEL
Mestre de Harmonia Porta Estandarte
LUÍS CLÁUDIO PEREIRA DERBLY
Porta Bandeira
LEONARDO HERMÍNIO EPEL
Garante de Amizade – Manitoba – Canadá
WINSTON DE MATTOS
Deputado Estadual

REVISTA UM QUARTO DE HORA – ANO III – NÚMERO 32 – JUNHO DE 2019 21


Você, Amado Irmão, praticante de qualquer Rito
Maçônico, e não apenas o Adonhiramita, membro regular de
outras Lojas, e que tem prestigiado esta publicação, não se sente
também impelido a participar de nossa empreitada?
Nossa revista, como o Amado Irmão bem sabe, não possui
qualquer finalidade lucrativa ou comercial, e não tem outro objetivo que
não seja o de fomentar o debate e a pesquisa sobre a Doutrina de nossa
sublime Ordem, exercendo desta forma, e ao mesmo tempo, a máxima do
Livre Pensamento, permitindo aos Amados Irmãos tornarem públicas suas ideias
sobre a simbologia e a História de nossa Ordem, além de estimular a prática do nobre
ideal de todos os Maçons de “aprender para saber, e saber para ensinar”.
Se este também é seu sentimento, e o Amado Irmão possui alguma Peça de
Arquitetura que gostaria de compartilhar com outros Maçons, junte-se a nós!
Neste sentido, a ARLS SCRIPTA ET VERITAS, n° 1.641, Grande Benfeitora
da Ordem, não apenas abre as portas de nosso sagrado Templo para honradamente receber o Amado
Irmão em nossas Sessões nos auxiliando em nossos Trabalhos, mas também franqueia as
páginas da revista digital UM QUARTO DE HORA, para publicação de sua opinião sobre
qualquer tema de interesse Maçônico relacionado ao Grau de Aprendiz Maçom.
Para que seu texto seja publicado em nossa revista basta enviá-lo em meio digital para o
endereço eletrônico “quartodehora@scriptaetveritas.com.br”, acompanhado de uma fotografia sua nos
formatos JPEG ou PNG, e um pequeno currículo maçônico nos moldes do exemplo abaixo:

NOME CIVIL (PROFANO)


Nome Histórico (se for o caso)
Grau Maçônico
Loja a que Pertence e Oriente
Rito que pratica
Data da Iniciação
Comendas e condecorações

Não hesite! Sozinhos nada podemos, mas juntos de tudo somos capazes! Esperamos por você
em nosso próximo número!

Fraternalmente,

SERGIO EMILIÃO
Editor

REVISTA UM QUARTO DE HORA – ANO III – NÚMERO 32 – JUNHO DE 2019 22


A presente publicação foi produzida com o software
Microsoft Office Professional Plus 2013©, utilizando as fontes
Calibri e Times New Roman, corpos 12, 16, e 24 em espaçamento
simples.
As imagens utilizadas foram retiradas da internet, sendo portanto
de domínio público; e dos CD ROMs da série “Clipart Maçônica”
comercializados pela empresa Arte da Leitura, e editadas com a utilização do
software gráfico vetorial CorelDRAW X8©.
As fotografias dos AAm IIrm foram colhidas no acervo fotográfico da
Loja, ou disponibilizadas pelos próprios Amados Irmãos.
O conteúdo da publicação é Iniciático e não pode ser divulgado no meio profano.
Comentários, críticas, sugestões e colaborações de textos podem ser encaminhados
Para o e-mail: quartodehora@scriptaet.com.br.

UM QUARTO DE HORA é uma publicação periódica e sem fins lucrativos, editada pela
Augusta e Respeitável Loja Simbólica SCRIPTA ET VERITAS, N° 1641, Grande Benfeitora da
Ordem, praticante do Rito Adonhiramita, fundada em 10 de setembro de 1965, federada ao
Grande Oriente do Brasil – GOB, e jurisdicionada ao Grande Oriente do Brasil no Rio de Janeiro
– GOB-RJ. A Loja funciona todas as sextas-feiras, às 19:30 horas, no Templo n° 6 do Palácio
Maçônico da Rua do Lavradio, n° 97, Centro, Rio de Janeiro, RJ.

Edições anteriores podem ser solicitadas pelo Amado Irmão através do nosso e-mail
quartodehora@scriptaetveritas.com.br, ou ainda baixadas diretamente do nosso site
www.scriptaetveritas.com.br.

Capa: São João Batista – Leonardo da Vinci


Arte, compilação, revisão e diagramação – Sergio Emilião

Rio de Janeiro, junho de 2019 EV

Visite nossa página na internet em www.scriptaetveritas.com.br

DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
NÃO PODE SER VENDIDO

REVISTA UM QUARTO DE HORA – ANO III – NÚMERO 32 – JUNHO DE 2019 23

Você também pode gostar