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Faculdade Teológica Batista de Brasília 1

História da Igreja e da Teologia


Prof. Esp. Marlon Meira

O que você aprenderá


● Como Jesus Cristo cumpriu a sua promessa na Grande Comissão de
estar com a sua Igreja "todos os dias até à consumação do século".
● Os períodos e acontecimentos mais relevantes da história do Cristianismo.
● Os personagens mais importantes dessa história com os seus erros e
acertos.
● A identificar as práticas atuais da sua igreja com o desenvolvimento da
história eclesiástica.
● A contar uma narrativa da história da Igreja cristã.

Estrutura do curso
O curso está estruturado em 8 aulas. Essa apostila contempla o conteúdo que
será ministrado nessas aulas. Após cada aula, será disponibilizado um teste para
aplicação e reforço do conhecimento adquirido.

FTBB
Brasília/2023
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SUMÁRIO

1. A fundação da igreja a era apostólica .................................................................. 5


2. A defesa da fé: inimigos internos e externos .....................................................10
3. A igreja antiga e a teologia ..................................................................................17
4. A igreja medieval .................................................................................................25
5. A igreja da Reforma .............................................................................................37
6. A contrarreforma e a Reforma Católica..............................................................44
7. A igreja e a revolução científica ..........................................................................47
8. O liberalismo teológico........................................................................................53
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1. A fundação da igreja a era apostólica


A plenitude dos tempos

"A plenitude dos tempos" é uma expressão usada pelo apóstolo Paulo na sua
Epístola aos Gálatas (4:4) na Bíblia. Ele usou essa expressão para se referir ao
momento em que Jesus Cristo nasceu.
Paulo provavelmente estava se referindo ao fato de que, no momento em que
Jesus nasceu, todas as condições eram favoráveis para a propagação do
cristianismo e a realização da missão de Jesus na Terra. O Império Romano havia
estabelecido uma rede de estradas que facilitava as viagens e a comunicação, a
língua grega era amplamente falada na região do Mediterrâneo, e a religião judaica
havia se espalhado por muitas partes do mundo conhecido.
Além disso, muitos judeus estavam esperando a chegada do Messias naquela
época, e a vinda de Jesus foi vista por muitos como o cumprimento dessas profecias.
Assim, Paulo usou a expressão "a plenitude dos tempos" para descrever o momento
exato em que Jesus nasceu, como se fosse o momento perfeito para a realização da
missão divina.

Os líderes da igreja apostólica


Os líderes da igreja apostólica foram os apóstolos escolhidos por Jesus Cristo
para continuar a sua missão depois da sua morte e ressurreição. Os apóstolos foram
os principais líderes da igreja apostólica e foram responsáveis por pregar o
evangelho, estabelecer igrejas e orientar os novos convertidos.

Os líderes mais proeminentes da igreja apostólica foram:


1. Pedro - também conhecido como Simão, era um pescador que se tornou
um dos apóstolos de Jesus. Ele foi o primeiro líder da igreja em Jerusalém e é
considerado pelos católicos como o primeiro papa.
2. Tiago, o Justo - era um parente de Jesus e líder da igreja em Jerusalém. Ele
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foi um dos principais líderes no Concílio de Jerusalém, que decidiu que os gentios
não precisavam seguir todas as leis judaicas para se tornarem cristãos.
3. João - também conhecido como o "discípulo amado", era um dos apóstolos
mais próximos de Jesus e foi o autor do Evangelho de João e do Livro do Apocalipse.
Ele foi um dos líderes da igreja em Éfeso.
4. Paulo - originalmente chamado Saulo, era um perseguidor de cristãos que
se converteu ao cristianismo depois de ter uma visão de Jesus. Ele se tornou um dos
principais líderes da igreja apostólica e foi responsável por espalhar o cristianismo
para muitas partes do mundo conhecido.

Esses líderes foram fundamentais para a propagação do cristianismo na época


apostólica e estabeleceram muitas das tradições e doutrinas que ainda são seguidas
pelas igrejas cristãs hoje em dia.

Mulheres importantes do Novo Testamento

Há várias mulheres importantes no Novo Testamento que têm histórias


significativas e oferecem lições valiosas para os cristãos hoje. Aqui estão algumas
delas:
1. Maria, mãe de Jesus - Maria é a mãe de Jesus Cristo, e sua humildade e
obediência a Deus são exemplos para todos os cristãos. Ela também mostrou
coragem e perseverança durante a crucificação de Jesus.
2. Maria Madalena - Maria Madalena foi uma das discípulas mais próximas de
Jesus e foi a primeira a ver o túmulo vazio na manhã da ressurreição. Ela é uma
testemunha importante da ressurreição de Jesus e da sua mensagem.
3. Marta e Maria - Marta e Maria eram irmãs que hospedaram Jesus em sua
casa. Marta era ativa e trabalhadora, enquanto Maria escolheu sentar-se aos pés de
Jesus e ouvir sua mensagem. Essas irmãs oferecem um exemplo de equilíbrio entre
ação e contemplação.
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4. Ana, profetisa - Ana era uma mulher idosa que passou a maior parte de sua
vida no templo em oração. Quando ela viu Jesus, ela reconheceu sua importância e
profetizou sobre ele. Ela é um exemplo de perseverança e devoção a Deus.
5. Priscila - Priscila era uma líder da igreja em Corinto que trabalhou em
conjunto com seu marido, Áquila, para espalhar o evangelho. Ela é um exemplo de
liderança feminina na igreja primitiva.

Essas mulheres importantes do Novo Testamento nos oferecem exemplos de


devoção, coragem, liderança, perseverança e equilíbrio entre ação e contemplação.
Seus exemplos nos encorajam a seguir a Deus e servir aos outros de forma mais
plena e fiel.

Os pais apostólicos

Os pais apostólicos foram líderes cristãos que viveram durante os primeiros


anos do cristianismo, no período que se segue ao Novo Testamento. Eles foram
chamados de "pais apostólicos" porque muitos deles conheceram ou estavam
diretamente ligados aos apóstolos ou discípulos de Jesus. Eles foram importantes na
defesa da doutrina cristã e no estabelecimento de práticas e tradições da igreja
primitiva.

Os pais apostólicos mais conhecidos incluem:

1. Clemente de Roma - foi um dos primeiros líderes da igreja de Roma após os


apóstolos. Ele escreveu uma carta aos coríntios que é considerada uma das
primeiras obras cristãs além do Novo Testamento.

2. Inácio de Antioquia - foi o bispo de Antioquia e escreveu várias cartas


durante a sua prisão, que são importantes na compreensão da vida da igreja
primitiva.
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3. Policarpo de Esmirna - foi um dos bispos mais importantes da Ásia Menor e


aluno de João, o apóstolo. Ele foi martirizado no início do século II e suas obras são
importantes para a compreensão da liturgia e da teologia cristã primitiva.

4. Justino Mártir - foi um filósofo que se converteu ao cristianismo e se tornou


um defensor da fé. Ele escreveu várias obras em defesa do cristianismo e é
conhecido por ter tentado reconciliar a filosofia grega com a doutrina cristã.

5. Irineu de Lyon - foi um bispo que lutou contra as heresias que ameaçavam a
igreja, especialmente o gnosticismo. Ele é conhecido por ter escrito "Contra as
Heresias", que é uma das obras mais importantes da igreja primitiva.

6. O Pastor, de Hermas - O Pastor de Hermas é um livro cristão do segundo


século, atribuído a Hermas, um dos primeiros líderes da igreja primitiva. O livro é
composto por uma série de visões, parábolas e ensinamentos morais, e é
considerado um dos primeiros exemplos da literatura apocalíptica cristã.
O livro foi muito popular nos primeiros anos do cristianismo e foi amplamente
lido e considerado como uma escritura sagrada em algumas partes da igreja
primitiva. No entanto, não foi incluído no cânon do Novo Testamento.
O Pastor de Hermas enfatiza a necessidade da penitência e do
arrependimento para a salvação e enfatiza a importância da disciplina e da conduta
moral correta. Também contém ensinamentos sobre o papel da igreja, a natureza de
Deus e a importância da paciência e da perseverança. O livro é conhecido por ter
influenciado muitos líderes da igreja primitiva, incluindo Orígenes e Clemente de
Alexandria. Ainda é valorizado hoje como uma fonte importante de estudo da vida e
das crenças dos cristãos primitivos.

7. Didaquê - Didaquê (ou Didache) é um dos primeiros escritos cristãos não-


canônicos que sobreviveram até hoje. É um tratado que contém instruções para a
vida cristã, provavelmente escrito no final do primeiro século ou início do segundo
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século. A palavra "didaquê" é grega e significa "ensinamento" ou "instrução".

O Didaquê é composto por duas partes: a primeira parte contém instruções


morais e éticas para a vida cristã, incluindo ensinamentos sobre o amor a Deus e ao
próximo, o batismo, a oração, o jejum e a Eucaristia; a segunda parte lida com
questões eclesiásticas, incluindo a ordem da igreja, as funções dos líderes da igreja e
a disciplina da igreja.
O Didaquê foi amplamente utilizado na igreja primitiva, e muitos acreditam que
pode ter sido usado como um manual de instrução para novos convertidos. No
entanto, ele não foi incluído no cânon do Novo Testamento e, portanto, não é
considerado uma escritura sagrada pelos cristãos.
Apesar de sua importância histórica e teológica, o Didaquê foi perdido por
muitos séculos e só foi redescoberto em 1873 por um bispo grego na Biblioteca do
Mosteiro de São Catarina, no Monte Sinai, Egito. Desde então, o Didaquê tem sido
estudado por estudiosos cristãos como uma valiosa fonte de informações sobre a
vida e a doutrina cristãs nos primeiros séculos do cristianismo.
Os pais apostólicos foram importantes na definição e estabelecimento da
doutrina e prática cristãs nos primeiros anos da igreja. Suas obras e ensinamentos
continuam a ser estudados e valorizados pelos cristãos de hoje.
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2. A defesa da fé: inimigos internos e


externos
Gnosticismo

O Gnosticismo era um movimento religioso e filosófico que surgiu nos


primeiros séculos do cristianismo. Os gnósticos acreditavam em uma concepção
dualista do mundo, em que a matéria era considerada maligna e o espírito
considerado bom. Eles acreditavam que a salvação era alcançada através do
conhecimento espiritual secreto (gnosis) que lhes permitia transcender a matéria e
atingir o reino divino.
Os gnósticos também tinham uma visão particular sobre a natureza de Jesus
Cristo. Eles acreditavam que ele não era apenas um ser humano, mas sim uma figura
divina que havia vindo a este mundo para ensinar a gnose e libertar as almas do
cativeiro da matéria.
Essas crenças eram consideradas heréticas pela maioria dos cristãos
ortodoxos da época, que acreditavam em uma visão mais tradicional da natureza
divina de Jesus e da salvação pela fé em Jesus Cristo. Além disso, os gnósticos
geralmente rejeitavam as autoridades e instituições cristãs ortodoxas, argumentando
que a verdadeira autoridade religiosa vinha do conhecimento espiritual interior e não
de uma hierarquia clerical.
O gnosticismo era um movimento bastante diverso e fragmentado, com várias
escolas de pensamento e líderes diferentes. Ele foi suprimido pela igreja ortodoxa no
final do segundo século e no início do terceiro século, mas alguns aspectos do
pensamento gnóstico sobreviveram em tradições religiosas posteriores, como o
maniqueísmo e o movimento cátaro.
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Maniqueísmo

O Maniqueísmo foi um movimento religioso que surgiu na Pérsia no século III


d.C. Seu fundador foi o profeta Mani, que afirmou ser o último profeta enviado por
Deus para ensinar a verdadeira religião. A religião maniqueísta combinava elementos
do cristianismo, do zoroastrismo e do gnosticismo.
Os maniqueístas acreditavam em uma concepção dualista do mundo, em que
o bem e o mal eram igualmente poderosos e estavam em constante conflito. Eles
acreditavam que o mundo material era intrinsecamente mau e que a salvação era
alcançada através do conhecimento espiritual secreto que lhes permitia escapar da
prisão da matéria.
O maniqueísmo teve um impacto significativo na história da igreja,
especialmente na África do Norte e na Europa durante os séculos IV e V. O
movimento foi particularmente popular entre os cristãos que procuravam um modo
de reconciliar a natureza aparentemente dualista do mundo com sua fé em um Deus
bom e todo-poderoso.
No entanto, o maniqueísmo foi considerado herético pela igreja cristã
ortodoxa, que o condenou por suas crenças dualistas, por sua rejeição da
ressurreição corporal e por sua negação da liberdade humana. O movimento foi
suprimido pela igreja e pelos governos romanos e bizantinos, e seus seguidores
foram perseguidos e mortos. O maniqueísmo sobreviveu em algumas áreas por
alguns séculos, mas acabou desaparecendo como uma religião organizada.

Neoplatonismo

O Neoplatonismo foi um movimento filosófico que surgiu na Grécia Antiga no


terceiro século d.C. Ele se baseava na filosofia de Platão, mas também incorporava
elementos de outras tradições filosóficas e religiosas, como o estoicismo e o
misticismo oriental.
No contexto da igreja cristã, o Neoplatonismo teve uma influência significativa
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sobre os primeiros teólogos cristãos, especialmente Agostinho de Hipona e Pseudo-


Dionísio, o Areopagita. Eles encontraram no Neoplatonismo uma linguagem filosófica
útil para expressar suas próprias ideias teológicas, bem como uma estrutura
conceitual para entender a relação entre Deus e o mundo.
Os neoplatônicos acreditavam em uma hierarquia de seres divinos, com o Um
(ou o Bem) como a fonte suprema de tudo o que existe. Eles acreditavam que a alma
humana era capaz de transcender o mundo material e alcançar a união mística com
o divino. Essas ideias tiveram um impacto significativo sobre a teologia cristã,
especialmente na concepção da Trindade e da relação entre Deus e o mundo.
No entanto, alguns cristãos ortodoxos criticaram o Neoplatonismo por suas
ideias panteístas e por sua ênfase na contemplação e na experiência mística em
detrimento da fé e da moralidade. Além disso, alguns argumentaram que a teologia
cristã devia se basear nas Escrituras e na tradição da igreja em vez de se basear em
ideias filosóficas estrangeiras.

Erros dentro da igreja

Marcionismo

O Marcionismo foi um movimento religioso do século II d.C., fundado por


Marcion, um rico marinheiro e teólogo cristão de Sinope, na Ásia Menor. Ele propôs
uma nova forma de cristianismo que divergia do que era praticado na igreja primitiva.
Marcion acreditava em uma visão dualista do mundo, em que havia dois
deuses distintos: um deus do Antigo Testamento, que ele via como um deus vingativo
e cruel, e outro deus do Novo Testamento, que ele via como um deus de amor e
misericórdia. Ele rejeitou a maioria dos escritos do Antigo Testamento, argumentando
que eles retratavam um deus diferente do Deus de Jesus Cristo. Da mesma forma,
ele aceitava apenas algumas das epístolas de Paulo e o Evangelho de Lucas, que
haviam sido revisados para se adequar à sua teologia.
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O movimento de Marcionismo cresceu em popularidade em várias partes do


Império Romano, mas foi considerado herético pela igreja cristã ortodoxa. O
movimento foi suprimido por líderes da igreja e por governantes romanos que viam a
doutrina como uma ameaça à unidade e à autoridade do Império.
No entanto, as ideias de Marcion tiveram um impacto duradouro na igreja
cristã, pois a rejeição do Antigo Testamento e a ênfase em um deus de amor e
misericórdia continuam a influenciar a teologia cristã em muitas tradições até hoje.

Ebionismo

O Ebionismo foi um movimento religioso judaico-cristão que se desenvolveu


no século I d.C., provavelmente na região da Judeia. Os ebionitas acreditavam que
Jesus era o Messias prometido pelos profetas judeus, mas não o consideravam
divino. Em vez disso, eles o viam como um profeta humano enviado por Deus para
liderar os judeus de volta à observância estrita da lei mosaica.
Os ebionitas observavam rigorosamente a lei judaica e rejeitavam a maioria
das doutrinas cristãs ortodoxas, incluindo a divindade de Jesus, a Trindade e a
ressurreição corporal. Eles acreditavam que a salvação só podia ser alcançada
através da obediência à lei de Moisés e das obras de caridade. Alguns ebionitas
também se opuseram ao apóstolo Paulo, considerando-o um apóstata que havia
corrompido a mensagem original de Jesus.
O Ebionismo foi um dos primeiros movimentos cristãos não ortodoxos e teve
uma presença significativa em Jerusalém e outras partes do Oriente Médio no
primeiro século d.C. No entanto, o movimento foi rejeitado pela igreja cristã ortodoxa,
que defendia a divindade de Jesus e a importância da graça divina para a salvação.
Com o tempo, o Ebionismo perdeu força e desapareceu como um movimento
distintivo, mas suas ideias influenciaram algumas correntes do judaísmo e do
cristianismo ao longo da história.
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Montanismo

O Montanismo foi um movimento religioso cristão que surgiu no final do


segundo século d.C., na região da Frígia, na Ásia Menor. Foi fundado por Montano,
um profeta cristão que afirmava ser o porta-voz do Espírito Santo.
Os montanistas acreditavam em um cristianismo mais radical e ascético do
que o praticado pela igreja cristã ortodoxa da época. Eles enfatizavam a necessidade
de arrependimento e santidade pessoal, bem como a importância dos dons do
Espírito Santo, como profecia e glossolalia (falar em línguas). Eles também
acreditavam que o fim do mundo estava próximo e que a Nova Jerusalém seria
estabelecida na região da Frígia.
O movimento montanista cresceu rapidamente em popularidade em toda a
Ásia Menor e chegou até Roma. No entanto, ele foi condenado pela igreja cristã
ortodoxa por seus excessos, incluindo a aceitação de profecias não bíblicas, a
rejeição da autoridade dos bispos e a insistência em um ascetismo rigoroso.
Embora o Montanismo tenha diminuído em importância após sua condenação
pela igreja, suas ideias influenciaram o pensamento cristão em várias áreas, incluindo
a ênfase na autoridade do Espírito Santo, o desenvolvimento da teologia da Trindade
e a importância da vida espiritual pessoal.

As perseguições imperiais

As perseguições do Império Romano contra os cristãos foram uma série de


eventos que ocorreram entre os séculos I e IV d.C. e que se intensificaram durante o
século III. Durante esse período, os cristãos foram alvo de perseguições em todo o
Império, muitas vezes por ordem dos imperadores romanos.
As perseguições incluíam a prisão, tortura, exílio e morte dos cristãos. Muitas
vezes, os cristãos eram acusados de crimes que não cometeram, como incêndios e
envenenamentos, ou de ofensas religiosas, como a recusa em oferecer sacrifícios
aos deuses romanos. Em alguns casos, eles também foram alvo de tumultos
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populares, especialmente em cidades onde o cristianismo era visto como uma


ameaça à tradição e à estabilidade social.
As perseguições atingiram seu auge durante o reinado do imperador
Diocleciano (284-305 d.C.), que lançou uma campanha sistemática contra os cristãos
em todo o Império. Durante essa campanha, as igrejas foram destruídas, os cristãos
foram torturados e mortos, e as Escrituras cristãs foram queimadas.
No entanto, as perseguições não conseguiram erradicar o cristianismo, que
continuou a crescer e se espalhar. Em 313 d.C., o imperador Constantino emitiu o
Edito de Milão, que concedeu liberdade religiosa aos cristãos e pôs fim às
perseguições. A partir daí, o cristianismo se tornou a religião dominante do Império
Romano e teve um papel fundamental na formação da cultura e da civilização
ocidental.

Principais apologistas e seus escritos

Os apologistas da igreja antiga foram líderes cristãos que se dedicaram a


defender a fé cristã e refutar as acusações e críticas dos seus adversários,
especialmente os filósofos e pensadores pagãos.

Alguns dos principais apologistas da igreja antiga e seus principais escritos


são:

1. Justino Mártir (c. 100-165 d.C.): Autor de duas Apologias e um Diálogo com
o judeu Trifão, onde defende a crença cristã contra as acusações de ateísmo,
imoralidade e subversão política.
2. Tertuliano (c. 155-240 d.C.): Autor de várias obras, incluindo Apologia e
Contra Marcion, onde defende a ortodoxia cristã contra as heresias e as críticas dos
filósofos pagãos.
3. Irineu de Lyon (c. 130-202 d.C.): Autor de Adversus Haereses, onde refuta
as heresias gnósticas e defende a ortodoxia cristã.
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4. Clemente de Alexandria (c. 150-215 d.C.): Autor de Stromata, onde defende


a relação entre a filosofia grega e o cristianismo.
5. Orígenes (c. 185-254 d.C.): Autor de Contra Celsum, onde defende a fé
cristã contra as acusações do filósofo pagão Celso.
6. Atanásio de Alexandria (c. 296-373 d.C.): Autor de Contra os Gentios e
Contra os Arianos, onde defende a divindade de Cristo e a doutrina da Trindade.
7. Agostinho de Hipona (354-430 d.C.): Autor de várias obras, incluindo A
Cidade de Deus e Confissões, onde defende a fé cristã contra as críticas dos filósofos
pagãos e dos adversários heréticos.

Esses apologistas e suas obras desempenharam um papel importante na


defesa e na expansão do cristianismo durante a igreja antiga. Suas reflexões e
argumentos continuam a influenciar a teologia e a apologética cristãs até hoje.
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3. A igreja antiga e a teologia

A natureza pré-encarnada de Jesus Cristo Arianismo

O arianismo foi uma heresia cristã que surgiu no século IV d.C. e que negava a
doutrina da Trindade, ou seja, a crença na divindade de Cristo e no Espírito Santo
como pessoas da mesma substância divina do Pai. Seu nome vem do teólogo
Alexandria, Ário, que foi seu principal defensor.
Segundo a doutrina ariana, Jesus Cristo era uma criatura divina, mas não
Deus em si mesmo, como o Pai. Eles acreditavam que Cristo foi criado pelo Pai antes
do tempo, e que Ele era inferior ao Pai em natureza e dignidade. O arianismo
argumentava que a Trindade negava a unidade de Deus, e que a doutrina da
Trindade deveria ser substituída pela crença em um Deus único, com Cristo como
Sua criatura.
O arianismo foi amplamente combatido por líderes cristãos ortodoxos, como
Atanásio de Alexandria, que defendiam a doutrina da Trindade como essencial para a
fé cristã. A controvérsia ariana foi um dos principais debates teológicos da igreja
antiga, e teve grande impacto na formulação da doutrina cristã. Em 325 d.C., o
Concílio de Niceia condenou o arianismo como heresia e afirmou a crença na
Trindade como doutrina oficial da igreja. No entanto, o arianismo continuou a existir
em algumas áreas da igreja, especialmente entre as tribos germânicas, até o século
VIII d.C.

Concílio de Niceia (325)

O Concílio de Niceia foi um importante concílio ecumênico da Igreja Cristã,


realizado em 325 d.C. na cidade de Niceia, na atual Turquia. O concílio foi convocado
pelo imperador romano Constantino para resolver a controvérsia a respeito da
natureza de Jesus Cristo.
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Na época, havia uma controvérsia acerca da relação entre Jesus Cristo e


Deus Pai. Enquanto alguns acreditavam que Jesus era coeterno e consubstancial (da
mesma substância) com o Pai, outros acreditavam que Jesus era uma criatura divina,
mas não era da mesma natureza ou substância que o Pai.
Concílio de Niceia rejeitou a ideia de que Jesus era uma criatura divina, e
afirmou que ele era coeterno e consubstancial com o Pai. Foi elaborado um credo (a
chamada "Profissão de Fé de Niceia"), que se tornou um dos mais importantes
documentos doutrinários da Igreja Cristã, e que é ainda hoje utilizado em muitas
denominações cristãs.
O Concílio de Niceia também estabeleceu as bases para a organização da
Igreja Cristã, com a definição da autoridade dos bispos e a criação de um sistema de
tribunais eclesiásticos. Foi ainda proibida a celebração da Páscoa em datas
diferentes das estabelecidas pelo Concílio.
O Concílio de Niceia é considerado um dos mais importantes concílios da
Igreja Cristã, e teve um impacto significativo na história da religião e da cultura
ocidental.

Os três capadócios

Os três capadócios foram três líderes cristãos da Capadócia, na Ásia Menor,


que viveram no século IV d.C. Eles foram Basílio de Cesareia, Gregório de Nazianzo e
Gregório de Nissa.
Os três capadócios foram importantes por suas contribuições para a teologia
cristã, especialmente na formulação da doutrina da Trindade e na defesa do
cristianismo ortodoxo contra heresias como o arianismo. Eles foram responsáveis por
elaborar uma teologia trinitária que enfatizava a igualdade e a distinção entre as três
pessoas divinas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Eles argumentavam que cada
pessoa da Trindade era uma pessoa completa e única, e que a relação entre elas era
uma relação de amor mútuo.
Basílio de Cesareia é considerado um dos fundadores do monasticismo cristão
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oriental, enquanto Gregório de Nazianzo é lembrado como um grande orador e poeta


cristão, bem como por sua defesa da divindade do Espírito Santo. Gregório de Nissa
também contribuiu para a formulação da doutrina da Trindade, além de ter escrito
sobre a natureza humana e a salvação.
Os três capadócios influenciaram profundamente a teologia cristã e sua obra
foi fundamental na elaboração da doutrina cristã no período pós-niceno. Eles foram
responsáveis por estabelecer os fundamentos da doutrina da Trindade que é aceita
pela maioria das denominações cristãs até os dias de hoje.

Concílio de Constantinopla (381)

O Concílio de Constantinopla, realizado em 381 d.C., foi um concílio


ecumênico da Igreja Cristã que teve como objetivo principal a definição da doutrina
cristã em relação à divindade do Espírito Santo.
O concílio foi convocado pelo imperador Teodósio I, e reuniu mais de 150
bispos de diversas partes do mundo cristão. O principal objetivo do concílio era
resolver a questão da heresia macedoniana, que negava a divindade do Espírito
Santo, e afirmava que ele era uma criatura divina, inferior ao Pai e ao Filho.
O Concílio de Constantinopla confirmou a doutrina da Trindade, que afirmava
a igualdade de Pai, Filho e Espírito Santo, e que os três eram distintos, mas
inseparáveis. Além disso, o concílio também estabeleceu a autoridade do Credo
Niceno-Constantinopolitano, que sintetizava a doutrina cristã em relação à Trindade e
à divindade de Jesus Cristo.
O Concílio de Constantinopla também definiu a hierarquia da Igreja Cristã,
estabelecendo que o bispo de Constantinopla teria a mesma autoridade do bispo de
Roma, e que seria considerado o segundo mais importante da Igreja depois do bispo
de Roma.
O Concílio de Constantinopla é considerado um dos mais importantes
concílios ecumênicos da Igreja Cristã, e teve um papel fundamental na definição da
doutrina cristã em relação à Trindade e à divindade do Espírito Santo.
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A escola de Alexandria

A Escola de Alexandria foi uma importante escola teológica e filosófica cristã


que surgiu na cidade de Alexandria, no Egito, durante os primeiros séculos da era
cristã. Fundada por cristãos como Panteno e Clemente de Alexandria, a escola teve
como principal figura o teólogo Orígenes, que a liderou no século III.
A escola de Alexandria combinou elementos do pensamento filosófico grego
com a teologia cristã, enfatizando a interpretação alegórica das escrituras e a busca
do conhecimento divino através da razão. Orígenes em particular, desenvolveu uma
teologia complexa e altamente especulativa, baseada em uma interpretação alegórica
das Escrituras e na filosofia platônica. Ele acreditava que o objetivo final da vida era a
união com Deus e que isso poderia ser alcançado através da ascensão espiritual.
A escola de Alexandria também se destacou por sua ênfase na educação, e
seus líderes acreditavam que a educação era essencial para a formação do caráter
cristão. Eles estabeleceram uma biblioteca e uma escola de teologia em Alexandria,
que se tornaram centros de estudo para cristãos de todo o mundo.
A escola de Alexandria teve uma grande influência na teologia cristã,
especialmente na Igreja Oriental. Suas ideias sobre a interpretação alegórica das
Escrituras e a relação entre fé e razão continuaram a ser discutidas e debatidas ao
longo da história da igreja.

Apolinarismo

O Apolinarismo foi uma heresia cristológica que surgiu no final do século IV,
liderada pelo bispo Apolinário de Laodiceia. A heresia afirmava que Jesus Cristo,
embora fosse divino, não possuía uma alma humana racional, em vez disso, sua
natureza humana era substituída pela divina.
Apolinário acreditava que a união de Deus com a humanidade em Jesus Cristo
só poderia ser alcançada se o aspecto humano fosse reduzido. Ele argumentava que
a mente de
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Cristo era divina e que, portanto, ele não possuía uma mente humana racional.
Essa crença negava a plena humanidade de Cristo e colocava em risco a doutrina da
encarnação.
O Apolinarismo foi condenado pelo Concílio de Constantinopla em 381 d.C. e
novamente pelo Concílio de Calcedônia em 451 d.C. Esses concílios afirmaram que
Jesus Cristo possuía uma natureza divina e uma natureza humana completa,
incluindo uma alma humana racional, sem confundir ou misturar essas naturezas. A
doutrina da encarnação é uma das mais importantes da teologia cristã, e o
Apolinarismo representa uma das tentativas mais significativas de distorcer essa
doutrina.

A escola de Antioquia

A Escola de Antioquia foi uma escola teológica e exegética que surgiu na


cidade de Antioquia, na Síria, no final do século IV. A escola era conhecida por sua
abordagem literal e histórica da interpretação bíblica e teologia, em contraste com a
Escola de Alexandria, que favorecia alegorias e especulações filosóficas.
A escola de Antioquia enfatizava a importância da linguagem e da cultura na
interpretação das Escrituras, procurando entender o significado original dos textos
bíblicos em seus contextos históricos e culturais. Eles acreditavam que a
interpretação bíblica deveria ser baseada em uma análise cuidadosa do texto e da
gramática, em vez de alegorias e especulações filosóficas.
Entre os principais representantes da Escola de Antioquia estão Teodoro de
Mopsuéstia, João Crisóstomo e Teodoreto de Cirro. Eles se concentraram em
questões como a natureza de Deus, a encarnação de Cristo e a salvação. Eles
acreditavam que a salvação era alcançada através da graça de Deus, mas também
exigia a cooperação humana.
A escola de Antioquia teve uma influência significativa na teologia e exegese
cristãs e ajudou a estabelecer a abordagem literal e histórica da interpretação bíblica,
que continua a ser uma das principais abordagens da exegese até os dias atuais.
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Nestorianismo

O Nestorianismo foi uma doutrina cristológica que surgiu no século V, que


afirmava que Cristo existia como duas pessoas distintas, uma humana e outra divina,
unidas em uma única natureza moral ou ética. Essa doutrina foi promovida por
Nestório, patriarca de Constantinopla, e seus seguidores, e gerou uma grande
controvérsia na Igreja.
Os seguidores do Nestorianismo acreditavam que Maria era a mãe apenas da
natureza humana de Cristo, e não da natureza divina. Eles argumentavam que a
união entre as duas naturezas de Cristo era meramente moral ou ética, e não
substancial, o que levou alguns a afirmarem que havia duas pessoas distintas em
Cristo.
Essa doutrina foi amplamente rejeitada pelos líderes da Igreja, que
argumentaram que a natureza humana e a divina de Cristo estavam unidas de forma
substancial e inseparável em uma única pessoa. O Concílio de Éfeso, em 431,
condenou o Nestorianismo como uma heresia, e Nestório foi deposto e exilado.
Apesar de sua condenação pela Igreja, o Nestorianismo continuou a ter
seguidores, especialmente nas igrejas do Oriente Médio e da Ásia, e influenciou o
desenvolvimento do cristianismo nestas regiões.

Eutiquianismo

O Eutiquianismo, também conhecido como Monofisismo, foi uma doutrina


cristológica que surgiu no século V, que afirmava que a natureza divina de Cristo
absorveu completamente sua natureza humana, resultando em uma única natureza
divina.
Essa doutrina foi promovida por Eutiques, um monge de Constantinopla, e
seus seguidores, e gerou uma grande controvérsia na Igreja. Os seguidores do
Eutiquianismo acreditavam que a união entre as duas naturezas de Cristo era tão
completa que a natureza humana de Cristo havia sido absorvida pela natureza divina,
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tornando-se uma só natureza.


Essa doutrina foi amplamente rejeitada pelos líderes da Igreja, que
argumentaram que Cristo possuía duas naturezas distintas e que ambas estavam
unidas em uma única pessoa, sem que uma fosse absorvida pela outra. O Concílio de
Calcedônia, em 451, condenou o Eutiquianismo como uma heresia e afirmou a
doutrina da união hipostática, que afirma que Cristo é uma pessoa divina com duas
naturezas distintas e inseparáveis.
Apesar de sua condenação pela Igreja, o Eutiquianismo teve seguidores
persistentes, especialmente nas igrejas do Oriente Médio e da Ásia, e influenciou o
desenvolvimento do cristianismo nestas regiões.

O Concílio de Calcedônia (451)

O Concílio de Calcedônia, realizado em 451 na cidade de Calcedônia, na Ásia


Menor, foi um importante concílio ecumênico da Igreja Cristã primitiva. Foi
convocado pelo Imperador Marciano para solucionar controvérsias teológicas e
questões de autoridade dentro da Igreja.
O concílio foi convocado para resolver a controvérsia cristológica sobre a
natureza de Cristo, que havia sido debatida em concílios anteriores. O concílio
afirmou a doutrina da união hipostática, que afirmava que Cristo é uma única pessoa
divina com duas naturezas distintas e inseparáveis: uma natureza humana completa e
uma natureza divina completa.
O Concílio de Calcedônia também definiu a hierarquia das Igrejas e reafirmou
a autoridade de Roma como a igreja-mãe e principal referência de fé para todas as
outras igrejas. O concílio também condenou diversas heresias, incluindo o
Eutiquianismo e o Nestorianismo.
O Concílio de Calcedônia é considerado um dos mais importantes concílios da
Igreja Cristã, e sua doutrina da união hipostática continua sendo aceita pelas
principais tradições cristãs até hoje.
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Agostinho (354 - 430) — teólogo da graça

Agostinho de Hipona (354-430) foi um dos mais influentes teólogos e filósofos


cristãos da história. Ele nasceu em Tagaste, na África do Norte, e foi educado em
Cartago e em Roma. Inicialmente, Agostinho era seguidor do maniqueísmo, uma
religião dualista que acreditava na existência de dois princípios opostos, o bem e o
mal. Porém, depois de estudar filosofia e teologia, ele se converteu ao cristianismo
em 386.
Agostinho é conhecido por suas obras literárias, que tiveram grande influência
no desenvolvimento do pensamento cristão ocidental. Entre suas obras mais
importantes estão "Confissões", "A Cidade de Deus" e "Sobre a Trindade". Nestas
obras, Agostinho desenvolveu uma visão teológica que combinava elementos da
filosofia platônica com a doutrina cristã, buscando explicar a relação entre Deus, o
homem e o mundo.
Algumas das principais ideias de Agostinho incluem a doutrina da
predestinação, que afirma que a salvação é um dom de Deus que é concedido a
alguns escolhidos, e a ideia de que o pecado original, herdado de Adão e Eva, é a
fonte do mal no mundo.
Além de suas contribuições para a teologia e filosofia, Agostinho também teve
uma influência significativa na história da igreja. Ele foi bispo de Hipona, na África do
Norte, por mais de 30 anos, e defendeu a doutrina da igreja em diversos debates
teológicos e políticos. Agostinho é considerado um dos grandes pensadores cristãos
da história, e suas ideias continuam a influenciar o pensamento cristão e filosófico até
os dias de hoje.
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4. A igreja medieval
A atividade missionária na Irlanda

Patrício (c. 389 - 461)

Patrício (c. 389-461) foi um missionário cristão e santo padroeiro da Irlanda.


Ele nasceu na Bretanha Romana, mas foi capturado por piratas irlandeses quando
ainda era jovem e levado para a Irlanda como escravo. Lá, ele passou seis anos
cuidando de ovelhas antes de conseguir fugir e retornar para a Bretanha.
Depois de sua fuga, Patrício se tornou um cristão devoto e decidiu se dedicar
à missão de converter os pagãos irlandeses ao cristianismo. Ele estudou teologia e
foi ordenado sacerdote antes de retornar à Irlanda como missionário.
Patrício foi muito bem-sucedido em sua missão, convertendo muitos
irlandeses ao cristianismo e fundando várias igrejas e mosteiros. Ele também se
tornou um defensor da cultura irlandesa, preservando muitos dos antigos contos e
lendas em suas escritas.
Patrício é lembrado por sua humildade, sua caridade e sua devoção ao serviço
de Deus. Ele é considerado um dos santos mais importantes da igreja cristã, e sua
festa é celebrada em todo o mundo no dia 17 de março, conhecido como o Dia de
São Patrício.

Gregório I (590) e o papado

Gregório I, também conhecido como Gregório Magno, foi um papa da Igreja


Católica Romana que governou de 590 a 604. Ele nasceu em Roma em uma família
rica e aristocrática em torno de 540 e era descendente de uma antiga família romana.
Inicialmente, Gregório trabalhou como um oficial governamental na cidade de
Roma, mas abandonou sua carreira para se tornar um monge e se dedicar à vida
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religiosa. Ele fundou vários mosteiros em Roma e, em 579, foi nomeado pelo Papa
Pelágio II como um dos sete diáconos da Igreja Romana.
Após a morte do Papa Pelágio II em 590, Gregório foi eleito Papa pelos
cardeais da igreja, tornando-se o primeiro monge a ocupar o cargo. Como papa,
Gregório realizou várias reformas na igreja, incluindo a organização de serviços
religiosos, o estabelecimento de mosteiros e a promoção de uma educação cristã
mais ampla.
Gregório também é lembrado por sua obra missionária, especialmente na
Inglaterra, onde enviou o monge Agostinho em 597 para converter os anglo-saxões.
Ele também foi um prolífico escritor, escrevendo várias obras teológicas e litúrgicas,
incluindo os famosos "Diálogos" e "Moralia in Job".
Devido a suas muitas realizações, Gregório I é amplamente reconhecido como
um dos mais importantes papas da história da Igreja Católica Romana e é venerado
como um santo pela Igreja Católica, Ortodoxa e Anglicana. Sua festa é comemorada
em 3 de setembro.

A atividade missionária junto às tribos germânicas

Bonifácio (c. 672 - 754)

Bonifácio, também conhecido como São Bonifácio ou Bonifácio, o Apóstolo


dos Alemães, foi um missionário inglês que se tornou um santo e bispo da Igreja
Católica Romana. Ele nasceu em Devonshire, Inglaterra, por volta de 672 d.C.
Depois de entrar para a vida religiosa, Bonifácio se tornou um missionário e
partiu para a Frísia (região que abrange partes da Holanda e Alemanha). Ele teve
algum sucesso em converter os frísios, mas enfrentou oposição do clero local e
decidiu viajar para Roma para se encontrar com o Papa Gregório II.
O Papa Gregório II ordenou Bonifácio como bispo e o enviou de volta para a
Alemanha para continuar sua missão. Lá, ele enfrentou muitos desafios, mas
conseguiu converter muitos germânicos e fundou várias dioceses e mosteiros. Ele
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também é creditado por ter unificado a Igreja na Alemanha e estabelecido o uso do


latim nos serviços religiosos.
Bonifácio também é lembrado por sua famosa ação no corte de um carvalho
sagrado na região de Hesse, na Alemanha, que era adorado pelos germânicos como
um símbolo de seu deus Thor. Bonifácio usou o corte do carvalho como uma
demonstração pública de que o deus Thor não tinha poder contra o verdadeiro Deus
cristão. Ele então usou a madeira do carvalho para construir uma capela dedicada a
São Pedro.
Bonifácio foi martirizado em 754, juntamente com 52 de seus seguidores,
enquanto se preparava para realizar uma confirmação em Dokkum, na Frísia. Ele é
considerado um dos grandes missionários e líderes da Igreja Católica Romana e é
comemorado como santo em 5 de junho.

Islamismo

A história do Islamismo começa com o nascimento do profeta Maomé em


Meca, na Península Arábica, em 570 d.C. Maomé cresceu em uma sociedade
politeísta e passou grande parte de sua vida refletindo sobre as questões espirituais e
morais da época. Em 610 d.C., ele teve uma visão que ele acreditava ser uma
revelação divina do anjo Gabriel, que o chamou para pregar o monoteísmo e a
submissão a Deus, que ele passou a pregar entre as pessoas da cidade.
As primeiras pregações de Maomé em Meca não foram bem recebidas, e ele
enfrentou forte resistência dos líderes locais, que viam a sua mensagem como uma
ameaça ao status quo. Em 622 d.C., Maomé e seus seguidores foram forçados a fugir
de Meca para Medina, um evento conhecido como a Hégira. Em Medina, Maomé
estabeleceu um estado islâmico, e sua mensagem começou a ganhar cada vez mais
seguidores.
Nos anos seguintes, Maomé e seus seguidores enfrentaram várias batalhas
com tribos vizinhas que se opunham ao seu novo movimento religioso e político. No
entanto, o Islamismo continuou a se espalhar rapidamente, e em 630 d.C., Maomé e
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seus seguidores conquistaram Meca sem derramar uma gota de sangue. Ele
estabeleceu o Islamismo como a religião predominante da Arábia, e o seu estado
islâmico se tornou um dos mais poderosos da região.
Após a morte de Maomé em 632 d.C., seus sucessores (califas) expandiram o
território do estado islâmico, conquistando territórios que hoje correspondem a
partes da Europa, África e Ásia. O Islamismo se espalhou rapidamente, graças em
parte à sua mensagem simples e atraente, e também à sua tolerância religiosa e
cultural. Hoje, o Islamismo é a segunda maior religião do mundo, com mais de 1,6
bilhão de seguidores.

O Grande Cisma (1054)

O Grande Cisma, também conhecido como Cisma do Oriente, foi a separação


definitiva entre a Igreja Católica Apostólica Romana e a Igreja Ortodoxa Oriental, que
ocorreu em 1054. Esse cisma foi resultado de uma série de disputas teológicas,
políticas e culturais que ocorreram ao longo dos séculos entre as duas igrejas,
culminando em uma série de excomunhões mútuas e a divisão definitiva da
cristandade em dois ramos distintos. As principais questões que levaram ao cisma
foram a autoridade papal, a liturgia, o uso de imagens nas igrejas e a filioque, uma
cláusula adicionada ao Credo
Niceno-Constantinopolitano que tratava da natureza do Espírito Santo. Desde
então, as duas igrejas seguiram caminhos distintos em termos de teologia, prática e
organização, embora esforços de diálogo e reconciliação tenham sido feitos nos
últimos anos.
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As Cruzadas

As Cruzadas foram uma série de expedições militares cristãs que ocorreram


entre os séculos XI e XIII, com o objetivo de retomar a Terra Santa, especialmente
Jerusalém, dos muçulmanos que a haviam conquistado. As Cruzadas foram
motivadas por razões religiosas, políticas e econômicas, e tiveram um impacto
duradouro na Europa e no Oriente Médio.
A Primeira Cruzada foi convocada pelo Papa Urbano II em 1095, em resposta
ao apelo do Império Bizantino por ajuda contra a expansão muçulmana na Ásia
Menor. A Cruzada atraiu uma grande quantidade de pessoas de toda a Europa, que
marcharam para o leste, conquistando Antioquia e finalmente Jerusalém em 1099.
Um Estado cruzado foi criado na região, que durou até a queda de Acre em 1291.
As Cruzadas subsequentes foram menos bem-sucedidas e algumas
fracassaram completamente, como a Segunda Cruzada (1147-1149) e a Quarta
Cruzada (1202-1204), que acabou saqueando Constantinopla, a capital do Império
Bizantino, em vez de ir para a Terra Santa. Outras Cruzadas incluíram a Cruzada das
Crianças (1212) e a Cruzada Albigense (1209-1229), que foram mais locais em sua
natureza.
As Cruzadas tiveram um impacto significativo na Europa e no Oriente Médio.
Eles abriram rotas comerciais para o Oriente e introduziram novas ideias e
tecnologias na Europa. No entanto, eles também foram responsáveis por um grande
número de mortes, tanto de cristãos quanto de muçulmanos, e causaram tensões
duradouras entre as culturas cristã e muçulmana. As Cruzadas também tiveram um
impacto negativo na imagem da Igreja Católica, que foi vista como apoiadora da
violência e do imperialismo.

Teologia escolástica católica romana

A escolástica foi um movimento intelectual que floresceu na Europa medieval,


especialmente nos séculos XI a XIII, e que teve como objetivo conciliar a fé cristã
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com a razão filosófica. A escolástica foi uma tentativa de reconciliar a fé cristã com a
filosofia grega antiga, especialmente a obra de Aristóteles. Os principais
representantes da escolástica eram os teólogos e filósofos cristãos medievais que
trabalhavam em universidades e mosteiros por toda a Europa, incluindo Tomás de
Aquino, Anselmo de Cantuária, Pedro Abelardo e Boécio.
A escolástica usava a lógica e a razão para explicar a teologia e a doutrina
cristã, e os filósofos escolásticos buscavam estabelecer uma base racional para a fé.
A escolástica teve um grande impacto na teologia e na filosofia cristã, influenciando o
pensamento ocidental por séculos e ainda sendo estudada hoje.

Anselmo de Cantuária (1033 - 1109)

Anselmo de Cantuária (1033-1109) foi um teólogo, filósofo e arcebispo da


Igreja Católica. Ele nasceu em Aosta, na Itália, e estudou na Abadia de Bec, na
Normandia. Em 1060, Anselmo tornou-se prior dessa abadia e, em 1078, foi
nomeado arcebispo de Cantuária, na Inglaterra, pelo rei Guilherme II.
Anselmo é conhecido por suas contribuições à filosofia e à teologia,
especialmente em relação ao conceito de fé e razão. Ele defendeu que a fé e a razão
não são opostas, mas complementares, e que a razão pode ser usada para entender
melhor a natureza de Deus e a religião.
Anselmo também é conhecido por seu argumento ontológico para a existência
de Deus, que afirma que Deus é o ser supremo, e que a simples concepção deste
ser implica sua existência. Embora esse argumento seja controverso, ele tem sido
amplamente discutido na história da filosofia.
Anselmo é considerado um dos mais importantes teólogos e filósofos da Idade
Média, e suas obras continuam a ser estudadas e debatidas até hoje. Ele foi
canonizado como santo pela Igreja Católica em 1494.
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O Cativeiro Babilônico da Igreja (1309 - 1377)

O Cativeiro Babilônico da Igreja é o nome dado ao período entre 1309 e 1377,


durante o qual o papado se estabeleceu na cidade de Avinhão, na França, em vez de
Roma, onde a Igreja Católica sempre teve sua sede.
O nome "Cativeiro Babilônico" foi escolhido porque os babilônios, no Antigo
Testamento, capturaram os judeus e os levaram para a Babilônia. Da mesma forma, o
papado foi "capturado" e levado para fora de Roma durante esse período.
Esse período foi marcado por conflitos entre o papado e os reis europeus, que
não concordavam com a dominação papal sobre a Igreja. O papado também
enfrentou críticas internas devido a corrupção e a venda de cargos eclesiásticos.
O Cativeiro Babilônico da Igreja chegou ao fim em 1377, quando o Papa
Gregório XI retornou a Roma. No entanto, a crise na Igreja continuou, culminando no
Grande Cisma do Ocidente, que durou de 1378 a 1417, e dividiu a Igreja Católica em
duas obediências rivais.

O Grande Cisma (1378 - 1417)

O Grande Cisma, também conhecido como Cisma do Ocidente, foi uma


divisão da Igreja Católica que ocorreu entre 1378 e 1417. A disputa se iniciou após a
morte do Papa Gregório XI em 1378, quando dois colégios cardinais rivais, um em
Roma e outro em Avinhão, elegeram simultaneamente dois papas diferentes.
O papa eleito em Roma era Urbano VI, enquanto o papa eleito em Avinhão era
Clemente VII. Isso resultou em dois papas rivais e, consequentemente, em duas
sedes papais - uma em Roma e outra em Avinhão. A divisão se agravou quando
ambos os papas excomungaram um ao outro e seus seguidores, levando a uma
divisão da cristandade.
Durante o Grande Cisma, cada papa tinha seus próprios seguidores, e muitos
países ficaram divididos sobre qual dos papas reconhecer. A situação se complicou
ainda mais quando a Igreja escolheu um terceiro papa, Alexandre V, em 1409, mas
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nenhum dos papas rivais renunciou.


Em 1414, a Igreja convocou o Concílio de Constança para resolver a questão.
O concílio depôs os três papas rivais e elegeu Martinho V como o novo papa em
1417, encerrando o Cisma do Ocidente. A unidade da Igreja Católica foi restaurada,
mas a divisão deixou cicatrizes profundas na Igreja e na cristandade em geral.

Irmandade da Vida Comum

A Irmandade da Vida Comum foi uma comunidade religiosa e educacional que


surgiu nos Países Baixos na Baixa Idade Média, por volta do século XIV. A Irmandade
era formada por leigos e padres que buscavam viver em comunidade, seguindo uma
vida simples e pobre, dedicando-se à oração, ao estudo e à caridade.
A Irmandade da Vida Comum foi fundada pelo sacerdote holandês Geert
Groote, que acreditava que a Igreja da época estava corrompida e precisava de
reformas. Ele defendia uma vida cristã mais simples e próxima dos ensinamentos de
Jesus Cristo, e acreditava que a educação era fundamental para a formação de bons
cristãos.
Os membros da Irmandade eram conhecidos por sua vida de oração, trabalho
e estudo, e muitos deles eram professores que ensinavam em escolas fundadas pela
própria Irmandade. As escolas da Irmandade se tornaram conhecidas por sua
excelência acadêmica e muitos alunos se tornaram líderes religiosos e políticos na
região.
A Irmandade da Vida Comum teve grande influência na Igreja Católica da
época, e muitos de seus membros tornaram-se importantes reformadores religiosos.
Seus ideais de simplicidade, humildade e dedicação à caridade continuaram a
influenciar a vida religiosa e educacional dos Países Baixos e de outras partes da
Europa ao longo dos séculos seguintes.
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Tomás à Kempis (1380 - 1471)

Tomás à Kempis (ou Thomas Kempis) foi um monge e escritor alemão do


século XV. Ele nasceu em Kempen, na Renânia, em 1380, e entrou para a Ordem dos
Agostinianos em sua juventude.
Kempis é mais conhecido por seu livro "Imitação de Cristo" (em latim, "De
Imitatione Christi"), que é considerado um clássico da espiritualidade cristã. A obra é
composta por quatro livros que tratam da vida cristã, da devoção, da humildade e da
contemplação.
"Imitação de Cristo" é uma obra que encoraja a vida de oração, a meditação e
a imitação de Jesus Cristo, e foi uma das obras mais lidas e influentes da literatura
cristã, tendo sido traduzida para muitas línguas e lida por pessoas de todas as
denominações cristãs.
Além de "Imitação de Cristo", Kempis escreveu outras obras de devoção e
espiritualidade, como "Solilóquios" e "Vida e Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo".
Ele morreu em 1471, aos 91 anos de idade, e foi enterrado na Abadia de Monte São
Agostinho, onde havia vivido como monge por muitos anos.

John Wycliffe (c. 1329 - 1384)

John Wycliffe foi um teólogo e filósofo inglês do século XIV, nascido em


Yorkshire, por volta de 1329. Ele é considerado um dos precursores da Reforma
Protestante, por suas críticas à Igreja Católica e defesa da tradução da Bíblia para o
inglês.
Wycliffe estudou na Universidade de Oxford, onde se tornou um dos líderes do
movimento chamado "Lollardos", que pregava a reforma da Igreja Católica, a pobreza
voluntária e a tradução da Bíblia para línguas vernáculas.
Ele se opunha à doutrina católica da transubstanciação, que afirmava que o
pão e o vinho usados na Eucaristia se transformavam literalmente no corpo e no
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sangue de Cristo, e argumentava que a Bíblia deveria ser a única fonte de autoridade
na Igreja, em vez da tradição e dos ensinamentos da hierarquia católica.
Wycliffe começou a traduzir a Bíblia para o inglês em meados do século XIV, e
a primeira tradução completa foi concluída por seus seguidores após sua morte. Sua
tradução foi uma das primeiras em língua vernácula e permitiu que as pessoas
comuns tivessem acesso direto à leitura da Bíblia, sem depender da interpretação
dos líderes da Igreja.
Por suas ideias reformistas, Wycliffe foi perseguido pela Igreja Católica, sendo
excomungado em 1381. Ele morreu dois anos depois, em 1384. Suas ideias e sua
tradução da Bíblia tiveram grande influência na Reforma Protestante do século XVI, e
seus seguidores, os "Lollardos", continuaram a pregar a reforma religiosa na
Inglaterra durante muitos anos.

A Renascença

A Renascença foi um período de intensa atividade cultural, artística, científica


e intelectual que ocorreu na Europa durante os séculos XV e XVI. A palavra
“renascença” significa “renascimento” em italiano, e foi usada pelos estudiosos do
século XIX para descrever a redescoberta e a valorização da cultura clássica greco-
romana que ocorreu nessa época.
Durante a Renascença, houve uma grande mudança na maneira como as
pessoas viam o mundo, e as artes e as ciências começaram a se desenvolver de
maneira muito mais criativa e inovadora. Os artistas e os pensadores da época
buscavam a perfeição e a beleza, e foram pioneiros em novas técnicas e estilos.
A Renascença foi um período de grande crescimento econômico,
especialmente na Itália, onde cidades como Florença, Veneza e Roma se tornaram
importantes centros culturais e artísticos. Mecenas ricos e poderosos, como os
Médici em Florença, financiavam artistas e pensadores e promoviam a criação de
obras de arte e literatura.
A Renascença também foi um período de grandes descobertas científicas e
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avanços tecnológicos. O conhecimento da anatomia humana foi aprimorado, a


astronomia foi revolucionada com a descoberta do heliocentrismo, e a invenção da
imprensa tornou possível a disseminação mais ampla do conhecimento.
Alguns dos artistas e pensadores mais importantes da Renascença incluem
Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael, Galileu Galilei, Niccolò Machiavelli, William
Shakespeare e Francis Bacon. A Renascença teve um impacto duradouro na cultura
e no pensamento ocidental e é considerada uma das épocas mais importantes da
história da humanidade.

Desidério Erasmo (1466 – 1536)

Desidério Erasmo foi um filósofo, humanista, teólogo e escritor holandês do


período da Renascença, nascido em Rotterdam em 1466. Ele é considerado um dos
intelectuais mais importantes e influentes do seu tempo, e é conhecido por suas
ideias críticas em relação à Igreja Católica e sua defesa da liberdade religiosa e da
educação.
Erasmo estudou em vários lugares da Europa, incluindo Paris e Oxford, e se
tornou um dos principais expoentes do movimento humanista, que enfatizava o
estudo das antigas línguas e textos clássicos como forma de alcançar a sabedoria e a
virtude.
Em sua obra mais famosa, "Elogio da Loucura", publicada em 1511, Erasmo
critica a corrupção e os abusos da Igreja Católica, mas também faz uma crítica mais
geral à sociedade de sua época, defendendo a necessidade de uma reforma religiosa
e moral. Ele argumentava que a verdadeira religião deveria ser baseada no amor e na
caridade, em vez de na doutrinação e na punição.
Erasmo também foi um grande defensor da educação, e acreditava que todos
os seres humanos deveriam ter acesso à educação, independentemente de sua
origem social ou econômica. Ele escreveu várias obras sobre educação, incluindo
"De Ratione Studii" e "Colloquia", que foram amplamente adotadas como manuais
escolares em toda a Europa.
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Erasmo foi influente tanto na Igreja Católica quanto na Reforma Protestante.


Ele se opôs à doutrina da predestinação dos reformadores protestantes, mas
também criticou a corrupção e o poder excessivo da Igreja Católica. Sua obra teve
uma grande influência sobre figuras como Martinho Lutero, que se inspirou em suas
ideias para a Reforma Protestante.
Erasmo morreu em 1536, mas sua obra e seu pensamento continuaram a
influenciar a cultura e a política europeias nos séculos seguintes. Ele é considerado
um dos grandes pensadores da Renascença e um dos precursores da Ilustração.
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5. A igreja da Reforma
A Reforma Protestante foi um movimento religioso do século XVI que se
originou na Europa, liderado por figuras como Martinho Lutero, João Calvino e Ulrico
Zuínglio. A reforma foi um desafio às doutrinas e práticas da Igreja Católica, que
havia se tornado cada vez mais corrupta e dominada pelo poder político e
econômico.
O movimento teve início em 1517, quando Martinho Lutero, um monge alemão
e professor de teologia, publicou suas 95 Teses, um conjunto de críticas à venda de
indulgências pela Igreja Católica. Lutero acreditava que a salvação não podia ser
comprada, mas sim alcançada pela fé em Jesus Cristo, e que a Bíblia deveria ser a
única fonte de autoridade religiosa, em vez da tradição da Igreja.
A Reforma Protestante se espalhou rapidamente pela Europa, com muitos
líderes religiosos e políticos abraçando as ideias de Lutero. Em 1521, Lutero foi
excomungado pela Igreja Católica, mas suas ideias já haviam se tornado amplamente
difundidas.
Outros líderes reformistas surgiram, como João Calvino, que fundou a Igreja
Reformada na Suíça, e Ulrico Zuínglio, que liderou a Reforma em Zurique. Cada líder
teve sua própria interpretação das ideias de Lutero, mas todos eles enfatizaram a
importância da Bíblia e da salvação pela fé em Jesus Cristo.
A Reforma Protestante teve um grande impacto na política e na sociedade da
Europa. Os príncipes alemães apoiaram a Reforma como uma forma de desafiar o
poder do Papa e do imperador romano, e a Igreja Protestante se tornou uma força
política poderosa em muitos países.
A Reforma também levou a uma série de guerras religiosas entre católicos e
protestantes, incluindo a Guerra dos Trinta Anos na Alemanha, que durou de 1618 a
1648. No entanto, a Reforma também foi um fator importante na disseminação da
educação e do conhecimento, com muitas escolas e universidades sendo fundadas
por líderes protestantes.
Hoje, a Reforma Protestante continua a ser uma força importante na religião e
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na cultura ocidental. Muitas igrejas protestantes se tornaram grandes denominações


religiosas em todo o mundo, e os princípios da Reforma, como a ênfase na Bíblia e na
salvação pela fé, continuam a influenciar a vida religiosa e espiritual de muitas
pessoas.

Martinho Lutero (1483 - 1546)

Martinho Lutero foi um teólogo, monge e professor universitário alemão,


nascido em 10 de novembro de 1483 na cidade de Eisleben e falecido em 18 de
fevereiro de 1546 em Eisleben, na Alemanha. Ele é amplamente conhecido por
liderar o movimento da Reforma Protestante na Europa do século XVI.
Lutero era inicialmente um monge católico e professor de teologia na
Universidade de Wittenberg, na Alemanha, mas ele começou a questionar a doutrina
da Igreja Católica, especialmente a venda de indulgências. Em 1517, ele escreveu
suas 95 Teses, uma lista de críticas à Igreja, que ele afixou na porta da Igreja do
Castelo de Wittenberg. Esse ato marcou o início da Reforma Protestante.
As ideias de Lutero se espalharam rapidamente, especialmente na Alemanha,
onde príncipes locais adotaram suas ideias para desafiar o poder do Papa e do
imperador romano. Ele pregou a ideia de que a salvação só poderia ser alcançada
através da fé em Jesus Cristo, e não através de boas obras ou da compra de
indulgências, como a Igreja Católica ensinava. Lutero também acreditava que a Bíblia
deveria ser a única fonte de autoridade religiosa e não a tradição da Igreja.
A Igreja Católica respondeu às ideias de Lutero excomungando-o em 1521,
mas isso não impediu a difusão da Reforma Protestante. Lutero continuou a pregar e
a escrever, traduzindo a Bíblia para o alemão para que as pessoas pudessem lê-la
diretamente em sua língua nativa.
A Reforma Protestante teve um grande impacto na história da Europa e do
mundo. Ela mudou a paisagem religiosa, política e cultural da Europa, criando novas
denominações religiosas e dando origem a guerras religiosas em várias partes da
Europa.
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A Reforma também ajudou a estabelecer o princípio de liberdade religiosa e a


promover a educação e o conhecimento.

Ulrico Zuínglio (1484 - 1531)

Ulrico Zuínglio foi um reformador suíço e líder religioso, nascido em 1 de


janeiro de 1484 em Wildhaus, na Suíça, e falecido em 11 de outubro de 1531 na
Batalha de Kappel. Ele é conhecido como o fundador do protestantismo suíço e um
dos líderes da Reforma Protestante na Europa.
Zuínglio estudou em várias universidades suíças e europeias, incluindo a
Universidade de Viena e a Universidade de Basileia, onde estudou a Bíblia e as obras
dos reformadores anteriores. Em 1519, ele tornou-se padre em Zurique, na Suíça, e
começou a pregar suas ideias reformistas.
Assim como Lutero, Zuínglio criticou a venda de indulgências e defendeu a
ideia de que a Bíblia deveria ser a única fonte de autoridade religiosa. No entanto, ele
também enfatizou a importância da razão e do livre-arbítrio na interpretação das
escrituras, e se opôs à ideia de que a Eucaristia era a presença real de Cristo no pão
e no vinho. Zuínglio liderou uma reforma na cidade de Zurique, removendo imagens,
altares e relíquias da igreja e enfatizando a pregação da Palavra de Deus. Ele
também defendeu a separação da Igreja e do Estado, tornando-se um defensor do
governo republicano e democrático na Suíça.
A Reforma Protestante liderada por Zuínglio teve um grande impacto na Suíça
e em outras partes da Europa, levando à formação da Igreja Reformada Suíça e à
criação de outras denominações reformadas em todo o mundo.
Ele é lembrado como um importante líder religioso e político, cujas ideias
ajudaram a moldar a história e a cultura da Suíça e do mundo.
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Os Anabatistas

Os Anabatistas foram um grupo de cristãos protestantes que surgiram durante


a Reforma Protestante no século XVI. Eles foram considerados radicais e foram
perseguidos por suas crenças religiosas e políticas.
Os Anabatistas acreditavam que a igreja deveria ser composta apenas por
crentes adultos que fizeram uma confissão pública de sua fé em Jesus Cristo e foram
batizados novamente (daí o nome "Anabatistas", que significa "rebatizadores"). Eles
também rejeitavam a ideia de que o Estado e a Igreja deveriam ser unidos,
defendendo a separação total entre igreja e estado.
Alguns grupos anabatistas também mantinham crenças escatológicas e
apocalípticas, pregando que o fim do mundo estava próximo e que eles eram o povo
escolhido para liderar a igreja durante os últimos dias.
Os Anabatistas foram perseguidos e muitas vezes executados pelos governos
e pelas igrejas católica e protestante da época, que os viam como uma ameaça à
ordem estabelecida. No entanto, suas ideias tiveram um grande impacto na história
do cristianismo e influenciaram o desenvolvimento de várias denominações
protestantes, incluindo os Batistas e os Menonitas.

João Calvino (1509 - 1564)

João Calvino foi um teólogo e líder religioso francês nascido em 10 de julho de


1509, em Noyon, França, e falecido em 27 de maio de 1564, em Genebra, Suíça. Ele
é conhecido como um dos principais líderes da Reforma Protestante na Europa e
fundador da tradição teológica conhecida como calvinismo.
Calvino estudou direito e humanidades em várias universidades francesas
antes de se converter ao protestantismo. Ele teve que fugir da França por causa de
suas crenças religiosas e estabeleceu-se em Genebra, Suíça, onde começou a
desenvolver suas ideias teológicas e políticas.
Calvino enfatizou a doutrina da predestinação, que ensina que a salvação é
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determinada pela vontade de Deus, e que a pessoa não tem escolha em sua própria
salvação ou condenação. Ele também enfatizou a autoridade suprema das escrituras,
rejeitou a ideia da mediação de santos e da transubstanciação, e defendeu a
importância do governo civil na manutenção da ordem e da disciplina dentro da
igreja.
Calvino liderou uma reforma na cidade de Genebra, estabelecendo uma igreja
reformada baseada em uma comunidade de crentes comprometidos com a reforma
religiosa e social. Ele também defendeu a educação, o trabalho árduo e a frugalidade
como valores importantes para uma vida cristã.
O calvinismo se tornou uma das principais correntes do protestantismo na
Europa e se espalhou para outras partes do mundo, incluindo a América do Norte. O
legado de Calvino continua a influenciar a teologia, a ética e a política modernas em
todo o mundo.

John Knox (1514 - 1572)

John Knox foi um líder religioso e reformador escocês nascido em 1514 em


Haddington, na Escócia, e falecido em 1572 em Edimburgo. Ele é mais conhecido
por liderar o movimento da Reforma Protestante na Escócia e estabelecer a Igreja da
Escócia.
Knox estudou teologia em St. Andrews e tornou-se um seguidor do
reformador protestante George Wishart. Depois da execução de Wishart, Knox se
tornou um pregador protestante ativo e foi preso e forçado a trabalhar como escravo
em um navio francês durante 19 meses. Ele finalmente foi libertado em 1549 e
passou vários anos pregando na Inglaterra e na Europa continental antes de retornar
à Escócia em 1559.
Knox liderou a Reforma Protestante na Escócia e escreveu vários tratados
teológicos, incluindo "The First Blast of the Trumpet Against the Monstruous
Regiment of Women" (O primeiro som da trombeta contra o monstruoso regime das
mulheres), que atacava as rainhas católicas da Inglaterra e da Escócia.
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Em 1560, a Assembleia Nacional da Escócia adotou o Confession of Faith


(Confissão de Fé), que foi redigido por Knox e outros líderes protestantes e
estabeleceu a Igreja da Escócia, uma igreja reformada presbiteriana.
Knox foi um defensor da teologia calvinista e defendia a predestinação, a
autoridade suprema das Escrituras e a doutrina da salvação pela graça através da fé
em Jesus Cristo. Ele foi um líder controverso e muitas vezes polêmico, mas é
considerado um dos mais importantes líderes da Reforma Protestante na Escócia e
um defensor do protestantismo em toda a Europa.

A Reforma inglesa

A Reforma Protestante na Inglaterra foi um processo gradual e complexo que


começou no início do século XVI e culminou na criação da Igreja Anglicana no século
seguinte.
Em 1521, o rei Henrique VIII recebeu o título de "Defensor da Fé" do papa em
reconhecimento a seus esforços em defender a igreja católica. No entanto, em 1527,
Henrique VIII tentou anular seu casamento com Catarina de Aragão, a fim de se
casar com Ana Bolena. O papa não concedeu a anulação e isso levou Henrique a
romper com a autoridade papal e declarar-se o chefe supremo da igreja na
Inglaterra.
Em 1534, o Parlamento inglês aprovou o Ato de Supremacia, que tornou
oficial a separação da Igreja da Inglaterra da autoridade papal e confirmou Henrique
VIII como o líder da igreja. O rei ordenou a dissolução de mosteiros católicos e
confiscou suas propriedades, o que aumentou sua riqueza e poder.
Apesar da separação da Igreja da Inglaterra da autoridade papal, a doutrina e
as práticas da igreja permaneceram semelhantes às da igreja católica romana,
exceto pela autoridade final do papa. Durante o reinado de Eduardo VI (1547-1553),
a Reforma Protestante ganhou mais força na Inglaterra e a igreja foi reformada em
uma direção mais protestante, com a adoção do Livro de Oração Comum em 1549 e
uma doutrina mais protestante.
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No entanto, durante o reinado de Maria I (1553-1558), filha de Catarina de


Aragão, a igreja voltou a ser católica e muitos protestantes foram perseguidos e
executados. Quando Elizabeth I subiu ao trono em 1558, ela restaurou a Igreja da
Inglaterra e a fez mais protestante, mas também tentou manter um equilíbrio entre as
diferentes facções religiosas.
A Reforma Protestante na Inglaterra foi um processo complexo que refletiu as
tensões políticas e religiosas do período. Embora tenha começado com a tentativa de
Henrique VIII de obter a anulação de seu casamento, acabou levando a mudanças
significativas na igreja e na sociedade inglesa.
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6. A contrarreforma e a Reforma Católica


A Contrarreforma foi o movimento da Igreja Católica Romana que começou no
final do século XVI e se estendeu até o século XVII, em resposta às críticas e desafios
apresentados pelos reformadores protestantes.
A Contrarreforma tinha como objetivo principal a reforma interna da igreja
católica e a defesa da fé católica contra as ideias da Reforma Protestante. Para isso,
a Igreja Católica convocou o Concílio de Trento em 1545, que se estendeu até 1563.
O Concílio reafirmou muitos dos ensinamentos católicos e definiu a doutrina católica
de uma forma mais precisa. Foram estabelecidas normas mais rígidas para a
disciplina clerical e para a educação dos padres, com o objetivo de melhorar a
qualidade da liderança da igreja.
A arte e a arquitetura também foram usadas para transmitir os ideais da
Contrarreforma. Grandes obras de arte foram encomendadas para decorar igrejas e
catedrais, muitas vezes apresentando cenas dramáticas e emotivas da vida de Jesus
e dos santos. O Barroco, um estilo artístico caracterizado por sua grandiosidade e
teatralidade, foi amplamente utilizado na arte e na arquitetura da Contrarreforma.
A Contrarreforma teve um impacto significativo na Igreja Católica e ajudou a
estabilizar a fé católica durante um período de grande agitação religiosa. No entanto,
também foi um período de conflito e tensão entre a Igreja Católica e as igrejas
reformadas.

Os Jesuítas

Os jesuítas são membros da Companhia de Jesus, uma ordem religiosa


católica fundada em 1534 por Inácio de Loyola e alguns de seus seguidores. A
ordem foi criada com o objetivo de defender e promover a fé católica em todo o
mundo e de se envolver em atividades educacionais e missionárias.
Os jesuítas rapidamente se tornaram conhecidos por sua devoção à educação
e por sua disposição em pregar o evangelho em locais perigosos e difíceis de
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alcançar. Eles estabeleceram escolas, seminários e universidades em todo o mundo,


incluindo a Universidade de Georgetown nos Estados Unidos e a Universidade
Pontifícia Gregoriana em Roma. Eles também foram responsáveis por muitas missões
em terras distantes, como na América Latina, na África e na Ásia.
Os jesuítas são conhecidos por sua disciplina e rigor, bem como por sua
capacidade de se adaptar a diferentes culturas e circunstâncias. Eles têm uma
hierarquia complexa, liderada por um Superior Geral que é eleito pelos membros da
ordem. Os jesuítas são comprometidos com o serviço aos pobres, com a justiça
social e com a promoção da paz.
A ordem dos jesuítas é uma das mais influentes da Igreja Católica e teve um
papel importante na contrarreforma, na expansão missionária da Igreja Católica e na
educação. Muitos jesuítas se tornaram figuras proeminentes na história, como São
Francisco Xavier, Roberto de Nobili, Matteo Ricci, Pierre Teilhard de Chardin e Jorge
Mario Bergoglio, que se tornou o Papa Francisco em 2013.

O Concílio de Trento (1545 - 1563)

O Concílio de Trento foi um importante concílio da Igreja Católica realizado


entre os anos de 1545 e 1563 na cidade de Trento, no norte da Itália. O objetivo
principal do concílio era reformar a Igreja Católica e responder às críticas da Reforma
Protestante.
Durante o Concílio de Trento, os bispos e líderes da Igreja Católica discutiram
muitas questões teológicas, incluindo a salvação, o pecado original, a justificação, os
sacramentos, a liturgia e a autoridade da Igreja. Eles também abordaram questões
disciplinares, como a reforma do clero, a educação dos sacerdotes e o fim da
simonia (compra e venda de cargos eclesiásticos).
Entre as principais decisões tomadas pelo Concílio de Trento, destacam-se a
reafirmação da doutrina católica da transubstanciação (a crença de que o pão e o
vinho se tornam realmente o corpo e o sangue de Cristo na Eucaristia), a
confirmação dos sete sacramentos (Batismo, Crisma, Eucaristia, Penitência, Unção
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dos Enfermos, Ordem e Matrimônio), a definição da Bíblia como sendo composta por
73 livros, a proibição da venda de indulgências e a criação de um catecismo oficial.
O Concílio de Trento foi um marco na história da Igreja Católica e teve um
impacto significativo na Reforma Católica, que foi uma resposta à Reforma
Protestante. Suas decisões ajudaram a consolidar a doutrina e a liturgia da Igreja
Católica e a reforçar a autoridade papal.

A Guerra dos Trinta Anos (1618 - 1648)

A Guerra dos Trinta Anos foi um conflito que ocorreu na Europa Central entre
1618 e 1648. O conflito foi motivado por tensões religiosas, políticas e territoriais que
haviam se acumulado ao longo do tempo entre católicos e protestantes na região.
guerra começou na Boêmia em 1618, quando nobres protestantes se revoltaram
contra o governo católico do rei Ferdinando II. O conflito se espalhou rapidamente
pela Europa Central, com países e regiões tomando partido a favor dos católicos ou
dos protestantes.
A guerra foi caracterizada por muita violência e crueldade, com saques,
pilhagens e massacres ocorrendo em muitas partes da Europa Central. As batalhas
envolveram exércitos de diferentes países, incluindo a Alemanha, a Espanha, a
França, a Suécia e a Dinamarca.
A guerra causou a morte de milhões de pessoas, incluindo civis e soldados.
Além disso, muitas cidades e vilarejos foram destruídos e a economia da região foi
gravemente prejudicada.
A Guerra dos Trinta Anos foi encerrada em 1648 com a assinatura do Tratado
de Westfália. O tratado reconheceu a independência da Suíça e dos Países Baixos e
estabeleceu a liberdade religiosa na Europa Central. O conflito deixou um legado
duradouro na Europa, influenciando a política e a cultura da região por muitos anos.
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7. A igreja e a revolução científica


A Revolução Científica foi um período de mudanças significativas na forma
como a ciência era conduzida e compreendida. Ela teve início no século XVI e se
estendeu até o século XVIII.
A revolução foi marcada por uma série de avanços significativos em áreas
como a astronomia, a física, a biologia e a química. Alguns dos principais nomes
associados a essa revolução incluem Galileu Galilei, Johannes Kepler, Isaac Newton e
Francis Bacon.
Uma das principais mudanças introduzidas pela Revolução Científica foi o
método científico, que é uma abordagem sistemática para a investigação científica. O
método científico envolve a formulação de hipóteses, a coleta de dados, a análise dos
resultados e a revisão da hipótese com base nas observações.
Além disso, a Revolução Científica foi marcada pela adoção de uma visão mais
racional e empírica do mundo, baseada na observação e experimentação. Isso levou
a uma nova compreensão da natureza e do universo, desafiando muitas das ideias
previamente aceitas.
A Revolução Científica teve um impacto significativo na cultura e na sociedade
ocidental. Ela ajudou a estabelecer a ciência como uma forma respeitável de
conhecimento e levou a muitos avanços tecnológicos que transformaram a vida das
pessoas.

O pensamento dos filósofos

Francis Bacon (1561-1626) foi um filósofo e estadista inglês que acreditava


que o conhecimento deveria ser baseado em evidências empíricas e experimentais.
Ele enfatizou a importância da observação e experimentação como base para a
aquisição de conhecimento, e defendeu o método indutivo de investigação científica.
René Descartes (1596-1650) foi um filósofo e matemático francês que
argumentava que o conhecimento deve ser construído a partir da dúvida sistemática.
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Ele é famoso pela sua frase "penso, logo existo", que enfatiza a primazia da razão e
do pensamento crítico na aquisição de conhecimento.
John Locke (1632-1704) foi um filósofo inglês que defendeu a ideia de que a
mente humana é uma "tábula rasa" na qual a experiência constrói o conhecimento.
Ele acreditava que o conhecimento deveria ser baseado em evidências empíricas e
que a razão era fundamental para a aquisição de conhecimento.
Nicolau Copérnico (1473-1543) foi um astrônomo polonês que argumentou
que o Sol, e não a Terra, era o centro do universo. Ele desenvolveu a teoria
heliocêntrica, que teve um impacto profundo na astronomia e na compreensão do
cosmos.
Johannes Kepler (1571-1630) foi um matemático e astrônomo alemão que
ajudou a consolidar a teoria heliocêntrica de Copérnico. Ele também formulou as três
leis do movimento planetário que leva o seu nome.
Isaac Newton (1643-1727) foi um físico e matemático inglês que desenvolveu
a lei da gravitação universal e as três leis do movimento que levam o seu nome. Ele é
considerado um dos maiores cientistas de todos os tempos, e suas contribuições
tiveram um impacto profundo na física e em muitas outras áreas do conhecimento.
Galileu Galilei (1564-1642) foi um astrônomo, físico e matemático italiano que
defendeu a teoria heliocêntrica de Copérnico e desenvolveu o telescópio para
observar o espaço. Ele também formulou as leis do movimento que são a base da
física moderna.

Quakerismo

O Quakerismo, também conhecido como Sociedade Religiosa dos Amigos, é


um movimento religioso cristão que surgiu no século XVII na Inglaterra. Foi fundado
por George Fox, que pregava uma abordagem radicalmente individualista à fé cristã
e rejeitava a autoridade dos sacerdotes e da igreja estabelecida.
Os Quakers acreditam que todos os seres humanos têm uma centelha divina
dentro de si, e que essa divindade interior pode ser acessada diretamente, sem a
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necessidade de intermediários ou rituais religiosos elaborados. Eles enfatizam a


importância da simplicidade, humildade, igualdade e pacifismo em suas vidas.
Os Quakers foram perseguidos na Inglaterra por causa de suas crenças e
práticas incomuns, e muitos foram presos ou executados. Eles também foram
perseguidos na América do Norte, onde se estabeleceram em grande número,
especialmente na Pensilvânia.
Apesar da perseguição, os Quakers continuaram a crescer em número e
influência. Eles desempenharam um papel importante na luta contra a escravidão e
pelo direito das mulheres ao voto nos Estados Unidos, e continuam a se envolver em
questões de justiça social e pacifismo em todo o mundo.
Hoje, existem cerca de 400.000 Quakers em todo o mundo, com a maioria nos
Estados Unidos, Reino Unido e África. A Sociedade Religiosa dos Amigos é
conhecida por suas reuniões silenciosas de adoração, onde os membros se sentam
em silêncio e esperam que a orientação divina seja revelada a eles.

Pietismo alemão

O pietismo foi um movimento religioso que surgiu na Alemanha no final do


século XVII, liderado por Philipp Jakob Spener, um luterano alemão. O movimento
pregava uma abordagem mais pessoal e emocional da religião, enfatizando a
necessidade de uma relação direta e íntima com Deus.
Os pietistas se opunham à ortodoxia teológica e à formalidade da igreja
estabelecida, argumentando que a verdadeira fé deveria ser sentida no coração e
expressa em ações cotidianas. Eles promoviam a leitura e estudo pessoal da Bíblia,
bem como a importância da oração e da meditação.
O pietismo teve um impacto significativo na cultura alemã e na história da
igreja. Seus seguidores se espalharam pela Europa e América do Norte, e o
movimento influenciou o surgimento de outros movimentos religiosos, como o
metodismo.
Os pietistas também foram importantes na promoção de iniciativas sociais e
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caritativas, incluindo a criação de escolas e hospitais. Eles enfatizavam a importância


do serviço comunitário e da ajuda aos pobres e necessitados.
No entanto, o movimento também foi criticado por alguns como sendo
excessivamente individualista e emocional, e por se afastar das doutrinas e práticas
tradicionais da igreja estabelecida.

Metodismo

O metodismo é um movimento religioso cristão que surgiu na Inglaterra no


século XVIII, liderado pelo pregador anglicano John Wesley e seu irmão Charles
Wesley. O movimento foi influenciado pelo pietismo alemão e pelo avivamento
evangélico que ocorreu na Inglaterra na época.
Os metodistas enfatizavam a necessidade de uma experiência pessoal de
conversão e santificação, bem como a importância da prática cristã na vida diária.
Eles também enfatizavam o papel das Escrituras, do estudo bíblico e da oração na
vida cristã.
O movimento rapidamente se espalhou pela Inglaterra e depois para outros
países, incluindo os Estados Unidos. Os metodistas criaram sua própria estrutura
organizacional, com líderes chamados de superintendentes e conferências anuais
para discutir assuntos teológicos e administrativos.
Os metodistas foram conhecidos por sua ênfase na pregação ao ar livre,
evangelismo e missões, bem como por sua preocupação com questões sociais,
incluindo o trabalho com os pobres e marginalizados.
O metodismo teve um impacto significativo na história da Inglaterra e dos
Estados Unidos, influenciando o surgimento de outros movimentos evangélicos e o
desenvolvimento do evangelicalismo moderno.
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A igreja, o Iluminismo e o liberalismo teológico

O Iluminismo
O Iluminismo foi um movimento cultural, intelectual e filosófico que surgiu na
Europa no século XVIII. Ele se caracterizou por uma ênfase na razão, na ciência e no
progresso, em contraste com a tradição, a autoridade religiosa e a superstição.
Os iluministas acreditavam que a razão humana poderia ser usada para
entender e melhorar o mundo natural e social, e que a educação era fundamental
para o desenvolvimento humano. Eles promoveram a liberdade de pensamento, a
tolerância religiosa e a igualdade perante a lei.
Entre as figuras mais importantes do Iluminismo estão o filósofo francês
Voltaire, o escritor e filósofo Jean-Jacques Rousseau, o matemático e físico inglês
Isaac Newton, o filósofo alemão Immanuel Kant e o cientista italiano Galileu Galilei.
As ideias do Iluminismo tiveram um grande impacto na história europeia e
mundial, influenciando o surgimento das revoluções democráticas, incluindo a
Revolução Francesa e a Revolução Americana, bem como o desenvolvimento de
uma série de campos científicos, incluindo a biologia, a química e a física.

Deísmo

O Deísmo é uma corrente filosófica e religiosa que surgiu no século XVII e


XVIII na Europa e nos Estados Unidos. Os deístas acreditam na existência de um
Deus criador do universo, mas rejeitam a ideia de que Deus intervém diretamente
nos assuntos do mundo ou revela sua vontade aos seres humanos através das
escrituras sagradas.
Os deístas argumentam que a razão e a observação empírica são as únicas
fontes confiáveis de conhecimento sobre Deus e o universo. Eles defendem que a
religião deve ser baseada na razão, na moralidade e na ética, e não em dogmas ou
rituais.
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Os deístas tiveram grande influência na Ilustração e foram críticos das


religiões tradicionais, que consideravam como baseadas em superstições e mitos.
Entre os principais representantes do deísmo estão John Locke, Voltaire, Thomas
Paine e Thomas Jefferson.
O deísmo teve um impacto significativo na história das ideias e da religião
ocidental, e suas ideias continuam a influenciar o pensamento contemporâneo.
Immanuel Kant (1724 - 1804)

Immanuel Kant (1724-1804) foi um filósofo alemão que é considerado um dos


pensadores mais influentes da história da filosofia ocidental. Ele nasceu em
Königsberg, na Prússia Oriental (atualmente Kaliningrado, na Rússia), e passou a
maior parte de sua vida lá como professor de filosofia na Universidade de
Königsberg.
Kant é conhecido por sua filosofia crítica, que busca estabelecer os limites do
conhecimento humano e a validade do conhecimento científico. Ele argumentou que
o conhecimento humano é limitado pelos nossos sentidos e pela estrutura da mente
humana, e que a razão é a fonte de princípios universais e imutáveis que são
aplicáveis a todas as experiências humanas.
Entre as obras mais importantes de Kant estão "Crítica da Razão Pura",
"Crítica da Razão Prática" e "Crítica do Juízo". Nessas obras, ele desenvolveu a sua
teoria da ética, da metafísica, da epistemologia e da estética.
Kant também teve influência em diversas áreas do pensamento, incluindo a
teologia, a política e a ciência. Ele defendeu a ideia de que a moralidade deve ser
baseada na razão e na dignidade da pessoa humana, e que a paz mundial só pode
ser alcançada através da cooperação internacional e do respeito mútuo entre os
povos.
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8. O liberalismo teológico
O liberalismo teológico foi um movimento teológico e filosófico que surgiu no
século XIX na Europa e nos Estados Unidos. Ele defendia a interpretação da Bíblia e
dos dogmas cristãos de uma forma mais liberal, ou seja, menos literal e mais
adaptada à cultura e ao pensamento da época.
Os teólogos liberais acreditavam que a razão e a experiência eram tão
importantes quanto a revelação divina na compreensão da religião. Eles enfatizavam
o estudo histórico e científico da Bíblia, rejeitando a ideia de que ela era a palavra
literal de Deus e defendiam que ela devia ser interpretada de acordo com as
descobertas da ciência e da crítica histórica.
O liberalismo teológico também se opunha às estruturas tradicionais da igreja,
como a hierarquia clerical e as doutrinas dogmáticas. Eles defendiam a autonomia
das congregações e a liberdade de cada indivíduo de interpretar e praticar a religião
de acordo com sua consciência.
O liberalismo teológico teve grande influência na Igreja Protestante nos
Estados Unidos e na Europa, mas foi amplamente criticado e rejeitado pela Igreja
Católica Romana e por muitas denominações protestantes conservadoras.

Friedrich Schleiermacher (1768 - 1834)

Friedrich Schleiermacher (1768-1834) foi um teólogo, filósofo e escritor


alemão, considerado uma das figuras mais importantes do liberalismo teológico do
século XIX. Ele nasceu em Breslau (atualmente Wroclaw, na Polônia) e estudou
teologia e filosofia em Halle e em Berlim.
Schleiermacher teve uma grande influência na teologia protestante e foi um
dos primeiros a aplicar métodos críticos e históricos no estudo da Bíblia. Ele defendia
que a religião deveria ser compreendida a partir da experiência religiosa individual, e
não a partir de dogmas ou autoridades externas.
Uma de suas obras mais importantes foi "Reden über die Religion an die
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Gebildeten unter ihren Verächtern" ("Sermões sobre a religião dirigidos aos cultos
que a desprezam"), publicada em 1799. Nesse livro, Schleiermacher argumentava
que a religião não deveria ser vista como uma série de doutrinas ou práticas
externas, mas como uma relação pessoal com o divino.
Schleiermacher também foi um defensor da tolerância religiosa e da liberdade
de consciência. Ele acreditava que cada indivíduo deveria ser livre para escolher e
praticar sua própria religião, sem interferência do Estado ou de outras instituições
externas.
Além de sua obra teológica, Schleiermacher também escreveu sobre filosofia,
linguística e literatura. Ele morreu em Berlim em 1834, deixando um legado
importante na teologia e na filosofia ocidental.

David Strauss (1808 - 1874)

David Friedrich Strauss (1808-1874) foi um teólogo e escritor alemão,


conhecido por sua crítica literária e histórica da Bíblia. Ele nasceu em Ludwigsburg,
na Alemanha, e estudou teologia em Tübingen e em Berlim.
Em 1835, Strauss publicou seu livro mais famoso, "A Vida de Jesus Criticada"
(em alemão, "Das Leben Jesu kritisch bearbeitet"), que causou grande controvérsia e
polêmica na época. Nesse livro, Strauss argumentava que os Evangelhos não
deveriam ser lidos como um relato histórico e factual da vida de Jesus, mas sim
como uma narrativa mítica e simbólica, que refletia a cultura e as crenças dos
autores e da época em que foram escritos.
Essa abordagem da Bíblia, que se baseava em métodos históricos e críticos,
foi uma das principais características do liberalismo teológico do século XIX. Strauss
também defendia uma visão mais racionalista e secular da religião, argumentando
que a razão e a ciência eram tão importantes quanto a fé na compreensão do mundo.
Além de seu trabalho teológico, Strauss também escreveu sobre literatura,
filosofia e política. Ele foi um defensor do liberalismo político e da democracia, e
participou ativamente da revolução de 1848 na Alemanha.
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Strauss morreu em 1874, deixando um legado importante na história da


teologia e da filosofia. Sua crítica da Bíblia e do cristianismo influenciou muitos outros
pensadores e teólogos, e continua a ser discutida e debatida até os dias de hoje.

Albrecht Ritschl (1822 - 1889)

Albrecht Ritschl (1822-1889) foi um teólogo alemão e um dos fundadores da


escola teológica conhecida como "teologia liberal". Ele nasceu em Berlim e estudou
teologia em Halle, Bonn e Tübingen.
Ritschl acreditava que a teologia deveria se concentrar na pessoa de Jesus
Cristo e em sua mensagem de amor e redenção, em vez de se preocupar com
questões metafísicas ou dogmáticas. Ele enfatizava a importância da ética cristã e da
justiça social, argumentando que a religião deveria ser uma força positiva na
sociedade.
Uma das principais obras de Ritschl foi "Rechtfertigung und Versöhnung"
("Justificação e Reconciliação"), publicada em 1870-74. Nessa obra, Ritschl
argumentava que a justificação pela fé era uma doutrina central do cristianismo, mas
que ela deveria ser entendida de forma mais ampla do que simplesmente a salvação
individual. Ele defendia que a justificação pela fé deveria ser vista como uma
expressão da relação amorosa entre Deus e a humanidade, e que essa relação
deveria ser manifestada em ações éticas e sociais.
Ritschl também era um defensor da separação da igreja e do Estado,
argumentando que a religião deveria ser livre de qualquer influência política ou
econômica. Ele foi um dos primeiros a enfatizar a importância da história e da cultura
na compreensão da religião, argumentando que a teologia deveria ser uma disciplina
acadêmica rigorosa e científica. Ritschl morreu em 1889, deixando um legado
importante na teologia e na filosofia ocidental. Sua abordagem da teologia como uma
disciplina histórica e ética influenciou muitos outros teólogos e pensadores, e
continua a ser discutida e debatida até os dias de hoje.
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Adolf von Harnack (1851 - 1930)

Adolf von Harnack (1851-1930) foi um teólogo e historiador alemão,


considerado um dos mais influentes teólogos do século XX. Ele nasceu em Tartu, na
Estônia, e estudou teologia em Dorpat, Leipzig e Tubinga.
Harnack é conhecido por sua defesa do "cristianismo puro" ou "cristianismo
primitivo", que ele via como a essência do cristianismo original antes de ser
distorcido por influências externas. Ele argumentava que o cristianismo deveria ser
entendido como uma religião ética baseada na mensagem de Jesus de amor e
compaixão, em vez de uma religião baseada em dogmas e crenças metafísicas.
Harnack também foi um importante historiador da igreja primitiva e da teologia
cristã. Ele acreditava que a teologia deveria ser uma disciplina histórica, que se
baseia na análise crítica das fontes históricas e na compreensão do contexto social e
cultural em que foram produzidas. Ele enfatizava a importância da liberdade de
pensamento e da pesquisa acadêmica, e era um defensor da separação da igreja e
do Estado.
Uma das principais obras de Harnack foi "Das Wesen des Christentums" ("A
Essência do Cristianismo"), publicada em 1900, na qual ele argumentava que o
cristianismo era uma religião ética baseada na compreensão da divindade de Jesus e
na aceitação de sua mensagem de amor e justiça.
Harnack teve uma grande influência na teologia protestante e na teologia
liberal do século XX. Ele foi um defensor da unidade cristã e da cooperação
ecumênica entre as diferentes denominações cristãs. Ele morreu em 1930, deixando
um legado importante na história da teologia e da filosofia.

Rudolf Bultmann (1884 - 1976)

Rudolf Bultmann (1884-1976) foi um teólogo luterano alemão e uma das


figuras mais importantes da teologia do século XX. Ele nasceu em Wiefelstede, na
Alemanha, e estudou teologia em Tübingen e Marburg.
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Bultmann é conhecido por sua teologia da desmitologização, que defendia que


a mensagem central do cristianismo devia ser separada de seus elementos
mitológicos e culturais. Ele acreditava que a teologia deveria ser uma disciplina
crítica e científica, que usa as ferramentas da análise histórica e literária para
entender o significado dos textos religiosos.
Uma das principais obras de Bultmann foi "Jesus Cristo e Mitologia" (1941), na
qual ele argumentava que os elementos mitológicos do Novo Testamento eram
produtos de uma cultura pré-científica e não eram relevantes para a mensagem
central do cristianismo. Ele defendia que a mensagem de Jesus deveria ser
entendida como uma chamada à liberdade e à responsabilidade, em vez de uma lista
de crenças dogmáticas.
Bultmann também era conhecido por sua abordagem da hermenêutica, ou da
interpretação de textos religiosos. Ele argumentava que a interpretação de textos
religiosos devia ser contextualizada em seu ambiente histórico e cultural, e que as
interpretações anteriores dos textos não deveriam ser consideradas como definitivas.
Bultmann teve uma grande influência na teologia protestante e na teologia
liberal do século XX. Ele também teve um impacto significativo na filosofia, na
literatura e na cultura em geral. Ele morreu em 1976, deixando um legado duradouro
na teologia e no pensamento ocidental.

Karl Barth (1886 - 1968)

Karl Barth (1886-1968) foi um teólogo suíço e uma das figuras mais
importantes da teologia do século XX. Ele nasceu em Basel, na Suíça, e estudou
teologia em Berna, Tübingen e Marburg.
Barth é conhecido por sua teologia da Palavra de Deus, que enfatiza a
centralidade da Bíblia como a revelação de Deus. Ele acreditava que a teologia devia
ser baseada na autoridade da Bíblia e que a interpretação dos textos religiosos devia
ser contextualizada em seu ambiente histórico e cultural.
Uma das principais obras de Barth foi "Dogmática Eclesiástica" (1932), na qual
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ele defendia que a igreja devia ser entendida como uma comunidade de pessoas
chamadas por Deus para a missão de proclamar a Palavra de Deus ao mundo. Ele
argumentava que a igreja não deveria ser vista como uma instituição estática ou
como um fim em si mesma, mas como um meio para a realização da vontade de
Deus na história.
Barth também era conhecido por sua oposição ao nazismo e por seu papel na
resistência teológica ao regime de Hitler. Ele era um defensor da cooperação
ecumênica entre as diferentes denominações cristãs e defendia a importância da
liberdade de pensamento e da pesquisa acadêmica na teologia.
Barth teve uma grande influência na teologia protestante e na teologia liberal
do século XX. Ele foi um dos fundadores da chamada "teologia dialética", que
enfatizava a tensão entre a transcendência de Deus e a imanência de Deus na
história humana. Ele morreu em 1968, deixando um legado importante na teologia e
no pensamento ocidental.

Catolicismo Romano e a modernidade

Concílio Vaticano I (1870)

O Concílio Vaticano I foi convocado pelo Papa Pio IX em 1869 e teve sua
primeira sessão em dezembro daquele ano, continuando até julho de 1870. Foi o
vigésimo Concílio Ecumênico da Igreja Católica e foi realizado na Basílica de São
Pedro, no Vaticano.
O Concílio Vaticano I foi convocado para discutir diversos temas, incluindo a
relação entre a fé e a razão, a autoridade do Papa, a infalibilidade papal e a natureza
da Igreja. Um dos principais objetivos do Concílio era definir o papel e a autoridade
do Papa como sucessor de São Pedro e chefe da Igreja Católica.
Durante o Concílio, foi aprovada a definição da infalibilidade papal, que
afirmava que o Papa, quando falava ex cathedra (ou seja, em sua capacidade de
ensinar a Igreja como seu pastor supremo), era infalível e suas declarações eram
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irreformáveis. Além disso, o Concílio reafirmou a doutrina da transubstanciação, que


ensina que o pão e o vinho consagrados na Missa se tornam verdadeiramente o
Corpo e o Sangue de Cristo.
No entanto, o Concílio foi interrompido em 1870 devido à eclosão da Guerra
Franco-Prussiana, e muitas questões importantes não foram discutidas ou foram
deixadas em aberto. O Concílio foi oficialmente encerrado pelo Papa Pio IX em 1871,
mas seus ensinamentos continuaram a ser estudados e debatidos na Igreja Católica
ao longo dos anos seguintes.

Concílio Vaticano II (1965)

O Concílio Vaticano II foi o vigésimo primeiro Concílio Ecumênico da Igreja


Católica e foi convocado pelo Papa João XXIII em 1962. O Concílio teve como
objetivo principal a renovação da Igreja Católica e a adaptação da Igreja às
mudanças sociais e culturais do mundo moderno.
O Concílio reuniu bispos de todo o mundo em quatro sessões realizadas no
Vaticano, entre 1962 e 1965. O Papa Paulo VI, que sucedeu a João XXIII em 1963,
continuou o trabalho do Concílio após a morte de João XXIII.
O Concílio Vaticano II abordou uma ampla gama de temas, incluindo a liturgia,
a relação entre a Igreja Católica e outras religiões, a missão da Igreja no mundo, a
eclesiologia, a relação entre a Igreja e o mundo moderno, a formação dos padres e
religiosos, entre outros.
Entre os documentos mais importantes produzidos pelo Concílio estão a
Constituição Dogmática sobre a Igreja, a Constituição sobre a Sagrada Liturgia, a
Declaração sobre a Liberdade Religiosa, a Declaração sobre as Relações da Igreja
com as Religiões Não Cristãs e o Decreto sobre o Ecumenismo.
O Concílio Vaticano II foi um marco importante na história da Igreja Católica,
pois promoveu mudanças significativas na vida da Igreja, incluindo a reforma
litúrgica, a promoção do diálogo ecumênico e inter-religioso, a participação ativa dos
leigos na vida da Igreja, entre outras. Os ensinamentos do Concílio continuam a
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influenciar a Igreja Católica até os dias de hoje.

Teologia da libertação

A Teologia da Libertação é um movimento teológico que surgiu na América


Latina, na década de 1960, durante o período de grandes mudanças sociais e
políticas no continente. Ela se concentra em uma abordagem cristã da libertação dos
oprimidos e marginalizados.
A Teologia da Libertação enfatiza a necessidade de a Igreja Católica estar
presente nas lutas sociais e políticas e defende a transformação das estruturas
sociais e econômicas injustas que mantêm os pobres em situação de opressão e
marginalização. O movimento surge em um contexto de pobreza, desigualdade e
exclusão social, em que muitos cristãos passaram a questionar o papel da Igreja
Católica em relação à realidade social e política da América Latina.
Os teólogos da libertação argumentam que a mensagem cristã não é apenas
sobre a salvação individual, mas também sobre a libertação dos pobres e oprimidos.
Eles enfatizam a importância do engajamento político e da ação social na promoção
da justiça e da igualdade. A Teologia da Libertação enfatiza a opção preferencial
pelos pobres e o chamado à solidariedade com os marginalizados e excluídos.
A Teologia da Libertação foi criticada por alguns setores da Igreja Católica,
que argumentavam que ela era uma tentativa de politizar a mensagem cristã e que a
ênfase na justiça social poderia obscurecer a mensagem de salvação individual. No
entanto, outros setores da Igreja Católica apoiaram a Teologia da Libertação e a
consideram uma abordagem legítima da teologia que enfatiza a dimensão social do
Evangelho.

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