Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
da Igreja
Professor Esp. Tiago Calazans Elias
2021 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2021 Os autores
Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade
exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi-
tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem
a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP
UNIFATECIE Unidade 1
Reitor Rua Getúlio Vargas, 333
Prof. Ms. Gilmar de Oliveira Centro, Paranavaí, PR
Diretor de Ensino (44) 3045-9898
Prof. Ms. Daniel de Lima
Diretor Financeiro
Prof. Eduardo Luiz UNIFATECIE Unidade 2
Campano Santini
Rua Cândido Bertier
Diretor Administrativo Fortes, 2178, Centro,
Prof. Ms. Renato Valença Correia Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
Secretário Acadêmico
Tiago Pereira da Silva
Web Designer
Thiago Azenha
Revisão Textual
Kauê Berto
Prezado (a) aluno (a), se você se interessou pelo assunto desta disciplina, isso já é
o início de uma grande jornada que vamos trilhar juntos a partir de agora. Proponho, junto
com você construir nosso conhecimento sobre o estudo longo período da História da Igreja.
Nosso estudo será dividido em quatro períodos, divididos nas quatro unidades.
Na Unidade I, será apresentada a História da Patrística, desde o início da Igreja,
conforme o livro bíblico de Atos dos Apóstolos, até a conversão do imperador Romano
Constantino e cristianização do Império. A marca principal deste período foi a perseguição
imperial contra os cristãos e formulações da teologia em relação a trindade e cristologia.
Na Unidade II, o estudo será do período Medieval, após a queda de Roma até a
Pré-Reforma Protestante. Neste período, a igreja será institucionalizada, firmando suas
relações com o Estado e sendo, em certa medida, uma barreira contra a paganização
total da Europa pelos bárbaros. Neste período nasce o Islã, que mudará para sempre a
cartografia da religião oriental e ocidental.
Na Unidade III, abordaremos o período Moderno, e as conquistas do homem na
navegação, indústria e ciência. Novas saberes são a mola propulsora deste novo Mundo,
tendo as reformas religiosas, papel preponderante nestas transformações.
Na Unidade IV, trataremos do período contemporâneo, e os reflexos do mundo pós
moderno. Em especial, falaremos sobre o cristianismo na Europa e no Brasil. Aproveito
para reforçar o convite a você, para junto conosco percorrer esta jornada de conhecimento
e multiplicar os conhecimentos sobre tantos assuntos abordados em nosso material.
Esperamos contribuir para seu crescimento pessoal, vocacional e profissional.
UNIDADE I....................................................................................................... 3
História da Igreja: Período Patrístico (34d.C a 451 d.C)
UNIDADE II.................................................................................................... 24
A Igreja no Período Medieval (451 a 1453)
UNIDADE III................................................................................................... 44
A Igreja no Período Moderno 1453-1800
UNIDADE IV................................................................................................... 64
A Igreja no Período Contemporâneo (Séculos XX e XXI)
UNIDADE I
História da Igreja: Período
Patrístico (34d.C a 451 d.C)
Professor Esp. Tiago Calazans Elias
Plano de Estudo:
● A igreja apostólica (34 d.C. a 100 d.C.);
● A igreja patrística (101 d.C. a 313 d.C.);
● A igreja imperial (313 d.C. a 451 d.C.);
● Principais temas e debates da Patrística.
.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar os temas teológicos da patrística;
● Compreender os avanços do cristianismo no império romano;
● Estabelecer a importância dos nomes
e teologias do período patrístico.
3
INTRODUÇÃO
Olá estudante, vamos dar início a nossa jornada de estudos sobre a história da
Igreja, espero que esteja bem animado (a).
Nesta primeira unidade, trataremos sobre o período mais criativo da história da
igreja, a Patrística. Neste período teremos o desenvolvimento de teologias e debates que
perduram até hoje. Fizemos a escolha por estudarmos neste período, a ênfase nos eventos
do ocidente, como o império romano como palco principal das apresentações.
No primeiro tópico será apresentando o contexto do Novo Testamento, com o
esboço do livro histórico, Atos dos Apóstolos. Este período é denominado período
apostólico, pois os atores principais são apóstolos que tiveram contato direto com a
Pessoa de Cristo, cuja a autoridade permitiu-lhes a escrita dos documentos considerados
inspirados pelas gerações posteriores.
Com a morte do último apóstolo, João, por volta do ano 100, temos um processo
de grandes debates teológicos sobre a pessoa e obra de Cristo. A tradução dos escritos
apostólicos fica por conta dos discípulos diretos dos apóstolos, chamadas de pais
apostólicos, cuja a referência dá o nome do período, Patrística. Neste segundo tópico,
apresentamos dois conteúdos presentes no período, a perseguição imperial por parte de
Roma e os debates teológicos.
No terceiro tópico, é introduzido a conversão do imperador romano Constantino
(313) algo que mudaria definitivamente os rumos da igreja. A igreja passa de perseguida
para privilegiada, neste período, o pensamento cristão ganha novos contornos, dada a
possibilidade de escrita e liberdade para que os intelectuais cristãos realizassem suas
formulações teológicas.
No último tópico, faremos um resumo sobre os temas e debates sobre este período,
agrupados em um único tópico, ficará mais claro o desenvolvimento dos temas e fontes
para a pesquisa dos concílios e personagens deste momento histórico.
Espero que a leitura desta unidade seja proveitosa para o seu desenvolvimento
intelectual e contribua para o seu pensamento crítico.
Bons estudos!
Segundo Cairns (1995) as perseguições contra a igreja neste período se davam por
conta dos seguintes motivos:
(A) Política - Quando a igreja, dada a sua moralidade, trazia aspectos de
desconforto para os líderes políticos.
(B) Religiosas – Conflitos com a religião pagã e popular.
(C) Sociais - Problemas sociais também contribuíram para o início da perseguição
à Igreja.
(D) Econômicas - A igreja sofria quando o império enfrentava crises econômicas.
Com toda a certeza, um dos eventos marcantes ou talvez o mais significativo para
o período patrístico, tenha sido a mudança da igreja cristã de perseguida ou na melhor das
hipóteses, clandestina, para a religião oficial ou igreja imperial, fato este diretamente ligado
a “conversão” do imperador Constantino.
Constantino nasceu numa família de pais pagãos em 285 (sua mãe se converteu
posteriormente ao Cristianismo, ao que parece, sob a influência do filho). Apesar de
não demonstrar nenhum interesse especial pelo Cristianismo no início de seu governo,
Constantino certamente parece ter considerado a tolerância uma virtude essencial. Depois
que Maxêncio tomou o poder na Itália e norte da África, Constantino partiu da Europa
ocidental com parte de seu exército na tentativa de recuperar a autoridade sobre a região
perdida. A batalha decisiva ocorreu em 28 de outubro de 312 na ponte Milvio, ao norte de
Roma. Constantino derrotou Maxêncio e foi proclamado imperador. Logo depois, declarou-
se cristão. Esse fato é relatado tanto por escritores cristãos quanto pagãos. O que não fica
claro é a data exata da conversão. Alguns escritores cristãos (como Lactâncio e Eusébio)
sugerem que a conversão ocorreu antes da batalha decisiva e que Constantino teve uma
visão celestial ordenando que ele colocasse o sinal da cruz no escudo dos seus soldados.
Quaisquer que tenham sido os motivos da sua conversão e quer esta tenha ocorrido antes ou
depois da batalha na ponte Mílvio, não há dúvidas quanto à sua realidade e consequências.
Aos poucos, Roma se tomou cristianizada.
Neste tópico abordaremos alguns dos temas e debates teológicos que ocorreram
no período da Patrística. Como já percebemos, foram séculos de reviravoltas, controvérsias
e muita produção intelectual para o período.
O período apostólico foi desafiador. Os primeiros cristãos tendo que romper com a
tradição judaica e a compressão da nova proposta de vida baseada no Evangelho. Talvez
um dos pontos mais importantes para a teologia primitiva tenha sido o concílio de Jerusalém,
conforme destaca Gundry (1998, p. 176):
Com o apoio outorgado pelos líderes Pedro e Tiago, meio-irmão de Jesus,
o parecer da influente igreja mãe de Jerusalém favorecia a ideia da isenção
dos crentes gentios quanto aos preceitos da lei mosaica, apesar de exortá-
los a evitar as práticas que ofenderiam desnecessariamente aos judeus: a
ingestão de carne que fora dedicada a algum ídolo, antes de ser posta à
venda; o consumo de carne de animais mortos por sufocação; o comer carne
que ainda contivesse o sangue do animal morto; e, finalmente, a “fornicação”,
ou seja, a imoralidade de modo geral, embora talvez encontramos aqui
um termo técnico que indicava o incesto (casamento com parentes mais
próximos do que aqueles permitidos no décimo oitavo capítulo de Levítico).
A igreja de Jerusalém enviou a dois dentre seu próprio número, Judas
(Barsabás) e Silas, em companhia de Paulo e Barnabé, a fim de confirmarem,
na presença dos cristãos de Antioquia da Síria, que Paulo e Barnabé não
estavam apresentando um relatório falso, que favorecesse a sua posição.
Quanto à natureza crucial da controvérsia judaizante, vide ainda a discussão
a respeito, na epístola aos Gálatas.
O período patrístico pode ser sintetizado com três formas de se fazer teologia,
primeiro pelos pais (95-100); depois pelos apologistas (100-300); e por fim pelos teólogos
(300-600). E o desenvolvimento teológico deste período dificilmente será superado ao
longo da história da igreja.
SAIBA MAIS
Fonte: OLSON, Roger E. História da teologia cristã: 2000 anos de tradição e reformas. Tradução Gordon
Chown. São Paulo: Editora Vida, 2001. (p. 47).
REFLITA
Tenho seguido a Cristo por oitenta e seis anos sem que ele tenha me feito mal algum,
por que eu haveria de negá-lo agora?
Fonte: DE CESAREIA, Eusébio. História eclesiástica. CPAD-Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2014.
Até breve!
LIVRO
Título: História Eclesiástica.
Autor: Eusébio de Cesareia.
Editora: Casa publicadora das Assembleias de Deus - CPAD.
Sinopse: História Eclesiástica, obra indispensável a quem deseja
compreender a história dos primeiros séculos do cristianismo, é, sem
dúvida, a obra mais importante de Eusébio de Cesaréia, destacando-
se como a mais conhecida e mais citada. Compreende 10 livros,
escritos ao longo doa nos 312 e 317, nos quais o autor se propõe
tratar “daqueles que oralmente ou por escrito, foram mensageiros
da palavra de Deus em cada geração”, iniciando com uma história
sumária de Cristo, desde o seu nascimento, e encerrando com a
dupla vitória do imperador Constantino: sobre Maxêncio em 312 e
sobre Licínio em 324. Portanto, este volume abrange o período dos
primeiros séculos e retrata a sucessão dos bispos, as dificuldades
causadas à Igreja pelas perseguições, o diálogo e o enfrentamento
verbal com os pagãos e os judeus, o surgimento das heresias e dos
heréticos e o triunfo eclesiástico associado ao triunfo constantiniano.
Esse conteúdo é de riqueza inestimável, sobretudo por ter sido
elaborado junto a fontes seguras, trazendo à história posterior estas
mesmas fontes em forma de extratos enriquecidos com muitas
citações de escritos da época. Por meio dessas citações é possível
conhecer textos e documentações em geral que se perderam ao
longo do tempo e foram conservados nessa obra, que, por mais
essa razão, é de grande importância no universo da patrologia e da
história da Igreja.
FILME/VÍDEO
Título: Ben-Hur
Ano: 2016.
Sinopse: O nobre Judah Ben Hur (Jack Huston), contemporâneo de
Jesus Cristo (Rodrigo Santoro), é injustamente acusado de traição
e condenado à escravidão. Ele sobrevive ao tempo de servidão e
descobre que foi enganado por seu próprio irmão, Messala (Toby
Kebbell), partindo, então, em busca de vingança.
WEB
PRAZER DA PALAVRA é um espaço destinado a abrigar textos
produzidos por Israel Belo de Azevedo e colaboradores. O material
inclui sobretudo meditações, devocionais e estudos bíblicos, como
livros, sermões, textos breves (editoriais), recursos para a igreja,
líderes e pastores. Há ainda poemas, ensaios, recomendações
bibliográficas e repertório de citações.
Link de acesso: http://www.prazerdapalavra.com.br/academia
Plano de Estudo:
● A supremacia da igreja Católica Apostólica Romana (451 a 800);
● A crise na igreja Católica Apostólica Romana (800 a 1054);
● A tentativa de sobrevivência da igreja Católica
em um mundo de transformações (1054 a 1453);
● Principais temas e debates do período medieval.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar os termos teológicos
sobre a cristologia e eclesiologia;
● Compreender os as continuidades e transformações
dos processos teológicos do período;
● Estabelecer a importância dos eventos
históricos para a eclesiologia.
24
INTRODUÇÃO
Olá Estudante, seja bem-vindo (a) a mais uma etapa importante do nosso estudo
sobre a história da Igreja.
E não diferente da primeira Unidade, em que traçamos um período de aproximadamente
450 anos de história, cujo podemos compreender inúmeras transformações na eclesiologia
da igreja, nesta Unidade faremos nossa análise em abrangência de um século, deste de o
concílio de Calcedênia (451) até a queda de Constantinopla pelos turcos em (1453). Este
período é compreendido pelos historiadores com a Idade Média, equivocadamente tida por
alguns como Idade das Trevas, ou do obscurantismo. Contudo, percebemos que foi um
período de avanços culturais e científicos, talvez não na velocidade esperada pelos dos
críticos modernistas, mas com contribuições significativas para a sociedade. Isso não quer
dizer que o período esteve isento de crises, longe disto, mas fazer destes 1000 anos um
vácuo de luz intelectual não é ser honesto com o passado.
Em nossa jornada, teremos quatro pontos de análise. Primeiro, falaremos
sobre a transformação religiosa em que a sede do império romano enfrentou ao aderir
o cristianismo como religião oficial e consequentemente as transformações culturais,
econômicas, políticas e sociais em todo a Europa. Veremos que o cristianismo foi agente
transformador mais também foi transformado pelo império, sofisticando sua doutrina em
detrimento da simplicidade.
No segundo tópico mostraremos como as inovações bárbaras modificaram o cenário
político na Europa. Em uma primeira análise, será certo pensar que o cristianismo estivera
ameaçado, com as incursões de povos pagãos, mais o que ocorreu, foi que o cristianismo
foi um ponto conciliador entre as tribos germânicas e os italianos, formando assim o Sacro
Império Romano Germânico.
No tópico três analisaremos as crises institucionais enfrentadas pela igreja e sua
proposta combativa contra a ameaça religiosa que surgiu no Oriente Médio. No último
tópico, selecionamos alguns dos principais temas e debates eclesiológicos deste período.
Bons estudos!
UNIDADE III A
História
Igreja da
no Igreja:
PeríodoPeríodo
Medieval
Patrístico
(451 a1453)
(34 d.C a 451 d.C) 25
1. A SUPREMACIA DA IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA (451 a 800)
Este período que abrange este tópico é por alguns historiadores considerado como
o início do período medieval. A queda de Roma em 476 após várias invasões germânicas
enfraqueceram o poder militar e político do antigo império, embora, na capital bizantina,
continuasse firma ante as ameaças militares. Um ponto interessante, é que Roma
continuaria por séculos, tendo o cristianismo como religião oficial enquanto Constantinopla
for a afetada pelo islamismo crescente neste período. Vamos agora conhecer o panorama
da igreja ocidental e suas transformações para o cenário Europeu.
Uma das marcas depois que o cristianismo se tornou a religião oficial do império,
foi a busca por parte de alguns por uma vida afastada da sociedade. Talvez, para alguns
convertidos ao cristianismo, havia certa discordância entre a mensagem do evangelho e o
estilo de vida das metrópoles, conforme destaca Cairns (1995):
No período da gradual decadência interna do Império Romano, o monasticismo
exerceu um forte apelo para muitos que prontamente renunciaram a sociedade
em favor do claustro. Este movimento tem suas origens no século IV, quando
leigos em número cada vez maior começaram a se ausentar do mundo. Ao final
do século VI, o monasticismo tinha fundas raízes na Igreja ocidental e oriental.
Um segundo período de grandeza do monasticismo ocorreu por ocasião das
reformas monásticas dos séculos X e XI. A era dos frades no século XIII consti-
tui um terceiro período. O surgimento dos jesuítas na Contra Reforma do sécu-
lo XVI constitui o período final em que o monasticismo atingiu profundamente
a Igreja. O movimento exerce até hoje um importante papel na vida da Igreja
Católica Romana (CAIRNS, 1995, p. 122).
UNIDADE III A
História
Igreja da
no Igreja:
PeríodoPeríodo
Medieval
Patrístico
(451 a1453)
(34 d.C a 451 d.C) 26
A crescente deterioração moral, especialmente entre as classes altas da sociedade
romana, levou muitos a descrerem da reforma social. O monasticismo tornou-se um refúgio
para os que se revoltavam contra a galopante decadência dos tempos. Era uma espécie de
crítica viva da sociedade de então.
As consequências diretas do monasticismo foram bem resumidas por Cairns
(1995), o mosteiro local servia geralmente como o equivalente medieval de uma fazenda
experimental moderna na demonstração de métodos melhores de agricultura. Os monges
limpavam as florestas, drenavam os pântanos, abriam estradas e cultivavam sementes
e viveiros. Fazendeiros vizinhos adotavam as melhores técnicas que viam os monges
usar. Os mosteiros ajudaram a manter viva a erudição na Idade Média, entre 500 e 1000,
quando a vida urbana praticamente desapareceu com a tomada do Império Romano
pelos bárbaros. As escolas dos mosteiros davam educação de nível superior para os
vizinhos desejosos de aprender. Os monges também se ocupavam em copiar manuscritos
preciosos que preservaram para a posteridade. Em contrapartida, a vida monástica gerou
orgulho naqueles que se afastavam da sociedade, produzindo um sentimento hierárquico,
que seria levado as instancias da igreja.
Aos poucos, a ideia de que o bispo de Roma era o primeiro líder da igreja, foi
tomando forma. Este reconhecimento veio por meio do Imperador Valentiniano III, num
edito de 445 A.D., reconheceu a supremacia do bispo de Roma em negócios espirituais,
tornando-se “lei para todos” o que ele estabelecesse. Assim, tanto as autoridades
eclesiásticas como os temporais dos séculos IV e V reconheceram as pretensões do
bispo de Roma de primazia na Igreja (MCGRATH, 2010). Mesmo no período de invasões
dos bárbaros, os bispos foram fundamentais na diplomacia, impedindo que a cultura e
religião cristã fossem destruídos, chegando ao ponto, que na queda de Roma em 467, e
outras cidades italianas se tornaram a sede do poder temporal, o povo da Itália via o bispo
romano como a liderança política e espiritual.
Outro aspecto determinante foi a eficiente obra missionária de monges leais a Roma
também fortaleceu a autoridade do bispo romano. Clóvis, o líder dos francos, foi convertido
ao cristianismo em 496 e tornou-se um grande defensor da autoridade do bispo de Roma
(CAIRNS 1995). Entre 313 e 590, a Igreja Católica Antiga, em que cada bispo era um igual,
tornou-se a Igreja Católica Romana, em que o bispo de Roma tinha supremacia sobre
os outros bispos. O ritual da Igreja tornou-se também mais elaborado. A Igreja Católica
Romana reflete, em suas estruturas e leis canônicas, a Roma Imperial.
UNIDADE III A
História
Igreja da
no Igreja:
PeríodoPeríodo
Medieval
Patrístico
(451 a1453)
(34 d.C a 451 d.C) 27
Enquanto no cenário europeu a igreja cristã se firmava cada vez mais, com sua
influência na política, cultura e sociedade, no oriente uma nova religião surge neste período.
O islamismo teve suas origens na península árabe, uma região relativamente isolada do
mundo por mar ou por um ínvio deserto, exceto pela margem noroeste. A área é inóspita e o
homem é obrigado, para se manter, a lutar num solo de rochas estéreis, arenoso e quente.
Diante da força da natureza, o homem é levado, em regiões como estas, a reconhecer um
ser maior do que ele (CAIRNS, 1995). No texto abaixo identificamos a começo da trajetória
do Mohamed, logo o início da nova tendência religiosa:
Maomé (570-632), membro da tribo koreichita, que ganhava a vida como
condutor de camelos. Numa viagem em companhia de seu tio à Síria e à
Palestina, entrou em contato com o cristianismo e com o-judaísmo. Casou-
se. então, com uma, rica viúva chamada Khadijah ״através da qual pôde
ficar livre para suas meditações religiosas. Em 610, ele se sentiu divinamente
chamado para proclamar o monoteísmo, conseguindo ao final de três anos
fazer 12 convertidos, a maioria de sua própria família. Por se opor à pregação
da idolatria, foi forçado a fugir de Meca para Medina em 622. Em 630. O
movimento crescera tanto que fora capaz de conquistar Meca. Dois anos
depois, ao ׳tempo de sua morte, seus seguidores-estavam prontos para
expandir além da península árabe (CAIRNS, 1995, p. 139).
Entre os anos entre 632 e 732, o islamismo ganhou força. A Síria e a Palestina
foram convertidas na quarta década do século VII e a Mesquita de Ornar foi logo erigida
em Jerusalém. O Egito foi conquistado na década seguinte e a Pérsia caiu sob controle
muçulmano em 652. O cristianismo foi ameaçado de forma perigosa, embora tenha
sido paralisada na região oriental do continente pela defesa segura do Império oriental
comandada por Leão, o Isáurico, em 717 e 718. A expansão muçulmana na parte ocidental
do continente só foi contida pela derrota dos muçulmanos pelos exércitos de Carlos Martelo
em Tours, em 732 (CAIRNS, 1995). O cristianismo europeu ainda tentaria recuperar o oriente
por meio de expedições dos cruzados, mais este será um assunto do próximo tópico.
UNIDADE III A
História
Igreja da
no Igreja:
PeríodoPeríodo
Medieval
Patrístico
(451 a1453)
(34 d.C a 451 d.C) 28
2. A CRISE NA IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA (800 A 1054)
Com a queda de Roma em 476 a Europa passou por alguns séculos de reorganização
política e territorial, o quadro abaixo pretende resumir os reinos medievais.
UNIDADE III A
História
Igreja da
no Igreja:
PeríodoPeríodo
Medieval
Patrístico
(451 a1453)
(34 d.C a 451 d.C) 29
De 800 a 1806 o Império Romano Germânico esteve presente no cenário político
da Europa. O Império Romano deixará de existir como unidade nacional, mas continuava
existindo por meio da religião adotada por Carlos Magno e ungido pelo Papa Leão III
selando a aliança militar/religiosa.
Quando foi atacado por um grupo em Roma, e quase morto, o papa Leão III
deixou Roma e foi para a corte de Carlos Magno. Carlos Magno o conduziu de
volta a Roma e num concilio o papa foi absolvido das acusações contra ele.
Numa missa na catedral no Natal de 800, com Carlos Magno ajoelhado diante
do altar, o papa colocou a coroa sobre sua cabeça e o declarou imperador dos
romanos. Foi assim que o Império Romano voltou a existir no ocidente e uma
nova. Roma, governada por um teutão, substituiu o velho Império Romano. Um
império universal existiu aparte de uma Igreja universal. A herança clássica e a
cristã não se uniram num império cristão (CAIRNS, 1995, p. 150).
UNIDADE III A
História
Igreja da
no Igreja:
PeríodoPeríodo
Medieval
Patrístico
(451 a1453)
(34 d.C a 451 d.C) 30
3. A TENTATIVA DE SOBREVIVÊNCIA DA IGREJA CATÓLICA EM UM
MUNDO DE TRANSFORMAÇÕES (1054 a 1453)
Neste tópico abordaremos duas medidas adotadas pelo catolicismo na tentativa de frear
as ameaças a sua supremacia. A primeira está relacionada as forças militares do para reduzir a
ação dos muçulmanos no Oriente e o investimento educacional por meio da escolástica.
A primeira cruzada ocorreu em 1095 pelas ordens do Papa Urbano II, uma vez que os
religiosos islâmicos perseguiram de forma brutal os cristãos orientais. As cruzadas são um dos
capítulos polêmicos na história da igreja e sua relação com o poder e a violência. As cruzadas
são o produto de anos de militarização e repressão da igreja católico a partir das reformas de
Gregório, tendo como motivação, a libertação dos lugares sagrados pelos cristãos na terra
santa. A inovação do papa Urbano foi a transição de uma finalidade explicitamente política,
como a realizada pelos reinos de Castela e Aragão para uma finalidade religiosa.
Ao todo houveram sete cruzadas oficiais entre 1095 e 1291, sendo muitas
delas um verdadeiro fracasso militar, não impedindo que o território oriental fosse
predominantemente muçulmano. As cruzadas deixaram uma mancha na história da
Igreja, conforme relata Cairns (1995):
A Cruzada das Crianças de 1212 foi o episódio mais triste da história das
Cruzadas. Crianças da Franca e da Germânia, dirigidas por dois meninos,
Estevão e Nicolau, marcharam pelo sul da Europa até a Itália, na suposição
de que a pureza de suas vidas lhes daria o sucesso não conquistado pelos
seus pais pecadores. Muitos pereceram no caminho e os sobreviventes foram
vendidos como escravos no Egito. As cruzadas terminaram com a queda de
Acre, em 1291, para os muçulmanos (CAIRNS, 1995, p.181).
UNIDADE III A
História
Igreja da
no Igreja:
PeríodoPeríodo
Medieval
Patrístico
(451 a1453)
(34 d.C a 451 d.C) 31
Vejamos um panorama sobre a intensificação militar da igreja neste período:
QUADRO 2 – AS CRUZADAS
Cruzada Militar vs.
Albigenses ou Cátaros
Cruzadas contra os hereges 1209-29
Pregação Dominicana
No Leste da Prússia pelos
Cruzada contra os Eslavos Cavaleiros Teutônicos na
Polônia na Hungria
Cruzadas na Palestina
1095-1492 Espanha
Cruzada contra os 1* Reino Latino de Reconquista
muçulmanos. Jerusalém 1099-1189 4º vs. 1095-1299
Constantinopla Reino Latino
1204-61
Fonte: (OLSON, 2001).
UNIDADE III A
História
Igreja da
no Igreja:
PeríodoPeríodo
Medieval
Patrístico
(451 a1453)
(34 d.C a 451 d.C) 32
Anselmo, natural do norte da Itália, deveu-se as atividades intelectuais no campo
da teologia. A interpretação dada por Anselmo ao relacionamento entre razão e fé foi
sintetizada na seguinte declaração: Credo ut intelligam (Creio para que possa conhecer). A
fé deve ser primaria e deve se constituir num fundamento para o conhecimento.
Tomás de Aquino, conhecido como “Doutor Angélico”, vinha de berço nobre; sua
mãe era irmã de Frederico Barba-roxa. Educado em Monte Cassino e na Universidade de
Nápoles, fez-se monge dominicano contra a vontade de seus pais e dedicou-se a estudar.
Alto, desengonçado, taciturno e absorto, seus colegas em Colônia o apelidaram de “boi
quieto”, ao que o professor Alberto anotou que um dia o mugido desse boi encheria o
mundo. A prodigiosa sabedoria de Tomás o fez alcançar o ápice da teologia escolástica
e sua obra a Suma Teológica traça a sistematização da doutrina católica ao longo dos
séculos (CAIRNS, 1995). Com o resultado da filosofia escolástica, algumas correntes de
pensamento surgiram, tal como o nominalismo, que criou um interesse pelo homem, uma
vez que, segundo ele, o indivíduo era mais real do que a instituição. Este interesse fomen-
tou muito do materialismo da Renascença, quando as pessoas começaram a pensar no
homem como autônomo e a exaltar o método experimental como o principal caminho para
a verdade. Mais este será um assunto para a próxima unidade.
UNIDADE III A
História
Igreja da
no Igreja:
PeríodoPeríodo
Medieval
Patrístico
(451 a1453)
(34 d.C a 451 d.C) 33
4. PRINCIPAIS TEMAS E DEBATES DO PERÍODO MEDIEVAL
UNIDADE III A
História
Igreja da
no Igreja:
PeríodoPeríodo
Medieval
Patrístico
(451 a1453)
(34 d.C a 451 d.C) 34
A sistematização das doutrinas bíblicas é marca fundamental na teologia do período
medieval. Agostinho de Hipona com a teologia da graça foi o grande pensador do início da
Idade Média e Tomás de Aquino conclui a lista de grandes teólogos com sua teologia a
partir da razão aristotélica.
[...]o outro Padre da Igreja essencial e Santo Agostinho (354-430). Depois
de São Paulo, Santo Agostinho e o personagem mais importante para a ins-
talação e o desenvolvimento do cristianismo. E o grande professor da Idade
Média. Aqui citarei apenas duas obras suas que são fundamentais para a
história europeia [Confissões, Cidade de Deus] (LE GOFF, 2010, p. 31).
UNIDADE III A
História
Igreja da
no Igreja:
PeríodoPeríodo
Medieval
Patrístico
(451 a1453)
(34 d.C a 451 d.C) 35
A consagração de Gregório I (540-604) como o bispo de Roma conforme explica
(CAIRNS, 1995, p. 132):
Constitui um marco que divide o período antigo da história da Igreja
do período medieval. Geralmente chamado o Grande, nasceu nos turbulentos
tempos em que o Império oriental sob Justiniano buscava reconquistar a
metade ocidental do Império que fora perdida para as tribos teutãs. Pilhagens,
doenças e fomes estavam na ordem do dia. Nascido em uma das famílias
tradicionais, nobres e ricas de Roma, Gregório recebeu uma educação jurídica
que o prepararia para a vida pública. Estudou latim demoradamente, mas
não sabia hebraico nem grego. A maior obra de Gregório foi ampliar o poder
do bispo romano. Embora não reivindicasse o título de papa, exerceu todos
os poderes e prerrogativas dos papas posteriores- Fez isto para afirmar a
superioridade espiritual do bispo de Roma. Foi ele também o organizador
do canto gregoriano que teria na Igreja Católica Romana um lugar de maior
importância do que o desenvolvido por Ambrósio.
SAIBA MAIS
Clotilde foi uma princesa cristã da Borgonha. A influência de Clotilde, junto com aquilo
que Clovis cria ser uma ajuda divina numa luta, levou-o a conversão em 496 Quando se
fez cristão, seu povo também aceitou em massa o cristianismo.
Embora estas conversões pudessem não ser genuínas, o fato e que a aceitação do
cristianismo por Clovis teria efeitos duradouros! Na história futura da Igreja. Todos os
francos que dominavam a Galia, a região da Franca de hoje, estavam agora dentro
da Igreja Crista. A Galia se tornou uma base cujo os missionários saiam em direção
a Espanha árabe a fim de trazer os godos arianos, que lá se instalaram, de volta ao
cristianismo de doutrina ortodoxa. Saliente-se que a monarquia franca se tornou um
sustentáculo vigoroso do papado na baixa Idade Média. Os reis francos atravessaram
os Alpes muitas vezes para salvar o bispo romano das mãos de seus inimigos na Itália.
UNIDADE III A
História
Igreja da
no Igreja:
PeríodoPeríodo
Medieval
Patrístico
(451 a1453)
(34 d.C a 451 d.C) 36
REFLITA
Quando, então, se pergunta de onde vem o mal, deve-se primeiro indagar o que é o mal
e este não é outra coisa senão a corrupção, seja da medida, da forma ou da ordem que
pertence à natureza. A natureza que, portanto, foi corrompida é tida como má, porquanto
certamente é boa quando não é corrompida; mas, mesmo corrompida, e boa enquanto
natureza e é má enquanto corrompida.
UNIDADE III A
História
Igreja da
no Igreja:
PeríodoPeríodo
Medieval
Patrístico
(451 a1453)
(34 d.C a 451 d.C) 37
CONSIDERAÇÕES FINAIS
chegamos ao final de mais uma unidade. Podemos perceber que a Idade Média,
foi um período de profundas transformações no mundo. A igreja confirma sua supremacia
contra as inovações e consegue resistir as invasões dos árabes e muçulmanos. Mas o
mundo está muito diferente, e a igreja não dará conta de explicar todas estas mudanças.
As grandes navegações, o avança científico, as crises teológicas e morais da igreja romana
não conseguiram abordar o novo mundo que está surgindo.
Este será o assunto da nossa terceira unidade, o Novo a partir da(s) Reforma(s)
Protestante no cenário Europeu.
UNIDADE III A
História
Igreja da
no Igreja:
PeríodoPeríodo
Medieval
Patrístico
(451 a1453)
(34 d.C a 451 d.C) 38
LEITURA COMPLEMENTAR
FILOSOFIA DA RELIGIÃO
UNIDADE III A
História
Igreja da
no Igreja:
PeríodoPeríodo
Medieval
Patrístico
(451 a1453)
(34 d.C a 451 d.C) 39
Portanto, não menos do que isto, o universo, amplamente mais notável, requer um
criador do mundo. Na versão mais sofisticada de Aquino, a adaptação constante e dinâmica
de vários aspectos da natureza não-inteligente à realização de uma ordem estável no
mundo exige um organizador tomado por certo, para explicar esta ação.
Os argumentos cosmológico e teleológico foram submetidos à crítica sistemática,
notavelmente pelo filósofo escocês David Hume, empirista e cético renomado. Hume montou
um ataque com muitas pontas contra o argumento e sugeriu, entre outras coisas, que os
respectivos fenômenos são capazes de explicações alternativas, e que os argumentos em
geral não comprovam nenhum. Ser único e onipotente, mas, na melhor das hipóteses, um
ser com poder limitado, ou um grupo de entidades que estão longe de serem infinitamente
sábias ou poderosas, tendo simplesmente a capacidade de levar a efeito os resultados em
questão. Desde os dias de Hume, o debate continua nos círculos filosóficos com grande
engenhosidade e cuidado, sendo que nenhum dos dois lados conseguiu alegar uma vitória
permanente. Apesar disso, tais argumentos a favor de Deus continuam a exercer muita
atração sobre os níveis popular e acadêmico.
O argumento ontológico de Anselmo é a única prova teísta que avança a priori,
ou seja, pela reflexão sobre o conceito de Deus somente, sem referência às evidências
externas como a existência ou a natureza do mundo. Anselmo observou que se Deus for
definido como “o Ser que é maior do que qualquer coisa que se possa conceber”, logo,
negar a existência de semelhante ao Ser coloca a pessoa numa contradição. Neste caso, a
pessoa está subentendendo que é possível conceber “algo maior do que Deus”, ou seja, um
Deus existente. Este ser concebível teria, além das propriedades de Deus, uma qualidade
que Deus não tem - isto é, a existência — e assim seria melhor do que o Ser maior do que
qualquer coisa que se possa conceber. Em seus próprios dias, Anselmo foi criticado pelo
monge Gaunillo, que raciocinou que, seguindo semelhantes linhas de argumento, seríamos
forçados a aceitar a existência de entidades fantásticas tais como uma “ilha perfeitíssima”.
Recebeu também, mais tarde, críticas de Immanuel Kant. Em resumo, Kant argumentava
que não ter existência não é ser deficiente quanto a uma propriedade. Desta forma, o
conceito de um Deus existente não é “maior” do que um Deus não-existente, visto que o
Deus existente não tem propriedades não compartilhadas por um Deus não-existente.
Além do uso de argumentos em prol da existência de Deus, os filósofos da religião
tradicionalmente se interessaram por outro caminho ao possível conhecimento a respeito
de Deus — a experiência religiosa.
UNIDADE III A
História
Igreja da
no Igreja:
PeríodoPeríodo
Medieval
Patrístico
(451 a1453)
(34 d.C a 451 d.C) 40
Uma experiência mística ou outro suposto encontro com o Divino fornece bons
e justos motivos para as crenças, conforme têm afirmado, às vezes, os fiéis de todas as
tradições religiosas? Segundo era de se esperar, os céticos tendem a desconsiderar tais
experiências, vendo-as como evidências de uma natureza altamente sugestionável da parte
do que teve a experiência, conforme se vê no enérgico comentário de Bertrand Russel de
que “não podemos fazer distinção entre o homem que come pouco e vê o céu e o homem
que bebe muito e vê cobras”.
O “Status” da Alma: Outro problema clássico é o status da alma e seu destino após
a morte. Sócrates e outros sustentaram que a alma é relacionada com o âmbito estável
da verdade eterna e que, portanto, é eterna em si mesma, ao contrário do corpo, que
pertence ao mundo material de impermanência e decadência. Além disso, visto que a alma
é imaterial e não tem partes, ela, ao contrário do corpo, é incapaz de ser desintegrada.
Os filósofos posteriores, de modo menos ambicioso, geralmente se contentaram com a
tentativa de demonstrar que a alma é logicamente capaz de ser concebida como distinta
do corpo humano mortal. Muitas discussões filosóficas recentes têm se preocupado com a
questão de ser ou não inteligível a afirmação de que uma pessoa pode “testemunhar seu
próprio funeral”, ou seja, sobreviver à morte do corpo.
Os Milagres: Muito esforço filosófico tem sido empregado em sujeitar a críticas
as doutrinas básicas teístas e sobrenaturalistas, ou em refinar e defender o teísmo. O
conceito de milagre tem recebido atenção significativa na filosofia. O cristianismo assevera
a realidade do aspecto milagroso e ressalta a importância dos milagres bíblicos para a fé
e doutrina cristãs, especialmente a concepção de Jesus Cristo no ventre de uma virgem e
a Sua ressurreição dentre os mortos. Os atos milagrosos de Cristo devem ser entendidos
como um sinal da Sua divindade. A obra monumental de Hume sobre o miraculoso, An Essay
Concerning Human Understanding (“Um Ensaio Sobre o Entendimento Humano”), na
seção X, retratou os milagres como contradições da nossa experiência “firme e inalterável”
na regularidade das leis naturais, tornando-os extremamente improváveis. É muito mais
provável que o relato do milagre seja falso. A crítica feita por Hume tem tido aceitação
generalizada numa era dominada pelo naturalismo. Até mesmo muitos cristãos têm estado
indispostos a atribuir muita importância aos milagres, e alguns até mesmo se desfazem
deles, por meio de explicações, ou preferem entender que são simbólicos.
Apesar disso, muitos pensadores cristãos concordam com C. S. Lewis que, em
Milagres: Um Estudo Preliminar (Editora Mundo Cristão) argumentou que uma mente
aberta deve aceitar a possibilidade de “interferências” divinas no curso normal da natureza.
UNIDADE III A
História
Igreja da
no Igreja:
PeríodoPeríodo
Medieval
Patrístico
(451 a1453)
(34 d.C a 451 d.C) 41
O Problema do Mal: A crítica mais poderosa do teísmo, tanto filosófica como
pessoalmente, surge do chamado problema do mal. Levanta-se um problema intelectual
relevante para o teísmo, em virtude do fato de se afirmar a existência de um Deus com
poder, sabedoria e bondade diante da existência de um mundo que, reconhecidamente, está
cheio de sofrimentos e males morais. Numa versão fraca, o problema do mal levanta uma
dificuldade persistente em se harmonizar o conceito tradicional de Deus com a existência
de tais males. Numa versão mais forte, como a proposta por J. L. Mackie, é visto como
uma refutação da existência de Deus, que chega a ser aquilo que Alvin Plantinga chamou
de “a teologia natural”. Em resumo, o âmago do problema do mal é o seguinte: Deus é
considerado ilimitado em poder, bondade e conhecimento. O mal, no entanto, existe, na
forma de sofrimentos imerecidos, perpetrados pelo homem e pela natureza: o vitimar sem
resistência, dos fracos pelos fortes, a peste, a guerra, a fome e outros horrores. Diante de
tudo isto, ou Deus é limitado em poder, bondade e conhecimento, ou Ele não existe de
modo algum; ou seja, ou Ele é incapaz ou está indisposto a remover o mal, ou Ele não tem
consciência de sua existência, nem das soluções para ele. O problema do mal pressupõe
que Deus não teria motivo algum para permitir o mal que, em última análise, pudesse
exceder em importância os efeitos negativos do mal. As respostas teístas tradicionais, ou
as teodiceias, concentraram-se nesta suposição. A “defesa segundo 0 livre arbítrio”, feita
por Agostinho, argumenta que Deus precisava permitir a possibilidade do mal, para que
pudesse criar seres livres, e um mundo de seres livres é superior a um mundo de autômatos.
Recentemente, John Hick, desenvolvendo uma sugestão de Ireneu, sugeriu que Deus nos
colocou num ambiente difícil que seria apropriado para desenvolver a maturidade espiritual
e moral nas Suas criaturas, em vez de criar um mundo com o máximo de conforto. Enquanto
Gottfried Leibniz procurou argumentar que todo mal neste mundo é necessário, teodiceias
atuais mais modestas, tais como a de Hick, restringem-se simplesmente a remover as bases
para as alegadas contradições, demonstrando que a pessoa pode afirmar coerentemente a
existência de Deus bem comova realidade do mal.
Ênfases Contemporâneas: Boa parte da filosofia da religião na atualidade focaliza
questões que dizem respeito ao emprego de linguagem na referência a Deus. Seguindo
Hume, filósofos contemporâneos, tais como A. J. Ayer e A. G. N. Flew têm levantado ques-
tões críticas a respeito da linguagem religiosa.
Em especial, têm argumentado que a conversa a respeito de Deus está tão
destituída de significado cognitivo como se fosse algaravia, visto que não se pode
comprovar empiricamente sua verdade ou falsidade. Também é de interesse na linha
contemporânea, a coerência lógica de Deus, conforme Ele é tradicionalmente entendido
no pensamento judaico-cristão.
UNIDADE III A
História
Igreja da
no Igreja:
PeríodoPeríodo
Medieval
Patrístico
(451 a1453)
(34 d.C a 451 d.C) 42
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
Título: Confissões
Autor: Agostinho de Hipona.
Editora: Penguin Editora.
Sinopse: Redigido no século IV, entre Antiguidade e Idade
Média, as Confissões de Agostinho de Hipona são ainda hoje um
livro surpreendente. Por um lado, pela densidade poética e pela
originalidade da escrita, e por inaugurar o gênero da autobiografia
como história da formação de uma personalidade, elas representam
um marco único na história da literatura ocidental. Por outro, Agostinho
elabora nelas uma nova maneira de fazer filosofia, estranha à
tradição antiga, por ser baseada não apenas em conceitos abstratos
e deduções, mas sobretudo na observação fina dos movimentos
psicológicos, das motivações interiores e do significado de pequenos
fatos e gestos cotidianos. O resultado é uma leitura incontornável
para todos os que se interessam por filosofia, história ou religião.
FILME/VÍDEO
Título: Cruzada
Ano: 2005.
Sinopse: Balian (Orlando Bloom) é um jovem ferreiro francês, que
guarda luto pela morte de sua esposa e filho. Ele recebe a visita
de Godfrey de Ibelin (Liam Neeson), seu pai, que é também um
conceituado barão do rei de Jerusalém e dedica sua vida a manter
a paz na Terra Santa. Balian decide se dedicar também à esta
meta, mas após a morte de Godfrey ele herda terras e um título
de nobreza em Jerusalém. Determinado a manter seu juramento,
Balian decide permanecer no local e servir a um rei amaldiçoado
como cavaleiro. Paralelamente ele se apaixona pela princesa Si-
bylla (Eva Green), a irmã do rei.
WEB
A importância dos pós-escolásticos para a Escola Austríaca
Há uma discussão que insere mais um momento histórico dentro do
pensamento escolástico, a saber, o da Escolástica Tardia. Segundo
a historiografia, a pré-história da escola austríaca de economia
pode ser encontrada nas obras dos escolásticos espanhóis, mais
especificamente em seus escritos, no período conhecido como o
“Século de Ouro espanhol”, que decorreu de meados do século XVI
até o século XVII. Não é objetivo do capítulo fazer uma distinção
detalhada sobre esses pontos. Para um estudo mais aprofundado
sobre esta questão, acesse A importância dos pós-escolásticos
para a Escola Austríaca em: http://www.mises.org.br/Article.
aspx?id=1694.
Fonte: IORIO, Ubiratan Jorge. A importância dos pós-escolásticos
para a Escola Austríaca. Mises Brasil, 2013. Disponível em: http://
www.mises.org.br/Article.aspx?id=1694. Acesso em: 03 dez. 2021.
UNIDADE III A
História
Igreja da
no Igreja:
PeríodoPeríodo
Medieval
Patrístico
(451 a1453)
(34 d.C a 451 d.C) 43
UNIDADE III
A Igreja no Período
Moderno (1453-1800)
Professor esp. Tiago Calazans Elias
Plano de Estudo:
● A Reforma na Alemanha (1514-1532);
● Outras reformas Protestantes e a Contrarreforma Católica (1532-1648);
● O protestantismo nos Estados Unidos (1638-1783);
● Principais temas e debates do período moderno.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar a Reforma Protestante;
● Compreender as diferentes motivações que deram
origem as Reformas nos países Europeus;
● Estabelecer a importância da Reforma Protestante
para o surgimento do Mundo Moderno.
44
INTRODUÇÃO
Olá estudante!
Que alegria te reencontrar para mais uma etapa de nossos estudos em História
da Igreja. Em nossa terceira Unidade apresentaremos o surgimento do período moderno.
Tema muito estudado nas linhas de estudos nas ciências humanas, e que no caso da
teologia, abordaremos a partir da Reforma Protestante.
Não é unanimidade as demarcações temporais no estudo da História, dizer este
período começa e termina com tal evento, mas é bem aceito que a Reforma na Alemanha
foi um evento determinante na mudança que seria assistida nos anos posteriores.
A Reforma Protestante, recebe este título como um substantivo próprio, em que
é abordado as Reformas nos países da Europa. Sendo a mais conhecida, a Reforma na
Alemanha com Martinho Lutero em 1517, sendo essa também a primeira Reforma com
sucesso. Outras Reformas foram muito importantes, como na Suíça, Inglaterra e Países
da Escandinávia. No conjunto total da obra, atribuímos o nome de Reforma Protestante a
todos estes movimentos.
Além da Reforma Protestante, tema abordado no tópico I, será apresentada no
Tópico II as outras Reformas, na Suíça e Inglaterra, bem como a Contrarreforma Católica.
No tópico III, falaremos como o protestantismo esteve presente na colonização
inglesa na América do Norte e como o Novo Mundo conseguiu, mesmo em um tempo de
perseguição religiosa, ser um ambiente de liberdade para o florescimento de igrejas no
continente americano.
E no tópico IV, finalizaremos apresentando os três principais temas que surgem a
partir da Reforma, no campo intelectual o Iluminismo, no campo econômico, o capitalismo
e no campo social a política.
Bom estudo!
Por volta do ano 1500, a Europa já respirava áreas de mudanças em sua sociedade,
e não é possível destacar uma área em especial, que funcionou como mola propulsora para
as realizações que viriam, pois em todas as camadas existiam a inquietação da mudança. A
Reforma Protestante se tornou um ícone desta mudança, contudo elementos da conjuntura
precisam ser devidamente explorados.
Podemos começar, pela Peste negra, que assolou a Europa nos anos de 1347-
1348. A propagação da peste bubônica pela Europa foi devida as possibilidades de trânsito
rápido, conforme destaca Lindberg (2017),
Pelas melhorias nas frotas mercantes italianas, que permitiam aos navios
transportar, com rapidez, uma carga mortal e clandestina de ratos, portadores
de pulgas transmissoras da peste. Originada no leste da Ásia, a peste chegou
à Sicília em outubro de 1347 pelos navios de Gênova, viajou rapidamente
pela Itália, infestou o sul da Alemanha na primavera de 1348 e, por volta de
junho do mesmo ano, a Inglaterra (LINDBERG, 2017, p. 50).
Estima-se que cerca de 30% da população na região da Itália tenha morrido pela
peste, em que os efeitos eram sentidos em larga escala, desde que problemas com a
dependência de centro urbanos até mortes causadas por longas viagens.
Por sua vez, Cairns (1995) lista mudanças que já estavam em curso no Europa
antes mesmo de Reforma, e que tiveram componentes direta ou indiretamente ligados dos
as mudanças religiosas que viriam.
O século XVI, além das ações reformistas, foi um período marcado pelas grandes
expedições colonizadores, nas Índias e América. Foram vários os motivos que estimularam
a colonização anglo-saxônica ao longo da costa atlântica da América do Norte. A fundação
de colônias também ajudaria a descartar para o novo Mundo a ameaça militar da Espanha.
A motivação religiosa foi extremamente importante no estabelecimento de colônias.
Cristianismo foi levado para a América do Norte principalmente pelos refugiados que
estavam tentando escapar das perseguições religiosas endêmicas na Europa da época.
Em 1620, os primeiros peregrinos navegaram para Plymouth. Entre 1627 e 1640, cerca de
quatro mil pessoas fizeram a travessia perigosa do oceano Atlântico e se estabeleceram na
baía de Massachusetts conforme destaca Cairns (1995),
A maioria das cartas de viagem menciona o desejo dos financiadores de
converter os nativos e estender o domínio cristão. Em outros casos, como o
dos puritanos de Plymouth e Salém, os colonizadores estavam interessados
em cultuar ao seu modo segundo julgavam melhor. Assim, a mudança de
ingleses, franceses, espanhóis, suecos e holandeses para os Estados
Unidos não pode ser dissociada do transplante da religião que praticavam
na sua terra natal. A maioria deles era calvinista. O instrumento usado nesta
mudança de pessoas eram as sociedades anônimas, precursoras das
grandes empresas contemporâneas. Foram elas que possibilitaram a
arrecadação de grandes somas de dinheiro, necessário para financiar
tais empreendimentos (CAIRNS, 1995, p. 309).
O período Moderno marca uma mudança significativa: a saída do mundo feudal para
a sociedade industrializada, mudanças na política, surgimento de países independentes,
novas descobertas científicas, descobrimentos de continentes e florescimento do capitalismo.
Devido ao nosso espaço, identificaremos três grandes temas do período moderno, todos
eles relacionados com a Reforma Protestante. Primeiro o Iluminismo, segundo o capitalismo
e terceiro as transformações políticas e sociais.
O Iluminismo, conforme McGrath possui a seguinte definição:
“Iluminismo” é um termo vago e difícil de definir com precisão que engloba um
conjunto de ideias e atitudes características do período entre 1720-1780, como
o uso livre e construtivo da razão na tentativa de demolir mitos antigos que, para
muitos, eram cadeias que prendiam os indivíduos e sociedades à opressão do
passado. Se há um elemento subjacente comum em todo o movimento, talvez
se refira mais à maneira como os simpatizantes dessa cosmovisão pensavam,
do que ao conteúdo de seu pensamento (MCGRATH, 2007, p. 38).
SAIBA MAIS
Maria, a sanguinária
Maria sempre foi católica, e para ela o movimento reformador começou com a desonra da
qual foi objeto em sua juventude, quando foi declarada filha ilegítima. Logo, o propósito
de restaurar a velha fé sempre esteve em sua mente. Para isso, contava com o apoio de
vários dos bispos conservadores, que foram destituídos nos dois reinados anteriores, e
de seu primo Carlos V. Contudo, logo apercebeu-se que era necessário proceder com
cautela; assim, durante os primeiros meses de seu reinado, ela se contentou com uma
série de medidas relativamente leves, enquanto consolidava sua posição casando-se
com Filipe, da Espanha. Tão logo se sentiu segura sobre o trono, a rainha começou a
tomar medidas cada vez mais repressivas contra os protestantes. Em fins de 1554, a
Inglaterra regressou oficialmente à obediência ao papa. Todavia, deveria ser desfeito
aquilo que fora feito por seu pai e seu meio-irmão; assim se ditaram várias leis ab-rogando
as ações do Parlamento sob Henrique VIII e Eduardo VI, obrigando os sacerdotes
casados a separarem-se de suas esposas, ordenando que se guardassem todos os
dias santos e demais datas tradicionais etc. De tais medidas, passou-se à repressão
aberta. Diz-se que 288 pessoas foram queimadas durante o reinado de Maria por
manter suas posições protestantes, além de muitos outros que morreram nos cárceres
ou no exílio. Tudo isso lhe valeu o epíteto pela qual ela é conhecida: “Bloody Mary”, ou
seja, Maria, a Sanguinária. De todos os mártires do reinado de Maria, o mais ilustre foi
sem dúvida alguma o arcebispo Cranmer. Por ser arcebispo de Cantuária, seu caso foi
enviado a Roma, em que foi condenado a morrer queimado. O propósito da rainha era
obrigar o célebre chefe do partido reformador a retratar-se. Com cruel intenção, se lhe
permitiu presenciar desde a prisão até o martírio de dois dos seus mais importantes
companheiros na causa reformadora, os bispos Latimer e Ridley. A seguir, Cranmer
assinou uma série de retratações. Até o dia de hoje, os historiadores não concordam se
ele fez isso por temer a fogueira ou porque foi forçado pela rainha, pois ele sempre havia
dito que era necessário obedecer aos soberanos. O mais provável é que nem o próprio
Cranmer conhecesse seus reais motivos. O fato é que se retratou por escrito e, apesar
disso, foi condenado de qualquer maneira a ser queimado. “para que sirva de exemplo”,
e se fizeram apelos para que se retratasse publicamente antes do suplício. Na igreja
de Santa Maria, construíram uma plataforma de madeira defronte ao púlpito; depois do
sermão, deu-se oportunidade a Cranmer para retratar-se. Começou falando dos seus
pecados e fraquezas, e todos esperavam que terminaria dizendo que havia pecado ao
apartar-se da igreja romana.
Fonte: GONZÁLEZ, Justo L. História ilustrada do cristianismo: da era dos reformadores até a era
inconclusa. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 2011. (p. 76-18).
REFLITA
“Há um escrito contrário à verdade que tem sido publicado, e que agora repudio porque
foi escrito por minha mão contra a verdade que meu coração conhecia. [...] E diante do
fato que foi minha mão que a ofendeu, ao escrever contra meu coração, minha mão será
castigada primeiramente. Quando eu estiver na pira será ela que primeiro arderá”.
Fonte: GONZÁLEZ, Justo L. História ilustrada do cristianismo: da era dos reformadores até a era
inconclusa. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 2011. (p. 76-18).
Até a próxima.
A batalha final
LIVRO
Livro: O Processo Civilizador
Autor: Norbert Elias
Editora: Zahar
Sinopse: Nesta obra-prima fascinante e muito acessível, Norbert
Elias analisa a história dos costumes, concentrando-se nas
mudanças das regras sociais e no modo como o indivíduo as
percebia, modificando comportamento e sentimentos. Elias buscou
informações em livros de etiquetas e boas maneiras, desde o século
XIII até o presente, para mostrar que nossos hábitos se colocam
em um determinado estágio de uma evolução milenar. O autor
prova que desde a Idade Média, em que o controle das pulsões
era bastante reduzido, até os nossos dias, as classes dirigentes
foram lentamente modeladas pela vida social, e a espontaneidade
deu lugar à regra e à repressão na vida privada.
FILME/VÍDEO
Título: Lutero
Ano: 2013
Sinopse: Após quase ser atingido por um raio, Martim Lutero
(Joseph Fiennes) acredita ter recebido um chamado. Ele se
junta ao monastério, mas logo fica atormentado com as práticas
adotadas pela Igreja Católica na época. Após pregar em uma
igreja suas 95 teses, Lutero passa a ser perseguido. Pressionado
para que se redima publicamente, Lutero se recusa a negar suas
teses e desafia a Igreja Católica a provar que elas estejam erradas
e contradigam o que prega a Bíblia. Excomungado, Lutero foge e
inicia sua batalha para mostrar que seus ideais estão corretos e
que eles permitem o acesso de todas as pessoas a Deus.
Link: https://www.youtube.com/watch?v=b2CawpNUXww
Plano de Estudo:
● O cristianismo na Europa no século XX;
● O catolicismo no Brasil (séculos XX e XXI);
● O protestantismo no Brasil (séculos XX e XXI);
● Principais temas e debates do período contemporâneo.
Objetivos da Aprendizagem:
● Definir os conceitos de sistemas teológicos e
ideologias políticas dos séculos XX e XXI;
● Compreender as divisões da Igreja, o movimento racionalista
e as pautas sociais típicas dos séculos XX e XXI;
● Estabelecer a importância do estudo do cristianismo brasileiro
e suas versões características da nossa cultura.
64
INTRODUÇÃO
Bom estudo!
A Revolução Francesa (1789 e 1799) foi responsável por mais um duro golpe na
relação entre a Igreja Católica e o Estado, perdendo apoio político na Europa até 1914. O
Estado não reconheceria nenhuma religião em particular. Desse modo, a Igreja Romana
perdeu a privilégios. O papa denunciou a nova legislação, mas sua denúncia em nada
afetou a execução da lei (CAIRNS, 1995).
A partir de 1914, iria parecer caótico para um europeu do período entre a Revolução
Francesa e a Primeira Guerra Mundial. A chave para uma mudança drástica no Mundo estava
se deflagrando. Desordem nos negócios internacionais e da insegurança que o povo sentia em
relação às questões econômicas. As várias vozes religiosas confrontadas com o Cristianismo
seriam uma matéria de profunda preocupação religiosa, a Revolução Russa, o Comunismo
da China, Primeira e Segunda Guerra Mundial, marcariam a primeira metade do século XX. O
Estado territorial nacional, que fora apoiado pelos núcleos Reformados, na Europa, tornou-se
extremamente secularizado. Adotou, nos Estados Unidos, uma atitude neutra para com a
religião, como definida pela Suprema Corte, e, no caso de estados esquerdistas e totalitários,
uma atitude hostil e mesmo, em muitos casos, de severa perseguição (CAIRNS, 1995).
Entre 1900 e 1914 a Igreja Cristã na Europa, percebendo o cenário ameaçador,
buscou formas de estabelecer a paz. A teologia liberal e o Evangelho Social, ao
ressaltarem a paternidade de Deus e a fraternidade do homem, ajudaram a promover
esses esforços pela paz mundial. Grupos pacifistas também marcaram sua presença
entre os movimentos de paz.
A trajetória efetiva do protestantismo no Brasil, teve início tardio, apenas no século 19,
embora tenha havido focos bem isolados nos períodos da conquista e da colonização. João
Calvino e a Igreja Reformada de Genebra enviaram catorze colonos, entre eles dois pastores.
Esses imigrantes-missionários tinham dois objetivos: implantar uma igreja reformada em
solo brasileiro. Os pioneiros/missionários acabaram sendo martirizados, mas esse evento se
tornou um marco de grande importância na história das missões (MATOS, 2005).
No período de colonização da América, pode ser destacado dois modelos missionários:
o protestantismo de imigração e protestantismo de missão. O primeiro modelo é desenvolvido
naturalmente, quando expatriados chegam em territórios distantes da sua origem e trazem
consigo sua cultura e religião. No Brasil, a entrada dos protestantes, como imigrantes ou
como missionários, trouxe poucas mudanças aos quadros políticos e religiosos. A perseguição
religiosa, as crises econômicas e possibilidade de novas oportunidades, são as maiores
motivações para que os nativos Europeus povoassem o continente americano. Contudo, a
imigração protestante não esteve relacionada ao crescimento Protestante no último século.
REFLITA
Fonte: OLIVEIRA, Cauê. Traços totalitários nas discussões políticas. Teologia Brasileira. 2019. Disponível
em: https://teologiabrasileira.com.br/tracos-totalitarios-nas-discussoes-politicas/ acesso em 15 dez. 2021.
LIVRO
Título: O que resta de Auschwitz
Autor: Giorgio Agambem.
Editora: Boitempo.
Sinopse: Neste livro, Agamben coloca que o valor do testemunho
está essencialmente no que lhe falta, no que não pode ser dito por
homens que já não o são. Em suas palavras, ‘Auschwitz marca o
fim e a ruína de qualquer ética da dignidade e da adequação a uma
norma. A vida nua, a que o homem foi reduzido’. A obra, que faz
parte da coleção Estado de Sítio e traz apresentação de Jeanne
Marie Gagnebin, recupera conceitos presentes nos anteriores
Estado de Exceção e Homo Sacer. Trata-se de leitura fundamental,
onde Auschwitz é apresentado como o espaço de uma experiência
em que se fundem as fronteiras entre o humano e o inumano, a
vida e a morte, colocando à prova a reflexão de nosso tempo, que
mostra sua insuficiência por deixar aparecer, entre suas ruínas, o
perfil incerto de uma nova ética.
FILME/VÍDEO
Título: Operação Valquíria
Ano: 2008
Sinopse: Ambientado na 2ª Guerra Mundial, o filme mostra Claus
von Stauffenberg (Tom Cruise) um coronel que retorna à Alemanha
gravemente ferido, devido à guerra na África. Ao chegar ele se
envolve em uma conspiração para acabar com o governo local, que
tem por objetivo matar Adolph Hitler (David Bamber). O objetivo
do grupo é pôr em prática a Operação Valquíria, um plano já
existente que prevê a implementação de um governo que conduza
a Alemanha após a morte de seu líder. Aos poucos o coronel Claus
ganha destaque na organização, sendo encarregado para que
cometa o assassinato de Hitler.
WEB
Apresentação: a Revista Teologia Brasileira tem o objetivo de
proporcionar um espaço para discussão e produção de teologia que
seja bíblica, confessional, relevante, sensível e aberta ao diálogo
sobre temas que contemplem a realidade de nosso país. Para
isso, contamos com o apoio de uma equipe que, em contato com
pesquisadores, pastores, mestres e escritores, torna possível a
veiculação de conteúdo que estimule a reflexão bíblica e teológica.
Disponível em: https://teologiabrasileira.com.br/V
A BÍBLIA. Tradução de João Ferreira Almeida. Rio de Janeiro: King Cross Publicações,
2008. 1110 p. Velho Testamento e Novo Testamento.
ALBERIGO, G. História dos Concílios Ecumênicos. 3. ed. São Paulo: Paulus, 2005.
CAIRNS, Earle E. O cristianismo através dos séculos: uma história da Igreja crista.
Tradução Israel Belo de Azevedo. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 1995.
GONZÁLEZ, Justo L. História ilustrada do cristianismo: da era dos reformadores até a era
inconclusa. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 2011.
83
LE GOFF, J. As raízes medievais da Europa. Tradução de Jaime A. Clasen. 3. ed.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.
LINDBERG, Carter. História da reforma. tradução Elissamai Bauleo. 1. ed. Rio de Janeiro:
Thomas Nelson Brasil, 2017.
MANUAL BÍBLICO VIDA NOVA. Editor geral: David, S. Dockrey. Tradução: Lucy
Yamakami; Has Udo Fuchs; Robson Malkomes. São Paulo, Vida Nova, 2001.
MCGRATH, Alister E. Teologia histórica. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 2007.
MCGRATH, Alister E. Teologia histórica. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 2007.
OLSON, Roger E. História da teologia cristã: 2000 anos de tradição e reformas. Tradução
Gordon Chown. São Paulo: Editora Vida, 2001.
84
CONCLUSÃO GERAL
85
+55 (44) 3045 9898
Rua Getúlio Vargas, 333 - Centro
CEP 87.702-200 - Paranavaí - PR
www.unifatecie.edu.br