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Hermenêutica Bíblica
Prof. Adilton Cruz Coêlho
Adilton Cruz Coêlho
Hermenêutica Bíblica
1ª edição
Palmas-TO (2019)
SUMÁRIO
CONSIDERAÇÕES INICIAIS............................................................................................04
CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................46
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................47
4
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Não há maior privilégio nem alegria maior do que estudar a Palavra de Deus é o
que afirma em sua obra Osborne (2009: p.18). Quando nos damos conta de que Deus nos
amou o bastante para não apenas enviar seu Filho como sacrifício expiatório pelos nossos
pecados, mas também se importou tanto conosco, que nos revelou suas verdades para
desafiar e orientar nossa vida, ficamos pasmos de ver como merecemos pouco diante do
muito que ele fez por nós!
Portanto, estudar a Palavra de Deus com a máxima atenção é tanto um privilégio
quanto uma responsabilidade. Como cristão, deixar de estudar a revelação inspirada
equivale a recusar conhecer as leis do país em que vivemos e, assim, inflingi-las de modo
impune. É um ato que fatalmente trará conseqüências catastróficas, pois significa que não
damos importância para as regras às quais prometemos obedecer por sermos cidadãos do
nosso país – seja o Brasil, os Estados Unidos, a Grã-Bretanha, ou o céu (ver Fp. 3:21),
O propósito desta apostila é proporcionar um panorama abrangente dos princípios
hermenêuticos que regem ao estudo e à compreensão da Bíblia, a Palavra de Deus.
Fornecer-lhe as ferramentas necessárias para cavar mais fundo na Palavra e ensiná-lo a
usá-las. O alvo é o tesouro supremo da verdade divina!
Em sua obra Correia (2012) afirma que o termo hermenêutica tem se tornado cada
vez mais popular em recentes décadas.
A palavra “hermenêutica” deriva-se do termo grego “hermeneutike” que, por sua
vez, se deriva do verbo “hermeneuo” significando: ARTE DE INTERPRETAR OS
LIVROS SAGRADOS E OS TEXTOS ANTIGOS. De modo geral, fala da teoria da
interpretação de sinais e símbolos duma cultura, e da arte de interpretar leis.
Podemos defini-la assim: Hermenêutica é a ciência que nos ensina os princípios,
as leis e os métodos de interpretação.
Além da hermenêutica geral como arte de interpretar os fatos da história, da
profecia, da poesia e das leis, há outro tipo de hermenêutica como “HERMENÊUTICA
SAGRADA”, ligada essencialmente à interpretação e compreensão da Palavra de Deus.
Usado por tantos escritores, o termo transforma-se em alvo móvel, gerando
ansiedade nos leitores que buscam, em vão, defini-lo e compreender o que significa.
O significado de HERMENÊUTICA BÍBLICA – é a disciplina da teologia
exegética que ensina as regras para interpretar as Escrituras e a maneira de aplicá-las
corretamente. É a ciência da compreensão de textos bíblicos.
É do interesse divino que não apenas creiamos na Bíblia. Deus exige que a
conheçamos adequadamente.
Deve pesar sobre os nossos ombros, além do cultivo duma vida cheia do Espírito
(ver Ef. 5:18), a responsabilidade de nos apossarmos de todos os meios legítimos que nos
propiciem maior e melhor conhecimento da Palavra de Deus.
Segundo Osborne (2009: p.27), a hermenêutica é importante porque capacita a
pessoa a se movimentar do texto para o contexto, para que o significado inspirado por
Deus na Bíblia fale hoje com uma relevância tão nova e dinâmica quanto em seu ambiente
original. Além disso, pregadores e professores devem anunciar a Palavra de Deus em vez
5
“Você não precisa interpretar a Bíblia; leia-a, apenas, e faça o que ela diz”
Convictos, Gordon & Douglas (2008 p:13/15) afirmam que o problema individual
mais sério que as pessoas têm com a Bíblia não é uma falta de entendimento, mas, sim o
fato de que entendem bem demais a maior parte das coisas!
“Fazei tudo sem murmurações nem contenda” (Fp 2:14), por exemplo, não é
compreendê-lo, mas, sim, obedecê-lo – colocá-lo em prática.
O alvo da boa interpretação: chegar ao “sentido claro do texto”. O ingrediente mais
importante a essa tarefa é o bom-senso aguçado. A interpretação correta traz alívio à mente
como uma aguilhoada ou cutucada no coração.
Segundo Zuck (1994: 68 a 86), uma verdade acerca da Bíblia evidente por si
mesma é que ela é um livro. Como outros livros, foi escrita em línguas faladas pelos seres
humanos com o propósito de transmitir conceitos dos escritores para os leitores.
Outra observação óbvia a respeito da Bíblia é que se trata de um livro divino. É
evidente que, apesar de a Bíblia assemelhar-se a outros livros, é incomparável por sua
origem ser divina.
A partir de dois axiomas, isto é, premissa imediatamente evidente que se admite
como universalmente verdadeira sem exigência de demonstração, a Bíblia é um livro
humano e divino.
Embora a Bíblia seja uma obra sobrenatural de Deus, também é um livro. Como
qualquer outro livro, foi escrita em idiomas que permitissem a comunicação de conceitos
aos leitores.
Uma série de consequências deriva desse princípio evidente que diz que a Bíblia é
um livro humano dado como comunicação escrita em língua humana para que as pessoas o
entendam.
1. Cada escrito bíblico – isto é, cada palavra, frase e livro – foi registrado em
linguagem escrita obedecendo a sentidos gramaticais comuns, incluindo a linguagem
figurada.
Para Zuck (1994), isto indica que a Bíblia não foi escrita num código misterioso
para ser decifrado por meio de alguma fórmula mágica. Deus comunicou verdades sobre si
próprio nos idiomas das pessoas que foram as primeiras a ler as Escrituras – idiomas que
elas conheciam. Não era necessário consultar um mago, um feiticeiro ou alguém que
tivesse um raro discernimento espiritual ou uma intuição mística para transmitir o
significado. É claro que numa língua há idiomatismos, expressões incomuns exclusivas
dessa língua e figuras de linguagem.
6
2. Todo texto bíblico foi escrito por alguém para ouvintes ou leitores específicos,
que se encontravam num contexto histórico e geográfico específico, e com um objetivo
específico.
Esse princípio indica que cada trecho da Bíblia foi escrito originalmente para
determinado leitor ou leitores que viviam em certos locais e épocas, e que havia um
propósito para tal. Volta-se assim o fato de que cabe à exegese descobrir o sentido original
do texto.
Deus mandou Noé construir uma arca. Mas por acaso isso significa que todo cristão
moderno deve construir uma arca? Precisamos entender a ordem que Noé recebeu dentro
de um contexto histórico e geográfico específico.
3. A Bíblia foi afetada e influenciada pelo meio cultural em que cada autor humano
a escreveu.
Isso significa que o intérprete da Bíblia precisa atentar para os aspectos culturais.
Essas características culturais incluem a agricultura, a arquitetura, a geografia, o sistema
militar e o aspecto político.
Embora a forma mais comum de entendermos um texto seja mediante seu sentido
normal, claro, ao mesmo tempo reconhecemos diferenças de estilos literários. Quando
lemos um romance histórico, não esperamos que todos os detalhes tenham precisão
histórica. Nós não lemos um relatório da mesma forma como lemos revistas em quadrinho.
Como a Bíblia possui diversos estilos literários, é preciso que se levem em conta as
características singulares de cada um deles na interpretação bíblica. A Bíblia contém
narrativas, poesias, profecias, epístolas, provérbios, literatura dramática, jurídica e
sapiencial, visões apocalípticas, parábolas e discursos. Se não estivermos conscientes
desses estilos literários, é possível que não interpretemos corretamente as afirmações neles
contidas.
EXAMINAR O CONTEXTO
Para se descobrir o significado de uma palavra no texto bíblico, Zuck (1994: 123)
afirma que o exame do contexto é extremamente importante por três razões:
Em primeiro lugar, as palavras, as locuções e as frases podem assumir sentidos
múltiplos, e o estudo de seu emprego em determinado contexto pode auxiliar-nos a
descobrir qual dentre vários significados é o mais provável.
Em segundo lugar, os pensamentos normalmente são expressos por uma sequencia
de palavras ou de frases, ou seja, por elementos associados, não isolados. “O sentido de
qualquer termo específico quase sempre é determinado pelos elementos que o precedem e
sucedem.”
Em terceiro lugar, desconsiderar o contexto normalmente acarreta interpretações
falsas.
Os missionários gostam de usar Salmos 2.8 – “pede-me, e eu te darei as nações por
herança, e as extremidades da terra por tua possessão” – para ilustrar sua expectativa de
conversões nos campos das missões. Entretanto, o versículo anterior deixa claro que se
trata de Deus Pai falando a Deus Filho.
A interpretação bíblica deve levar em consideração vários tipos de contexto. Em
primeiro lugar, há o CONTEXTO INICIAL. Normalmente, a frase em que a palavra foi
usada esclarece seu sentido. Exemplo: “O substantivo PENA pode significar PENA DE
AVE ou SENTIMENTO DE SOLIDARIEDADE, mas na maioria dos casos a frase
esclarece o sentido.”
Em terceiro lugar, a próxima pergunta a ser feita seria: “Em que ambiente cultural
aquelas palavras foram ditas?”. Se a frase em questão fosse de um livro escrito em 1920, é
provável que a segunda definição (“bola não defendida”) não se aplicasse, pois talvez não
fosse usada em tal sentido naquela época.
Em quarto lugar, em que contexto a frase foi usada? Isso é o que melhor deve
indicar o sentido que o autor quis dar à frase sobre o frango. 4
Em quinto lugar, qual o estilo literário usado? Se a frase for de um diálogo num
romance, o sentido bem pode ser o terceiro (rapazola, adolescente). Mas, se for de um livro
sobre transmissão de futebol, é mais provável que se aplique à segunda definição (bola
fácil que o goleiro deixa passar).
O sexto, referente à lógica e à comunicação. Qualquer um dos três sentidos pode ter
sido o pretendido.
2.1.2. Segundo princípio evidente por si mesmo: a Bíblia é um livro divino
Na qualidade de veículo de comunicação, a Escritura é um livro tal como qualquer
outro, as palavras foram registradas pelas mãos de pessoas. Tendo em vista que esses
instrumentos humanos escreveram os livros da Bíblia em linguagem humana, o primeiro
princípio evidente por si mesmo manda-nos prestar atenção às regras naturais de gramática
e sintaxe.
No entanto, a Bíblia é um livro sem igual. É singular porque nos foi dada pelo
próprio Deus. Isso fica evidente a partir de suas próprias reivindicações de inspiração.
Paulo disse: “Toda Escritura é inspirada por Deus...” (ver 2 Tm. 3:16). Embora Deus tenha
usado autores humanos para escrever as Escrituras, com seus estilos de linguagem
particulares e expressando suas próprias personalidades, as palavras que registraram foram
“inspiradas” por Ele. Assim, inspiração é a obra sobrenatural do Espírito Santo por meio da
qual ele orientou e supervisionou os escritores bíblicos para que o que escrevessem fosse a
Palavra de Deus.
Quando falamos de inspiração da Bíblia, não queremos dizer que os escritores
foram inspirados, mas sim que as próprias palavras o foram, ou seja, elas foram sopradas
por Deus. Em certo sentido, Deus incutiu sua vida nas palavras da Bíblia, de sorte que são
realmente palavras suas. Não se pode dizer o mesmo de nenhum outro livro já escrito!
Está claro, então, que a Bíblia veio de Deus. Sem sombra de dúvida, a afirmação de
que ela é um livro divino constitui uma verdade evidente por si própria.
Os intérpretes da Bíblia devem atentar para estuda-la:
A conclusão lógica da inspiração das Escrituras por parte do Espírito Santo é que
elas são inerrantes, isto é, os originais não contêm erros. (A inerrância não se aplica às
cópias dos originais, pois nelas os escribas cometeram alguns erros no processo de
transmissão.) Portanto, quando nos dispomos a interpretar a Bíblia, nós a aceitamos como
um livro sobrenatural cujos originais não continham erros.
Embora tenha sido elaborada por cerca de 40 autores humanos, a Bíblia é obra do
próprio Deus. Várias questões decorrem desse fato.
Primeira: a Bíblia não se contradiz. Como obra de Deus, que é a verdade, as
Escrituras são coerentes e uniformes.
Segunda: como a Bíblia é coerente, suas passagens obscuras e secundárias devem
ser interpretadas com base em trechos claros e principais. John Knox respondeu: “A
Palavra de Deus é clara por si só. Havendo algum ponto obscuro, o Espírito Santo, que não
contradiz a si mesmo, apresenta-o com maior clareza em outros trechos”.
Terceira: outra consequência da unidade das Escrituras é que, muitas vezes, a
Bíblia interpreta a si mesma. Martinho Lutero e João Calvino costumavam dizer: “A
Escritura interpreta a Escritura”. Certas passagens esclarecem outras. Isso não surpreende,
porque a Bíblia é um livro harmônico, uma emanação da mente do próprio Deus.
Quarta: aceitar a unidade da Bíblia também implica reconhecer o que é chamado de
progresso da revelação. Isso não significa que a revelação bíblica evoluiu. O que se
pretende dizer é que nas últimas passagens Deus fez acréscimos ao que revelara nas
primeiras. Não estamos insinuando que o que ficou registrado nos trechos mais antigo da
Bíblia seja imperfeito, sendo as revelações posteriores perfeitas; tampouco que os
primeiros registros contenham erros e que os trechos mais novos sejam fidedignos. O que
se quer dizer é que uma informação que pode ter sido parcial foi acrescentada
posteriormente, de sorte que a revelação ficou mais completa.
A revelação progressiva também significa que alguns mandamentos vieram a ser
alterados. A circuncisão, ordenada a Abraão e a seus descendentes em Gêneses 17:10,
posteriormente foi abolida (ver Gl. 5:2). A lei de Moisés tornou-se obsoleta, como vemos
em 2 Cor. 3:7-11 e em Hb. 7:11-19. Em Mt. 10:5-7, Jesus deu aos 12 apóstolos instruções
diferentes das que transmitiu após sua ressurreição, obviamente, como se vê em 28:18-20.
Ele também disse aos discípulos que o Espírito Santo, que estava com eles, haveria de
habitar neles (ver Jo 14:17). É semelhante ao que João escreveu no capítulo 7:39 “...pois o
Espírito até esse momento não fora dado...”. Isso dá a entender que a vinda do Espírito
Santo aconteceria mais tarde, no dia de Pentecoste (ver At. 2). Ao relatar esse evento
ocorrido na casa de Cornélio, Pedro usou as seguintes palavras: “...caiu o Espírito Santo
sobre eles, como também sobre nós no princípio” (ver 11:15).
Nada disso seria possível sem a atuação sobrenatural de Deus. Se aceitamos a natureza
divina da Bíblia, então podemos aceitar esses milagres como verdadeiros.
Aceitar a natureza divina da Bíblia significa reconhecer sua inerrância, sua
autoridade, sua unidade e seu mistério. Se for considerada mero livro humano, então, ao
tentarmos interpretá-la, não poderemos esperar que seja inerrante, indiscutível, harmoniosa
e misteriosa.
época foi escrito? O que levou o autor a escrevê-lo? Em outras palavras, a que problemas,
situações ou necessidades ele estava referindo-se? De que trata o livro? Ou seja, qual é seu
tópico ou tópicos principais? Para quem foi escrito? Quem foram os primeiros leitores ou
ouvintes? As respostas a essas indagações podem ajudar-nos a discernir o que o livro está
dizendo.
O que alguém pensa afeta seus atos; o que faz está ligado àquilo em que acredita, e
assim por diante.
Os aspectos culturais agrupa-se normalmente em 11 categorias: política, religião,
economia, leis, agricultura, arquitetura, vestimentas, vida doméstica, geografia,
organização militar e estrutura social.
Apresentamos alguns exemplos de passagens bíblicas cuja interpretação depende
do conhecimento de certos aspectos do contexto cultural.
12
Por que Jonas não queria ir para Nínive? Fontes seculares dão conta de que os
ninivitas cometiam atrocidades com seus inimigos. Eles decapitavam os líderes dos povos
conquistados e empilhavam as cabeças. Às vezes, colocavam numa jaula um chefe
capturado e tratavam-no como animal. Era seu costume “empalar” os prisioneiros, isto é
atravessar com uma lança uma pessoa pelo ânus até sair geralmente pela boca ou deixando-
os agonizar até à morte. Por vezes, esticavam as pernas e os braços do prisioneiro e
esfolavam-no ainda vivo. Não é de admirar que Jonas não quisesse pregar uma mensagem
de arrependimento aos ninivitas! Ele achava que mereciam ser julgados por suas
atrocidades.
Por que Boaz foi até a porta da cidade falar com os anciãos sobre o terreno de
Noemi (ver Rt. 4:1)? A porta da cidade era o lugar oficial para a realização de negócios e
para o julgamento de casos (ver Dt. 21:18-21; 22:13-15; Js 20:4; Jó 29:7).
(RELIGIÃO)
Por que Elias propôs que o monte Carmelo fosse o local de sua disputa com os 450
profetas de Baal? Os seguidores de Baal acreditavam que este habitasse no monte Carmelo.
Portanto, Elias deixou que eles “jogassem em casa”. Se Baal não conseguisse fazer cair um
raio sobre um sacrifício em seu próprio território, sua fraqueza se tornaria evidente. Outro
ponto interessante é que os cananeus viam a Baal como o deus da chuva, dos raios, do fogo
e das tempestades. Como até pouco antes desse episódio dramático houvera uma seca de
três anos e meio, estava claro que Baal não era capaz de fazer chover. Sua incapacidade
também foi demonstrada pelo fato de não conseguir fazer cair fogo do céu sobre o
sacrifício.
(ECONOMIA)
Por que o parente mais chegado de Elimeleque deu sua sandália a Boaz (ver Rt. 4:8,
17)? Segundo as tábuas Nuzi, encontradas no Iraque em escavações que se estenderam
desde 1925 até 1931, esse ato simbolizava a cessão de direitos de uma pessoa sobre a terra
que pisava. Agia-se assim quando era concluída a venda de um terreno.
(LEIS)
Em 2 Reis 2:9, quando Eliseu disse a Elias: “...Peço-te que me toque por herança
porção dobrada do teu espírito”, será que ele estava pedindo duas vezes mais poder
espiritual do que Elias tinha? Não, estava expressando o desejo de ser seu herdeiro, seu
sucessor. De acordo com Deut. 21:17, o primogênito de uma família tinha direito de
receber em dobro sua parte da herança deixada pelo pai.
13
(AGRICULTURA)
Por que Salmo 1:4 compara os ímpios à palha? Para mostrar que o ímpio não tem
segurança. Quando os fazendeiros separavam o trigo, o vento levava a palha, que é mais
leve. Nenhum fazendeiro procurava guardar e usar a palha, pois não é útil. Os ímpios,
como ela, não têm segurança nem utilidade.
(ARQUITETURA)
Como Raabe podia ter uma casa em cima de uma muralha (ver Js. 2:15)? Jericó
tinha muralhas duplas, e o intervalo entre elas era cheio de terra, de forma que se podiam
construir casas ali e ainda estarem quase ao nível do topo.
(VESTIMENTA)
(VIDA DOMÉSTICA)
Qual é o significado de Oséias 7:8: “Efraim [...] é um pão que não foi virado? Às
vezes, um pão assa mais de um lado que de outro se não for virado. Parece que Oséias
empregou essa ilustração para dizer que Efraim carecia de equilíbrio, dando mais atenção a
determinadas coisas e deixando de atentar para outras.
Por que Tiago disse que se ungissem os enfermos com óleo (Tg. 5:14)? Existem
dois verbos gregos com o sentido de esfregar, ou ungir. O primeiro é chriô, que significa
ungir num ritual. Não foi esse o termo que Tiago usou. O verbo em Tiago 5:14 é aleiphô,
cujo significado é esfregar com óleo. Assim sendo, Tiago não estava referindo-se a um
ritual. Pelo contrário, ele falava de uma atitude refrescante e estimulante para com as
pessoas doentes ou deprimidas. (Aleiphô também é empregado em Mateus 6:17 com o
sentido de passar óleo na própria cabeça [para refrescar-se], e em Lucas 7:46 em referência
ao fato de a pecadora ter esfregado perfume nos pés de Jesus.)
Por que, em Lucas 9:59, o homem disse que queria enterrar o pai antes de seguir
Jesus? Ele não quis dizer que o pai tinha acabado de morrer, mas que se sentia obrigado a
esperar o pai morrer, mesmo que levasse vários anos, provavelmente, para receber a
herança. Isso explica sua relutância em seguir Jesus.
(GEOGRAFIA)
Por que a carta para a igreja de Laodicéia, em Apocalise 3:16, dizia que os
membros daquela igreja eram “mornos”, nem “quentes” nem “frios”? Essa afirmação
reflete o fato de que aquela congregação local era como a água da cidade, em termos
espirituais. A água percorria em dutos os quase 10 km de Hierápolis a Laodicéia. Ela saía
14
quente dar termas de Hierápolis, obviamente, mas quando chegava a Laodicéia já estava
morna.
(ESTRUTURA SOCIAL)
Por que José barbeou-se antes de ir ao encontro de Faraó (ver Gn. 41:14)? Não era
costume dos hebreus usar barba? Mas, como os egípcios não usavam barba, José
simplesmente seguiu o costume do país
Qual é o significado de “aliança de sal” (Ver Nm 18:19; 2 Cr. 13:5)? Não se sabe
como o sal era utilizado naqueles pactos, mas o aspecto de conservação a ele associado
pode indicar que as partes envolvidas desejavam a conservação de sua amizade
1. Cumprimentar uns aos outros com beijo santo (ver Rm. 16:16) P T
2. Abster-se de carnes oferecidas a ídolos (ver At. 15:29) P T
3. Ser batizado (Ver At. 2:38) P T
4. Lavar os pés uns dos outros (ver Jo. 13:14) P T
5. Oferecer a destra de comunhão (ver Gl. 2:9) P T
6. Ordenação por “imposição de mãos” (ver At. 13:3) P T
7 Proibir as mulheres de falar na igreja (ver 1 Cor, 14:34) P T
8. Ter um horário fixo para orar (ver At. 3:1) P T
9. Cantar salmos, hinos e cânticos espirituais (ver Cl. 11:24) P T
10. Abster-se de comer sangue (ver At. 15:29) P T
Não existe nenhum mandamento para que os pais cristãos sacrifiquem seus filhos
como foi ordenado a Abraão fazer (ver Gn. 22:1-19); deu-se aquela ordem em tal ocasião
específica da vida do patriarca.
O Novo Testamento cita cinco vezes a saudação mútua com um beijo santo (ver
Rm. 16:16; 1 Cor. 16:20; 2 Cor. 13:12; 1 Ts 5:26; 1 Pe. 5:14). Visto que essa era a forma
de cumprimento normal naquela época e como não o é em nossa cultura ocidental, deduz-
se que tal hábito não precisa ser trazido para o presente. Mas o princípio que existe por trás
deve ser seguido, ou seja, demonstrar delicadeza e amor para com os outros. Na América
Latina, esse mesmo princípio é expressado por meio de abraço, em vez de beijo, e no
Brasil um aperto de mão às vezes é acompanhado de um abraço ou de um “tapinha” nas
costas.
16
Embora a carne que compramos não tenha sido oferecida a ídolos, o princípio de 1
Cor. 8 continua válido, que é o de não nos envolvermos em nada que escandalize os
cristãos mais fracos.
Não, porque o uso do véu no mundo greco-romano não teria o mesmo sentido em
nossa cultura. Esse ato não contém o mesmo simbolismo original. Mas será que não existe
um princípio a ser seguido que pode ter expressão cultural equivalente?
O princípio da subordinação (não inferioridade!) da esposa ao marido continua
válido, porque é uma verdade mencionada em vários textos bíblicos (ver Ef. 5:22-24; Cl.
3:18; 1 Pe. 3:1,2). Como alguns sugeriram, um equivalente moderno poderia ser o uso da
aliança por parte da esposa (e a incorporação do nome do marido ao sobrenome), pois isso
mostra que ela é casada e está, portanto, sujeita à autoridade do marido.
Os cristãos de hoje também não precisam tirar os sapatos quando comparecem
perante Deus na igreja ou quando oram em particular, mas devem mostrar reverência
diante do Senhor.
O discernimento espiritual e o estudo cuidadoso das Escrituras são elementos
importantes na análise do impacto dos aspectos culturais na interpretação da Bíblia.
TERCEIRO: Verifique como esse princípio pode ser expressado num equivalente
cultural. Paulo escreveu, em 1 Timóteo 2.1,2, que devemos orar pelos reis. Mas como
ficam os cristãos de países onde não há reis, como acontece com o Brasil? Essa passagem
não lhes diz respeito? A impressão é que o contexto cultural é pelo menos parcialmente
semelhante, o que permitiria aos cristãos seguir o princípio e orar pelos governantes.
17
Se cremos que a Bíblia foi verbalmente inspirada, então acreditamos que cada
palavra nela contida é importante. Talvez nem todas as palavras e frases tenham a mesma
importância, mas todas elas têm uma finalidade. A interpretação gramatical é o único
método que respeita integralmente a inspiração verbal das Escrituras.
O adepto desse método não se preocupa com o que o texto está dizendo,
simplesmente procura COMPARAÇÕES ou SIMILARIDADES entre o EVENTO
BÍBLICO e uma DETERMINADA SITUAÇÃO.
A pessoa que é um(a) pregador(a) alegórico não está preocupado em estudar a
Bíblia com profundidade porque qualquer texto serve para pregar um sermão.
3. Os ladrões representam as forças malignas. O fato de ele ter sido assaltado é uma
referência à Queda do Homem.
5. Então o bom samaritano representa Jesus. Ele põe vinho e azeite no ferimento do
homem assaltado.
10. Alguns intérpretes ainda dizem que essa antiga interpretação sugere que as duas
moedas deixadas pelo bom samaritano representam os dois sacramentos, Ceia e
Batismo.
11. Da mesma forma, a promessa do bom samaritano dizendo que voltaria, representa
a promessa da segunda vinda de Cristo.
Durante a Reforma, de acordo com Zuck (1994: 51/53), a Bíblia passou a ser a
única fonte legítima a nortear a fé e a prática. Lutero denunciou energicamente o método
alegórico de interpretação das Escrituras. “Alegorias são especulações vãs, são como que a
escória das Sagradas Escrituras.” “Alegorizar é manipular o texto bíblico.” “A
alegorização pode degenerar em mera fraude.” “As alegorias são coisas estranhas,
absurdas, fantasiosas e ultrapassadas que não valem um centavo.”
Lutero afirma, em sua obra Analogia Scripturae [Analogia da Fé] que as passagens
obscuras devem ser entendidas com base nas de sentido nítido. “O texto bíblico interpreta a
si própria.”
Na opinião de Lutero, qualquer cristão devoto pode entender a Bíblia. “Não existe
na terra livro mais esclarecido que as Sagradas Escrituras.” Com tal ênfase, ele estava
contrapondo-se à dependência que as pessoas comuns tinham da Igreja Católica Romana.
O fato de Lutero ter rejeitado a alegorização das Escrituras causou uma revolução.
O estilo alegórico estivera arraigado na igreja havia séculos.
A alegorização normalmente passa a ser arbitrária. É um processo que carece de
objetividade e que não refreia a imaginação. Ela encobre o verdadeiro sentido dos textos
20
bíblicos. Sua mensagem não se impõe, pois alguém pode dizer que certa passagem ensina
determinada verdade em termos alegóricos, ao passo que outra pessoa é capaz de enxergar
um significado completamente diferente. É uma forma de despojar as Escrituras de
qualquer autoridade. “A Bíblia analisada pelo aspecto alegórico torna-se massa de modelar
nas mãos do interprete.” A alegorização também pode provocar orgulho quando alguns
procuram enxergar nas Escrituras o que pensam ser um sentido espiritual, místico, mais
“profundo” do que aquele visto pelos outros.
O Método Histórico Gramatical diz que o texto bíblico só tem um sentido que é
aquele pretendido pelo autor humano.
➢ - O SENTIDO DA PARÁBOLA É:
1. Jurídico. Embora o termo “jurídico” esteja mais associado aos cinco primeiros
livros da Bíblia, os textos jurídicos – que incluem os mandamentos para os israelitas –
compreendem Êxodo 20-40, Levítico, partes de Números (caps. 5, 6, 15, 18, 19, 28-30, 34,
35) e quase todo o Deuteronômio.
vezes três ou quatro) linhas. Essa é uma diferença da poesia ocidental, que normalmente é
caracterizado por métrica e rima, elementos esses que a poesia hebraica desconhece na
maioria dos casos.
O CONTEXTO HISTÓRICO – diferirá de livro para livro, tem a ver com várias
coisas: época e a cultura do autor e dos seus leitores. Os fatores geográficos, topográficos
e políticos que são relevantes ao âmbito do autor; e a ocasião do livro, carta, salmo,
oráculo profético, ou outro gênero todos são especialmente importante para a
compreensão. A questão mais importante do contexto histórico tem a ver com a ocasião e
o propósito de cada livro bíblico ou das suas várias partes.
Uma coisa que todas as Epístolas têm em comum, e é a coisa mais crucial a ser
notada na sua leitura e interpretação: todas são o que tecnicamente se chama de
documentos ocasionais (i. é, surgindo de uma ocasião específica e visando a mesma), e
são do séc. I. Embora sejam inspiradas pelo Espírito Santo, foram originalmente escritas no
contexto do autor para o contexto dos destinatários originais.
Acima de tudo o mais, sua natureza ocasional deve ser levada a sério. Significa que
foram ocasionadas por alguma circunstância especial ou do lado do leitor ou do lado do
autor. Usualmente a ocasião era algum tipo de comportamento que precisava de correção,
ou até mesmo um erro de doutrina que precisava ser endireitado, ou um mal-entendido que
precisava de mais luz.
A maior parte dos nossos problemas em interpretar as Epístolas deve-se ao fato de
serem ocasionais. Temos as respostas, mas nem sempre sabemos quais eram as perguntas
ou problemas, ou até mesmo se havia um problema. É semelhante a escutar um lado de
uma conversa telefônica e tentar descobrir quem está no outro lado e o que aquela pessoa
invisível está dizendo. É especialmente importante para nós a tentativa de escutar o outro
lado, a fim de sabermos o que é que nossa passagem está respondendo.
26
A grande questão entre os cristãos que aceitam a Escritura como a Palavra de Deus,
para Gordon & Douglas (2008 p:45/48), tem a ver com os problemas da relatividade
cultural: o que é cultural. Isto é, o que é cultural e pertence exclusivamente ao I século, e
aquilo que transcende a cultura e é uma Palavra para todos os tempos.
A Regra Básica
Um texto não pode significar aquilo que nunca poderia ter significado
para seu autor ou seus leitores.
A Segunda Regra
De comum acordo, ambos Gordon & Douglas (2008 p:54/55), o problema tem os
seguintes passos:
(1) As Epístolas são documentos ocasionais do séc. I., condicionadas pela
linguagem e cultura do séc. I.
(2) Muitas das situações nas Epístolas são tão completamente condicionadas pelo
seu âmbito do séc. I que todos reconhecem que têm pouca ou nenhuma aplicação pessoal
como uma Palavra para hoje.
(3) Existem textos totalmente condicionados pelo seu pano de fundo do séc. I, mas
a Palavra para aquelas pessoas podem ser traduzida para âmbitos novos, porém
comparáveis.
(4) Outros textos, embora pareçam ter características diferentes, também são
condicionados pelo seu âmbito do século I e precisam ser traduzidos para novos âmbitos,
ou simplesmente deixados no século I.
Quase todos os cristãos realmente traduzem a Bíblia para novos contextos. “Não
insistem que as mulheres cubram a cabeça...e não praticam o ‘osculo santo’ etc.”
Para Gordon & Douglas (2008 p:63/65), a Bíblia contém mais do tipo de literatura
chamado “narrativa” do que de qualquer outro tipo literário. Mais de 40 % do A.T. é
narrativa.
Os seguintes livros do A.T. são compostos, em grande medida de matéria narrativa:
Gênesis, Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias, Daniel, Jonas
e Ageu. Além disto, Êxodo, Números, Jeremias, Ezequiel, Isaías, e Jó;
No N.T. grandes porções dos 4 evangelhos e quase a totalidade de Atos são
narrativa.
Ao ler e estudar as narrativas do A.T., ajudará você a reconhecer que a história está
sendo contada, com efeito, em três níveis:
somos informados sobre aquilo que Ele fez, nem sempre somos informados como ou que
Ele o fez.
(3) As narrativas do A.T. não respondem a todas as nossas perguntas acerca de
uma determinada questão. São limitadas no seu enfoque, e nos oferecem uma só parte do
quadro global daquilo que Deus está fazendo na história. Temos de aprender a ficar
satisfeitos com essa compreensão limitada, e a refrear nossas curiosidade em muitos
pontos; senão acabaremos procurando ler entre as linhas de tal maneira que no fim
estaremos colocando dentro das histórias coisas que não estão lá, fazendo alegorias com
relatos históricos fatuais.
(4) A própria Bíblia não diz como Deus operou a maioria das coisas milagrosas que
realizou. A curiosidade insaciável e o desejo de compreender aquilo que a Bíblia excluiu,
como tais coisas ocorreram, pode levar algumas pessoas a aceitarem explicações absurdas
e forçadas. As narrativas do A.T. nem sempre ensinam de modo direto.
(5) Enquanto você segue de perto a ação das narrativas do A.T., naturalmente fica
envolvido, assim como faz quando lê qualquer história, sem importar quão diferente de
você são os participantes e as circunstâncias deles. As narrativas, dão a você um tipo de
conhecimento mediante contato direto com a obra de Deus no Seu mundo, e embora este
conhecimento seja secundário ao invés de ser primário, não deixa de ser um conhecimento
que pode ajudar a moldar seu comportamento.
(6) Embora as narrativas do A.T. não ensinem necessariamente de modo direto,
frequentemente ilustram aquilo que é ensinado noutros trechos de modo direto e
categórico. Trata-se de um tipo implícito de ensino, que em combinação com os ensinos
explícitos correspondentes da Escritura, é altamente eficaz em gerar o tipo de experiência
de aprendizagem que o Espírito Santo pode usar de modo positivo.
(7) Na narrativa do adultério de Davi com Bete-Seba (2 Sm 11) você não achará
qualquer declaração como: “Ao adulterar e assassinar Davi fez o que era errado.” Espera-
se que você saiba que o adultério e o assassinato são errados, porque isto é ensinado na
Bíblia de modo explícito (ver Ex. 20:13-14). A narrativa ilustra seu dano para a vida
pessoal do rei Davi e para a sua capacidade de reinar.
(8) A narrativa não ensina sistematicamente acerca de adultério e não pode ser
usada como a base exclusiva para semelhante ensino. Como ilustração dos efeitos do
adultério num caso específico, transmite uma mensagem poderosa que pode imprimir-se na
mente do leitor cuidadoso de uma maneira que o ensino direto e categórico talvez não
faça.
A razão pela longa história da interpretação errônea das parábolas de acordo com
Gordon & Douglas (2008 p:121), remonta a algo que o próprio Jesus disse (ver Mc. 4:10-
12).
Quando Lhe perguntaram do propósito das parábolas, Ele parece ter sugerido que
continham mistérios para os de dentro, ao passo que endureciam os de fora. As parábolas
eram consideradas simples estórias para aqueles que estavam de fora, para os quais os
“significados verdadeiros”, os “mistérios,” estavam ocultos; estes pertenciam somente à
igreja e podiam ser descobertos por meio da alegoria.
Conforme as palavras de Osborne (2009 p:376/377), parece claro que Jesus tinha,
de fato, um objetivo maior ao usar a parábola. As parábolas são um“mecanismo de
confrontação” e funcionam de modos diferentes dependendo do público. Nas
controvérsias com os líderes e com o Israel incrédulo, uma grande parte desse objetivo era
esconder a verdade deles. Esse era um julgamento divino sobre o Israel teimoso,
comparável ao julgamento do faraó e ao da nação apóstata no tempo de Isaías. Em
conseqüência à rejeição que dedicavam à mensagem de Jesus, Deus endureceria ainda mais
o coração deles por meio das parábolas. No entanto, tal sinal negativo era parte de um
objetivo maior, que tinha raízes no uso das parábolas na literatura da sabedoria divina do
A.T.: desafiar o povo e suscitar-lhe uma resposta (como a parábola de Nata para Davi em
ver 2 Sm 12).
As multidões são forçadas a tomar uma decisão pró ou contra Jesus, enquanto os
discípulos são desafiados e ensinados pelas parábolas. Cada grupo (líderes, multidões,
discípulos) é tocado de um modo diferente por essas histórias, o que fica evidente na
rejeição dos líderes, no desafio à multidão para que se decida e no empenho exigido aos
discípulos a pensar de forma mais profunda sobre a realidade do reino.
Para aqueles que rejeitam a presença de Deus em Jesus (os líderes dos judeus), a
parábola se torna um sinal de julgamento soberano, além de endurecer seu coração. Para os
que são mais receptíveis (as multidões), a parábola os toca e os leva à decisão. Para os que
crêem (os discípulos), a parábola lhes ensina, ainda, as verdades do reino.
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Nesta seção de sua obra, Gordon & Douglas (2008 p:124/126) afirmam que os
melhores indícios quanto à natureza das parábolas acham-se na “função”. Nem são
contadas como veículo para revelar a verdade – embora claramente acabem fazendo assim.
Mais do que isso, as parábolas com história funcionam com um meio de evocar uma
resposta por parte do ouvinte. A própria parábola é a mensagem. É contada para dirigir-se
aos ouvintes e cativá-los, a fim de fazê-los parar e pensar acerca das suas próprias ações,
ou de levá-los a dar alguma resposta a Jesus e ao Seu ministério.
É esta natureza da parábola, que “conclama uma resposta”. Dalguma maneira,
interpretar uma parábola é destruir o que era originalmente. É como interpretar uma piada.
A totalidade da razão de ser de uma piada, e aquilo que a torna divertida, é que o ouvinte
tem contato imediato com ela enquanto está sendo contada.
É divertida para o ouvinte exatamente porque fica “apanhado”. Mas somente pode
“apanhá-lo” se ele compreender os pontos de referência na piada. Se precisarmos
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interpretar a piada por meio de explicar os pontos de referência, já não pega o ouvinte, e,
usualmente deixa de provocar a mesma qualidade de risadas. Quando a piada é
interpretada, passa a ser entendida sem dúvida, (pelo menos compreendemos aquilo que
deveria ter provocado nossos risos), mas deixa de ter o mesmo impacto, logo, já não
funcionam da mesma maneira.
A tarefa hermenêutica exigida pelas parábolas é sem igual. Tem a ver com o fato de
que, quando foram originalmente faladas, raras vezes precisavam de interpretação. Tinham
aplicação imediata para os ouvintes, em que parte do efeito de muitas delas era sua
capacidade de “pegar”. A nós, porém, chegam na forma escrita e necessitando de
interpretação, precisamente porque nos falta a compreensão imediata dos pontos de
referência que os ouvintes originais tinham.
O A.T. contém mais de 600 mandamentos, que os israelitas deviam guardar como
evidência da sua lealdade a Deus, é o que afirma Gordon & Douglas (2008 p:138) em sua
obra. Apenas 4 dos 39 livros contêm essas leis: Êxodo, Levítico, Número e Deuteronômio.
Gênesis não contém qualquer mandamento que é considerado parte do sistema jurídico
israelita, também era tradicionalmente chamado um livro da lei.
No N.T., referência é feita “a lei” de uma maneira que torna claro que a referência
diz respeito à totalidade do A.T., visto que a função da maioria é ilustrar e aplicar a Lei que
se acha no Pentateuco (ver, e.g., Mt 5.17-18; Lc. 16:17; Tt. 3:9). O problema mais difícil
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para a maioria dos cristãos no que diz respeito a estes mandamentos é o problema
hermenêutico. Como estas formulações legais se aplicam a nós, ou será que não se
aplicam?
1ª) A LEI DO A.T. É UMA ALIANÇA. Uma aliança é um contrato obrigatório entre
duas partes, sendo que as duas têm obrigações específicas na aliança.
Nos tempos do A.T., muitas alianças eram do tipo chamado aliança suserania.
Estas alianças eram generosamente outorgada por suserano com todos os poderes (o chefe
supremo) a um vassalo (servo) mais fraco e dependente. Garantia ao vassalo benefícios e
proteção, porém o vassalo era obrigado a ser leal somente ao suserano, com a advertência
de que qualquer deslealdade acarretaria castigos conforme as especificações na aliança.
O vassalo deveria demonstrar lealdade? Por meio de guardar as estipulações (regras
de conduta) especificadas na aliança. Enquanto o vassalo observava as estipulações, o
suserano sabia que o vassalo era leal. Quando as estipulações eram violadas, o suserano
tinha o dever, segundo a aliança, de empreender ações para castigo ao vassalo. Deus dispôs
a lei do A.T. segundo a analogia destas alianças antigas, e assim constitui um contrato
obrigatório entre Javé, o Senhor, e Seu vassalo, Israel.
Israel, em troca dos benefícios e da proteção, tinha de guardar mais do que 600
mandamentos contidas na lei da aliança (Êxodo 2 ; Deuteronômio 33).
(1) As leis civis israelitas – São aquelas que especificam penalidades para vários
crimes (grandes e pequenos) por causa dos quais uma pessoa podia ser presa e processada
em Israel. Tais leis aplicam-se somente aos cidadãos do Israel antigo, e ninguém que vive
hoje é um cidadão de Israel antigo.
(2) As leis rituais israelitas – Constituem-se no maior bloco único de leis do Antigo
Testamento, e acham-se em Levítico, Êxodo, Número e Deuteronômio. Estas leis
informavam o povo de Israel como devia levar a efeito a prática da adoração, detalhando
tudo, desde o formato dos implementos da adoração, até às responsabilidades dos
sacerdotes, até quais tipos de animais podiam ser sacrificados, e como. O sacrifício
(cerimonialmente matar, cozer e comer) dos animais fazia parte central do modo vétero-
testamentário de adorar a Deus. Sem o derramamento de sangue, nenhum perdão dos
pecados era possível (ver Hb 9:22).
Quando foi feito o sacrifício de Jesus, de uma vez para sempre esta abordagem da
Velha Aliança ficou imediatamente em desuso. Já não figura na prática cristã, embora a
adoração – da maneira da Nova Aliança – continua.
Diante disto, alguém pode perguntar: “Jesus não disse que ainda estamos sob a
Lei, visto que nenhum iota ou til (nenhuma mínima marca de pena) viria a cair fora da
Lei? A resposta é, não, não disse isso. O que Ele disse (ver Lc. 16:16-17) era que a Lei não
pode ser alterada. A Lei e os profetas chegaram ao fim uma vez que João Batista começou
a pregar a Nova Aliança, e, portanto, Jesus enfatizou que as pessoas devem entrar
rapidamente no reino de Deus, senão, seriam obrigadas a guardar a velha lei, que não
oferecia a possibilidade de emendas. Jesus deu uma nova lei, que não abolia a velha, mas,
sim, a cumpria. A nova lei ou aliança podia dar àqueles que a guardavam uma justiça que
ultrapassava a dos escribas e fariseus, que observavam rigorosamente a Antiga Aliança.
Jesus cumpriu a totalidade da lei do Antigo Testamento e deu uma nova lei, a lei do amor.
Seria um erro concluir que a Lei já não é uma parte valiosa da Bíblia. Funcionou na
história da salvação para ‘nos conduzir a Cristo’, conforme diz Paulo (ver Gl. 3:24), por
meio de demonstrar quão altos são os padrões da justiça de Deus e quão impossível é para
alguém realizar aqueles padrões à parte da ajuda divina.
A Lei funcionava exatamente desta maneira para os israelitas antigos também. Em
si mesma não os salvava. Somente Deus forneceu seu meio de salvamento da escravidão
do Egito, da conquista da terra de Canaã, e da prosperidade naquela terra prometida. A Lei
não fez nada disto. A lei simplesmente representava os termos do contrato da lealdade que
Israel tinha com Deus.
A Lei, naquele sentido, consta como um paradigma (modelo). Dificilmente poderia
ser uma lista completa de todas as coisas que uma pessoa poderia ou deveria fazer para
agradar a Deus no Israel antigo. A Lei representa, pelo contrário, exemplos ou amostras
daquilo que significa ser leal a Deus.
Vejamos (Lv. 19:9-14); mandamentos como estes, que começam com faça ou não
faça, são as chamadas:
Leis Apodítica
Se, alguém fosse empreender a tarefa de guardar o espírito da lei do A.T., decerto
acabaria fracassando. Nenhum ser humano pode agradar a Deus à luz de padrões tão altos e
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abrangentes (ver Rm. 8:1-11). Somente a abordagem farisaica – que obedece à letra da Lei
ao invés de obedecer o espírito dela – tem algum tipo de garantia de sucesso, porém, um
sucesso mundano, e não um sucesso que resulta em realmente observa a Lei conforme
Deus pretende que seja observada (ver Mt. 23:23).
Nesse tipo de lei, quando seus propósitos são devidamente entendidos, a Lei pode
ser vista como benéfica aos israelitas. Ou seja, as leis do alimento denota restrições contra
a carne de porco, no entanto, não tem a pretensão da parte de Deus de representar
restrições arbitrárias aos gostos dos israelitas. Pelo contrário, têm um propósito protetor
sério.
A vasta maioria dos alimentos proibidos são aqueles que:
(1) Têm mais probabilidade de transmitir doenças no clima árido do deserto do Sinai
ou na terra de Canaã;
(2) São estultamente anti-econômicos para produzir no contexto agrário específico do
deserto do Sinai ou da terra de Canaã;
(3) São alimentos favorecidos para o sacrifício religioso por grupos cujas práticas os
israelitas não deviam imitar.
Além disto, à luz das pesquisas médicas recentes indicam que alergias aos
alimentos variam de acordo com as populações étnicas, as leis do alimento
indubitavelmente protegiam os israelitas de certas alergias. É especialmente interessante
notar que a fonte principal da carne em Israel – a das ovelhas – é a menos alérgica de todas
as carnes principais, de acordo com especialistas nas alergias aos alimentos.
1. Veja a lei do A.T. como a palavra plenamente inspirada de Deus para você. – Não
Veja a lei do A.T. como o mandamento direto de Deus dirigido a você.
2. Veja a lei do A.T. como a base da Antiga Aliança, e, portanto, da história de Israel.
– Não veja a lei do A.T. como obrigatória para os cristãos da Nova Aliança, a não
ser onde for especificamente renovada.
3. Veja a justiça, o amor e os altos padrões de Deus revelados na Lei do A.T. – Não se
esqueça de ver que a misericórdia de Deus é feita igual à severidade dos padrões.
4. Não veja a lei do A.T. como completa. – Não é tecnicamente abrangente. – Veja a
lei do A.T. como um paradigma que fornece exemplos para a gama inteira do
comportamento que se espera.
5. Não espere que a lei do A.T. seja frequentemente citada pelos profetas nem pelo
N.T. – Lembre-se de que a essência da Lei (os Dez Mandamentos e as duas leis
principais) é repetida pelos profetas e renovada no N.T.
6. Veja a lei do A.T. como uma dádiva generosa a Israel, trazendo muitas bênçãos
quando é obedecida. – Não veja a lei do A.T. como um agrupamento de
regulamentos arbitrários e irritantes que limitam a liberdade das pessoas.
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Devemos notar que o “instinto” (bom senso) cristão fornece a resposta básica às
perguntas: Como estas palavras faladas para Deus funcionam para nós como uma Palavra
da parte de Deus? A resposta? Exatamente como funcionavam para Israel em primeiro
lugar – como oportunidades para falar a Deus em palavras que Ele inspirou outras pessoas
a falar a Ele em tempos passados.
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No uso dos Salmos pelo Israel antigo e pela igreja do Novo Testamento podemos
perceber três maneiras importantes para os cristãos usarem os Salmos.
Em primeiro lugar, deve ser lembrado que os Salmos são uma orientação para
adoração. Queremos dizer, com isto, que o adorador que procura louvar a Deus, ou apelar
a Deus, ou lembrar-se dos benefícios de Deus, pode usar os Salmos como um meio formal
de expressar seus pensamentos e sentimentos.
A sabedoria hebraica é uma categoria de literatura que não é familiar à maioria dos
cristãos atuais, é o que apresenta em sua obra Gordon & Douglas (2008 p:196/197).
Embora uma porção significante da Bíblia seja dedicada aos escritos sapienciais, os
cristãos frequentemente entendem ou aplicam erroneamente esta matéria, perdendo
benefícios que Deus destinara para eles. Quando é devidamente compreendida e usada, a
sabedoria é um recurso útil para a vida cristã. Quando é abusada, pode fornecer uma base
para o comportamento egoísta, materialista, míope – exatamente o oposto da intenção de
Deus.
Três livros do A.T. são reconhecidos como livros de “sabedoria”: Eclesiastes,
Provérbios, e Jó.
A Natureza da Sabedoria
Quem é Sábio?
Segundo Gordon & Douglas (2008 p:198), a sabedoria não é alguma coisa teórica e
abstrata – é algo que existe somente quando uma pessoa pensa e age de acordo com a
verdade conforme tem sido aprendida através da experiência.
Qualquer pessoa que procura diariamente aplicar a verdade de Deus e aprender da
sua experiência pode acabar ficando sábia. Há, porém, grande perigo em procurar a
sabedoria simplesmente para sua própria vantagem ou de uma maneira que não honra a
Deus acima de tudo; “Ai dos que são sábios a seus próprios olhos, e prudentes em seu
próprio conceito!” (Is. 5:21). Além disto, a sabedoria de Deus sempre ultrapassa a
sabedoria humana (Is. 29:13-14).
Se você dar o passo extremo de considerar que (Pv. 22:26-27) como sendo um
mandamento abrangente da parte de Deus, é bem possível que nunca compre uma casa,
para não contrair uma dívida na qual a casa entra como garantia. Você pode tomar por
certo que se você faltar nos seus pagamentos, finalmente perderá todas as suas possessões,
inclusive sua cama. Sua interpretação literal e extremista levaria você a perder a lição do
provérbio, que declara de modo poético e figurado que as dívidas devem ser assumidas
com cautela, porque a cobrança jurídica pode ser muito dolorosa.
Os Provérbios Têm Uma Redação Para Serem Memoráveis, Não Para Serem
Teoricamente Acurados
Na obra de Zuck (1994: 167/183), afirma que a Bíblia contém centenas de figuras
de linguagem. E. W. Bullinger agrupou as figuras de linguagem da Bíblia em mais de 200
categorias.
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O segundo exemplo, não está falando de usar a Bíblia fisicamente como ponto de
apoio, mas sim de firmar-se em suas verdades de modo que estejamos convictos daquilo
em que cremos.
“O SENHOR é a minha rocha” (ver Sl. 18:2) é uma forma colorida e viva de dizer
que eu posso depender do Senhor, pois ele é forte e inabalável.
As figuras de linguagem chamam a atenção
A afirmação de Oséias “Como vaca rebelde se rebelou Israel...” (ver Os. 4:16) é
mais fácil de lembrar do que se ele tivesse escrito: “Israel é extremamente teimoso”. Os
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1. Adote sempre o sentido literal de uma passagem, a menos que haja boas razões
para não fazê-lo. Por exemplo, em Ap. 7:.9 “...em pé diante do trono e diante do
Cordeiro,...” obviamente é uma referência a Jesus Cristo, não a um animal, como João
1:29 deixa claro.
frase, como pode também escolher um caminho mais agradável – o da linguagem figurada.
Mas uma coisa precisa ficar clara: em qualquer um dos casos, o sentido literal é o mesmo.
[...] Uma interpretação só é literal quando corresponde ao que o autor quis dizer”.
Quando Pedro escreveu: “O diabo [...] anda em derredor, como leão que ruge...” (1
Pe. 5:8), a legitimidade dessa analogia figurada depende de um mínimo de entendimento a
nosso respeito de leões. O mesmo se aplica a tipos, símbolos, parábolas, alegorias e
fábulas.
4. Metonímia. Consiste em substituir uma palavra por outra. Quando dizemos que
o Congresso tomou uma decisão, estamos referindo-nos a deputados e senadores.
10. Antropopatia. Esta figura de linguagem atribui emoções humanas a Deus, como
vemos em Zacarias 8:2: “...Tenho grandes zelos de Sião”.
12. Apóstrofe. Consiste numa referência direta a um objeto como se fosse uma
pessoa, ou a uma pessoa ausente ou imaginária como se estivesse presente. Quando o
salmista falou com o mar: “Que tens, ó mar, que assim foges?...” (ver Sl. 114:5). Miquéias
fala diretamente à terra, em Miquéias 1:2: “Ouvi, todos os povos, prestai atenção, ó
terra...”
14. Hipérbole. É uma afirmação exagerada em que se diz mais do que o significado
literal com o objetivo de ênfase. O salmista valeu-se da hipérbole para acrescentar ênfase
quando escreveu: “...todas as noites faço nadar o meu leito, de minhas lágrimas o alago”
(ver Sl. 6:6). A Bíblia de Jerusalém expressa a ideia da hipérbole numa linguagem um
pouco mais literal: “...de noite eu choro na cama, banhando meu leito com lágrimas”. Davi
estava chorando muito, mas com certeza não a ponto de sua cama nadar ou ficar
encharcada. Em Salmos 119:136 acontece algo parecido: “Torrentes de água nascem dos
meus olhos...”. É claro que dos olhos dele não saía nenhuma torrente de água. Ele estava
tão triste que chorava muito.
Por acaso Jesus quis dizer que os escribas e fariseus realmente coavam mosquitos e
engoliam camelo? (ver Mt. 23:24) Não. A questão é a seguinte: enquanto os fariseus se
preocupavam com pormenores insignificantes da lei, à semelhança da retirada cuidadosa
de um mosquito de um líquido, eles negligenciavam aspectos muito maiores, bem mais
importantes da mesma lei (v. 23), como a justiça, a misericórdia e a fidelidade, como se
estivessem facilmente engolindo um camelo!
15. Litotes. Consiste numa frase suavizada ou negativa para expressar uma
afirmação. É o oposto da hipérbole. Quando dizemos “Ele não é um mau pregador”,
queremos dizer que ele é um pregador muito bom. A atenuação confere ênfase. Quando
Paulo disse: “...Eu sou judeu, natural de Tarso, cidade não insignificante...” (ver At.
21:39), quis dizer que Tarso era na realidade uma cidade importante. Paulo depreciou a si
mesmo com uma litotes, e 1 Cor. 15:9: “Porque eu sou o menor dos apóstolos...” . Essa
declaração de autêntica humildade foi feita para salientar a graça de Deus em sua vida,
como pecador que não a merecia (ver vs. 10).
16. Ironia. É uma forma de ridicularizar indiretamente sob a forma de elogio. Com
frequência vem marcada pelo tom de voz de quem fala, para que os ouvintes a percebam.
Por isso, às vezes é difícil saber se uma declaração escrita deve ser considerada ironia. Mas
normalmente o contexto ajuda a mostrar se é ou não uma ironia.
Quando Jesus disse aos fariseus e aos escribas “...Jeitosamente...” (ver Mc. 7:9),
parece que estava começando a fazer um elogio. Mas o resto da frase mostra que estava na
verdade ridicularizando-os. Assim, a frase inteira é uma ironia: “...Jeitosamente rejeitais o
preceito de Deus para guardardes a vossa própria tradição”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
poderosa, que contém em si o germe da nova vida, do tempo em que o Reino de Deus terá
sua manifestação plena. São essas as pessoas das quais a igreja tem maior necessidade
hoje. Num tempo em que se tem levantado muitos empresários da fé com um outro
evangelho denominado de evangelho mercadológico, tantas vozes se ouvem e se fazem
ouvir, é preciso fazer soar de novo a voz nítida e clara do Evangelho de Jesus Cristo, a
única possibilidade de salvação para a humanidade. Numa época de tantas e sutis filosofias
e ideologias, é urgente que se ensine com toda profundidade aquela mensagem que à todas
se sobrepõe, a todas julga, a todas questiona, estabelecendo critérios últimos de verdade e
de sentido para a vida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GORDON, D. Free & DOUGRLAS, Stuart. Entendes o que lês. 14 ed. São Paulo:
Edições VIDA NOVA, 2008, 329 p.
ZUCK, Roy B. A interpretação Bíblica: meios de descobrir a verdade da Bíblia. 11 ed. São
Paulo: Edições VIDA NOVA, 2013, 356 p.