Você está na página 1de 97

Igreja de Cristo em Duque de Caxias

EFB – A Arte de Pregar

ARTE

DE

PREGAR

1 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

A Arte de Pregar

Índice

Capítulo 1 - A Homilética e a Pregação

Capítulo 2 - Preparando a Mensagem

Capítulo 3 - As Ilustrações

Capítulo 4 - Métodos e Observações Referentes a Pregação

Capítulo 5 - A Variedade no Sermão

Capítulo 6 - Sete Tipos de Sermões – Definições Básicas

Capítulo 7 - Os Dois Tipos de Sermões Mais Utilizados

Capítulo 8 - Modelos de Sermões e Exercícios

Capítulo 9 - Dicas Para Pregadores

Capítulo10 - Comunicando-se em Público

Capítulo 11 - Erros Mais Comuns e como Evitá-los

2 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

Capítulo 1

A HOMILÉTICA E A PREGAÇÃO
1) INTRODUÇÃO
A Homilética é a arte e a ciência da pregação. A pregação é a comunicação da verdade,
das boas novas por um homem ou uma mulher a outros indivíduos. Na pregação há dois
elementos:
1º) A verdade ou a mensagem; e
2º) A personalidade ou o caráter do pregador.
Não se pode ignorar nenhum desses dois fatores. Para que o homem possa entender de
verdade a mensagem, esta terá que estar revestida de autoridade divina, mas também da
personalidade humana do pegador. Sem a personalidade humana chegaria a ser uma coisa
teórica e abstrata. Por outro lado, um discurso que se pronuncia com eloquência, mas que
não contenha os elementos da verdade, não é pregação.
Esta verdade não deve ser expressa mecanicamente, nem simplesmente pela boca ou
pelo intelecto, mas sobretudo através da personalidade e caráter do pregador. É preciso que
a verdade domine a natureza moral e espiritual do homem que exerce o ministério da
palavra. Ele não deve ser uma máquina, mas um verdadeiro homem cheio do Espirito Santo
e fé. Logo, o efeito de tal vida e de tal pregação será que a alma e o espírito de muitas
pessoas serão impactados pela mensagem, tanto a falada como a demonstrada com a vida.
Isto nos leva ao propósito da pregação, que sempre deve ser persuadir os ouvintes para
que se acheguem a Cristo ou se aprofundem nas verdades bíblicas ensinadas. A mensagem
pode ser dirigida aos crentes ou aos não crentes, mas o propósito não deve mudar. Sempre
devemos persuadir e comover as pessoas que nos ouvem.

2) DEFINIÇÕES DE HOMILÉTICA
Homilética é a disciplina que estuda a ciência, a arte e a técnica de analisar, estruturar,
apresentar e entregar a mensagem do evangelho. Seu objeto de estudo é o sermão: sua
classificação, gênero, tipo, estrutura, etc. Logo, a homilética é a ciência cuja arte é a
pregação e cujo resultado é o sermão.
O termo homilética surgiu durante o iluminismo, entre os séculos XVII e XVIII,
quando as principais disciplinas teológicas receberam nomes gregos:

3 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

- Na Alemanha, Stier propôs o nome "Kerictica", derivado de (Kerix) = Kerix, que


significa “arauto”; e
- Sikel sugeriu “Haliêutica”, derivado de Haloeos, que significa “pescador”.
Para uma perfeita compreensão da matéria é necessário que se conheça bem as
definições e significados das palavras e sua etimologia.
O termo homilética tem suas raízes etimológicas em três palavras da cultura grega:
- Homilos - significa “multidão, turma, assembleia do povo” (At 18.17).
- Homilia - significa: “associação, companhia” (l Co 15.33); e
- Homileo - significa: “falar, conversar” (Lc 24.14; At 20.11,24,26).

3) OUTRAS DEFINIÇÕES:
- Pregação é o ato pelo qual se expõe uma ideia;
- Mensagem é a ideia ou a filosofia de uma pregação;
- Sermão é um discurso de caráter religioso;
- A arte da pregação trata da beleza, organização, criatividade e imaginação no
sermão;

4) OBJETIVO DA HOMILÉTICA
Esta ciência tem como principal objetivo ser uma ferramenta para auxiliar na
confecção de sermões para uma pregação mais eficiente. Isto ocorre porque beneficia:
- o pregador, pois torna mais fácil o desenvolvimento e a efetiva pregação do
sermão; e

- o auditório, pois um sermão homileticamente preparado, normalmente, produz um


maior grau de entendimento e assimilação.
Muitos sermões falham por ser absolutamente sem ordem. As ideias são confusas e a
pregação perde o sentido, por completo. Alguns pregadores têm tanta dificuldade em
organizar suas ideias em um sermão que alguns que membros de sua congregação podem
dizer: “Felizmente a vida não é como o sermão do pastor fulano, porque a vida, apesar de
tudo, tem algum sentido, enquanto o sermão dele não tem nenhum”.

A Homilética NÃO É:
- Substituta da vida espiritual;
- Substituta do Espirito Santo; e
- Uma garantia de ministério ungido e eficiente.

4 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

A Homilética É:
- Um auxiliar no estudo e análise do texto;
- Um auxiliar na exposição de ideias;
- Um entendimento de que o sermão tem muito a ver com o caráter e a personalidade
de quem prega; e
- Uma compreensão de que Deus colocou no mundo recursos que devemos aproveitar
ao máximo e, entre estes recursos, está o da ciência da comunicação verbal.

5) A MENSAGEM E A PERSONALIDADE DO PREGADOR


A personalidade do pregador está ligada diretamente com a sua mensagem, incluindo
os efeitos que ela gera. Isto é algo importantíssimo e que deve ser considerado quando se
almeja pregar a Palavra de Deus. Um pintor pode ser um canalha e ainda assim fazer uma
pintura que será grandemente admirada; um escritor pode ser imoral e ainda assim escrever
um livro que lhe traga muita fama; um médico pode ser grosseiro e mulherengo e ainda
assim ser um excelente profissional na sua especialidade. Entretanto, não é assim com o
pregador e seu sermão. Os dois estão intimamente ligados; na verdade o sermão, em certa
medida, deve ser a expressão de sua própria vida e experiência. Se não for assim, aquilo que
ele chama de sermão será como o “bronze que soa e o címbalo que retine” (l Coríntios
13.1).
A verdade tem que encher o pregador antes que ele possa proclamá-la com poder que
convença. É possível um pregador desconhecido enganar as pessoas e ainda assim ter almas
convertidas a Cristo, somente com sua retórica. Contudo, se esse mesmo pregador
permanecer no mesmo local até que o conheçam de fato, suas pregações se tornarão inúteis
e perniciosas.
Portanto, percebe-se que a preparação para o ministério do evangelho não consiste de
certas regras de fazer sermões ou a maneira de pregá-los, mas sim o próprio
desenvolvimento pessoal e espiritual do homem que traz a mensagem - “Porque convém
que o bispo seja irrepreensível, como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem
iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância;
Mas dado à hospitalidade, amigo do bem, moderado, justo, santo, temperante;
Retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto
para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os contradizentes” Tito 1:7-9.

5 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

6) A PERSONALIDADE DO PREGADOR
Que tipo de pessoa deve ser o pregador? Que elementos de seu caráter devem ser
cultivados no desenvolvimento de sua personalidade? Vejamos alguns pontos importantes:

a) Não Deve Ser Imitador


Cada sermão que prega deve ser marcado com sua própria personalidade e expressado
de sua própria maneira. Cada homem e mulher de Deus têm sua individualidade que deve
marcar a obra que o Senhor lhe deu para fazer. Muitos fracassaram em seus ministérios
porque não estavam prontos para ser como Deus lhes fez. Queriam imitar outros.
Deve-se notar que os homens que copiam as maneiras de outros pregadores bem-
sucedidos quase sempre copiam suas falhas também e assim, muitas vezes, caem no
ridículo. O pregador deve expressar sua personalidade o melhor possível, consagrando-se
ao Senhor e sendo cheio do Espírito Santo. Desta maneira se manterá sincero, honrará a
Deus e será a melhor bênção para seu povo.

b) Deve Ser Homem De Profunda Piedade


Nas cartas do apóstolo Paulo ao seu jovem discípulo Timóteo, vemos várias exortações
a pureza e à santidade que ele deveria cultivar. O que somos fala mais alto do que o que
falamos e de uma maneira muito mais eficiente. “Purificai-vos, os que levais os
utensílios do Senhor” (Isaías 52.12).
O pregador tem que ser limpo nos seus hábitos de vida. Não pode ter nenhum vício,
hábito impuro, mesmo que de maneira velada. O que peca secretamente, Deus o
envergonhará em público.
A vida de Davi é uma ilustração dessa verdade. Faltará poder para o pregador que não
é limpo em sua vida privada. Ele não pode se apresentar com confiança se sabe que a sua
vida não é pura como deve ser. “Assim, pois; se alguém a si mesmo se purificar destes
erros, será utensílio para honra, santificado e útil ao seu possuidor, estando preparado
para toda boa obra” (II Timóteo 2.21).

c) Deve Ser Homem Que Fala A Verdade

6 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

O exagero é uma forma de mentir. Mudar a verdade é mentira. O pregador não deve
mentir nem mesmo para dar uma ilustração. A vida pessoal do pregador é uma mentira se
ele pretende ser o que não é. A piedade no lar deve acompanhar a piedade no púlpito.
Temos que raiar a verdade diante de Deus e diante dos homens. Se fizermos votos ao
Senhor, devemos pagá-los. Se prometermos cumprir determinada obrigação diante dos
homens em determinado dia, cumpramos essa obrigação. Se não pudermos cumprir?
Devemos ser homens e confessar a impossibilidade de cumprir, pedindo perdão e novo
prazo, novo acordo.

d) Deve Ser Homem Formal


O pregador deve recordar de que ele é um servo e que representa ao seu Senhor.
Alguns pregadores entristecem o Espirito Santo mais pelas palavras torpes que proferem
do que qualquer outro modo. Não deve aproximar-se do púlpito com espírito de
leviandade, pois apresentar a mensagem de Deus é coisa muito séria.

e) Deve Cuidar De Sua Saúde Física


O pregador deve estar na melhor forma física possível. Um corpo sadio ajuda também
no desenvolvimento no púlpito e na vida espiritual. Portanto, o pregador deve ter tempo
de descanso suficiente, fazer exercícios físicos regulares e cuidar de manter uma boa
dieta alimentar.

7) OS INSTRUMENTOS DO PREGADOR
Como todo bom artesão, o homem que prega a Palavra deve ter certos instrumentos ao
seu alcance. Estes instrumentos lhe ajudarão a ser cada vez melhor e mais profundo em seu
chamado. Os instrumentos que apresentamos aqui são básicos e ele deve aprender a usá-los
bem.
a) A Bíblia
Logicamente, este é o instrumento mais importante de todos e é exatamente por isso
que o pregador deve ter um bom conhecimento da Palavra. Deve compreender o correto
manejo das Escrituras, estudá-la com cuidado e com um coração aberto para expor a
mensagem com clareza.
Uma das versões bíblicas mais comuns, utilizadas pelos cristãos “protestantes”, é a
versão Almeida Atualizada e Revisada, da Sociedade Bíblica do Brasil. Mas um

7 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

excelente pregador deve ter também várias outras versões disponíveis para seu próprio
estudo, já que muitas vezes outras versões darão maior esclarecimento sobre algumas
passagens - “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que
se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” II Timóteo 2.15.

b) Uma Concordância
A concordância é como dicionário que contém as palavras da Bíblia em ordem
alfabética. Por meio da concordância, o pregador pode pesquisar uma palavra específica
de um texto e achar o local ande se encontra na Bíblia. É de grande ajuda na preparação
de sermões.
Há variados tipos de concordâncias que se pode encontrar. Algumas concordâncias,
como aquelas que vem anexas à Bíblia, não são completas e contêm somente uma
pequena seleção contendo as palavras consideradas mais importantes. Mas o pregador
deve conseguir uma concordância completa das Sagradas Escrituras.

c) O Dicionário Bíblico
O dicionário bíblico é um livro que contém variadas informações úteis: dados
históricos e biográficos e definições de termos que ajudarão o pregador a ter um melhor
embasamento para sua mensagem.

d) Um Manual Bíblico
O Manual Bíblico é um livro que contêm resumidamente informações sobre os livros
da Bíblia, história, cultura, geografia e costumes dos tempos bíblicos. Lida com
curiosidades, biografias, estudos de episódios e se dispõe a sanar as dúvidas mais
frequentes. Enfim, é um depósito de informações e recursos prontos para ser utilizado. Os
mais conhecidos, em português, são o Manual Bíblico de Halley e o Manual Bíblico Vida
Nova.
Obviamente que todos os materiais supracitados, excetuando-se a Bíblia, devem ser
utilizados utilizando-se o filtro do Reino de Deus. Ou seja, devemos fazer como ensinado
pelo apóstolo Paulo em sua carta a Igreja em Tessalônica: “Mas ponde tudo à prova.
Retendo o que é bom” I Tessalonicenses 5:21.

8 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

Capítulo 2

PREPARANDO A MENSAGEM
1) INTRODUÇÃO
Porque se prepara um sermão? Como se inicia a preparação de uma mensagem? Qual
a origem de sua inspiração? Qual o público-alvo? Estas são perguntas importantes e, às
vezes, difíceis de responder, porque há muitos métodos que podem ser usados para o início
de uma mensagem. Quase todo pregador, após algum tempo, desenvolve uma sistemática
particular para preparar mensagens e o aluno deve buscar desenvolver seu próprio método e
estilo.
Nesta lição veremos algumas ideias e sugestões que podem ajudar no preparo de
mensagens.
- Tenha um objetivo. Cada mensagem deve ter um propósito. Sem uma meta, o
pregador não pode iniciar a preparação de uma mensagem. Conhecer bem as
necessidades de sua congregação ajudará a estabelecer o objetivo de sua mensagem.

- Busque uma porção bíblica que corresponda ao objetivo que deseja alcançar. A
Bíblia é uma fonte inesgotável de recursos que falem às necessidades dos homens.

- Tenha um coração aberto à direção do Espírito Santo. Este é o fator mais importante
na preparação de uma mensagem, pois Ele nos auxilia a descobrir as verdades
eternas contidas nas Escrituras e nos orienta em como aplicá-las.

2) ORIENTAÇÕES BÁSICAS
a) Oração
Devemos lembrar que somos representantes de Deus diante do povo. Portanto, o
auditório espera ouvir uma mensagem da parte d'Ele. Não podemos apresentar esta
mensagem sem a unção do Espírito Santo e somente por uma vida de comunhão diária
com o Senhor, através da oração, poderemos ser cheios da presença do Senhor.

b) Estudo
Junto a oração vem o estudo, pois as duas coisas se completam. O homem que só ora e
não estuda dificilmente poderá apresentar uma mensagem clara e inteligível. Já o homem

9 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

que só estuda e não ora trará uma mensagem vazia, sem poder e unção, ainda que bem
formatada didaticamente.

c) Esboço
Para recordar os pensamentos e para poder apresentar a mensagem de uma forma mais
fácil para o entendimento, uma das ferramentas mais eficiente é o conhecido esboço. Ele
é como o esqueleto da mensagem. Será responsabilidade do pregador ungido revesti-lo
com a “carne” que dará alimento espiritual a seus ouvintes.

d) Duração
Uma excelente mensagem é aquela que alcança o seu propósito no menor tempo
possível. Isto significa que o pregador deve preocupar-se com o tempo que será investido
na pregação, portanto o sermão deve ter a duração correta.
Em condições normais, um sermão deve durar entre 30 e 50 minutos. Menos do que
isso prejudica o desenvolvimento da mensagem, mais do que isso prejudica a atenção da
plateia. Durante o tempo em que estiver pregando, faça-o com entusiasmo, fervor,
convicção e firmeza. Tenha em mente que está levando o auditório aos pés de Cristo.

e) Tema Da Mensagem
- É de muita importância ter um tema que você conheça bem. O homem que procura
pregar sobre um tema que ele mesmo não tem profundidade incorrerá em fracasso.

- Escolher um tema que a congregação entenderá. Devemos procurar sempre pregar


no nível dos nossos ouvintes, usando palavras que eles entendam, e sobre um tema
que eles poderão entender e aplicar.

- Deve ter valor espiritual. Você pode desenvolver outros temas interessantes como
temas históricos, científicos ou outros assuntos. Mas isto não é pregar a Cristo em
sua essência, portanto não deve ser o foco principal de um pregador. Deve-se pregar
sobre as coisas que edificam espiritualmente nossos ouvintes, principalmente as
grandes doutrinas bíblicas e sua aplicação à vida diária.

- Deve coincidir com o cerne ou objetivo da mensagem. Não deve-se pregar só por
pregar. Todo sermão deve ter como finalidade principal, não somente repassar meras

10 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

informações bíblicas, mas, sobretudo, estimular os ouvintes a tomar uma decisão que
lhes trará benefício para todas as áreas de suas vidas.

- Não escolha um tema que não esteja de acordo com sua própria experiência. Você
não deve pregar sobre vitória completa se você ainda vive em derrota.

- Deve ser apropriado ao tempo, ao lugar e aos ouvintes. Não é apropriado pregar
uma mensagem evangelística para um grupo de crentes antigos, nem é aconselhável
pregar sobre o crescimento na vida cristã para um auditório de descrentes.

3) O TEXTO
O texto é a porção ou parte da Palavra de Deus em que se baseia a mensagem.
Portanto, é de fundamental importância para aquilo que será pregado, pois ele traz
autoridade e legitimidade ao tema proposto.

a) Vantagens De Se Ter Um Texto


- Mantém o pregador perto da Bíblia. Não há muito perigo de esquecer ou
desvalorizar a palavra se você se souber utilizar e ensinar sobre passagens ou porções
das Escrituras com cuidado.

- Ajuda o pregador a evitar que sua mente se distraia e que vague por outros rumos.
O pregador deve seguir o fio da meada do texto e se perguntar de vez em quando se
não está divagando.

- Desperta interesse na congregação. Se escolher bem, o texto em si servirá de


estímulo aos ouvintes.

- Ganha a confiança da congregação. Os ouvintes sabem que o pregador anunciará a


Palavra de Deus e não suas próprias opiniões.

- Dá autoridade e valor ao pregador na proclamação de sua mensagem. O povo está


desejoso de ouvir uma mensagem com autoridade divina.

11 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

b) Como Escolher Os Textos


- Busque a direção do Espírito Santo. Se vivermos continuamente debaixo da
influência e do poder do Espírito Santo, não será difícil obter esta direção.

- Leia a Bíblia com constância. A Bíblia é a mina do pregador. Quando algum


pensamento, ilustração ou argumento lhe impressiona, deve-se anotá-lo num
caderno. Às vezes, ao ler as Escrituras, certo texto ou passagem lhe chama à atenção
e logo um esboço se apresenta. É preciso anotar tais pensamentos, pois algum dia
eles lhe servirão. Não caia na armadilha do “depois eu anoto”, pois isto raramente
funciona.

- Esteja atento às necessidades da sua congregação: suas necessidades físicas,


mentais, morais e espirituais. O pregador que leva em conta as necessidades de sua
congregação irá ajudá-la com suas mensagens.

- Leia bons livros de cunho espiritual. Leia-os não com a intenção de copiá-los, mas
para aprofundar ideias e inspiração. Bons livros servirão como um tônico para a sua
alma e o seu coração. O estudo da biografia de grandes homens de Deus,
reformadores e líderes de igrejas é uma fonte para o pregador.

c) Precauções Sobre A Escolha Do Texto


- Não escolha textos demasiadamente difíceis. Existem textos que são obscuros,
profundos e difíceis de interpretar. O pregador não deve se meter em águas
profundas se não estiver seguro que sabe nadar bem. É preferível usar textos claros e
de fácil entendimento.

- Evite a controvérsia. Não é aconselhável usar o púlpito para a polêmica. Nunca


deve-se usá-lo como um forte ou uma barricada onde nos sentimos seguros para
atacar os inimigos. Evite usar textos controvertidos, porque será fácil cair no erro de
pregar a sua própria opinião e não a verdade revelada.

- Ter especial cuidado ao usar textos do livro de Jó, Cantares ou Eclesiastes. É


preciso considerar o objetivo do livro e o caráter da pessoa que fala. Nem tudo que

12 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

está escrito na Bíblia, falado pela boca desse ou daquele personagem, reflete a
vontade e o caráter de Deus. Exemplo: Nem tudo que os amigos de Jó falaram está
correto.

- Nunca use como texto uma pequena porção de uma passagem que só expressa
uma parte da verdade. Exemplo: “Não há Deus” Salmo 14.1 - “Todo homem é
mentiroso” Salmo 116.11.

d) Interpretando O Texto
Queremos agora considerar algumas regras para a interpretação correta do texto.
- É preciso averiguar se a linguagem do texto é literal ou figurada. Veja João 2.19-
22. Nesta passagem as palavras “templo” e “corpo” se referiam literalmente ao
corpo físico de Cristo. Veja Mateus 26.26. Nesta passagem a palavra “corpo” é
usada não na forma literal, mas figurativa. As palavras “lavando” e “lavar” são
usadas literalmente. Na história de Naamã (II Reis 5) ela é usada em sentido literal,
enquanto que em I Coríntios 6.11, a palavra “lavados” está usada figurativamente.

- Deve-se sempre receber a Bíblia em sentido literal, a menos que o contexto, as


passagens paralelas e o próprio texto mostrem que a linguagem é figurativa.
Portanto, de uma forma geral, o pregador deve crer que a Bíblia diz o que quer dizer.
Portanto, averiguar e entender o que a Bíblia diz requer estudo com dedicação, pois é
preciso analisar o sentido dado às palavras pelos diferentes escritores da Bíblia. Há
diferentes sentidos para a mesma palavra dependendo de seu contexto. Exemplo: A
palavra “fé” em Gálatas 1.23; I Timóteo 3.9; 4.1 e Atos 24.24 quer dizer o
Evangelho, do qual a fé em Cristo é a grande doutrina. Em Atos 17.31 e Hebreus
11.1, quer dizer prova ou evidência.

- É preciso considerar as circunstâncias do escritor e das pessoas para quem foi


escrito. Sob que condições as palavras foram escritas? Qual era o caráter do povo
para quem foi escrito? Exemplo: Em I Coríntios 3.1-3, Paulo se dirige à situação
que existia na Igreja de Corinto. Não podemos aplicar estes versículos
universalmente a todas as igrejas nem a todas as pessoas do nosso tempo.
Evidentemente que o ensino ali contido é aplicável (que a igreja local não deve se

13 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

entregar a carnalidade), mas também reconhecemos que nem todas as igrejas locais
são carnais.

- É preciso considerar o ensino de toda a Bíblia em conjunto. Nenhum texto deve ser
interpretado à parte do que ensina toda a Bíblia. Você entende melhor a Bíblia
comparando-a consigo mesma. Os homens piedosos de todas as épocas sentiram a
necessidade de ler reverentemente a Palavra de Deus, comparando Escritura com
Escritura. Exemplo: Se com base em Romanos 5.1-11 você for ensinar que a
justificação pela fé nos livra da necessidade da busca por uma santificação diária,
não está bem interpretado, porque contradiz os outros ensinos da Bíblia, tais como I
Tessalonicenses 4.3 e Hebreus 12.14.

- O conhecimento dos costumes do povo para quem a passagem foi escrita é de grande
ajuda para interpretá-la corretamente. Exemplo: Em João 13.14, Jesus disse a Seus
discípulos: “vós deveis lavar os pés uns dos outros”. Para entender este versículo,
temos que saber algo sobre as circunstâncias e a cultura dos judeus. Os judeus
sempre mandavam seus servos lavar os pés de seus hóspedes. Era trabalho de um
serviçal. Jesus o fez e mandou que Seus discípulos fizessem o mesmo. Aqui, uma das
lições importantes, é a necessidade de humildade e a disposição para o serviço.

e) As Fontes De Interpretação Do Texto


Existem fontes de interpretação que podem ajudá-lo na preparação de sua mensagem.
Nesta lição vamos ver algumas delas.
- O contexto da passagem: O contexto é, simplesmente, o que vai junto com o texto; o
que vem antes e o que vem depois. Por isso é muito importante estudar toda a
passagem para ver em que circunstâncias foram faladas as palavras do texto e qual é
seu verdadeiro sentido.

- O uso de passagens paralelas. Deve-se usar diligência ao comparar textos paralelos,


passagens em que o assunto é o mesmo, equivalente ou semelhante. Compare
Marcos 8.36 com Lucas 9.25 e Mateus 21.1-11 com Marcos 11.1-11. Muitas vezes
descobrimos novos detalhes no relato ao ler a mesma história nos diferentes

14 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

evangelhos, pois cada escritor escreve de acordo com sua perspectiva pessoal, além é
claro, da inspiração Divina.

- O próprio texto. Devemos investigar o que exatamente a Bíblia quer dizer naquele
texto. Para isto deve-se lê-lo cuidadosamente, várias vezes, observando a pontuação,
a acentuação, etc.

- Outros livros de estudos, como meios disponíveis para a boa interpretação do texto,
mas não nos esqueçamos de que a própria Bíblia é o seu melhor comentário. E o
Espírito Santo é o seu melhor comentarista.

4) O MATERIAL PARA A MENSAGEM


Depois de escolher o texto e o tema, faz-se necessário juntar material para a
preparação da mensagem. Neste ponto, o pregador deve insistir em pensar por si mesmo e
evitar ao máximo pregar os pensamentos e sermões de outros. Este é um hábito que deve ser
desenvolvido, ainda que seja muito difícil no início, é preciso fazê-lo, pois no final o
pregador alcançará êxito. A explicação para este fato é simples: somente quando fazemos na
prática é que aprendemos a fazer com excelência e a melhorar sempre.
Pregar sermões de outros como se fossem seus é uma forma de roubar, plagiar. Se por
acaso você pregar o sermão de outra pessoa, diga de quem é, onde você ouviu, e, se
possível, consiga a permissão daquela pessoa.
Ao começar a pensar no texto e no tema, que perguntas devem ser feitas a você
mesmo?

a) Material Relacionado Ao Assunto Proposto


I) O Que Eu Já Estudei Sobre Este Tema?
Junte seus pensamentos. Escreva-os, e, neste momento, não preocupe-se em colocá-
los em ordem.
A primeira coisa é pensar. Alguns não têm muitos pensamentos porque não cultivam
o hábito da leitura. A leitura incrementa conhecimento ao homem. É como um elixir
para a mente. Não faltarão ideias e pensamentos para o homem ou a mulher que lê
abundantemente. Se você não ler muito, terá muito pouco para dar.

15 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

Acima de tudo, deve-se ler a Bíblia, não de vez em quando, mas de uma maneira
sistemática e regular. O pregador que lê a Bíblia somente para extrair dali os textos
que vai pregar será um fracasso, pois ele mesmo não se enche das verdades e dos
pensamentos da Palavra.
Nunca se descuide do estudo da Bíblia. Depois, leia bons livros: história, geografia,
biografias, ciências e sermões. Ouça bons pregadores, homens de Deus reconhecidos
por seus frutos. Há milhares e milhares de sermões e estudos bíblicos na internet.
Pesquise. Use-os como ideias e fontes de inspiração, não como muletas gratuitas.

II) O Que Tenho Visto Que Trará Luz Sobre Este Assunto?
O pregador deve ter sempre olhos bem atentos para ver as circunstâncias simples do
dia a dia e das pequenas coisas, as lições úteis. Jesus fazia isto e Seus sermões estão
cheios de ilustrações tiradas daquilo que Ele via e ouvia: “O semeador saiu a semear”
“Olhai os lírios do campo...”, “Dez virgens... saíram ao encontro do noivo...”.
Jesus via, ouvia e usava estas coisas em Suas mensagens. É bom ter um caderno
sempre por perto para anotar aquelas coisas que vemos, que ouvimos e que nos
impressionam. Tais ilustrações serão mais interessantes e apropriadas do que aquelas
que podemos tirar de livros ou de sites da internet.

III) O Que Tenho Pensado Sobre Este Assunto?


O pregador deve escrever os pensamentos sobre vários temas assim que eles lhe
vêm à mente e depois organizá-los quando estiver desenvolvendo a mensagem.
Excelentes pensamentos se perdem porque não os escrevemos.

IV) Que Material Já Tenho Sobre Este Assunto?


Você não precisa procurar lembrar-se de tudo, mas deve guardar o material onde
possa achá-lo quando precisar. O perigo de juntar material somente quando está perto
de pregar é que os pensamentos não são bem digeridos. Você precisa juntar e guardar
sempre verdades que lhe ajudarão e lhe servirão, mesmo que no futuro.

b) A Organização Do Material
Após averiguar a existência do material, o pregador deve organizá-lo de tal maneira
que tudo convirja para o propósito da mensagem. Para alguns a arrumação é fácil.

16 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

Contudo, para a maioria, é um verdadeiro trabalho. De qualquer forma, o pregador


precisa fazê-lo com esmero e excelência.

I) As Vantagens Da Organização Do Material


- Para o pregador: ajuda-o a ter pensamentos claros e ordenados, além de um
conhecimento do assunto. Uma vez bem organizado é muito fácil para o pregador
seguir o fio da meada de sua mensagem.

- Para os ouvintes: uma boa parte do efeito da mensagem sobre o auditório depende
da organização dos pensamentos que o pregador deseja transmitir. Se a mensagem
está organizada de forma correta, torna-se muito mais fácil para a congregação
entendê-la e retê-la. Se estiver desordenada, ainda que seja eloquente e emocional,
não será muito bem assimilada pela congregação.

II) As Características E Qualidades Da Boa Organização


- Um só Tema. Uma das primeiras lições que o pregador deve aprender é
concentrar-se em um só tema para cada mensagem.

- As divisões do sermão devem ter uma conexão lógica. Não deve exortar antes de
instruir ou dar a aplicação antes da explicação. O argumento para o intelecto deve
vir antes do apelo. Das emoções se chega à vontade. O lado negativo deve vir
antes do positivo e as generalidades antes das particularidades.

5) AS DIVISÕES BÁSICAS DE UMA MENSAGEM


Ainda que o pregador tenha total liberdade para confeccionar a mensagem que trará
aos seus ouvintes, é fundamental ter em mente que tão importante quanto proclamar o
evangelho é fazê-lo de forma a ser entendido.
Por este motivo, é interessante que o pregador conheça, mesmo que de maneira
superficial, as divisões básicas para se produzir uma mensagem coerente, profunda e bem-
apresentada.

17 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

a) A introdução da mensagem
Dificilmente se chega a uma boa mensagem se a introdução for ruim, portanto, para
uma excelente pregação deve-se cuidar para que se tenha uma introdução coerente. O
propósito da introdução é.
- Despertar interesse. Se você não consegue o despertar o interesse no princípio, é
provável que não conseguirá durante todo o tempo em que estiver no púlpito. A
congregação não terá interesse simplesmente porque alguém está lá suplicando para
ser ouvido. Pode até repetir os “aleluias”, “améns”, “glórias a Deus” e bater as
palmas que o pregador insiste em solicitar, mas isso não quer dizer interesse,
entendimento ou empolgação.

- Introduzir o que vem no corpo da mensagem. Lembrando isto: não é bom colocar
toda a mensagem na introdução. Não deve-se apresentar tudo de uma vez.

I) Fontes De Uma Boa Introdução


1º) O Texto – características de um texto:
- O conteúdo do texto. Exemplo: Efésios 1.3-14. Percebe-se que é um hino de
louvor à Trindade Santa: ao Pai, vs. 3-6; ao Filho vs. 7-12; ao Espírito Santo,
vs. 13, 14. Isto é interessante como introdução.

- A familiaridade do texto. Exemplo: Salmo 23.1. Texto muito familiar, muito


conhecido. Aqui se pode falar das milhares de pessoas que foram abençoadas
por este texto. Isto pode despertar o interesse desde o princípio.

- Corrigindo ideias falsas acerca do texto. Exemplo: I Timóteo 6.10. Não diz
que o dinheiro é a raiz de todos os males como muitos podem pensar, mas sim
o amor ao dinheiro.

2º) O Contexto – Em uma mensagem sobre João 3.3, o contexto daria uma
introdução interessante.

18 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

3º) A História Acerca Do Texto - Em um sermão sobre Isaías 6, seria interessante


falar do tempo de Isaías, o reinado glorioso de Uzias, seu pecado, castigo e
morte e logo depois da morte do rei, a visão de Isaías.

4º) Uma Descrição Do Lugar - Muitas vezes o lugar onde as palavras do texto
foram proferidas acrescenta alguns detalhes interessantes para a introdução.

5º) Os Costumes E Cultura Da Bíblia - A igreja local sempre terá interesse nos
hábitos e costumes das pessoas mencionadas na Bíblia.

6º) As Circunstâncias - Saber sob que circunstâncias foi escrito aquele texto
particular que está sendo pregado. Em um sermão sobre Filemom é interessante
mostrar as circunstâncias vividas por Paulo naquele momento. Seu amigo
Filemom era dono de escravos. Um escravo, Onésimo, fugiu para Roma. Ali ele
se converteu e Paulo iria devolvê-lo a seu amo e escreveu a carta para mandá-la
pelo próprio Onésimo a Filemom.

7º) A Ocasião – Em um sermão pregado ao ar livre pode-se fazer referência ao fato


de Jesus ter também pregado ao ar livre. Um pregador, que estava pregando para
trabalhadores do ramo de madeira, começou falando que Jesus trabalhou como
carpinteiro. E foi uma boa introdução, ganhando de imediato a atenção da
plateia.

8º) O Tema Ilustrado Por Um Acontecimento Recente - Algum terremoto,


inundação ou tragédia pode servir como introdução para uma boa mensagem
sobre a incerteza da vida, bens e possessões.

II) As Características De Uma Boa Introdução


Considerando que a introdução é tão importante vejamos algumas das
características de uma boa introdução.
- Não deve prometer demais. Sempre é bom preparar a introdução depois de ter
preparado a mensagem.

19 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

- Não deve ser rude ou recheada de emoção. Como em uma música ou ópera, é
melhor começar com tons mais leves e ir aumentando gradualmente, de acordo
com o desenvolvimento da mensagem. Os ouvintes crescem junto com a
mensagem e o pregador deve crescer também, levá-los a crescer.

- Não deve ser longa. Uma anciã disse uma vez que seu pastor ocupava tanto
tempo em colocar a mesa e arrumar as coisas, enfeitar aqui e ali, que ela já tinha
perdido o apetite quando a comida chegava.

- Deve ter uma relação vital com o tema. A introdução não deve se referir a um
assunto e a mensagem a outro.

- Deve conter somente um tema. Assim como não se deve tratar de mais de um
tema na mensagem, muito menos se deve tratar de dois assuntos na introdução.

- Deve ter uma transição natural. A transposição da introdução para o corpo da


mensagem deve ser fácil, suave. A introdução deve servir de funil para canalizar
os pensamentos em direção ao fio da mensagem.

- Deve ser preparada com esmero. Lembre-se que grande parte do êxito da
mensagem depende da primeira impressão que gerará na congregação. A
introdução pode preparar o ambiente para a mensagem ou destruir o interesse dos
ouvintes.

b) A Mensagem Em Si – O Corpo da Mensagem


O desenvolvimento da mensagem propriamente dita tem sido chamado de plano ou
argumento e culmina em sua conclusão.
O pregador pode fazer o número de divisões ou pontos principias que forem
necessários. Entretanto, é aconselhável ter, pelo menos, dois pontos principais e não mais
do que cinco. O mais comum entre os pregadores é fazer três divisões principais, mas isto
não é uma regra.
Alguns pregadores defendem que as divisões da mensagem devem ser anunciadas,
todas, desde o princípio. Outros, que devem ser dadas quando chegar a vez delas, uma

20 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

por uma. E ainda há os que creem que nunca devem ser mencionadas no púlpito. Isto, na
verdade, é bem pessoal e não terá grande influência no resultado final proposto. Portanto,
cada pregador deve se apegar ao modo que mais lhe deixa confortável.
Algumas sugestões com relação a estas divisões seriam:
- Não devem ser extremamente diferentes, pois as divisões devem ser naturais e
lógicas no que diz respeito à ordem e transição de uma para outra.

- As divisões devem apresentar o tema para a igreja de uma maneira clara, definida
e completa. Tenha cuidado especialmente quando o tema não se apresenta muito
claro no texto.

- As divisões negativas devem vir, sempre que possível, antes das positivas.
Obviamente, nem sempre isso é possível, mas sempre que o tema permitir, as
exortações, ensinos e aplicações de caráter negativo devem ser apresentadas
primeiro, para que o pregador possa traçar um plano de fundo que reforçará as
exortações, ensino e aplicações de caráter positivo da mensagem proposta.

I) A Primeira Divisão
A primeira divisão de uma mensagem deve tratar de esclarecer o assunto ou a
doutrina que o sermão quer ensinar. De uma maneira geral, deve responder à
pergunta: “O que é? ”.
Deve-se evitar qualquer equívoco ou parte mal entendida referente ao tema quando a
primeira divisão da mensagem estiver concluída. Em um sentido especial, esta divisão
apela ao intelecto ao invés das emoções ou da vontade.
Como podemos responder à pergunta: “O que é?” nesta primeira divisão da
mensagem?
- Pela definição do tema e seus termos. Se o tema do sermão é a santificação, a
primeira divisão pode trazer a definição da palavra, outros termos que querem
dizer a mesma coisa, erros com relação à santificação e o que ela não é.

- O tema pode ser mais esclarecido, apresentando a relação entre o tema proposto
e um assunto próximo, por exemplo a relação entre a santificação e a justificação.
Isto pode ser utilizado, porém tem que ser treinado, pois facilmente o pregador

21 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

pode acabar por se desviar do tema proposto. Portanto, ao utilizar a relação, deve-
se sempre ter o cuidado de não fugir do tema.

- Por comparação. Pode-se comparar, relacionar e fazer contraste entre o tema e


outros assuntos. Cristo usou este método muitas vezes, comparando o reino dos
céus a alguma coisa bem conhecida. “O reino dos céus é semelhante a um
comerciante que busca boas pérolas”, “O reino dos céus é semelhante a uma
rede”, “Jesus virá como ladrão de noite”.

- As escrituras também se utilizam muito do método de definição por contraste.


Por exemplo as ovelhas e os bodes; o trigo e o joio; a luz e a escuridão.

- Por ilustração. A ilustração é para o sermão aquilo que a janela é para uma casa.
Uma casa não deve ser toda janela, nem o sermão inteiro ser somente sobre
ilustrações, mas ela traz maior claridade ao tema. Contudo, faz-se necessário ter
certeza que a ilustração se aplica ao tema e o ilustra.

Resumindo, pode-se dizer que o propósito da primeira divisão da mensagem é expor


o tema, reforçando-o de uma maneira clara, utilizando-se para do processo de
definição, relação, comparação, contraste ou ilustração.

II) A Segunda Divisão


A segunda divisão de uma mensagem deve responder à pergunta: “Por quê?”.
Deve expor a necessidade, a razão e o porquê para alguém crer e aceitar aquilo que
está sendo dito.
Não é suficiente dizer que uma coisa é certa. É preciso provar. Cristo deu muitas
provas infalíveis da Sua ressurreição. É claro que não é necessário provar cada palavra
que é proferida de púlpito, pois há verdades que são evidentes. Não é necessário
provar que o sol existe. O sol pode ser visto. Nem tampouco precisamos provar que
Deus existe.
Deve-se iniciar com um fato já conhecido pelos ouvintes. Caminhar do conhecido
para o desconhecido, através da utilização de argumentos comuns e de fácil
compreensão. Quando Paulo pregava para agricultores falava-lhes de “tempos

22 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

frutíferos”, mas quando falava aos atenienses, falava-lhe sobre “seus poetas”. Os
pobres ouviam Jesus com gosto porque lhes falava de uma maneira que eles podiam
entender. Utilizar o máximo possível argumentos bíblicos, porque estes convencem
melhor e estão, naturalmente, revestidos de autoridade.
Que tipos de argumentos podemos utilizar?

- De Causa e Efeito. Isto quer dizer que cada efeito tem uma causa. Nada é sem
causa. Se alguém quer provar a ressurreição de Jesus Cristo, pode usar argumentos
tais como a tumba vazia, a Igreja Cristã, etc. Estes são efeitos. Quais são as
causas? Como foi que a tumba se tornou vazia? Foi pelo poder divino de Cristo.

- Do Testemunho. O testemunho pode ter muito uso em uma mensagem. Que


pensam de Cristo? Qual era o testemunho dos que lhe conheceram bem? Que
disseram sobre Ele Seus inimigos? Muito do efeito do testemunho depende do
caráter da testemunha, o número de testemunhas e o fato que elas testificam. A
primeira coisa com relação ao testemunho é a autoridade das Escrituras. Em
assuntos de fé e da prática cristã, a Bíblia é a autoridade final. Portanto, tenha
cuidado ao citar outros autores.

- Da Analogia. Esta forma de raciocínio está embasada na semelhança de duas ou


mais coisas em determinados pontos específicos. Se os homens dizem que a
doutrina do pecado original é incompatível com a bondade divina, podemos
assinalar, por analogia, a enfermidade hereditária, a desonra herdada e as
tendências hereditárias ao vício.

- Da Refutação. Refutar é mais fácil que provar, como é mais fácil desfazer que
fazer. Na refutação, diga claramente a coisa que você vai refutar e então responda-
a.

- A experiência. O argumento mais valioso da existência de Deus e da deidade de


Cristo é a experiência cristã. Paulo usou este modo em I Coríntios 15.17: “E se
Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé; ainda estais nos vossos pecados”. Os
coríntios sabiam que foram libertos de sua vida pecaminosa por um poder

23 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

sobrenatural que emanava do Cristo ressurreto. Na experiência da oração, a que


foi respondida é a melhor prova da realidade de sua eficácia.

II) A Terceira Divisão


O propósito da terceira divisão é apresentar a maneira pela qual o tema da
mensagem pode ser efetivado na vida cristã comum. Responde à pergunta: “Como?”.
Se o tema for sobre regeneração, a primeira divisão explicará “o que é”; a segunda
“porque é necessária”; e a terceira divisão “como recebemos a regeneração”.
Os dois pensamentos na apresentação desta terceira divisão são: a atuação divina ou
o que Deus faz e atuação humana ou aquilo que compete ao homem fazer.
O pregador deve explicar claramente o que deve-se ser entendido, aceito ou feito
para se interiorizar, crer ou conquistar o que a mensagem apresentou. Isto precisa ser
feito de forma específica, e não apenas com generalidades. Se o pregador não
consegue desenvolver satisfatoriamente o “Como?”, tudo que foi apresentado nas
divisões anteriores será lançado por terra.
Também é fundamental que neste ponto da mensagem se dê ênfase ao(s) ensino(s)
principal(is) proposto(s). Mas, lembre-se, enfatizar não é subestimar a inteligência dos
ouvintes. Como dizem os mestres, não se explica o óbvio. Deve-se pregar o que é
prático e não só o que é ideal e, portanto, faz-se necessário que cada ouvinte possa
obter a experiência, a vitória ou a graça que apresentamos na mensagem.

c) A Aplicação e Conclusão
Esta parte da mensagem é muito importante, porque devemos tornar o sermão prático.
Alguns fazem a aplicação prática depois de cada ponto, mas parece natural que haja uma
aplicação prática no final da mensagem. Mesmo assim, se você faz a aplicação prática
depois de cada ponto, seria bom sempre deixar algo para dizer no final do sermão, com
relação a aplicação e compromisso, senão a mensagem terminará monótona e repetitiva.

6) ORGANIZANDO NA PRÁTICA O MATERIAL EM FORMA DE MENSAGEM


Abaixo desenvolvemos alguns exercícios contendo exemplos básicos do que foi
apresentado neste capítulo:

24 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

1º) Apresentamos as divisões principias de uma mensagem sobre o tema: “O


ARREPENDIMENTO”. Foram incluídos também nove subpontos para explicar as
divisões principias. Você deve estudar o material cuidadosamente e logo organizar a
mensagem. Coloque o número das divisões principais (I, II, III) ao lado do inciso
correspondente. Logo, reescreva o esboço completo no espaço que se segue,
organizando os incisos em ordem lógica.

TEMA: O ARREPENDIMENTO
I. O QUE É O ARREPENDIMENTO?
II. POR QUE DEVEMOS NOS ARREPENDER?
III. COMO SE ARREPENDER?
1 Porque todos pecamos.
2. Não é somente remorso.
3. E tristeza pelo pecado com a determinação de abandoná-lo
4. Ouvindo a pregação do evangelho.
5. Porque haverá um juízo.
6. É ódio pelo pecado.
7. Porque Deus o exige.
8. Considerando que Cristo morreu por nossos pecados.
9. Confessando e abandonando nossos pecados.

2º) A seguir apresentamos como exercício um esboço sobre o tema: “O NOVO


NASCIMENTO”. O aluno deve estudar este esboço cuidadosamente para depois
repassá-lo, corrigindo-o:

TEMA: O NOVO NASCIMENTO


INTRODUÇÃO
Falar da história de Nicodemos e de como ele veio a Jesus de noite.

I) O QUE É O NOVO NASCIMENTO?


1. Não é somente uma reforma (João 3.3)
2. E um nascimento espiritual (João 3.6; II Coríntios 5.17)
3. E participar da natureza divina (II Pedro 1.4)

25 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

II. POR QUE PRECISAMOS NASCER DE NOVO?


1. Porque o homem é pecador (Romanos 3.23)
2 Porque Jesus disse que era necessário (João 3.5)
3. Porque a santidade de Deus o exige (l Pedro 1.16)

III. COMO ALGUÉM PODE NASCER DE NOVO?


1. Pela obra do Espírito Santo (Tito 3.5)
2 Aceitando a Cristo como Salvador e Senhor (João 1.12)
3. Pelo arrependimento e pela fé (l João 1.9; Gálatas 3.26)

APLICAÇÃO
Os resultados do novo nascimento.
1. Deixar de pecar e viver vidas justas (Gálatas 5.16)
2. Amar os irmãos (l João 4.7)
3. Andar na luz (l João 1.7).
4. Você já nasceu de novo?

Após ler o esboço acima, estudo o apresentado abaixo. Você perceberá que alguns
pensamentos ou frases estão mal colocados. Corrija o esboço, reescrevendo-o em seu
caderno, sem olhar para o esboço anterior.

TEMA: O NOVO NASCIMENTO


INTRODUÇÃO
Os resultados do novo nascimento:
1. Deixar de pecar e viver vidas justas
2. Amar os irmãos.
3. Andar na luz.

l. O QUE É O NOVO NASCIMENTO?


1. Porque o homem é pecador.
2. É um nascimento espiritual.
3. E participar da natureza divina.

26 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

II. POR QUE PRECISAMOS NASCER DE NOVO?


1. Porque Jesus disse que era necessário.
2. Aceitando a Cristo.
3. Não é somente uma reforma.

III. COMO ALGUÉM PODE NASCER DE NOVO?


1. Por obra do Espírito Santo.
2. Pelo arrependimento e pela fé.
3. Porque a santidade de Deus o exige.

APLICAÇÃO
Falar da história de Nicodemos e de como ele chegou a Jesus de noite.

27 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

Capítulo 3

AS ILUSTRAÇÕES

1) SUA IMPORTÂNCIA
Quase não se pode medir a grande importância das ilustrações. Os melhores
pregadores têm sido muito hábeis no uso de ilustrações. As crianças gostam de histórias e
quase não existe alguém velho demais para apreciar uma boa história.
Mais do que qualquer outro, Jesus demonstrou por seu exemplo o valor das
ilustrações. Não é de admirar que as pessoas o ouviam por horas e horas e até por dias
inteiros sem perder o interesse. O trabalho do pregador é, do mesmo jeito que é o de Jesus,
despertar nos ouvintes interesse em ouvir, fazê-los sentir e então praticar. Se eles não podem
entender, muito menos poderão sentir e terminarão por não praticar.
A ilustração auxilia a congregação a interiorizar a verdade do sermão. Pois muitas
vezes podem esquecem o texto utilizado, os argumentos ou a explicação, mas, normalmente,
recordarão da ilustração e, consequentemente, com a ilustração lembrarão a verdade que ela
ensinou.
A aplicação pode ser dividida em duas classes principais:

a) Instrução
Se o tema é a necessidade do estudo da Bíblia, seria bom que na aplicação você
mostrasse como estudá-la com proveito. Às vezes o pregador despede a igreja convencida
e quebrantada, concordando plenamente com as verdades que ele apresentou, mas sem
saber como colocá-las em prática.

b) Persuasão
Não é suficiente que as pessoas sejam convencidas intelectualmente somente, mas é
necessário que recebam as verdades apresentadas no espírito. Entenda que, de maneira
geral, o homem não deixa o pecado porque foi convencido intelectualmente de que
precisa abandoná-lo. Isso é importante, sem dúvida. Mas o homem tem que sentir a
culpabilidade do pecado antes que abandone a prática do pecado de fato. Em outras
palavras, precisam, através do contato com a Palavra, serem persuadidas pelo Espírito, de

28 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

que o seu pecado é afronta direta a Deus e de que é para seu próprio benefício eterno que
elas devem deixar o pecado.
É tarefa do pregador ser este canal pelo qual o Senhor persuadirá os homens. Portanto,
ao pregador atento cabe considerar as reações, as emoções e as atitudes de seu auditório.
Entendendo que, na maioria dos casos, a vontade humana não opera independente das
emoções, mas é impulsionada por elas. A razão não governa a maioria dos homens, pois
suas ações e reações dependem de suas emoções.
Logo, estudar este detalhe na vida humana é importante para conhecer como as
emoções podem impulsionar a ação. Precisamos dar atenção especial aos motivos que
guiam os homens à ação. Pode-se definir estes motivos como as necessidades espirituais,
intelectuais, morais e materiais. O pregador tratará especialmente das fases espirituais e
eternas nestes motivos para guiar os homens à ação.

2) O SEU PROPÓSITO
a) Trazer luz sobre o assunto. Como ninguém quer morar em uma casa sem janelas,
muito menos gostarão de ouvir uma mensagem sem ilustrações. Alguém disse para
certo pregador: “O senhor nos diz o que são as coisas, mas não nos diz a que elas são
semelhantes”.
b) Ornamentar e embelezar o sermão.
c) Trazer convicção.
d) Provar, testar. Pode-se usar uma ilustração para provar um ponto de vista. Jesus falava
do cuidado que Deus tem com as aves e com as flores para provar que Ele tem cuidado
de nós.
e) Despertar o interesse e prender a atenção dos ouvintes.
f) Confirmar ou fortalecer os argumentos apresentados e persuadir os ouvintes a
aceitarem estas verdades.
g) Ajudar os ouvintes a gravarem bem as ideias do sermão.
h) Dar mais vida ao sermão.
g) Trazer explicação, clareza. Jesus deu muitas explicações por meio de parábolas ou
histórias. Ele ensinou o valor da humildade quando falou do fariseu e o publicano; da
perseverança na oração quando falou do juiz e a viúva, do amigo que pediu pão à
meia-noite.
h) Tornar o sermão mais agradável, proporcionando descanso mental aos ouvintes.

29 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

3) DEFINIÇÃO DE “MATERIAL ILUSTRATIVO”


A palavra “ilustrar” vem do latim “ilustrare” e significa “lançar luz ou brilho, ou
tornar algo mais evidente e claro”.
Os educadores reconhecem que uma das principais leis de ensino, utilizada para
alcançar a mente e o coração dos alunos é a “Associação de Ideias”. O material ilustrativo
tem sido comparado a janelas, que deixam a luz entrar e iluminar uma casa. A ilustração
visa ajudar os ouvintes a “enxergar a verdade”.

4) EXEMPLOS DE UTILIZAÇÃO DE MATERIAL ILUSTRATIVO NA BÍBLIA


Natã: usou a ilustração de um homem pobre com uma cordeirinha para levar o Rei
Davi a condenar-se a si mesmo (II Samuel 12.1-14);

Aías: rasgou a sua roupa nova em doze pedaços e deu dez para Jeroboão,
representando o fato de que Deus havia determinado que dez das doze tribos de Israel
seriam tiradas de Reoboão (l Reis 11.26-40);

Isaías: enquanto pregava durante certa época de seu ministério, andou descalço e
despido como sinal de como o povo de Deus seria levado preso pelos Assírios, Egípcios e
Etíopes (Isaías 20.1-6);

Jeremias: usou muitos sermões visuais, como a parábola do cinto de linho (13.1-11) o
jarro quebrado (13.12-14), o vaso do oleiro (18.1-17), a botija quebrada (19.1-15), os canzis
simbólicos (27.1-22), além da compra de um terreno que simbolizava a esperança na
restauração de Israel depois do exílio (32.1-25);

Ezequiel: usou tanto o método visual e ilustrativo que chegou a se queixar com Deus.
“Ah Senhor Deus! Eles dizem de mim: não é este um fazedor de alegorias?”. (20.49);

Jesus Cristo: quase sempre usava material ilustrativo para apresentar profundos
conceitos de natureza espiritual. As parábolas (52% do Evangelho de Lucas é composto de
parábolas). O uso de uma moeda para ensinar o dever do bom cidadão (Mateus 22.19). A
pregação significativa através de uma bacia e de uma toalha (João 13.1-17). Jesus também

30 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

falou das aves dos céus, dos lírios do campo, do pão, da água. Também usou uma criança
para mostrar que é preciso se tornar como uma delas para entrar no Reino de Deus (vide o
comentário de Mateus ao uso das parábolas por Jesus: Mateus 13.34-35, 53-54).

5) FONTES DE BOM MATERIAL ILUSTRATIVO


a) A própria Bíblia é um verdadeiro tesouro de ilustrações. Elas dão até mais autoridade
ao sermão. São autênticas e atuais!
b) A literatura.
- biografias e autobiografias;
- obras de ficção;
- poesia;
- Dramas (como de Shakespeare), mitologia (egípcia, grega, romana), fábulas, lendas e
folclore relacionados à vida de países e regiões, etc.
c) A história. Aquilo que aconteceu no passado e o que está acontecendo em nossos dias,
como aparece nos jornais, internet e revistas como Veja, Isto é, etc.
d) Experiências pessoais.
e) A ciência e a medicina.
f) Obras de arte, como pinturas de quadros e obras de escultura servem como ilustração.
Exemplo: Miguel Ângelo certa vez encontrou uma grande pedra que tinha sido jogada
fora num terreno baldio. Ele inspecionou a pedra e depois mandou removê-la para o
seu estúdio, onde fez daquela pedra suja de mármore uma famosa obra de escultura: a
estátua de Davi! Deus muitas vezes vê em alguém uma obra de arte escondida em uma
pedra suja como aquela e a transforma em uma obra-prima de Sua graça e
misericórdia.
g) Citações que ouvimos ou lemos.
h) Artigos que lemos ou outros sermões que ouvimos.
i) Acontecimentos esportivos.
j) O trabalho secular do povo da igreja e da comunidade.

6) OBSERVAÇÕES QUANTO AO USO DE ILUSTRAÇÕES


As melhores ilustrações são aquelas que você mesmo guardou e se lembra, acontecidas
na sua própria experiência, pois estas fluem naturalmente. Ilustrações tomadas de “Livros de
Ilustrações” devem ser muito bem analisadas, porque muitas vezes são coisas velhas que

31 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

não se aplicam aos casos presentes. Algumas, mesmo boas, são de outro tempo e não se
aplicam mais. É bom que as ilustrações tenham relevância e toquem o nosso tempo e
contexto.
Como você pode juntar ilustrações? Seguem algumas sugestões.
a) Tenha os olhos abertos para observar. A Bíblia fala de como Jesus viu que os fariseus
escolhiam os melhores assentos. Ele observava. Falava as ilustrações nos lírios, o
corpo, o sal, a candeia, o odre, o hipócrita, as portas largas e estreitas, os devedores,
etc. Tendo olhos, vejamos; tendo ouvidos, ouçamos.

b) Use o que está disponível. O reino da natureza contém muitos exemplos para
ilustrações. Jesus o fez. Falou da fé que move as montanhas, de rios de água-viva, da
vida e das plantas. Também há muito material para ilustrações na história, na poesia e
nas biografias. As crianças podem ser fontes de muitas ilustrações.

c) Use a imaginação. Não é errado inventar uma ilustração ou acrescentar detalhes da


imaginação às histórias bíblicas. A igreja deve saber que é somente o que imaginamos.
Não é correto dar a entender que a ilustração é verdadeira e está integralmente na
Bíblia, se isso não é a verdade.

d) Como devemos utilizar as ilustrações:


- Devem ser claras e novas;
- Devem ser simples. Ilustrações complicadas não dão bons resultados;
- Devem ser compreensíveis para a igreja local;
- Devem ser verdadeiras, e se não forem devemos dizer que estamos usando a
imaginação;
- Devem ser usadas só para aclarar ou ilustrar um ponto da mensagem. Não devemos
contar uma ilustração só porque é bonita e interessante, nem devemos acrescentar
um ponto ao sermão só para poder usar uma ilustração;
- Devem ser poucas em uma mensagem. A casa precisa de janelas, mas a casa toda não
pode ser uma ou várias janelas enormes;
- Esteja seguro de conhecer a fundo a ilustração para poder apresentá-la bem. Uma boa
ilustração mal contada perde seu efeito;
- Varie o tipo de ilustração que você utiliza.

32 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

- É bom manter um caderno com anotações de ilustrações para suas futuras


mensagens.

e) Como NÃO usar as ilustrações:


- Não é necessário ilustrar as coisas óbvias.
- Ilustrações que tem pouco a ver com o ponto que está sendo focalizado no sermão ou
cuja relação com ela é vaga ou que esclarece pouco, não devem ser utilizadas.
- Evite ilustrações cujas bases não têm nenhuma relação com a vida dos ouvintes.
- Evite ilustrações que parecem exageradas ou improváveis, mesmo que tenham
acontecido.
- Não faça o seu sermão somente de ilustrações.
- Evite ilustrações que exijam muitas explicações para entendê-las.
- Não use ilustrações somente para mostrar o seu grande conhecimento ou
impressionar os ouvintes.
- Não é bom destacar uma só ilustração ao ponto de deixar o resto do sermão
prejudicado.
- Não se deve usar uma ilustração somente para fazer o povo rir.
- Não utilize ilustrações que não entenda bem. Tenha certeza dos detalhes das suas
ilustrações. (Dr. Key fez referência a um sermão que ouviu, onde o pregador contou
de um soldado, do século 16, que saiu para uma batalha com a metralhadora na
mão!).
- Nunca conte a experiência de outrem como se fosse sua.
- Tenha muito cuidado em elogiar pessoas não crentes em suas ilustrações.
- Evite o se desculpar pelo uso de qualquer ilustração pessoal.
- Evite utilizar ilustrações “enlatadas”.

7) PRÁTICA SOBRE ILUSTRAÇÕES


Escreva uma breve ilustração para cada um dos seguintes temas. Faça questão de que
sejam ilustrações de algo que você mesmo observou ou vivenciou.
1. Fé nas promessas de Deus.
2. A Salvação em Cristo.
3. O alcance do pecado.
4. A carnalidade.

33 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

5. O crescimento na vida cristã.

34 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

Capítulo 4

MÉTODOS E OBERVAÇÕES REFERENTES


A PREGAÇÃO

1) MÉTODOS/TIPOS DE PREGAÇÃO
Existem vários métodos/tipos de pregação, contudo nos ateremos aos mais comuns
que são ou já foram utilizados:

a) Sermão de improviso ou sem notas (esboço)


Quando dizemos que um sermão é improvisado, não queremos dizer que também se
improvisa o preparo, pois este deve ser feito de tal maneira como se o sermão fosse
apresentado usando outro método. A única coisa que se improvisa é a linguagem
empregada no momento de pregar, já que não se usam apontamentos, esboço ou
anotações.
Este método de apresentar o sermão é muito bom, mas requer grande capacidade de
expressão, profundidade e alguma experiência. Além do mais, requer muita
autodisciplina para não se perder o fio da meada do sermão. Não é aconselhável que os
principiantes o utilizem.

b) Sermão memorizado
Alguns dos pregadores mais notáveis usaram este método com muito êxito, que
consiste em escrever e logo memorizar toda a mensagem para pregá-la de cor. Muitos
preferem fazer assim a improvisar totalmente. Não resta dúvida que, em comparação ao
primeiro, este é o método que melhor garante a boa apresentação com relação à
linguagem utilizada. Com certeza tem algumas desvantagens, sendo uma delas a grande
quantidade de tempo que se gasta para escrever e depois memorizar toda a mensagem.
Outra é que ele naturalmente divide a atenção do pregador entre ele mesmo e a
congregação. A maior desvantagem é o perigo de fracassar ou se “enrolar” caso esqueça
uma das partes do sermão. Portanto, não são muitos os que podem empregar este método
de maneira satisfatória. Às vezes também dão a impressão de que o que estão falando não
é original, como se fosse discurso de outra pessoa.

35 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

c) Sermão lido
Este método consiste em ler para a igreja local o discurso que você preparou de uma
maneira completa, escrito com cuidado e esmero. Ao ler seu discurso, o pregador
consegue apresentar uma maior segurança quanto à clareza e alcance dos objetivos da
apresentação, especialmente se ele dedicou tempo para ler várias vezes a composição
antes de fazê-lo em público. Mas há algumas desvantagens neste método.
- Requer muito tempo para escrevê-lo e colocá-lo da maneira que deveria ser, além de
ter que praticar a leitura em vários ensaios.
- Diminui bastante o contato do pregador com seu auditório, já que ele apenas pode
levantar a cabeça de vez em quando para olhar para eles, por estar preso ao seu
manuscrito.
- Como consequência desse item anterior, a atenção dos ouvintes diminui
sensivelmente, o que pode afetar muito o êxito do sermão. Sem dúvida, este método
pode ser utilizado para os principiantes no ministério, especialmente se têm
facilidade e habilidade para escrever.

d) Sermão com notas (com esboço)


Este método é, sem dúvida alguma, um dos mais utilizados na atualidade pelos
pregadores. Consiste em levar as ideias da mensagem e a ordem das mesmas
devidamente anotadas em um papel, bloco ou outro meio, até mesmo digital, um tablet
por exemplo.
Esses apontamentos facilitam a apresentação na íntegra dos conceitos ou do conteúdo
do sermão da maneira premeditada e planejada. Concede ao pregador maior comodidade
e liberdade para manter o contato com seus ouvintes sem o temor de afastar-se do cerne
de sua apresentação.
As notas devem ser usadas sem mostrar uma dependência exagerada das mesmas. O
esboço é semelhante a um esqueleto ao qual só falta acrescentar a carne e a vida.
Portanto, não deve ser um sermão escrito. No esboço pode-se fazer uso de palavras ou
frases curtas ou chaves que façam conexão aos pensamentos. O esboço facilita a simetria
da mensagem e o cálculo aproximado do tempo que durará a apresentação.

36 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

2) EVITANDO OS CACOETES
“Cacoete” é o nome que alguns bons autores de manuais de homilética dão em suas
obras para as palavras ou frases interruptoras que o pregador intercala em seu discurso, as
quais têm o objetivo de dar tempo a sua mente para pensar o que vai dizer a seguir.
Tais “cacoetes” não seriam necessários nem achariam acolhida em um sermão escrito,
seja lido ou memorizado. Mas quase sempre acontecem com qualquer um que se atreva a
falar de improviso, se bem que seu uso não possa ser justificado por nenhum motivo, pois
são por demais inconvenientes e de muito mau gosto.
Há alguns cacoetes que são bem recorrentes nos nossos púlpitos: “precisamente”
“verdadeiramente”, “isto é”, “sinceramente”, “honestamente”, “com certeza”, “na verdade”,
“certamente”, “né”, “pois é”, “é”, “prezados ouvintes”, “amados irmãos”, “obviamente”,
“pois bem”, “meus amigos”, “meus queridos”, “haja vista”, “haja visto”.
Podemos acrescentar ainda as seguintes se usadas exageradamente: “Amém, irmãos?”,
“Aleluia!”, “Glória a Deus”, “Louvado seja Deus”, “Quem está entendendo diga amém”,
“Posso ouvir um glória a Deus?”, etc.
Também são “cacoetes” as frequentes e desnecessárias citações de alguma porção
bíblica, como: “todas as nossas obras são como trapos de imundícia”, “posso todas as coisas
naquele que me fortalece”, “a oração do justo pode muito em seus efeitos”, etc.
O famoso “pigarro” (para “limpar” a garganta) antes de iniciar alguma frase também é
um cacoete muito comum.
O uso repetido de tais coisas chega a constituir um abuso, tornam-se enjoadas,
irritantes, quase insuportáveis aos ouvidos da congregação (mesmo que ninguém se
pronuncie a respeito). Contudo, se utilizadas com parcimônia e oportunamente, tais palavras
e expressões servem para acrescentar interesse e colorido à mensagem.

3) A MÍMICA NA PREGAÇÃO
A mímica, ou seja, a arte da expressão por meio dos movimentos corporais e gestos é
muito importante na apresentação do discurso, já que contribui para expressar com mais
facilidade as ideias, sentimentos, intensidade e a ênfase que o pregador deseja imprimir a
sua mensagem. Poderíamos dizer que a mímica faz com que as pessoas “vejam” o que estão
ouvindo.
Sem dúvida, na prática desse apoio é importante cuidar para que os movimentos
corporais, as ações e os gestos sejam naturais e espontâneos e que se adaptem à expressão

37 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

falada. Um exemplo negativo do uso desse recurso era a dublagem, no Brasil, feita em cima
das mensagens da pregadora Joyce Meyer. O que ela falava, as mímicas e as coisas
engraçadas que contava gesticulando não se enquadravam ao tom, a altura e a variação
empregadas pelo dublador em português.
Portanto, as expressões corporais devem seguir alguns princípios:
- Ser naturais. Isto quer dizer que os trejeitos, ações e gestos devem nascer dos
pensamentos e emoções próprios do pregador. Não devem ser emprestados,
premeditados ou estudados de antemão. Também não se deve tentar imitar ninguém,
pois é fácil cair no ridículo quando se faz isso.

- Ser espontâneas. Como quando conversamos, as mãos, os braços, os olhos e ainda


todo o corpo às vezes se movem de acordo com o que falamos sem ter previsto tais
movimentos e sem pensar ao menos pensar no que estamos fazendo. Por exemplo, se
estamos mencionando o céu, instintivamente apontamos com o dedo indicador para
cima.

- Ser adaptáveis. Os gestos e movimentos devem corresponder à ideia expressa, como


mostrado no ponto anterior. Se, por exemplo, você diz que está com uma dor no
coração, nunca deve tocar na frente, mas sim, como é obvio, no lado esquerdo de seu
peito.

4) A APRESENTAÇÃO PESSOAL
A apresentação pessoal e o aspecto físico do pregador devem ser considerados na
apresentação da mensagem. Uma aparência e postura incorreta podem causar uma
impressão tão ruim nos ouvintes a ponto de tirar-lhes a atenção, desviar seu interesse e
prejudicar o proveito do sermão.
Para o bem de todos, é importante levar em consideração alguns detalhes:

a) Aspecto Físico
Antes de tudo, apresente-se o mais decente possível no que se refere ao vestuário.
Deve estar bem banhado, com roupa limpa e arrumada. Evite estar despenteado, a lapela
do paletó dobrada ao contrário, a gravata torta, faltando botões na roupa, botões mal
fechados, roupa amassada, etc. Procure ver também se os sapatos estão limpos.

38 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

Um bom hálito e um bom perfume também são desejáveis, ainda que dificilmente,
durante a pregação alguém sentirá a ausência destes itens, mas, provavelmente, após o
sermão, é comum o contato mais direto com aqueles que ouviram, seja para comentar o
que foi dito, expressar alguma necessidade ou solicitar algum tipo de oração.

b) Posição no púlpito
Ao pregar, adote uma posição natural, procurando dominar-se de tal modo que não
fique teso, por um lado, nem se movendo excessivamente por outro. Não fique passeando
o tempo todo de um lado para o outro do palco, e, quando parado, evite ficar dobrando
uma ou as duas pernas uma após a outra ou mexendo os pés como se eles não quisessem
ficar parados nas plantas. Nunca fique se balançando para frente, para trás ou para os
lados, como se fosse o pêndulo de um relógio de parede.
Faça os gestos que forem necessários, mas jamais cruze os dedos, limpe as unhas ou
“acaricie” um dos botões de sua roupa como se estivesse tentando arrancá-lo. Tampouco
fique arrumando constantemente seus óculos (se os usa). Não brinque com seu lenço,
nem coloque suas mãos nos bolsos, muito menos brinque com objetos que se movem em
seus bolsos, como chaves, dinheiro, celular, etc. Por falar em celular, nunca pregue com o
seu ligado em seu bolso.
Também evite encostar-se no púlpito e nunca coloque suas mãos na cintura, deixando
seus braços em forma de orelhas de jarro. Se estiver usando paletó, não fique abrindo e
fechando os botões, nem fique constantemente subindo as calças, dando a impressão de
que estão frouxas.
Com um pouco de atenção para estas coisas, você conseguirá uma aparência e uma
posição correta e decente.

5) A VOZ NA PREGAÇÃO
É óbvio que sem a voz é fisicamente impossível pregar. Portanto, deve-se ter muito
cuidado com esta ferramenta e utilizá-la da melhor maneira possível quando pregamos a
mensagem do Senhor. Seguem-se alguns concelhos e indicações bem simples:

- A voz deve ser audível, isto é, que se possa ouvir em todos os recantos do local.
Deve-se evitar falar baixo a ponto de que muitos tenham de ficar adivinhando o que
estamos tentando dizer.

39 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

- A pronúncia das palavras deve ser clara. Isto se consegue tomando um cuidado
especial com ela, para que não haja palavras faladas pela metade ou cortadas. Muitas
vezes a má pronúncia é consequência de uma velocidade excessiva ao falar.
- Ainda que a voz deva aumentar ou diminuir sua tonalidade e volume de acordo com
a expressão que tenhamos de imprimir ao que dizemos, não pode-se permitir uma
alteração de volume de forma que a voz vai se extinguindo à medida que chega ao
final do parágrafo ou frase. Desta forma, o pregador inicia a frase em um volume
audível e a termina quase sussurrando. A repetição disto durante o sermão cansa a
congregação e dificulta o entendimento do que está sendo pregado. Isto tem relação
direta com a respiração, o pregador deve aprender a controlar a respirar e se
expressar ao mesmo tempo.

- Os gritos devem ser evitados, especialmente se o auditório é pequeno, pois num


lugar tão reduzido assim, os gritos são desagradáveis aos ouvintes e além do mais
maltratam a sua garganta de tal modo que, ao terminar, quase sempre você estará
rouco, afônico.

- Não se deve alterar a tonalidade natural da voz, como se estivesse chorando ou


declamando. Alguns engrossam a voz, colocando um tom de solenidade, como se
fossem narradores de uma peça de teatro de suspense. O pregador que sempre
declama sua mensagem faz com que ela perca força. O que parece chorar demonstra
debilidade. O que assume um tom de mistério se torna engraçado e melodramático,
como repórteres de suspense policial. Acima de qualquer coisa, devemos demonstrar
naturalidade.

6) A ATITUDE DO PREGADOR NO PÚLPITO


Muito do êxito da mensagem depende da atitude que o pregador vai apresentar ao se
colocar frente a frente com o seu auditório. Existem atitudes incorretas e inconvenientes que
merecem ser mostradas para que sejam evitadas.

- Atitude pretensiosa. Pode ser manifestada por gestos, expressões ou palavras com as
quais o pregador dá a impressão de que ele é muito capaz para a tarefa que está

40 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

exercendo. Se ele usa uma linguagem ou expressões que sabe muito bem serem
incompreensíveis para auditório, mostra com isso uma atitude pretensiosa. O
vocabulário deve ser adequado aos ouvintes, até para que seja compreensível a
ministração.

- Atitude de superioridade. Um bom exemplo, seria o pregador iniciar seu sermão


dizendo que espera ou ora para que seus ouvintes possam entender o tema “difícil” e
“profundo” que será abordado. Isto, na verdade, não acrescenta em nada e fará com
que o auditório se sinta inferior e, pode gerar no auditório uma resistência ao que
será pregado. Tudo pela atitude imprudente do pregador.

- Uma atitude indiferente. Esta se expressa muitas vezes quando o pregador quase não
levanta seu rosto para olhar para o auditório, como se estivesse pregando para si
mesmo.

- Atitude egoísta. Pode ser vista principalmente quando o pregador faz muitas alusões
a sua própria pessoa, a seus êxitos, a sua educação, sua espiritualidade, etc.
Apresenta vários planos grandes e pessoais, e é sempre o exemplo máximo a ser
seguido: como ele ora, ele lê, ele prega, ele, ele, ele. O foco não é Cristo na boca
deste pregador, mas a si mesmo. Está atitude é uma das mais perniciosas para a
mensagem. Logicamente não é proibido que uma experiência pessoal seja repassada
ao auditório, mas não deve ser exagerar, principalmente se é a mesma congregação
que lhe ouve sempre.

- Atitude descuidada. Não comece pedindo desculpas pela pobreza do sermão que vai
pregar ou falando de generalidades, coisas de pouca importância, sem qualquer
conexão com a mensagem. O descuido que você teve em se preparar ficará evidente
de primeira e o auditório nunca desculpa o pregador descuidado. Se você teve pouco
tempo para se preparar, não diga: “Irmãos, eu só soube ontem que pregaria, por
isso...”, ou “Eu ia pregar outra coisa, mas o Espírito Santo me mandou mudar a
mensagem de última hora, por isso se não sair muito bem...”. Bom, se Espírito Santo
mandou “mudar a mensagem”, com certeza a “nova mensagem” vai ser profunda,
completa e muito melhor do que a primeira. Se diz que só soube na última hora, por

41 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

isso não se preparou bem, então a culpa será de quem lhe convidou. Mas, nesse caso,
a culpa é sua que aceitou, pois se aceitou de última hora, é porque se garante, e nesse
caso, não pode dar justificativa

7) CONSELHOS PRECIOSOS
- Descanse bem todas as noites e barbeie-se todas as manhãs.
- Mantenha um coração puro e renove o colarinho limpo.
- Em sua vida brilhe a luz do evangelho e em seus pés sempre brilhe os sapatos.
- Não deixe passar oportunidades, mas mande passar suas camisas e seu terno.
- O mar Cáspio fica bem entre a Europa e Ásia, mas a caspa fica mal na gola da sua
camisa ou paletó.
- O pregador pode até ser pobre nas finanças, mas não de vocabulário.
- Contente-se com o que tem, mas não com o que é; você pode crescer mais.
- Perdoe as dívidas dos seus devedores, mas não se endivide, principalmente com pessoas
que estarão na plateia, lhe ouvindo, e ganhe os seus credores.
- Unhas esmaltadas podem ser criticadas, mas sujas são sempre apontadas.
- O pecador ir à frente é sempre melhor do que ser empurrado para frente.
- A consistência é mais forte do que a eloquência.
- Busque a Deus antes e morra para você mesmo diante Dele, para estar vivo diante dos
homens.

8) TEMPO DE ATENÇÃO DE ACORDO COM A FAIXA ETÁRIA


IDADE/ANOS TEMPO/MINUTOS
00 a 02 00.00
03 a 04 00.05
05 a 06 00.10
07 a 08 00.20
09 a 11 00.30
12 a 15 00.45
15 a 18 00.55
19 a 25 01.30 a 02.30h

9) TIPOS DE SERMÕES QUE ATRAPALHAM O CULTO


- Sermão sedativo (faz dormir);

42 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

- Sermão insípido (sem sabor);


- Sermão indiscreto (fala de coisas apropriadas para qualquer ambiente, menos para a
igreja, onde as pessoas estão famintas do pão da vida);
- Sermão reportagem (fala de tudo, menos da Bíblia);
- Sermão marketing (é usado para promover o pregador ou projetos da igreja);
- Sermão metralhadora (atira para todos os lados).

43 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

Capítulo 5

A VARIEDADE NO SERMÃO

1) INTRODUÇÃO
Um aspecto muito importante deste ministério é o de providenciar para nossos
ouvintes uma boa variedade na pregação. A monotonia na pregação é algo que temos que
evitar se quisermos ter êxito no ministério cristão. Esta variedade desejada pode ser obtida
observando-se as seguintes sugestões.

a) Manter uma ênfase equilibrada sobre todas as doutrinas. Há muitas doutrinas


bíblicas que devem ser pregadas. O pregador deve ter cuidado de não pregar todas as
vezes sermões sobre “O Arrependimento” ou “A Necessidade de ser Salvo”. Há muito
mais na Bíblia do que só estas doutrinas. Procure balancear suas mensagens de modo
que ao cabo de um ano, terá pregado sobre todas as doutrinas básicas da fé cristã.

b) Usar todo tipo de textos bíblicos. O pregador deve pregar usando toda a Bíblia, não
somente os Salmos ou os Evangelhos. Se queremos ter um ministério frutífero,
devemos buscar os “tesouros escondidos” de toda a Bíblia e prepará-los para entregar
a congregação.

c) Pregar diferentes tipos de mensagens. O Pregador deve aprender a utilizar todos os


tipos de mensagens. Há três tipos principais de sermões:
- O textual - a mensagem baseada em um texto é o sermão textual;

- O tópico ou temático - quando se decide tratar de um tema ou tópico como “A


Santificação” é melhor usar o sermão temático ou tópico; e

- O expositivo - é aquele que se baseia numa porção bíblica que vai ser explicada a
fundo, extraindo da própria passagem os pontos principais da mensagem.
Mais à frente falaremos mais a fundo sobre estes principais tipos de sermões.

2) PLANEJANDO A PREGAÇÃO
44 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

Uma das principais razões para que haja tanta monotonia e falta de qualidade em
muitos púlpitos é a falta de planejamento. Um dos passos mais saudáveis que um pregador
pode dar é dedicar-se à confecção de um plano definido.
Uma das grandes tragédias do púlpito é que muitos pregam sem seguir um plano e
esperam que no momento certo o Senhor lhes dará aquilo que devem dizer. Mas nem o
Senhor, nem o Espírito Santo podem honrar a preguiça. Alguns alegam que um plano
atrapalha a direção do Espírito Santo. Mas isto está longe de ser verdade. O Espírito Santo
não está limitado a dirigir o pregador somente quando ele está fazendo seu plano de
pregação. Além do mais, o espírito Santo sabe tudo, não está limitado pelo tempo. Ele sabe
o que a igreja precisará daqui a dois, três, seis meses.

3) COMO DESENVOLVER UM PLANO DE PREGAÇÃO


a) Orar, pedindo a vontade e direção de Deus. Recordemos que o propósito principal de
ter um plano de pregação é servir melhor ao chamado de Deus e ministrar aquilo que o
Senhor deseja a congregação, pois somente Ele conhece a realidade dos que estarão
ouvindo. Por isso temos que buscar a direção divina.

b) Escreva uma projeção de mensagens: No princípio será melhor limitar-se a um prazo


curto, como de um mês. Depois, com um pouco mais de experiência, pode-se projetar
o plano para dois meses ou para um trimestre. Não é errado pensar, finalmente, em
uma projeção anual. Ao escrever sua projeção, tenha presente os seguintes pontos:
- Revise os sermões que você pregou durante os últimos três meses. Isto evitará que
siga uma rotina ou que pregue o mesmo tema.
- Tenha presente que as mensagens devem abarcar todas as doutrinas e os propósitos
da pregação cristã.
- Leve em conta os eventos especiais no calendário, como “Páscoa”, “Pentecostes”,
“Tabernáculo”, “Datas comemorativas diversas”, etc. Assim pode-se incluir neste
plano algo apropriado para essas datas.
- Considere a possibilidade de uma série de mensagens sobre algum livro da Bíblia, ou
sobre algum tema de grande importância. Uma série de mensagens formatada desta
forma pode trazer grande benefício.

4) CONSIDERAÇÕES

45 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

Depois dos assuntos tratados até aqui, alguém poderia sentir-se amedrontado ou
inibido, pensando que é muito difícil pregar bem. Lembre-se, sem dúvida, que essas
recomendações servem unicamente para melhorar o bom, que é sua fé, sua paixão, seu
compromisso, o chamado que você já recebeu do Senhor para pregar a Palavra.
As coisas que recomendamos observar, são úteis e, por isso, é bom levá-las a sério
para uma maior eficácia no ministério e para a glória do Senhor. Porém, o essencial é a
preparação espiritual, como expressou o grande pregador Carlos H. Spurgeon, quando disse:
“Jesus disse, a vida é mais importante que o alimento e o corpo mais que as vestes”.
Do mesmo modo, a parte espiritual da mensagem é mais importante do que esses
detalhes. Pregadores corretos em suas maneiras podem ser muito pobres espiritualmente ou
no conteúdo do sermão, enquanto pregadores com muitos defeitos de expressão têm sido
grandes profetas do Senhor. Mas, se for possível, procuremos alcançar o melhor, unindo ao
essencial ao que é auxiliar, ao que é complemento.

5) PRÁTICA
Sendo a Homilética uma matéria eminentemente prática, desejamos que o aluno utilize
seu tempo para preparar bons sermões. Portanto, iremos à prática:
a) Exercício I
Dedique tempo de seu estudo diário para compor sermões sobre um ou mais temas que
serão indicados adiante (ou sobre qualquer outro escolhido pelo aluno), fazendo uso dos
conhecimentos adquiridos durante este estudo até aqui.
Temas que sugerimos:
1 Confissão do Pecado.
2. A Vida Eterna.
3. O Castigo Eterno.
4. O Perdão de Deus.
5. A Tentação e o Cristão.
6. Vitória sobre o inimigo.
7. A Grande Comissão.
8. A Obra do Espírito Santo.
9. O Dízimo.
10. O Cristão e a Oração.
11. A Santificação do Cristão.
Busque o texto apropriado para o tema que escolher.

46 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

b) Exercício II
Agora escreva o sermão de acordo com o tema e o esboço escolhido acima. Ele, ao ser
lido, deve ter uma duração entre 5 e 10 minutos no máximo. Durante a aula o aluno lerá
seu discurso para o professor na presença dos outros alunos.

47 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

Capítulo 6

SETE TIPOS DE SERMÕES


DEFINIÇÕES BÁSICAS

Todo ministro deve familiarizar-se com o maior número possível de tipos e formas
para apresentar a Palavra de Deus. Isto proporcionará uma variedade adicional ao ministério
e o tornará muito mais interessante para uma congregação que talvez tenha que lhe escutar
uma semana atrás da outra.
Isto lhe ajudará a apresentar um ensino mais amplo das verdades da Bíblia. O
ministério de qualquer pregador se enriquece com uma boa versatilidade.

1) TEXTUAL
Como o próprio nome sugere, este estilo baseia-se normalmente em um único texto ou
uma porção bem curta da Bíblia. Portanto, implica escolher uma afirmação apropriada das
Escrituras, investigá-la, analisá-la, descortinar a verdade que a passagem contem e, depois,
apresentá-la de uma maneira ordenada e progressiva, que seja facilmente assimilada pelos
ouvintes.

2) TÓPICO OU TEMÁTICO
Com este tipo de sermão, o pregador apresenta um tópico específico a congregação.
Por exemplo, pode utilizar o tema: “Justificação”. A partir daí, seu objetivo é, em primeiro
lugar, descobrir o que a Bíblia revela sobre este assunto ou tema. Em seguida, organiza as
referências da Palavra e os pensamentos em um formato ordenado para desenvolver o tema
tão completa e fielmente quanto possível.
Uma Concordância Temática é de imenso valor quando se está preparando uma
mensagem de tal natureza. Nela, pode-se encontrar rapidamente cada referência da Bíblia
relacionada com o tópico em questão. Se não tiver uma concordância, nem puder conseguir
uma, então, tente obter uma boa Bíblia com referências e notas de rodapé. Isto também lhe
capacitará para seguir um tema concreto através das Escrituras.

48 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

3) POR TIPOS
Esta é a arte de descobrir e comunicar a verdade que está escondida por trás da
superfície dos diversos “tipos” e “figuras” existentes na Bíblia. Um “tipo” é uma pessoa,
objeto, símbolos proféticos de algo que já ocorreu ou ainda ocorrerá, etc.
Por exemplo, o Cordeiro Pascoal em Êxodo é um tipo de Cristo. Cada detalhe deste
Cordeiro Pascoal falava profeticamente do papel redentor que Cristo desempenharia como o
“Cordeiro de Deus” (João 1.29). Cada símbolo profético teve seu cumprimento quando
Cristo morreu pelos pecados do mundo.
Os tipos bíblicos, normalmente, vêm designados como “sombras das coisas que hão de
vir” (Hebreus 8.5; 10.1). Tais pessoas, símbolos, objetos ou atos lançam uma sombra sobre
o futuro, retratando um problema ou solução que tomará forma no futuro.
A Lei de Deus foi uma sombra das coisas boas-novas que seriam apresentadas.
Representava uma sombra das coisas melhores que viriam em Cristo (Hebreus 10.1).
Os “Dias Santos” do Antigo Pacto eram também sombras das coisas vindouras
(Colossenses 2.17). Aqueles Dias Santos não eram completos em si mesmos. Parte do
propósito de seu cumprimento era projetar um retrato profético das coisas que ainda teriam
de vir.
A interpretação e exposição dos tipos da Bíblia é uma tarefa altamente especializada
que requer habilidade por parte daqueles que são maduros e especializados em assuntos
bíblicos. Os principiantes deverão evitar pregar sobre os tipos mais profundos, já que as
interpretações feitas sem muita perícia podem conduzir a algum tipo de erro infeliz.
Um conhecimento profundo e consciente de toda a Bíblia é essencial para aqueles que
buscam expor o significado dos tipos. Tais ensinamentos deverão ser substanciados e
sustentados por toda a Bíblia.

Princípios Para Seu Uso


Antes de se ter experiência neste tipo de mensagem, o pregador deve ter em memte os
seguintes princípios:
- Faça uso dos tipos mais simples, aos quais a implicação é mais óbvia.
- Mantenha a interpretação ampla. Nunca tente interpretar cada mínimo detalhe do
tipo. Mantenha o esboço da verdade o mais amplo possível.
- Evite ser dogmático sobre o que ensina o tipo.

49 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

- Ilustram doutrina. Nunca baseie sua posição doutrinária sobre o ensino dos tipos, eles
devem ilustrar a doutrina, não iniciá-la.

4) EXPOSITIVO
Mediante este método expõe-se o significado e a verdade contidas em uma passagem
particular da Escritura. Traz-se à luz aquilo que está bem escondido por trás da superfície.
Este é um excelente método de ensinar o temor completo da verdade bíblica (Atos 20.27).
Pode-se pegar um livro da Bíblia e explicar seu significado, capítulo por capítulo.
Talvez se estude um capítulo completo, seguindo versículo, explicando o significado e a
verdade envolvida a medida que vai-se evoluindo na leitura.
Esta é uma ferramenta que fará que a congregação se familiarize com cada parte da
Bíblia, sendo exposta a toda a verdade que Deus deseja comunicar-lhes para o
enriquecimento e aperfeiçoamento de suas vidas espirituais.

5) BIOGRÁFICO
Uma biografia é uma história da vida de uma pessoa. Portanto, este método envolve o
estudo das vidas dos muitos personagens que encontramos na Bíblia. Cada biografia
registrada na Bíblia, contém um significado importante para nós. Cada vida tem algo que
nos ensinar.
O estudo dos personagens da Bíblia é muito prático e envolvente. Escolha um
personagem particular. Leia cada referência que apareça na Bíblia relacionada a ele. Tome
notas de cada pensamento que lhe venha à mente.
Comece a reunir esses pensamentos em ordem cronológica.
- Estude o nascimento do personagem.
- Considere as circunstâncias em que ele foi criado.
- Enfoque os tratamentos de Deus em sua vida.
- Como reagiu diante dos mesmos?
- O que aprendeu com eles?
- Se teve êxito na vida, o que o tornou próspero?
- Se sua vida terminou em fracasso, em que se equivocou?
- Que podemos aprender de sua vida?
Todas estas são coisas informativas e interessantes que podemos aprender com as
vidas ricas dos homens e as mulheres que encontramos na Bíblia.

50 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

6) ANALÍTICO
Este sermão se relaciona com a análise detalhada de um tema para extrair o maior
conteúdo de sua verdade. Assim que partindo dessa verdade, deve-se ensinar os princípios
pertinentes envolvidos.

7) ANALÓGICO
Grande parte da Bíblia está escrita em forma de analogia. Ensina uma verdade a partir
de um caso paralelo. Os escritores usam com frequência um tema natural a partir do qual
ensina uma verdade espiritual. Envolve a comparação de funções semelhantes, o processo
de raciocinar a partir de casos paralelos. O sermão analógico procura comunicar a verdade
contida em uma analogia.

51 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

Capítulo 7

OS DOIS TIPOS DE SERMÕES MAIS


UTILIZADOS
1) O SERMÃO TEXTUAL
Iremos agora examinar mais de perto a preparação de um sermão do tipo textual. Já foi
definido no capítulo anterior que este método é uma análise e exposição de uma porção
breve das Escrituras, normalmente somente um versículo ou uma pequena porção do texto.
Na verdade, este é, atualmente, o principal tipo de sermão utilizado.

a) Vantagens do sermão textual


I) Capta o Interesse
O anúncio de um texto interessante imediatamente capta o interesse de sua audiência,
dando-lhe assim uma congregação atenta. Todos ficarão intrigados para vê-lo lidar com o
texto e estarão dispostos a analisar os pensamentos e implicações que serão apresentados.
As mentes estarão estimuladas e alertas, o que proporciona um público muito interessado
e atento.

II) Evita Sair Do Tema


Um texto específico evita que o pregador se afaste do que propôs falar. É difícil para
uma audiência manter a atenção focada num conferencista que se afasta de sua
apresentação. Pegar um texto e um contexto concreto, dos quais se possa tirar conclusões,
ajuda a evitar que o pregador se distancie do texto e a manter ativo o interesse de seus
ouvintes.

III) Mantêm as Margens Bíblicas


Centrar sua fala sobre uma porção específica da Bíblia ajuda a manter o pregador
dentro das margens bíblicas. Depois de ter apresentado uma premissa diretamente da
Bíblia, sua mensagem é obviamente bíblica, posto que você estará se referindo
diretamente a ela.
Pelo contrário, se o tema anunciado é diferente de um tema bíblico, seja de tom
psicológico, social, cultural, etc., então, a base de seu tema geralmente virá de uma fonte

52 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

semelhante. Isto não é bom. A recomendação para nós é bem clara. “Prega a Palavra!”
(II Timóteo 4.2).

IV) Aumenta a Ousadia


A pregação diretamente da Bíblia aumenta a ousadia e a autoridade da proclamação.
Quando se prega especificamente a Palavra de Deus, há uma unção especial do Espírito
nela. Pois as afirmações feitas durante o sermão podem ser apresentadas com grande
sentimento e convicção. Isto advêm do fato de que não se está apresentando as opiniões
de quem prega, mas sim o que Deus tem a dizer sobre o assunto. Existe um grande peso e
autoridade quando o pregador declara: “A Bíblia diz!” e, então, compartilha o versículo e
seu significado.
Quando os discípulos foram “pregando a Palavra”, Deus agiu junto com eles,
confirmando a Palavra com sinais correspondentes. O Senhor “confirma a Palavra”
(Marcos 16.20).

V) Ajuda A Recordar A Mensagem


Um bom texto ajuda a fixar a mensagem nas mentes de seus ouvintes. Lembrarão do
texto muito tempo depois do sermão. Quando recordarem da mensagem, frequentemente
será a passagem da Escritura sobre a qual ela foi embasada.

b) Escolhendo um texto
I) Leia a Bíblia Regularmente
Se alguém almeja ser um pregador capaz, profundo e eficiente, deve-se dedicar
intensamente a ler as Escrituras regularmente. Tome como determinação desenvolver
bons hábitos com relação à leitura. Tire tempo especial cada dia para lê-la. Sempre tenha
uma Bíblia pequena em mãos, para que, caso haja momentos livres, possa ser utilizado na
leitura da Palavra de Deus.

II) Estude a Bíblia


O verdadeiro pregador não se limita somente a ler a Bíblia superficialmente, mesmo
que de forma regular. Ele deve ir além da superfície. Medita diligentemente sobre as
coisas que lê. Continua refletindo sobre elas mentalmente. Mira os diferentes pontos de
vista. Cria o hábito de analisar profundamente aquilo que lê. Busca referências, outras
traduções, inclusiva a original. Não se contenta com o básico.

53 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

Deve-se aprenda a “ruminar” as Escrituras. Isto significa “mastigar a comida”. Quando


uma vaca se alimenta, mastiga o capim, engole-o e, então, devolve-o para a boca para
mastigá-lo outra vez. Da mesma forma, isto pode e deve ser feito pela mente, desta forma
ele traz novamente os pensamentos para analisá-los, ponderá-los e ponderá-los.
Quanto mais cheia estiver a mente do pregador com a Palavra de Deus e as meditações
bíblicas, mais coisas haverá para tirar quando se apresentar para realizar um ministério.
“… O Espírito Santo... vos fará lembrar tudo que vos tenho falado” (João 14.26), mas
você deve tê-las primeiro na sua mente antes que Ele possa fazê-lo.

III) Tenha Sempre Com Você Um Caderno De Notas


Ao se dedicar a leitura e ao estudo da Bíblia, tenha sempre ao seu lado lápis e papel.
Adquira o bom hábito de tomar anotações breves de todas as inspirações que recebe.
Tente evitar fazer isto em pedaços soltos de papel, pois assim é muito fácil perdê-las.
Se usar um caderno para anotações ou uma agenda para esse fim, ele se converterá em
um tipo de diário espiritual. Semanas ou meses depois pode-se voltar a elas e dali tirar
inspiração renovada para sua edificação pessoal e suas mensagens. Quanto mais meditar
sobre elas, mais revelação receberá. Isto também produzirá um arquivo de pensamentos
sobre numerosos temas sobre os quais você poderá produzir muitos bons sermões no
tempo certo.

IV) Mantenha Uma Atitude De Oração


Isto não significa que se tenha que estar todo o tempo de joelhos. A ideia aqui é uma
atitude de coração, não a postura de seu corpo.
O mais ideal, na oração, é que ela seja uma conversa espiritual com Deus. Uma
conversa de mão dupla. O homem fala com Deus, mas, o Senhor também falará com ele.
Quando se aprende a ouvir a voz de Deus, descobre-se também um fluir contínuo de
inspiração.
Deus anela revelar Sua verdade. Ele espera por corações famintos e atentos que
possam reconhecer e discernir Sua voz. Ele anseia compartilhar Seus segredos.

V) Busque a Iluminação Do Espírito Santo


É prioritário e de um alto e sublime valor a iluminação que o Espírito Santo pode
trazer a um sermão. O Espírito Santo é uma pessoa sensível que pode ser entristecida
facilmente (Efésios 4:20) e, até mesmo, apagada (1 Tessalonicenses 5:19 ).

54 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

Uma das responsabilidades do homem de Deus é cultivar um espírito manso, humilde


e sensível, do jeito que o Espírito Santo gosta. Agindo desta forma, Ele lhe apresentará
muitas vezes verdades maravilhosas que enriquecerão sua vida e ministério.

VI) Seu Texto Deverá Ser


1º) Dotado De Autoridade Bíblica. Terá que estar em harmonia com o que o
consenso da Bíblia ensina. É possível pegar um versículo fora de seu contexto e
ensinar algo a partir dele, o que a Bíblia não respalda. Como muito se tem falado,
“texto sem contexto é pretexto”.
Estude sempre seu texto à luz de seu contexto. Não tente jamais fazer seu texto
dizer nada que não esteja confirmado pelos versículos que o precedem e pelos que o
seguem.

2º) Completo. O texto deve formar sempre uma declaração completa da verdade.
Alguns pregadores simplesmente tomam uma frase de um versículo e a utilizam
sem contar com seu contexto. Isto é desonesto! Chama-se “adulterar a Palavra de
Deus” (II Coríntios 4.2). Isto deve ser evitado a todo custo, pois conduz a um
manejo desonesto e antibíblico de seu tema. Em consequência, estará de desviando
da verdade e desviando também os seus ouvintes.

3º) Razoavelmente Breve. Um sermão textual deverá fundamentar-se em uma


declaração breve e razoável da Escritura.

4º) Inclusivo. Ainda que breve, o texto deverá ser também inclusivo. Um resumo
adequado do que se deseja compartilhar. Quando estiver lendo o texto para a
congregação, todos deverão adquirir uma ideia razoável da área da verdade de Deus
que será apresentada.

c) Sua aproximação do texto


I) Digira A Fundo Suas Palavras
Leia o texto muitas vezes. Considere-o em seu coração. Medite nele. Recite-o para si
mesmo. Memorize-o. Familiarize-se completamente com ele.

II) Determine Sua Linguagem

55 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

O texto deve ser pego literalmente ou deve ser entendido em seu sentido figurado? O
escritor quer dar a entender que o texto é literal, ou que deve ser entendido em seu
sentido figurativo?

III) Analise Sua Mensagem


Uma coisa que ajuda muito é dividir o versículo. Separe-o em três ou quatro partes
principais. Descubra exatamente tudo o que contém e o que tem a ensinar.

IV) Investigue As Palavras


Descubra o que no original o texto tentava expor. Busque a palavra no seu sentido
hebraico ou no grego original. Existe algum significado especial relacionado com ela? O
escritor tinha alguma razão especial para usar esta palavra? Este estudo lhe ajudará a
compreender qualquer aplicação especial que o escritor tenha desejado comunicar.

V) Descubra Seu Desenvolvimento


Que linha de verdade o escritor estava tentando desenvolver? O que estava tentando
comunicar em última análise? Como o fez? Tente seguir a lição do autor e desenvolva sua
mensagem de maneira semelhante.

VI) Considere Seu Contexto


1º) O Contexto Bíblico. O que dizem os versículos anteriores e posteriores?
Considere o versículo em relação a todo o capítulo em que ele se encontra.
Considere-o à luz de todo o evangelho ou epístola em que está inserido. Assegure-
se de que sua compreensão é fiel a toda a verdade manifesta no livro. Para fazer
isto, estude o tema básico e a premissa do livro.

2º) O Contexto Cultural. O texto sofreu influência da cultura do tempo em que foi
escrito? As pessoas, para quem as palavras originais foram escritas, teriam um
ponto de vista diferente do que nós em nossa atual situação? Se for o caso, qual
deveria ser o significado equivalente agora?

3º) Contexto Histórico. Quando a frase foi escrita? Qual era a influência reinante?
Acaso tiveram os eventos alguma influência especial, no que se disse para o
momento em que foi escrito?

56 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

4º) Contexto Geográfico. Onde estava o autor quando escreveu? Quem eram e onde
estavam as pessoas para as quais ele escreveu? A sua localização geográfica teve
alguma influência no que foi escrito?

5º) Contexto Bíblico Total. Tenha em mente que “Toda a Escritura é divinamente
inspirada” (II Timóteo 3.16). Cada parte tem que ser fielmente interpretada para
que concorde com o todo.

Reforçamos que nenhuma passagem deve ser privada de seu contexto, pois deve ser
interpretada à luz do que ensina as Escrituras em seu contexto particular e global. A
Bíblia tem que interpretar a Bíblia e a exposição de um texto deverá estar sempre de
acordo com o que ensina a Palavra.

d) Organizando seu material para um sermão textual


A preparação ordenada do material é uma vantagem clara tanto para o pregador como
para os que o escutam. É para o pregador porque proporciona a exposição mais clara de seu
tema. Seus pensamentos não ficam turvos nem confusos. Também lhe ajuda a dar o
tratamento mais adequado ao seu tema. Quanto a sua audiência obviamente lhes ajudará a
compreender e captar melhor o sermão.

I) O Que Um Esboço Faz


Um bom esboço é o caminho mais simples e eficiente para organizar seu material.
1º) Faz com que se examine cuidadosamente o tema e o material que tiver reunido.
Ao fazê-lo, selecionará somente o melhor de seu material.

2º) Revela qualquer área débil no manejo do tema e no desenvolvimento da


apresentação.

3º) Auxilia a tirar o máximo proveito do material disponível porque o reduz a sua
substância mais relevante e essencial.

4º) Ajuda a recordar tudo o que se deseja falar e a apresentá-lo de uma maneira
progressiva e ordenada com a menor dependência possível de notas escritas.

5º) Ajuda os ouvintes a acompanhar o desenvolvimento da apresentação porque a


comunicação se faz de uma forma mais ordenada e lógica.

57 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

II) Com Relação A Suas Notas


1º) Faça-as Breves. Treine para usar o modelo de notas “tipo telegrama”, onde se
pode consultar com apenas um golpe de vista.

2º) Faça-as De Maneira Ordenada. É necessário ser capaz de segui-las com


facilidade a qualquer momento.

3º) Faça-as Para Que Sejam Compreensíveis. Tente descobrir cada aspecto sobre o
que deseja falar.

4º) Concentre-se nas Ideias. Condense seus pensamentos em frases breves. Aprenda a
cristalizar os pensamentos e expresse-os em frases concisas. Pratique a redução e a
expressão de um conceito em uma oração com sentido completo.

5º) Faça Notas Condensadas. Recorde que as notas se encontram para ajudar a sua
memória. Até mesmo só uma palavra significativa pode relembrar algo que se
deseja realçar e se quer compartilhar com a congregação.

6º) Faça-as Legíveis. Se forem feitas através de um computador, escreva e imprima de


preferência em tamanho 14 e descobrirá como ficam fáceis de ler. Se não, escreva-
as da maneira mais clara e legível que puder. Nunca esgarranche tanto suas notas
que seja preciso esforçar-se para decifrá-las no púlpito.

e) A Estruturação de um sermão textual


Geralmente o esboço deste tipo de sermão conterá três elementos principais:
- A Introdução;
- A Declaração Principal Da Verdade;
- A Conclusão e Aplicação.
Vamos examiná-los agora com mais detalhes:

I) Introdução
A introdução pode ser a parte mais importante da mensagem já que, se não conseguir a
atenção de seus ouvintes neste período inicial, com certeza eles prestarão pouca atenção
ao restante do sermão.

58 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

A introdução normalmente assume a forma de uma versão condensada de seu tema,


neste caso, embasado em um texto bíblico. Apresenta-se aos ouvintes, brevemente, o que
se tem a intenção de pregar e a área que pretende cobrir.

1º) O Que A Introdução Deve Alcançar:


- Captar Interesse e a imaginação dos ouvintes.

- Estabelecer Harmonia entre o pregador e sua audiência.


- Que lhe aceitem. O pregador deve a confiança daqueles para os quais prega.

- Boa Informação, informando a respeito de qual é o tema e como o manejará


durante sua exposição.

- Convença-os da importância do tema proposto.

2º) Características De Uma Boa Introdução


- Não Promete Mais Do Que Pode Dar! Às vezes, um pregador pode fazer uma
apresentação muito dramática de seu sermão. Estimula à audiência para o que
está vindo. Promete-lhes uma exposição maravilhosa e iluminadora. Se a
mensagem não se mantém no nível que ele prometeu, será um anticlímax. Sua
audiência se decepcionará. Também perderão a confiança nele.

- Não Deve Ser o Ápice Da Mensagem. Não comece a dar passos que lhe sejam
impossíveis de manter durante o resto da mensagem. Pelo contrário, faça com
que sua apresentação seja modesta e, então, sua audiência será agradavelmente
surpreendida quando descobrir que o sermão é muito mais interessante do que
eles esperavam. Desenvolva o tema de forma crescente.

- Não Deve Ser Muito Longa. Lembre-se de que é somente a introdução, não o
sermão. Teve um pregador que, depois de 35 minutos falando disse: “Meus
irmãos, Deus tem muito mais coisas para nós nesta noite. Agora preste atenção
no primeiro ponto da mensagem...!”.

59 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

- Deve Ter Uma Relação Óbvia Com O Tema. A introdução deverá conduzir ao
tema; como consequência, sempre deve estar vitalmente relacionada a ele.

- Deve Ser Cuidadosamente Preparada. Uma vez que a introdução tem uma
importância vital para ganhar a atenção dos ouvintes, ela seguramente exige um
cuidado todo especial. Tente colocar-se no lugar do auditório. Pergunte-se:
“Qual coisa, nesse sentido, alguém poderia fazer para ganhar minha atenção? De
tudo o que me proponho a dizer, que aspecto concreto captaria meu interesse?”.
Usando a imaginação desta maneira, pode-se determinar o melhor estilo que
deveria ter a introdução.

- Dê Uma Transição Natural Ao Tema. Quando se faz uma apresentação


apropriada, deverá ser óbvio para os ouvintes onde se conclui a introdução e se
inicia o corpo do sermão. Isto é aplicável a toda sua mensagem.

II) O corpo principal de sua mensagem (Desenvolvimento)


Como visto em detalhes anteriormente, a sugestão é que se faça uma separação da
parte principal de seu sermão em três seções grandes. Estas seções não precisam ter o
mesmo tamanho. Deve haver uma progressão natural, lógica e suave de um ponto para o
próximo.
Estas divisões não devem ser óbvias quando você as apresentar. Em algumas ocasiões
é conveniente dizer: “Agora, o terceiro ponto é...” As seções podem assumir a seguinte
forma:
1º) Estabeleça A Verdade
- Declare-a.
- Explique-a.
- Clarifique-a.

2º) Amplie A Verdade Estabelecida


- Desenvolva-a.
- Comprove-a.
- Justifique-a.

60 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

3º) Clímax do Desenvolvimento (Conclusão)


- Apresente sua conclusão.
- Que podemos aprender com isto?
- Como podemos aplicá-la de maneira prática?

f) Como preparar seu sermão


I) Prepare Antes um Rascunho
Um esboço proporciona os meios mais efetivos para a organização apropriada de seu
material. Uma vez que domine a arte de produzir um bom esboço, descobrirá que a
organização de sua fala é muito mais fácil e conveniente.
Quando começar a examinar e a avaliar seu material temático, escreva cada
pensamento em um bom pedaço de papel. Não se preocupe, nesta fase, em pôr as coisas
em sua ordem correta. Simplesmente escreva cada pensamento válido que lhe ocorrer
quando estiver considerando o tema.

II) Selecione Seus Pensamentos Principais


Geralmente é fácil encontrar três pensamentos principais.
- Quais são os três pontos mais importantes que foram escritos no papel? Coloque-os
em sequência natural e lógica.
- Que ponto deve ir em primeiro lugar?
- Qual o ponto fundamental que deve ser restabelecido? Coloque-o como o título
número um. ESCREVA-O EM LETRAS MAIÚSCULAS E SUBLINHE-O!
- Agora pergunte-se: “Que afirmação segue a primeira de uma maneira natural?”.
Marque-a como título número dois. Agora só falta um pensamento principal, que
pode ser também a conclusão do tema. Este será o título número três. Coloque-os em
um papel como se segue:
A. TÍTULO NÚMERO UM
1.
2.
3.
B. TÍTULO NÚMERO DOIS
1.
2.
3.

61 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

C. TÍTULO NÚMERO TRÊS


1.
2.
3.
Agora prossiga com o resto de seu material no seu RASCUNHO. Ponha em
ordem os pensamentos abaixo dos títulos que você já descobriu. Coloque cada um
abaixo do cabeçalho apropriado: A, B, C. Cada pensamento se converte, então, em
um “título menor”. Use números como 1, 2, 3, etc.
Todo o material e as ideias estão entrando nesse momento em um arranjo
ordenado. Isto lhe ajudará no estudo posterior do tema.
Uma vez que tenha determinado os três pensamentos principais, comece a analisar
cada um deles separadamente e estude-os nas partes que os compõem. Pode haver
quatro ou cinco verdades menores dentro de cada declaração principal. Analise as
diversas partes; coloque-as em sua ordem; disponha-as de maneira progressiva.
Esta é uma prática excelente. Pode ser que não pareça fácil no princípio, mas
persevere. Tome a determinação de dominá-la. Depois de um tempo isto virá a se
transformar em algo simples de ser feito.

III) Exemplos De Sermões Textuais


1º) Exemplo 1. Vamos ilustrar este método com um dos textos mais conhecidos da
Bíblia, João 3.16 “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu Seu Filho
unigênito, para que todo aquele que Nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna”:

Introdução
O mundo já conheceu muitas pessoas famosas por ter amado muito. Mas eu desejo
lhes falar Daquele que, sem dúvida, é O que amou mais do que todos, o Próprio
Deus!
Ele ama a todas as raças do mundo com o amor da mais alta qualidade, o qual Lhe
impulsionou a fazer o maior sacrifício possível.

Corpo da Mensagem
A. O GRANDE AMOR DE DEUS POR TODO O MUNDO

62 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

1. Criou o mundo e toda a humanidade.


2. Ama a cada pessoa do mundo igualmente.
3. Quer que todos vivam eternamente.

B. LEVOU-O A DAR SEU FILHO UNIGÊNITO


1. Quão precioso o Filho é para Deus o Pai! Nenhum pai terreno ama tanto o seu
filho como Deus amou o Seu.
2. A grandeza do sacrifício de Deus!
3. Deus deu Jesus gratuitamente para todo aquele que crê.
4. Entregou-o para morrer.

C. QUALQUER UM QUE RECEBE A CRISTO NÃO TEM QUE PERECER


1. Esta oferta maravilhosa está disponível a todos.
2. Deus ama inclusive os piores dos homens.
3. A salvação é um dom gratuito através da fé em Jesus.

Conclusão:
Deus lhe oferece agora o maior presente possível... vida eterna em Cristo! Que
loucura seria rejeitar ou tratar com descuido um presente tão maravilhoso! Aceite a
Cristo sem demora!

2º) Exemplo 2. Consideremos agora um simples relato dos evangelhos. Em Lucas


8.41-48 encontramos a história de uma mulher que, depois de doze anos de
sofrimento crônico, veio a Cristo e foi imediatamente curada e saiu com uma
profunda paz em seu coração.

Introdução
Com certeza todas as pessoas desejam possuir paz e segurança interior. Há muitos
fatores na vida que podem nos roubar a paz. Um deles é a enfermidade. É difícil
manter a paz interior quando se padece de uma enfermidade grave. A mente se
enche de incerteza e desespero. Aqui temos a história de uma pessoa vivendo tal
situação, pois padecia de uma enfermidade grave.
Mas em um dia maravilhoso ela encontrou-se com Jesus Cristo e sua vida foi
restaurada completamente e, somente então, desfrutou da verdadeira paz. Este

63 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

mesmo Jesus pode também abençoar sua vida hoje. Vejamos esta história e
descubramos como ela recebeu a cura, a mesma que você também pode receber da
mesma maneira.

Corpo da Mensagem
A. ESTA MULHER NÃO TINHA PAZ
1. Tinha estado enferma sem interrupção durante doze anos.
2. Tinha gasto todo seu dinheiro. Agora não tinha nenhum centavo!
3. Estava decepcionada e frustrada.
4. Parecia que ninguém podia ajudá-la. Seu caso se parece com tantos que hoje
em dia estão sós, frustrados e inseguros.

B. COMO ELA SE ACHEGOU A CRISTO


1. Ouviu o que Ele havia feito por outros.
2. Creu que ela também poderia receber Sua ajuda.
3. Animou-se através da fé. Disse em seu interior: “Se tão somente eu tocar em
seu manto, serei salva” (Marcos 5.28).
4. Superou muitos obstáculos.
5. Achegou-se a Cristo.
6. Tocou-lhe pela fé.
7. Sua vida fluiu nela. Imediatamente foi restaurada!

C. SUA SALVAÇÃO
1. Os discípulos não puderam ajudá-la. Nem sequer conheciam sua necessidade.
Há vezes em que nenhum ser humano tem como nos ajudar. Somente Deus
pode ocupar-se de nossas necessidades mais profundas.
2. Cristo exigiu sua confissão. “Quem me tocou?”, ele já sabia, mas desejava sua
confissão pública. Romanos 10.10 diz: “Porque com o coração se crê para
justiça, mas com a boca se confessa para a salvação”.
3. Cristo a chama de “filha”. Aceitou-a como um membro da família de Deus.
4. Disse-lhe: “vai-te em paz”. A partir de então, a paz de Cristo, passa a fazer
parte de sua vida. A incerteza e a ansiedade se desvaneceram por completo.

64 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

5. Foi sua fé que a restaurou (Lucas 8.48). Deus deseja que todos sejam
restaurados, Perfeitamente sãos de espírito, alma e corpo.

Conclusão:
Saiu como uma pessoa transformada. Você também pode ser transformado se vier a
Cristo com fé!

2) O SERMÃO EXPOSITIVO
Aqui nos ocuparemos da arte de expor uma passagem da Palavra. Expor significa
interpretar e explicar, representar uma matéria em detalhes.
Por exemplo, o pregador decide expor o Evangelho de João, capítulo por capítulo.
Começando com o primeiro capítulo, procura-se interpretar e explicar o significado de cada
versículo. Uma forma de aplicar é ocupar-se de um capítulo a cada semana e, assim, no
período de algumas semanas, termina-se de expor o livro.
a) Vantagens da pregação expositiva
Este é um método excelente para se ensinar a Bíblia. Há muitas vantagens, além de ser
um bom estilo para se aperfeiçoar e cultivar. Aqui estão algumas das vantagens deste
método:

I) É Um Método Bíblico
Jesus mesmo usou-o frequentemente. Ele pegava uma porção das Escrituras do Antigo
Testamento e interpretava seu significado diante de Seus ouvintes.
Pedro também se utilizou o método expositivo no dia de Pentecostes. Tomou alguns
dos textos que se referiam ao Rei Davi e explicou o verdadeiro significado deles diante
de uma grande multidão. Mostrou cuidadosamente as implicações proféticas destas
Escrituras e a maneira como elas sinalizavam para Cristo, demonstrando que Ele era o
Messias.
Outra vez encontramos Estêvão utilizando este método de pregação expositiva no
Capítulo 7 de Atos. A Bíblia está cheia literalmente de excelentes exemplos da pregação
expositiva.

II) Produz Pregadores Bíblicos e Congregações Orientadas Pela Bíblia

65 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

Ao expor as Escrituras garante-se um enorme conteúdo bíblico no ministério. Quando


um ministro discorre através de um capítulo, versículo por versículo, a Igreja Local vai se
enchendo da Palavra de Deus de forma gradativa e sistemática.

III) Desperta Um Interesse Mais Profundo Pela Bíblia


Quanto mais se compartilha a Palavra de Deus com as pessoas, mais fome elas
sentirão pela Palavra de Deus. Logo começarão a estudar a Bíblia por si mesmo até um
nível muito profundo. Suas vidas serão transformadas. Serão fortalecidas e reforçadas
pelo estudo das Escrituras. E assim se levanta uma Igreja Local biblicamente orientada e
fortalecida.

b) Procedimento sugerido para um sermão expositivo


I) Escolha Cuidadosamente Uma Boa Porção Das Escrituras
Assegure-se de que esta porção trará vida, crescimento e fortalecimento para a
congregação. Não escolha um tema meramente porque lhe interessa ou intriga. Evite
selecionar temas que criarão disputas, divisões ou contendas.
O pregador deve ter em mente que ele é somente um canal para Deus, para que Ele
fale Sua Palavra a Seu povo. Este ministério é um dos maiores privilégios que já se deu
ao homem mortal e também uma das maiores responsabilidades.

II) Procure Um Tema Apropriado Para a Situação Presente Da Congregação


Deus sempre tem uma “verdade presente” que deseja compartilhar com Seu povo (II
Pedro 1.12). Há uma progressão e um desenvolvimento contínuo dos propósitos de Deus
entre Seu povo. Ele tem um propósito específico para cada cristão de forma individual e
para cada Igreja Local.
Logo, cada Igreja Local deverá ter sensibilidade e mover-se adiante no propósito
particular que Deus já definiu para ela. Para poder alcançá-lo, é essencial que Sua Palavra
de verdade específica lhe seja administrada de maneira consistente.
Às vezes é um exercício útil perguntar-se: “Se esta fosse minha última oportunidade de
falar para esse povo, o que seria a coisa mais importante que eles precisariam ouvir?”.
Pregar com esta classe de pensamento em mente lhe ajudará a estar seguro de que seus
sistemas sejam apropriados e vitais para o desenvolvimento da capacidade espiritual da
congregação, no tocante aos propósitos de Deus para eles.

66 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

III) Estude A Passagem A Partir De Cada Ângulo


Primeiro, leia a porção escolhida, de uma forma geral, várias vezes até que se
familiarize perfeitamente com o contexto global contido nela. Depois, passe a lê-la
versículo por versículo. Quando houver uma relação óbvia com alguma outra passagem
da Escritura, leia essa porção também.
Neste ponto é interessante ter em mãos a uma concordância ou a um livro de
referência, portanto, leia e estude as passagens de várias maneiras e ângulos possíveis.
Mas, acima de tudo, mantenha sua mente aberta e alerta ao Espírito Santo, a fim de captar
qualquer pensamento que Ele queira compartilhar com você.

IV) Dedique-se A Compreender O Tema Original


Esmere-se sempre em descobrir o tema inferido na passagem original. O que o
Espírito Santo estava tentando manifestar quando inspirou a passagem? O que está no
centro deste ensino? O que é que Deus disse ao Seu povo através disto?

V) Tenha Um Objetivo Definido Em Mente


O objetivo deve estar em completa harmonia com o objetivo de Deus. Uma forma de
fazer isso é descobrir o que o Senhor deseja comunicar-lhe através desta Escritura, sua
tarefa é ser tão fiel à mesma quanto possível.
Não é suficiente compreender mentalmente o que Deus está dizendo, precisa sentir o
que Ele está sentindo. Ele deseja comunicar Seu coração tanto como Sua mente. Assim
que, Sua Palavra deve fluir através de seu coração tanto quanto igual de sua mente.
O pregador não é chamado para compartilhar a sua própria mente com as pessoas, mas
sim para compartilhar a mente de Cristo com elas. Este conhecimento deverá ser seu fator
motivador e a razão para sua pregação.

VI) Fale De Sua Própria Experiência


Para comunicar a verdade de maneira efetiva, primeiro, tem que haver algo em sua
vida do que Deus já operou em você.
Muitos pregadores apresentam teorias ou trivialidades que muitas vezes não têm
aplicação prática. Nenhum homem pode pregar a experiência do novo nascimento com
convicção, a menos que ele mesmo já a tenha recebido primeiro.
E vital que você tenha recebido tal experiência como uma realidade em sua vida antes
que possa compartilhá-la efetivamente com os demais. O pregador também foi chamado

67 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

para ser uma epístola viva. Não só se exige dele que pregue a verdade, mas que também
pratique-a e demonstre-a. Tem que ser um exemplo vivo de tudo o que prega.

VII) Torne Sua Pregação Significativa


Exegese significa “extrair o verdadeiro significado”. Quem prega é responsável por
assegurar que o significado e o entendimento da Escritura sejam comunicados aos
ouvintes de maneira fiel e com clareza.
Esforce-se sempre para simplificar seu tema. Isto é obviamente o que fez Jesus e é
uma razão importante do porquê Seu ministério foi tão poderoso e efetivo. Ele pegou
temas profundos e os simplificou.
Muitos pregadores modernos fazem tudo ao contrário. Pegam os temas mais simples e
os tornam tão profundos e complicados que sua audiência não pode compreender o que
ouve. Lembre-se disto: Quanto mais simples, melhor!

VIII) Faça-o Prático


Busque mostrar claramente as implicações práticas que sua mensagem tem para os
ouvintes. Um grave perigo para os cristãos é que normalmente há “demasiado
conhecimento, mas muito pouca prática”.
Muitos cristãos têm ouvido sermões durante anos; mas, pateticamente, não aprendem a
aplicar as verdades que ouvem. Portanto, esclareça suas conclusões. Dê sugestões
práticas sobre como as pessoas podem responder de uma maneira mais significativa a
Deus. Continue as mensagens com programas práticos, de maneira que as pessoas
possam comprometer-se a ser praticantes da palavra, e não meramente ouvintes.

3) SETE PRINCÍPIOS PARA UM SERMÃO DE EXCELÊNCIA


Neste ponto, vamos apresentar sete princípios vitais, particularmente no que tange os
sermões textual e expositivo (embora também possam ser aplicados em outros tipos de
mensagens). Lembre-os e trate de cobri-los sempre que estiver pregando a Palavra de Deus.

1º) Clareza
Significa a qualidade do que é claro ou inteligível, aquilo que se percebe bem.
Limpidez, transparência. Bom timbre.
Portanto, assegure-se de que sua fala é compreendida com facilidade. A finalidade da
pregação expositiva é transformar as passagens citadas em algo tão fácil de compreender

68 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

quanto possível. Portanto, não tente ser deslumbrante, nem exibir seus conhecimentos.
Trate de compartilhar o Pão da Vida de maneira que toda sua audiência possa seguir
facilmente a ênfase que você está dando.

2º) Consistência
Significa o estado de uma coisa que promete durar ou não ter mudança, perseverança.
Portanto, faça com que os comentários tenham consistência com o tema que se está
expondo. Evite a tentação de vagar por vários devaneios e histórias que lhe possam
ocorrer. Manter-se fiel ao seu tema reforça a mente de sua audiência. Não tema fazer
alguma repetição. Certa quantidade de repetição é necessária a fim de fixar uma verdade
nos corações das pessoas.

3º) Coerência
Significa ligação, harmonia, conexão ou nexo entre os fatos, ou as ideias.
Portanto, assegure-se de que seus pensamentos têm uma unidade ou coerência clara.
Uma pessoa que fala com incoerência, é aquela cuja pregação carece de tanta unidade,
que apenas é possível compreender o que está dizendo, pois fala português, mas suas
ideias estão sendo apresentadas de maneira desconexa.
Deixe que a expressão de seus pensamentos tenha uma unidade óbvia. Não vague de
pensamento em pensamento. Seja claro e conciso. Assegure-se de que seus pensamentos
têm relação e estão bem unidos, sustentando-se completamente uns aos outros.

4º) Continuidade
Significa a qualidade daquilo que é contínuo, cronológica ou fisicamente. Ligação
ininterrupta das partes de um todo.
Portanto, deve haver uma progressão clara do pensamento. As afirmações devem estar
se movendo continuamente em direção ao objetivo proposto. Cada ponto deverá seguir
claramente o anterior. Seus comentários devem fluir livremente de um texto para o
próximo com unidade, correspondência e progressão claras. Siga progredindo
paulatinamente até sua meta final.

5º) Concisão
Significa qualidade do que é conciso, breve, precisão, exatidão, apuro.

69 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

Portanto procure ser conciso. É muito melhor deixar a audiência com o desejo de
continuidade, do que com o desejo de que você tivesse terminado vinte minutos antes.
Evite a tentação de falar por falar. Não adquira o hábito de divagar. Um bom exemplo
de conselho foi dado a pregadores, uma vez, desta forma:
“LEVANTE-SE! FALE! CALE-SE! ”.

6º) Compreensão
Significa o ato de compreender. Faculdade de compreender; percepção.
Este ponto aparenta contradizer o anterior no qual se aconselha ser conciso.
Entretanto, não há contradição, pois trata-se de cobrir o tema tão plenamente quanto
possível, mas no menor tempo necessário para isso.
É certamente possível e desejável expor a Palavra completa e tão brevemente quanto
possível. Ser compreendido não requer se fale tanto que sua audiência se canse do som de
sua voz. Trate de unir as duas coisas!

7º) Concludente
Significa aquele que conclui, que prova ou demonstra o que alega; convincente.
Portanto, jamais deixe de concluir satisfatoriamente a mensagem, pois aqui está o
ponto mais importante. Qual a conclusão de tudo o que foi exposto? Qual é o resultado
final? O que as suas palavras conseguirão?
A conclusão desejada deve dominar a mente e a fé do pregador desde o início.
Desenvolva o ministério em fé, crendo que o Senhor cumprirá seus objetivos através da
ministração da Sua Palavra. O pregador deve lembrar que não é sua responsabilidade
conseguir o resultado desejado, pois esta é a tarefa de Deus.

70 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

Capítulo 8

MODELOS DE SERMÕES E EXERCÍCIOS

1) MODELOS DE SERMÃO TEXTUAL


a) II Crônicas 7.14
PASSOS PARA DEUS NOS OUVIR:
I) Conversão.
II) Busca.
III) Humildade.
IV) Oração.

b) Miquéias 6.8.
O QUE DEUS ESPERA DO CRISTÃO.
I) Que pratique a justiça.
II) Que ame a misericórdia.
III) Que ande humildemente com o Senhor.

2) MODELOS DE SERMÃO EXPOSITIVO


a) ATOS GIGANTES EM DIREÇÃO A CRISTO (Marcos 10.46-52)
I) “Assentado junto ao Caminho” (Humildade).
II) “Começou a clamar” (Coragem).
III) “Levantou-se” (Fé).
IV) “Seguiu a Jesus” (Perseverança).

b) SUBAMOS A BETEL (Gênesis 35.1-7)


I) Tirai os deuses estranhos do meio de vós.
II) Purificai-vos.
III) Mudai vossos vestidos.
IV) Levantemo-nos.

71 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

3) MODELOS DE SERMÃO TEMÁTICO


a) O CHORO DE JESUS
I) Por causa de um homem (João 11.32-36).
II) Por causa de uma cidade (Lucas 19.28; 41-44).
III) Por causa do mundo (Mateus 26.36-38; Lucas 22.44).

a) AS QUATRO RESSURREICÕES EFETUADAS POR JESUS:


I) Logo após a morte (Marcos 5.21-23 e 35-43).
II) Após 24 horas (Lucas 7.11-17).
III) Após 4 dias (João 11.17; 38-45).
IV) Após vários Séculos (João 5.28 e 29/Apocalipse 20.6)

4) EXERCÍCIO: AVALIAR, CLASSIFICAR E APERFEIÇOAR OS SERMÕES


APRESENTADOS A SEGUIR

1º SERMÃO
OS GIGANTES SEMPRE VOLTAM
Pr. Tito Oscar (Bispo da Igreja Nova Vida)
Introdução
- Israel viveu a maior parte de sua história lutando para conquistar o direito de ser o povo de
Deus!
- O jovem Samuel, que vivia sob a orientação do sacerdote Eli, viu os Filisteus derrotarem o
seu povo e levarem a Arca da Aliança!
- Um dia, surge um jovem chamado Davi, que desafia o chefe dos Filisteus, o gigante
Golias!
- Com a derrota de Golias o povo pensou que a paz estava garantida!
- Mas eles perceberam mais tarde que os gigantes sempre voltam!
- Por isto todo o cristão deve estar preparado com a armadura de Deus para enfrentar as
investidas dos gigantes!

1. O TEXTO DE 2 SAMUEL 21.15 AFIRMA


“De novo fizeram os Filisteus guerra contra Israel”:
- De novo eles voltaram a perturbar a paz do povo de Deus!
- Quando os gigantes voltam eles surgem com mais fúria e mais poder!

72 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

- O Mal tem um poder de renovação superior ao do Bem!


- O ódio é mais intenso do que o amor!
- A Bíblia diz que o “amor pode esfriar”!
- Mas o ódio sempre esquenta.
- A mágoa e o ressentimento são mais fortes do que o perdão!
- Na primeira batalha, Davi estava preparado e disposto apesar das desvantagens!
- Mas agora o seu estado de espírito não era o mesmo!
- 2 Samuel 21.15 diz: “Ficando Davi mui Fatigado?”.
- Lembre-se: as lutas espirituais cansam...enfraquecem... fatigam!

2. COMO ENFRENTAR OS NOVOS GIGANTES?


- Em primeiro lugar - tendo consciência de que sozinhos não temos chances de vencer!
- Vers. 16 - a armadura do gigante!
- A lança pesava cerca de 3.5kg
- Ele estava com uma armadura nova!
- O inimigo sempre renova suas armas!
- Enquanto Davi estava (fraco, cansado, o gigante se mostrava com toda sua força!
- Vers. 17 - “Porém Abisai...socorreu-o, Feriu o Filisteu e o matou”.
- O jovem Abisai veio em socorro de Davi!
- A igreja precisa de muitos “Abisais” para vencer seus gigantes!
- Um pastor sozinho não consegue vencê-los!
- Um membro que se ausenta da comunhão está fortalecendo o inimigo!

3. A BATALHA NÃO TERMINOU COM A VITÓRIA DE ABISAI SOBRE O


GIGANTE FILISTEU!
- Vers. 18 “Depois disto houve ainda outra peleja”.
- Vers. 19 “Houve ainda em Gore outra peleja”.
- Vers. 20 H
" ouve ainda outra peleia.
- Observe: esses quatro gigantes não foram vencidos por Davi! Quem os derrotou foram
seus homens!
- Por que eles lutaram em defesa de Davi? Porque perceberam que um soldado, um
capitão e até mesmo um rei morto poderiam ser substituídos!
- Mas aquele que fora ungido por Deus para dirigir o povo, não poderia correr esse risco!
- A igreja precisa se mobilizar para defender aqueles que a dirige por ordem do Senhor!

73 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

- Juntos podemos expulsar os gigantes: do medo, das doenças, da de recursos, das


impossibilidades, dos fracassos...
- É hora de renovar as nossas armas para vencermos todos os gigantes que estão
impedindo o progresso da obra de Deus!
- Quando eles voltarem, que o povo de Deus esteja preparado!

2º SERMÃO
A FORÇA DO OLHAR
Pr. Tito Oscar (Bispo da Igreja Nova Vida)
INTRODUÇÃO
- Stanley Jones ao analisar a atitude cristã diante do sofrimento humano afirmou: “A vida
muitas vezes se apresenta como disse Simão Cirineu: Saímos de casa num dia sem
nuvens, com os pássaros a gorjear. A vida parece cheia de esperança e promessa. Mas, de
repente, encontramo-nos no meio da tragédia; as circunstâncias põem sobre nós uma cruz
pesada e somos obrigados a subir em um calvário”.
- O grande desafio do cristão é saber como enfrentar estes momentos de crise!
- O texto de Miquéias contém lições importantes para quem deseja vencer os desafios da
vida!

1. EM PRIMEIRO LUGAR, O PROFETA DESCREVE VM PERÍODO DE


PROFUNDA ESCASSEZ ESPIRITUAL! (Miquéias 7.1)
- Em uma simbologia ele descreve uma árvore sem fruto!
- Uma árvore desprovida de folhas e por isso condenada!
- Este quadro não nos é estranho!
- Hoje a igreja mostra muita atividade com pouca produtividade!
- Muito movimento e pouco deslocamento!
- Muitas palavras e poucas ações!
- Sem dúvida, há na igreja de hoje uma escassez de salvação, de santificação, de
fidelidade e pureza de vida!

2. EM SEGUNDO LUGAR, O PROFETA DESCREVE UM PERÍODO DE


PROFUNDA ESCASSEZ MORAL! (Miquéias 7.2-3)
- A história nos diz que os grandes impérios caíram não sob a força das armas;
- Mas foram derrotados pela força da corrupção moral!

74 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

- O quadro descrito pelo profeta Isaías ainda tem cores nos dias de hoje (Isaías 1.10-17).

3. EM TERCEIRO LUGAR, O PROFETA DESCREVE VM PERÍODO DE


PROFUNDA DESCONFIANÇA NO RELACIONAMENTO INTERPESSOAL!
(Miquéias 7.5)
- Hoje é muito difícil acreditar na palavra de alguém!
- Membros não confiam nos seus pastores!
- Pastores desconfiam de seus auxiliares!
- Estamos vivendo em ilhas!
- A obra de Deus não consegue avançar quando há desconfiança no seio da igreja!

4. EM QUARTO LUGAR, O PROFETA DESCREVE UM PERÍODO DE


PROFUNDAS MUDANÇAS NO SEIO DA FAMÍLIA! (Miquéias 7.6)
- A Família tem sido um dos alvos prediletos do diabo!
- Não há ódio, não há desamor, não há brigas!
- Simplesmente há muita indiferença entre seus membros!
- Quando a família é atingida, a igreja sofre!

5. A QUESTÃO É SABER COMO AGIR DURANTE ESSES PERÍODOS CRÍTICOS!


- A resposta parece muito simples em se tratando de problemas tão complexos!
- Mas o profeta conseguiu superar todas estas crises tomando uma decisão que está ao
alcance de todos nós!
- Miquéias 7.7
- O que é olhar para o Senhor?
- Em primeiro lugar - é reconhecer que esse olhar cria uma ponte entre a minha vida e
Deus!
- Ao olhar eu não estou contemplando uma pessoa estranha, desligada dos meus
problemas!
- A linguagem do olhar é muito forte. Nem mesmo o diabo consegue impedir esta
comunicação!
- Em segundo lugar - esse olhar nos levanta quando somos empurrados pelas
adversidades da vida!
- Miquéias 7.8
- Em terceiro lugar - esse olhar nos faz viver na dependência das misericórdias de Deus!

75 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

- Miquéias 7.18
- Em quarto lugar esse olhar renova a nossa esperança
- Miquéias 7.19.

CONCLUSÃO
- Jesus ao falar sobre as ansiedades da vida, deixou um remédio muito eficaz!
- Ele mandou simplesmente que olhássemos para os lírios do campo!
- Onde você estiver lendo esta mensagem, você pode levantar seus olhos e contemplar a
graça libertadora de Deus! ,

76 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

Capítulo 9

DICAS PARA PREGADORES


“Pois não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido” (Atos 4:20)

1) EXTENSÃO DO SERMÃO
O sermão deve ser curto ou longo? Como decidir entre os dois? Observe a fisionomia
dos ouvintes, se eles aparentam cansaços e apatia, é bom caminhar para a conclusão.
O que é melhor? Um sermão curto sem conteúdo, ou um sermão longo com
profundidade bíblica? Nenhum dos dois. Observe o auditório!

2) ILUSTRAÇÕES
As ilustrações jocosas, alegres e descontraídas cabem melhor no início do sermão.
Seja mais solene ao concluir. Use preferivelmente ilustrações verdadeiras, polidas na
experiência do dia a dia.

3) DICÇÃO CORRETA
Comer os “S” finais e introduzir sons vocálicos reflete pouca cultura e desprestigia a
língua portuguesa. Exemplos:
- Jesus, e não Jesuis.
- Nós, e não nois.
- Fomos, e não fumus... e muitos outros.
- Diga preletor e não preleitor.
- Vamos e não vamus etc.
- Entender as coisas e não entender as coisa... etc.

4) TOM DE VOZ
Com sua voz o pregador denuncia sua convicção. Gritar e esmurrar o púlpito não
convencem, nem escondem o caráter do pregador. MODULE e ALTERE a voz. Fale alto,
baixo, rápido, vagarosamente. Voz monótona dá sono. Voz estridente cansa.

77 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

5) ANÚNCIO DO TEXTO BÍBLICO


Ao enunciar o texto Bíblico seja claro quanto ao livro e preciso na referência. Aguarde
até que o auditório tenha localizado o texto. Diga: “Abrir a Bíblia em... Marcos, João,
Salmos, Jeremias”, e nunca: “Abrir a Bíblia para Marcos, João, Salmos, Jeremias”.

6) APLICAÇÃO PRÁTICA
Seja prático nas aplicações. O que melhor dizer? “Levemos Jesus ao mundo (isso é ser
genérico)”, ou “ao chegar à sua casa hoje, pegue o telefone e ligue para a sua mãe e diga-
lhe: mamãe, eu amo você e Jesus também lhe ama...”.

7) ESBOÇO DO SERMÃO
Memorize o máximo possível o esboço do sermão. Cada vez que o pregador deixa de
olhar nos olhos dos ouvintes, parcela deles se desliga. Mantenha os ouvintes plugados! Não
dê a impressão de que você está recitando, seguindo um roteiro, tendo que parar de vez em
quando para “se lembrar” do assunto. Se usar o recurso de projeção num telão, não fique
demasiado de costas, lendo. Tenha o mesmo texto que está no telão impresso com você para
não ter que se virar a todo instante para ler.

8) GESTOS
Os gestos do pregador reforçam os verbos. Gesticulação sem propósitos denuncia o
nervosismo do pregador e não causa bom efeito nos ouvintes.

9) O USO DO MICROFONE
O microfone é um amigo do pregador! Não dê pancadas nele antes de usá-lo. No caso
de dificuldades de conviver com ele, faça um curso e aprenda o recurso. Peça ajuda de
pessoas mais experientes. Mais à frente falaremos um pouco mais sobre este tema
específico.

10) AUTENTICIDADE
Pregue, de preferência, os seus sermões. Mas, caso vá pregar um sermão de outro
pregador, diga a fonte. Omitir é feio, é desonesto! Alguém pode descobrir o plágio e você
cair em descrédito.

78 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

11) APELO
“Apele sem apelação”. Diga claramente o que você pretende que o ouvinte faça em
reação ao sermão recém-apresentado. No caso de não haver manifestações, não ameace o
auditório com as pragas infernais!
Outra coisa: não apele exageradamente para as palmas. Têm pregadores que a cada
cinco minutos ou menos exigem que o auditório dê uma forte salva de palmas para Jesus.
Um auditório que está sendo bem tocado pela mensagem vai bater palmas sozinho, sem
precisar de muito apelo.

12) EXPRESSÃO FACIAL


Mantenha uma fisionomia tranquila. Não é preciso sorrir sempre. O auditório verá o
sermão no semblante do pregador, antes de ouvi-lo através de sua voz.

13) MOVIMENTAÇÃO
Caminhar em excesso na plataforma durante o sermão é um bom exercício para o
pregador, mas uma excelente maneira de arremessar o auditório para fora do sermão.
Movimente-se com cuidado e moderadamente. Procure aquietar-se!

14) A EMOÇÃO
O pregador pode chorar. Há ocasiões que isto é inevitável durante o sermão. O choro
deve ser espontâneo e natural, não mero artifício de comunicação. Mas se o chorar ocorre
em todas as ocasiões e se tornar um hábito do pregador, é preciso averiguar a real origem
dessa emoção. Sugere-se ao pregador que procure ajuda profissional especializada.

15) CHAVÕES
A grande massa cristã (evangélica) produziu a sua própria gíria. Chavões circulam no
meio do povo como axioma teológico. Cabe ao pregador fugir dessas expresses inócuas, tais
como: “amém, irmãos?”; “Uma bênção…”; “Que Maravilha!”; “O toque de Deus!”; “Quem
está entendendo diga amém!” e outras.
Usá-las no sermão reflete pobreza de exegese bíblica e falta de vocabulário. Usar uma
dessas expressões uma vez ou outra não tem problema. O problema ocorre quando elas são
usadas a todo instante, vinte, trinta ou quarenta vezes numa única mensagem.

79 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

16) DESCULPAS
Ao pregador não cabe o pedir desculpas pelo conteúdo da mensagem que foi, ou será
apresentada. Desculpar-se não é bom nem antes nem depois do sermão. A falsa humildade
revela verdadeiro desleixo.

17) TIQUE
O Pregador, nervoso, repete o mesmo gesto. Leva a mão ao nó da gravata, pigarreia,
arruma os óculos no rosto... Todo o gesto repetido desperta a atenção do ouvinte e desvia-o
do sermão. Controle-se. Observe-se a si mesmo! Antes que os adolescentes façam piadas de
você!

18) DIRIGINDO-SE A TODOS


Há templos com galeria e em muitos outros templos o coral ou o ministério de louvor
fica postado na plataforma atrás do pregador. Temos assim uma dificuldade para o contato
visual!
Não raro o mensageiro se esquece destes dois segmentos do auditório e em nenhum
momento lhes dirige o olhar. O pregador não deve fazer assim! Vire-se suave e
constantemente e fale aos músicos e cantores. Olhe para o alto e demonstre que você
reconhece a presença e agradece a atenção dos presentes apinhados na galeria.

19) O INÍCIO DO SERMÃO


Os primeiros cinco minutos do sermão são cruciais e darão duas certezas aos ouvintes:
- A primeira: O pregador sabe o que vai dizer. Ele domina o assunto (ou, não sabe o
que vai dizer!).
- A segunda: O pregador conhece o texto no qual vai pregar (ou, está usando o texto
por pretexto).
Lembre-se: “Você tem 300 segundos para justificar a sua presença diante da
congregação! ”.

20) AS BEM AVENTURANÇAS DO PREGADOR

Bem-aventurado o pregador que sabe como pregar.


Bem-aventurado o pregador que encurta suas introduções.

80 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

Bem-aventurado o pregador que modela sua voz e só fala gritando de vez em quando,
moderadamente e quando absolutamente necessário.
Bem-aventurado o pregador que sabe como e quando encerrar o se sermão.
Bem-aventurado o pregador que se inclui entre os ouvintes.
Bem-aventurado o pregador cujos sermões são articulados e lógicos.
Bem-aventurado o pregador cujos sermões constituem uma unidade, têm propósito definido,
sendo cada palavra bem pensada e meditada.
Bem-aventurado o pregador que raramente emprega o pronome “eu”.
Bem-aventurado o pregador que sabe que foi chamado por Deus.
Bem-aventurado o pregador que conhece e prega a Palavra.
Bem-aventurado o pregador que vive a mensagem que prega.
Bem-aventurado o pregador que é Cristocêntrico.
Bem-aventurado o pregador que reconhece a sua dependência do Espírito Santo.

“Pregar o Evangelho de Jesus Cristo é o mais alto privilégio e a aventura mais sedutora
jamais comissionada ao homem, pois o propósito final de toda pregação do Evangelho é
a evangelização, a real conversão para Cristo”.

81 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

Capítulo 10

COMUNICANDO-SE EM PÚBLICO

1) COMO USAR O MICROFONE


Seria difícil imaginar os dias de hoje sem a presença do microfone. Sua utilidade é
incontestável. Ele permite que a comunicação do orador seja mais natural e espontânea,
possibilitando falar a grandes plateias da mesma forma como se conversa com uma ou duas
pessoas.
Mesmo possuindo todas essas qualidades, o microfone, muitas vezes, é visto como um
terrível inimigo, chegando a provocar pânico em determinados oradores, principalmente
naqueles menos habituados com a tribuna. Isso ocorre por não se observar certos
procedimentos elementares, mas de capital importância a uma boa apresentação. Vejamos,
de forma resumida, o que deve ser feito para o bom uso do microfone.

a) Microfone De Lapela
Este tipo de microfone praticamente não apresenta grandes problemas quanto à sua
utilização; ele é preso na roupa por uma presilha tipo “jacaré” de fácil manuseio. É muito
útil quando se pretende ter liberdade de movimentos na tribuna. Para usá-lo bem, basta
atentar aos itens que passaremos a comentar.

I) Ao colocá-lo na lapela, na gravata ou na blusa, procure deixá-lo na altura da parte


superior do peito, pois ele possui boa sensibilidade e a essa distância poderá captar
a voz com perfeição.
II) Enquanto estiver falando, não mexa no fio. É comum observar oradores segurando,
enrolando ou torcendo o fio do microfone. Já presenciamos casos que se mostraram
cômicos; em um deles, sem perceber, o orador começou a enrolar o fio do
microfone e, quando chegou ao final da apresentação, assustou-se ao verificar que
está com mais de dois metros de fio nas mãos.
III) Outra precaução importante a ser tomada ao usar o microfone de lapela é a de não
bater as mãos ou tocar no peito com força, próximo ao microfone, enquanto
estiver falando, porque esses ruídos também são ampliados, prejudicando a
concentração e o entendimento dos ouvintes.

82 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

IV) É perigoso fazer comentários alheios ao assunto tratado no sermão, quando se está
próximo de qualquer microfone, porque sempre poderão ser ouvidos. No caso do
microfone de lapela o problema passa a ser muito mais grave por causa da sua alta
sensibilidade. Ele permite captar ruídos a uma considerável distância. Isto sem
contar que, preso na roupa, sempre o acompanhará.
V) Talvez não seja necessário fazer este tipo de comentário, mas como já
presenciamos inúmeros ocorridos desagradáveis, vale a pena alertar o orador para
que não se esqueça de retirar o microfone quando terminar de falar e for sair da
tribuna.

b) Microfone De Pedestal
Este tipo de microfone exige maiores cuidados para sua melhor utilização. É um
microfone mais comum e encontrável na maioria dos auditórios. Veja agora o que deverá
fazer para evitar problemas e melhorar as condições de sua apresentação.

I) Inicialmente verifique como funciona o mecanismo da haste onde o microfone se


sustenta e se existe regulagem na parte superior onde ele é fixado. Treine esses
movimentos, abaixando e levantando várias vezes a haste, observando atentamente
todas as suas peculiaridades.
Evidentemente essa tarefa deverá ser realizada bem antes do momento de se
apresentar, de preferência sem a presença de nenhum ouvinte. Se isto não for
possível, verifique a atuação dos outros oradores mais habituados com o local e
como se comportam com o microfone que usará.
II) Já familiarizado com o mecanismo de regulagem da altura, teste a sensibilidade do
microfone para saber a que distância deverá falar. Normalmente a distância indicada
é de dez a quinze centímetros, mas cada microfone possui características distintas e
é prudente conhecê-las antecipadamente. Se durante o teste estiver acompanhado de
um amigo ou conhecido, peça que ele fique no fundo da sala e diga qual a melhor
distância e qual a altura ideal da sua voz.
III) Ao acertar a altura do microfone, procure não deixar na frente do rosto,
permitindo que o auditório veja o seu semblante. Deixe-o a um ou dois centímetros
abaixo do queixo.
IV) Ao falar, não segure na haste e fale sempre olhando sobre o microfone; dessa
forma a voz será sempre captada.

83 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

V) Fale naturalmente, não grite, isso mesmo, aja como se estivesse conversando com
um pequeno grupo de amigos. Isso não quer dizer que deverá falar baixinho, sem
energia; ao contrário, transmita sua mensagem animadamente, com vibração, mas
sem gritar.
VI) Se for preciso segurar o microfone com a mão para se movimentar na tribuna, o
cuidado com a voz deverá ser o mesmo; nesse caso não movimente a mão que
segura o microfone e deixe-o sempre à mesma distância.

c) Microfone De Mesa
O microfone de mesa requer os mesmos cuidados já mencionados, com a diferença de
normalmente ser apoiado sobre uma haste flexível. Ao acertar a altura não vacile, faça-o
com firmeza e só comece a falar quando tiver posicionado da maneira desejada.
Se lhe oferecerem um microfone no momento de falar, antes de aceitar ou recusar,
analise algumas condições do ambiente. Se os outros falaram sem microfone e se a sala
não for muito ampla e permitir que a voz chegue até os últimos ouvintes, sem
dificuldade, poderá recusá-lo. Se alguns oradores se apresentaram valendo-se do
microfone ou se sentir que o tamanho da sala e a acústica impedirão sua voz de chegar
bem até os últimos elementos da plateia, aceite-o.
Se o microfone apresentar problemas e você perceber que eles persistirão, desligue-o e
fale sem microfone. Não peça opinião a ninguém sobre essa atitude. A apresentação é sua
e pregador é o responsável pelo seu bom desempenho. O microfone deve ajudar a
exposição. Se, ao contrário, atrapalhar, é preferível ficar sem ele.

2) FALANDO EM PÚBLICO – SEM TRAUMAS


Há quem soe frio, fique com a boca seca e o estômago embrulhado à simples ideia de
falar em público. Talvez sirva de consolo saber que esses sintomas são comuns a 85% dos
mortais, mesmo em pessoas que já falaram em público, de acordo com pesquisa da
Universidade da Califórnia.
Uma pesquisa feita pela revista Veja, com três mil pessoas, com o título: “De que você
tem mais medo?”, revelou o seguinte:
- falar em público: 41%;
- medo de altura: 32%;
- insetos: 22%;
- problemas financeiros: 22%;

84 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

- águas profundas: 22%;


- doença: 19%;
- morte: 19%;
- viagem aérea: 18%;
- solidão. 14%;
- cachorro: 11%;
- dirigir ou andar de carro: 9%;
- escuridão: 8%;
- elevadores: 8%; e
- escada rolante: 5%.
É preciso desfazer mal-entendidos, como a suposição de que a plateia está sempre
pronta a crucificar o orador ao menor deslize. Na verdade, garante o professor Motley, as
pessoas ficam muito mais concentradas no conteúdo do discurso que nas habilidades do
orador. E, esclarece, está provado que sinais de ansiedade são muito menos perceptíveis do
que o orador julga. Para quem se dispõe a combater o medo de falar em público, ele ensina
algumas regras fundamentais:

- Defina objetivos - Antes de mais nada, identifique um ou dois pontos que deseja
comunicar. Depois, pense na melhor maneira de obter impacto com eles.

- Ponha-se lugar do público - Verifique as diferenças entre você e a maior parte do


público quanto a atitudes, interesses, familiaridade com o tema. Fale nos termos do
público, usando a linguagem dele.

- Não decore, não leia - Exceto poucas pérolas criteriosamente escolhidas, frases
memoráveis ou exemplos que, com certeza, funcionam, seja o mais espontâneo
possível. Não ensaie a ponto de dizer sempre as mesmas coisas da mesma forma.
Para não se desorganizar, use notas breves.

- Fale com uma pessoa de cada vez - Embora pareça absurdo discursar para um só,
olhar e falar para indivíduos na plateia ajuda a manter a naturalidade. Fale com cada
pessoa só o tempo em que o contato for confortável, em geral, uns 15 segundos.

85 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

- Tente não pensar em suas mãos e expressões faciais - Concentre-se no que deseja
comunicar e deixe a comunicação não verbal correr solta. Prestar atenção nos gestos
gera inibição ao constrangimento.

- Vá com calma - Algumas pessoas no auditório podem querer tomar notas. Colabore
indo devagar. Faça pausas. Guie o auditório delineando os itens mais e os menos
importantes. Lembre-se que seu objetivo é ajudar o público a entender e não
apresentar informações em tempo recorde.

- Fale de modo habitual – Expresse-se como se estivesse dirigindo-se a alguém que


respeita. Visar a perfeição é pouco realista e só cria tensões.

- Procure conselhos e críticas construtivas - Para a maioria, um planejamento


cuidadoso e um estilo informal garantem uma boa exposição. Uns poucos oradores
no entanto, têm peculiaridades que distraem o auditório. Solicite a crítica de alguém
em quem confia e concentre-se naquilo que o desvia de seu objetivo. Em geral, basta
estar ciente do problema para corrigi-lo. Mas, se não bastar, procure um curso ou um
professor de oratória.

3) DICAS DE ORATÓRIA SACRA


a) Como Aumentar O Poder Da Oratória
- Ler mais (principalmente a Bíblia).
- Usar o dicionário bíblico.
- Evitar as palavras complicadas.
- Pedir para outros corrigirem seus erros.
- Nunca usar palavras de significado desconhecido para você.
- Tenha certeza que a mensagem tocou profundamente em você primeiro.
- Mude de vez em quando o tom e a intensidade da voz. (Ênfase, ritmo.)

b) Cuidados Importantes:
- Nunca chegue na hora. Chegue antes da hora.
- Cuidado com a aparência.
- Prepare-se para toda sorte de imprevistos. Queda de luz; bêbados; desmaios;
esquecer o sermão; barulhos e etc.

86 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

- Olhe bem o que vai pregar, quando pregar sermões de outros...


- Não cruze os braços. Não coloque as mãos nos bolsos. Não coloque as mãos atrás
das costas.
- Preserve e cuide da voz – garganta (Não tome ou coma nada gelado; Evite correntes
fortes de ar; Não ande com sapatos molhados; Nada deve impedir a boa respiração:
postura, roupas apertadas; tenha regularidade no comer; repouse cedo e o
suficiente).
- Tenha certeza de que a mensagem está de acordo com o seu público.

c) Isto O Pregador Pode e Deve Fazer:


- Usar de bom humor apropriado na apresentação.
- Descobrir as necessidades do auditório.
- Procurar, de início, coisas em comum ou pessoas conhecidas.
- Usar recursos visuais quando possível.
- Fazer contato visual com o maior número de pessoas possível.
- Ter pleno conhecimento do que vai apresentar.
- Usar gestos apropriados e moderados.
- Ficar dentro do assunto.
- Se a boca ficar seca, dê uma breve pausa e beba um puco de água.
- Usar uma ilustração, uma história ou uma experiência.
- Usar a Bíblia é essencial, pelo menos um texto.

d) Isto O Pregador NÃO Deve Fazer


- Contar piadas demais. O humor deve ser moderado e objetivo.
- Púlpito não é “metralhadora” nem é fuzil...
- Usar recursos visuais em excesso.
- Usar slides ou transparências com muitas palavras.
- Ignorar as reações do público.
- Entrar em debates.
- Dizer coisas sem ter certeza.
- Ignorar o conhecimento do público.
- Perguntar se pode continuar ou terminar o sermão.
- Ser monótono, portanto, varie o tom.
- Tremer (na medida do possível).

87 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

- Elogiar a si mesmo.
- Cansar os ouvintes com sermões constantemente longos.
- Afastar-se do texto e do tema da mensagem.
- Cravar os olhos no chão ou no teto.
- Fixar o olhar exageradamente em algum ouvinte em particular.
- Permanecer rígido, imóvel, como uma estátua.
- Encerrar o sermão após o horário estabelecido para o término do culto (em ocasiões
normais).
- Abotoar e desabotoar o paletó a todo instante.
- Iniciar cada frase com um pigarro ou tossindo.
- Permanecer o tempo inteiro com o dedo indicador em forma acusadora.
- Dar socos na mesa ou no púlpito.
- Jogar a Bíblia sobre o púlpito.
- Ficar olhando o relógio o tempo todo.
- Desculpar-se por não estar preparado.
- Repetir várias vezes: “Logo vou terminar”. Se disser, então termine logo.
- Se expressar sendo presunçoso ou arrogante.

88 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

Capítulo 11

ERROS MAIS COMUNS E


COMO EVITÁ-LOS
1) A relação abaixo apresenta a grafia correta dos erros morfológicos e sintáticos mais
comuns. Alguns erros revelam maior desconhecimento da língua que outros.
- Deixe-o brincar com a “bandeija”. Não se brinca com uma “bandeija”. Brinca-se com
uma bandeja.
- O agiota cobrava juros de até 40% (por ano). Não confunda (por ano) com (ao ano).
No caso: O agiota cobrava juros de até 40% (ao ano). Por ano, você trabalha 12
meses e recebe 13 salários.
- Disseram que ele está com um problema “toráxico”. “Toráxico” não existe. O correto
é Torácico.
- Me “inclua fora” disso! Incluir fora é uma incoerência. Aliás, em nossos meios de
comunicação não faltam frases assim. Veja esses exemplos:
- Estou preso do lado de fora!
- O anexo segue em separado.
- Este é o protagonista secundário dessa história.
- Ele pegou a metade maior do roubo.
- Uma vítima fatal foi o saldo do acidente.
- É grande o “tráfico” aéreo sobre Congonhas. Se há “tráfico” aéreo sobre Congonhas,
não saberia lhe dizer. Mas o tráfego aéreo, este sim é grande. Em relação a trânsito, a
movimento, devemos usar (tráfego).
- Cristo foi “crucifixado”. Crucifixado e Crucificado são formas corretas. Não há
nenhum erro em usá-las. Assim como: crucificar ou crucifixar; crucificação ou
crucifixão.
- Compre “trezentas gramas” de carne moída. Não se compra “trezentas gramas”.
Compra-se trezentos gramas. Por quê? Por que grama, referindo-se a peso é
substantivo masculino e o numeral trezentos deve concordar com o substantivo:
Compre trezentos gramas de carne moída. Grama, substantivo feminino, é um
vegetal muito comum nos jardins.

89 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

- Ele foi “taxado” de corrupto. Ninguém é “taxado” de corrupto. O verbo (taxar)


significa tributar, pôr uma taxa. Tachar é que significa rotular, considerar. Portanto:
Ele foi tachado de corrupto. Tome cuidado: “tachar” não é usar “tachinha”, pregar
com tachas é “tachear”: O blusão do metaleiro é todo “tacheado”.
- Tenho de “estudar muito” ou Tenho que estudar muito? As gramáticas registram as
duas formas. Portanto é facultativo usar “ter de” ou “ter que”, ou seja, você está livre
para usar a forma que quiser. Alguns gramáticos recomendam usar “ter de”, quando
antes do “de” se subentende alguma necessidade ou obrigação: Tenho de (estudar
muito) hoje. Tenho de ir ao médico imediatamente.
- O terreno “será limpado” hoje. Cuidado! Usa-se limpo com os verbos (ser e estar): O
terreno (será limpo) hoje. Usa-se limpado com os verbos (ter e haver): Quem “teria
limpado” o terreno?
- Estou há muito tempo “de pé” ou Estou há muito tempo “em pé”? É facultativo. Use
qualquer um. As gramáticas registram as duas formas.
- Vou passear “consigo”. Consigo só pode ser usado com valor reflexivo: Falou
consigo. Pensou consigo. Portanto, não pode substituir “com você”, “com o senhor”:
Vou passear com você.
- É hora “dele” chegar. Não faça a contração de preposição com artigo ou pronome,
nos casos em que estiverem seguidos de infinitivo (flexionado ou não): É hora de ele
chegar. Apesar de o amigo “tê-lo” convidado.
- Não sei “donde” eles vieram. A forma “donde” está em desuso. Havendo a ideia de
procedência use “de onde”: Não sei de onde eles vieram. “Daonde” não existe.

2) Erros gramaticais e ortográficos devem, por princípio, ser evitados. Alguns, no entanto,
como ocorrem com maior frequência, merecem atenção redobrada. A seguir, veja os mais
comuns do idioma e use esta relação como um roteiro para fugir deles:
- “Mal cheiro”, “mau humorado”. Mal opõe-se a bem e mau a bom. Assim: mau cheiro
(bom cheiro), mal-humorado (bem-humorado). Igualmente: mau humor, mal-
intencionado, mau jeito, mal-estar.
- “Fazem” cinco anos. Fazer, quando exprime tempo, é impessoal: Faz cinco anos. / Fazia
dois séculos. / Fez 15 dias.
- “Houveram” muitos acidentes. Haver, como existir, também é invariável: Houve muitos
acidentes. / Havia muitas pessoas. / Deve haver muitos casos iguais.

90 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

- “Existe” muitas esperanças. Existir, bastar, faltar, restar e sobrar admitem normalmente
o plural: Existem muitas esperanças. / Bastariam dois dias. / Faltavam poucas peças. /
Restaram alguns objetos. / Sobravam ideias.
- Para “mim” fazer. Mim não faz, porque não pode ser sujeito. Assim: Para eu fazer, para
eu dizer, para eu trazer.
- Entre “eu” e você. Depois de preposição, usa-se mim ou ti: Entre mim e você. / Entre
eles e ti.
- “Há” dez anos “atrás”. Há e atrás indicam passado na frase. Use apenas há dez anos ou
dez anos atrás.
- “Entrar dentro”. O certo: entrar em. Veja outras redundâncias: Sair fora ou para fora, elo
de ligação, monopólio exclusivo, já não há mais, ganhar grátis, viúva do falecido.
- “Venda à prazo”. Não existe crase antes de palavra masculina, a menos que esteja
subentendida a palavra moda: Salto à (moda de) Luís XV. Nos demais casos: a salvo, a
bordo, a pé, a esmo, a cavalo, a caráter, etc.
- “Porque” você foi? Sempre que estiver clara ou implícita a palavra razão, use por que
separado: Por que (razão) você foi? / Não sei por que (razão) ele faltou. / Explique por
que razão você se atrasou. Porque é usado nas respostas. Ele se atrasou porque o
trânsito estava congestionado.
- Vai assistir "o" jogo hoje. Assistir como presenciar exige a: Vai assistir ao jogo, à missa,
à sessão. Outros verbos com a: A medida não agradou (desagradou) à população. / Eles
obedeceram (desobedeceram) aos avisos. / Aspirava ao cargo de diretor. / Pagou ao
amigo. / Respondeu à carta. / Sucedeu ao pai. / Visava aos estudantes.
- Preferia ir “do que” ficar. Prefere-se sempre uma coisa a outra: Preferia ir a ficar. E
preferível segue a mesma norma: É preferível lutar a morrer sem glória.
- O resultado do jogo, não o abateu. Não se separa com vírgula o sujeito do predicado.
Assim: O resultado do jogo não o abateu. Outro erro: O prefeito prometeu, novas
denúncias. Não existe o sinal entre o predicado e o complemento: O prefeito prometeu
novas denúncias.
- Não há regra sem “excessão”. O certo é exceção. Veja outras grafias erradas e, entre
parênteses, a forma correta: “paralizar” (paralisar), “beneficiente” (beneficente), “xuxu”
(chuchu), “previlégio” (privilégio), “vultuoso” (vultoso), “cincoenta” (cinquenta),
“zuar” (zoar), “frustado” (frustrado), “calcáreo” (calcário), “advinhar” (adivinhar),

91 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

“benvindo” (bem-vindo), “ascenção” (ascensão), “pixar” (pichar), “impecilho”


(empecilho), “envólucro” (invólucro).
- Quebrou “o” óculos. Concordância no plural: os óculos, meus óculos. Da mesma forma:
Meus parabéns, meus pêsames, seus ciúmes, nossas férias, felizes núpcias.
- Comprei “ele” para você. Eu, tu, ele, nós, vós e eles não podem ser objeto direto.
Assim: Comprei-o para você. Também: Deixe-os sair, mandou-nos entrar, viu-a,
mandou-me.
- “Aluga-se” casas. O verbo concorda com o sujeito: Alugam-se casas. / Fazem-se
consertos. / É assim que se evitam acidentes. / Compram-se terrenos. / Procuram-se
empregados.
- “Tratam-se” de. O verbo seguido de preposição não varia nesses casos. Trata-se dos
melhores profissionais. / Precisa-se de empregados. / Apela-se para todos. / Conta-se
com os amigos.
- Chegou “em” São Paulo. Verbos de movimento exigem “a” e não “em”: Chegou a São
Paulo. / Vai amanhã ao cinema. / Levou os filhos ao circo.
- Atraso implicará “em” punição. Implicar é direto no sentido de acarretar, pressupor:
Atraso implicará punição. / Promoção implica responsabilidade.
- Vive "às custas" do pai. O certo: Vive à custa do pai. Use também em via de, e não “em
vias de”: Espécie em via de extinção. / Trabalho em via de conclusão.
- Todos somos “cidadões”. O plural de cidadão é cidadãos. Veja outros: caracteres (de
caráter), juniores, seniores, escrivães, tabeliães, gangsteres.
- O ingresso é “gratuíto”. A pronúncia correta é gratúito, assim como circúito, intúito e
fortúito (o acento não existe e só indica a letra tônica). Da mesma forma: flúido,
condôr, recórde, aváro, ibéro, pólipo.
- A última “seção” de cinema. Seção significa divisão, repartição e sessão equivale a
tempo de uma reunião, função: Seção Eleitoral, Seção de Esportes, seção de
brinquedos; sessão de cinema, sessão de pancadas, sessão do Congresso.
- Vendeu “uma” grama de ouro. Grama, peso, é palavra masculina: um grama de ouro,
vitamina C de dois gramas.
- “Porisso”. Duas palavras, por isso, como de repente e a partir de.
- A feira “inicia” amanhã. Alguma coisa se inicia, se inaugura: A feira inicia-se (inaugura-
se) amanhã.

92 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

- Soube que os homens “feriram-se”. O que atrai o pronome: Soube que os homens se
feriram. / A festa que se realizou... O mesmo ocorre com as negativas, as conjunções
subordinativas e os advérbios: Não lhe diga nada. / Nenhum dos presentes se
pronunciou. / Quando se falava no assunto... _/ Como as pessoas lhe haviam dito... /
Aqui se faz, aqui se paga. / Depois o procuro.
- O peixe tem muito “espinho”. Peixe tem espinha. Veja outras confusões desse tipo: O
“fuzil” (fusível) queimou. / Casa “germinada” (geminada), “ciclo” (círculo) vicioso,
“cabeçário” (cabeçalho).
- Não sabiam “aonde” ele estava. O certo: Não sabiam onde ele estava. Aonde se usa com
verbos de movimento, apenas: Não sei aonde ele quer chegar. / Aonde vamos?
- “Obrigado”, disse a moça. Obrigado concorda com a pessoa: “Obrigada”, disse a
moça. / Obrigado pela atenção. / Muito obrigados por tudo.
- O governo “interviu”. Intervir conjuga-se como vir Assim: O governo interveio. Da
mesma forma: intervinha, intervim, interviemos, intervieram. Outros verbos derivados:
entretinha, mantivesse, reteve, pressupusesse, predisse conviesse, perfizera, entrevimos,
condisser, etc.
- Ela era “meia” louca. Meio, advérbio, não varia: meio louca, meio esperta, meio amiga.
- “Fica” você comigo. Fica é imperativo do pronome tu. Para a pessoa, o certo é fique:
Fique você comigo. / Venha pra Caixa você também. / Chegue aqui.
- A questão não tem nada “haver” com você. A questão, na verdade, não tem nada a ver
ou nada que ver. Da mesma forma: Tem tudo a ver com você.
- A corrida custa 5 “real”. A moeda tem plural: A corrida custa 5 reais.
- Vou “emprestar” dele. Emprestar é ceder e não tomar por empréstimo. Vou pegar o livro
emprestado. Ou: Vou emprestar o livro (ceder) ao meu irmão. Repare nesta
concordância: Pediu emprestadas duas malas.
- Foi “taxado” de ladrão. Tachar é que significa acusar de: Foi tachado de ladrão. / Foi
tachado de leviano.
- Ele foi um dos que “chegou” antes. Um dos que faz a concordância no plural: Ele foi
um dos que chegaram antes (dos que chegaram antes, ele foi um). Era um dos que
sempre vibravam com a vitória.
- Ministro nega que “é” negligente. Negar que introduz subjuntivo, assim como embora e
talvez: Ministro nega que seja negligente. / O jogador negou que tivesse cometido a
falta. / Ele talvez o convide para a festa. / Embora tente negar, vai deixara empresa.

93 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

- Tinha “chego” atrasado. “Chego” não existe. O certo: Tinha chegado atrasado.
- Queria namorar “com” o colega. O com não existe: Quer namorar o colega.
- O processo deu entrada “junto ao” STE. Processo dá entrada no STF. Igualmente: O
jogador foi contratado do (e não “junto ao”) Guarani. / Cresceu muito o prestígio do
jornal entre os (e não “junto aos”) leitores. / Era grande a sua dívida com o (e não
“junto ao”) banco. / A reclamação foi apresentada ao (e não “junto ao”) Procon.
- Chegou “a” duas horas e partirá daqui “há” cinco minutos. “Há” indica passado e
equivale a faz, enquanto “a” exprime distância ou tempo futuro (não pode ser
substituído por faz): Chegou há (faz) duas horas e partirá daqui a (tempo futuro) cinco
minutos. / O atirador estava a (distância) pouco menos de 12 metros. / Ele partiu há
(faz) pouco menos de dez dias.
- Blusa “em” seda. Usa-se de, e não em, para definir o material de que alguma coisa é
feita: Blusa de seda, casa de alvenaria, medalha de prata, estátua de madeira.
- A artista “deu à luz a” gêmeos. A expressão é dar à luz, apenas: A artista deu à luz
quíntuplos. Também é errado dizer: Deu “a luz a” gêmeos.
- Estávamos “em” quatro à mesa. O em não existe: Estávamos quatro à mesa. / Eramos
seis. / Ficamos cinco na sala.
- Sentou “na” mesa para comer. Sentar-se (ou sentar) em é sentar-se em cima de. Veja o
certo: Sentou-se à mesa para comer. / Sentou ao piano, à máquina, ao computador.
- Ficou contente “por causa que” ninguém se feriu. Embora popular, a locução não existe.
Use porque: Ficou contente porque ninguém se feriu.
- O time empatou “em” 2 a 2. A preposição é por O time empatou por 2 a 2. Repare que
ele ganha por e perde por. Da mesma forma: empate por.
- À medida “em” que a epidemia se espalhava... O certo é: À medida que a epidemia se
espalhava... Existe ainda na medida em que (tendo em vista que): É preciso cumprir as
leis, na medida em que elas existem.
- A moça estava ali “há” muito tempo. Haver concorda com estava. Portanto: A moça
estava ali havia (fazia) muito tempo. / Ele doara sangue ao filho havia (fazia) poucos
meses. / Estava sem dormir havia (fazia) três meses. (O havia se impõe quando o verbo
está no imperfeito e no mais-que-perfeito do indicativo.).
- Andou por “todo” país. Todo o (ou a) é que significa inteiro: Andou por todo o país
(pelo país inteiro). / Toda a tripulação (a tripulação inteira) foi demitida. Sem o, todo

94 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

quer dizer cada, qualquer: Todo homem (cada homem) é mortal. / Toda nação (qualquer
nação) tem inimigos.
- “Todos” amigos o elogiavam. No plural, todos exige os: Todos os amigos o elogiavam. /
Era difícil apontar todas as contradições do texto.
- Favoreceu “ao” time da casa. Favorecer, nesse sentido, rejeita a: Favoreceu o time da
casa / A decisão favoreceu os jogadores.
- Ela “mesmo” arrumou a sala. Mesmo, quanto equivale a próprio, é variável: Ela mesma
(própria) arrumou a sala. / As vítimas mesmas recorreram à polícia.
- Chamei-o e “o mesmo” não atendeu. Não se pode empregar o mesmo no lugar de
pronome ou substantivo: Chamei-o e ele não atendeu. / Os funcionários públicos
reuniram-se hoje: amanhã o país conhecerá a decisão dos servidores (e não “dos
mesmos”).
- Vou sair “essa” noite. É “este” que designa o tempo no qual se está ou objeto próximo:
Esta noite, esta semana (a semana em que se está), este dia, este jornal (o jornal que
estou lendo), este século (o século 20).
- A temperatura chegou a 0 “graus”. Zero indica singular sempre: Zero grau, zero-
quilômetro, zero hora.
- A promoção veio “de encontro aos” seus desejos. Ao encontro de é que expressa uma
situação favorável: A promoção veio ao encontro dos seus desejos. De encontro a
significa condição contrária: A queda do nível dos salários foi de encontro às (foi
contra) expectativas da categoria.
- Comeu frango “ao invés de” peixe. “Em vez” de indica substituição: Comeu frango em
vez de peixe. Ao invés de significa apenas ao contrário: Ao invés de entrar, saiu.
- Se eu “ver” você por aí... O certo é: Se eu vir, revir, previr. Da mesma forma: Se eu vier
(de vir), convier; se eu tiver (de ter), mantiver; se ele puser (de pôr), impuser; se ele
fizer (de fazer), desfizer; se nós dissermos (de dizer), predissermos.
- Ele “intermedia” a negociação. Mediar e intermediar conjugam-se como odiar. Ele
intermedeia (ou medeia) a negociação. Remediar, ansiar e incendiar também seguem
essa norma: Remedeiam, que eles anseiem, incendeio.
- Disse o que “quiz”. Não existe z, mas apenas s, nas pessoas de querer e pôr: Quis,
quisesse, quiseram, quiséssemos; pôs, pus, pusesse, puseram, puséssemos.

95 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

- O homem “possue” muitos bens. O certo: O homem possui muitos bens. Verbos em uir
só têm a terminação ui: Inclui, atribui, polui. Verbos em uar é que admitem ue:
Continue, recue, atue, atenue.
- A tese “onde”... Onde só pode ser usado para lugar: A casa onde ele mora. / Veja o
jardim onde as crianças brincam. Nos demais casos, use em que. A tese em que ele
defende essa ideia. / O livro em que... / A faixa em que ele canta... / Na entrevista em
que...
- Já “foi comunicado” da decisão. Uma decisão é comunicada, mas ninguém “é
comunicado” de alguma coisa. Assim: Já foi informado (cientificado avisado) da
decisão. Outra forma errada: A diretoria “comunicou” os empregados da decisão.
Opções corretas: A diretoria comunicou a decisão aos empregados. / A decisão foi
comunicada aos empregados.
- “Inflingiu” o regulamento. Infringir é que significa transgredir: Infringiu o regulamento.
Infligir (e não “inflingir”) significa impor: Infligiu séria punição ao réu.
- A modelo “pousou” o dia todo. Modelo posa (de pose). Quem pousa é ave, avião,
viajante, etc. Não confunda também iminente (prestes a acontecer) com eminente
(ilustre). Nem tráfico (contrabando) com tráfego (trânsito).
- Espero que “viagem” hoje. Viagem, com g, é o substantivo: Minha viagem. A forma
verbal é viajem (de viajar): Espero que viajem hoje. Evite também “comprimentar”
alguém: de cumprimento (saudação), só pode resultar cumprimentar. Comprimento é
extensão. Igualmente: Comprido (extenso) e cumprido (concretizado).
- O pai “sequer” foi avisado. Sequer deve ser usado com negativa: O pai nem sequer foi
avisado. / Não disse sequer o que pretendia. / Partiu sem sequer nos avisar.
- Comprou uma TV “a cores”. Veja o correto: Comprou uma TV em cores (não se diz TV
“a” preto e branco). Da mesma forma: Transmissão em cores, desenho em cores.
- “Causou-me” estranheza as palavras. Use o certo: Causaram-me estranheza as palavras.
Cuidado, pois é comum o erro de concordância quando o verbo está antes do sujeito.
Veja outro exemplo: Foram iniciadas esta noite as obras (e não “foi iniciado” esta noite
as obras).
- A realidade das pessoas “podem” mudar. Cuidado: palavra próxima ao verbo não deve
influir na concordância. Por isso: A realidade das pessoas pode mudar. / A troca de
agressões entre os funcionários foi punida (e não “foram punidas”).

96 - 97
Igreja de Cristo em Duque de Caxias
EFB – A Arte de Pregar

- O fato passou “desapercebido”. Na verdade, o fato passou despercebido, não foi notado.
Desapercebido significa desprevenido.
- “Haja visto” seu empenho... A expressão é haja vista e não varia: Haja vista seu
empenho. / Haja vista seus esforços. / Haja vista suas críticas.
- A moça “que ele gosta”. Como se gosta de, o certo é: A moça de que ele gosta.
Igualmente: O dinheiro de que dispõe o filme a que assistiu (e não que assistiu), a prova
de que participou, o amigo a que se referiu, etc.
- É hora “dele” chegar. Não se deve fazer a contração da preposição com artigo ou
pronome nos casos seguidos de infinitivo: É hora de ele chegar. / Apesar de o amigo tê-
lo convidado... / Depois de esses fatos terem ocorrido...
- Já “é” 8 horas. Horas e as demais palavras que definem tempo variam: Já são 8 horas. /
Já é (e não “são”) 1 hora, já é meio-dia, já é meia-noite.
- A festa começa às 8 “hrs”. As abreviaturas do sistema métrico decimal não têm plural
nem ponto. Assim: 8 h, 2 km (e não “kms”), 5 m, 10 kg.
- “Dado” os índices das pesquisas... A concordância é normal: Dados os índices das
pesquisas... / Dado o resultado... / Dadas as suas ideias...
- Ficou “sobre” a mira do assaltante. “Sob” é que significa “debaixo de”: Ficou sob a
mira do assaltante. / Escondeu-se sob a cama. “Sobre” equivale a “em cima” de ou “a
respeito de”: Estava sobre o telhado. / Falou sobre a inflação.
- Lembre-se: O animal ou o piano têm cauda e o doce, calda.
- “Ao meu ver”. Não existe artigo nessas expressões: A meu ver, a seu ver, a nosso ver.

97 - 97

Você também pode gostar