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ESTUDOS NA CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER

INTRODUÇÃO
Muitos crentes se incomodam com o ensino doutrinário. Principalmente quando esse vem em forma de uma
confissão de fé. Eles sustentam a máxima “nenhum credo somente a Bíblia”. Claro que há uma boa intenção
nisso, mas também revela certo preconceito e desconhecimento a respeito do que é uma confissão de fé:
“um resumo da instrução da Bíblia em pontos centrais”, sendo assim não são suplementares a Bíblia nem
independentes dela.
A princípio, devemos esclarecer que todos têm uma confissão de fé e essa pode ser:
1. Formal e pública, portanto, verificável quando submetida as Escrituras ou;
2. Informal e particular, neste caso, não possível de ser testada à luz da Bíblia.
POR QUE UMA CONFISSÃO DE FÉ? 1
Razões bíblicas
Os apóstolos, preocupados com a ortodoxia da igreja, demonstram zelo não semente em ensinar o que
aprenderam de Cristo, mas também em providenciar que esse ensino fosse passado de uma geração a
outra, inclusive por meio de documentos.
1. O concílio de Jerusalém (At 15.1-29): este concílio estabeleceu que a salvação pela graça é o
ensino autoritativo para toda igreja. A partir desse concílio, foi feito um documento que expressava
aquilo que se deveria crer na igreja de Cristo.
2. O “modelo da sã doutrina”: Paulo exortou a Timóteo que mantivesse o modelo da sã doutrina em
2Tm 1.13. Isso significava ensinar às próximas gerações exatamente o que ele tinha aprendido com
o apóstolo. Um padrão correto de doutrina autorizado pelos apóstolos – a tradição (ensino) dos
apóstolos – deveria conduzir a igreja mesmo depois do fim da era apostólica.
3. O caráter proposicional da fé: a salvação está ligada à fé no coração e à confissão com a boca
(Rm 10.9-10). Ambas são proposicionais, ou seja, elas devem afirmar uma verdade bíblica e universal.
Da mesma forma, aqueles que negam essa verdade doutrinária deveriam ser excluídos da
comunhão da igreja (Rm 16.17-18).
Não há pecado, portanto, em seguir uma tradição doutrinária (2Ts 3.6), desde que essa seja regulada pelas
Escrituras Sagradas. A Bíblia é a regra reguladora, enquanto os credos, confissões e catecismos são regra
regulada.
O Juiz Supremo, pelo qual todas as controvérsias religiosas têm de ser determinadas e por quem serão examinados
todos os decretos de concílios, todas as opiniões dos antigos escritores, todas as doutrinas de homens e opiniões
particulares, o Juiz Supremo em cuja sentença devemos nos firmar não pode ser outro senão o Espírito Santo falando
na Escritura. (Confissão de Fé de Westminster, 1.10)

OUTRAS RAZÕES
1. Declaratória: dar testemunho aos outros acerca da fé pessoal e coletiva (1Pe 3.15).
2. Apologética: mostrar às autoridades e a outros grupos religiosos que a fé reformada estava em
harmonia com as Escrituras.
3. Didática: ensinar aos fiéis (inclusive crianças, jovens e novos convertidos) as verdades centrais da
fé bíblica.
4. Litúrgica: confessar e proclamar a fé no culto público (inclui um propósito homilético); preparar os
que irão participar da Ceia do Senhor.

1
TRUEMAN, Carl, O imperativo confessional, Brasília-DF: Monergismo, 2018.
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A SAGRADA ESCRITURA
Confissão de Fé de Westminster, Cap. 1

INTRODUÇÃO
As confissões de fé reformadas têm como característica principal a proeminência que dão às Escrituras
Sagradas. Todas elas têm como fundamento o Sola Scriptura, a doutrina que afirma que a Sagrada Escritura
é suficiente como revelação de Deus e de sua vontade para salvação.
A Confissão de Fé de Westminster começa seu resumo doutrinário pela afirmação da suficiência da Palavra
de Deus, a autoridade e juiz supremo da Igreja. Dessa maneira, nossos padrões se definem subordinados à
Bíblia e dela somente derivam sua autoridade.
ONDE DEUS SE REVELA
1. Ainda que a luz da natureza e as obras da criação e da providência de tal modo manifestem a bondade, a sabedoria
e o poder de Deus, que os homens ficam inescusáveis, contudo não são suficientes para dar aquele conhecimento de
Deus e da sua vontade necessário para a salvação; por isso foi o Senhor servido, em diversos tempos e diferentes
modos, revelar-se e declarar à sua Igreja aquela sua vontade; e depois, para melhor preservação e propagação da
verdade, para o mais seguro estabelecimento e conforto da Igreja contra a corrupção da carne e malícia de Satanás
e do mundo, foi igualmente servido fazê-la escrever toda. Isto torna indispensável a Escritura Sagrada, tendo cessado
aqueles antigos modos de revelar Deus a sua vontade ao seu povo. Ref. Sl 19:1-4; Rm 1:32, 2:1, 1:19-20, 2:14-15; 1Co 1:21,
2:13-14; Hb 1:1-2; Lc 1:3-4; Rm 15:4; Mt 4:4,7,10; Is 8: 20; 1Tm. 3:15; 2Pedro 1:19.

Revelação Geral
A Bíblia afirma que Deus se revela por meio da criação, da providência e, também, na consciência dos
homens (Rm 2.15). Essa verdade é claramente ensinada no Salmo 19.1-7 e em Romanos 1.19-20. É isso que a
Confissão afirma quando diz que “a luz da natureza e as obras da criação e da providência de tal modo
manifestem a bondade, a sabedoria e o poder de Deus”.
Chamamos isso de revelação geral porque todos os homens de todas as épocas e de todos os lugares têm
acesso a ela. Ninguém foi privado dela.
Características
1) Ela é geral, pois é dada a todos os homens.
2) Ela é insuficiente para salvar, uma vez que apenas revela Deus e seus atributos, mas não é suficiente
“para dar aquele conhecimento de Deus e da sua vontade necessário para a salvação”.
3) Ele condena os homens, “porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem
lhe deram graças” (Rm 1.21), “Tais homens são, por isso, indesculpáveis” (Rm 1.20).
Revelação Especial
A Bíblia também afirma que Deus se revelou de maneira especial aos que Ele quis salvar por meio da Palavra
e do Espírito Santo (1Co 1.21; 2.13,14). Essa revelação especial é a Escritura Sagrada (Sl 19.7-14).
1) Ela é especial, pois é dada somente a igreja.
2) Ela é necessária para dar “aquele conhecimento” para salvação que a revelação geral não transmite.
Assim, No Antigo Testamento “Deus falou muitas vezes e de várias maneiras aos nossos antepassados
por meio dos profetas” (Hb 1.1) e no Novo por meio da palavra de Cristo (Rm 10.17).
4) Ela foi escrita para “melhor preservação e propagação da verdade, para o mais seguro estabelecimento
e conforto da Igreja contra a corrupção da carne e malícia de Satanás e do mundo” (Lc 1.3,4; Rm 15.4; Mt
4.4; Ap 21.5).
5) Ela é suficiente, pois cessaram “aqueles antigos modos de revelar Deus a sua vontade ao seu povo”,
conforme nos ensina Hebreus 1.1.
CONCLUSÃO
A Sagrada Escritura é uma dádiva da graça de Deus para aqueles a quem Ele quis se revelar especialmente
para salvação, seus eleitos. Não é especial quem “ouve” Deus falar por outros meios, mas aqueles a quem
são dados ouvidos para ouvir e olhos para ver o que Deus revelou na sua Palavra bendita (Mt 13.10-17).

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O QUE É A PALAVRA DE DEUS?
2. Sob o nome de Escritura Sagrada, ou Palavra de Deus escrita, incluem-se agora todos os livros do Velho e do Novo
Testamento [...], todos dados por inspiração de Deus para serem a regra de fé e de prática. Ref. Ef 2:20; Ap 22:18-19;
2Tm 3:16; Mt 11:27.
3. Os livros geralmente chamados Apócrifos, não sendo de inspiração divina, não fazem parte do cânon da Escritura;
não são, portanto, de autoridade na Igreja de Deus, nem de modo algum podem ser aprovados ou empregados senão
como escritos humanos. Ref. Lc 24:27,44; Rm 3:2; 2Pe 1:21.

INTRODUÇÃO
Nossos símbolos de fé, depois de afirmarem a suficiência das Escrituras como revelação especial de Deus,
a única que pode dar o conhecimento de Deus e de sua vontade necessários para salvação, mostram
preocupação em deixar claro quais livros são canônicos, ou seja, quais são inspirados pelo Espírito Santo a
fim de serem a única regra de fé e prática para Igreja de Cristo. Portanto, quando perguntamos “O que é a
Palavra de Deus?”, os padrões de Westminster prontamente respondem:
“As Escrituras Sagradas, o Velho e o Novo Testamento, são a Palavra de Deus, a única regra de fé e prática (2Tm 3.16;
2Pe 1.19, 21; Is 8.20; Lc 16.29, 31; Gl 1.8-9)2.

OS LIVROS INSPIRADOS OU CANÔNICO


1) Cânon3: O cânone cristão é a lista oficial de textos, as Escrituras, que são inspirados por Deus, portanto
autoritativo para a igreja. O termo traduz tanto uma palavra grega quanto uma palavra hebraica que
significam “uma regra” ou “bastão de medida”. O fechamento do cânon aconteceu no século 4 d.C.
Foram considerados inspirados apenas 66: 27 do NT e 39 do AT.
2) Cânon do Antigo Testamento: O Antigo Testamento cristão consiste em escritos judaicos anteriores
à época de Jesus que também foram aceitos pelos cristãos como parte de seu cânon da Bíblia. O cânon
do Antigo Testamento protestante inclui os mesmos livros que o cânon judaico da Escritura (a Bíblia
hebraica), embora a divisão e a ordem de alguns livros sejam diferentes. Os judeus não usavam a
expressão Antigo Testamento, eles se referiam a esses livros como TANAK (Lc 24:27,44): Torah (Lei),
Nevi’im (Profetas), e Kethubim (Escritos).
3) Cânon do Novo Testamento: O cânon do Novo Testamento de quase todos os grupos cristãos atuais
inclui 27 livros atribuídos aos apóstolos ou pessoas associadas a eles.
Exemplos:
1. Lucas, sob a supervisão de Paulo
2. Marcos, sob a supervisão de Pedro
As igrejas de tradição reformada somente aceitam os livros inspirados pelo Espírito Santo, que é o autor
divino das Escrituras (2Tm 3.16; 2Pe 1.21; 2Pe 3.16; Ap 22.18-19).
OS LIVROS APÓCRIFOS
Há mais livros apócrifos do que canônicos. Porém, por causa da Igreja Católica Apostólica Romana são mais
conhecidos os seguintes: Tobias, Judite, I e II Macabeus, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico (também
chamado Sirácide ou Ben Sirá), Baruque, a História de Susana e de Bel e o dragão (adições nos livros de
Daniel e Ester).
CONCLUSÃO
A Igreja de Jesus tem um número limitado de escritos inspirados por Deus. Esses formam as Escrituras do
Antigo e Novo Testamentos. Não se deve, portanto, acrescentar a elas nem se retirar delas um til que seja.
(Ap 22.18-19; Dt 12.32)
Assim, os crentes devem ser cuidadosos ao ouvir pregações e ensinos e devem também repudiar aquilo
que comumente é conhecido como “novas revelações do Espírito” (Gl 1.8-9). Deus revela-se por sua Palavra,
que é “As Escrituras Sagradas, o Velho e o Novo Testamento”.

2
Catecismo Maior de Westminster, pergunta 3.
3
Elwell, W. A., & Comfort, P. W. (2001). In Tyndale Bible dictionary (p. 170). Wheaton, IL: Tyndale House Publishers; Barry, J. D.,
Klippenstein, R., & Wolcott, C. S. (2016). Canon, Overview of the. In J. D. Barry, D. Bomar, D. R. Brown, R. Klippenstein, D. Mangum, C.
Sinclair Wolcott, … W. Widder (Orgs.), The Lexham Bible Dictionary. Bellingham, WA: Lexham Press.
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DE ONDE VEM A AUTORIDADE DA PALAVRA DE DEUS?
4. A autoridade da Escritura Sagrada, razão pela qual deve ser crida e obedecida, não depende do testemunho de
qualquer homem ou igreja, mas depende somente de Deus (que é a própria verdade) que é o seu autor; tem, portanto,
de ser recebida, porque é a palavra de Deus. Ref. 2Tm 3:16; 1Jo 5:9, 1Ts 2:13.

Outra razão ainda temos nós para, incessantemente, dar graças a Deus: é que, tendo
vós recebido a palavra que de nós ouvistes, que é de Deus, acolhestes não como
palavra de homens, e sim como, em verdade é, a palavra de Deus, a qual, com efeito,
está operando eficazmente em vós, os que credes. (1Ts 2.13)

INTRODUÇÃO
Uma doutrina nunca surge no vácuo. Ela é sempre elaborada dentro de um contexto histórico e, se mostrar
verdadeira, é estabelecida como dogma a ser crido pela Igreja em todas as gerações. Assim, uma doutrina
serve a dois propósitos pelo menos:
1. 1.Ccombater uma heresia e
2. Afirmar a verdade bíblica sobre determinado assunto.
A. A. Hodge descreve o contexto em que se desenvolveu a doutrina da autoridade da Escritura Sagrada:
Esta proposição se destina a negar a heresia romanista de que a Igreja inspirada é a fonte de todo conhecimento
divino, e que a Escritura escrita e a tradição eclesiástica igualmente dependem do selo autoritativo da Igreja para sua
credibilidade. E assim as Escrituras se convertem em produto do Espírito através da Igreja; enquanto que, na verdade,
a Igreja é que é produto do Espírito através da instrumentalidade da Palavra.4

A AUTORIDADE DA ESCRITURA NA IGREJA ROMANA

Figura 1
A figura 1 ilustra o pensamento católico sobre as Escrituras até o dia de hoje. A Bíblia está subjugada ao Papa
que é o cabeça visível da igreja, portanto aquele que tem autoridade de interpretar a Bíblia, formando assim
a tradição e o ensino da igreja. Nessa posição o Vigário de Cristo é infalível.
A AUTORIDADE DA ESCRITURA NAS IGREJAS EVANGÉLICAS
É importante notar que também entre os evangélicos há distorções quanto a doutrina da autoridade da
Escritura. Há crentes e igrejas (denominações) que subjugam a Bíblia a coisas como: experiências,
sentimentalismo, pragmatismo, tradicionalismo, carisma da liderança etc.
O QUE NOSSOS SÍMBOLOS AFIRMAM
Que a razão por que a Escritura Sagrada deve ser crida e obedecida é que:
1) Sua autoridade não depende do testemunho de qualquer homem ou igreja. (1Jo 5.9)
2) Sua autoridade depende somente de Deus (que é a própria verdade) que é o seu autor.
3) É, de fato, a Palavra de Deus. (2Tm 3.16; 1Ts 2.13)

4
HODGE, Archibald Alexander, A Confissão de Fé de Westminster comentada, São Paulo: Cultura Cristã, 1999.
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COMO SOMOS CONVENCIDOS QUE A BÍBLIA É A PALAVRA DE DEUS?
5. Pelo testemunho da Igreja podemos ser movidos e incitados a um alto e reverente apreço da Escritura Sagrada; a
suprema excelência do seu conteúdo, e eficácia da sua doutrina, a majestade do seu estilo, a harmonia de todas as
suas partes, o escopo do seu todo (que é dar a Deus toda a glória), a plena revelação que faz do único meio de salvar-
se o homem, as suas muitas outras excelências incomparáveis e completa perfeição, são argumentos pelos quais
abundantemente se evidencia ser ela a palavra de Deus; contudo, a nossa plena persuasão e certeza da sua infalível
verdade e divina autoridade provém da operação interna do Espírito Santo, que pela Palavra e com a Palavra testifica
em nossos corações. Ref. 1Tm. 3:15; 1Jo 2:20,27; Jo 16:13-14; 1Co 2:10-12.
Algumas pessoas creem que a Bíblia é a Palavra de Deus e se submetem a sua autoridade. Essas pessoas
acreditam que a Escritura Sagrada é sua única regra de fé e prática e que nela se encontra tudo que é
necessário para vida e piedade (1Pe 1.3).
No entanto, há um outro grupo que despreza a Bíblia. Para essas pessoas ela é um livro antiquado, radical e
até preconceituoso. Seus princípios e valores não podem servir como guia para a homem. Tais pessoas não
creem que a Sagrada Escritura é a Palavra de Deus. Se a obedecem é por mera coincidência.
Há ainda um terceiro grupo: o das pessoas que admiram a Bíblia e podem se relacionar com ela de forma
mística, espiritualizada ou supersticiosa, mas, mesmo assim, não a veem como autoritativa para suas vidas.
Muitos crentes fazem parte desse grupo.
Quem convence uma pessoa a aceitar a autoridade da Palavra de Deus sobre si? De onde vem “nossa plena
persuasão e certeza” de que Bíblia é de fato a Palavra de Deus? O que aconteceu no primeiro grupo de
pessoas que não aconteceu com as demais?
EVIDÊNCIAS INTERNAS, MAS NÃO SUFICIENTES
A primeira parte dessa seção mostra que a própria Bíblia, conteúdo, doutrina, estilo, harmonia das partes, a
centralidade na glória de Deus, a revelação da salvação por meio Jesus Cristo e sua perfeição (entre outras
coisas), são evidências de que a Bíblia é a palavra inspirada de Deus.
Hodge acrescenta como característica internas da origem divina da Bíblia as seguintes: 5
O fenômeno que ela apresenta uma inteligência supernatural: a unidade de desígnio desenvolvida em toda sua
estrutura, embora seja composta de sessenta e seis livros individuais, escrita por quarenta diferentes autores, os quais
escreveram ao longo de dezesseis séculos.
A perfeição sem paralelo do seu sistema moral: na sublime visão de Deus que e as Escrituras apresentam, sua lei e
governo morais; em seu elevado, não obstante prático e beneficente, sistema de moralidade, demonstrado e
eficientemente imposto; em seu prodigioso poder sobre a consciência humana; e no inigualável alcance e persistência
de sua influência sobe as comunidades humanas.
Ainda que esses sejam argumentos que evidenciam a inspiração e autoridade divinas da Escritura Sagrada,
eles são por si mesmos insuficientes para convencer as pessoas de que a Bíblia é a Palavra de Deus.
É preciso mais que inteligência e perspicácia para convencer-se de tal verdade. Só cremos que a Bíblia é a
Palavra de Deus se o Espírito Santo testificar isso em nossos corações.
O TESTEMUNHO INTERNO E EFICAZ DO ESPÍRITO SANTO
Há uma terceira característica apresentada por Hodge, essa suficiente e eficaz, que atesta ser a Bíblia a
Palavra de Deus é que a crença na autoridade da Sagrada Escritura é “obra direta do Espírito Santo em
nossos corações”.
...a nossa plena persuasão e certeza da sua infalível verdade e divina autoridade provém da operação interna do
Espírito Santo, que pela Palavra e com a Palavra testifica em nossos corações. (Leia 1Co 2.6-16; Ef 6.17)

CONCLUSÃO
“As Escrituras, para o homem não regenerado, são como a luz para o cego. Podem ser sentidas como os
raios solares são sentidos pelo cego, mas não podem ser claramente vistas. O Espírito Santo abre os olhos
dos cegos e comunica a devida sensibilidade ao coração enfermo; e assim a confiança emana da evidência
da experiência espiritual”.6

5
Ibid.
6
Ibid.
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A BÍBLIA É SUFICIENTE E CLARA
6. Todo o conselho de Deus concernente a todas as coisas necessárias para a glória dele e para a salvação, fé e vida
do homem, ou é expressamente declarado na Escritura ou pode ser lógica e claramente deduzido dela. À Escritura
nada se acrescentará em tempo algum, nem por novas revelações do Espírito, nem por tradições dos homens;
reconhecemos, entretanto, ser necessária a íntima iluminação do Espírito de Deus para a salvadora compreensão das
coisas reveladas na palavra, e que há algumas circunstâncias, quanto ao culto de Deus e ao governo da Igreja, comum
às ações e sociedades humanas, as quais têm de ser ordenadas pela luz da natureza e pela prudência cristã, segundo
as regras gerais da palavra, que sempre devem ser observadas. Ref. 2Tm 3:15-17; Gl 1:8; 2Ts 2:2; Jo 6:45; 1Co 2:9-10,
l2; 1Co 11:13-14.
1) A Escritura é suficiente (2Tm 3.15-16)
A Bíblia revela suficientemente tudo que é necessário para:
a) Glória de Deus
b) Salvação do homem
c) Fé
d) Vida (prática)
2) Nada deve ser acrescentado à Escritura. (Gl 1.8,9; 2Ts 2.2)
Em toda a Bíblia encontramos a advertência de que não se deve acrescentar nada à Palavra de Deus. Por
exemplo: Dt 4.2, 12.327; Pv 30.6; Ap 22.18, 19. Em especial lei Dt 13.
3) Somente pela iluminação do Espírito Santo se pode compreender a Escritura de forma salvadora.
(Jo 6:45; 1Co 2:9-12)
reconhecemos, entretanto, ser necessária a íntima iluminação do Espírito de Deus para a salvadora compreensão das
coisas reveladas na palavra
4) As regras gerais da Palavra de Deus devem ser usadas para ordenar as circunstâncias do culto a
Deus e do governo da igreja. (1Co 11:13-14)
e que há algumas circunstâncias, quanto ao culto de Deus e ao governo da Igreja, comum às ações e sociedades
humanas, as quais têm de ser ordenadas pela luz da natureza e pela prudência cristã, segundo as regras gerais da
palavra, que sempre devem ser observadas.

A Bíblia é clara
7. Na Escritura não são todas as coisas igualmente claras em si, nem do mesmo modo evidentes a todos; contudo, as
coisas que precisam ser obedecidas, cridas e observadas para a salvação, em um ou outro passo da Escritura são tão
claramente expostas e explicadas, que não só os doutos, mas ainda os indoutos, no devido uso dos meios ordinários,
podem alcançar uma suficiente compreensão delas. Ref. 2Pe 3:16; Sl 119:105, 130; At 17:11.
1) Há passagens e ensinos difíceis. (1Pe 3.16)
De forma geral podemos dizer que a Bíblia é clara e de fácil compreensão, mas há certas passagens difíceis.
Mesmo assim, tais passagens são exceção e não regra podem ser iluminadas por outras passagens das
Escrituras. Esse é o princípio da analogia da fé.
2) A Escritura é clara (Sl 119.105, 130)
a) No que diz respeito à salvação
b) A Escritura explica-se a si mesmo (analogia da fé)
c) Elas podem ser entendidas por todos que diligentemente busquem fazê-lo (At 17.11)
CONCLUSÃO
As doutrinas que acabamos de estudar dão a cada crente encorajamento para ler sua Bíblia com a certeza
de que a compreenderão em seu todo e encontrarão para si mesmos orientação e conforto.
Para todos que diligentemente se dedicam à regular leitura da Bíblia e à meditação nela associada a oração
e à pregação das Escrituras bem podem ter a certeza de que a Escritura se mostrará útil para o ensino,
repreensão, correção e educação na justiça e que por meio delas serão habilitados a todo boa obra (2Tm
3.16-17).
O Senhor Jesus nos deu seu Espírito para nos conduzir a toda verdade (Jo 16.13) e nos ensinar todas as
coisas e nos lembrar da sua Palavra (Jo 14.26). Assim podemos ter segurança de que a Bíblia nunca será um
mistério para nós, pois contamos com a iluminação do Espírito Santo.

7
O princípio regulador do culto
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EM QUE LÍNGUA DEVE ESTAR A BÍBLIA?
8. O Velho Testamento em Hebraico (língua vulgar do antigo povo de Deus) e o Novo Testamento em Grego (a língua
mais geralmente conhecida entre as nações no tempo em que ele foi escrito), sendo inspirados imediatamente por
Deus e pelo seu singular cuidado e providência conservados puros em todos os séculos, são por isso autênticos e
assim em todas as controvérsias religiosas a Igreja deve apelar para eles como para um supremo tribunal; mas, não
sendo essas línguas conhecidas por todo o povo de Deus, que tem direito e interesse nas Escrituras e que deve no
temor de Deus lê-las e estudá-las, esses livros têm de ser traduzidos nas línguas vulgares de todas as nações aonde
chegarem, a fim de que a palavra de Deus, permanecendo nelas abundantemente, adorem a Deus de modo aceitável
e possuam a esperança pela paciência e conforto das escrituras. Ref. Mt 5:18; Is 8:20; 2Tm 3:14-15; 1Co 14; 6, 9, 11, 12,
24, 27-28; Cl 3:16; Rm 15:4.
1) As línguas originas: hebraico (AT) e grego (NT) eram as línguas comuns e amplamente conhecidas e
faladas pelas pessoas em suas épocas. A Palavra de Deus foi imediatamente inspirada nessas línguas.
2) A preservação: pela providência de Deus o texto original foi preservado puro e chegou até nós. Por
isso são autênticos.
3) A tradução: uma vez que as línguas originais não são sempre acessíveis a todos, é necessário que se
traduza a Escritura do original para a língua comum de cada nação alcançada por ela. Além disso, cópias
da Bíblia devem ser postas nas mãos das pessoas.
4) As controvérsias: com respeitos a controvérsias, as Escrituras, nas línguas originais, são o “supremos
tribunal” da Igreja.
QUE REGRA DEVE SER USADA PARA SE INTERPRETAR A BÍBLIA?
9. A regra infalível de interpretação da Escritura é a mesma Escritura; portanto, quando houver questão sobre o
verdadeiro e pleno sentido de qualquer texto da Escritura (sentido que não é múltiplo, mas único), esse texto pode ser
estudado e compreendido por outros textos que falem mais claramente. Ref. At 15:15; Jo 5:46; 2Pe 1:20-21.
1) Analogia da fé: Quando estudamos sobre a clareza das Escrituras, aprendemos sobre o princípio da
“analogia da fé”, ou seja, a Bíblia explica a si mesma. Aqui, esse princípio é mais claramente ensinado. A
regra é que somente a Escritura interpreta infalivelmente a si mesma.
2) Sentido único: aqui também é ensinado que cada texto tem um sentido único e não diverso. Esse
sentido é alcançado por meio do estudo diligente da Bíblia comparando determinado texto com outros
mais claros.

“Ele lhes disse: “Como vocês custam a entender e como demoram a crer em tudo o
que os profetas falaram! Não devia o Cristo sofrer estas coisas, para entrar na sua
glória?” E começando por Moisés e todos os profetas, explicou-lhes o que constava a
respeito dele em todas as Escrituras”. (Lc 24.25-27)

QUEM É O JUIZ SUPREMO DA IGREJA?


10. O Juiz Supremo, pelo qual todas as controvérsias religiosas têm de ser determinadas e por quem serão
examinados todos os decretos de concílios, todas as opiniões dos antigos escritores, todas as doutrinas de homens e
opiniões particulares, o Juiz Supremo em cuja sentença devemos nos firmar não pode ser outro senão o Espírito Santo
falando na Escritura. Ref. Mt 22:29, 31; At 28:25; Gl 1:10.
A conclusão do capítulo sobre a Escritura Sagrada ensina que a igreja pode se servir das decisões de seus
concílios, de livros piedosos ou de opiniões de teólogos, mas tudo isso deve ser antes avaliado e autorizado
pela Bíblia que é o “Juiz Supremo” da igreja. Mesmo os credos e confissões devem ser julgados pela
Escritura Sagrada.
Assim também, as controvérsias, discussões doutrinárias e teológicas serão resolvidas pelo “o Juiz Supremo
em cuja sentença devemos nos firmar” que “não pode ser outro senão o Espírito Santo falando na Escritura”.
CONCLUSÃO
A Escritura Sagrada deve ser acessível a todas as pessoas, por isso é necessário que seja traduzida para a
língua dos povos que já foram alcançados por ela. É dever, portanto, dos crentes levar a Bíblia às nações e
patrocinar sua tradução.
Ela é o supremo juiz da igreja, portanto ela julga todas as coisas, mas não é julgada por nada nem ninguém.
Sua sentença é o fundamento no qual a igreja deve se firmar.

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