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A apologética no evangelismo

Introdução

Que diferença verdadeira faria na vida de um descrente caso ele venha se tornar cristão?

O que faz a verdadeira diferença quando um descrente torna-se cristão?

Por exemplo, caso esse descrente esteja passando por uma calamidade e venha dizer: meu

Por exemplo, caso essa pessoa que ainda não conhece Cristo esteja passando por uma
calamidade e diga: meu vizinho que é crente está na mesma situação do que eu, que diferença
faria eu vir me tornar cristão? Ou ainda, outro descrente diga: eu sou bem-sucedido
financeiramente e minha família é bem estruturada, que diferença faria eu vir me tornar um
cristão?

Essas questões acima e tantas outras fazem parte do nosso trabalho de evangelismo, no
entanto, boa parte de nós não saberia responder a essas e tantas outras questões. Em suma,
quando pregamos, muitas vezes parece que estamos demostrando que a mensagem do
Evangelho é irrelevante. E é aí que deve entrar a apologética.

Quando afastamos a apologética da nossa mensagem evangelística, nos comportamos


estranhamente. Temos uma fiel interpretação das Escrituras, possuímos uma teologia
sistemática confessional, mas nosso evangelismo demonstra que o ser humano tem razão
suficiente para crer em Deus à parte das Escrituras.

E Com isso em mente, nós nos aproximamos de um descrente para compartilhar a nossa fé
utilizando-se de pressupostos comuns, mas sem utilizar o conteúdo revelacional. E qual é o erro
disso? E onde está o erro? Será Seria injusto, em alguma altura do diálogo trazer essa verdade
revelada para dentro da conversa?

O que devemos fazer?

O que é apologética?

Em linhas gerais podemos dizer que: a apologética é dar uma justificação da razão da esperança
cristã para aqueles que nos desafiam, ou nos questionam (1Pe 3.15). A apologética não está
relacionado ao “pedir desculpas”. Durante a história da Igreja, muitas escolas de apologética
surgiram. Alguns buscaram obedecer essa ordem de 1Pe 3.15 contando com argumentos
racionais, tentando demonstrar a existência de Deus pela força da lógica. Tomas de Aquino
possui uma obra extensa que comprava essa teoria. Outros ainda basearam seus argumentos
em apelos às sensibilidades estéticas e morais, tal como a espiritualidade contemplativa de
Chateaubriand ou Kant. E finalmente, outros tentaram apresentar evidências históricas para a
realidade do relato cristão.

No entanto, a posição adotada por alguns reformados, como Abraham Kuyper e Van Til por
exemplo, foi chamada de Apologética Pressuposicionalista ou Apologética Aliancista. Essa
abordagem não despreza as outras apologéticas, mas as utiliza onde elas podem fazer sentido.

mas utiliza-se delas onde podem fazer sentido.


Pressuposicionalismo 101

Como vimos acima visto até agora, temos aqui uma breve definição de apologética. Tratando-
se de apologética pressuposicionalista podemos ver que existem três aspectos que devem ser
observados:

 Apologética como prova: é apresentar uma base racional da nossa fé ou provar que o
cristianismo é verdadeiro. Com frequência observa-se Jesus e os apóstolos fazendo isso.
Eles forneciam evidências para as pessoas que tinham dificuldade de para crer no
evangelho (Jo 14.11; 1Co 15.1-11). Isso quer dizer que a apologética confronta a
descrença no indivíduo, quer ele seja crente e no ou descrente.
 Apologética como defesa: O apóstolo Paulo descreve a sua missão como “... defesa e
confirmação do evangelho” (Fp 1.7; 16). Ou seja, para Paulo parte de da sua missão era
responder as objeções de dos descrentes. Na carta aos Romanos vemos observa-se
Paulo montando um discurso como se estivesse respondendo objeções de pessoas
imaginárias. Outro exemplo vívido disso é Ou como Jesus respondia os questionamentos
dos líderes religiosos de Israel ou as interpretações que eles tinham da Lei.
 Apologética como ofensiva: Nesse caso é significa: atacar a estultícia do pensamento do
descrente (Sl 14.1; 1Co 1.18-2.16). Deus não chama os crentes, somente, para responder
os questionamentos dos descrentes, mas também atacar o erro e a falsidade (2Co 10.4-
5)1.

Esses três aspectos da apologética são relacionáveis entre si quando se utilizados corretamente.
Por exemplo, caso tenhamos o propósito de mostrar a razão de nossa crença (nº 1), nós
devemos que justificar nosso raciocínio contra as objeções (nº 2) e as alternativas (nº 3)
colocadas pelos incrédulos.

Outro ponto que podemos levantar deve ficar claro para entender compreender o que é a
apologética pressuposicionalista é pelo próprio pressuposto; ou seja, todo ser humano é
governado por pressupostos. Ou ainda em utilizando um termo mais próximo: uma cosmovisão.

Pressupostos não podem ser provados por métodos tradicionais (provas teístas e evidências
históricas), mas eles podem ser provados “transcendentalmente”. Isso quer dizer que, o
argumento começa estabelecendo as condições necessárias sob as quais todos os outros tipos
de conhecimento são possíveis.

Mas para que não sejamos enredados apenas em considerações filosóficas, podemos pode se
dizer que o ponto de transcendência é Deus. É em Deus que que podemos o indivíduo pode
olhar para fora de si (teorreferente). E A alavanca para esse argumento seria a própria revelação.
Entretanto, mas nesse caso tanto a revelação especial e quanto a revelação geral para o pecador
será seria impossível oferecer um discernimento correto por causa do seu coração caído.

Então o que fazer? A resposta é: buscar um ponto de contato, ou seja, algo que seja faça parte
universal da experiência humana.

E daí? Primeiro, devemos evitar esses erros

1
Cf. FRAME, John M. Apologética para a glória de Deus. São Paulo: Cultura Cristã, 2010, pp. 14-15
Parece que é preciso “traduzir” a mensagem do evangelho para a linguagem moderna, contudo,
sem ceder à pressão da mente secular. Por quê? Existem alguns problemas que podem ser
criados quando cedemos a pressão:

A primeira é quando se perde a paciência e tentamos ser ouvidos pela luta de poder ou pela
violência força. Por exemplo, quando vemos se observa movimentos querendo reformas
legislativas ou políticas sem mudar requerer a mudança dos fatores espirituais que as sustentam
e governam.

Tentamos mudar a superfície sem se preocupar-nos com a profundidade da “coisa em si”. Ou


seja, não mostramos que o evangelho pode ser impactante para a pessoa e isso pode ser
refletido nos meios que elas estão. onde quer que ela esteja, independente de seu cargo ou
trabalho.

A segunda forma vai em direção oposta da anterior. Ficamos felizes com as crenças cristãs, mas
isso faz com que se crie guetos evangélicos com uma cultura própria envolta de costumes e
dialetos. Essa forma de vida contradiz o mandamento bíblico de sermos luz do mundo (Mt 5.15).

Mesmo que alguns entendam que esse isolamento poderia ser uma forma de guardar a
comunidade cristã, o erro acima continuaria a ser verdadeiro. Pois, além de deixarmos de ser
luz nós estamos estaríamos negando o fato de irmos por todo mundo que Deus criou.

Por fim, uma terceira forma perigosa é o “mero evangelismo”. Abordamos o incrédulo com a
mensagem de que o mundo está indo de mal a pior, mas que Deus criará um Novo Céu e uma
Nova Terra. É verdade que a mensagem do Evangelho é uma mensagem de esperança em um
mundo hostil, mas o evangelismo não se resumo resume a um mero “proclamar simples sair,
falar e distribuir alguns folhetos... Ele está envolvido com proclamar e ensinar a mensagem
bíblica. Mostrando ao ouvinte que a relevância do Evangelho não é só para o mundo porvir, mas
para esse mundo que ainda não passou.

Mas, e daí?

Tudo bem! No ponto anterior eu havia dito havíamos visto que existem duas coisas dentro do
pressuposicionalismo que são utilizadas na apologética. E se a nossa proposta é mostrar o uso
delas no nosso evangelismo eficaz, então vamos lá, de maneira bem simples.

Se o nosso ponto de transcendência é Deus e que a nossa alavanca é a sua revelação, podemos,
então, é possível estabelecer um ponto de contato com o que foi dito de sobre cosmovisão
(visão teorreferente).

De maneira muito bem simplória fácil e esclarecida dizemos que a nossa cosmovisão é
estabelecida por aquilo que entendemos de metanarrativa, ou seja: criação, queda, redenção e
consumação.

Em tese, esses quatro temas não são respondidos, exclusivamente, por cristãos, mas por todos
de qualquer crença e/ou ideologia. Partindo do pressuposto que todos estejam dispostos a
responder quando se pergunta a razão de sua fé...
Para o cristão:

 Quem criou o mundo: Deus


 Como se chama o problema que há no mundo: Pecado
 Como resolver: Redenção em Jesus
 Para onde vamos após a morte: céu ou inferno

Para o naturalista/ ateu2:

 Quem criou o mundo: O mundo surgiu por um processo essencialmente aleatório e/ou
não-planejado. A inteligência não foi a causa da criação, mas o resultado.
 Como se chama o problema que há no mundo: é causado pela ignorância humana
 Como resolver: desenvolvimento científicos ou como diz o professor de História Yuval
Noah Harari o futuro do Homem é ser um ciborgue3;
 Para onde vamos após a morte: não temos nenhum destino

Obviamente que os pontos acima são rasos, mas estão aí para demonstrar que existem verdades
universais que são pontos de contato com o incrédulo, como o William Edgar mostra:

“Se o ponto de contato não estiver dentro da razão sem auxiliares,


onde se encontra? Em palavras simples, a Bíblia diz que está no
conhecimento que todos já possuem sobre a realidade de Deus.
Conforme Romanos 1.19-21, todas as pessoas conhecem a Deus,
estando cercadas por sua revelação natural. Reconhecendo-o
plenamente ou não, processando as informações corretamente ou
não, toda pessoa tem consciência de Deus pelo simples fato de que é
um ser humano”4

Portanto, creio que podemos é possível dizer que o grande ponto de contato é que ninguém
consegue viver sem religião, mesmo que ela não esteja estruturada dentro dos moldes comuns.
Tais religiões Mas que elas possuem liturgias próprias, elas possuem. Por exemplo, James Smith
utiliza-se da metáfora do shopping center para mostrar que este espaço contém aspectos
litúrgicos onde que o adorador deposita suas expectativas e felicidades em busca de uma vida
realizada. Essa mesma lógica se aplica pode ser aplicada em outras áreas da vida.

Tratando do evangelismo

Tradando Quando se trata de evangelismo, o que devemos se deve entender? Em suma, duas
coisas: primeiro que o evangelismo não tem o propósito inicial da salvação dos pecadores. Ou
seja: o propósito do evangelismo é a glória de Deus (pesado... )

2
Cf. GEISLER, Norman L.; BOCCHINO, Peter. Fundamentos inabaláveis: respostas aos maiores
questionamentos contemporâneos sobre a fé cristã: clonagem, bioética, aborto, eutanásia,
macroevolução. São Paulo: Vida, 2003, p. 57
3
Cf. HARARI, Yuval Noah, Sapiens – uma breve história da humanidade. – 1. ed. – Porto Alegre, RS:
L&PM, 2015
4
EDGAR, William. Razões do coração. Brasília, DF: Refúgio, 2000, p.56
Quando digo que o propósito do evangelismo é a glória de Deus, eu não estou excluindo salvação
dos pecadores. A princípio, Primeiro por glória de Deus digo o que a Bíblia diz no Salmo 96 e nos
ensina: Anunciai entre as nações a sua glória, entre todos os povos, as suas maravilhas. Porque
grande é o Senhor e mui digno de ser louvado, temível mais que todos os deuses. Porque todos
os deuses dos povos não passam de ídolos; o Senhor, porém, fez os céus. (96.3-5).

A ordem de Deus ao seu povo era que a sua glória deveria ser manifesta em todas as nações e
não somente isso, alguns salmos (66.3, 4, 8; 68.30-32; 86.8-10) mostram que essa adoração viria
de outras nações em resposta aos atos poderosos de Deus, em resposta à sua justiça e por seu
governo soberano em resposta à restauração a Israel, que será seria benção para outras nações
e como parte da adoração universal a Deus: Render-te-ão graças, ó Senhor, todos os reis da
terra, quando ouvirem as palavras da tua boca, e cantarão os caminhos do Senhor, pois grande
é a glória do Senhor (Sl 138.4, 5). Por que é importante ter isso em mente?

Porque Dessa maneira não nos frustraremos em nosso evangelismo. Se saímos às ruas para
anunciar o evangelho e nenhum pecador aceita a Cristo, podemos cair no pragmatismo achando
que a mensagem do Evangelho não é suficiente poderosa e por não haver algo que atraia o
pecador devemos arrumar algo que lhe chame a atenção.

Por fim, o evangelismo – como os próprios textos acima demonstram – é um confronto com o
pecador, principalmente com a idolatria. Paulo é um exemplo desse confronto. Em suas
abordagens ele luta com a idolatria em suas cartas, o evangelismo entre os pagãos e sua luta
pastoral com a idolatria dentro da própria igreja.

Romanos 1.18-32 pode ser tomado utilizado como exemplo de sua luta com a idolatria descrita
em suas cartas. Nesta passagem Paulo mostra que a idolatria está originada no cancelamento,
no sufocamento da verdade sobre Deus, verdade esta que está disponível e é conhecida por
todos. Por definição de idolatria, Chris Wright, diz que:

“A prática da idolatria envolve a inversão da ordem criada: adoração


ao Deus vivo é substituída pela adoração às imagens da criação. A
idolatria se diz sábia, mas é a profunda loucura. Ela resulta num
verdadeiro catálogo de perversões e de maldade, contaminando todas
as dimensões da vida humana – sexual, social, familiar e pessoal. A
idolatria aliena, obscurece, degrada, divide e mata”5

A batalha contra a idolatria é parte essencial do nosso evangelismo eficaz e verdadeiro, Paulo
está atacando nessa passagem uma idolatria que abrange a teologia, o intelecto, a parte
espiritual, ética e social.

Em Atos dos Apóstolos temos apresenta três capítulos que demonstram como Paulo
evangelizou entre os pagãos.

Em Atos 14.8-20, na cidade de Listra, Paulo e Barnabé curam um aleijado e por causa disso são
aclamados como deuses em formas de homens (v.11) ao ponto do sacerdote pagão da cidade
querer fazer sacrifícios em nome deles (vv.12-13). Mas Paulo protestou fortemente mostrando
que ele e seus companheiros eram apenas homens e anunciou o evangelho mostrando

5
WRIGHT, Christopher J. H. A missão de Deus: desvendando a grande narrativa da bíblia. – São Paulo:
Vida Nova, 2014, p.185
anunciando quem era de fato o Deus verdadeiro para que aquelas pessoas, ensinando ao a
deixarem essas coisas vãs e se convertessem ao Deus vivo (v.15).

Em Atos 17.16-34 Paulo está em outra cidade, Atenas. Aqui é aquela Uma passagem conhecida
que mostra apresenta o debate de Paulo com os filósofos sobre Jesus e a ressurreição. Por causa
do seu ensinamento Paulo foi convocado diante das autoridades no Areópago para que eles
averiguassem o que falava. E Isso foi uma ponte para o evangelismo, pois Paulo mostrou uma
divindade totalmente diferente do que eles estavam acostumados. Ele mostrou um Deus que
não dependia de reconhecimento das autoridades, mas era ele um Deus o que criou todas as
coisas e seu trono está nos céus. Ele não precisa de serviços humanos, nem moradia e muito
menos de alimentação, pois é ele quem dá tudo a todos.

Por fim, em Éfeso, Paulo ficou dois anos pregando publicamente (At 19.9-10) sendo
acompanhados de milagres (vv.11, 12) onde houve havendo um verdadeiro um crescimento
verdadeiro de convertidos (vv.17-20). Diante disso, do tamanho crescimento dos convertidos, o
mercado dos ídolos ficou ameaçado na cidade (vv.23-27).

Nesta passagem de Atos 19 não temos um relato detalhado do que Paulo pregava, mas pelo que
Atos 19.26 e as outras passagens acima mostram, a mensagem do Evangelho foi uma
confrontação direta a idolatria existente.

Conclusão

O que vimos neste breve texto foi que, em nenhum momento pretendi mostrar que com a
utilização da o uso da apologética no evangelismo o fará eficaz, mas que um não pode existir
um sem o outro, ou seja: não há evangelismo eficaz, sem uma apologética sadia! Pois, como o
próprio método apologético apresentado, nós devemos depender de Deus e de sua Palavra.

E quando anunciarmos o evangelho ele será confrontador ao pecador, principalmente em suma:


ele confrontará a idolatria existente. Se a mensagem do evangelho não confrontar o pecador,
essa mensagem não é o evangelho. Porquanto, anunciar o evangelho é visar a glória de Deus
com o objetivo de fazer levar o pecador a fazer aquilo que ele não deseja em sua
pecaminosidade: glorificar a Deus.

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