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A BÍBLIA

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E A R120

CIÊNCIA MODERNA

POR

HENRY M. MORRIS, Ph. D.

Publicado pela

TOR Imprensa Batista Regular


"LITERATURA EVANGÉLICA PARA O BRASIL"

Rua Kansas 770, Brooklin - 04558 - São Paulo - SP.


1978
Copyright, 1951, por
THE MOODY BIBLE INSTITUTE
DE CHICAGO, EE.UU.

Publicado no Brasil com a devida autorização

Primeira Edição 1965


Segunda Edição 1978

Impresso nas oficinas da


Associação Religiosa
Imprensa da Fé
C.P. 18918
São Paulo - Brasil
PREFACIO

PROPÓSITO DESTE LIVRO, dito de modo franco e sem apo


O logias, é conquistar pessoas para a fé genuína em Jesus
Cristo como o eterno Filho de Deus, e na Bíblia como a Palavra
de Deus, bem como ajudar a fortalecer a fé daqueles que já
creram. A fé cristã não está fundada sobre pensamentos ten
denciosos ou sobre cega acolhida do que diz a tradição; antes,
porém, sobre um tremendo acúmulo de evidência real e objetiva.
O alvo deste pequeno livro é apresentar, de forma suma
rizada, algo dessa evidência, bem como responder às objeções
mais freqüentemente levantadas contra o Cristianismo Bíblico.
As evidências e questões discutidas são, em sua maior parte,
de tipo objetivo, e não da espécie subjetiva ou filosófica. O
leitor deve considerar, por certo, que a evidência nunca pode
ser apresentada com força suficiente para compelir sua aceita
ção por parte da mente que já se fechou para a possibilidade
dela ser verídica. Doutro modo, não haveria lugar para o livre
arbítrio moral, e Deus deseja que nos acheguemos a Ele com
espírito voluntário, em fé, amor e gratidão.
Não obstante, há tanta evidência disponível para servir de
base da fé em Cristo e Sua Palavra que é possível encontrar-se
mais do que ampla “razão para a esperança", caso se examine
essa evidência com mente aberta e coração disposto. O testemu
nho deste escritor, qualquer que seja o valor desse testemunho, é
que, tendo estudado ao menos algo sobre a maioria das ciências
básicas, tendo pertencido a muitas sociedades científicas e ten
do-se associado com cientistas e intelectuais diariamente, pelo
espaço de vinte anos, tendo ensinado em três grandes univer
sidades por catorze anos, tendo lido milhares de livros e artigos
a respeito de diversos temas científicos e ao mesmo tempo
passado pelo menos uma hora diariamente, durante mais de
quinze anos, no estudo da Bíblia ele está firmemente con
-

vencido que cada palavra da Bíblia foi inspirada por Deus,


sendo absolutamente isenta de erro, havendo inúmeros sinais
da inspiração divina por todas as páginas. Mas, o que talvez
seja ainda mais significativo, essa convicção objetiva tem sido
abundantemente confirmada, através dos anos, pela realidade
experimental do Cristo vivo, que habita no coração pela fé, e
supre cada necessidade e faz ampla provisão para toda "paz
e alegria na esfera da fé".
Entre as maiores dessas Suas bênçãos incontáveis, pode-se
enumerar uma maravilhosa esposa cristã e seis ótimos filhos.
Este livro é dedicado a eles, e a oração de todos nós é para que
nosso Pai celeste use-o para trazer encorajamento e bênção
a muitos leitores, e que alguns sejam levados ao lugar da plena
aceitação de Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador.

HENRY M. MORRIS
CONTEÚDO

I - A Ciência Moderna na Bíblia 7

II A Teoria da Evolução 28

III A Ciência Moderna e o Dilúvio 53

IV - A Bíblia e a História 84

V -
Profecias Cumpridas e Evidências Internas 105
CAPÍTULO I

A CIÊNCIA MODERNA NA BÍBLIA

MA DAS MAIS ARREBATADORAS EVIDÊNCIAS da inspiração da


U Bíblia é o grande número de verdades científicas que têm
jazido oculto em suas páginas por trinta séculos ou mais, ver
dades essas que só foram descobertas pelo engenho humano
dentro dos últimos poucos séculos ou mesmo anos. Vamos
examinar algumas delas.
Consideremos o campo da astronomia. Durante milhares
de anos, muitos sábios se têm ocupado a contar as estrelas e as
constelações. Antes da invenção do telescópio, no século XVII,
o número das estrelas era considerado como praticamente de
terminado. O grande Ptolomeu fixou o seu número em 1056
estrelas. Tycho Brahe catalogou 777, e Kepler contou 1005.
Desde então esse número tem sido espantosamente multiplicado,
por certo, e o fim nem ao menos remotamente está à vista.
É fato conhecido que existem mais de 100 bilhões de estrelas
somente em nossa própria galáxia, havendo provavelmente
bilhões de outras galáxias semelhantes à nossa. Em verdade,
conforme a maioria dos astrônomos atuais concordam, não é
humanamente possível contar todas as estrelas. Isso não teria
sido admitido por cientistas de poucos séculos passados. Mas
a Bíblia faz tal afirmação vezes sem conta. Uma dessas ins
tâncias se encontra em Jeremias 33:22: " ..não se pode contar
o exército dos céus..."
Como outro exemplo, examinemos Jó 26:7: "Ele... faz
pairar a terra sobre o nada". Isso se assemelha tremendamente
à ciência do século XX! Até mesmo a existência da hipotética
substância-espaço, chamada "éter", é agora considerada por mui

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tos físicos e astrônomos como algo provado como falso. A atra
ção da gravidade é invocada como explicação para a afinidade
da terra ao sol, mas isso nada explica. Ninguém sabe o que é
a gravidade, nem porque ela existe. Trata-se meramente de um
termo inventado para explicar certos fenômenos observáveis.
Em verdade, nada existe na ciência moderna que se possa adi
cionar ou subtrair da secular afirmação bíblica que Deus faz
pairar a terra sobre o nada.
Ou então, consideremos Isaías 40:22, onde, falando acerca
de Deus, diz o profeta: "Ele é o que está assentado sobre o
globo da terra..." A palavra aqui muito bem traduzida como
"globo" é o termo hebraico khug, "esfericidade" ou "redondeza"
O Salmo 19 desde muito tempo vem sendo fonte de diver
são para os críticos da Bíblia. Falando acerca do sol, diz o
salmista: "Principia numa extremidade dos céus, e até à outra
vai o seu percurso; e nada refoge ao seu calor". Tem sido
afirmado que o escritor desse versículo obviamente acreditava
na antiga noção de que o sol gira em torno da terra.
Mas essa acusação é muito injusta, visto que continuamos
empregando frases e palavras do mesmo tipo, simplesmente por
que falamos de nosso ponto de vista natural de que o sol surge
pela manhã acima do horizonte, atravessa o céu, e desaparece
no outro extremo. A ciência inteira da astronomia e da enge
nharia náutica se baseia sobre a suposição, feita puramente por
conveniência, de que a terra é o centro de uma grande esfera
celestial, na superfície da qual se movem, em órbitas bem or
denadas, o sol, a lua, os planetas e as estrelas. E, no que tange
a qualquer uso prático, assim é. Baseando-nos nessa premissa,
podemos traçar cursos, determinar posições, e fazer vintenas de
outras aplicações.
As palavras do salmista, entretanto, talvez tenham sentido
profundo, muito mais científico que isso. Os principais astrô
nomos acreditam atualmente que o sol, juntamente com o sis
tema solar inteiro, em realidade atravessa o espaço com a
tremenda velocidade de 1.160.000 quilômetros por hora, numa
órbita tão gigantesca que são necessários dois milhões de séculos
para completar uma volta. Além disso, é provável que nossa
galáxia também esteja se movendo em relação às outras galáxias.

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O circuito do sol é de uma extremidade a outra dos céus! Quem
pode acusar o Espírito Santo de ignorar a moderna astronomia?
É glorioso perceber que o Grande Astrônomo e Matemá
tico que criou os céus, estabelecendo todas as estrelas e uni
versos de estrelas em seus respectivos cursos, o qual, de con
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formidade com o Salmo 147, chama-os todos '...pelos seus


nomes...", é o mesmo que chama a mim e a ti para a vida
eterna em Jesus Cristo!
Examinemos, entretanto, a ciência da meteorologia por
alguns instantes. O "ciclo da água", mediante o qual a água
se precipita na forma de chuva ou neve, e então é drenada
para o oceano pelo sistema de rios, de onde é novamente elevada
por meio da evaporação até o céu, e pelo vento é trazida de
volta à terra para ser outra vez precipitada, é um fato funda
mental desse campo comparativamente novo da ciência. No en
tanto, esse fato foi notavelmente apresentado na Bíblia, séculos
antes do homem descobri-lo. Além disso, é fato atual bem
conhecido que as principais correntes aéreas do mundo seguem
circuitos bem definidos. Esses grandes circuitos aéreos são
responsáveis em grande escala por todas as grandes correntes
oceânicas, como pelas grandes correntes aéreas do mundo. Essa
grande verdade, no entanto, é questão apenas recentemente
descoberta. Leia-se, porém, Eclesiastes 1:6,7, escrito pelo rei
Salomão há três mil anos: "O vento vai para o sul, e faz
o seu giro para norte; volve-se e revolve-se, na sua carreira
e retorna aos seus circuitos. Todos os rios correm para o
mar, e o mar não se enche; ao lugar para onde correm os rios,
para lá tornam eles a correr". Não admira que tanto se fale
a respeito da sabedoria de Salomão! Não é apropriado pergun
tar, porém, como sucedeu que ele sabia dessas coisas quando
ninguém teve conhecimento delas senão milhares de anos
mais tarde?
Consideremos igualmente as palavras de Eliú, em Jó
36:27-29: "Porque atrai para si as gotas de água que de seu
vapor destilam em chuva, a qual as nuvens derramam, e gote
jam sobre o homem abundantemente. Acaso pode alguém en
tender o estender-se das nuvens, e os trovões do seu pavilhão?"
Esta passagem apresenta um excelente e conciso sumário daque
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las fases do ciclo hidrológico que envolve o maravilhosíssimo
processo físico da evaporação, condensação e precipitação.
A ciência ainda tem muito que aprender no tocante aos
detalhes dos processos do ciclo da água. Cada fase desse ciclo
é absolutamente necessária para que a vida exista sobre a terra,
e oferece testemunho abundante quanto à sua origem nas mãos
de um Criador infinitamente sábio e beneficente. Há muitas
outras referências, nas Escrituras, às várias fases das ciências
da hidrologia e da meteorologia, tudo notavelmente de confor
midade com os estudos mais recentes nesses campos.

É muito significativo que as leis e regulamentos médicos


e sanitários de Moisés estavam muito mais adiantados do que
os de sua época. Para verificar isso, é necessário somente
comparar os costumes e crenças dos egípcios e babilônios anti
gos, por exemplo, com os dos hebreus, que lhes foram trans
mitidos nos livros de Moisés. Para exemplificar, em Levítico 11
se encontra uma lista dos animais, peixes, pássaros e insetos
que os israelitas podiam considerar como limpos e aptos para
serem comidos. O critério da ruminação e de cascos fendidos
foi estabelecido para indicar os animais limpos. Continuamos
guiando-nos por essas mesmas regras, excetuando que também
ingerimos carne de porco, de coelho e de lebre, a qual era
proibida aos judeus por essa regra. Sabe-se agora, todavia, que
esses animais facilmente estão sujeitos a infecções parasitárias,
e só podem ser comidos com segurança se tiverem sido alimen
tados cuidadosamente e tiverem sido bem cozidos antes de serem
trazidos à mesa. Os pássaros e peixes que os israelitas tinham
permissão de comer são atualmente reconhecidos, pelo moderno
conhecimento médico, como os mais seguros e melhores de
serem ingeridos. Os únicos insetos dos quais os israelitas po
diam alimentar-se eram certos gafanhotos, besouros e locustas,
que na atualidade são reconhecidos por nutrirem-se de alimentos
puros, que os humanos podem consumir com segurança. Em
certas partes do mundo continuam sendo comidos em grandes
quantidades, e evidentemetne são bem satisfatórios como ali
mentos

Em Deuteronômio 14:21, Moisés proibiu aos judeus co


merem da carne de qualquer animal que tivesse morrido de

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morte natural, a despeito do fato que os judeus viviam em
regiões desérticas, onde seus rebanhos eram fontes muito essen
ciais de alimentação. Não obstante, isso continua sendo consi
derado como conselho tão bom que leis semelhantes têm sido
postas em vigor na maioria dos países civilizados de nossos dias.
A questão do suprimento de água e do sistema de esgotos
se reveste de grande interesse e importância, tanto para os
bacteriologistas como para os engenheiros civis, e também para
o público em geral. Não foi senão algumas vintenas de anos
atrás que tornou-se reconhecida a significação de suprimento
limpo e sanitário de água para a prevenção de enfermidades.
Moisés, entretanto, parecia conhecer muita coisa acerca de
bacteriologia moderna, visto que proibiu beber água tirada de
poços pequenos ou estagnados, ou beber água que fora con
taminada ao entrar em contacto com animais ou com carne.
(Ver Levítico 11:29-36). Em Deuteronômio 23:12-14, são
dadas orientações para que o conteúdo dos esgotos fosse enter
rado. Todos esses regulamentos sanitários, bem como aqueles
referentes à higiene pessoal do corpo, eram extremamente
adiantados comparados com as práticas observadas até mesmo
nos chamados países civilizados do mundo até cem anos atrás.
Isso também é verdade no terreno da segregação e do trata
mento de enfermidades tais como a lepra.
Não somente as leis científicas e médicas de Moisés eram
muito mais adiantadas que as de sua época, mas outro tanto
se pode dizer a respeito das leis civis. É fato bem conhecido
que as leis de Moisés formam a base do sistema legal de todas
as grandes nações democráticas do mundo moderno. Embora
seja verdade que os primitivos babilônios e hititas possuíam
códigos legais que sob certos aspectos eram semelhantes aos
de Moisés, também é verdade que não eram tão lógicos, tão
justos ou tão completos como aqueles encontrados no Penta
teuco. Ainda mais importante, a lei dos hebreus não tinha
paralelo devido ao fato que centralizava tudo em torno da
adoração e do serviço ao Deus único, Jeová, conceito esse in
teiramente ausente entre os babilônicos e hititas daquela época.
A grande verdade revelada em Levítico 17:11 (e em certo
, a respeito da preeminente

11
importância do sangue no mecanismo biológico, tem sido com
preendida de modo mais ou menos adequado somente em anos
recentes: "Porque a vida da carne está no sangue...”
A continuação da vida física depende do suprimento con
tínuo de oxigênio, água e alimentos para as células de todas as
partes do corpo. Essa função absolutamente necessária é reali
zada de mo tão maravilhoso pelo sangue, enquanto circula
constantemente pelo organismo, ano após ano. A função do
sangue, no combate aos organismos microscópicos que produzem
doenças, e na reparação dos tecidos danificados, é uma das
descobertas mais significativas da moderna ciência médica, e
o emprego de transfusões de sangue, que é um dos mais be
néficos tratamentos para quase todas as espécies de enfermi
dade, testifica mais ainda sobre a supremacia do sangue na vida
da carne.
A Palavra de Deus falava com exatidão científica, acerca
dessa grande verdade biológica, milhares de anos antes do ho
mem descobri-la e elaborá-la. Não obstante, foi dada primaria
mente para ensinar uma verdade espiritual ainda mais extra
ordinária a necessidade do derramamento de sangue como
sacrifício para a remissão dos pecados. O sangue, que é o ca
nal da vida, se torna também o veículo da enfermidade e da in
fecção, para o corpo inteiro, quando aquelas conseguem domi
nar o sistema. A vida física simboliza a vida espiritual, e a
morte física simboliza a morte espiritual. A enfermidade e o
dano físico simbolizam a enfermidade espiritual do pecado.
Quando a infecção do pecado se propaga pela alma, produ
zirá finalmente a eterna morte espiritual. Ora, para produzir
e manter a vida espiritual, deve-se introduzir vida nova, vinda
do exterior, vida que não está manchada pelo pecado e que
contenha o poder de combater os assaltos do pecado contra a
alma espiritualmente moribunda. Figuradamente, é essencial
uma transfusão de sangue, o qual deve ter sido outorgado por
um doador qualificado, cujo sangue possua a pureza e a eficá
cia requeridas para a salvação da alma espiritualmente mo
ribunda.

Isso é o mínimo que se pode dizer quanto às profun


dezas de significado espiritual (e mesmo biológico) existente
12
na doutrina bíblica do sacrifício substitutivo. ...sem derra
mamento de sangue não há remissão" (Heb. 9:22). Esse era o
simbolismo dos sacrifícios de animais na lei mosaica. E esse
simbolismo encontra sua culminação final e universal na morte
expiatória do Filho de Deus pelos pecados do mundo.
Disse Jesus: "...isto é o meu sangue, o sangue da aliança,
derramado em favor de muitos, para remissão de pecados" (Ma
teus 26:28).
Por virtude da morte expiatória de Jesus, cada um dos
que recebem Sua vida mediante a fé vida essa que foi der
-

ramada na morte, ainda que novamente trazida à vida pelo


poder de Deus recebe perdão e purificação de todo pecado,
e, de fato, recebe o próprio Cristo tudo isso é simbolizado
pelo sangue derramado. Pois Jesus explicou: "Quem comer a
minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna, e eu o
ressuscitarei no último dia... Quem comer a minha carne e
beber o meu sangue, permanece em mim e eu nele" (João 6:54,
56).
Muitos outros exemplos de verdade científica, encontrados
nas Escrituras, poderiam ser citados dentre praticamente todo
campo da ciência física, biológica ou social. Somente mais um
exemplo será dado, e esse revestido de grande importância.
O princípio básico de toda ciência física é o da conserva
ção e deterioração da energia. A lei da conservação da energia
afirma que, em qualquer transformação de energia, em um sis
tema fechado qualquer, o total da quantidade de energia perma
nece inalterado. Lei semelhante é a lei da conservação da mas
sa, a qual estabelece que embora a matéria se altere quanto à
forma, tamanho, estado, etc., a massa total não pode ser alte
rada. Em outras palavras, essas leis ensinam que nenhuma cria
ção ou destruição de matéria ou energia está sendo atualmente
realizada em qualquer parte do universo físico.
Essa lei é absolutamente básica e de importância especial
para todas as ciências físicas (a lei da conservação da massa em
realidade é uma parte especial da lei da conservação da ener
gia). Ela foi demonstrada quantitativamente pela ciência, ape
nas há cerca de cem anos. Não obstante, a Bíblia tem ensi
nado essa verdade por milhares de anos, afirmando que a cria
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ção não tem mais prosseguimento (o que é contrário à filoso
fia da contínua criação evolucionária), mas antes, que o pre
sente sistema é meramente o resultado de uma criação divina
original, a qual, naturalmente, não é susceptível de estudo ex
perimental nos nossos dias. Por exemplo, afirma Hebreus 4:3:
"... embora, certamente, as obras estivessem concluídas desde
a fundação do mundo". E Gênesis 2:1, 2 estipula: "Assim,
pois, foram acabados os céus e a terra, e todo o seu exército.
E havendo Deus terminado no dia sétimo a sua obra, que fi
""

zera...

Essa lei da conservação da massa e da energia é também


conhecida como a primeira lei da termodinâmica, a qual, quase
sem controvérsia alguma, é a lei mais importante e básica de
toda a ciência física. Conforme temos visto, ela foi antecipada
pelos registros bíblicos acerca da criação terminada.
A segunda lei da termodinâmica, de importância quase tão
grande como a primeira, enuncia a lei corolária da deterioração
da energia. Em qualquer transferência ou alteração de ener
gia, embora a quantidade total de energia permaneça inalterada,
a quantidade de utilidade e disponibilidade, possuída pela ener
gia, vai diminuindo sempre. Esse princípio também é chamado
de lei da entropia crescente, visto que a "entropia" é uma es
pécie de abstração matemática que em realidade é uma medida
da indisponibilidade da energia de um sistema.
Assim, em qualquer sistema mecânico fechado, a despeito
de quão pequeno ou grande seja o mesmo, a energia desse sis
tema tem de diminuir continuamente, enquanto alguma altera
ção de energia esteja tendo lugar no sistema visto que algo
-

dessa energia é dissipado na fricção irrecuperável ou em ener


gia calórica. Ora, visto que todas as atividades da natureza
(incluindo as atividades biológicas) envolvem tais transferên
cias de energia, deve haver um descréscimo constante de ener
gia usável para manter tais processos no universo como um todo.
A lei da entropia crescente é responsável pelo fato que ne
nhuma máquina pode ser construída com cem por cento de efi
ciência, e que máquina moto-contínua é impossível. É lei de
primordial importância nos campos deste escritor, a mecânica

14
de fluídos e hidrologia, e também em todas as demais discipli
nas da ciência física.
Praticamente falando, toda a energia da terra, excetuando
sua energia atômica, vem ou tem vindo da parte do sol. Não
obstante, a parte maior da tremenda quantidade de energia que
o sol continuamente emana, se dissipa no espaço na forma de
energia calórica irrecuperável. Esse desperdício prodigioso de
energia não pode durar para sempre. Eventualmente, se exce
tuarmos a intervenção divina, o sol terá de queimar-se total
mente, e então toda a atividade sobre a terra terá de cessar
também. O mesmo princípio se aplica a todas as estrelas do
universo, e significa, além de qualquer dúvida, que o universo
físico está envelhecendo, desgastando-se e acabando-se.
Essa lei, todavia, igualmente testifica a verdade necessá
ria que o universo teve um princípio definido. Já que o univer
so está envelhecendo, deve ter sido jovem: como está se des
gastando, teria sido novo; estando esgotado, no princípio teria
sido "impulsionado". Em suma, essa lei da degeneração da
energia nos leva inexoravelmente de volta a uma afirmação da
verdade necessária da existência de um Criador e de uma cria

ção definida a qual deve ter tido lugar no passado mas que,
-

de conformidade com a lei da conservação da massa e da ener


gia, não está tendo prosseguimento no presente.
Observemos agora, porém, o ensino das Escrituras no to
cante a esse princípio da deterioração. Por exemplo, o Salmo
102:25-27, diz: "Em tempos remotos lançastes os fundamentos
da terra; e os céus são obras das tuas mãos. Eles perecerão,
mas tu permaneces; todos eles envelhecerão como um vestido,
como roupa os mudarás, e serão mudados. Tu, porém, és sem
pre o mesmo, e os teus anos jamais terão fim".
Há muitas outras passagens bíblicas de sentido similar.
Desse modo, as Escrituras ensinam aquilo que a ciência tem
descoberto apenas nos últimos cem anos, a saber, que a des
peito de uma criação original terminada, o universo está enve
lhecendo e se encaminhando inexoravelmente para a morte fí
sica final.

Entretanto, a Bíblia também fala freqüentemente acerca


daquilo que a ciência não pôde descobrir; isto é, uma futura
15
intervenção sobrenatural da parte do Criador em Sua criação,
a destruição do presente sistema e a criação de "novo céu e no
va terra, os quais sempre existirão "diante" de Deus, e nos
quais "habita justiça" (Apocalipse 21:1; Isaías 65:17; 66:22;
II Pedro 3:13).
Verdade paralela a essas que acabamos de considerar, é uma
outra igualmente indicada nas Escrituras. Trata-se da eqüiva
lência básica da massa e da energia, uma das mais importantes
descobertas da ciência do século XX. É fato atualmente bem co
nhecido que a matéria em realidade é uma forma de energia,
ou, melhor ainda, uma manifestação dessa forma de energia que
é conhecida como energia atômica. A origem da tremenda for
ça do átomo ainda é desconhecida, em realidade talvez nunca
venha a ser descoberta pela ciência. Todavia, é certo que um
tremendo suprimento de energia, vindo de alguma fonte (ou
antes, tremendo poder, visto que o poder é a proporção de su
primento energético ou gasto energético), é necessário para
manter os movimentos e forças terríveis associados com as vá
rias partículas sub-atômicas. As magnitudes de tais energias são
graficamente dadas a entender na energia libertada pela desin
tegração atômica.
Extremamente significativa, pois, é a proclamação de He
breus 1:2, 3: "Deus nestes últimos dias nos falou por um que
é seu Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as cousas, pe
lo qual também fez o universo. Ele, que é o resplendor da gló
ria e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as cousas
pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos
pecados, assentou-se à direita da Majestade nas alturas..."
Esta passagem ensina que todas as cousas isto é, a ma
-

téria do universo físico são mantidas pela energia ou poder


-

cuja fonte é o próprio Criador, o Senhor Jesus Cristo!


Essa mesma tremenda verdade é ensinada em Colossenses
1:17, que diz: "Nele em Cristo tudo subsiste (mantido junto,
sunístemi)".
Além disso, em Hebreus 11:3 aparece a segunda obser
vação verdadeiramente científica: "Pela fé entendemos que foi
o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o vi
sível veio a existir das cousas que não aparecem". Em outras

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palavras, a matéria do universo não é finalmente física, mas se
compõe de algo que não aparece. Todas as misteriosas entida
des não-físicas com as quais trata a ciência energia, eletri
---

cidade, magnetismo, ondas, gravidade, etc. embora estejam


-

intimamente relacionadas com as coisas "visíveis", em si mesmas


são coisas que "não aparecem". Muita coisa é conhecida a res
peito de seu comportamento óbvio, mas praticamente nada se
sabe acerca de seu caráter e origem finais. De fato, a própria
matéria parece ser compreensiva somente em termos de "mo
delos" matemáticos altamente abstratos, que têm pouca ou ne
nhuma semelhança com qualquer dos fenônemos físicos da es
cala maior com a qual estão acostumados nossos sentidos físi
cos. Essa situação jamais teria sido admitida ou imaginada pe
los cientistas de algumas gerações passadas, os quais confiante
mente sentiam que todas as coisas podiam ser exata e completa
mente descritas em termos de leis e modelos mecânicos com os
quais estavam então familiarizados. No entanto, uma vez mais,
a Bíblia tem provado ser cientificamente exata, conforme o co
nhecimento científico vai aumentando.

Até agora já examinamos aproximadamente uma vintena


de exemplos do moderno conhecimento científico registrado nas
Escrituras milhares de anos antes de sua descoberta pelo
homem. Isso deve ser abundantemente convincente como evi
dência da origem e inspiração sobrenaturais da Bíblia. Passe
mos, entretanto, a examinar brevemente os melhores exemplos
conhecidos de suposto erro ou contradição científica na Bíblia.
A antiga pergunta: "Onde Caim encontrou sua esposa?"
tem sido sempre a objeção costumeira dos críticos de pensa
mento superficial. A história de Caim, que provavelmente,
ainda que isso não seja definidamente afirmado, era o filho mais
velho de Adão e Eva, se encontra no quarto capítulo de Gêne
sis. É ali afirmado que, em resultado do fato de haver assassi
nado Abel, ele foi condenado por Deus para ser "...fugitivo e
errante... Em seguida ele se dirigiu para a terra de Node,
"}

ao leste do Éden, onde, de conformidade com o versículo 17,


"...coabitou Caim com sua mulher; ela concebeu e deu à luz
a Enoque. Caim edificou uma cidade..." Isto é zombeteira
mente apontado como viva incoerência óbvia, visto supor-se que
17
Caim era a única pessoa viva naquela ocasião, além de Adão
e Eva.

Não obstante, tal suposição é inteiramente sem base. Em


parte alguma do relato sagrado é feita a declaração que ele era
o único filho vivo de Adão e Eva naquele tempo. Mas noutra
porção é afirmado que Adão teve muitos filhos e filhas, mencio
nando, em adição, que ele viveu 800 anos depois do nascimento
de Sete, o qual provável, ainda que não necessariamente, foi
seu terceiro filho. No total, Adão viveu 930 anos. A regra
geral daquela época parece ter sido longevidade e proliferação.
De fato, o primeiro mandamento dado a Adão e Eva, foi:
Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra..." Além disso,
a capacidade de ter filhos parece não ter sido muito reduzida
pela idade avançada. É dito, por exemplo, que Noé tinha
500 anos de idade antes de gerar Sem, Cão e Jafé.
Incidentalmente, não se deve compreender que esses anos
tenham sido mais breves que os nossos, visto não haver funda
mento substancial para tal suposição. Mesmo que não sejamos
realmente capazes de provar ou refutar a longevidade dos anti
gos, pelo menos a Bíblia se mostra coerente consigo mesma.
Portanto, se aceitarmos a implicação que os homens viviam
centenas de anos e continuavam a gerar filhos e filhas durante
toda a sua existência, e então adotarmos proporções de casa
mento e nascimento conservadores em comparação com nossas
atuais proporções, pode-se calcular de imediato que havia pelo
menos vinte milhões de pessoas sobre a face da terra por oca
sião da morte de Adão. Nesse caso, teria havido ampla mar
gem de escolha para Caim selecionar esposa, havendo suficien
te tempo disponível para construir não apenas uma, mas mui
tas grandes cidades. Naturalmente que alguns dos filhos de
Adão tiveram de casar-se com suas irmãs, no início. Mas é bo
bagem asseverar que tais uniões resultariam numa descendên
cia deformada e mentalmente fraca, visto que então as doenças
e os males hereditários ainda não tinham produzido efeito, co
mo acontece atualmente. Seja como for, basta olharmos ao
redor!

Outras questões, tais como evolução e a grande duração da


existência, que afetam a discussão acima, serão consideradas

18
mais detalhadamente adiante. De qualquer maneira, deve ter
ficado claro, que a Bíblia não é incoerente mesma no que tange
à esposa de Caim.
O relato acerca de Jonas e o grande peixe também Era
tem
apresentado dificuldade para que muitos creiam no mesmo.
anteriormente afirmado que nenhuma baleia possuía a garganta
suficientemente grande para deixar passar um homem, por exem
plo. Entretanto, sabe-se em nossos dias que existe pelo menos
uma espécie de baleia, a cachalote, que habita nas águas do Me
diterrâneo, e é perfeitamente capaz de tragar um objeto muito
maior do que o homem. Existe um número significativo de outros
peixes, com garganta suficientemente grandes, e é notável o fato
que a Bíblia fala apenas de um "grande peixe", e não neces
sariamente a baleia. Tem havido certo número de reportagens,
algumas delas bem comprovadas, de homens que em tempos mo
dernos têm sido engolidos por um cachalote ou por algum outro
monstro marinho, tendo sido mais tarde tirados vivos. Entretan
to, caso seja isso necessário, não há motivo para nos recusarmos
a acreditar em uma verdadeira intervenção miraculosa, por parte
de Deus, tendo em vista preservar a vida de Jonas. Até é pos
sível que Jonas realmente tenha morrido, para depois ter sido
restaurado à vida por Deus, como o caso de Lázaro e de outros,
que se encontram registrados nas Escrituras. O Senhor Jesus
(Mateus 12:40) aceitou o relatório acerca de Jonas como his
tória autêntica, e chegou a usá-lo como tipo ou símbolo de Sua
própria morte e ressurreição.
Consideraremos ainda um outro caso neste capítulo O

longo dia que há no livro de Josué. A história supostamente


incrível encontra-se no décimo capítulo do livro. Na grande
batalha que houve entre os israelitas e a confederação dos amor
reus, é relatado como ...o Senhor pelejava por Israel..." por
meio de dois milagres: (1) fazendo o sol e a lua ficarem "ina
tivos" (não "parados", conforme é incorretamente traduzido
em nossas versões comuns), quando o sol "...não se apressou
a pôr-se, quase um dia inteiro...", a fim de proporcionar aos
filhos de Israel tempo suficiente para desbaratarem completa
mente os amorreus, antes de anoitecer; (2) enviando uma gran
de chuva de pedras, que provavelmente serviu ao duplo propó

19
sito de conceder alívio do terrível calor, ao exército de Josué, e
de abater um grande número de soldados inimigos. Tal tempes
tade mui provavelmente foi causada pelas perturbações atmosfé
ricas que seriam provocadas pelo retardamento da rotação da
terra.

Naturalmente que esta geração jamais teve ocasião de ve


rificar acontecimento dessa espécie. A própria Bíblia ensina
que jamais houve dia semelhante àquele, antes ou depois. Afir
mar que o relato é inverídico porque viola a lei natural é su
gerir que sabemos muito mais sobre tais leis do que realmente
sabemos. O próprio motivo da rotação da terra em volta de seu
eixo é ainda questão de pura conjetura; ninguém em realidade
compreende o seu motivo. O fato que ela gira é questão de
observação, e visto que nunca observamos coisa diferente, cha
mamos isso de "lei". Mas, afinal de contas, uma "lei" exige a
existência de um "legislador". E é o próprio cúmulo da audácia
afirmar que Ele não podia suspender essa lei ou invocar outras
leis que para nós são desconhecidas, caso Ele assim quisesse.
Além disso, não há razão para supormos que esse retardamento
da rotação da terra teria dado em resultado quaisquer profun
das perturbações geológicas. A mesma "lei da gravidade", que
nos impede de sair voando pelo espaço, e que contrabalança a
tremenda força centrífuga que está agindo sobre nós devido à
rotação da terra no espaço, indubitavelmente continuaria agin
do de tal modo que todas as coisas dentro e à superfície da terra
haveriam de ser simultaneamente retardadas.

Se esse acontecimento realmente teve lugar, realizado por


um retardamento temporário da velocidade da rotação da terra,
seria razoável supormos que os povos da terra inteira teriam no
tado o fenômeno, fazendo algum registro a respeito do mesmo.
Entretanto, tais registros estariam preservados em nossos dias,
se é que o estariam, apenas em forma de memórias semi-místi
cas acerca do acontecimento, no "folklore" desses povos, visto
que os registros daquele período, (1400 A.C.) excetuando a
Bíblia e alguns registros fragmentários de certas nações próxi
mas da margem ocidental do Mediterrâneo, não chegaram até
nós.

É significativo, portanto, que nas mitologias de muitos po


20
vos de diversas partes da terra possam ser encontradas indica
ções a respeito de acontecimento semelhante. Tão freqüente é
a ocorrência desses registros, de fato, que muitos a têm usado
para apresentar a teoria que o relato bíblico se derivou de tais
indicações. Por exemplo, T. W. Doane, em seu livro, Bible
Myths (Truth Seeker Co., 1882, pág. 91), descreve relatos
sobre um longo dia, semelhante ao que é relatado na Bíblia, nos
hinos de Orfeu, nas lendas dos hindus, dos budistas, dos chine
ses, dos antigos mexicanos, e de outros, e então tira a conclu
são tremendamente duvidosa que o registro bíblico, por conse
guinte, se derivou de fontes tais como essas.
Uma das lendas mais persistentes entre as tribos de índios
norte-americanos é a do furto do sol durante um dia, de con
formidade com o relato de M. W. Stirling, no Relatório do
Instituto Smithsoniano, em 1945, além do testemunho de inú
meros outros etnólogos. Uma lenda muito semelhante é a en
contrada entre os polinésios. A lenda grega de Faeton, que in
terrompeu o curso do sol por um dia, facilmente poderia ter-se
derivado desse evento. Heródoto, o historiador grego, afirma
que os sacerdotes do Egito mostraram-lhe registros acerca de
um dia semelhante. Outras reflexões mitológicas a respeito do
longo dia também podem ser observadas; porém, nesta altura
já deve ter ficado evidente que o relato do livro de Josué é
acompanhado por registros semi-míticos de todas as partes do
mundo, da espécie que alguém poderia esperar encontrar se o
acontecimento realmente tivesse tido lugar.

O longo dia de Josué indubitavelmente foi um aconteci


mento sobrenatural; porém, em vista do fato da existência de
um Deus pessoal, interessado em Sua criação e em seu propó
sito final, é insensato dizer, como alguns têm afirmado, que os
milagres são impossíveis. Deus tem planejado e mantido em
operação um universo muito eficiente, normalmente sujeito à
operação de suas leis regulares. Entretanto, é eminentemente
razoável que, se os propósitos de Deus pudessem ser melhor
cumpridos assim, Ele interviria com freqüência na opera
ção normal das chamadas "leis naturais". De fato, até mesmo
tais leis, conforme já verificamos, juntamente com tudo mais

21
que existe no universo físico, são mantidas e sustentadas di
retamente pelo poder de Deus.
Por conseguinte, a questão que se levanta no caso de qual
quer alegado milagre não é se poderia ter acontecido, mas an
tes, se realmente aconteceu. A questão certamente deve ser de
cidida na afirmativa se tiverem sido satisfeitas ambas as se
guintes condições: (1) que exista razão adequada, em confor
midade com os propósitos finais de Deus, para que Ele inter
venha nas leis operantes normais na natureza; e (2) que exista
testemunho adequado ou outra evidência segura de sua ocor
rência, evidência que seria julgada adequada para provar outros
fatos, não necessariamente miraculosos em sua natureza.
Acredita-se que ambas essas condições são abundantemen
te satisfeitas em todos os milagres bíblicos. No que diz respei
to ao longo dia do livro de Josué, houve razão suficiente para
Deus realizar tal milagre naquele dia. O êxito da campanha
inteira de Josué dependia da vitória naquela batalha, e assim
também o cumprimento das promessas de Deus ao mundo por
intermédio da nação de Israel. Além disso, os povos cananeus
eram adoradores do sol, e é bem possível que Deus tenha prefe
rido levar a efeito a derrota deles por meio da instrumentalida
de de seu suposto deus, a fim de demonstrar melhor a falsidade
de seu sistema religioso extremamente cruel e licencioso. Deve
mo-nos lembrar também que o milagre se verificou imediata
mente após o mando de Josué, sem dúvida proferido como
oração de fé implícita. Deus responde à oração, de maneiras
notáveis muitas vezes, conforme testificam aqueles que realmente
conhecem ao Senhor Jesus. Ele chegou até a prometer remover
montanhas em resposta à fé genuína. Ele fizera uma promessa
específica a Josué no tocante à campanha contra os cananeus e
concernente a essa batalha em particular. Se necessário fosse,
ainda poderíamos aduzir outras razões para indicar a necessida
de desse milagre.
Quanto a evidência referente ao milagre, o próprio fato que
a história aparece na Bíblia é, em si mesmo, uma forte evidên
cia. Conforme veremos adiante, as porções históricas da Bíblia
têm sido consubstanciadas em vintenas de instâncias pela pes
quisa arqueológica, incluindo especialmente muitas fases das con

22
quistas de Josué. Historicamente, a Bíblia é crida atualmente,
por quase todas as autoridades em arqueologia palestiniana, até
mesmo por aqueles que negam sua inspiração sobrenatural, co
mo um Livro muito valioso e digno de confiança. Além disso,
conforme veremos, há muitas outras linhas independentes de
evidência corroborativa acerca da doutrina da inspiração.
Josué (ou talvez um copista posterior) também foi capaz
de apelar, em seu relato, para outro relato corroborador do mila
gre, no livro do reto, então existente, das Guerras do Senhor.
Finalmente, já temos notado a existência de muitas memórias
semi-lendárias a respeito de tal acontecimento em diversas áreas
do mundo. Somente essas coisas são suficientes para estabelecer
forte comprovante da historicidade do relato bíblico.
As teorias largamente propagadas de Velikovsky podem
ser mencionadas nesta conexão, pois segundo as mesmas a terra
experimentou certo número de severas catástrofes físicas no pas
sado. Tais catástrofes foram atribuídas por ele às grandes apro
ximações de um grande cometa até bem perto da terra, uma das
quais supostamente teria provocado o retardamento da rotação
da terra nos dias de Josué. O dr. Velikovsky reuniu uma
quantidade realmente impressionante, de evidência, baseada nos
mitos e lendas de muitos povos de que tal "longo dia” fora real
mente registrado e observado pela face do mundo inteiro. Não
obstante, sua explicação a respeito da causa do fenônemo está
envolvida por muitas dificuldades, e não tem sido tomada a sé
rio pelos cientistas, pelo que também sua obra tem sido geral
mente ignorada. Não obstante, ele apontou para grande acúmu
lo de evidência sustentando o fato de ter havido um dia longo,
ainda que suas idéias referentes à causa não sejam científicas
(e, por certo, também não são bíblicas).
Encerraremos este capítulo com uma bem breve e inade
quada menção acerca da mais sagrada e profunda doutrina das
Santas Escrituras a doutrina do Deus Trino. Todos os
crentes legítimos acreditam em Deus Pai, Deus Filho e Deus
Espírito Santo, e que esses três, ainda que distintos entre si
segundo certo ponto de vista, constituem um único Deus.
É natural que muitos tenham zombado dessa crença de que
Deus é uma Pessoa, e aos mesmo tempo três Pessoas Dizem

23
os tais que é contrário aos princípios matemáticos estabelecidos
e inalteráveis, os Cristãos afirmarem que 1 + 1 + 1 igual a 1,
e não 3. Concordam os tais entre si ser insensato e anti-cien

tífico que o Deus do universo, mesmo por alguns momentos


concedendo-se que Ele seja uma verdadeira personalidade,
pudesse ser ao mesmo tempo uma só personalidade e três
personalidades. Por conseguinte, segue-se, na conclusão tirada
pelos tais, que Jesus não era Deus no sentido bíblico, de
forma alguma.

Entretanto, conforme foi demonstrado pelo dr. Nathan


Wood, ex-presidente do Gordon College, em uma de suas mui
notáveis obras, a doutrina da Trindade não é apenas matemàti
camente sã, mas se reflete em todas as verdadeiras ciências de
maneira tão maravilhosa que o fato aceito de um Deus Trino
eternamente existente é uma necessidade indutiva para que
o universo, conforme a ciência conhece atualmente, possa ser
perfeitamente explicado.
A doutrina da Trindade de Deus em parte alguma da Bí
blia é apresentada como doutrina explícita. Pelo contrário, apa
rece indiretamente, e no entanto, é perfeitamente natural quan
do Jesus fala acerca de Si mesmo, do Pai, e, a respeito do Es
pírito Santo. A ordem lógica, causal, sempre é apresentada
como segue: primeiro, Deus Pai a Fonte e Causa invi
-

sível de todas as coisas; segundo, Deus Filho -

que tangível
e visivelmente revela o Pai ao homem e executa a vontade de
Deus; terceiro, Deus Espírito Santo que é invisível e contu
-

do revela Deus Filho aos homens, por intermédio de outros ho


mens e da Palavra que Ele inspirou, e que faz real, nos cora
ções e vidas dos homens, a experiência da comunhão com o Fi
lho e com o Pai. Essas distinções, entretanto, não dizem res
peito à ordem da importância ou à duração da existência. To
dos os três são igualmente eternos e igualmente Deus um

só Deus. O Filho é apresentado como "gerado pelo Pai", e o


Espírito é apresentado como procedendo do Pai, por intermédio
do Filho.

Consideremos a seguir o universo físico que logicamente


deve refletir, de modo bem íntimo, o seu Criador. Todas as
coisas conhecidas neste universo podem ser classificadas sob as

24
divisões de espaço, matéria e tempo. Ora, o espaço, pelo me
nos até onde podemos compreendê-lo, consiste de exatamente
três dimensões, cada qual igualmente importante e absolutamen
te essencial. Não haveria espaço, não haveria realidade, se hou
vesse apenas duas dimensões. Existem, pois, três dimensões
distintas no entanto, as três compõem juntamente a totalida
de do espaço. Mas existe apenas um espaço. Note-se que para
a obtenção da capacidade cúbica de qualquer espaço fechado,
não se adiciona o comprimento à largura e à altura, mas antes,
multiplicam-se as mesmas três dimensões. Analogamente, a ma
temática da Trindade, não 1+1+1, igual a um, mas antes,
1x1x1, igual a 1.
Essa analogia ainda se torna mais notável na questão da
matéria. A nova ciência física tem reputado a matéria, de modo
cada vez mais enfático, como "simplesmente" tremenda energia
em movimento. Dependendo da velocidade e dos tipos de mo
vimento, são apresentados aos nossos sentidos vários fenôme
nos, como som, cor, calor, contextura, dureza, etc. A energia é
a fonte invisível que se manifesta em movimento, e assim pro
duz fenômenos. A matéria envolve essas três fases, e nenhuma
outra fase pode ser corretamente incluída alem dessas três. Ca
da uma dessas fases é distinta, e no entanto, envolvem a tota
lidade da matéria, e nenhuma das três pode existir sem as ou
tras duas. A energia é a primeira em ordem lógica e causal,
mas não em ordem de importância ou precedência. O movi
mento, que corporifica, revela e é gerado pela energia, é a se
gunda fase. Os fenômenos procedem do movimento e compõem
os meios pelos quais os próprios movimentos afetam e tocam os
homens; assemelham-se ao Espírito Santo, o qual revela o Fi
lho, e, por meio do Filho, revela o Pai aos homens.
Finalmente, a última tríade é o tempo, e é uma enti
dade que consiste de futuro, presente e passado. Cada qual
dessas facetas do tempo constitui a totalidade do tempo; no en
tanto, é distinta e, além disso, uma não existe sem as outras
duas. O futuro é a fonte invisível do tempo, e é corporificado e
tornado real, momento após momento, pelo presente. O passa
do, portanto, precede o presente, tornando-se novamente invi
sível, ainda que continuamente nos influencie, ajudando-nos a

25
interpretar e compreender o presente, e até certo ponto, aju
dando-nos a interpretar e compreender o próprio futuro.
Desse modo, cada detalhe do universo físico é notavelmen
te moldado no mesmo molde em que o Deus Trino nos é exi
bido na Bíblia. Isso não pode ser mera coincidência. Deve ha
ver uma razão adequada para essas semelhanças tão fundamen
tais que facilmente passam desapercebidas ou são ignoradas.
Mas, esse mesmo fenômeno notável pode ser visto no
terreno da vida humana também. A Bíblia diz que o homem
foi criado à imagem de Deus; portanto, isso também deve ser
algo esperado.
Notemos que cada indivíduo é uma pessoa, que pode ser
fisicamente observada e descrita. Porém, atrás daquela pessoa
há sua natureza invisível, ainda que seja a fonte de tudo quanto
aquela pessoa incorpora. Mas essa pessoa, e por meio da pes
soa a sua natureza, só é conhecida pelos outros homens através
de sua personalidade, que é invisível, intangível, e no entanto é
a maneira pela qual uma pessoa toca nas vidas das outras pes
soas. Portanto, a vida humana consiste de três coisas natu

não havendo outros elementos.


reza, pessoa e personalidade
Essas três coisas são igualmente importantes e perfazem a to
talidade do homem, e no entanto sempre existem na ordem ló
gica dada acima. Nenhuma das três coisas pode existir sem as
outras duas. A natureza é a fonte, revelada e corporificada .na
pessoa. A personalidade procede da pessoa. A personalidade
é invisível, mas é sentida e influencia as vidas dos outros em
relação à pessoa. Assim sendo, o homem, até nos detalhes ínfi
mos, é um reflexo finito de Deus, pois Deus o criou segundo
Sua própria imagem. É verdade que o pecado tem borrado até
mesmo esse reflexo finito, mas, não obstante, o homem continua
refletindo a imagem de Deus de maneira ainda mais significa
tiva que o próprio universo físico.
Essa mesma trindade parece permear tudo quanto há na
vida. Cada ação moral do homem consiste de: primeiro, o mo
tivo; segundo, o ato; terceiro, as conseqüências. As mesmas
relações se aplicam entre essas coisas como se aplicam às trin
dades que já mencionamos. Semelhantemente, todas as for
mas de pensamento ou razão procedem logicamente do univer
26
sal para o particular, conforme as coisas estão relacionadas às
outras coisas.

Esses pensamentos são desenvolvidos com muito maior cla


reza e amplidão, como é o caso de muitos outros pensamentos
também, na obra do dr. Wood. Porém, até mesmo esta breve
discussão deve ser suficiente para indicar algo acerca do siste
ma básico dos três-em-um que permeia a criação inteira. Se
bem que esses fatos não podem provar que o Criador do
universo e da vida é um Ser Triúno, deve ficar óbvio que tal
causa seria eminentemente adequada para explicar todos esses
fatos, e que certamente é difícil e talvez impossível formular
quaisquer outras hipóteses tão satisfatórias como esta para ex
planar a existência de tão universal trindade na natureza. A
doutrina não é algum absurdo aborígine e anti-científico, mas
se trata de uma realidade viva intensamente científica e tremen
damente importante. Deus foi manifesto e revelado por inter
médio e na pessoa de Seu Filho, o qual, como homem, é Jesus
Cristo. Nada de mais importante pode haver para qualquer in
divíduo, por conseguinte, do que se tornar corretamente relacio
nado com este tri-universo e seu Deus Trino. Isso significa que o
indivíduo deve aceitar a Cristo sem reserva alguma, pois n'Ele
"...habita corporalmente toda a plenitude da Divindade".

27
CAPÍTULO II

A TEORIA DA EVOLUÇÃO

É ERRO SÉRIO IGNORAR, conforme muitos Cristãos parecem


dispostos a fazer, as tremendas implicações e a influên
cia exercida pela teoria da evolução. A grande maioria dos ho
mens e mulheres dotados de educação universitária têm sido
ensinado a aceitar a evolução como um fato demonstrado da
ciência, e tal teoria vem sendo ensinada cada vez mais intensa
mente nos ginásios e mesmo nas escolas primárias. Tal teoria
talvez tenha contribuído mais para a atual filosofia secularista e
materialista do mundo moderno do que qualquer outra influên
cia. Obviamente, algo que é tão importante deve ser seriamente
estudado por todos os homens e mulheres capazes de pensar.
Por outro lado, bem poucas pessoas têm realmente tido a opor
tunidade de estudar o grande acúmulo de evidência contrária a
essa teoria, e de fato, se encontram em estado de quase total
ignorância do fato de existirem poderosas evidências científicas
que ensinam o contrário.
Pois a verdade é que a evolução não é tanto uma ciência
como é uma filosofia ou atitude mental. Os evolucionistas ad
mitem que a evolução requer "aeons" de tempo durante os quais
possa operar, e que os poucos milhares de anos registrados e à
nossa disposição são insuficientes para revelar-nos um só verda
deiro exemplo de genuína evolução. Ora, visto que, ninguém
estava presente para contemplar as supostas grandes transfor
mações evolutivas do passado, é manifestamente impossível pro
var pela ciência que em realidade tiveram lugar.
Além disso, o princípio fundamental da evolução, isto é, o
conceito do desenvolvimento, com uma organização e complexi
28
dade crescentes -

parece ser em essência contrário às leis


inexpugnavelmente estabelecidas da conservação da energia.
Essas leis, conforme observamos, ensinam que a criação da ma
téria ou energia não está tendo lugar em nossos dias, e de fato
ensinam que a energia disponível no universo, como um todo,
está continuamente sendo desgastada e não está crescendo. Por
tanto, parece evidente que a criação do universo e de seus com
ponentes deve ter sido realizada e completada por meio de pro
cessos que já não estão em vigor, e, por isso mesmo, não podem
ser observados e estudados nos nossos dias. A Bíblia, por certo,
também ensina o fato que a criação já foi completada por Deus,
segundo é revelado especialmente no primeiro capítulo de Gê
nesis.

A teoria da evolução, por outro lado, essencialmente, é uma


tentativa de explicar a origem de todas as coisas em termos dos
processos que supostamente continuariam vigorando, os quais
por isso mesmo poderiam ser estudados no presente. Por con
seguinte, tal teoria ignora o testemunho bíblico acerca de uma
criação terminada, e supõe que a criação está em prosseguimen
to (se é que se pode chamar o processo da evolução de "cria
ção"). A história da "criação", baseada sobre um estudo dos
processos físicos e biológicos atualmente em andamento no mun
do, obviamente difere, portanto, da história da criação conforme
revelada por Deus na Bíblia, não apenas quanto ao princípio
envolvido, mas também aos seus detalhes.
A geologia evolucionária afirma que os organismos vivos
se originaram do mar, incontáveis milhões de anos antes das
plantas ou de quaisquer outras formas de vida terem aparecido
sobre a superfície da terra. O livro de Gênesis, no entanto,
afirma claramente que ervas capazes de se multiplicarem e ár
vores frutíferas foram criadas no terceiro dia, e que os animais
marinhos (mas igualmente os animais terrestres e as aves) não
foram trazidos à existência senão no quinto dia. A Bíblia afir
ma que os pássaros foram criados no mesmo dia em que foram
criados os peixes e outras criaturas marinhas. A evolução, en
tretanto, ensina que os pássaros se desenvolveram dos répteis
muito depois da origem dos peixes, e provavelmente até mesmo
depois do primeiro aparecimento dos mamíferos. De conformi

29
dade com as Escrituras, os "répteis" (neste caso especialmente
insetos, ver Levítico 11:20-23) se encontravam entre as últimas
coisas criadas; foram criados concomitantemente com os animais
terrestres. Mas, de acordo com a teoria evolucionária, os inse
tos apareceram muito antes, tendo chegado a seu maior desen
volvimento até mesmo antes do aparecimento dos répteis, pás
saros e mamíferos.

As grandes luzes para governar o dia e a noite não rece


beram essas funções senão no quarto dia, o que certamente se
ria letal para a vegetação, criada no terceiro dia, se esses dias
fossem mais longos que 24 horas. Além disso, o emprego das
palavras "tarde e manhã", que descrevem o começo e o fim den
cada dia, com certeza parecem implicar em dias ordinários con
forme os conhecemos atualmente. Alguns se têm apegado de
mais ao fato que o vocábulo hebraico traduzido “dia” algumas
vezes pode ser usado para indicar um longo e indefinido período
de tempo. Isso é verdade, mas é igualmente verdade que, na
esmagadora maioria dos casos, tal termo se refere a um período
de 24 horas, e sempre que o termo é empregado no ordinal (pri
meiro, segundo, etc.), conforme é o caso aqui, tal termo sempre
se refere a um dia de 24 horas.
66

Outra dificuldade, envolvida na idéia que os "dias" repre


sentam épocas, no primeiro capítulo de Gênesis, é que a Bíblia
diz que a morte entrou no mundo em resultado do pecado do
primeiro casal humano. Entretanto, se esses dias puderem ser
reputados como longas eras, conforme alguns geólogos pintam,
os ossos de milhões de animais mortos já estariam na terra antes
do homem ao menos aparecer em cena. Além disso, com tais
evidências de morte e sofrimento, prevalentes pelo mundo, é real
mente estranho que Deus tenha chamado Sua criação termi
nada de "muito boa", conforme lemos que Ele fez, no último
versículo do primeiro capítulo de Gênesis. Finalmente, Deus
instituiu o sábado como memorial de Sua obra terminada. Tanto
quanto se pode recuar na história, a humanidade tem estado a
observar cada sétimo dia como dia de descanso. Isso é difícil
de explicar a não ser que Deus tenha realmente descansado
de Sua obra no sétimo dia literal da criação. Em Êxodo 20:11,
ao incorporar a observância do sábado na lei de Israel, e logo
30
após haver dito, no versículo 10 que "o sétimo dia é o sábado
do Senhor teu Deus", aparece a seguinte declaração: "Porque
em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo o que
neles há, e ao sétimo dia descansou: portanto abençoou o Senhor
o dia do sábado e o santificou." O argumento explicativo para
esse mandamento não teria força se a base do trabalho semanal
do homem e o dia de descanso não estivessem em eqüivalente
exato à semana de trabalho e ao descanso sabático observado
pelo Criador. Além disso, a palavra hebraica traduzida como
‘dias”, nesta passagem (Ex. 20:8-11), é empregada duas ve
66

zes, a primeira vez falando acerca dos seis dias de trabalho de


Deus, e outra vez falando a respeito dos seis de trabalho do
1

mem. Esse vocábulo hebraico nunca é usado noutra parte


uo Antigo Testamento para significar qualquer outra coisa além
de dias literais, ainda que ocorra mais de 700 vezes. Também
é recomendável observar que existe pelo menos uma boa pala
vra hebraica significando "época" ou "tempo longo e indefinido”,
a qual poderia ter sido empregada aqui e no Gênesis se tal
sentido estivesse na mente do escritor sagrado. Mas, o fato de
ele usar as palavras "dia" e "dias", sem qualquer indicação
que as estava usando em sentido simbólico, torna bem evidente
que o escritor sagrado tinha em vista o sentido literal da palavra.
Ainda que fosse possível considerar o relato da criação
como uma linda alegoria, porém não histórica, apareceriam
notáveis dificuldades em porções posteriores da Bíblia. Por
muitas e muitas vezes, pelo Antigo Testamento inteiro, os di
versos escritores fazem referência à criação e a Adão e aos
outros personagens ligados à história do livro de Gênesis,
crendo-se obviamente, que o escritor sagrado estava falando
a respeito de personagens e acontecimentos definidamente his
tóricos. Isso é verdade até mesmo no Novo Testamento.
Paulo, intelectualmente um dos maiores homens que já viveu,
bem como um dos maiores Cristãos, se refere muitas e muitas
vezes à criação e à queda do homem. De fato, a queda de Adão
e a resultante entrada do pecado no mundo, é uma das doutrinas
básicas da teoria cristã, conforme apresentada por Paulo.
Paulo fixa nas mentes de seus leitores o fato que todos os
homens são pecadores por natureza, por causa do pecado do
31
primeiro homem, Adão, e somente por intermédio do último
Adão, Jesus Cristo, o homem pode ser libertado das pena
lidades e conseqüências do pecado (Romanos 5:12-19). A
teoria da evolução, por outro lado, não admite que o homem
tenha caído jamais, mas antes, defende a opinião que ele
se tenha elevado gradualmente do estado animalesco e está
melhorando todo o tempo. Qualquer pecado que no homem
esteja, não seria pecado herdado de seu pai, Adão, mas sim
plesmente instintos animais, remanescentes de seus ancestrais
símios.

Até Jesus Cristo acreditava no registro do livro de Gênesis


acerca da criação. Em Mateus 19:3-6, lemos: "Vieram a ele
alguns fariseus, e o experimentaram, perguntando: É lícito ao
marido repudiar a sua mulher por qualquer motivo? Então
respondeu ele: Não tendes lido que o Criador desde o princípio
os fez homem e mulher, e que disse: Por esta causa deixará
o homem pai e mãe, e se unirá à sua mulher, tornando-se os
dois uma só carne? De modo que já não são mais dois, porém
uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o
homem". Certamente, se Jesus era realmente o Filho de Deus,
conforme Ele afirmava ser, não teria baseado Seu ensinamento
acerca da importante instituição do matrimônio sobre um acon
tecimento mítico ou lendário.
Assim sendo, é absolutamente impossível acreditarmos ao
mesmo tempo na Bíblia, como completa e literal Palavra de
Deus, e acreditarmos na teoria da evolução. Mais que isso,
porém, é quase impossível acreditar em um Deus pessoal de
qualquer espécie, e acreditar também na teoria da evolução.
Os chamados evolucionistas teístas, que conseguem imaginar
que a evolução foi "o método de Deus na criação", os quais
professam ver na evolução um grande, belo e bem organizado
processo da natureza que amplia e desenvolve as concepções
-

do indivíduo acerca de Deus estão sendo inexcusavelmente


incoerentes. A evolução, por sua própria natureza, é uma
teoria materialista; nada é senão uma tentativa de explicar os
fatos da biologia em termos de leis da natureza, sem a neces
sidade de recorrer à idéia do sobrenatural ou divino. A quinta
essência da teoria evolutiva é o mecanismo e a doutrina do acaso.

32
Mas, se Deus realmente criou o universo, incluindo todos
os seres vivos, pelo método da evolução, a este escritor parece
ter Ele selecionado o método mais ineficiente, cruel e insensato
para fazê-lo que se pode imaginar. Se o Seu alvo era a criação
do homem, que razão possível poderia ter havido para coisas
tão desajeitadas como os dinossauros, os quais dominaram e
vaguearam pela terra por milhões de anos, somente para mor
rerem muito antes do homem haver aparecido na cena? Supos
tamente, a evolução se verificou por meio da luta pela existência;
e a sobrevivência dos mais aptos, caso seja verdade, significa
que Deus instituiu deliberadamente uma lei a qual, para ser
posta em prática, dependeria do credo que o poder é o direito,
e os fortes devem exterminar os fracos. Milhões de animais
devem ter perecido no decurso desse suposto processo evolu
cionário, e isso sem razão aparente se, conforme os modernistas
asseveram, o homem era o alvo final de tudo. Nas palavras de
certo professor ateu: "A história inteira da evolução revela e
testifica que não existe inteligência atrás desse processo. Nin
guém pode compreender a evolução e acreditar em Deus".
Além disso, o caráter ateísta e satânico da doutrina evolu
cionista se evidencia nas muitas más doutrinas sociais que ela
tem ajudado. Nietzsche e Marx, ambos radicalmente ateus,
foram profundamente influenciados pelas idéias de Darwin acer
ca da seleção natural e da sobrevivência dos mais aptos. Esses
aplicaram aos campos social e filosófico aquilo que Darwin havia
tentado aplicar ao terreno biológico e assim prepararam suas
filosofias mortais. De Marx, o mundo tem herdado o socialis
mo, o comunismo e o anarquismo. A filosofia de Nietzsche
tem influenciado profundamente o pensamento político alemão,
e tem-se tornado o fundamento do intenso militarismo alemão
do meio século passado. Mussolini era um dos mais zelosos
discípulos de Nietzsche, e o fascismo foi o resultado disso.
O nazismo foi criado no mesmo esgoto. A evolução também
é a base dos muitos tipos de doutrinas imorais que atualmente
estão sendo ensinadas nos campos psicológicos por Freud,
Russell, e outros. Os evangelhos da melancolia, tais como o
determinismo e o behaviorismo têm o mesmo fundamento.
Parece inconcebível que uma teoria de qualquer espécie

33
pudesse ter efeitos tão difusos e mortais como a teoria da evo
lução. Pela própria existência de bondade e beleza no mundo,
é difícil acreditar que tal teoria possa ser realmente verdadeira.
E no entanto, alguns afirmam: se a ciência provou que a evo
lução é verídica, teremos de aceitá-la a despeito das implicações.
Se a ciência o tivesse provado talvez fosse assim, mas certa
mente devemos exigir a prova mais rígida e inquestionável antes
de receber tão ímpia teoria como comprovado. O propósito
deste capítulo é fazer um breve exame acerca das chamadas
"provas" que até agora têm sido apresentadas pelo evolucionistas.
A evolução, conforme geralmente definida, significa o de
senvolvimento ou descendência gradual das formas mais altas
da vida a partir dos tipos mais simples ou inferiores. Em sua
forma usual, a teoria postula uma forma original que consistiria
de uma única célula viva que provavelmente surgiu por geração
espontânea devido à combinação fortuita de matéria inanimada.
Dessa célula se desenvolveram gradualmente as plantas e os
invertebrados multi-celulares, e a seguir, os peixes e os insetos;
depois, os anfíbios, e então os répteis, após o que surgiram os
pássaros e os mamíferos, e, finalmente, apareceu o homem.
Naturalmente existe uma falha absolutamente fatal logo no
início dessa suposição, a saber, a impossibilidade de explicar
a origem da vida, antes de mais nada. Rejeitar a dificuldade
com a afirmação simplista que a vida simplesmente "apareceu"
algum tempo no passado, quando as "condições" eram exatas,
é pouco melhor do que desonestidade. A noção popular de ge
ração espontânea, que ocorreria ao nosso derredor, de uma
maneira ou de outra persistiu até bem dentro do século
passado; porém, foi completamente demolida por Pasteur,
Tyndall, e outros. É quase tão certo como qualquer outra coisa
o pode ser que a geração espontânea de vida não está pros
seguindo em parte alguma do mundo. Contudo, se alguma vez
ocorreu no passado, seria razoável esperar que estivesse tendo
lugar agora. Na tentativa de produzir matéria viva da matéria
não-viva, têm sido levadas a efeito milhares de experiências
pelos cientistas de todas as partes do mundo, cada uma delas,
entretanto, sem o menor êxito. A chamada célula simples não
é realmente tão simples, afinal de contas. No momento sabe-se
34
que a célula, em realidade, é um mecanismo extremamente ma
ravilhoso e complexo, que consiste de diversas partes compo
nentes, cada uma das quais é muito importante e tem funções
definidas. Chega até a possuir a faculdade da reprodução.
Quando ela cresce o suficiente, simplesmente se divide em duas
partes, sendo cada porção da célula dividida igualmente e ao
mesmo tempo, pelo que aparecem duas células completas onde
antes havia apenas uma. É realmente quase impossível perceber
como tal organismo assim poderia ter surgido espontaneamente,
partindo de matéria inorgânica, a despeito do que fossem as
"condições” ou há quanto tempo isso sucedeu no passado. Seria
tão razoável afirmar que um arranha-céus surgiu espontanea
mente dentre uma pilha de tijolos e pedaços de ferro. E, mesmo
que fosse possível recuar até o princípio da vida, até à geração
do protoplasma puro, que é a parte constituinte mais importante
de todas as células vivas, a dificuldade não seria reduzida em
muito. O protoplasma tem desafiado todas as tentativas de
análise química completa, pois parece consistir de mistura de
grande número de componentes orgânicos extremamente com
plexos, os quais, por sua vez, se compõem de catorze ou mais
elementos químicos. Os químicos nem ao menos tiveram êxito
na sintetização de todos os componentes envolvidos, para não
mencionar a efetuação de combinação completa e finalmente
instilar nessa mistura o sopro da vida. Tal malogro não se
deve ao fato de não o terem tentado, pois literalmente milhares
de tentativas para sintetizar o protoplasma têm sido realizadas.
No entanto, onde o homem, com seu maravilhoso engenho e
conhecimento acerca de química e biologia, tem falhado com
pletamente, os evolucionistas supõem que o acaso cego teve
êxito em algum ponto do passado remoto. Na realidade, do
ponto de vista do evolucionista, é muito necessário aceitar a
idéia da geração espontânea, pois isso é a única coisa que poderia
explicar a vida, sem o concurso de um Criador. Pois, se Deus
puder ser admitido em qualquer fase desse processo, é muito
mais razoável supor que Ele criou a terra e as criaturas vivas
que nela existem, plenamente desenvolvidas.
Mas essa teoria não só não consegue explicar a origem
da vida, como também não pode apresentar uma explicação

35
satisfatória para o método pelo qual opera a evolução. Grande
número de explicações propostas têm sido apresentadas por
grande número de investigadores e teóricos, mas o mecanismo
da evolução permanece tão misterioso como era há cem anos.
Muitos biólogos modernos admitem francamente sua ignorância
em torno dessa importantíssima fase de sua teoria.
A primeira sugestão importante foi a teoria de Lamarque
a respeito da transmissibilidade de característicos adquiridos
através dos efeitos do ambiente ou de outras influências exter
nas. Mas essa teoria tem sido completamente refutada tanto
pelas experiências, como pelo desenvolvimento da teoria genética;
portanto, não nos precisamos deter neste ponto.
Muito do mesmo julgamento de rejeição completa poderia
ser pronunciado acerca da teoria darwiniana de seleção natural.
De conformidade com a idéia de Darwin, as intermináveis
variedades e as diferenças individuais que se observam ocor
rerem entre diferentes membros da mesma espécie, tornam
certos indivíduos mais aptos para sobreviverem na luta pela
existência. Tais indivíduos, então, persistem e transmitem essas
características favoráveis a seus descendentes, enquanto que
outros indivíduos, menos afortunados, são gradualmente elimi
nados. Acumulações infinitas dessas variações hereditárias são
invocadas para explicar a formação gradual de todas as formas
de vida. Por plausível que essa teoria pareça ser, entretanto,
estudos mais detalhados e o conhecimento dos característicos
germinais específicos das plantas e animais têm deixado claro
que a seleção natural somente não pode explicar a origem das
espécies. Em primeiro lugar, ela não pode explicar a origem
das próprias variações necessárias. As re-descobertas leis men
delianas da hereditariedade, que eram absolutamente desconhe
cidas para Darwin e outros fundadores da teoria da evolução,
demonstram que todas essas possibilidades de variações seguem
leis definidas e matemáticas, ainda que com freqüência sejam
bem complicadas. Essas leis têm demonstrado que, excetuando
circunstâncias muito extraordinárias, que usualmente não ocor
rem na natureza, toda a variação se contém dentro de certos
limites fixos, e nenhuma característica hereditária pode aparecer
em um indivíduo se já não existia em pelo menos um de seus
36
pais (essa característica pode ter estado "dormente", isto é,
não evidente no pai, ou mesmo em diversas gerações de ances
trais, ainda que, não obstante, estivesse germinalmente presente).
As incontáveis experiências que têm comprovado as leis
de Mendel têm, em anos recentes, sido ainda mais consubstan
ciadas pelo crescente conhecimento acerca do caráter das células
vivas. Sabe-se atualmente que nem todas as células são iguais,
mas são fundamental e definidamente diferentes entre as várias
espécies. Em uma mesma criatura, as células que compõem
diferentes partes do organismo são completamente distintas.
Cada célula contém certo número de partes componentes; só
uma parte delas, que provavelmente é a mais importante, é o
protoplasma. Do ponto de vista da genética e da hereditariedade,
as porções mais interessantes da célula são os cromossomos, que
se sabe serem, mediante o estudo da atividade das células em
reprodução, os transmissores da hereditariedade. Cada cromos
somo é uma estrutura em forma de fio, e há um número defi
nido de cromossomos em cada célula da criatura. Isso é verdade
sem importar a parte do corpo em que tal célula se localiza.
O número de cromossomos em cada célula depende inteiramente
da espécie em que as células se encontram; por exemplo, as
células humanas contêm 48 cromossomos. Entretanto, as células
germinais de cada espécie contêm apenas metade do número
usual de cromossomos daquela espécie, pelo que, quando se unem
os cromossomos germinais do macho e da fêmea daquela espécie,
é formada uma nova célula que contém o número correto de
cromossomos da espécie. A fim de explicar teoricamente as leis
hereditárias, descobertas por Mendel, foi desenvolvida a teoria
dos genes. De acordo com essa teoria, cada cromossomo se
comporia de um grande número de entidades chamados genes.
Cada gene supostamente governaria ou controlaria alguma ca
racterística do indivíduo. Além disso, várias combinações de
genes podem influenciar as características. Re-combinações,
trocas, etc., de genes, podem assim ser invocadas para explicar
matematicamente todas as características fixas e variáveis obser
váveis nos membros de uma espécie. Note-se, entretanto, que
toda a hereditariedade é transferida pelos cromossomos e genes
das células germinais, que incidentalmente se formam bem cedo

37
no desenvolvimento do embrião. Conseqüentemente, qualquer
alteração nas células do corpo por meio de uso, abuso, ou
qualquer outra influência externa, não pode exercer efeito sobre
as células germinais, não sendo, desse modo, hereditária. Eis
porque características adquiridas não podem ser herdadas. Além
disso, a moderna teoria genética é quase tão letal à hipótese
darwiniana como à hipótese de Lamarque, porque, segundo ela,
todas as pequenas variações ocasionais que supostamente agiriam
pela seleção natural a fim de formar novas espécies, nada são,
em realidade, além de novas combinações de fatores genéticos,
que já existiam no pai ou pais, em primeiro lugar. Dessa ma
neira, nada de novo é adicionado, e as variações são mantidas
dentro de limites fixos, tendendo a girar em torno de certo
meio que tem sido comprovado, pela experiência na natureza,
como o melhor para a espécie particular envolvida. Assim sen
do, a seleção natural, em lugar de tender para a produção de
novas espécies, em realidade age a fim de preservar as espécies
já existentes.

Além disso, a seleção natural, por sua própria natureza


requer um número quase infinito de formas transitórias, para
criar novas espécies. Isso entretanto, não aparece nos registros
fósseis, os quais, na maioria dos casos revelam somente formas
bem distintas. Há bem poucas formas intermediárias entre os
gêneros estabelecidos, encontrados entre as formas vivas ou
entre os fósseis. Nenhuma forma intermediária existe, na prá
tica, entre as famílias e comparativamente poucas existem entre
as espécies, conforme elas são em geral definidas. Esses fatos
têm levado muitos evolucionistas a concluir que a evolução
ocorre, não por acumulações de pequenas variações, mas antes,
por meio de súbitas e relativamente largas alterações genéticas
chamadas mutações. Essa conclusão parece ser necessária não
apenas em virtude da natureza descontínua dos registros fósseis,
mas também porque a moderna teoria genética tem demonstrado
que todas as heranças e variações normais têm seguido as leis
mendelianas e têm sido estritamente limitadas.
A teoria da mutação foi desenvolvida quase exclusivamente
por Hugo De Vries, em sua obra acerca da prímula noturna,
e por T. H. Morgan, em suas experiências com a mosca das
38
frutas. Esses e outros estudiosos têm observado que uma ca
racterística inteiramente nova subitamente surgia em um indi
víduo. Essa alteração foi chamada de mutação, e foi descoberto
que o novo característico era hereditário, seguindo as leis de
Mendel. As mutações foram atribuídas a alterações verdadeiras
nos cromossomos ou genes das células germinais, e agora tem-se
tornado, provavelmente, a mais popular maneira de explicar
a evolução em nossos dias. É usualmente afirmado que quando
ocorrem mutações, elas sofrem a ação da seleção natural e,
se forem úteis na luta pela existência, tendem a sobreviver,
formando assim, gradualmente, uma nova espécie.
Entretanto, essa teoria tem sido rejeitada por um grande
número de biólogos e geneticistas, e isso por certo número de
motivos. Em primeiro lugar, grande número das chamadas
mutações comprovadamente nada são além dos característicos
mendelianos recessivos, os quais podem subitamente aparecer
quando os pais certos se unem. Muitos biólogos acreditam que
todas as mutações são explicáveis desse modo, e certamente
seria difícil provar que são verdadeiras alterações nos genes,
e não meramente recombinações de genes já existentes. Acresce
que as verdadeiras mutações ocorrem de modo comparativamente
raro na natureza e, quando ocorrem, em geral tendem a desapa
recer. Isso é porque todas as mutações genuínas que até o
presente têm sido observadas, são de caráter patológico ou
neutro. Parece que uma mutação jamais é de caráter bené
fico. A maioria das mutações obtidas em laboratório tem sido
provocada artificialmente por meios químicos, calor, raios-X,
raios ultra-violeta, etc. Além disso, essas mutações são quase
sempre recessivas quando cruzadas novamente com o tipo ori
ginal. Essa é outra razão pela qual tais mutações não persistem
na natureza. Quando consideramos os grandes impedimentos
contra a utilidade de uma mutação e contra a sua sobrevivência
na luta pela existência, e então percebemos que a formação
de uma nova espécie requereria não apenas uma mutação, e,
antes, milhares, considerando, finalmente, o tremendo número
de espécies de plantas e animais existentes no mundo, parece
exigir maravilhosa credulidade imaginar que aqui temos o mé
todo pelo qual a evolução tem lugar. Não obstante, isso é
39
precisamente o que é ensinado como evangelho da verdade na
maioria das escolas profanas de hoje em dia, provavelmente.
Em anos recentes, número crescente de notáveis evolu
cionistas tem ficado convencido que tais mutações como essas
observadas na natureza e no laboratório são de ordem inteira
mente diferente, segundo parece, daquelas que teriam de ocorrer
se tivesse de haver genuína evolução. Tais mutações têm sido
chamadas de "micromutações" a fim de indicar sua magnitude
relativamente pequena e sua insignificância. As mutações muito
maiores que parecem ser exigidas tanto pelo registro fóssil como
pela teoria genética têm sido chamadas de "micromutações",
"mutações sistemáticas", "mutações salteadas", e outros termos
semelhantes. Essa espécie de mutação não tem sido observada
experimentalmente, como é lógico, e parece impossível de ser
explicada à base da própria teoria genética, para não men
cionar sua contravenção implícita no que tange às leis básicas
da transformação da energia. Não obstante, um grande número
de notáveis evolucionistas têm sido levados à essa posição por
tratar-se da única possível explicação restante a respeito da
mecânica evolucionista.
O fato de a maioria dos homens desses campos continuar
a acreditar na evolução parece ser quase inteiramente resultado
das supostas provas externas da evolução. Podemos considerar
apenas as mais importantes dessas provas aquelas que apare
-

cem na maioria dos livros de texto. Nenhuma delas, todavia,


é conclusiva ou convincente.

Os evolucionistas apelam para a anatomia comparada, por


um motivo. É que as semelhanças anatômicas e fisiológicas
entre as diferentes espécies são consideradas, por alguma razão,
como evidência de relação entre as mesmas. Por exemplo, a
estrutura geral e a similaridade entre o homem e o macaco, ou
entre quaisquer outros dois mamíferos, são citadas como prova
de parentesco. Em realidade, as diferenças estruturais entre as
espécies são de tão grande significação como as semelhanças
mais ou menos superficiais. De qualquer maneira, o que a si
milaridade de estrutura prova senão a existência de um plano
comum de criação, modificado quanto aos seus detalhes para
fazer frente a necessidades específicas? Isso seria o que se deve
40
esperar logicamente à base da hipótese da criação especial. O
arcabouço do esqueleto de todo vertebrado é um modelo de
desenho, especialmente arranjado para acomodar a criatura que
o emprega. A maravilhosa eficiência e engenhosa construção
do esqueleto se reveste de atração especial para o engenheiro
interessado em desenho estrutural. É seguro afirmar que nenhum
edifício, ponte, ou qualquer outra estrutura de engenharia que
já foi construída pode comparar-se em excelência de desenho
com o arcabouço estrutural do mais humilde dos animais. Visto
que todos os mamíferos, também o homem, possuem mais ou
menos as mesmas funções físicas, é apenas natural que o equi
pamento para essas funções seja similar.
O velho argumento baseado em vestígios orgânicos ocasio
nalmente continua sendo mencionado nos livros de texto. Se
gundo essa idéia, certos órgãos supostamente inúteis no homem,
tal como o apêndice, as glândulas endocrínicas, o cóccix, etc.,
são vestígios de órgãos úteis em animais inferiores, que apare
cem no homem devido à sua existência animal anterior. Em
certa ocasião supostamente haveria 180 de tais órgãos no homem.
Entretanto, conforme a ignorância foi sendo substituída pelo
conhecimento a respeito do uso desses chamados órgãos inúteis,
o número foi rapidamente diminuindo, até que agora os evolu
cionistas não apresentam nenhum desses órgãos. Tais órgãos,
se realmente fossem inúteis para as diversas criaturas que os
possuiriam, seriam pobre evidência em prol da evolução, afinal
de contas. Provavelmente são resultados de alterações muta
cionais, as quais, conforme já tivemos ocasião de verificar, são
usualmente deteriorações.

Outra linha escolhida de evidência foi a teoria da recapitu


lação, que ensina que o desenvolvimento embrionário de qualquer
organismo é uma recapitulação condensada do passado desen
volvimento evolutivo do mesmo organismo. Essa teoria, vigo
rosamente promulgada pela primeira vez por Haeckel, precipitou
muito estudo embriológico, cujo alvo era primariamente a edi
ficação de filogenias (história evolucionária) para as diferentes
criaturas.

Posteriores investigações paleontológicas, embriológicas e


bioquímicas têm refutado de tal modo essa teoria que ela de

41
modo geral, caiu no esquecimento como instrumento útil na
pesquisa embriológica ou geológica. Comparações entre muitas
ontogenias (desenvolvimentos embrionários) com suas supostas
filogenias correspondentes, conforme indicadas pela expansão
dos informes paleontológicos, têm revelado inúmeras omissões,
adições, acelerações, retardamentos, saltos, etc. Conseqüente
mente, a teoria tem passado a ser considerada, provavelmente
pela maioria dos embriologistas sérios, como incorreta, embora
com freqüência prefiram considerar o desenvolvimento em
brionário sob perspectiva evolucionária. Seja como for, difi
cilmente há qualquer justificação para o oferecimento de tal
teoria como "prova" da evolução.
Nos estágios bem iniciais do desenvolvimento de um em
brião, há muitas semelhanças entre os embriões de diferentes
espécies, ou mesmo de diferentes famílias. Todos os embriões
começam como um germe microscópico, e durante algum tempo
necessàriamente têm de desenvolver-se segundo certas linhas
semelhantes; então tais semelhanças são mesmo de esperar,
ainda que não sendo indicação de qualquer relação genética.
Entretanto, após cerca de um mês, cada tipo de embrião já é
visualmente distinguível dos embriões de outras criaturas.
Mesmo antes disso, em qualquer período após a concepção, um
exame da estrutura celular do embrião pode revelar, sem dúvida
alguma, seu verdadeiro caráter.

Em realidade, muita evidência tem sido acumulada por


cientistas qualificados a respeito de cada estágio no desenvolvi
mento de cada embrião, e isso prova que cada um desses estágios
é perfeitamente necessário para o mais eficiente desenvolvi
mento desse embrião. O maravilhoso crescimento embrionário
de todas as criaturas vivas, a cada passo, longe de dar apoio
à teoria da evolução, em realidade oferece abundante testemunho
acerca de um grande Planejador, e de modo algum oferece base
para as teorias de origem e desenvolvimento materialistas.
Evidências favoráveis à evolução se baseiam essencialmente
sobre as semelhanças, tais como as fornecidas pela anatomia
comparada e pela embriologia, bem como aquelas fornecidas
pelas semelhanças no soro sanguíneo e outras propriedades
bioquímicas e fisiológicas dos organismos, e até mesmo pelo
42
próprio fato que as criaturas podem ser classificadas em grupos
ou em diferentes graus de similaridade; todas sustentam o ponto
que precisa ser comprovado, a saber, que similaridade implica
em relação. Todas as tais similaridades, entretanto, são mais
razoavelmente explicadas em termos de origem, às mãos de um
único Planejador.
É apropriado observar, neste ponto, que a Bíblia não ensi
na a fixidez de espécies, e isso pela simples razão que nin
guém sabe exatamente o que seja uma espécie. Poucas ques
tões são mais debatidas entre os biólogos da atualidade do que
essa questão do que constitui uma espécie. Certamente, segundo
muitas definições do termo, muitas novas espécies têm "evoluído"
desde a criação original. A pesquisa genética tem comprova
do conclusivamente que as alterações nos cromossomos, mutações
de genes, e hibridização podem produzir e, realmente têm pro
duzido, muitas novas variedades distintas, tanto entre as plantas
como entre os animais. Essas variedades são freqüentemente
consideradas novas espécies, ou mesmo gêneros, segundo os
mais modernos métodos de classificação.
Entretanto, até agora, toda evidência obtida no campo ge
nético parece provar em conclusão que essas agências de alte
ração não podem ultrapassar certos limites comparativamente
estreitos, e mui definidamente não podem produzir novas "es
pécies". O relato do livro de Gênesis meramente diz que cada
grupo criado deveria reproduzir-se "segundo sua espécie", sem
qualquer indicação clara acerca do sentido da palavra "espécie",
excetuando a implicação que espécies diferentes não se fertili
zariam entre si (pois nesse caso, não estariam a reproduzir-se
segundo suas respectivas espécies). Assim sendo, o relato bí
blico deixa amplo espaço para tais condições de alteração dentro
dos grupos menores, e para estabilidade dentro dos grupos
maiores, conforme é indicado pela pesquisa moderna.
Não podemos ter certeza, hoje em dia, a respeito do que
constitui uma "espécie", excetuando o caso único da "espécie"
humana. Conforme todas as experiências e evidências têm com
provado conclusivamente, o homem não pode cruzar-se com
qualquer outra criatura sobre a face da terra, embora todas as
bem diferentes raças de homens sejam inteiramente férteis entre
43
si. Além disso, há bem definidos limites de cruzamento entre
os grupos, o que, na moderna taxinomia são chamados de gê
neros, aparentemente não havendo cruzamentos entre as famílias.
Assim sendo, é possível que a palavra original do livro de
Gênesis, traduzida como "espécie" esteja bem perto do que,
na sistemática moderna é chamado de "família". E seja afir
mado em termos categóricos que não há evidência alguma que
a evolução tenha jamais ocorrido ou jamais poderá ocorrer entre
as "espécies".
Finalmente, portanto, os únicos informes reais sobre os
quais pode repousar a hipótese evolucionária são os fornecidos
pelo registro fóssil, que passaremos agora a examinar de
modo breve.

Afirma-se com freqüência, nos livros de texto, que os fós


seis, conforme encontrados nas rochas sedimentárias do mundo,
sempre indicam evolução. Isto é, nas camadas inferiores, se
encontram somente formas simples e sem especialização; então,
conforme vamos chegando às camadas superficiais, aparecem
tipos crescentemente superiores e complexos. Esse aumento
gradual no tamanho e complexidade dos fósseis tem, de fato,
servido como a principal base para a identificação das várias
camadas geológicas, correlacionando-as entre lugar e lugar.
O tempo durante o qual se depositaram tais camadas, na opinião
dos cientistas se extenderia por centenas de milhões de anos.
Tudo isso é considerado como prova conclusiva que a evolução
tem ocorrido no passado, ainda que agora talvez não possamos
compreender seu mecanismo.
Há certo número de sérias dificuldades acerca da escala
geológica do tempo e acerca das interpretações evolucionárias
no tocante aos fósseis encontrados nas rochas, por parte dos
paleontologistas e por parte dos geólogos históricos. Alguns
desses problemas serão considerados no capítulo próximo.
Entretanto, mesmo que admitamos, para efeito de argu
mentação, que a escala geológica de tempo é digna de confiança,
aparecem certos fatos que servem de evidência convincente con
trária à evolução. Alguns desses fatos podem ser enumerados
brevemente como segue: (1) Muitas e muitas espécies têm
permanecido absolutamente fixas durante todos os supostos
44
milhões e milhões de anos do tempo geológico. Muitas dessas
são atualmente reconhecidas, e muitas outras certamente sê-lo-iam
também, não fosse o hábito um tanto desonesto dos paleontólo
gos de dar novos nomes a todas as espécies encontradas como
fósseis, a despeito de quão intimamente se pareçam com espécies
atualmente vivas. Entre as criaturas que assim têm permanecido
inalteráveis, por todo o curso da história evolucionária, estão
os próprios protozoários, com os quais supostamente a evolução
teve início. Isso é difícil de entender se a evolução é a lei
universal da natureza. (2) Grande número de espécies moder
nas evidentemente são degenerações, e não formas superiores
àquelas que se encontram como fósseis. Isso incluiria prati
camente todos os mamíferos elefantes, tigres, lobos, macacos,
leões, rinocerontes, hipopótamos, ursos, castores, etc. Isso tam
bém é verdade com relação a multidões de plantas de todas
espécies, o que se verifica também entre os insetos, pássaros,
peixes, animais anfíbios e répteis (comparar os dinossauros aos
nossos modernos crocodilos e serpentes). Que evolução!
(3) Todas as grandes filogenias, e a maioria das famílias, ordens
e classes, bem como um grande número de gêneros e até mesmo
de espécies, aparecem subitamente nos registros fósseis, sem a
existência de quaisquer formas preliminares ou intermediárias.
Entretanto, é aconselhável considerar algumas das mais
publicadas provas paleontológicas da evolução, visto que essas
"provas" são usualmente aquelas que parecem mais impres
sionantes para o estudante médio. O famoso caso do cavalo é,
sem dúvida alguma, a mais notável dessas demonstrações, e,
segundo as próprias reivindicações dos evolucionistas, é a me
lhor prova com a qual conta a evolução. Pois bem, exami
nemo-las !

Por mais exagerados que sejam seus defensores, a teoria


da evolução do cavalo, usualmente apresentada em livros de
textos evolucionários populares, não comprova a evolução para
além dos limites das famílias animais, mas tão somente dentro
da própria família. O primeiro de seus membros, Eohippus,
é tanto membro da raça equina como o atualmente vivo Equus.
O Eohippus era pequeno, mais ou menos do tamanho de uma
raposa, com quatro artelhos nas patas dianteiras e três nas
45
patas traseiras. O cavalo moderno, naturalmente, tem apenas
um artelho em cada pata, com vestígios possíveis de outros
artelhos. Há outras diferenças secundárias entre o Eohippus
e o Equus, as quais, não obstante, são principalmente adapta
ções (ou desígnios) em resultado da diferença em seu tamanho.
Entre esses dois gêneros têm sido alistados uma dúzia de outros,
encontrados na forma de fósseis. Alguns desses fósseis apare
cem com o mesmo arranjo de artelhos que o Eohippus, alguns
aparecem com três artelhos em cada pata, e ainda outros têm
os artelhos dos lados reduzidos a vestígios, como no cavalo
moderno.

Entretanto, segundo a afirmação dos paleontólogos, todos


esses animais viveram no período terciário, bem tarde na era
geológica. Encontram-se perto da superfície, nos depósitos me
nos consolidados do período terciário. As diferentes formas não
se encontram em camadas sobrepostas uma à outras, mas em
localidades totalmente separadas, com freqüência distanciadas
por continentes. Nenhuma evolução gradual, de uma forma para
outra, é evidente, mas, quando muito, apenas uma série de
saltos súbitos.

Além disso, não existe a menor indicação sobre a origem


do Eohippus, que já era animal altamente desenvolvido, espe
cializado e apto para seu ambiente como o cavalo moderno.
Considerando todos os dados à nossa disposição, parece per
feitamente plausível afirmar que cada um dos diversos gêneros
talvez tenham vivido simultaneamente, talvez como variações
mutantes da espécie equina originalmente criada, e que, esses
gêneros, em comum com muitos outros habitantes zoológicos
da era passada, por um motivo ou outro, desde então se tor
naram extintos.

Mesmo que uma dessas formas realmente viesse a provar


ser o ancestral do cavalo moderno (e isso ainda não foi com
provado de modo algum) a perda de um ou mais artelhos se
pode obviamente atribuir a uma mutação, e, em comum com
todas as mutações conhecidas, pode ser classificada como dete
rioração, e não como progresso. Quanto ao tamanho, é óbvio
que há muitas famílias, no mundo presente, que contêm mem
bros diferentes em tamanho, tanto quanto o Eohippus Equus.
46
Acresce ainda que muitos cavalos fósseis têm sido encontrados
em muitas regiões que são tão grandes, e algumas vezes até
maiores que o cavalo moderno. Muitos deles, de fato, parecem
perfeitamente idênticos ao Equus, embora outros possuam três
artelhos, além de outras diferenças.

Considerando todos os fatores, essa suposta melhor demons


tração da evolução é mais que deficiente para servir como tal
demonstração. E a mesma espécie de criticismo poderia ser
feita contra as supostas linhagens do camelo, do elefante, e de
outros animais, as quais, algumas vezes, ainda que com menos
confiança, são oferecidas como evidências, nos livros de texto
populares.

Resta, portanto, o problema dos homens fósseis que têm


sido classificados como pré-humanos. Esses pressionam espe
cialmente nossa crença na história bíblica acerca da criação do
homem e, por isso, são de modo particular interessantes.
Torna-se óbvio, após exame dessas descobertas, sendo elas
em extremo fragmentárias e de caráter duvidoso, que são bem
pobres demonstrações da teoria que o homem descende do ma
caco, ou de um pré-macaco, como alguns preferem. Ora, mi
lhares de símios fósseis têm sido encontrados, tanto de espécies
vivas como extintas. Semelhantemente, grande número de
esqueletos fósseis do homem moderno tem sido achado, acerca
dos quais a maioria dos livros de texto fazem estranho silêncio.
Apenas poucos fragmentos ósseos encontrados têm servido para
os evolucionistas imaginarem toda espécie de tipos inferiores de
homens. A própria escassez de tal evidência em si mesmo é
suficiente para demolir a teoria de que o homem está relacionado
ao símio. Entretanto, lancemos uma vista de olhos sobre a na
tureza de três ou quatro dessas descobertas mais "convincentes".
O mais notório de todos é o famoso Pithecanthropus Erectus,
encontrado em Java, em 1891 e 1892. O achado constou de
parte de um crânio, o fragmento de um fêmur esquerdo, e três
dentes molares. Essas partes não foram encontradas juntas,
mas dentro de um raio de cerca de 17 metros. Também não
foram encontradas ao mesmo tempo, mas com um intervalo de
cerca de um ano. Igualmente foram encontradas em um leito

47
de antigo rio, muito abaixo do nível mais alto do antigo rio,
misturadas com muito entulho e muitos ossos de animais extintos.
Em anos mais recentes têm havido outras descobertas na

ilha de Java, as quais têm áfetado a importância do Pithecan


thropus, pelo que, atualmente, a maioria dos antropólogos pre
fere considerá-lo como essencialmente idêntico ao homem mo

derno. O crânio original também acabou sendo reputado como


crânio de uma mulher pequena. Admite-se que o fêmur seja
completamente humano quanto à forma. Mas os dentes molares
são provavelmente de símios, e não fazem parte do restante.
A raça de homens Neanderthal, que viveria em cavernas,
tem recebido mais propaganda do que talvez quaisquer outros
desses supostos homens antigos, excetuando possivelmente o
Pithecanthropus. O original homem Neanderthal consistia de
um crânio, que por diversos técnicos foi assegurado pertencer
a um homem-macaco, a um negro, a um idiota, a um moderno
cossaco, a um antigo alemão, e diversas outras coisas. Desde
àquela época, um bom número de outros esqueletos e fragmen
tos têm sido encontrados na Europa e em outros pontos ao
redor do mar Mediterrâneo. Muitos desses achados são extre

mamente questionáveis, ainda que outros evidentemente perten


çam à raça Neanderthal, os quais são agora reconhecidos pela
maioria provável dos paleontologistas como idênticos em espécie
ao homem moderno. De modo bastante freqüente aparecem
tipos Neanderthal perfeitos entre povos modernos. Parece mais
provável que os Neanderthals representem antes uma raça em
degeneração que uma raça em desenvolvimento.
O homem de Pequim é representado por bom número de
indivíduos encontrados numa caverna próxima de Pequim, na
China, o primeiro dos quais foi descoberto em 1929. A prin
cípio esse achado também foi aclamado como um importante
"elo perdido". Com a descoberta de mais remanscentes, entre
tanto, foi verificado que são bastante modernos. Outros são
semelhantes ao tipo Neanderthal, e não existe nenhuma caracte
rística nesses esqueletos que também não possam ser encon
tradas nas raças ou indivíduos modernos.
Outro importante grupo de descobertas fósseis tem sido
feito nos últimos 30 anos, na Africa do Sul, por Dart e outros.

48
Essa forma tem sido chamada de Australopithecus. Original
mente julgaram tratar-se de um símio de tipo humano, mas
as evidências se têm acumulado, nos anos recentes, mostrando-nos
esses fósseis como autenticamente humanos. Atualmente a maio
ria das autoridades no assunto concorda que a maioria das ca
racterísticas desses fósseis são humanas, incluindo seus dentes, e
postura, excetuando que sua capacidade cerebral parecia ser
em média a metade da do homem moderno. Mas, a despeito
desse volume aparentemente pequeno do cérebro (e muitos
anatomistas tem salientado que o tamanho do cérebro não é
índice infalível de inteligência), Dart tem reunido muita evi
dência que os Australopithecinos empregavam armas, prova
velmente conheciam o uso do fogo, e em geral tinham cultura
verdadeiramente humana, ainda que possivelmente muito de
generada. Eram bastante pequenos, com cerca de apenas 1,40
metros, e é possível terem sido relacionados com os pigmeus,
cujas capacidades cerebrais também são muito menores que a
do homem médio moderno.

Outros existem que poderiam ser discutidos, mas os que


já foram mencionados são os mais bem conhecidos, e suposta
mente provam a melhor evidência em prol da evolução humana.
O assunto inteiro parece repleto de opiniões contraditórias e
interpretações que constantemente flutuam, da parte dos dife
rentes eruditos envolvidos. Nos últimos sessenta anos, mais
ou menos, têm sido apresentado um grande número de ossos
por parte de tais autoridades, tais como o osso do joelho de um
elefante, descoberto em Java, em 1926, o qual por algum tempo
foi aclamado como um novo crânio de Pithecanthropus. Além
disso houve o dente do Hesperopithecus, encontrado em Ne
braska, em 1922, que foi aceito tão largamente como evidência
da antiguidade do homem sendo apresentado pelos evolucionis
tas como testemunho técnico no famoso "julgamento da evo
lução", em Tennessee, em 1925. Dois anos mais tarde, entre
tanto, foi encontrado o esqueleto completo, ficando provado que
o tal dente pertencia a um tipo extinto de porco. O chamado
homem do Colorado (também edificado em torno de um único
dente), posteriormente foi descoberto tratar-se de membro per
tencente à família dos cavalos. Um crânio de símio humanizado,

49
também descoberto no Colorado, exibido como tal em um museu,
durante algum tempo, em realidade não passava do crânio de
um macaco domesticado, ali sepultado alguns anos antes. Um
osso encontrado perto de Seattle, identificado como um antigo
perônio humano, acabou sendo parte de uma perna trazeira de
um urso. Finalmente, o famoso homem de Piltdown, que até
época recente era considerado um dos três ou quatro dos mais
importantes "elos perdidos" na evolução do homem, agora foi
formalmente denunciado como habilidoso embuste, que enga
nou todos os especialistas antropólogos durante quarenta anos,
antes de ser descoberto.

Reveste-se de grande significação o fato que muitos es


queletos fossilizados do homem moderno têm sido encontrados
em muitas localidades diferentes, e freqüentemente dotados de
todas as indicações de serem tão antigos, ou mais antigos que
os homúnculos supostamente menos avançados, até o presente
desenterrados. Alguns dos mais famosos entre esses incluem
os homens de Swanscombe, Galley Hill, Grimaldi, Oldoway,
Foxhall, Wadjak, Fontechevade, e outros todos os quais
na prática não podem ser distingüidos do homem moderno,
mas que, apesar disso, dão provas de serem pertencentes a
uma era geológica tão recuada como qualquer dos outros tipos
presumivelmente mais primitivos. Muitos dos mais notáveis
antropólogos de nossos dias, por conseguinte, têm adotado a
teoria que o homem moderno existia contemporaneamente com
o homem de Neanderthal e outros, e todos representam raças
variantes que ter-se-iam evoluído de um ancestral ainda não
descoberto.

Por outro lado, não existe evidência real contra a teoria


muito mais razoável, adotada por alguns, que os homens de
Neanderthal, Pequim, etc., representam raças degeneradas, des
cendentes do Homo Sapiens, em resultado de mutação, isola
mento, etc. De fato, há alguma evidência que o próprio homem
moderno é um descendente um tanto deteriorado de seus ances
trais. A raça de homem Cro-Magnon, que habitou na Europa
cerca do mesmo período do homem de Neanderthal, é reco
nhecida como superior ao homem moderno, tanto em desenvol
vimento físico como em capacidade cerebral. Recentes desco
50
bertas feitas por Weidenrich e outros, no Extremo Oriente,
especialmente em Java, têm-se mostrado quase espetaculares
neste particular. Certo número de indivíduos têm sido desen
terrados, aparentando grande antiguidade, mas verdadeiramente
humanos, e dotados de tremendas proporções físicas, muito
maiores que os esqueletos da raça Cro-Magnon. De fato,
Weidenrich e os de sua escola na atualidade reputam esses
indivíduos excepcionalmente grandes, tais como o Gigantopi
thecus e o Meganthropus, como ancestrais do homem de Java,
do homem de Pequim, e de outros semelhantes homens fósseis
primitivos.
Esses fatos servem para adicionar ênfase a um princípio
a que já aludimos por diversas vezes, a saber, a evolução
que tende para o desenvolvimento não é a lei universal da bio
logia, mas antes, a deterioração ou degeneração. Conforme
temos visto, não há verdadeira evidência de evolução progres
siva, mas muita evidência de evolução deteriorativa ou, pelo
menos, estabilidade biológica.
Já tivemos oportunidade de ver, no capítulo anterior, que
essa lei da degeneração, ou entropia crescente, opera univer
salmente em todos os terrenos físicos e químicos; agora parece
também permear o terreno biológico. De fato, essa verdade
está começando a perturbar de tal modo os evolucionistas que
diversos artigos significativos têm aparecido recentemente em
jornais científicos, tentando harmonizar o conceito da evolução
com a segunda lei da termodinâmica, ainda que sem êxito
verdadeiro.

Parece ca vez mais evidente que há um grande princípio


degenerativo a permear a natureza inteira, do qual a lei da
entropia é meramente sua manifestação especial nos fenômenos
físicos. Essa lei tem sido chamada, pelo Dr. R. E. D. Clarke,
de "lei da morfolise" (morfolise significa "decomposição de
estrutura"). Em outras palavras, existe uma tendência univer
sal que parte do mais altamente organizado para o desorgani
zado, do ordenado para o desordenado. Jamais existe tendência
inerente, natural, não-orientada, não-ajudada que se incline para
a ordem ou organização crescente. A tendência natural é
sempre para baixo.

51
Na biologia um importante exemplo é encontrado nas
próprias agências que supostamente produzem a evolução, isto é,
mutações de genes e mutações de cromossomos, ou aberrações.
Todas as tais transformações são danificadoras, ou quando
muito, indiferentes, no que diz respeito ao organismo. Parece
claramente representarem uma decomposição do arranjo original
ordenado dos genes nas células germinais, o que é provocado
pela penetração de raios-X, radiação cósmica, ou algum outro
meio desorganizador, nas células germinais. De alguma maneira
a estrutura genética foi desarranjada, e mesmo que as muta
ções não sejam realmente letais, são danificadoras e hereditárías,
o resultado eventual é a deterioração do tipo racial.
Isso parece ser a melhor explicação para o fato de a maioria
das criaturas vivas no presente serem representadas nos regis
tros fósseis por membros maiores e melhor desenvolvidos da
mesma espécie. Talvez explique, ainda que apenas em parte,
a extinção de muitas das formas anteriormente bem desenvol
vidas de animais que no passado habitaram na face da terra,
mas agora são conhecidos apenas como fósseis. Além disso, isso
parece explicar o fenômeno da atrofia de órgãos anteriormente
valiosos, até que se tornam apenas vestígios, ou mesmo desapa
recem.

Assim sendo, parece evidente que se a evolução tem tomado


lugar, em larga escala (isto é, naturalmente, a evolução
progressiva), deve te-lo feito em contraste completo com as
indicações dadas por toda a moderna pesquisa genética, e de
fato, por toda a lei física fundamental. A maioria até mesmo
da evidência apresentada em apoio da evolução pode ser muito
melhor interpretada à luz da lei da deterioração, e isso com
muito melhores bases científicas.

52
CAPÍTULO III

A CIÊNCIA MODERNA E O DILUVIO

N°O registro
LIVRO DEdaquilo
GÊNESIS, começando no capítulo 6, temos o
que parece ter sido a maior catástrofe
experimentada pela terra desde o aparecimento do homem.
Todos os homens, bem como todos os animais terrestres, exce
tuando aqueles aos quais Deus escolheu para serem preservados
na arca, foram destruidos por um grande dilúvio que envolveu
a terra inteira, dilúvio esse que foi enviado como castigo divino,
visto que "...todo ser vivente havia corrompido o seu caminho
na terra".
O registro bíblico a respeito do dilúvio refere-se claramente
a uma grande torrente que inundou por completo o glôbo in
teiro. Alguns escritores, por causa de supostas dificuldades
geológicas e arqueológicas, têm mantido que o dilúvio foi um
fenômeno localizado apenas, aplicável somente ao mundo co
nhecido daquele período, quando muito. A maioria dos críticos
da Bíblia, em realidade, têm rejeitado o relato inteiro taxando-o
de pura lenda.
Entretanto, se permitirmos que a Bíblia fale por si mesma,
o leitor sem preconceitos certamente compreenderá que o escritor
sagrado estava se referindo a um dilúvio de alcance universal.
Por exemplo, as seguintes passagens, entre muitas outras, não
podem, de modo sensato, ser compreendidas de outra maneira:
"Porque estou para derramar água em dilúvio sobre a terra
para consumir toda carne em que há fôlego de vida debaixo
dos céus: tudo o que há na terra perecerá" (Gênesis 6:17).
...e da superfície da terra exterminarei todos os seres
66

que fiz" (Gênesis 7:4).

53
"Prevaleceram as águas excessivamente sobre a terra, e
cobriram todos os altos montes que havia debaixo do céu.
Quinze côvados acima deles prevaleceram as águas, e os montes
foram cobertos" (Gênesis 7:19,20).
"Tudo o que tinha fôlego de vida em suas narinas, tudo
o que havia em terra seca, morreu. Assim foram exterminados
todos os seres que havia sobre a face da terra, o homem e o
animal, os répteis, e as aves dos céus, foram extintos da terra;
ficou somente Noé, e os que com ele estavam na arca" (Gê
nesis 7:22,23).
"E'stabeleço a minha aliança convosco: não será mais des
truída toda carne por água de dilúvio, nem mais haverá dilúvio
para destruir a terra" (Gênesis 9:11).
Uma ou duas dessas passagens poderão ser reputadas como
figurativas ou como exemplos de exagero literário hebraico,
porém, quando o mesmo tema de inundação e destruição uni
versais é frisado por muitas e muitas vezes, nos versículos que
acabamos de citar e em numerosos outros versículos, então
parece perfeitamente sem razão tentar dar qualquer outro
sentido ao relato além do sentido que o escritor sagrado obvia
mente tencionava transmitir a seus leitores, o qual é evidente;
que o dilúvio foi um julgamento catastrófico de alcance mundial.
De fato, é bem possível que, com as condições de longevi
dade prevalecentes, segundo descrito na Bíblia, a população da
terra tenha aumentado tanto até aquele tempo (mais de 1.600
anos a partir da criação de Adão, caso sigamos a cronologia
de Ussher) que uma grande parte da superfície da terra certa
mente já havia sido populada, tendo sido necessário um dilúvio
de âmbito universal se por meio dele tivesse de ser destruída
toda a humanidade.
Além disso, se todas as montanhas até mesmo das vizi
nhanças imediatas, incluindo as montanhas de Ararate sobre as
quais a arca eventualmente pousou tendo um de seus pi
cos quase 5.000 metros acima do nível do mar foram
submersas, é perfeitamente impossível que o dilúvio não tenha
também atingido a mesma elevação em outras regiões, visto
que o registro bíblico afirma que tais condições prevaleceram
por pelo menos 150 dias.
54
Mais importante ainda é que a história inteira estaria re
pleta de manifestos absurdos se o dilúvio descrito tivesse sido
apenas um acontecimento localizado. As provisões elaboradas
para a preservação da vida na arca teriam sido inteiramente
desnecessárias e sem fundamento. Deus teria meramente adver
tido Noé para mudar-se para a região onde o dilúvio não
o atingiria, o que ele poderia ter feito em muito menos tempo e
com muito menos trabalho do que o necessário para construção
e preparação da arca. O mesmo pode ser dito a respeito dos
animais, que o registro sagrado afirma que Deus fez virem
até à arca; os pássaros, especialmente, facilmente poderiam ter
voado para terra seca. Finalmente, a promessa de Deus de que
nunca mais haveria tão destrutivo dilúvio sobre a terra (Gêne
sis 9:11) teria sido uma falsidade, visto terem havido muitos
dilúvios locais desde então, os quais certamente têm sido tão
grandes como aquele que é imaginado pelos proponentes da teo
ria do dilúvio local.

O registro bíblico deixa implícito que a causa e o caráter


do diluvio eram ao mesmo tempo atmosférico e devido à maré.
Tão gigantesca catástrofe deve ter alterado profundamente as
características geográficas e estratigráficas da superfície da terra,
de como era antes, tornando-se impossível discernir agora, geo
logicamente, com qualquer grau de certeza, aquelas coisas que
tiveram lugar no período anterior ao dilúvio. Assim, se real
mente houve calamidade de alcance mundial, da espécie descri
ta na Bíblia, os registros fósseis se tornam sem sentido, pelo
menos no que concerne à comprovação da evolução. E, confor
me temos visto, a história do mundo, conforme interpretada pe
los fósseis, é a única evidência de qualquer valor remanescente
para a teoria da evolução.
Conseqüentemente, a despeito de evidências avassaladoras
etnológicas, filológicas, arqueológicas que realmente houve um
dilúvio universal, os cientistas evolucionistas mantêm dogmati
camente que a história do dilúvio na Bíblia é puramente len
dária.

O credo que tem sido mantido pela maioria dos geólogos,


por cerca de cem anos, se chama de uniformitarianismo. Essa
doutrina "assume a suposição" que todos os fenômenos natu
55
rais e observáveis, tanto no terreno vivo como no terreno inor
gânico, podem ser explicados, quanto à origem e desenvolvi
mento, em termos de leis e processos puramente naturais. Apli
cada à geologia, ela significa que todas as montanhas, rios, os
enormes depósitos estratigráficos, e, em suma, todas as caracte
rísticas da superfície da terra, são explicáveis como resultados
do lento processo de sedimentação, da erosão, da contração, da
radioatividade, e de outras ações das forças naturais, todas as
quais vêm operando durante períodos de tempo infinitamente
longos. Essa teoria se baseia não tanto sobre provas objetivas,
mas antes, sobre um processo de racionalização, supondo os
seus expoentes que é anti-científico invocar acontecimentos não
naturais, tais como a criação ou o dilúvio, a fim de explicar fe
nômenos que agora parecem conformar-se às leis naturais.
A popularidade do uniformitarianismo data de sua enun
ciação, por Sir Charles Lyell, um bom número de anos antes do
aparecimento da obra de Darwin, o qual foi profundamente in
fluenciado por Lyell. Entretanto, a idéia de modo algum era
nova; sua origem está oculta nas obscuridades da antiguidade,
e sempre encontrou meio de expressão, em uma forma ou ou
tra. Com o renovado interesse, tanto pela ciência como pelo
Cristianismo, que surgiu no período da Renascença, todavia, a
teoria geológica dominante se tornou a teoria do dilúvio, assim
permanecendo até o tempo de Lyell e Darwin. Grande número
de brilhantes investigadores se apegaram a esse ponto de vista,
que não se baseia sobre uma filosofia, ou mesmo fé, e, sim, so
bre milhares de fatos observados na superfície do globo. É ver
dade que alguns desses investigadores criaram bizarras explica
ções para alguns dos informes que colheram, mas a lógica e o
bom senso de muito de seus escritos continuam irrefutáveis.
A escala geológica do tempo, que já tivemos ocasião de
mencionar previamente, e que é a coluna vertebral do ponto de
vista uniformitário acerca da geologia, foi traçada há muito
tempo, baseada principalmente na ordem observada dos fósseis
de uma pequena região da Europa Ocidental e do Estado de
Nova Iorque, Estados Unidos da América. Supõem os geólo
gos terem havido quatro grandes eras. A Primária, que fre
qüentemente é dividida em dois períodos, o Arqueozóico e o Pro
56
terozóico, era essa que supostamente representa os séculos an
teriores ao aparecimento de qualquer vida, em qualquer sentido,
sobre a face da terra. Tal era é indicada por aquelas rochas que
contêm poucos ou nenhum fóssil, que assim supostamente são
as rochas mais antigas de todas. A era Paleozóica é caracteri
zada pelas rochas que contêm fósseis das formas inferiores de
vida, especialmente invertebrados, peixes, insetos e animais anfí
bios. Essa era é subdividida em diversos sistemas gerais, de
conformidade com as formas de vida encontradas nas várias
rochas. Tais sistemas, começando pelos mais antigos, são o
Cambriano, o Ordoviciano, o Siluriano, o Devoniano, o Carbo
nífero (agora comumente substituído por dois sistemas, o Mis
sissipiano e o Pennsyvalniano), e o Permiano. Naturalmente
cada sistema é por sua vez subdividido. A era Mesozóica su
postamente foi a era dos répteis, e é dividida em três sistemas
principais, o Triássico, o Jurássico e o Cretáceo. A era Ceno
zóica é a última das eras geológicas, e é dividida em dois siste
mas. O primeiro desses sistemas foi chamado de Terciário, e
também é conhecido como a era dos mamíferos. Há cinco sé
ries neste sistema, séries essas conhecidas, em ordem ascendente,
como Paleocene, Eocene, Oligocene, Miocene e Pliocene. O ou
tro sistema é usualmente chamado de Quaternário e inclui a
série Pleistocene, durante a qual se supõe tenha aparecido o ho
mem (embora muitos paleontologistas atualmente afirmem que
o homem deve ter aparecido bem dentro do sistema Terciário,
devido à descoberta de muitos esqueletos e objetos de origem
verdadeiramente humana em depósitos supostos Terciários).
O sistema Quaternário também inclui o Recente, com freqüên
cia chamado era do homem.

Usualmente se pode inferir, da maioria dos livros de texto


escolares, que essa ordem não apenas das eras geológicas,
mas também dos sistemas e séries, e até mesmo formações
pode ser observada pelo mundo inteiro na mesma ordem invio
lável. Essa idéia, em forma diferente, foi desenvolvida pela pri
meira vez pelo professor Werner, um alemão que ensinava que
os depósitos estratigráficos sempre ocorrem na mesma ordem
vertical, segundo seu caráter mineral ou litológico granitos,
pedras calcárias, xistos e arenitos, etc. Essa teoria foi chama

57
da de teoria "camadas de cebola", sendo largamente sustentada
por geólogos materialistas durante muito tempo. Agora já cedeu
lugar para uma teoria de "camadas de cebola biológica", na qual
a ordem dos fósseis supostamente é sempre a mesma. A natu
reza mineral ou litológica das rochas é na atualidade considera
da sem importância, pois a era e a posição cronológica de qual
quer formação determinada dependeria quase inteiramente dos
fósseis ali contidos.
O círculo vicioso desse raciocínio, aqui envolvido, torna-se
imediatamente evidente. O fato da evolução é necessariamente
suposto ao se construírem as séries geológicas; rochas que con
têm fósseis mais simples são chamadas antigas, e rochas que
contêm formas mais completas e especializadas são consideradas
jovens. Então, a série paleontológica assim construída é repu
tada como prova do fato da evolução.
Esse método de identificação das rochas não pode ser por
demais salientado. Os característicos físicos e até mesmo a po
sição estratigráfica recebem bem pouca consideração, quando
sua idade está sendo decidida. Essa questão depende quase in
teiramente dos fósseis contidos, e é usualmente resolvida por
laboratoristas que talvez nunca realmente viram os depósitos
in loco.

Entretanto, a despeito dos perigos aparentemente envolvi


dos em tal procedimento, esse sistema de classificação parece
ter funcionado de modo bastante satisfatório, pelo menos na
América do Norte e na Europa, ainda que continuem havendo
dúvidas consideráveis quanto às correlações finais com a geolo
gia de outras porções do mundo. Parece que, em geral, a or
dem do tempo da acumulação das camadas é representada de
modo bastante regular para classificação geológica do tempo,
conforme dito acima. A grande diferença verdadeira e essencial
entre a geologia comumente aceita e a geologia do dilúvio não
é o tempo relativo da acumulação de diferentes camadas rocho
sas, mas sim, o tempo total que decorreu enquanto elas estavam
sendo acumuladas. Primeiro, entretanto, é bom salientar que a
ordem estratigráfica aceita e o seu sistema, está longe de ser
inviolável e envolve muitas exceções e anomalias de difícil ex
plicação.

58
Em primeiro lugar, a profundidade total de todas as ca
madas que contêm fósseis supostamente seria de cerca de 160
quilômetros. Porém, a maior profundidade que já foi realmen
te observada é de cerca de 2.500 metros. Em qualquer exposi
ção, dois ou três sistemas, ou menos ainda, é tudo quanto é
usualmente representado. Em lugar algum do mundo já tem
sido observada a coluna geológica completa, ou mesmo par
cialmente completa, nem se sabe se ela existe. Tal coluna tem
sido construída inteiramente à base de super-imposições de
depósitos existentes em todas as partes do mundo.
Além disso, muitas formações diferentes, largamente sepa
radas quanto ao tempo geológico, têm sido encontradas em con
tacto direto sobre as rochas Primitivas. Muitos casos têm sido
observados, na própria América do Norte, das mais jovens de
todas as rochas, as Quaternárias, a repousarem diretamente so
bre as rochas Primárias, com a omissão de todas as eras que
deveriam estar situadas entre a primeira e a última. A mesma
coisa pode ser dito no tocante à todos os sistemas rochosos im
portantes. De fato, freqüentemente as rochas mais antigas (isto
é, sem traços fósseis) podem aparecer à superfície, e têm a apa
rência física de rochas novas, que não são tão duras, nem ainda
se consolidaram. As rochas jovens, por outro lado, às vezes
aparecem tão cristalinas e metamórficas como as mais antigas,
e isso acontece com freqüência.
Na geologia também é geralmente aceito que qualquer for
mação contendo fósseis pode estar diretamente acima de qual
quer formação no total da série imediatamente abaixo, e não se
deve esperar de forma alguma que uma dada formação necessi
te estar diretamente sobre a formação que a antecede imediata
mente na era geológica. Quando as formações do meio estão em
falta, é suposto que os períodos em falta podem ser considera
dos como períodos de erosão, e não de acumulação. Com fre
qüência, entretanto, tais períodos em falta não são fisicamente
óbvios, e só podem ser inferidos segundo as evidências fósseis.
São então chamados de desconformidades ou diastemas, quando
os leitos de ambos os lados parecem ter sido normalmente de
positados sem deformação intermediária. Muitas vezes os dois
jogos de leitos são paralelos e fornecem toda indicação de terem

59
sido depositados sucessivamente, sem a existência de qualquer
grande período de tempo ou erosão entre os mesmos. As des
conformidades, em tais casos, só são discerníveis à base dos fós
seis contidos. Não fossem as opiniões preconcebidas referentes
à seqüência evolucionária dos fósseis, não haveria razão para di
zermos que tais leitos não poderiam ter sido depositados sem
qualquer grande lapso de tempo intermediário. Essa espécie
de formação não é algum fenômeno isolado, mas, se o espaço
o permitisse, poderíamos citar muitos exemplos.
Mais surpreendente ainda é o fato que existem muitos exem
plos, atualmente conhecidos pelos geólogos, de camadas que ocor
rem na ordem inversa, além do que, parecem em perfeita con
formidade. Em outras palavras, grandes áreas que contém fós
seis "antigos" são descobertas a repousar de modo perfeitamen
te natural sobre rochas que contêm fósseis "novos". Algumas
vezes, tais inversões obviamente têm sido produzidas por falhas
e desdobramentos, a respeito dos quais a crosta terrestre apresen
ta muitas evidências. Com freqüência, todavia, não há qualquer
indicação física de que os leitos chegaram às suas atuais posi
ções por quaisquer outros meios além das acumulações normais.
Isso não pode ser admitido, entretanto, porque ficaria imediata
mente provado serem os fósseis "novos" mais antigos do que
os fósseis "antigos", pelo menos no concernente ao tempo da
acumulação, e isso tornaria necessário sacrificar a noção da evo
lução orgânica.

Para evitar tal ação, foi apresentada a notável teoria da fa


lha horizontal, segundo a qual grandes massas rochosas foram
separadas de suas formações originais e de algum modo foram
elevadas e colocadas sobre o topo das áreas adjacentes, após o
que, a erosão superficial, através das épocas imediatamente sub
seqüentes, removeu os depósitos superiores, deixando finalmen
te apenas as rochas mais antigas a repousar sobre as rochas
mais novas, abaixo.
Se coisas como essas ocorreram porventura neste planeta,
devem ter sido causadas por forças maiores muito mais inten

sas que qualquer fenômeno até hoje observado pela humanidade


em nossa época. Certamente não tem havido observação ex
perimental que forneça base para tal explicação, um fato bem
60
inconsistente com o dogma geológico da uniformidade já apre
sentado. De fato, não é autoridade menor que William Bowie,
por longo tempo diretor da U.S. Coast and Geodetic Survey,
e uma das maiores autoridades do mundo em isostasia e tectô
nica, que considerou tais falhas horizontais como "absurdas",
do ponto de vista da engenharia".
Não obstante, exemplos às vintenas existem desse fenôme
no. Cada grande cadeia de montanhas do mundo, que tem sido
adequadamente examinada (e as regiões montanhosas são as que
têm sido mais completamente examinadas geologicamente) tem
apresentado largas áreas com essas camadas invertidas. Uma
vasta área, em Montana e Alberta, incluindo todo o Glacier Na
tional Park, possui fósseis da era Paleozóica, isto é, ossos de
antigos dinossauros expostos, e outros fósseis pertencentes ao
Cretáceo. Essa região é a divisa entre não apenas os oceanos
Pacífico e Atlântico, mas também entre a baía de Hudson e o
golfo do México. Dessa maneira, exatamente a mais alta região
da América do Norte consiste de uma camada de pedra calcária
pré-Cambriana que se encontra perfeitamente apoiada sobre um
leito Cretáceo. Nos Estados de Tennessee e Georgia, na Amé
rica do Norte, uma grande "falha", que se estende por centenas
de quilômetros, consiste de depósitos Cambrianos que estão re
pousando mui normalmente sobre outro depósito carbonífero.
Nos estados norte-americanos de Utah e Wyoming, há os gran
des deslizes de Bannock e da montanha Heart, juntamente com
muitos outros exemplos semelhantes nos monte Rochosos, os
quais oferecem mais ilustrações de enormes áreas de rochas,
com muitas centenas de metros de espessura, que devem ter sido
lançadas sobre as áreas adjacentes, sem deixar qualquer evidên
cia da chamada linha-de-falha, ou qualquer outra evidência de
suas viagens incríveis. Uma grande parte da região dos Alpes
suiços se encontra nessa condição invertida. Outro tanto se po
de dizer acerca das terras da Escócia e das montanhas da India.
Uma dessas deslocações, no norte da China, foi seguida por
mais de 800 quilômetros. Outra área semelhante, com cerca de
140.000 quilômetros quadrados, se conhece na Escandinávia.
Todas as regiões do mundo exibem exemplos semelhantes.
Entretanto, mesmo que a escala de tempo geológico seja

61
aceita como substancialmente correta, pelos menos no que con
cerne às posições relativas das várias camadas, a teoria do
dilúvio pode explicar sua acumulação de modo tão satisfatório
como a teoria das grandes eras, e provavelmente de modo mais
satisfatório ainda.

O mundo anterior ao dilúvio, à semelhança do mundo atual,


sem dúvida era lugar no qual vivia grande variedade de dife
rentes espécies de criaturas. Então, como também agora, nem
todas elas viviam juntas ou no mesmo tipo de ambiente, mas ca
da espécie particular viveria no ambiente para o qual estava
apta.
Por conseguinte, uma grande catástrofe da espécie des
crita na Bíblia certamente não empilharia todos os tipos de cria
turas, heterogeneamente, pela superfície da terra inteira. An
tes, teria sido necessário destruir os grupos de criaturas que vi
viam juntas em cada determinado ambiente. As correntes trans
portariam juntos tais grupos, e finalmente os enterrariam juntos.
Isso, naturalmente, não poderia ter servido como regra inviolá
vel, mas em traços gerais certamente teria sido o caso. Assim
sendo, duas ou mais camadas poderiam ter sido depositados de
modo bastante simultâneo, contendo, entretanto, grupos fósseis
inteiramente diferentes, por causa de suas diferentes origens, di
reções de transporte e localidades finais de acumulação.
Por outro lado, a geologia evolucionária ensina, pelo me
nos como fato subentendido, que somente um grupo de organis
mos estava vivendo em cada período da história do mundo e que,
portanto, esses organismos podem ser usados para identificar
qualquer camada rochosa formada durante aquela era. Não
pode haver base para essa suposição além das pressuposições
evolucionárias, pois certamente tal não é o caso do mundo mo
derno, que supostamente serve de "chave do passado".
O dilúvio bíblico foi ao mesmo tempo terrestre e atmosfé
rico em sua natureza. Volumes tremendos de água foram derra
mados dos céus durante quarenta dias e quarenta noites. Ao
mesmo tempo, "... romperam-se todas as fontes do grande abis
mo...", o que mui provavelmente implica em grandes distúr
bios subterrâneos e subaquáticos, que teriam criado enormes
ondas de marés, ejetando grande quantidade de água juvenil.

62
O grande complexo de correntes e forças hidrodinâmicas assim
gerado, realizaram então sua missão divinamente ordenada, des
truindo e purificando o mundo antediluviano.
Tal dilúvio necessariamente teria tido a tendência de afe
tar primeiro e enterrar mais profundo as criaturas que habita
vam as profundezas oceânicas, para em seguida fazer o mesmo
com as criaturas de águas mais rasas. A seguir as águas e os
sedimentos revoltos assaltariam as criaturas anfíbias e as que
habitam às margens dos oceanos. Acima destes enterraria as
criaturas dos pantanais, dos brejos e da foz dos rios, incluin
do especialmente os répteis. Os mamíferos mais altos quase cer
tamente teriam tido a oportunidade de recuar à testa das águas
que subiam, até certo ponto, para serem eventualmente alcança
dos e afogados, e talvez enterrados no meio dos sedimentos.
Finalmente o homem, o principal objeto das águas do
dilúvio, seria alcançado e arrastado. Provavelmente haveria
também muitos mares interiores e cursos de água em diferentes
altitudes. O sepultamento de criaturas nessas bacias interiores
poderia explicar a existência de camadas marinhas em alguns
dos leitos mais altos. Assim sendo, o dilúvio em geral teria ten
dido para a formação das mesmas camadas, e na mesma
ordem que a escala do tempo geológico se propõe apresentar.
Essas camadas, talvez em muitos casos, teriam sofrido os efei
tos de novos depósitos devido a períodos posteriores do dilúvio
em recuo, o que talvez também se tenha verificado nos séculos
seguintes. Além disso, em seu estado semi-plástico, durante e
pouco depois do dilúvio, tais camadas teriam estado sujeitas a
muitas distorções de todas as espécies, causadas por grandes
forças geradas pelas pressões hidrostáticas e hidrodinâmicas das
águas do dilúvio, bem como pela nova disposição da topografia
pré-diluviana. Isso poderia explicar parcialmente a existência
das grandes falhas e dobras nas rochas sedimentares da crosta
terrestre.

Outro fator que tendeu a causar a acumulação das cama


das na ordem em que são encontradas, seria a ação classifica
dora da água em movimento, a qual tenderia a separar as par
tículas, quer orgânicas quer inorgânicas, em grupos de tama
nhos e formas semelhantes. Além disso, a rapidez do ajunta

63
mento e da acumulação de partículas fósseis seria ao menos
parcialmente dirigida por sua gravidade específica. Os organis
mos usualmente mais densos das criaturas marinhas, portanto,
tenderiam a se acumular primeiro, vindo depois os organismos
dos anfíbios, mamíferos, etc.
Isso, naturalmente, é o mais simples esboço da provável
atividade geológica do dilúvio. Posteriores operações geológi
cas seriam realizadas à superfície, conforme as terras surgissem
enquanto as águas desciam de nível. Talvez tenham prevalecido
condições geológicas e meteorológicas anormais durante séculos,
antes do aparecimento da atual condição de equilíbrio aproxi
mado na crosta da terra e na atmosfera.

A teoria do dilúvio, portanto, parece oferecer um arcabou


ço aceitável dentro do qual se podem explicar todos os inúme
ros informes dos quais trata a geologia. A principal crítica con
tra essa teoria do dilúvio sempre baseia-se no elemento do tem
po envolvido. Tem sido mantido, por aqueles poucos geólogos
que têm considerado e então rejeitado essa teoria, que os imen
sos leitos rochosos sedimentários da terra e seus fósseis não po
dem ser atribuídos somente a um grande cataclisma, mas que
sua formação deve ter ocupado "aeons" de tempo. Essa asse
veração não pode ser comprovada, entretanto, devido à própria
natureza do caso. Ela se baseia na suposição do uniformitaria
nismo que, por mais razoável que seja em condições normais,
obviamente não pode ser considerado válido durante o tempo
do dilúvio, se o dilúvio realmente ocorreu.
Obviamente em um livro desta espécie, é impossível apre
sentar uma discussão completa de todas as fases da geologia,
bem como sua harmonização com a teoria do dilúvio, e também
explicar todos os fenômenos e formações que talvez pareçam a
princípio ser inexplicáveis nessa base. Entretanto, o escritor
acredita que isso seria possível, se fosse dedicado bastante tem
po e estudo, e que a teoria do dilúvio tem de enfrentar objeções
científicas muito menos sérias que a presente teoria aceita da
uniformidade.

Em realidade, a teoria do dilúvio é bem menos uniformitá


ria, se é menos, em seu caráter, que a geologia ortodoxa. O
lema do ponto de vista uniformitário da geologia é que "o
64
presente é a chave do passado". Não obstante, ninguém se
adianta muito no estudo da geologia histórica, conforme atual
mente interpretada, antes de perceber que o "uniformitarianis
mo" não passa realmente de um grosseiro embuste. Presentes
processos geológicos tais como erosão, sedimentação, vulcanis
mo, diastrofismo, glaciação, etc., supostamente são capazes de
explicar todos os fenômenos estratigráficos e fisiográficos. En
tretanto, se o presente caráter da atividade desses agentes for
reputado como típico, é óbvio que nem ao menos podem come
çar a fazer tal coisa.
Em anos recentes, de fato, muitos geólogos têm reconheci
do as limitações de um uniformitarianismo consistente, tal como
o que tem sido advogado por praticamente todos os geólogos
desde os tempos de Lyell. Esses têm chegado a reconhecer a
necessidade de alterações em muito dos presentes processos geo
lógicos a fim de dar explicação razoável para a existência de
muitos dos fenômenos geológicos da terra.
Por exemplo, quando, na história registrada, tem havido
porventura um grande derramamento de lava vulcânica, como
o que deve ter formado o terreno extendendo-se por grandes áreas
do noroeste do Pacífico e em outras partes do mundo? Onde já
foi observada uma montanha a elevar-se milhares de metros
contra as tremendas forças de gravidade e da fricção? Que di
zer acerca das grandes rupturas rochosas as quais supostamente
formaram a grande fissura da África, a formação da grande fa
lha escarpada no lado oriental das serras Nevada, ou aquela
que forma o grande Teton, ou milhares de outras formações
quase tão espetaculares como essas? A história geológica espe
culativa está repleta com a erosão de vastas peneplanícies, mas
onde se encontra um exemplo desses no mundo moderno? Onde
está a base observável atual, fundamentada na teoria da unifor
midade, para os grandes lençóis de gelo, com centenas e cente
nas de metros de espessura, que supostamente teriam coberto a
maior parte da Europa e da América do Norte por muitas ve
zes, nas eras passadas? E' que se pode dizer acerca dos depósi
tos de carvão, que alguns afirmam terem sido formados durante
o período de longas eras em resultado de submersões e imer
sões alternadas de turfeiras, quando o processo se repetiu vin

65
tenas de vezes no mesmo local (e isso a despeito do fato que
muitos troncos de árvores fósseis têm sido encontrados proje
tando-se através de várias camadas de carvão, cada qual presu
mivelmente formada durante um desses ciclos)? Quem já teve
ocasião real de observar a excavação das grandes gargantas na
rocha sólida, até profundezas de centenas de metros, ou a acumu
lação de grandes depósitos de limo sobre grandes áreas e com
vintenas e vintenas de metros de espessura, formados pelos ven
tos peri-glaciais, ou a formação das grandes planícies aluviais,
com milhares e milhões de quilômetros quadrados, e centenas
de metros de profundidade, por qualquer rio moderno? Eventos
tais como esses, e muitos outros dos quais trata a geologia his
tórica, não podem ser adequadamente descritos ou explicados
em termos de paralelos modernos.
Até mesmo o apelo costumeiro para as grandes eras de
tempo não pode ser feito em muitas dessas instâncias. Os vul
cões modernos jamais poderiam ter produzido os terrenos vul
cânicos de muitas partes do mundo, para não mencionar as tre
mendas intrusões ígneas que têm formado os diques e funda
mentos, os grandes batólitos, etc., cujo paralelo jamais têm
sido observado pelo homem no processo de formação. Os le
ves movimentos de terra dos dias atuais, e até mesmo aqueles
que acompanham os grandes terremotos, por nenhum tipo de
alteração legítima, podem ser considerados como movimentos
incipientes do volume gigantesco e da intrincada complexidade
dos que foram experimentados pela terra em algum tempo ou
tempos no passado. A erosão de profundas gargantas em rochas
sólidas, por meio de correntes fluviais normais, não menos que
a erosão de vastas peneplanícies próximas ao nível do mar, por
ação fluvial ordinária, são coisas que não só não possuem base
observável, mas que parecem também excluir os princípios bá
sicos da mecânica das correntes.

Todos os acontecimentos semelhantes só podem ser expli


cados se admitirmos que os fenômenos dos dias presentes não
são adequados para explicá-los. A teoria do dilúvio reconhece
isso também, mas postula apenas uma grande revolução física,
principalmente diluvial em seu caráter, mas também e necessa
riamente acompanhada por grandes movimentos vulcânicos e
66
telúricos, ultrapassando qualquer coisa experimentada pela ter
ra antes ou desde então, talvez também seguida por glaciações
de tremenda extensão.

A chamada teoria da uniformidade, ridiculariza professada


mente a idéia da catástrofe geológica, ao mesmo tempo que em
realidade se vê obrigada a apelar para grande número de acon
tecimentos e fenômenos geológicos de caráter e intensidade qua
se fora do escopo de qualquer coisa que já foi observada na
época atual. Visto que esse é o caso, segue-se ser a teoria do
dilúvio perfeitamente coerente com um esquema verdadeiro de
uniformitarianismo, tanto como a teoria que se apropriou desse
nome, e de muitas maneiras ainda mais. Além disso, a teoria
do dilúvio encontra ótima base nos registros escritos e oralmente
transmitidos, enquanto que a atual interpretação aceita da geo
logia histórica necessariamente não conta com qualquer base se
melhante.

Certamente não há aqui qualquer intenção de impugnar


nem as habilidades nem os motivos dos geólogos modernos. A
maioria deles se compõe de homens capazes e sinceros, que se
devotam diligente, sacrificial e honestamente ao estudo da ciên
cia por sua própria causa. Este escritor tem feito consideráveis
estudos graduados em geologia, e tem conhecido e estudado sob
alguns homens notáveis nesse campo, e pronuncia sinceramente
a declaração acima.
Falando em termos gerais, eles têm adotado a teoria da
uniformidade não por causa de algum preconceito anti-religioso,
mas por acreditarem que ela seja a maneira mais científica de
alguém aproximar-se dos estudos geológicos. Entretanto, pa
rece muito provável que o efeito de seu treinamento, sob a tra
dição uniformitária, juntamente com a prolongada preponderân
cia da opinião geológica, os tenha impedido de virem a conside
rar os méritos possíveis da teoria do dilúvio.
A maioria dos resultados dos estudos geológicos durante
os últimos cem anos seria válida a despeito de qual teoria seja
a correta. Nada da grande massa de úteis informes ou técnicas
geológicas teria de ser abandonado se a teoria do dilúvio fosse
aceita. Somente o elemento tempo e as implicações evolucioná
rias teriam de ser sacrificadas, mas nenhuma dessas duas coisas

67
possui valor genuíno para a pesquisa geológica. Tanto quanto
respeita às deduções evolucionárias, temos tido ocasião de exa
minar até certo ponto o duvidoso caráter da filosofia inteira da
evolução progressiva. O fato que a única evidência real restan
te, favorável à evolução, é a evidência baseada na geologia, e
todas as outras evidências de alteração biológica servem muito
mais como evidências de deterioração, necessariamente torna o
arcabouço evolucionário da geologia extremamente duvidoso, o
que é de fácil conclusão. O outro item principal a ser revisado
pela geologia é a questão do tempo envolvido na formação das
camadas. Isso também aparece como elemento em extremo
questionável na teoria, conforme usualmente sustentada pela
geologia ortodoxa. Os métodos de medir o tempo geológico,
e até certo ponto se pode depender deles, será discutido em
termos breves adiante neste capítulo.
Na geologia existem igualmente certas evidências muito po
sitivas a favor do dilúvio, as quais passaremos a mencionar. A
mais notável delas, provavelmente, são os enormes cemitérios
de fósseis, os quais podem ser encontrados pelo mundo inteiro.
Quase sem exceção, as indicações, pela aparência e modo de
preservação dos fósseis, é que estes foram sepultados subita
mente; porém, não está acontecendo agora qualquer coisa se
melhante a isso. É fato conhecido que os poucos peixes que
morrem de morte natural são em geral quase de imediato devo
rados total ou parcialmente por outras criaturas. Seja como
for, eles não se acumulam no fundo dos oceanos ou dos rios,
mas, antes, flutuam à superfície da água até serem comidos ou
decompostos. Um peixe moderno, enterrado inteiro em sedi
mento normalmente depositado, seria um exemplo sem parale
lo. Quando os animais terrestres morrem, seus remanescentes
quase sempre se decompõem ràpidamente. Isso é bem consubs
tanciado pelo fato de ser até impossível encontrar ossos de ani
mais modernos no processo de fossilização.
Portanto, como podem esses antigos depósitos fósseis serem
explicados à base da uniformidade? A extensão e a riqueza de
tais depósitos é uma das maravilhas da geologia. Esse fato é
tão conhecido que dificilmente necessita de elaboração. Os lei
tos de peixes fósseis encontrados se estendem por quilômetros
68
em todas as direções, e contêm peixes enterrados em cardumes
inteiros, aos milhões. Tais peixes têm toda a aparência de te
rem sido enterrados vivos, e com grande rapidez. O mesmo se
pode dizer acerca dos depósitos de répteis fossilizados nas mon
tanhas Rochosas e nas colinas Negras, e em muitas outras par
tes do mundo. Os admiráveis leitos de elefantes, na Sibéria,
os leitos de hipopótamos, na Sicília, os leitos de cavalos, na
França e em outras partes da Europa, para nada dizer acerca
dos acúmulos de organismos marinhos, que provavelmente for
mam a maior parte dos depósitos estratificados do globo, tudo
isso aponta para uma grande catástrofe de âmbito mundial, pe
la qual "... veio a perecer o mundo daquele tempo, afogado
em água". De nenhuma outra maneira pode ser explicada a
súbita extinção dos dinossauros e dos grandes mamíferos do
passado. Certamente não foram eliminados pelas criaturas mui
to menos aptas da presente ordem, na luta pela existência.
Os depósitos de elefantes ou mamutes da Sibéria, devem
ser novamente mencionados. Literalmente milhões desses ani
mais foram sepultados nos vastos desertos daquela região. Al
guns exploradores têm dito que em algumas das ilhas do norte,
em particular o terreno consiste quase exclusivamente de ossos
de mamute. Um comércio regular de marfim fossilizado tem
fornecido meio de vida aos nativos dessa região desde pelo me
nos 900 A. D. Nas partes mais setentrionais da região, onde
o terreno é perpetuamente gelado, grande número dessas feras
têm sido preservadas inteiras, exibindo intactos até mesmo o
couro e os pelos. Baseando-se na evidência do sangue conges
tionado nos vasos sangüíneos, de todos esses elefantes gelados,
os cientistas afirmam que certamente morreram por afogamen
to, a despeito do fato que o moderno elefante é nadador forte e
pode nadar durante muito tempo. Os remanescentes da última
refeição, que consistem de erva de elefante e outras plantas
atualmente desconhecidas na região, têm sido encontradas em
seus estômagos. E, o que é verdade no tocante aos mamutes,
é verdade tambem a respeito de muitos outros animais fossiliza
dos, em menor extensão, os quais têm sido maravilhosamente
preservados na Sibéria. Isso é especialmente verdadeiro no ca
so dos rinocerontes, que agora é tão estranho na Sibéria como o

69
elefante. Esses animais mui evidentemente viviam então naquela
região, numa terra onde o clima era quente e fornecia vegeta
ção abundante. Isso era algo absolutamente necessário para sus
tentar tais hordas de animais que ali viviam. Na atualidade, po
rém, não existe qualquer sinal de tal clima ou vegetação nessa
região. É também claro, que tudo isso foi subitamente sepul
tado por um grande dilúvio, o que foi acompanhado por uma al
teração quase instantânea e muito intensa no clima. Nenhu
ma era glacial que se extendesse lentamente, nem qualquer
outra explicação dada pela geologia evolucionária, pode expli
car esses admiráveis achados.

As mumificações da Sibéria são uma ilustração especial


mente vívida acerca de fato notável, e que a paleontologia revela
de modo inquestionável, a saber, em certa ocasião, na história
do globo, havia um clima temperado pela face da terra toda.
Os restos de recifes de corais, formados por criaturas mari
nhas, as quais só podem viver em águas quentes, têm sido
encontrados tão ao norte que se acredita agora jazerem debaixo
das próprias calotas polares. Animais tropicais têm sido en
contrados em grandes números como fósseis, não apenas na
Sibéria, mas também na Groenlândia, no Alasca, e praticamente
em todas as regiões do globo. Samambaias fossilizadas e outros
tipos de vegetação de regiões tropicais e temperadas, têm
igualmente sido encontradas em grande número nas regiões
polares. Até mesmo nas mais frias regiões do globo, no grande
continente da Antártica, têm sido encontrados imensos depó
sitos de carvão, que se extendem quase até o próprio polo sul.
Os geólogos também acreditam que tem havido um período
ou mais, na história da terra, quando grandes áreas do globo
foram submersas por grandes lençois de gelo. Alguns dos mais
famosos geólogos têm dito que as supostas evidências para essas
eras de gelo poderiam ser melhor interpretadas em termos de
ação da água, especialmente as mais antigas. A argila glacial
da última camada de gelo, entretanto, é de tipo diferente das
demais camadas, o que provavelmente indica verdadeiras con
dições glaciais. A causa dessa era ou dessas eras glaciais,
entretanto, bem como a causa do clima ou climas temperados
de alcance mundial que os precederam, até hoje não foi ainda
70
determinada, e constitui um dos problemas mais perturbadores e
insolúveis da geologia. O princípio da uniformidade parece
completamente incapaz de fornecer a resposta certa. Um clima
temperado que se extendesse pelo mundo inteiro, antes do
dilúvio, todavia, o que possivelmente teria sido seguido por
extensa glaciação, se adapta perfeitamente na moldura da
geologia do dilúvio.
Outra evidência geológica favorável ao dilúvio é a exis
tência de praias e terraços elevados, os quais indicam a existên
cia de níveis de água anteriormente altos. Essas praias e
terraços elevados são encontrados pelo mundo inteiro, freqüen
temente dezenas e mesmo centenas de metros acima dos pre
sentes níveis de água. São encontrados ao longo das costas
marítimas, nos lados dos vales fluviais, e ao longo das praias
das grandes bacias interiores, havendo uma distribuição verda
deiramente mundial. Há certo número de modos pelos quais
os geólogos têm sugerido a formação possível desses terraços,
muitos dos quais encontram objeções bem definidas. A mais
lógica explicação de todas, para a maioria desses casos pelo
menos, é que eles foram formados pelas águas do dilúvio, pos
sivelmente durante muitos anos, quando as terras se elevaram
e as águas recuaram. Os rios transportavam muito mais ma
terial, e os oceanos estavam em nível bem acima do atual, em
relação às terras. Os lagos e as bacias interiores anteriormente
continham maior quantidade de água e submergiam áreas muito
maiores do que na atualidade. Esses fatos certamente podem
ser compreendidos bem melhor em termos das condições
pós-diluvianas do que de qualquer outra maneira.
Finalmente, o próprio fato que a maior parte das rochas
sedimentares da terra obviamente foram depositadas por meio
de águas em movimento, incluindo os picos da maioria das
grandes serras montanhosas, é em si mesmo forte indicação
do dilúvio, ainda que isso em realidade se tenha tornado a
base da geologia evolucionária.
O motivo físico e o caráter do dilúvio necessariamente tem
de ser até certo ponto matéria de especulação. Entretanto,
existem algumas possibilidades muito interessantes sugeridas
F
71
pelo relato do livro de Gênesis a respeito da criação e do dilúvio,
as quais passaremos a examinar.

Fica subentendido, no segundo capítulo de Gênesis, que


não havia precipitação de chuvas tal qual conhecemos atual
mente, no período ante diluviano. Além disso, o arco-íris é
mais tarde mencionado especificamente como sinal divino, dado
por Deus a Noé, depois do dilúvio, implicando que a água
atmosférica, se é que havia tal, estava sempre em estado de
vapor, e não podia formar um arco-íris. A declaração no pri
meiro capítulo de Gênesis, de que as ...águas sobre o fir
mamento..." foram separadas, durante a criação, das “. . . águas
debaixo do firmamento...", parece deixar implicado que,
naquele tempo, havia um grande acúmulo de vapor de água
a rodear a terra acima de sua atmosfera. A palavra aqui tra
duzida como "firmamento" significa, literalmente, “expansão”,
e parece descrever a atmosfera, ou pelo menos a troposfera
(a qual é a parte da atmosfera na qual há atualmente as cor
rentes aéreas, as tempestades, as nuvens, etc. -

abaixo da
estratosfera). Certas condições atmosféricas e climatérias muito
incomuns são igualmente indicadas pela extrema longevidade
dos ante diluvianos.

Tal condição também é fortemente subentendida pelo re


gistro bíblico acerca da chuva tremenda, que continuou durante
quarenta dias e quarenta noites, como uma das causas do di
dúvio. Já temos demonstrado que a Bíblia ensina, mui clara
e enfaticamente, que o dilúvio teve alcance mundial, e, por
conseguinte, deve ter requerido causa mundial. Uma mera
tempestade local, por mais severa que fosse, jamais poderia ter
produzido o dilúvio bíblico. É verdade que certas condições
atmosféricas e meteorológicas presentes nunca poderiam ser tais
a ponto de produzir uma tempestade de chuva de alcance uni
versal que se prolongasse por quarenta dias. No momento
existe na atmosfera vapor de água suficiente para cobrir as
terras até à altura de alguns centímetros.
Entretanto, há água suficiente nos oceanos do mundo para
cobrir a terra inteira numa profundidade de cerca de três qui
lômetros, caso a topografia terrestre fosse nivelada por igual.
É concebível que muito da atual água oceânica, antes do dilúvio,
72
estivesse acumulada numa grande camada de vapor de água
rodeando a terra. Poderia ter-se extendido pela nossa presente
estratosfera e ionosfera (a ionosfera é, atualmente, uma vasta
camada, acima da estratosfera, onde existe grande número de
átomos e moléculas em estado ionizado, e onde são produzidos
muitos fenômenos elétricos notáveis), ou talvez pudesse exten
der-se até bem fora dos atuais limites dessas camadas. É mesmo
concebível que muito desse vapor de água pudesse ter existido
na forma de oxigênio e hidrogênio desassociados.
Até hoje não se sabe muita coisa a respeito das mais altas
camadas da atmosfera, mesmo como ela existe na atualidade,
e é perfeitamente possível que condições vastamente diferentes
tenham prevalecido no passado, conforme parece ficar implicado
no registro bíblico. De alguma maneira, aquela grande camada
de vapor de água se condensou e desceu sobre a terra, por
ocasião do dilúvio. Muitas hipóteses podem ser oferecidas
referentemente à sua causa física, tal como a possibilidade da
passagem da terra pelo meio da cauda de um cometa. A apro
ximação demasiada perto de um cometa, ou grande meteoro,
poderia perturbar profundamente a estabilidade gravitacional da
camada de vapor de água acima postulada, provocando grande
intensidade de turbulência atmosférica, com grandes diferenças
na temperatura, além de fornecer um suprimento de partículas
de poeira meteórica, o qual serviria como o núcleo necessário de
condensação para as partículas de vapor de água. Se uma parte
da água se encontrava na forma de hidrogênio e oxigênio
desassociados, o fenômeno elétrico produzido pelo seu encontro,
teria sido suficiente para produzir sua união e condensação.
Essa grande camada de vapor de água, se realmente existiu,
daria como resultado exato os fenômenos físicos que são indi
cados nas Escrituras e na geologia como prevalentes antes do
dilúvio. Provavelmente seria invisível para os habitantes da
terra, ainda que interceptasse e filtrasse muito da radiação de
ondas curtas que no momento atinge a terra, incluindo os
raios-X e os raios ultra-violeta, além dos misteriosos e inten
samente poderosos raios cósmicos. De fato, o presente lençol
de vapor de água invisível, que circunda a terra, pela atmosfera
inteira, torna possível a vida em nosso planeta devido à sua

73
ação. Se a radiação cósmica e dos raios ultra-violeta não fossem
assim filtrados, antes de atingir a terra, destruiria rapidamente
toda a vida existente, se atingisse a terra em completa violência.

Por conseguinte, a existência das "águas acima do firma


mento", que havia no período pré-diluviano, teriam causado um
ambiente físico mais saudável do que atualmente existe à su
perfície da terra. Isso seria mais aumentado pelo fato que tal
camada certamente tinha o efeito de impedir condições extremas
de calor e frio, havendo temperatura uniforme em resultado,
dando um clima provavelmente sub-tropical pela face de todo
o globo. Esse fenômero já foi mencionado por ser geologica
mente demonstrável pela descoberta, nas regiões polares, de
muitas evidências de condições climatéricas anteriormente mais
quentes do que agora. Esse clima uniforme, juntamente com
um arranjo muito diferente e mais brando da topografia, em
comparação com a condição existente desde o dilúvio, talvez
provocassem condições meteorológicas muito diferentes. Ventos
altos, tempestades, etc., teriam sido impossíveis, visto que essas
coisas resultam basicamente das diferenças de temperatura. De
fato, é improvável que até a própria chuva, conforme a conhe
cemos atualmente, pudesse ser então produzida, embora hou
vesse uma contínua troca de água perto da superfície, devido
à evaporação e à transpiração para o ar, e então sua volta à
terra, à noite, em forma de orvalho e neblina. Essa inferência
é igualmente sustentada pelo fenômeno registrado em Gênesis
2:5,6: "...porque o Senhor Deus não fizera chover sobre a
terra... Mas uma neblina subia da terra e regava toda a su
perfície do solo". Além disso, sem a existência de água no ar,
excetuando o vapor de água invisível, o arco-íris certamente era
fenômeno desconhecido até depois do dilúvio, quando sua pri
meira aparição tornou-o um lindo e notável sinal da promessa
feita por Deus a Noé.

Talvez houvesse também grandes reservatórios subterrâneos


de água, sob pressão, o que é subentendido nas palavras
"...águas debaixo do firmamento...", e também na referência
posterior às "...fontes do grande abismo..." Tais fontes talvez
contassem com saídas superficiais ou subterrâneas, em certos

74
lugares, sendo assim mantidos os rios e um lençol subterrâneo
de água que sustentaria exuberante vegetação por toda parte.
Devemos destacar que essas sugestões não passam de meras
sugestões; elas não são especificamente ensinadas nas Escrituras.
Entretanto, o conhecimento meteorológico e geológico à nossa
disposição, juntamente com as diversas declarações bíblicas a
respeito dos fenômenos antediluvianos, mostram notável har
monia com a teoria aqui esboçada, ou com alguma variação
da mesma.

Conforme temos visto no capítulo anterior, a moderna


pesquisa genética tem demonstrado perfeitamente bem que a
variação hereditária nas coisas vivas é provocada principalmente
pelas mutações dos genes. A mesma pesquisa tem também de
mostrado serem essas alterações quase sempre deteriorações, e
que a ocorrência de tais mutações sempre segue leis estatísticas.
Parecem ser causadas por algum meio desorganizador, especial
mente radiação de ondas curtas, que penetram nos cromossomos
das células germinais. A proporção da mutação em uma espécie,
portanto, dependeria da proporção em que tais raios penetram
nas células germinais, o que por sua vez, estatisticamente,
depende da quantidade de radiação que penetra no ambiente.
O ambiente antediluviano, conforme demonstrado acima,
teria muito menor intensidade de radiação do que o ambiente
presente. Por conseguinte, deve ter havido número menor de
mutações. Tudo favorecia a contínua produção de espécimes
maiores, mais fortes e mais longevos de todos os tipos de criatu
ras. Isso, naturalmente, é o que já se tem observado nos re
gistros fósseis. De conformidade com a Bíblia, muitos homens
viveram mais de 900 anos de idade. Entretanto, com a descida
da camada de vapor de água, precipitada em forma de chuva,
por ocasião do dilúvio, a proporção da mutação tomou mais
velocidade, e o tamanho e a força da criatura média se dete
riorou, muitas espécies se tornaram extintas, e a duração da
vida média do homem começou a decrescer gradativamente.
Essas tendências continuam evidentes hoje em dia, ainda que
a moderna ciência médica e sanitária tenha, até certo ponto,
mascarado essa tendência natural, pelo menos no que diz res
peito ao homem.

75
Essa teoria esclarece e torna mais vívida a linguagem pi
toresca do livro de Gênesis, o qual diz que "...as comportas
(literalmente, portões do dilúvio) dos céus se abriram..." Ao
mesmo tempo, "...todas as fontes do grande abismo... se
romperam, implicando num enorme levante das "..águas
debaixo do firmamento".

Atualmente é mais fácil perceber alguma coisa da natureza


gigantesca dessa catástrofe. Certamente que cada metro da
superfície da terra deve ter sido profundamente perturbado e
alterado. Todas as criaturas, excetuando as que habitavam
naturalmente na água, e as que foram preservadas por Deus
na arca, devem ter perecido violentamente, sendo que muitas
delas foram sepultadas vivas nos sedimentos e entulhos rede
moinhantes. Quando, um ano mais tarde, Noé e sua família
saíram da arca, viram um mundo tremendamente diferente.
Nenhuma camada de vapor filtrava e difundia os raios de sol,
como antes, e um arco-íris apareceu no céu, como sinal da parte
de Deus de que aquele julgamento pela água nunca mais visi
taria a terra (e, de fato, jamais poderia acontecer tal, caso as
águas acima do firmamento não estivessem mais lá).
É manifesto que esse grande acontecimento, se realmente
sucedeu, seria preservado não apenas nas rochas, mas também
na história e tradições da raça humana. Que esse é realmente
o caso, é conhecido por todo estudante de etnologia. Pratica
mente, todo país e tribo do mundo conta com sua própria his
tória acêrca do dilúvio, muitas delas admiravelmente parecidas
com o relato bíblico, até mesmo quanto a detalhes tais como o
envio da pomba e do corvo para que pesquisassem a terra, e
o oferecimento de sacrifícios à Deidade, quando as águas bai
xaram. Não obstante, a similaridade não é tão marcante a ponto
de permitir a idéia que, de alguma maneira, o relato do Gênesis
penetrou entre todos esses povos espalhados. Todas as histórias,
excetuando o relato do livro de Gênesis, têm sido pervertidas
com toda espécie de fantasias impossíveis e absurdas. Não
obstante, é óbvio que todas se originaram na mesma fonte.
Visto que a maioria dessas tradições foi transmitida por lin
guagem oral, isso é exatamente o que poderíamos esperar.
Citando apenas alguns poucos exemplos, a fim de ilustrar a
76
natureza mundial dessa tradição, as histórias acerca do dilúvio
têm sido encontradas em lugares tão diametralmente separados
como a China, a Babilônia, Gales, a Rússia, a Índia, a América
(praticamente todas as tribos indígenas), o Hawaii, a Escan
dinávia, Sumatra, Peru, Polinésia e, em realidade, cada região
da terra excetuando certas partes da África. Os geólogos que
afirmam dogmaticamente ser o dilúvio universal puramente
lendário parecem ignorar por completo essa poderosa evidência
etnológica.
Os próprios povos e populações do mundo são testemunho
convincente de sua origem partindo de um tronco comum, mais
ou menos no lugar e no tempo indicados pelo registro bíblico.
A evidência arqueológica invariavelmente aponta para alguin
ponto perto das praias ocidentais do mar Mediterrâneo como
o berço da civilização. O relato registrado, ou a história de
outro modo digno de confiança das nações de outras porções
do mundo sempre indica ou uma migração a partir dessa área
ou então desaparece no esquecimento, num período quando a
Caldéia e outras nações ocidentais reconhecidamente estavam
num estágio avançado de civilização.
Além disso, supondo-se que a atual raça humana teve início
originalmente em duas pessoas, quer se tratasse do homem símio
e de sua companheira, como crêem alguns, quer se tratasse de
Noé e de sua esposa, descobrimos que a presente população
do mundo sustenta o último ponto de vista e torna o primeiro
ridículo. A população do mundo, em 1.800, segundo as esti
mativas era de cerca de 850.000.000. Atualmente é de cerca
de 4.500.000.000. P mos dizer que a população duplicou
durante os últimos cem anos. Não há razão objetiva para su
pormos que essa proporção dos últimos cem anos, quando a
população do mundo se duplicou, tenha sido grandemente dife
rente dos outros períodos da história. Em 1650, a população
do mundo era apenas de cêrca de 400.000.000 de pessoas. A
proporção atual implica num aumento consideravelmente mais
rápido. Ora, se a população original era de dois, podemos
avaliar, por cálculos legarítmicos, que a população teria de ter
duplicado exatamente trinta vezes a fim de produzir o presente
número de pessoas no mundo.

77
Se o par original tivesse vivido, digamos, há 500.000 anos
passados, o que é consideravelmente menos que as estimativas
evolucionárias médias, o intervalo médio para duplicar a popu
lação seria de 16.667 anos, o que é absurdo. Mas, se por outro
lado, todas as pessoas descendem de Noé e de sua esposa, os
quais, segundo alguns cronologistas bíblicos, devem ter vivido
cerca de 4.500 anos passados, então o intervalo médio de dupli
cação seria de 150 anos, o que é inteiramente razoável.
Uma outra fase do relato bíblico acerca do dilúvio tem sido
posta em dúvida. Dizem alguns ser impossível que a arca de
Noé pudesse ter sustentado dois membros de todas as espécies
animais do mundo. Entretanto, devemo-nos lembrar ser neces
sário que Noé separasse apenas dois membros de cada "espécie"
(com sete de cada dos animais limpos para fins de sacrifício).
Conforme foi mencionado anteriormente, o termo “espécie" pro
vavelmente é muito mais elástico que nosso conceito moderno
acerca das "espécies", e é certo que não havia um número ori
ginal excessivo de "espécies". (Adão foi capaz de dar nomes a
todas elas em menos de um dia, conforme Gênesis 2:20). So
mente os animais terrestres foram introduzidos na arca, como é
natural, e existem comparativamente poucas espécies de animais
terrestres que são grandes. A maioria dos mamíferos, pássaros
e répteis poderiam ter sido colocados em gaiolas e arrumados
em fileiras. As dimensões da arca são dadas em termos do cô
vado, que provavelmente naquele tempo tinha cerca de 60 cen
tímetros de comprimento. Nesse caso, pode-se calcular ràpida
mente que a arca tinha a capacidade de cerca de 1.200.000 me
tros cúbicos, o que é facilmente equivalente ao de mil de nossos
modernos vagões de gado das estradas de ferro. Suas dimen
sões eram ideais tanto para propósitos de guarda de comestí
veis como para de estabilidade nas águas agitadas e turbulentas
do dilúvio. A distribuição geográfica dos animais possivelmen
te era bem diferente antes do dilúvio, mas, de qualquer manei
ra, Noé não teve de encontrar e trazer os animais até à arca;
pois a Bíblia afirma ter Deus feito com que os animais viessem
até ele, possivelmente pela intuição da aproximação da catás
trofe. Desse modo, nada existe de impossível ou não-razoável
acerca do relato bíblico a respeito da arca e seus habitantes.
78
A questão da antiguidade da terra deve ser considerada de
modo breve, antes de concluirmos este capítulo. O texto literal
do registro bíblico apresenta uma idade de apenas diversos mi
lhares de ano para a terra. Por outro lado, os geológos geral
mente calculam que a terra tem diversos bilhões de anos de ida
de. Essa questão de datas geológicas é em extremo importan
te, tanto para a estimativa da idade da terra como para fixação
dos rmes acumulativos absolutos das diversas formações geo
lógicas. Entretanto, trata-se de um assunto por demais compli
cado e detalhado, que não pode ser adequadamente tratado aqui,
em têrmos breves.

Os cronômetros com mais freqüência usados no passado


têm sido a velocidade do resfriamento da terra, os depósitos se
dimentários da superfície da terra, a proporção da erosão da su
perfície da terra, a quantidade de sal e de outros produtos quí
micos nos oceanos, e a rádio-atividade. Os cientistas atuais es
tão prontos para admitir que todos esses meios, com exceção
provável do último, não são de modo algum dignos de confian
ça, e praticamente não têm valor no cálculo da idade da terra.
Essa admissão certamente jamais teria sido feita se as estimati
vas baseadas nesses métodos não se apresentassem por demais
insuficientes para permitir o atual estado do mundo orgânico
obtido pela evolução. É verdade, entretanto, que a estimativa
obtida em cada um desses métodos foi aumentada além de toda

justificativa de modo que os erros causados pelas fraquezas ine


rentes a esses próprios métodos fossem de tal natureza que des
sem em resultado estimativas exageradas. Não obstante, os mé
todos foram postos de lado quando ficou provado serem insatis
fatórios para a teoria da evolução. Por exemplo, provavelmen
te o melhor e o mais digno de confiança desses métodos todos é
o baseado no sal contido na água do mar. A quantidade de sal
no mar é conhecida com bastante exatidão, como também a pro
porção em que os rios do mundo estão despejando mais sal no
mar. Foi então suposto que a proporção sempre tem sido a
mesma, e que originalmente não havia sal algum em todos os
mares. Baseada nessas suposições, as quais são inteiramente
sem base e sem razão, a idade da terra foi calculada em no má
ximo, 100 milhões de anos. Porém, visto que com toda a pro

79
babilidade o mar já continha grande quantidade de sal para co
meçar, e que também os rios eram anteriormente muito maiores
que no momento, e que portanto a proporção da erosão era
muito mais rápida do que na atualidade, essa estimativa parece
ser por demais exagerada. Não obstante, foi posta de lado pelos
geólogos evolucionistas como por demais pequena.
O único método que tem parecido satisfatório para os evo
lucionistas é o método da medição da rádio-atividade. É um
fato conhecido que os metais de alto peso atômico, tais como o
tório e o urânio, estão sendo constantemente transformados em
rádio, e eventualmente, em um isótopo de chumbo. Acredita-se
que a proporção dessa decomposição é constante. Conseqüente
mente, quando se encontram rochas que contêm urânio, tório ou
rádio, e chumbo, as quantidades relativas desses dois metais nas
rochas são consideradas como índices de sua antiguidade. En
tretanto, não existe meio digno de confiança para calcular quan
to urânio ou tório talvez tenha se escapado do exemplar. Isso é
uma ocorrência comum e, de fato, a maioria dos depósitos de
minerais rádio-ativos têm sido de fato rejeitada para efeito de
determinação da antiguidade, por causa da crença de que isso
teve lugar. Também não existe qualquer meio de saber quanto
chumbo radiogênico talvez tenha estado originalmente depositado
junto com o urânio, ou quanto mais tarde foi introduzido, de
alguma maneira e proveniente de alguma outra fonte.
De fato, é completamente contrário ao teor inteiro da geo
logia histórica afirmar que um depósito de metal rádio-ativo po
deria ter permanecido livre de ser afetado por todos os efeitos
dos movimentos telúricos, atividade ígnea, fluxo de águas sub
terrâneas, ações químicas, etc., e isso pelo espaço de centenas
de milhões de anos ou mais ainda, e ser descoberto perto da su
perfície nestes dias presentes. Porém, se tal depósito foi afetado
por qualquer agência durante esses períodos de inimaginavel
mente longo tempo, então tal depósito manifestamente é indigno
de confiança para servir de meio de medida. As quantidades ori
ginais exatas de metal precisam ser conhecidas, como também a
quantidade exata de material produzido pela desintegração rá
dio-ativa durante todo o tempo, a fim de que o cálculo da anti
guidade do espécime tenha qualquer valor. Deve ser algo bem
80
evidente, todavia, não somente ser impossível saber que nunca
houve quaisquer fatores perturbadores, mas na realidade parece
perfeitamente certo que devem ter havido muitos desses fatores.
Além disso, também deveria ser óbvio que jamais pode ser
demonstrado com certeza que a proporção da desintegração nun
ca se alterou durante todos esses tremendos períodos de tempo.
Por certo, se a proporção se tem alterado, então, a não ser que
se conheça exatamente como a alteração se tem operado, é com
pletamente impossível fazer qualquer espécie de determinação vá
lida da antiguidade. Entretanto, sabe-se que a proporção da de
sintegração não pode se fazer variar nem por grandes extremos
de temperatura ou de pressão, nem por muitas outras influên
cias que têm sido produzidas em laboratório. Não obstante, isso
não prova que alguma outra influência ainda não experimentada
não possa alterar tal proporção. Ninguém sabe até agora qual
a causa exata da desintegração ou porque alguns materiais têm
níveis de desintegração muito maiores que outros. Ora, a
verdade é que as proporções da desintegração de alguns dos
estágios da desintegração do próprio urânio são infinitamente
mais rápidas que as de outros estágios na mesma cadeia. Por
conseguinte, é óbvio que até o momento ninguém pode saber
quais influências poderiam porventura afetar essa proporção ou
poderiam tê-la afetado no passado.
Em realidade, sabe-se agora que algumas desintegrações po
dem ser grandemente intensificadas, e essa é a base da bomba
atômica. Além disso, existem agora evidências consideráveis que
a proporção natural de desintegração pode ser afetada pela ra
diação cósmica, e possivelmente por ainda outras influências que
não tenham sido reproduzidas em laboratórios.
Em vista dessas e de muitas outras dificuldades que podem
ser enumeradas no tocante ao método da rádio-atividade, não é
surpreendente que os resultados obtidos por esse método se
jam tão erráticos. É algo bem comum a obtenção de resultados
inteiramente divergentes de diferentes exemplos encontrados na
mesma localidade. Dentre todas as centenas de determinações
da antiguidade que têm sido levadas a efeito por esse método,
ainda existem menos de uma dúzia, vindos de todas as partes do
mundo, que são considerados dignos de confiança e capazes de
81
se adaptarem satisfatoriamente na escala geológica de tempo acei
ta. A maioria dessas determinações tem sido rejeitada por um
motivo ou por outro, mui freqüentemente apenas à base que a
determinação da antiguidade rádio-ativa contradiz a classifica
ção de tempo já levada a efeito à base dos conteúdos fósseis.
Considerando-se tudo quanto está envolvido nesse método
de calcular o tempo geológico, não menos que no caso dos mé
todos anteriores, muita coisa tem sido vastamente exagerada, so
bre a qual tem sido edificada uma super-estrutura de interpreta
ções geológicas, astronômicas e filosóficas que a tem preponde
rantemente sobrecarregado.
Desse modo, em realidade não existe ainda qualquer pro
va científica apresentada, afirmando que a terra é muito antiga,
como também uma geologia verdadeiramente objetiva não sofre
ria coisa alguma adotando a hipótese do dilúvio em lugar do
chamado arcabouço uniformitário.
Há certo número de cronômetros muito mais dignos de con
fiança e, conforme poderíamos esperar, que dão estimativas mui
to mais curtas do que ordinariamente são citadas. Alguns des
ses cronômetros são a quantidade de hélio na atmosfera, a quan
tidade de material meteórico que tem caído sobre a terra, e a
quantidade de água juvenil que tem sido produzida pelos vul
cões e pelas fontes quentes, todos os quais indicam que a terra
é extremamente jovem em comparação com as estimativas dos
evolucionistas.

Essa discussão poderia ser consideravelmente prolongada,


mas pode-se dizer com toda a segurança, como um sumário, que
não existe qualquer prova genuína de ser a terra muito antiga.
Todos os métodos de medir o tempo geológico, em uso corren
te, se baseiam sobre a teoria da uniformidade, ignorando com
pletamente a possibilidade de uma criação original e os efeitos
do dilúvio de Noé. Estamos perfeitamente justificados, tanto
científica como biblicamente, ao sustentar a posição tradicional
que a terra não tem mais que alguns milhares de anos de idade.
Uma notável profecia sobre os nossos tempos é dada em II
Pedro 3:3-6, como segue: "Tendo em conta, antes de tudo, que,
nos últimos dias, virão escarnecedores com os seus escárnios,
andando segundo as próprias paixões, e dizendo: Onde está a

82
promessa da sua vinda? Porque desde que os pais dormiram,
todas as cousas permanecem como desde o princípio da criação.
Porque deliberadamente esquecem que, de longo tempo, houve
céus bem como terra, a qual surgiu da água e através da água
pela palavra de Deus, pelas quais veio a perecer o mundo da
quele tempo, afogado em água".
A moderna doutrina de uniformidade biológica e geológica
é claramente indicada nessa profecia. Note-se que essa doutri
na haveria de ensinar não apenas que "todas as cousas permane
cem como desde o fim da criação", mas sim "desde o princípio
da criação", o que salienta a suposição que a própria criação de
ve ser atribuída a leis e processos naturais, qué continuam em
operação. Essa própria idéia, por certo, é a base da teoria da
evolução. Note-se, igualmente, que a aparente base científica
desse princípio uniformitário basear-se-ia numa negação volun
tária de dois grandes fatos históricos a Criação e o Dilúvio.
-

Pelo menos durante esses dois profundamente importantes pe


ríodos da história da terra, naturalmente, o princípio da unifor
midade não poderia ter estado em operação. A criação foi
realizada por meios inteiramente diferentes daqueles que agora
Deus usa em Seu sustento providencial do mundo, os quais são
os únicos processos que podem ser atualmente estudados. O di
lúvio também marcou uma catastrófica intervenção de Deus na
operação dos processos normais da natureza. Por conseguinte,
qualquer aplicação do princípio da uniformidade, baseada em
medidas do presente processo, não se pode extender para além
do tempo do dilúvio, quando muito. Conseqüentemente, a his
tória da terra, anterior a isso, não pode ser geologicamente
discernida com qualquer medida de certeza; torna-se necessária
a revelação.
A profecia de Pedro também indica o moderno fruto desse
uso injustificável do princípio de uniformidade, bem como sua
resultante teoria da evolução, a saber, a negação generalizada de
tudo quanto é sobrenatural, e, em particular, o juízo vindouro
por ocasião da volta iminente do Senhor Jesus Cristo.

83
CAPÍTULO IV

A BÍBLIA E A HISTÓRIA

P₁ROVAVELMENTE NENHUMA PORÇÃO da Bíblia tem sido mais


completamente vindicada pela descoberta moderna do que
aquelas porções que tratam da história do povo judaico e da
quelas nações com as quais ele entrou em contato. No pas
sado, era costume da alta crítica atacar quase tudo quanto está
mencionado na Bíblia, taxando-o de não-histórico, escrito muito
depois dos supostos eventos terem ocorrido, ou, porque não, sim
plesmente fabricado pelo escritor. Entretanto, desde que come
çaram a ser acumuladas as descobertas arqueológicas, em ver
dadeira multidão, nestes últimos 75 anos, o pêndulo está ba
lançando para o outro extremo, e a Bíblia é considerada, até
mesmo por aqueles que não acreditam em sua inspiração, como
um livro digno de confiança em alto grau, do ponto de vista his
tórico.

É fato bem conhecido que as mais antigas civilizações co


nhecidas no mundo foram as da Suméria, do Egito, da Babilô
nia, da Assíria e de outros países na região próxima às praias
ocidentais do mar Mediterrâneo. Uma quantidade tremenda de
pesquisa tem sido aplicada ao estudo das histórias dessas terras
pelos modernos arqueólogos e historiadores. Seus achados ocu
pam literalmente centenas de volumes, e não podemos nem ao
menos começar a considerar todos eles aqui. Entretanto, seria
interessante examinar alguns poucos dos mais notáveis exem
plos da vindicação ao relato bíblico pelos campos arqueológicos
e outros relacionados.
Algumas das mais interessantes dentre as descobertas babi
lônicas e egípcias dizem respeito ao período antes do dilúvio.
84
Nesses, como também em outros países, têm sido descobertas
numerosas histórias acerca da criação, a queda, os patriarcas
ante-diluvianos, e igualmente sobre o próprio dilúvio. Muitos
desses relatos são extremamente parecidos com os relatos
bíblicos e, visto que muitos deles antedatam a escrita do livro
de Gênesis, por Moisés, os críticos ocasionalmente reivindi
cam que Moisés obteve seu material dessas fontes e, que, con
seqüentemente, o relato do livro de Gênesis registra meras len
das, como as outras histórias tambem o são. Entretanto, a me
ra comparação entre o majestoso relato da Bíblia com a insen
satez mitológica e fantástica de praticamente todas as outras his
tórias, serve de evidência suficiente para provar que o registro
desses acontecimentos, apresentado na Bíblia, é incomparavel
mente superior a todos os demais registros históricos combina
dos, fato esse que só pode ser explicado à base da inspiração.
É apenas natural supor que algumas memórias de tão importan
tes acontecimentos, como a criação e o dilúvio, tenham sido
transmitidas oralmente a todos os descendentes de Adão e de
Noé. E é extremamente significativo que, a despeito de seu ca
ráter obviamente lendário, esses registros espúrios demonstram
notável semelhança com o relato dado na Bíblia. Parece certo
que essas histórias, por conseguinte, devem possuir uma base
real bem definida.

A história da dispersão dos povos, após a edificação da tor


re de Babel, é usualmente ridicularizada pelos críticos da Bíblia.
Não obstante, é muito provável que uma parte da torre original
continue de pé. Há poucos anos foram escavados os restos da
quilo que recia o maior dos zigurates babilônicos. Entretanto,
foi descoberto nos registros babilônicos que essa torre já era anti
ga durante o clímax da civilização babilônica e que, em realidade,
havia sido reparada e restaurada para uso em sua adoração idó
latra. O historiador grego, Herodoto, cerca de 500 A.C. des
creveu a estrutura, que consistia então de uma série de oito torres
ascendentes, cada qual com um patamar e com um caminho
espiralado ao redor, conduzindo até o cume. No alto havia
um grande templo, que era empregado para a adoração aos
deuses da Babilônia. A lenda babilônica dizia que essa torre
fora originalmente edificada por Ninrode, isso coincide com os

85
registros bíblicos. De fato, a região até hoje se chama Birsnim
roud, pelos árabes. Essa grande estrutura tinha a altura de cer
ca de 230 metros, dos quais ainda restam algumas dezenas de
metros. Se essa torre não é realmente a original torre de Ba
bel, provavelmente pelo menos foi uma reprodução da mesma,
o que de fato pode ser o caso de muitos dos antigos zigurates
da Mesopotâmia.
Tem sido difícil encontrar evidência arqueológica direta que
diga respeito aos primeiros patriarcas de Israel, antes do tempo
de Josué. Isso, naturalmente, pode ser explicado pelo fato que
Israel ainda não era uma nação; e seria uma coincidência ex
tremamente afortunada se fossem encontradas relíquias pessoais
de indivíduos tais como Abraão, Isaque, Jacó, José ou Moisés.
Por outro lado, existe um grande acúmulo de evidência colate
ral que ilumina os relatos bíblicos, e que comprova que as des
crições dos países, povos, e condições gerais de vida durante
aqueles tempos, conforme apresentados na Bíblia, são perfeita
mente exatos e devem ter sido escritos ou por testemunhas ocula
res dignas de confiança ou escritos sob a inspiração do Espírito
Santo. Por exemplo, a cidade natal de Abraão é dada como Ur
dos Caldeus. A localização e a própria existência desse lugar
eram anteriormente incertas; em anos recentes, todavia, tudo
tem sido descoberto e amplamente explorado. Os críticos ante
riormente negavam que o Pentateuco pudesse ter sido escrito
por Moisés, por di z erem eles que a arte da escrita era desconhe
cida durante o tempo da vida do patriarca. Entretanto, desco
bertas feitas em Ur e em outros lugares, têm provado além de
qualquer dúvida que a escrita era arte já muito bem desenvol
vida pelo menos durante muitas centenas de anos antes do pró
prio tempo de Abraão. Além disso, é interessante notar aqui que
as "teorias de gabinete" da alta crítica, acerca da evolução gra
dual da cultura, da ciência, da religião, etc., estão sendo gra
dualmente demolidas em cada nova descoberta arqueológica. Ex
plorações recentes, em grande número dessas antigas cidades
tem revelado, por muitas e muitas vezes, que as civilizações des
cobertas e verificadas como mais antigas são justamente as su
periores, e que houve uma degeneração constante das artes e
ciências, com a passagem do tempo. Tem mesmo sido demons
86
trado que a religião do homem era originalmente monoteísta, e
posteriormente essa se degenerou em politeísmo, e não vice-ver
sa, conforme os críticos afirmavam anteriormente.
A destruição de Sodoma e Gomorra, pela chuva de fogo e
enxofre caída do céu, soa muito parecido com uma erupção vul
cânica, suposição essa que é amplamente confirmada em um
exame da região anteriormente ocupada por essas cidades, nas
margens do mar Morto. As grandes quantidades de enxofre e
betume, bem como as rochas vulcânicas e os gases sulfúricos ge
rados no solo, apontam para algum horrendo holocausto do pas
sado. Até o próprio caso sucedido com a esposa de Ló se torna
mais claro à luz desses fatos. É provável que ela se tenha de
morado para trás ( o sentido provável de "olhou para trás") e
foi envolvida pela catástrofe. Há enormes camadas de sal nessa
região, e é possível que ela tenha sido sepultada por uma massa
de sal lançada para o ar. A palavra traduzida como "sal"_não
denota necessariamente o cloreto de sódio, mas pode significar
qualquer composto químico cristalino. É concebível que ela te
nha sido sepultada pela lava e que mais tarde, através dos anos
e pelas forças ordinárias da natureza, tenha se tornado. petrifica
da ou fossilizada, assim sendo realmente transformada em "sal".
Esse mesmo fenômeno reconhecidamente sucedeu a um gran
de número de indivíduos na destruição vulcânica da cidade
romana de Pompéia. Acresce que as explorações arqueológicas
no local provam em definido ser a região habitada durante o
tempo de Abraão, ainda que imediatamente após ficou por cóm
pleto estéril a habitantes, assim permanecendo pelo espaço de
cerca de dois mil anos.

O cativeiro dos hebreus, no Egito, bem como o êxodo, por


causa das evidências arqueológicas são atualmente dados como
acontecimentos históricos pelos críticos, embora anteriormente
tenham sido reputados como lendários. As dez pragas, embora
ainda não tenha sido descoberta qualquer evidência corroborati
va a respeito das mesmas, têm conseguido obter nova significa
ção com a descoberta que cada uma das pragas parece ter alve
jado particularmente alguma fase da religião dos egípcios. As
deidades do Nilo, as deusas das rãs, da mosca, do gado, os deu
ses da medicina, dos elementos, do sol, da fertilidade dos cam
87
pos e, finalmente, a deusa do nascimento, todos sofreram golpes
tremendos em termos de perda de prestígio nas mentes dos egíp
cios extremamente politeístas, por causa das pragas enviadas por
Jeová. A arqueologia, ao assim revelar a religião dos egípcios
no tempo de Moisés, consubstancia indiretamente os registros
bíblicos e por certo lhes proporciona maior significação.
A respeito das peregrinações dos israelitas pelo deserto, pou
co se sabe no tocante a registros de natureza secular, além do
fato que um povo chamado Khabiri (possivelmente os hebreus)
começaram a dominar os países da terra de Canaã cerca do tem
po que a Bíblia atribui a tais conquistas. A conquista começou
com a travessia do rio Jordão e com a destruição de Jericó, e
ambos os eventos foram realizados por meio da ajuda miraculo
sa da parte de Deus. A Bíblia relata como, quando os sacerdo
tes que carregavam a arca da aliança pisaram na margem do
Jordão, .pararam-se as águas, que vinham de cima, levanta
ram-se num montão... então passou o povo defronte de Jeri
có". É interessante que coisa semelhante aconteceu pelo menos
três vezes na história, a última vez em 1927. De cada vez foi
provocada por uma deslocação de terras no curso superior de
um rio, que deixou o leito do curso inferior do rio seco por di
versas horas. O relato bíblico bem poderia descrever uma des
sas deslocações de terra, miraculosamente operada, com o con
seqüente represamento das águas.
A história da conquista de Jericó, que se seguiu a essa tra
vessia, tem sido completamente vindicada pela arqueologia. Des
cobriu-se que os muros de Jericó literalmente "ruíram por terra,
achatados". Tem sido sugerido que isso foi causado por um
terremoto. É possível que assim tenha sucedido, mas o próprio
acontecimento atesta a veracidade das Escrituras. Além disso,
porém, foi descoberto que a própria cidade não foi despojada,
conforme era o costume naqueles dias, mas antes, foi queimada,
isso consubstancia ainda mais a história bíblica.

Um dos povos mais poderosos que os hebreus tiveram de


enfrentar para entrar na Terra Prometida foram os hititas. Na
Bíblia há numerosas referências a respeito desse povo, mas, até
os anos finais do século XIX não havia qualquer evidência ex
terna de que tal povo havia realmente existido. Durante muitos

88
anos, a alta crítica costumava usar a lenda dos hititas como um
de seus mais severos golpes contra a inspiração das Escrituras.
A erudição arqueológica, entretanto, há muito tempo revelou
que esse povo constituía uma das mais poderosas e influentes
nações da antiguidade, uma vez mais demonstrando, dessa ma
neira, a fraqueza da posição da crítica e a veracidade do relato
bíblico. A mesma coisa pode ser dita a respeito de Edom e dos
edomitas, os quais são mencionados muitos e muitas vezes na
Bíblia, mas que foram completamente esquecidos pela história
secular até o século XIX, quando foram encontradas referências
a eles nos monumentos egípcios e assírios. Finalmente, os res
tos esplendidamente preservados de sua capital, Petra, “a cidade
rocha", foram encontrados. Assim, os críticos que haviam man
tido ser os edomitas seres lendários, foram novamente derro
tados.

O próprio ponto de vista crítico muito comum, a respeito


da crueldade e injustiça das instruções dadas por Jeová aos is
raelitas, para que exterminassem os habitantes cananeus da Ter
ra Prometida, deve agora ser visto à luz das descobertas arqueo
lógicas relacionadas à civilização e religião dos cananeus. Essas
descobertas arqueológicas têm demonstrado que Canaã se dege
nerara numa área de impiedade desenfreada e de tremenda
crueldade, incluindo a prática generalizada de sacrificar crian
ças, e acompanhada pela mais grosseira imoralidade que eram
regularmente praticadas à aparência de religião. Sua influência
sobre o povo de Deus provavelmente seria degeneradora, a não
ser que fossem completamente removidos, e de fato, a história
demonstrou que esse era o caso, quando Israel deixou de obede
cer o mandado de Deus para exterminar os cananeus.

Muitas descobertas têm igualmente lançado luz sobre os pe


ríodos dos juízes e dos reis de Israel, tudo fortemente susten
tando a exatidão histórica dos relatos do Antigo Testamento.
Os grandes estábulos do rei Salomão foram desenterrados, por
exemplo, como também as grandes fornalhas para derreter co
bre, pertencentes a Salomão e que existiam no porto de mar de
Eziom-Geber. Durante o último período do reino dividido, o
império assírio estava em seu período de ascendência e poder,
e muitas descobertas na arqueologia assíria também iluminam e

89
confirmam os relatos bíblicos. O fato de Senaqueribe ter sido
incapaz de conquistar Jerusalém, do rei Ezequias, a despeito da
aparente invencibilidade de seu poderoso exército, está implícito
em um dos cilindros assírios, desenterrado no sítio da antiga
capital assíria, Nínive. O tanque e o conduto de Ezequias, cons
truídos durante esse tempo, provavelmente em antecipação do
cerco efetuado pelo exército assírio, foi encontrado ainda
intacto, no subsolo de Jerusalém.
Essas são apenas algumas dentre um grande número de
descobertas que foram feitas no século passado e que confir
mam a exatidão e a autenticidade dos relatos do Antigo Testa
mento. Desejando um estudo mais detalhado acerca desse as
sunto, o leitor deve ler um dos mais recentes livros conservado
res a respeito da arqueologia, como os de Free, Unger, Wight,
e outros.

Existem ainda problemas, naturalmente, na harmonização


completa do material arqueológico com a Bíblia, mas nenhum é
tão sério a ponto de não apresentar real probabilidade de ser
solucionado a qualquer momento por meio de posteriores inves
tigações. Deve ser fato extremamente significativo que, em vis
ta da grande massa de evidência corroborativa a respeito da his
tória bíblica desses períodos, não existe atualmente um único
achado não-duvidoso de arqueologia que prove estar a Bíblia
em erro em qualquer ponto. Verdadeiramente, esse Livro é a
Palavra de Deus!

Precisamos considerar em poucas linhas a questão da au


tenticidade dos escritos do Antigo Testamento. Há tempos uma
das principais características do modernismo é afirmar que os
livros do Antigo Testamento foram escritos muito depois dos
acontecimentos que se propõem a relatar, em geral por outros
indivíduos que não são os seus autores tradicionais, e, em conse
qüência, contêm tais livros muitos anacronismos e equívocos.
Porém, não existe qualquer prova de natureza objetiva em apoio
de tal afirmação; apesar do que tal afirmação é quase sempre
feita do modo mais dogmático possível, como se fosse um dos
resultados comprovados da erudição moderna.
O Pentateuco e o livro de Daniel, em particular, têm sido os
mais atacados quanto a esses pontos. Mediante exame crítico

90
das palavras, frases, etc., existentes nos primeiros cinco livros
da Bíblia, os críticos têm chegado à conclusão que esses livros
foram escritos por diversos escritores, provavelmente em
período pouco antes ou pouco depois do exílio babilônico, e
não por Moisés. Essa afirmação é feita a despeito do fato que
muitos dos escritores do Novo Testamento, e até mesmo Jesus
Cristo, se referiram a esses escritos como pertencentes a Moi
sés. Cristo e Seus apóstolos estavam muito mais próximos do
tempo em que foram escritos os livros disputados, e conheciam
nos muito melhor do que os críticos modernos. Negar a autoria
mosáica do Pentateuco é negar a deidade de Cristo. Pois, se
realmente Cristo é, conforme asseverou ser, o Filho de Deus,
certamente não ter-se-ia referido tão freqüentemente aos escri
tos de Moisés como tais, se Moisés não fosse efetivamente o
seu autor.

Entretanto, o exame despido de preconceitos, efetuado nos


próprios livros, deve ser suficiente para convencer qualquer pes
soa razoável que eles devem ter sido escritos cerca do tempo
de Moisés. Abundam evidências de influência egípcia. Até
mesmo nas porções iniciais do livro de Gênesis, que os crí
ticos comumente supõem terem sido originadas das lendas babi
lônicas e sumerianas, existem muitas palavras, raízes e frases
que mui claramente foram emprestadas do idioma egípcio. É
provável, contudo, que Moisés se tenha firmado em registros
babilônicos mais antigos, especialmente no tangente ao material
acerca dos patriarcas mais antigos, visto que existem evidên
cias lingüísticas distintivas de tal influência. Entretanto, isso
não pode, conforme é afirmado, ser atribuído a um escritor pos
terior, que teria vivido durante o tempo do exílio babilônico,
visto serem os traços de influência babilônica realmente ínfimos,
especialmente quando tais livros são comparados com os livros
que foram escritos durante ou após o cativeiro, tais como os de
Daniel, Ezequiel, Esdras e Neemias, que contêm uma linguagem
e estilo que apresentam de princípio a fim evidências inequívocas
de considerável influência babilônica. A história de Israel no
Egito, o Exodo, e os quarenta anos no deserto estão bem apoia
dos na influência egípcia, de natureza tanto lingüística como cul
tural. Não existem palavras que se possam demonstrar como

91
sendo persas ou como neo-babilônicas. Por outro lado, há certo
número de formas hebraicas arcaicas que de maneira alguma es
tavam em uso no tempo no qual os críticos ensinam ter sido o
Pentateuco escrito. É ocasionalmente afirmado que certas por
ções desses livros contêm palavras aramaicas ou neo-hebraicas.
No entanto, tem sido demonstrado que a grande maioria dessas
palavras em realidade se compõe de raízes comuns a todos os
idiomas semíticos.

De fato, em conformidade com a teoria crítica, é absoluta


mente impossível compreender por que motivo tão grande por
ção dos escritos diriam respeito ao êxodo e às peregrinações pelo
deserto. Por exemplo, por que os supostos escritores pós-exíli
cos dedicaram tanto tempo e espaço à descrição dos detalhes
minuciosos da construção do tabernáculo no deserto, e às for
mas de adoração que deveriam ser usados em conexão com o
mesmo? A maioria dos críticos declaram que o tabernáculo nun
ca realmente existiu. Finalmente, é impossível imagina a mais
pequena razão para explicar por que os escritores teriam dedi
cado tanto cuidado para enganar o povo e revestir seus escritos
de antiguidade falsa, afirmando que tais escritos eram obra de
Moisés. E como é possível que ninguém, através dos séculos,
parece ter tido a mais leve suspeita de que esses escritos não
eram obra genuína de Moisés, até que os críticos modernos co
meçaram a manuseá-los? É verdadeiramente admirável que o
canal através do qual o mundo recebeu o mais alto código de
moral e os mais puros e sublimes conceitos acerca de Deus te
nham sido contaminados com fraude intencional desde a sua
fonte. Se realmente tais escritos não são aquilo que se declara
ram ser, parece perfeitamente impossível que os livros pudessem
ter sido recebidos como genuínos em qualquer época após o
período de Moisés. Esses livros contêm instruções detalhadas
referentes às leis e às ordenanças civis e eclesiásticas, as quais
são apresentadas como em vigor desde os dias de Moisés, além
da instituição e observância continuada da Páscoa, a qual, de
conformidade com os registros, vinha sendo observada desde
o tempo de Moisés. Tal livro, ou lei, ou sacerdócio, ou orde
nanças nunca teriam sido aceitos em data posterior, se real
mente já não estivessem em existência desde o tempo em que
92
afirmam terem sido escritos, e o povo acreditasse que tais coisas
tinham continuado em vigor desde os tempos de Moisés.
Naturalmente numa obra desta natureza não podemos de
morar nos detalhes das evidências pró e contra essa teoria
crítica acerca da teoria do Pentateuco e, outras secções do An
tigo Testamento também. Entretanto, para o estudante inte
ressado no assunto, há à disposição uma grande riqueza de
literatura. Cada afirmação e dogmatismo dos críticos têm sido
adequadamente respondidos e refutados por eruditos Cristãos.
Consideremos em poucas linhas o livro de Daniel, entre
tanto. Provavelmente nem os próprios livros de Moisés têm
sido sujeitos a tanta crítica e a tantas acusações de antigui
dade espúria como esse livro. Entretanto, isso já era para ser
esperado, por causa das admiráveis profecias que existem no
livro de Daniel, a maioria das quais já tem sido cumprida com
meticulosa exatidão. Conseqüentemente, é afirmado que o livro
de Daniel foi escrito após os acontecimentos preditos já terem
ocorrido, uma posição forçada pelos críticos pelo simples motivo
que, se a genuinidade do livro de Daniel for admitida, o cum
primento de suas profecias constituiria prova incontroversa de
sua inspiração sobrenatural e, por inferência, estabeleceria o
fato que todos os livros da Bíblia também foram transmitidos
pela inspiração de Deus. Algumas dessas profecias e seu
cumprimento serão discutidas no próximo capítulo, mas aqui
estamos preocupados com a questão da autenticidade histórica
do livro de Daniel.

O livro afirma ter sido escrito durante um período bastante


longo de anos, mas tudo durante o exílio na Babilônia. Foi
escrito parcialmente em aramaico e parcialmente em hebraico,
sendo que aquelas porções que dizem respeito especialmente
aos judeus cativos foram escritas em hebraico, enquanto que
as porções dirigidas especialmente aos babilônios e seu rei,
Nabucodonosor, em aramaico. Entretanto, o livro contém três
palavras gregas, e esse fato foi usado como base para a asseve
ração feita pela alta crítica que o livro não poderia ter sido
escrito senão após a conquista da Babilônia por Alexandre,
o Grande. A arqueologia, todavia, tem provado além de qual
quer sombra de dúvida que havia comércio intenso entre a

93
Grécia e a Babilônia mesmo antes do tempo de Nabucodonosor,
e é fato que se tornou conhecido ser pelo menos uma das três
palavras em questão (e todas as três são nomes de instrumentos
musicais gregos) o nome de um instrumento que estava em
uso mais ou menos comum já desde muitos anos antes do
tempo de Daniel. Essa "prova" não somente foi um tiro pela
culatra, mas a existência de oito palavras sumerianas, no livro
de Daniel, deveriam parecer prova definitiva que o tempo
da escrita do livro não foi posterior ao reinado de Nabucodo
nosor, pois tal linguagem nunca foi usada após isso, e até mesmo
na sua época já era linguagem quase morta. O próprio idioma
hebraico não foi mais usado depois do cativeiro; portanto, o
fato que uma grande parte do livro foi escrita em hebraico,
deixa implícito ter sido o mesmo escrito antes ou durante
o cativeiro.

Considerável evidência arqueológica tem sido trazida à luz


e que revela indiretamente a autenticidade do pano de fundo
do livro de Daniel, na Babilônia de Nabucodonosor e de Ciro.
As excavações no sítio da antiga Babilônia têm desenterrado
um edifício, cujas inscrições mostram que o mesmo era em
pregado para instruir príncipes e nobres cativos na erudição
dos caldeus, assim indicando que o tratamento dado a Daniel
e aos seus três amigos, pelos babilônios, de modo tão gracioso,
de modo algum era estranho para a maneira de agir daquela
época, conforme os críticos modernos disseram. Foi descoberta
também uma enorme fornalha, com inscrições que esclarecem
ter sido a mesma usada para queimar aqueles que se recusassem
a adorar os deuses dos babilônios, o que demonstra que a his
tória dos três hebreus na fornalha ardente tem base pelo menos
fundamentada em fatos. Foi também descoberta uma grande
cova, onde era costume lançar às feras os indivíduos que desobe
decessem aos decretos do rei. Havia até mesmo uma lista dos
indivíduos que foram mortos ali, e o nome de Daniel não se
encontrava nessa lista. Foi também descoberta uma inscrição,
feita pelo próprio Nabucodonosor, que contém uma história
estranha, a qual, segundo muitos arqueólogos estão convencidos,
corresponde ao período da loucura do rei, descrito por Daniel.
A mais séria crítica contra o livro de Daniel diz respeito

94
às suas supostas inexatidões históricas. De conformidade com
Daniel, Balsazar era rei da Babilônia no tempo da conquista
persa, sob a liderança de Ciro, e foi morto na noite em que
se banqueteava quando o exército persa, sob o comando de
Dario, o medo, capturou a cidade de Babilônia. A história
secular, contudo, ensina que Nabonido era o rei da Babilônia
nesse tempo e, além disso, que ele não foi morto, mas sim,
levado cativo pelos persas. Por certo, os críticos se aproveitaram
ao máximo desse aparente erro óbvio, sustentando que Balsazar
era uma pessoa não-existente, inventada por algum escritor de
tempos posteriores, não familiarizado com a história. Porém,
por meio de grande abundância de evidência arqueológica que
tem sido acumulada com a passagem dos anos, ficou estabe
lecido, além de qualquer dúvida, que Balsazar realmente existiu,
embora todos os historiadores, menos Daniel, pareçam ter es
quecido tudo a seu respeito. Conforme se sabe agora, Belsazar
era filho de Nabonido, e era uma espécie de regente sobre
a Babilônia, governando em lugar de seu pai, o qual estava
longe da cidade no tempo da conquista persa. Em outras pa
lavras, tanto Nabonido como Belsazar eram reis da Babilônia,
em sentido bem real, naquela ocasião. A arqueologia também
tem revelado que Belsazar foi efetivamente morto em seu pa
lácio, pelos persas, naquela noite desastrosa.
O livro de Isaías também contém muitas profecias mara
vilhosas que foram cumpridas posteriormente. Por conseguinte,
tal livro tem sido comumente dividido pelos críticos em pelo
menos duas divisões, as quais são atribuídas a diferentes autores
que teriam vivido em períodos diferentes da história, a despeito
da abundância do testemunho externo e da evidência contra
tal noção. Jesus citou de ambas as duas principais divisões do
livro de Isaías, e atribuiu tais citações a um só autor, Isaías.
A descoberta feita em 1948, de uma cópia bem antiga do
livro de Isaías, tem recebido larga publicidade na imprensa
popular. Esse manuscrito tem sido datado como pertencente
a não menos que 100 A.C., o que o torna o mais antigo, por
muitos séculos, que quaisquer outros manuscritos existentes do
Antigo Testamento. Em vista disso, é muito significativo que
tal manuscrito em todos os particulares importantes seja idêntico

95
ao texto aceito do livro de Isaías, o que apresenta um notável
testemunho quanto ao cuidado e à exatidão com que os escribas
hebreus copiavam e transmitiam as Escrituras. A maioria das
poucas diferenças existentes são apenas troca de letras, e não
há discrepância dotada de qualquer significação. Não há a me
nor indicação que os escribas reputavam o livro como dividido
em duas partes principais e composto por autores diferentes.
Desde essa primeira descoberta, muitos outros manuscritos
têm sido encontrados em cavernas ao redor do mar Morto,
provavelmente ali depositados pela seita pre-Cristã conhecida
como os essênios. Esses manuscritos contêm quase o Antigo
Testamento inteiro, e são todos essencialmente idênticos ao
texto aceito, a despeito do fato que as mais antigas cópias do
Antigo Testamento prèviamente disponíveis, são datadas de
cerca de 900 a 1.000 anos mais tarde que esses "Rolos do
mar Morto".
Gostaríamos de ocupar diversos capítulos com outros de
talhes de como o Antigo Testamento tem sido e está sendo
vindicado da maneira mais maravilhosa possível pelos achados
da arqueologia. Porém, consideremos em poucas linhas algumas
das descobertas da moderna pesquisa arqueológica e da crítica
textual, que diz respeito à historicidade e autenticidade do Novo
Testamento.

Embora tenha sido anteriormente sugerido, por alguns crí


ticos, que Jesus é um personagem inteiramente lendário, nos
anos recentes tem sido compilada uma massa de evidência em
contrário de tal volume que nenhuma pessoa informada con
tinua duvidando que Jesus realmente viveu e foi pelo menos
um grande e extraordinário líder e mestre religioso. Numero
sas inscrições e papiros têm sido descobertos, os quais ou men
cionam o nome de Cristo como líder e fundador da seita dos
Cristãos, ou simplesmente se referem aos Cristãos e à sua
propagação admiravelmente rápida. Muitos desses papiros da
tam do primeiro século ou do início do segundo século, e é
impossível supor que todos os tais papiros resultaram da devo
ção de um grupo de fanáticos por indivíduo lendário.
Também é fato estabelecido atualmente que os livros do
Novo Testamento são todos por completo autênticos do ponto
96
de vista da autoria e da antiguidade. Era anteriormente afir
mado que muitos dos livros, se não todos, foram escritos longo
tempo depois da época de Jesus, por outros homens que não
seus autores tradicionais. Essa acusação alvejava, porém, não
tanto os escritos paulinos, mas sim, os evangelhos, em especial
o de João, e o livro de Atos. Referindo-se a este último livro,
por muito tempo os críticos supuseram que havia nele nume
rosas e grosseiras inexatidões históricas e que, de fato, o teor
inteiro do livro pertencia a um período muito posterior ao do
tempo dos apóstolos. Entretanto, a arqueologia tem refutado
completamente essa posição. Praticamente todas as vilas e
cidades mencionadas no livro de Atos ou nos evangelhos têm
sido localizadas, e os achados em todos esses lugares têm sido
de tal natureza a ponto de vindicar totalmente a exatidão his
tórica dos escritores sagrados. Há muitos remanescentes da
arquitetura de Herodes pela Palestina inteira, ainda que seu
templo, em Jerusalém, tenha sido completamente destruído
pelos romanos, em 70 A.D. Relíquias bem preservadas de uma
sinagoga têm sido exploradas no local de Cafarnaum. É bem
possível que essa fosse a sinagoga onde Jesus pregava ocasio
nalmente. Por certo, existem numerosos lugares e estruturas
que estão ligados, pela tradição, a Jesus e Seus apóstolos, po
rém, na maioria dos casos, esses achados não são susceptíveis
de serem comprovados ou não.
Imagens de Diana em miniaturas, tais como as descritas
por Lucas, no livro de Atos, têm sido desenterradas nas cidades
gregas. Foi descoberto um altar dedicado ao "Deus desconhe
cido", provavelmente semelhante àquele que Paulo aproveitou
para assunto de seu sermão em Atenas. Os remanescentes do
Areopago, ou colina de Marte, onde Paulo fez esse seu sermão,
até hoje podem ser vistos.
Têm sido encontradas inscrições em grande abundância,
algumas das quais aparentemente contêm nomes de pessoas
que realmente são mencionadas no Novo Testamento. Muitas
moedas romanas tem sido encontradas, incluindo o denário
romano, com a efígie de César, que Jesus observou e O levou
a recomendar a Seus questionadores: "Dai a César o que é
de César, e a Deus o que é de Deus". Têm sido descobertas
97
inscrições que descrevem o recenseamento romano, o qual,
segundo parece, era feito cada 13 anos. Foi durante um
desses, segundo diz Lucas, que Jesus nasceu. A crítica durante
muito tempo manteve existir aqui certamente um equívoco his
tórico, visto que não havia qualquer registro acerca de qualquer
recenseamento romano feito em data tão recuada. Entretanto,
descobertas posteriores têm revelado o contrário, e agora é fato
bem conhecido que o recenseamento já era costume estabele
cido desde muitos anos antes do nascimento de Jesus.
Todas essas descobertas, juntamente com muitas outras,
datam dos tempos apostólicos, e vindicam de maneira definida
as porções históricas do Novo Testamento. Até mesmo quando
atacado pelo lado lingüístico, o Novo Testamento tem emergido
vitorioso. Os mais antigos manuscritos existentes do Novo
Testamento foram escritos em grego, mas numa forma de grego
desconhecida para a literatura clássica. Grande número de pa
lavras foi atribuído pelos críticos a uma data posterior. Entre
tanto, sabe-se agora que, pelas muitas descobertas de inscrições
em papiros, com data do primeiro século da era cristã e até
de antes, essa linguagem peculiar, agora chamada de grego
koiné, era o idioma universal do povo comum no mundo Me
diterrâneo durante o tempo de Cristo e Seus apóstolos.
O livro de João tem sido sujeito a larga crítica, durante
muitos séculos, provavelmente por causa de sua excelente apre
sentação de Jesus como Filho de Deus, por meio de Quem,
exclusivamente, os homens podem ser salvos. Os críticos mo
dernos têm datado essa composição cerca de três ou quatro
séculos após Cristo, porque, segundo decidiram eles, sua teologia
supostamente peculiar pertenceria àqueles séculos, e não ao pri
meiro século. Entretanto, existem muitas evidências, desde
escritores do princípio do segundo século os quais fizeram refe
rência ou citaram o Evangelho de João, que o mesmo não foi
composto mais tarde do que 95 A.D., e pelo próprio João.
Em 1935 foi descoberto um fragmento de papiro que apre
sentava parte do Evangelho de João, o qual todas as autoridades
têm datado pelo menos de antes de 150 A.D. Isso tem de
monstrado, conclusivamente, que esse evangelho não poderia ter
sido escrito mais tarde que 100 A.D., essa data que sempre
98
tem sido mantida pela Igreja. Evidências semelhantes, na forma
de papiros, que têm vindo à luz, demonstram a origem dos
outros evangelhos como sendo no primeiro século de nossa era.
Entretanto, resta a questão de se os acontecimentos descri
tos nos livros, especialmente aqueles que envolvem milagres,
realmente tiveram lugar ou foram inventados pelos escritores
sagrados como auxílios para a propagação da nova religião.
Juntamente com essa questão pode ser apresentada a questão
se o caráter e a vida de Jesus foram realmente perfeitos, segundo
são ali apresentados.
Certamente podemos admitir que todos os fatos do registro
do Novo Testamento o nascimento virginal, os milagres,
-

a transfiguração, a vida impecável permanecem de pé ou


caem juntamente com a veracidade ou a falsidade da ressurrei
ção de Jesus Cristo de entre os mortos. Se Jesus morreu e
ressuscitou, o que é a crença central e fundamental do Cris
tianismo autêntico, então Ele deve, verdadeiramente, ter sido
o próprio Deus, não restando qualquer dificuldade racional
para acreditarmos nas outras coisas, as quais, após análise à
luz de Suà ressurreição se tornam, de fato, perfeitamente ne
cessárias.
Bem, Jesus de Nazaré ressuscitou realmente de entre os
mortos? Negar isso significa negar em base a priori o teste
munho de seis dos oito escritores do Novo Testamento. Os
outros dois escritores deixam definitivamente subentendida sua
crença na ressurreição e seu conhecimento acerca da mesma.
Conforme temos visto, esses testemunhos estão bem estabelecidos
quanto à sua data e autenticidade. As descrições a respeito da
manhã da ressurreição e as aparições posteriores de Cristo, nos
quatro evangelhos e no livro de Atos, não possuem caráter de
evidência inventada. As diferenças nos relatos (as quais, en
tretanto, não são contraditórias, mas antes, complementares)
seriam suficientes para provar isso. Os diferentes relatos quase
necessariamente teriam sido iguais, se os escritores fossem co
niventes na história. O apóstolo Paulo, que até mesmo seus
críticos reconhecem como homem de grande poder intelectual
e discernimento, afirma ter sido instantaneamente transformado
de fariseu dos fariseus em Cristão, ao contemplar em visão o

99
Cristo ressurrecto. Sua grande vida e obras provam a auten
ticidade de sua conversão. Ele afirma, em sua primeira carta
aos Coríntios, que em certa ocasião mais de 500 pessoas de
uma vez viram o Senhor ressurrecto, muitas das quais conti
nuavam vivas quando ele escreveu esta epístola.
Bem pouca dúvida pode haver que Jesus realmente foi
crucificado, e, estava morto quando foi depositado no túmulo.
O soldado romano lanceou-Lhe o lado para certificar-se que
Ele realmente estava morto, e viu sair sangue misturado com
água, evidência de que houvera hemorragia na cavidade do
coração. Jesus foi posto em um sepulcro, envolvido da cabeça
aos pés com faixas de pano, e uma guarda romana foi ali co
locada para vigiar o sepulcro selado. É inconcebível que Cristo
pudesse meramente ter caído numa espécie de estado de coma,
tendo-se recuperado de modo suficiente para remover as faixas
de pano e sair do sepulcro. Não obstante, também é fato his
tórico que o sepulcro apareceu vazio no primeiro dia da semana,
bem cedo, após a Sua crucificação. Os fariseus e os saduceus
certamente teriam apresentado o corpo de Jesus, se pudessem
tê-lo feito, a fim de estancar o rápido crescimento da fé cristã.
E esse rápido crescimento (houve mais de 5.000 convertidos
em um só dia, em Jerusalém, no dia de Pentecoste) só pode
ser explicado pelo fato de essa gente crer que o sepulcro de
Cristo ficara vazio e, igualmente, que muitos O tinham visto
desde Sua ressurreição.

Porém, alguns poderiam argumentar que os discípulos em


realidade furtaram o corpo de Jesus do sepulcro, conforme os
fariseus subornaram os soldados para testificar. Porém, mesmo
se todos os soldados da guarda estivessem a dormir, o próprio
fato tornaria impossível para eles verem os discípulos furtando
o corpo de Jesus; portanto, nenhuma prova real em apoio a
tal acusação pode ser oferecida. Além disso, está aqui envolvida
uma avassaladora questão moral e espiritual. É inconcebível
que a maior de todas as forças espirituais e o maior de todos
os poderes em prol da justiça que o mundo já teve ocasião de
contemplar, tenham sido fundamentados sobre uma fraude in
tencional. A própria transformação do caráter dos discípulos,
renega essa acusação blasfema. Homens que haviam sido fracos,
100
vacilantes e duvidosos, subitamente se tornam ousados, pode
rosos, proclamadores do Evangelho da salvação por meio da fé
no Cristo ressurrecto, sustentados pelo Espírito Santo. Eles
nada tinham a ganhar no que tange a ganho material por causa
de tal fraude. Pelo contrário, foram perseguidos e conside
rados como fanáticos loucos, e a maioria deles foi finalmente
morta, nas grandes perseguições herodianas e romanas. O tes
temunho uniforme até dos próprios inimigos do Cristianismo,
através dos séculos, tem sido que os apóstolos e milhares de
outros Cristãos têm sido mortos por causa de sua fé em Cristo,
morrendo de modo glorioso e sem qualquer medo. Ninguém
morre assim por algo que saiba ser mentira.
A própria existência no mundo, das instituições cristãs da
Igreja, a observância do domingo, e a observância da Páscoa,
tudo isso testifica acerca da verdade literal da ressurreição de
Cristo de entre os mortos. Todas essas instituições podem ser
traçadas de volta até cerca de 30-40 A.D. Algo de extraordi
nário deve ter acontecido naquela ocasião, para dar-lhes o im
pulso inicial. A observância do sábado, por exemplo, era uma
das leis e costumes judaicos a que os israelitas se apegavam
mais rigidamente. A maioria dos primitivos Cristãos compu
nha-se de judeus muito devotos. Como é possível, excetuando
a ressurreição de Cristo, que possa explicar a súbita alteração
da observância do sábado para a observância do domingo, para
os cultos religiosos entre essa gente?
O impacto de Jesus Cristo sobre a história do mundo,
nos últimos 1.900 anos, por si mesmo é um testemunho sem
paralelo em prol de Sua própria deidade. Tem havido pessoas
da opinião que essa influência é má, citando como evidência
disso certas práticas ou doutrinas más promulgadas ou permi
tidas por certos segmentos do chamado Cristianismo organizado,
especialmente durante a Idade Média e o período da Renascença.
Porém, a despeito dessas coisas, as quais na maioria dos
casos se tem demonstrado serem limitadas a certos homens ou
grupos em realidade não Cristãos no senso biblico (os verda
deiros Cristãos, naturalmente, de conformidade com as Escri
turas são aqueles que têm recebido o Senhor Jesus, pela fé,
como seu Salvador pecado), pois a grande maioria daqueles

101
que têm meditado honestamente acerca da questão, têm reco
nhecido ser a influência de Cristo e de Seus seguidores sobre
o mundo enobrecedora e edificadora e ter ultrapassado em
muito a influência de todos os outros mestres e filósofos jun
tamente.

As almas e as vidas de inúmeros homens e mulheres têm

sido redimidas do pecado, do temor, do desespero e da miséria,


e desde então se têm caracterizado pela paz, pela santidade e
pelo amor. A moralidade de continentes inteiros tem sido pu
rificada e elevada pelo Evangelho Cristão. Escolas, hospitais
e instituições beneficentes de todas as espécies, para o alívio
dos sofrimentos e o avanço do verdadeiro conhecimento, têm
sido sub-produto do Cristianismo aos milhares. Jesus Cristo
tem servido de inspiração e tema para as maiores obras musi
cais, artísticas e literárias do mundo.

Que tudo isso, e muito mais, tenha resultado da vida e


do ensino de um obscuro carpinteiro judeu (tal como era Jesus
de Nazaré, olhado exclusivamente como homem), seria ainda
mais miraculoso e inconcebível do que se Ele realmente é o
que afirmava ser, o único e eterno Filho de Deus, que se tornou
homem com o propósito de redimir o homem. Humanamente,
Ele nasceu em um estábulo de uma pequena vila, e depois foi
criado noutra vila que era desprezada até mesmo por seus com
patriotas judeus, os quais, por sua vez, tanto naquele tempo
como desde então têm sido desprezados e freqüentemente odiados
pelos outros povos do mundo. Ele recebeu pouca educação for
mal, não possuía talentos culturais óbvios, não tinha posição
financeira nem estatura política. Ele ensinou um grupo de se
guidores heterogêneos, que não pareciam promissores, e fez
asseverações e promessas parecendo estranhas e impossíveis.
Então, após apenas três anos e meio de tal ensino, foi injus
tamente crucificado e morreu como um criminoso comum, numa
cruz romana.

Todavia, esse Homem fez declarações que, se Ele fosse um


homem apenas, imediatamente teria sido considerado mentiroso
da pior espécie ou fanático enlouquecido. Por exemplo, disse
Ele em certa ocasião: "Eu sou a luz do mundo; quem me
102
segue não andará nas trevas, pelo contrário terá a luz da vida"
(João 8:12).
Se algum mero homem alguma vez declarasse tal coisa,
seria imediatamente interpretado, pelas pessoas mais sensatas,
como um indivíduo extremamente presunçoso ou mesmo louco
completo, especialmente se suas circunstâncias humanas fossem
aquelas de Jesus. Não obstante, é realmente admirável que
durante 2.000 anos essa declaração, saída de Seus lábios, tenha
soado perfeitamente natural, verídica e digna de confiança, pois,
de fato, tem sido demonstrada como profecia que se tem cum
prido de modo maravilhoso. Durante 2.000 anos Ele tem sido
a luz do mundo, inspirando todas aquelas instituições, indiví
duos e motivos que têm contribuído mais para tudo quanto é
digno em nosso mundo atual. Aqueles que O têm seguido não
têm andado em trevas, mas têm possuído a luz da vida, ha
vendo milhões e milhões que podem testificar sobre esse efeito.
Muitos têm-no seguido, voluntária e alegremente, até luga
res difíceis e até à própria morte, sem outro motivo além do
amor por Ele, pois Ele morreu para que tivessem a vida eterna.
Foi também Ele Quem disse: "'...sobre esta pedra isto
é, (sobre a crença em Si mesmo como Filho de Deus, a qual
acabara de ser confessada por Pedro), edificarei a minha igre
ja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Ma
teus 16:18). Essa igualmente seria uma declaração inteira
mente ridícula, caso tivesse saído da boca de um homem qual
quer; os séculos, entretanto, têm demonstrado que nessas pa
lavras existe realismo profético. Contra Igreja de Jesus Cris
to (não uma organização eclesiástica, mas o corpo invisível
composto daqueles indivíduos que têm participado da confis
são de fé de Pedro e têm aceito Cristo em seus corações, como
Salvador e Senhor) têm sido lançadas todas as armas de des
truição que o inferno tem podido conceber a força de im
-

périos, perseguições constantes e sanguinárias, racionalismo in


telectual que é ainda mais mortal e, pior que tudo, a grande
carga de pecado e indiferença no seio da própria Igreja. E
contudo, nada disso tem prevalecido contra ela, como Ele
prometeu !
E novamente disse Ele: "Passará o céu e a terra, porém

103
as minhas palavras não passarão" (Mateus 24:35). Que rei
vindicação irracional, presunçosa, ultrajante, se saída da boca
de um homem qualquer! Mas agora, no século XX, mais que
alguns poucos estão temendo a iminente destruição da terra
em guerra atômica. Sinais bíblicos da aproximação do fim da
era se tornam cada vez mais numerosos. Contudo, as pala
vras de Jesus são mais largamente distribuídas e cridas por
mais pessoas do que nunca antes. Mais livros têm sido escri
tos acerca d'Ele e de Suas palavras que acerca de qualquer
outro homem.
Através dos séculos os homens têm-nO aclamado como o

maior mestre do mundo e seu homem mais perfeito. À luz de


tudo isso que conclusão razoável é possível senão que Ele é
tudo quanto afirmou ser, e que pode cumprir e realmente cum
prirá todas as Suas maravilhosas promessas feitas àqueles que
confiam n'Ele?

O próprio centro de Sua missão, de Seu ensino, de Seu


Evangelho, era a redenção do homem da condenação do peca
do, por meio de Sua própria morte sacrificial e expiatória pelo
pecado do homem. A terminação de tudo isso foi assinalada e
garantida por Sua ressurreição corporal de entre os mortos, a
qual foi declarada por muitas e muitas vezes, por homens pre
parados e competentes na análise da evidência, como o fato
mais bem comprovado de toda a história antiga.
Dessa maneira, o Cristão adora não um profeta, um
mestre ou um líder morto, mas antes, o Filho de Deus, vivo,
cuja presença corporal, à mão direita do Pai, no Céu, é decla
rada nas Escrituras, e cuja presença espiritual, no próprio co
ração do crente, oferece comprovação diária, nova e final, acer
ca do grande fato da ressurreição de Cristo dentre os mortos.

104
CAPÍTULO V

PROFECIAS CUMPRIDAS
E EVIDENCIAS INTERNAS

A MAIOR DE TODAS AS EVDÊNCIAS DEMONSTRÁVEIS em apoio


à inspiração das Escrituras, à parte da prova final e irre
torquível da experiência pessoal, repousa no fato que centenas
de profecias contidas nas suas páginas têm sido cumpridas de
modo notável. Ao tentar refutar a evidência baseada na pro
fecia de predição, os críticos têm chegado a exageros absurdos.
Eles têm procurado explicar a seu modo esses cumprimentos
como se fossem coincidências, ou têm marcado arbitrariamente
as datas da escrita das profecias como subseqüentes ao seu
cumprimento, ou, na maioria dos casos, simplesmente têm-nas
ignorado. Essas tentativas, entretanto, sempre se têm baseado
num processo de racionalização, e não se tem baseado em fatos
demonstráveis, pelo que, em sua maior parte têm encontrado
derrota total.

As profecias bíblicas não são vagas e desconexas, o que


sempre é a verdade no caso de certas supostas profecias extra
bíblicas, como as de mãe Shipton, Nostradamus, e outras da
mesma categoria. Antes, tratam de lugares, pessoas e aconteci
mentos específicos, e seu cumprimento específico pode ser fa
cilmente averiguado pela referência à história subseqüente.
Por exemplo, consideremos a profecia contra aquela gran
de cidade da antiguidade, Tiro dos fenícios. Essa profecia se
encontra em Ezequiel 26, e descreve primeiramente a captura
futura da cidade pelas forças de Nabucodonosor (vers. 7-11).
Isso foi posteriormente cumprido de modo quase literal. En
tretanto, o julgamento predito nos versículos 4 e 5: "Elas des

105
truirão os muros de Tiro, e deitarão abaixo as suas torres; e
eu varrerei o seu pó, e farei dela penha descalvada. No meio
do mar virá a ser enxugadouro de redes...", parecia ter fica
do sem cumprimento. A história nos revela que a maior par
te do povo de Tiro escapou com seus objetos de valor para a
ilha que ficava a um quilômetro da praia, onde construíram
uma nova Tiro, a qual por quase 250 anos continuou a ser ain
da grande e poderosa. Finalmente, porém, Alexandre o Gran
de terminou o que Nabucodonosor dera início. Em sua cam
panha de conquistas pelo Oriente, o povo de Tiro se recusou
a render-se a ele, e aparentemente ele não tinha meios de atin
gir a cidade, na ilha, a fim de capturá-la. Entretanto, ele tra
çou um plano engenhoso, edificando um caminho até à ilha.
Os macedônios então literalmente lançaram "... tuas pedras,
as tuas madeiras e o teu pó...” no meio das águas (ver. 12),
a fim de construir o caminho para a ilha. (Note-se a alteração
do "ele", Nabucodonosor, no ver. 11, para o "eles", no ver.
12, o que indica diferentes conquistadores). Dessa maneira o
caminho para a ilha foi feito com os remanescentes da cidade
antiga, e a nova cidade foi capturada e saqueada. O ver. 21
diz: "Farei de ti um grande espanto, e já não serás; quando
te buscarem, jamais serás achada, diz o Senhor Deus". A ci
dade continental de Tiro, contra a qual foi dirigida a profecia,
nunca mais foi reconstruída. Nem ao menos existem ruínas
ou elevações para marcar seu local, e sua localização aproxima
da pode ser calculada apenas pelos escritos dos historiadores
antigos. O caminho construído e a ilha formam agora uma pe
nínsula desolada, que é usada apenas por pescadores, com o
propósito de servir como "enxugadouro de redes".
A cidade irmã de Tiro, Sidom, teve a seguinte profecia
feita contra ela: "Eis-me contra ti, ó Sidom... Pois enviarei
contra ela a peste, e o sangue nas suas ruas, e os traspassados
cairão no meio dela, pela espada contra ela por todos os la
dos..." (Ezequiel 28: 22, 23). Contra Sidom não foi predito
que ela seria extinta, e até hoje ela é uma cidade com cerca de
20.000 habitantes. Não obstante, tem tido uma das mais san
grentas histórias de qualquer cidade. Foi quase inteiramente
destruída pelos persas, foi a cena de muitas batalhas ferozes no
106
tempo das Cruzadas, e durante a guerra entre os drusos e os
turcos, e mais tarde, entre os turcos e os franceses. Em 1840,
Sidom foi novamente cena de derramamento de sangue, quando
foi bombardeada pelas esquadras navais de três nações.
Duas cidades irmãs, próximas e revestidas de igual im
portância, se tornaram assim temas de duas importantíssimas
profecias. Cada uma dessas profecias foi cumprida à risca.
Isso seria impossível se não fosse dirigido por Deus, pois Ele
é o único que pode dizer: "...desde o princípio anuncio o que
há de acontecer, e desde a antiguidade as cousas que ainda não
sucederam..." (Isaías 46:10).
Muitas outras cidades têm sido destacadas das demais pelos
profetas. Não poderíamos começar aqui a discutir acerca do
cumprimento detalhado de todas essas predições. Entretanto,
algumas das cidades e as profecias correspondentes são alistadas
abaixo para exame do leitor:
Tebas, Egito (a "Nô" das Escrituras) Ezequiel
-

30:14-16

Mênfis, Egito (a "Nofe" das Escrituras) Ezequiel


-

30:13
Ascalom, Filístia Zacarias 9:5

Ecron, Filístia. Também Gaza, Filístia Sofonias


2:4
Betel -
Amós 3:14, 15
Samaria Miquéias 1:6, 7
Jericó - Josué 6:26
Cafarnaum, Betsaida e Corazim Mateus 11:20-23
Babilônia -
Isaías 13:19-22.

Todas essas e muitas outras profecias dirigidas contra ci


dades específicas, ou já foram cumpridas ou estão sendo cum
pridas com meticulosa exatidão.
Muitos países também têm servido de assunto para as pro
fecias. Edom ou Iduméia, era uma nação localizada perto dos
judeus na Palestina. Embora os edomitas fossem descendentes
de Esaú, e assim estivessem relacionados por laços de paren
tesco com os israelitas, eram extremamente idólatras e traiçoei
ros, e estavam constantemente em guerra contra a nação he
braica. Sua terra era muito árida e sua capital, Petra, tinha

107
posição aparentemente inexpugnável entre as rochas das mon
tanhas. Era uma cidade muito grande e rica, sendo o ponto
final de uma das grandes rotas comerciais do Oriente; e até
hoje os seus edifícios e palácios arruinados, excavados na rocha
sólida, são extremamente impressionantes e magníficos. Porém,
em Ezequiel 35:3-9; Jeremias 49:16-18, e outros lugares, há
predições a propósito da derrubada final de Edom. Edom se
ria transformada em completa ruína; seu comércio cessaria, e
todos os seus habitantes desapareceriam. Por muitos séculos
depois de escritas, essas profecias permaneceram nas Escritu
ras sem cumprimento. Até mesmo por 600, anos depois de
Cristo, Edom e Petra permaneciam grandes e prósperas. Mas
de algum modo, em algum tempo, houve uma transformação.
Aparentemente ninguém sabe contar a história. Agora a terra
inteira de Edom, até à cidade de Maan, está toda desolada,
sem praticamente nenhum habitante humano e com bem pou
ca vida animal. É interessante que somente Maan, uma cida
de no oriente de Edom, a qual nas Escrituras é chamada de
Temã, escapou à desolação. Mas é isso precisamente que foi
predito em Ezequiel 25:13: "...desde Temã até Dedã cairão
à espada".

Julgamento semelhante de extinção perpétua foi predito


em relação aos filisteus, outro grande povo guerreiro da anti
guidade. Os filisteus viviam ao ocidente dos israelitas, à beira
mar, e quase constantemente estavam guerreando contra estes.
Dos filisteus é que se derivou muito da dificuldade dos judeus
com a idolatria. Em conseqüência, encontramos a profecia de
Sofonias 2:5, 6: "...A palavra do Senhor será contra vós ou
tros, ó Canaã, terra dos filisteus, e eu vos farei destruir, até que
não haja um morador sequer. O litoral será de pastagens, com
refúgios para os pastores, e currais para os rebanhos". Exis
tem diversas outras profecias semelhantes contra os filisteus,
incluindo algumas dirigidas contra cidades específicas da Filís
tia, conforme foi notado acima. Até o século doze de nossa era
essa nação continuava forte e dotada de muitas cidades fortes.
Agora, entretanto, todos os habitantes e as cidades da Filístia
desapareceram. O país é usado inteiramente para fins de agri
cultura e para criação de ovelhas.

108
A nação do Egito, por outro lado, não foi condenada à ex
tinção, como no caso da Babilônia, de Edom, da Filístia e
de outras nações. O Egito foi um dos maiores poderes do
mundo antigo, mas, em passagem após passagem das Escritu
ras, ela é ameaçada com um declínio gradual e permanente,
mas não com extinção. Diz Ezequiel 29:15; "Tornar-se-á o
mais humilde dos reinos, e nunca mais se exaltará sobre as na
ções; porque os diminuirei, para que não dominem sobre as
nações". Até hoje essa profecia permanece veraz. O reino, as
sim chamado, continua existindo; o povo do Egito de hoje em
dia é descendência direta daqueles que certa vez constituiram um
dos maiores povos do mundo. Não obstante, efetivamente é um
dos mais vis reinos, e nunca mais se exaltou sobre as nações. Há
outro grande número de predições referentes ao Egito, concer
nentes a tais detalhes miscelâneos como suas indústrias, os tece
lões, a pesca, o papiro, os rios e canais, seus governantes, sua
exploração por parte de estrangeiros, a desolação do país, etc.
Todas essas coisas têm sido cumpridas, uma por uma, da ma
neira mais maravilhosa possível.
Não temos espaço suficiente para discutir mais dessas
predições aqui, mas gostaríamos de mencionar tais países como
Moabe, Amom, Caldéia, Assíria, Etiópia, e outros que são
temas de profecias bíblicas, todas as quais têm sido cumpridas.
Devemos considerar em poucas linhas o povo judaico, en
tretanto; sua história inteira foi predita na Bíblia mediante um
grande número de profecias, a maioria das quais já foi cum
prida. Em Deuteronômio 28, até mesmo antes dos israelitas
terem entrado na Terra Prometida, Moisés predisse sua futura
felicidade na terra, seus sofrimentos e punições devido à deso
bediência e, finalmente, sua grande dispersão mundial. No ca
pítulo 30, Moisés promete a volta final dos israelitas, uma
profecia que parecia impossível alguns trinta anos atrás, mas
agora está sendo maravilhosamente cumprida. Sua dispersão
foi profetizada por muitos outros profetas, inclusive o próprio
Cristo, bem como a terrível perseguição a que seriam sujei
tos em todas as nações. Porém, foi igualmente revelado que
eles não seriam destruidos nem assimilados, mas antes, que a
sua identidade nacional seria retida. Hoje em dia os próprios

109
judeus são um dos testemunhos mais notáveis à veracidade da
Palavra de Deus.

O livro de Daniel contém aquelas que são usualmente repu


tadas as mais maravilhosas profecias da Bíblia inteira. Nos ca
pítulos 2, 7, 8 e 11 de seu livro, Daniel prediz a história intei
ra do mundo, desde a época de Nabucodonosor até o fim. As
histórias da Babilônia, da Medo-Pérsia, da Grécia, do Egito.
da Síria, e de Roma, são descritas com tal riqueza de descrição
e detalhe que ninguém que esteja familiarizado com os fatos da
história pode manter qualquer dúvida quanto aos acontecimen
tos e às nações ali referidas. Essa própria minuciosidade de
detalhe é a única muleta restante da escola da alta crítica, a
qual há muito sustenta ser o livro de Daniel escrito após aque
les acontecimentos haverem sucedido. O racionalismo dos crí

ticos exclui o milagre da profecia divina; por conseguinte,


essa contenção é absolutamente necessária para eles. Embora
tenhamos de admitir que eles se apegam ainda a isso como
questão necessária, tem sido quase irrefutavelmente provado,
conforme demonstrado no capítulo anterior, que o livro é au
têntico tanto em relação à sua data como ao seu autor, e assim
suas maravilhosas profecias são completamente vindicadas.
Uma das mais notáveis de todas as profecias se encontra
em Daniel 9:24-26, e é conhecida como a profecia das setenta
semanas de Daniel. Essa profecia foi transmitida ao profeta
por meio do anjo Gabriel, e ela revela a história futura de seu
povo, Israel, incluindo o tempo exato da vinda do Messias
(Cristo) prometido. Foi dada cerca de 540 A. C., enquanto
Israel estava em cativeiro, na Babilônia, enquanto a cidade de
Jerusalém e o grande templo de Deus jaziam arruinados. Da
niel foi informado que o tempo profético começaria novamente
para Israel quando fosse baixada uma ordem para Jerusalém
ser reconstruída. Essa ordem foi dada por Artaxerxes a
Neemias, em 445 A.C. (Neemias 2:5-8).

A partir dessa data, a profecia indicava que 483 anos (isto


é, 69 66

semanas", ou, literalmente, "setes", com o sentido de


período de sete anos) se passariam até a vinda do Messias na
qualidade de Príncipe de Israel. Admitindo erros de cálculo

110
em nosso presente sistema de cronologia (Jesus em realidade
nasceu cerca de 5 A. C.)e o emprego possível de um ano pro
fético de 360 dias, em lugar do verdadeiro ano solar, é óbvio
que esse período culmina cerca do tempo do ministério público
de Cristo. De fato, Sir Robert Anderson e outros têm demons
trado que, com certas suposições razoáveis, seu cumprimento
ocorreu no próprio dia em que Cristo, pela primeira vez, acei
tou e encorajou Seu reconhecimento como Rei de Israel, o dia
de Sua chamada “entrada triunfal" em Jerusalém, uma sema
na antes de Sua rejeição e crucificação. Mais tarde, a chorar
pela Sua rejeição por parte de Seu povo, disse Ele: "Ah! Se
conheceras por ti mesma ainda hoje o que é devido à paz! Mas
isto está agora oculto aos teus olhos" (Lucas 19:42).
A profecia também predisse que, após a Sua vinda, Ele
seria "morto" e "já não estará" Em outras palavras, seria
rejeitado como Rei de Israel, e isso, por certo, foi exatamente
o que aconteceu. Certas outras porções dessa grande profecia
aparentemente ainda não foram cumpridas, mas estão aguar
dando o retorno de Cristo e o pleno estabelecimento de Seu
reino para sua materialização e desenvolvimentos completos.
Há muitas outras profecias relacionadas à vida de Cristo,
possivelmente não tão notáveis como esta, mas igualmente tão
miraculosas. Seu nascimento virginal foi predito em Isaías 7:
14. O lugar de Seu nascimento, Belém da Judéia, foi dado em
Miquéias 5:2. Zacarias 9:9, 10 descreve Sua entrada pública
em Jerusalém, montado num jumentinho. Muitos detalhes acer
ca de Seus ministérios de ensino e de cura são apresentados
em várias profecias. A traição de que foi vítima é descrita, in
cluindo até mesmo o preço de trinta moedas de prata, em Za
carias 11:12, 13. Os detalhes da crucificação são retratados do
modo mais gráfico possível no Salmo 22, escrito por Davi nu
ma época quando os ofensores eram mortos por apedrejamento,
quando a crucificação era desconhecida, pois se tratava de um
método distintamente romano de punição. O propósito de Sua
morte, bem como diversos dos detalhes de Seu julgamento, so
frimento sobre a cruz, e sepultamento são preditos em Isaías
53. O fato que Ele morreu, não por causa de Si mesmo nem
por causa de qualquer coisa que tivesse praticado, e, sim, como

111
substituto pelos nossos pecados, é mui vividamente descrito ali.
Até mesmo a Sua ressurreição é indicada em diversas passa
gens do Antigo Testamento, o que também foi predito diversas
vezes pelo próprio Jesus.
Existem mais de 300 profecias no Antigo Testamento as
quais foram cumpridas por Cristo na ocasião de Sua primeira
vinda. Na tentativa de determinar a significação científica des
ses cumprimentos proféticos, certo matemático do Estado da
Califórnia, nos Estados Unidos da América, o professor Peter
Stoner, fez interessante experiência com uma de suas classes.
A cada membro da classe foi dada uma profecia messiânica
particular para ser estudada, com o propósito de determinar a
probabilidade estatística com que aquele evento especial poderia
ter sido predito sem o concurso da inspiração sobrenatural. Por
exemplo, a profecia de Miquéias 5:2 diz que o Messias nasce
ria em Belém. Não havia mais motivo para essa aldeia ser esco
lhida do que qualquer outra aldeia em Judá. Por conseguinte,
sua probabilidade de cumprimento por acaso é conseguida com a
divisão pelo número de aldeias em Israel, existentes naquele
tempo. Dessa maneira, as probabilidades de cumprimento fo
ram determinadas para cada uma das 48 profecias messiânicas.
Ora, as leis da probabilidade matemática mostram que a
probabilidade das diversas ocorrências por acaso, independen
tes uma das outras, serem realizadas simultaneamente, é igual
ao produto das probabilidades de todas as ocorrências indivi
duais. Assim, a probabilidade de tôdas essas 48 profecias se te
rem cumprido simultaneamente em um indivíduo, o Messias e
Salvador prometido, foi calculada como o produto de todas as
probabilidades separadas. E o professor Stoner descobriu que
a probabilidade resultante era probabilidade entre um número
que se escreve com o algarismo um seguido por 181 zeros.
Para percebermos a significação desse número tremendo,
poderemos imaginar uma enorme bola composta de eléctrons sò
lidamente amontoados. Os eléctrons são as menores entidades
que conhecemos; seriam necessários 2 ½ milhões de bilhões de
les para fazer uma linha com uma polegada de comprimento.
A maior coisa que conhecemos à respeito é nosso universo fí
sico, com cerca de quatro bilhões de anos-luz de diâmetro (um

112
ano-luz é a distância que a luz viaja durante um ano, à veloci
dade de mais de 300.000 quilômetros por segundo). Entre
tanto, nossa bola de eléctrons compacta deveria ter um diâme
tro de cerca de 500 quadrilhões de vêzes maior que o diâmetro
de nosso universo.

Um desses eléctrons é a seguir destacado entre os demais,


e então a massa inteira é agitada completamente. É então envia
do um homem de olhos vendados para encontrar dentre a enor
me massa o eléctron marcado. A probabilidade que ele sele
cionaria o eléctron correto, na primeira tentativa, é em termos
redondos equivalente à probabilidade de que essas quarenta e
oito profecias seriam cumpridas sem o concurso da inspiração
sobrenatural.

Tudo isso equivale a clara prova matemática que as Escri


turas devem ter sido divinamente inspiradas. A maioria das leis
científicas tem sido estabelecida à base de probabilidades_esta
tísticas muito menos impressionantes que a dada acima. E de
vemo-nos relembrar que essas representam apenas 48 dentre
mais de 300 profecias messiânicas, como também existem ou
tras centenas de profecias já cumpridas na Bíblia. Certamente
a pessoa capaz de pensar corretamente deve concluir que em
verdade a Bíblia é a própria Palavra de Deus. Fenômenos tais
como esses não se encontram em qualquer outro livro do mundo!
Há outra série de significativas profecias que estão sendo
excitantemente cumpridas em nossos dias, perante nossos pró
prios olhos. Essas profecias descrevem condições no mundo,
pouco antes da volta do Senhor Jesus Cristo a este mundo,
“...em chama de fogo, tomando vingança contra os que não
conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho
de nosso Senhor Jesus" (II Tessalonicenses 1:8).
Talvez o mais significativo desses "sinais dos tempos"
seja a restauração de Israel à sua própria terra antiga, como
nação reconhecida entre as demais nações. Essa admirável res
tauração, com grande número de detalhes preditos, foi prome
tida em muitas passagens da Bíblia, como acontecimento que
deveria ocorrer nos últimos dias de nossa era. (Ver, por exem
plo, Isaías 11:10-12; Jeremias 23:3-8; 30:3-11; Ezequiel 20:
34-38; 36:24-35; 37:11-28; e numerosas outras passagens).
113
Naturalmente que o cumprimento completo de tais passagens
como essas aguardam um grande julgamento vindouro contra
Israel bem como sua conversão nacional a Cristo, quando Ele
retornar à terra a fim de reinar (Zacarias 12:10 - 14:11, e ou
tras passagens).
Outros importantes portentos proféticos dos últimos dias
incluem os seguintes:
Rápido crescimento da ciência, das comunicações e das via
gens (Daniel 12:4).
Deterioração moral e espiritual generalizada (II Timó
teo 3:1-7, 12, 13).
Apostasia doutrinária da parte de líderes religiosos (I Ti
móteo 4:1-3; II Pedro 2:1, 2; II Tim. 4:3, 4).
Anti-sobrenaturalismo entre os líderes intelectuais (II Pe
dro 3:3-6; II Tim. 3:5).
Conflitos entre as classes capitalistas e trabalhadoras (Tia
go 5:1-8).
Preparativos para governo mundial e religião mundial
(Apocalipse 13:7, 8).
Materialismo e secularismo generalizados (Lucas 17:26
30; 18:8).
Irrompimentos intermitentes de guerras, fomes e enfermi
dades de âmbito mundial (Lucas 21:10, 11).
As profecias acima, e muitas outras, estão sendo cumpri
das em nossos dias presentes, e as condições que elas descre
vem parecem tornar-se mais sérias cada dia que se passa. Evi
dentemente, tal como as Escrituras e a história corrente ensinam
com clareza, as condições mundiais tornar-se-ão crescentemen
te perigosas e anti Cristãs, conforme o retorno do Senhor for
se aproximando. Entretanto, existe uma outra profecia acerca
dos últimos tempos que é de caráter inteiramente diferente, a
saber, que o Evangelho será pregado como testemunho a todas
as nações antes da chegada do fim (Atos 1:8-11; Mateus 24:
14; II Pedro 3:9-15). Embora existam algumas terras onde
o Evangelho em realidade nunca foi ainda pregado, tem havido
tremenda extensão das missões cristãs de evangelização nas úl
timas gerações. A Bíblia tem sido traduzida, pelo menos em
parte, para mais de 1.120 idiomas, até o momento. Certo nú

114
mero de juntas missionárias se concentram particularmente pa
ra atingir as tribos e as áreas que até o presente ainda não fo
ram evangelizadas. As invenções modernas, tais como o rádio
e o avião estão contribuindo significativamente para a evange
lização do mundo, o que parece estar bem dentro da possibili
dade de realizar-se no decurso desta geração. Fazendo tudo
quanto está dentro de nossa capacidade pessoal para ajudar na
causa das missões mundiais, parece que realmente podemos
apressar o cumprimento dessa profecia, e assim apressar a
... vinda do dia de Deus...' (II Pedro 3:12).
‫رو‬

Assim sendo, enquanto o mundo se deteriora e amadurece


para o julgamento, o Evangelho de Cristo, não obstante, está
sendo levado até os confins da terra. E todas essas coisas ao
mesmo tempo servem como adições às tremendas evidências
acerca da veracidade das Escrituras e da fé cristã, çomo tam
bém comprovam que a vinda do Senhor Jesus deve estar bem
próxima!
Para qualquer leitor que ainda não conhece a alegria e a
certeza da salvação pessoal, o autor exorta-o, de todo o cora
ção, que receba o Senhor Jesus, pela fé, na qualidade de Filho
de Deus e Salvador pessoal, entregando-Lhe totalmente sua vi
da e sua alma. "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira
que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê
não pereça, mas tenha a vida eterna" (João 3:16).
...eis agora o tempo sobremodo oportuno, eis agora o
dia da salvação" (II Coríntios 6:2).

115

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