A INERRÂNCIA DAS

ESCRITURAS

JOSÉ RIBEIRO NETO

Hermenêutica-Exegese Bíblica
uma abordagem histórico-gramatical-teológica

José Ribeiro Neto

Pastor da Igreja Batista do Vale, São Paulo, SP
Pós-doutorando no Departamento de Letras
Orientais, USP
Doutor em Estudos Judaicos e Árabes, USP
Mestre em Estudos Judaicos e Árabes, USP
Mestre em Teologia Bíblica do AT, STBNET
Professor: Grego, Hebraico, Aramaico, Exegese
do AT e NT
José Ribeiro Neto
Doutor e Mestre em Língua Hebraica e
Literatura Judaica, USP

https://uiclap.bio/joseribeironeto

https://apoia.se/emunaheditora

11 9.8543-5436
Introdução

Objetivos Gerais
Esclarecimentos

Há muitos textos em debate e de difícil

solução, sendo assim, só daremos alguns
exemplos;

Muitos supostos erros e “contradições”

bíblicas já eram discutidas e respondidas
desde o segundo século;
Esclarecimentos

Os cristãos sempre conviveram com dúvidas

razoáveis a respeito das Escrituras, que em
sua época não eram possíveis de solucionar,
mas que posteriormente foram solucionadas;

O fato de não sabermos solucionar questões

ainda pendentes sobre as Escrituras não deve
abalar de modo nenhum a nossa fé.
Livros que respondem à quase todas
as aparentes contradições e erros
bíblicos. De Gênesis a Apocalipse

Infelizmente os
dois livros estão
esgotados há
algum tempo
1 Demonstrar a origem singular da Bíblia.

Expor os principais conceitos teológicos sobre

2 a doutrina das Escrituras (Bibliologia).

Definir o conceito de inerrância, os debates

3 subjacentes e a importância da doutrina.
ORIGEM DA
BÍBLIA

Crítica Textual (construtiva)

As principais críticas do AT - Alta Crítica

Crítica das fontes – JEDP – Julius

Welhausen (1844-1918)

Crítica da forma - Formgeschichte

(História da Forma) Hermann
Gunkel (1862–1932)
 Esquematização da Hipótese Documentária

J E Dtr1

Dtr2

JE P D

História
Torah Deuteronomista
As principais críticas do NT - Alta Crítica

Desmitologização – Rudolf Karl Bultmann

(1884-1976)

Neo-ortodoxia - Karl Barth (1886–1968)

As principais críticas do AT e NT - Alta Crítica

Crítica das fontes

Crítica da forma

Crítica da redação
 Crítica Textual – Baixa Crítica

Testemunhas do texto do AT:

1. Manuscritos hebraicos: 2. Versões Antigas:

1.1 MMM 2.1 Targumim
1.2 TM 2.2 Gregas
1.3 Hexapla 2.3 Latinas
2.4 Geez, etc

3. Citações Patrísticas
 + de 1.000 anos de
transmissão textual de
tradições inimigas

98% de
semelhança
Códice B19 (1010 1QIsa(125 a.C.),
d.C.), tradição tradição qumranita
massorética http://dss.collections.imj.org.il/isaiah
https://archive.org/details/Lenin
grad_Codex/page/n209/mode/2
up
Acesso em 27 jul. 2023
 Manuscritos Gregos

Em número aproximado de 5.700

testemunhas são os manuscritos
copiados em grego que são
representados por: Papiros; Códices
(maiúsculos); Minúsculos e
Lecionários

Por Papyrologist Bernard Grenfell (1920), as preserved at the John Rylands Library. Photo: courtesy of JRUL. - Papyrus:
preserved at the John Rylands Library. Photo: courtesy of JRUL., Domínio público,
https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=708563
 𝔓52

Papiro Rylands 457,

fragmento adquirido no
Egito em 1920 por B. P.
Grenfell, para a Biblioteca
Joh Rylands, de
Manchester.

Imagem disponível em: <http://www.gliscritti.it/approf/mbibbia/mbibbia2008.htm>

 𝔓52

Medidas: 8,9 x 6cm,

estima-se que a página
tinha 21,5 x 20 cm, até
1934 permaneceu
despercebido, publicado
por C. H. Roberts que
estimou a sua data na
primeira metade do
segundo século.
Imagem disponível em: <http://www.gliscritti.it/approf/mbibbia/mbibbia2008.htm>
 𝔓52

Supõe-se que não seja

posterior a 125 d.C.,
derrubando várias teorias
críticas a respeito dos
escritos joaninos.

Imagem disponível em: <http://www.gliscritti.it/approf/mbibbia/mbibbia2008.htm>

 Crítica Textual – Baixa Crítica

Testemunhas do texto do NT:

1. Manuscritos gregos: 2. Versões Antigas:

1.1 Papiros 2.1 Sírias
1.2 Códices 2.2 Latinas
1.3 Lecionários 2.3 Coptas
3 2.4 Armênias, etc.

3. Citações Patrísticas
 Crítica Textual – Diferentes abordagens

1. Nestle-Aland 28ª

2. UBS 5ª

3. Textus Receptus

4. Texto Bizantino
Problema da Crítica Textual – Os colchetes

Bíblias com colchetes [ ]

exemplos: João 7.53-8.11;
Marcos 16.9-20, etc.

Lançam dúvidas sobre a

transmissão e
confiabilidade da Bíblia.
 As principais críticas do NT - Alta Crítica

A defesa da Escritura como regra

infalível de fé e prática e os
argumentos escolhidos para
defender um texto recebido livre de
erros maiores (de escribas)
fundamenta-se na análise dos
apógrafos e não busca o regresso
infinito dos autógrafos perdidos para
apoiar a infalibilidade textual…
MULLER, Richard A. Post-Reformation Reformed Dogmatics. Grand Rapids, 1993, p. 433, apud: RUSHDOONY, R. J.; SANDLIN P.
Andrew, Infalibilidade e Interpretação. 2a edição. Brasília, DF: Editora Monergismo, 2018, p. 115.
CONCEITOS
TEOLÓGICOS
 Conceitos de Palavra de Deus
A Bíblia é palavra de
Deus, perfeita, infalível e
inerrante em tudo o que A Bíblia se torna Palavra
afirma. de Deus no κήρυγμα

Ortodoxia Liberalismo Neo-Ortodoxia

A Bíblia é um documento
humano
 Outros Conceitos

1 A Bíblia
Contém a Palavra de Deus

A Palavra de Deus
2 É muito mais ampla do que a Bíblia

Jesus Cristo
3 É a Palavra de Deus e não um texto escrito.
 Outros Conceitos

1 Catolicismo
A Palavra de Deus envolve a Bíblia, a Tradição Eclesiástica e o
Magistério da Igreja na Interpretação de todo esse corpus.

Judaísmo
2 A Palavra de Deus envolve a Torá Escrita, Torá Oral, o corpus
Tradição Interpretativa.

Seitas
3 A Palavra de Deus recebe acréscimo de outro escrito sagrado
que é colocado em pé de igualdade com a Bíblia.
 Conceitos de Inspiração

1 Mecânica
A Bíblia foi ditada por Deus Palavra por palavra de forma
mecânica.

Genérico
2 A Bíblia é inspirada assim como o são as obras literárias e os
outros textos sagrados

Plenária e Verbal
3 A Bíblia é Inspirada em um sentido único e histórico, distinto de
qualquer outra literatura e forma de expressão humana.
 Palavra de Deus = Escritura

Palavra Palavra Palavra

= =
de Deus Inspirada Escrita
O QUE É
INERRÂNCIA
 A DECLARAÇÃO DE CHİCAGO SOBRE A
INERRÂNCİA BÍBLİCA: UMA DECLARAÇÃO
BREVE

1. Deus, que é, ele mesmo, a verdade e fala somente a

verdade, inspirou a Escritura Sagrada para, por meio
dela, revelar-se a si mesmo à humanidade caída, por
intermédio de Jesus Cristo, como Criador e Senhor,
Redentor e Juiz. A Escritura Sagrada é o testemunho de
Deus a respeito de si mesmo.

SPROUL, R. C. Posso Crer na Bíblia. São José dos Campos, SP: Editora FIEL, 2013, 94–95.
 A DECLARAÇÃO DE CHİCAGO SOBRE A
INERRÂNCİA BÍBLİCA: UMA DECLARAÇÃO
BREVE

2. A Escritura Sagrada, sendo a Palavra do próprio Deus,

escrita por homens preparados e supervisionados por
seu Espírito, possui autoridade divina infalível em todos
os assuntos de que trata. Deve ser crida, como a
instrução de Deus, em tudo que afirma; obedecida,
como ordem de Deus, em tudo que exige; aceita, como
garantia de Deus, em tudo que promete.
SPROUL, R. C. Posso Crer na Bíblia. São José dos Campos, SP: Editora FIEL, 2013, 94–95.
 A DECLARAÇÃO DE CHİCAGO SOBRE A
INERRÂNCİA BÍBLİCA: UMA DECLARAÇÃO
BREVE

3. O Espírito Santo, autor da Escritura divina, tanto a

autentica para nós, por seu testemunho interno, como
abre nossa mente para entendermos seu significado.

SPROUL, R. C. Posso Crer na Bíblia. São José dos Campos, SP: Editora FIEL, 2013, 94–95.
 A DECLARAÇÃO DE CHİCAGO SOBRE A
INERRÂNCİA BÍBLİCA: UMA DECLARAÇÃO
BREVE

4. Sendo plena e verbalmente dada por Deus, a

Escritura não tem erros ou falhas em todos os seus
ensinos, nem no que diz sobre os atos de Deus na
criação, sobre os acontecimentos da história mundial e
sobre as suas origens literárias sob a supervisão de
Deus; nem no seu testemunho sobre a graça salvadora
de Deus na vida de indivíduos.
SPROUL, R. C. Posso Crer na Bíblia. São José dos Campos, SP: Editora FIEL, 2013, 94–95.
 A DECLARAÇÃO DE CHİCAGO SOBRE A
INERRÂNCİA BÍBLİCA: UMA DECLARAÇÃO
BREVE

5. A autoridade da Escritura é fatalmente prejudicada

se esta absoluta inerrância divina é, de algum modo,
limitada, ignorada ou relacionada a uma visão da
verdade contrária à própria Bíblia. E esses desvios
trazem perdas sérias tanto para o indivíduo como para
a igreja.

SPROUL, R. C. Posso Crer na Bíblia. São José dos Campos, SP: Editora FIEL, 2013, 94–95.
 Infalibilidade e Inerrância?

A infalibilidade significa plena confiabilidade

em um guia que não engana e não se
engana. A Confissão de Fé de Westminster
(1647), por exemplo, fala da “verdade infalível”
da Bíblia; a Confissão Belga (1561) a chama de
“regra infalível” (Ver Confissões*); e Wyclif*
(1380) a nomeou “infalível regra da verdade”.

J. I. Packer, “Infalibilidade e Inerrância da Bíblia”, Novo Dicionário de Teologia (São Paulo: Hagnos, 2011), 549.
 Infalibilidade e Inerrância?

A inerrância significa confiabilidade total em uma fonte

de informação que não contém erros. A palavra veio à
tona com esse sentido no século XIX, mas a crença que
expressa é tão antiga quanto o cristianismo. Clemente de
Roma sustentava que nas “Sagradas Escrituras, que são
dadas por meio do Espírito Santo […] nada de iníquo ou
falsificado está escrito”; e Agostinho declarou: “Creio o
mais firmemente que nenhum desses autores
[canônicos] tenha errado, em qualquer aspecto dos
escritos”.

J. I. Packer, “Infalibilidade e Inerrância da Bíblia”, Novo Dicionário de Teologia (São Paulo: Hagnos, 2011), 549.
Observações Importantes

A Bíblia foi escrita em linguagem humana.

A Bíblia usa figuras de linguagens e gêneros

literários que precisam ser corretamente
entendidos para se evitar equívocos de
interpretação.
Observações Importantes

O homem bíblico tem a maneira de pensar

de sua época, desde o oriente médio antigo
até o pensamento semítico do primeiro
século, e deve ser entendido dentro de seus
próprios termos.

A Bíblia utiliza-se de linguagem de

observação de fenômenos naturais e não
linguagem científica do século XXI.
Observações Importantes

A Bíblia adota linguagem popular no

arredondamento de números, de questões
matemáticas, biológicas, de taxonomia de
animais, plantas, etc.

A Bíblia não relata todos os acontecimentos

da história e nem todas as pessoas que já
viveram. O relato Bíblico se restringe aos
acontecimentos e pessoas principais na
história da Salvação.
Observações Importantes

A Bíblia utiliza-se, em suas línguas originais,

de gramática de vários espectros, desde a
mais popular até a mais literária.

Muitos supostos erros e contradições bíblicas

só podem ser resolvidos em uma pesquisa
mais aprofundada nos textos originais
(hebraico, aramaico e grego).
Observações Importantes

Nenhum desses usos de linguagem afetam a

doutrina da inerrância, pelo contrário,
somente enfatizam o respeito do Espírito
Santo em manter a linguagem, cultura e
pensamento de seus autores humanos.
Podemos confiar na Bíblia?
Sim

Podemos entender a Bíblia?

Sim

Podemos fazer teologia a partir

da Bíblia?
Sim
Josué 1.8 (ARC)

8Não se aparte da tua boca o livro desta

Lei; antes, medita nele dia e noite, para
que tenhas cuidado de fazer conforme
tudo quanto nele está escrito; porque,
então, farás prosperar o teu caminho e,
então, prudentemente te conduzirás.
Salmo 19.7–8 (ARC)

7A lei do Senhor é perfeita e refrigera a

alma; o testemunho do Senhor é fiel e dá
sabedoria aos símplices.
8Os preceitos do Senhor são retos e
alegram o coração; o mandamento do
Senhor é puro e alumia os olhos.
Lucas 24.44–46 (ARC)

44E disse-lhes: São estas as palavras que

vos disse estando ainda convosco:
convinha que se cumprisse tudo o que de
mim estava escrito na Lei de Moisés, e nos
Profetas, e nos Salmos.
45Então, abriu-lhes o entendimento para

compreenderem as Escrituras.
46E disse-lhes: Assim está escrito, e assim

convinha que o Cristo padecesse e, ao

terceiro dia, ressuscitasse dos mortos;
Mateus 5.17–19 (ARC)

17Não cuideis que vim destruir a lei ou os

profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir.
18Porque em verdade vos digo que, até que o

céu e a terra passem, nem um jota ou um til

se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido.
19Qualquer, pois, que violar um destes
menores mandamentos e assim ensinar aos
homens será chamado o menor no Reino dos
céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar
será chamado grande no Reino dos céus.
2Pedro 3.14–16 (ARC)

14Pelo que, amados, aguardando estas coisas,

procurai que dele sejais achados imaculados
e irrepreensíveis em paz
15e tende por salvação a longanimidade de

nosso Senhor, como também o nosso amado

irmão Paulo vos escreveu, segundo a
sabedoria que lhe foi dada,
16falando disto, como em todas as suas

epístolas, entre as quais há pontos difíceis de

entender, que os indoutos e inconstantes
torcem e igualmente as outras Escrituras,
para sua própria perdição.
João 20.30–31 (ARC)

30Jesus, pois, operou também, em presença

de seus discípulos, muitos outros sinais,
que não estão escritos neste livro.
31Estes, porém, foram escritos para que

creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de

Deus, e para que, crendo, tenhais vida em
seu nome.
Apocalipse 1.1–3 (BEARC)

1Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe

deu para mostrar aos seus servos as coisas
que brevemente devem acontecer; e pelo seu
anjo as enviou e as notificou a João, seu
servo,
2o qual testificou da palavra de Deus, e do

testemunho de Jesus Cristo, e de tudo o que

tem visto.
3Bem-aventurado aquele que lê, e os que

ouvem as palavras desta profecia, e guardam

as coisas que nela estão escritas; porque o
tempo está próximo.
Apocalipse 22.18–19 (ARC)

18Porque eu testifico a todo aquele que ouvir

as palavras da profecia deste livro que, se
alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus
fará vir sobre ele as pragas que estão escritas
neste livro;
19e, se alguém tirar quaisquer palavras do

livro desta profecia, Deus tirará a sua parte

da árvore da vida e da Cidade Santa, que
estão escritas neste livro.
2Pedro 1.19–21 (ARC)

19E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à

qual bem fazeis em estar atentos, como a
uma luz que alumia em lugar escuro, até que
o dia esclareça, e a estrela da alva apareça
em vosso coração,
20sabendo primeiramente isto: que nenhuma

profecia da Escritura é de particular

interpretação;
21porque a profecia nunca foi produzida por

vontade de homem algum, mas os homens

santos de Deus falaram inspirados (φερόμενοι)
pelo Espírito Santo.
2Timóteo 3.16 (ARC)

16Toda Escritura divinamente inspirada

(θεόπνευστος) é proveitosa para ensinar,
para redarguir, para corrigir, para instruir
em justiça,
Considerações Finais

O termo inerrância é uma definição teológica

para afirmar que a Bíblia não contém
qualquer mentira ou falsidade em tudo o que
ela afirma.

A inerrância bíblica está relacionada ao

caráter e à santidade de um Deus que não
mente.
Considerações Finais

Somente a crença em uma Bíblia perfeita,

infalível e inerrante em tudo o que afirma
pode nos dar a certeza de que a nossa fé está
fundamentada na verdade absoluta.

Negar a inerrância é negar toda a verdade da

Escritura, negar as afirmações Moisés, dos
profetas, de Jesus, dos apóstolos e da fé da
igreja por todos os séculos.
PERGUNTAS