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SEMINÁRIO TEOLÓGICO – ESCOLA DE MINISTÉRIOS EL SHADDAI - STEMES

DISICPLINA: APOLOGÉTICA CRISTÂ


PROFESSOR: WALMIR RODRIGUES ROCHA
PERÍODO LETIVO: 2012/2
1. EMENTA: Noções gerais sobre a Apologética Cristã. Importância da Apologética no meio teológico
evangélico. Principais Apologistas. Temas da Apologética: Breve análise do catolicismo; a Missa e a ceia:
uma breve exegese. Ideologia; Teologia e História da Apologética Cristã; Revelação Geral e Especial; O
Milagre e a Profecia; Questões sobre a Fé e a Razão.
2. OBJETIVOS:
a. Geral: – Fornecer noções básicas sobre a Apologética cristã, tendo em vista a formação do
raciocínio lógico nos estudantes de Teologia, a visão geral, noções de conteúdo da metodologia
científica e das matérias introdutórias e gerais da teologia cristã, bem como da argumentação em
defesa da fé cristã.
b. Específicos:
1. Ao fim deste módulo, o aluno deverá estar apto a
2. Fornecer as noções básicas sobre a Apologética Cristã;
3. Estudar a história do Cristianismo em seus primeiro períodos;
4. Resgatar a contribuição da Filosofia e da Teologia para um evangelismo eficaz;
5. Analisar as afirmações contrárias à fé cristã, com vistas a sua boa argumentação e defesa do
Cristianismo;
6. Realizar estudos bíblicos e reflexivos sobre as questões fundamentais da Fé Cristã,
ortodoxia da doutrina cristã, ideia de bem e mal; a pessoa, a divindade, a vida e a obra de
Jesus Cristo; a posse dos direitos e bênção preparados antecipadamente para a família
cristã.
3. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
3.1. INTRODUÇÃO: O Dez Mandamentos da Apologética Cristã
3.1.1. Conceituação
3.1.1.1. Conceito
3.1.1.2. Definição
3.1.1.3. Objeto
3.1.1.4. Fim e importância da apologética       
3.1.1.5. Divisão da Apologética
3.1.1.6. Os Métodos da Apologética
3.1.1.7. História da Apologética
3.2. A Apologética Cristã e a Filosofia de nossos dias.
3.2.1. A natureza e a necessidade da Apologética
3.2.2. O “ponto de conexão” na Razão e na Consciência
3.2.3. Serão possíveis a Ética e a Filosofia científicas?
3.2.4. A natureza e a Necessidade da Filosofia
3.3. O Cristianismo e a Ideologia
3.3.1. O que devemos entender por Ideologia?
3.3.2. Terá a Fé Cristã origem ideológica?
3.3.3. A validez do conceito de Ideologia
3.3.4. O Cristianismo e Sua Expressão Social
3.3.5. A Fé e o Culto Cristão estão além da Ideologia
3.4. Por que propagar um cristianismo cuja história está cheia de violência?
3.4.1. Uma história cheia de violência
3.4.2. O que os críticos não podem esquecer
3.4.3. O que os cristãos precisam saber
3.5. Não é a religião uma ilusão?
3.5.1. Uma ilusão a ser evitada
3.5.2. A religião é uma realidade que deve ser aceita por todos. Pois todo homem é
essencialmente religioso.

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3.6. É politicamente correto afirmar que só Jesus salva?
3.6.1. Um convite ao respeito e à diversidade
3.6.1.1. Jesus diz que é o caminho, mas o pluralismo diz que Ele é um dos caminhos
3.6.1.2. Jesus diz que é a verdade, mas o relativismo diz que Ele é uma das verdades
3.6.1.3. Jesus diz que é a vida, mas o niilismo diz que ninguém pode dizer que é a vida
porque não há nenhum sentido na existência humana
3.6.2. O que fazer diante da singularidade de Jesus?
3.6.3. Uma escolha indispensável
3.7. Como crer em um Deus amoroso que permite o sofrimento?
3.7.1. A ausência de Deus como resposta
3.7.1.1. Deus não existe (ateísmo)
3.7.1.2. Deus existe, mas errou ao criar o homem
3.7.1.3. Deus existe, mas não é amoroso a ponto de evitar o sofrimento
3.7.2. A presença de Deus como solução
3.7.2.1. Precisamos entender a natureza do sofrimento
3.7.2.2. Deus permite o sofrimento ao conceder liberdade ao ser humano
3.7.2.3. Deus detém o sofrimento
3.7.3. Para transformar o mal
3.7.3.1. Creiamos que Deus existe
3.7.3.2. Reconheçamos que, apesar da existência do mal, Deus é claramente justo na
lógica humana e na experiência revelada.
3.7.3.3. Creiamos que, apesar do sofrimento, Deus é amoroso
3.7.3.4. Creiamos que Deus pode transformar nosso sofrimento em bem e bênção
3.7.3.5. Escolhamos não ser amargos
3.7.3.6. Confiemos em Cristo
3.8. Como acreditar em milagres, se a ciência não os confirma?
3.8.1. Em busca da prova do milagre
3.8.2. Entendendo a relação entre ciência e fé
3.8.2.1. Precisamos entender que a dimensão científica não esgota a realidade
humana
3.8.2.2. Precisamos entender que a ciência é necessária
3.8.2.3. Recordemos que a Bíblia e a vida estão cheios de relatos de milagres
3.8.2.4. Saibamos que há milagres verdadeiros, embora não entrem na categoria
3.8.2.5. Continuemos a orar por milagres em nossa vida e na dos outros
3.8.2.6. Estejamos prontos para dialogar (2 Pe 3:14-17)
3.8.3. Passos para uma fé bíblica
3.8.3.1. Crer é ver com os olhos
3.8.3.2. Crer é ouvir com os ouvidos
3.8.3.3. Crer é entender com o coração
3.8.3.4. Crer é decidir por uma vida com Deus
3.9. Por uma mente bíblica – Rm 12:1-2.
3.9.1. Precisamos de uma mente bíblica.
3.9.2. Cristianismo x secularismo
3.9.3. A natureza da mente bíblica.
3.9.4. Passos para o desenvolvimento de uma mente bíblica.
3.9.4.1. Entendamos que a Bíblia contém valores indispensáveis para nós
3.9.4.2. Estudemos a Bíblia
3.9.4.3. Compreendamos a mente do tempo em que vivemos
3.9.4.4. Relacionemos a fé à vida
3.10. Elogio a tolerância.
3.10.1. Cultivemos atitudes tolerantes (Lc 9:46-55)
3.10.1.1. Não façamos do conhecimento da verdade um escudo para esconder nosso
pecado (v. 46, 47)
3.10.1.2. Aprendamos com as crianças que brincam com as que são diferentes delas,
porque lhes importam viver e deixar viver (v. 48)
3.10.1.3. Peçamos a Deus a capacidade de conviver com o outro, fora e dentro de
nossas igrejas, mesmo que pensem diferentemente de nós (v. 49-54)
3.10.1.4. Lembremo-nos de que espírito somos (v. 55).

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3.10.1.5. Evitemos controvérsias inúteis (v. 56)
3.10.2. E se a homossexualidade for genética?
3.10.2.1. A questão genética
3.10.2.2. O que diz a bíblia?
3.10.2.3. Atitudes corretas
3.10.2.3.1.  Fiquemos todos com a Bíblia
3.10.2.3.2.  Amemos os homossexuais – Deus ama o pecador embora
aborreça ao pecado.
3.10.2.3.3.  Estudemos a questão, que é muito complexa e melindrosa
3.10.2.3.4.  Atitudes específicas
3.10.2.3.5.  Atitudes indiretas
4. AVALIAÇÃO
4.1. DAS PROVAS – Serão realizadas duas provas, sendo uma facultativa valendo a nota mais
alta entre as duas. A média final será obtida com a nota das provas e dos
trabalhos.
4.2. DOS TRABALHOS – Serão solicitados aos discentes: fichamentos e leituras de fixação
conteúdo ministrado.
4.3. DAS NOTAS: - A nota mínima de aprovação é sete, sendo atribuído às provas e aos
trabalhos a média entre 0 e 10.
4.4. DA FREQUÊNCIA: 75% das aulas, conforme legislação. O aluno que não obtiver o mínimo
legal de frequência estará automaticamente reprovado.
5. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
5.1. BIBLIOGRAFIA BÁSICA
DAGG, John L. – Manual de Teologia. São José dos Campos, SP: Editora Fiel da Missão Evangélica
Literária, 1989.
GEISLER, Norman. Enciclopédia de Apologética. São Paulo: Editora Vida, 2002.
LITTLE, Paul E. Você pode explicar a Sua Fé? A Fé Cristã não deve ser cega. São Paulo: Editora
Mundo Cristão, 1990.
_____________ Saiba o que Você crê. O que você sabe a respeito de Deus Pai? Da Divindade de
Jesus Cristo? Do Espírito Santo? Dos Anjos? Do Diabo e seus agentes? – 1ª Ed. – São Paulo: Editora
Mundo Cristão, 1976.
ELWELL, Walter A. (Editor) – Enciclopédia Histórico-Filosófica da Igreja Cristã. 1ª Ed. – São Paulo:
Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 1988.
RICHARDSON, Alan. Apologética Cristã. 3ª Ed. – Rio de Janeiro: JUERP, 1983.
SILVA, Severino Pedro da. A Doutrina da Predestinação. 1ª Ed. – Rio de Janeiro: CPAD, 1989.
5.2. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
BECK, Nestor L.; KUCHENBECKER, Horst R.; RIETH, Bruno F.; STEYER, Christiano J.; HEIMANN,
Leopoldo. Confissão da Esperança. Exposição histórica e doutrinária da Confissão de Augsburg.
Porto Alegre, RS: Concórdia, 1980.
MacARTHUR, JR., John F. – Nossa Suficiência em Cristo. 2º Ed. – São José dos Campos, SP:
Editora Fiel da Missão Evangélica Literária, 2001.
GOLDSTEIN, Lawrence; BRENNAN, Andrew; DEUTSCH, Max; LAU, Joe Y. F. – trad. Lia Levy.
Lógica: Conceitos-chave em Filosofia. Porto Alegre, RS: Artmed, 2007.
SCHÜLER, Arnaldo. Dicionário Enciclopédico de Teologia. Canoas, RS: ULBRA, 2002.
HALLEY, Henry Hampton. Manual Bíblico de Halley: Nova Versão Internacional. São Paulo: Editora
Vida, 2001.
ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia Apologética. São Paulo: ICP EDITORA, 2000.

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1. INTRODUÇÃO

“Aquele que obtiver sucesso ao definir o conhecimento, de forma que


apenas suas convicções sejam tidas como tal, conseguirá estabelecer as
normas políticas e dirigir a vida humana.”
Dallas Willard

identidade cristã tem sido apreendia como politicamente correta e intelectualmente inaceitável.
Nossos críticos atestam, por exemplo, que desrespeitamos as demais tradições religiosas ao
afirmar que só Jesus Cristo salva. Sustentam ainda que nossa fé se alimenta da ignorância das

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pessoas, o que constitui motivo suficiente para que os indivíduos de bem não só recusem mas
combatam o cristianismo.
A crescente pressão é também antiga. Quando o filósofo alemão Friedrich Nietzsche
(1844-1900), com base nos princípios ensinados por Jesus Cristo no chamado sermão da
montanha, escreveu que o cristianismo é uma religião para escravos, repetia alguns dos
argumentos já usados pelo médico Celsus no advento do terceiro século da Era Cristã.1
Os cristãos, portanto, enfrentaram desde cedo ataques no campo intelectual. Quando o
aposto Paulo discursou (sim, ele não pregou, mas discursou) para os atenienses no teatro dos
debates públicos da cidade, defendeu o cristianismo visando a desmontar os argumentos
contrários. Para tanto, lançou mão da poesia, da filosofia e da retórica. Ele agia coerentemente
com suas recomendações: devemos nos empenhar para derrubar os argumentos contrários ao
conhecimento de Deus (2 Co 10:5).
Depois do apóstolo, muitos outros empregaram esse tipo de apresentação defensiva, que
acabou por ser tecnicamente reconhecida como apologética. A apologia consiste, portanto, na
área da teologia que se preocupa em defender intelectual e racionalmente a fé cristã histórica.
Trata-se de um dever cristão, pois, embora a defesa não seja de fato necessária, as pessoas a
quem queremos alcançar com a graça salvadora de Jesus Cristo precisam dela. Nesse sentido,
então a apologética faz parte da evangelização, tarefa que nos foi confiada por Jesus cristo (Mt
28:19-20; At 1:8).
Portanto, a apologética não é para profissionais da teologia, mas para todos os cristãos
interessados em oferecer a razão da fé que vivem (1 Pe 3:15).
1.1. O Dez Mandamentos da Apologética Cristã
1.1.1. Discuta com amor. O amor deve estar acima da verdade. Nunca desqualifique moralmente o
autor de uma ideia inaceitável. Lembre-se de que fortalecer a fé cristã é sua tarefa primeira, e ela advém de
uma chamada para servir aos necessitados no campo intelectual. Diga a verdade com amor (Ef 4:15). O fruto
do Espírito também deve estar presente no espírito do apologista.
1.1.2. Seja humilde. Purifique-se de todo desejo de vitória e presunção intelectual, deixando-os de
lado. Você não é dono da verdade. Embora tenhamos a Verdade, somos seus intérpretes, não seus
proprietários., somos testemunhas da Verdade (Jo 18:37), não seus formuladores.
1.1.3. Amplie seu conhecimento da Bíblia, de modo a tornar a mente cada vez mais
bíblica. Embora a razão seja indispensável, ela não sobrepuja a revelação. Para estudar a Bíblia, use todos os
recursos de que dispuser, como comentários, dicionários, Bíblias de estudo, comentários teológicos etc.
1.1.4. Cresça no aprendizado da reflexão e da pesquisa lógica e racional. Trata-se de uma
aventura para toda a vida. Verifique sempre os fatos e os argumentos. Pense clara e corretamente. Cuidado
ao argumentar em especial ao apelar para a autoridade de terceiros (“uma prova de que estamos certos é que
fulano disse que...”) ou ao tocar na sensibilidade alheia (“as pessoas inteligentes concordam que...”). nunca
deixe de refletir; pensar é duvidar,m questionar, pesquisar.
1.1.5. Mantenha a autocrítica. Não se limite a criticar o que ouve ou lê: critique o que você pensa e
diz. Faça uma autocrítica de seus conceitos e valores. Você está certo? Seu crivo é a Palavra de Deus, e não a
razão ou a tradição?
1.1.6. Como do princípio. Ao estudar um assunto, comece por questionar o fundamental. Veja como
o autor ou a ideologia estudados encaram a Bíblia, a pessoa de Jesus Cristo, por exemplo. Reúna todos os
dados. Leia tudo o que for possível sobre uma determinada questão, criticando os argumentos dos autores,
mesmo aqueles com os quais concorde. Disponha-se a gastar tempo. Não se contente com uma visão
superficial, nem caricatural do tema. Procure dominar o assunto.

1 Alguns preferem denominá-la Era comum, por entenderem tratar-se de expressão mais respeitosa com as
demais religiões.

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1.1.7. Ouça sempre o outro lado. Fundamente seus argumentos a partir de fontes primárias. Se
discordar de um autor, faça-0 a partir dos escritos dele, e não da opinião de terceiros sobre ele. A honestidade
intelectual não pode ser infamada, nem por uma boa causa.
1.1.8. Firme-se no foco, na meta da apologética. Não confunda polêmica, que trata de questões
doutrinárias entre confissões cristãs, com apologética, um método de evangelização a partir da defesa
racional da fé bíblica.
1.1.9. Contribua para por a razão em seu devido lugar. A razão é essencial, mas não tudo. O
racionalismo consiste num tipo de reducionismo porque reduz a vida a uma só dimensão. Cuide para quer a
razão não seja entronizada num altar. Ela é apenas um instrumento para a compreensão e também deve ser
um instrumento para a Felicidade.
1.1.10. Dependa do poder do Espírito Santo. Não alimente a pretensão de que você pode
convencer as pessoas de seu pecado, do juízo que lhe sobrevirá e da necessidade de arrependimento. Essa
tarefa é do Espírito Santo. Você é apenas um instrumento. Não espere resultados como frutos de uma
competência.


1.2. CONCEITUAÇÃO:
● Conceituar é avaliar, ajuizar, fazer conceito de alguma coisa, ou de algo.
1.2.1. Conceito – conceito é a idéia que uma pessoa faz de uma classe de objetos, assim
como gato, cavalo ou casa, ou de uma classe de idéias como amor,  liberdade ou Deus. É uma
consciência de suas qualidades que faz de um objeto ou de uma idéia o que são ou parecem ser.
Grande número dos estudos filosóficos consiste em tentativas empreendidas pelo homem para
definir conceitos. Todos os substantivos são conceitos elaborados pelo homem.
1.2.1.1. A palavra apologética  em português deriva de uma raiz grega que significa
“defender, dar resposta, responder, defender-se legalmente”. Nos tempos do NT
uma apologia era a defesa de alguma coisa, feita formalmente no tribunal (2 Tm 4:16). Como
subdivisão da Teologia Cristã, a apologética é um discurso sistemático e argumentativo na
defesa da origem divina e da autoridade da fé cristã. Pedro ordenou aos cristão que sempre
estivessem preparados para dar a razão da esperança que têm (1 Pe 3:15).
1.2.1.2. Apologética é
● a justificação e defesa da fé;
● a parte da teologia que tem por objeto a defesa da religião cristã, contra o ataque e
objeções de seus adversários.
● A tentativa de mostrar que a fé pode ser comprovada pela razão, ou que pelo menos é
consistente com ela.
● A tentativa de defender uma doutrina.
● A defesa racional da fé cristã, de suas doutrinas e práticas.
1.2.1.3. Apologia – discurso para justificar, defender, elogiar ou louvar. Apolo é o
deus grego dos oráculos. Daí o nome apologia, de onde vem o discurso de defesa de uma ideia.
1.2.1.4. Apologistas – Aqueles que escreviam defesas do Cristianismo, procurando
mostrar que não havia razão para perseguir os cristãos, que o cristianismo era a “verdadeira
filosofia”, e que de fato as práticas morais dos cristãos contribuíam para o bem-estar da
sociedade, para uma sociedade mais justa e feliz.

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1.2.2. Definição. Definir é enunciar os atributos, as características específicas de uma
coisa (objeto, idéia, ser) de tal modo que ela não se confunda com outra. Dizer exatamente,
explicar a significação de. Demarcar, fixar. V. pr. Tomar resolução, decidir-se por. 
1.2.2.1. Definida de modo amplo, a apologética sempre tem sido uma parte da
evangelização.   O cristianismo é uma cosmovisão que afirma algumas coisas muito exatas,
como, por exemplo:
● “O cosmos não é eterno nem se explica por si só”;
● “Existe um Criador”;
● “Ele escolheu um povo e revelou-Se a ele”; e
● “Ele Se encarnou num judeu específico num tempo definido na história.”
Todas estas reivindicações precisam ser fundamentadas. Nisto está envolvida a
apologética. A única maneira de omitir da fé a apologética é abrir mão das reivindicações da fé
quanto a ser ela verdadeira.
1.2.2.2. Etimologicamente, a palavra apologética (do grego apologèticos, através
do grego ἀπολογητικός, chegou-nos pelo adjetivo latino “apologeticum”, por derivação de
"apologia" (do substantivo grego απολογία), que significa: "defesa verbal") é a
disciplina teológica própria de uma certa religião que se propõe a demonstrar a verdade da
própria doutrina, defendendo-a de teses contrárias.significa justificação, defesa.
1.2.2.3. Conforme Sproul, Gerstner, Lindsley (1984:13), a apologética é a defesa
fundamentada da religião Cristã[6]. Como defesa fundamentada da fé, a Apologética está para
a Teologia como a Filosofia está para as Ciências Humanas.
O dicionário Houaiss define-a como sendo:
"(1) Rubrica: teologia; defesa argumentativa de que a fé pode ser comprovada pela razão
(1.1) Rubrica: catolicismo, teologia; parte da teologia que se dedica à defesa do catolicismo
contra seus opositores (ver também Apologética Católica)"
"(2) Derivação: por extensão de sentido (da acp. 1); defesa persistente de alguma
doutrina, teoria ou idéia."
Ramm (1953:2) identifica na apologética o papel fundamental de mediar e conciliar
tensões intelectuais:
...a apologética medeia tensões intelectuais. [Essa] mediação intelectual alivia as
pressões mentais, resolvendo discrepâncias aparentes, harmonizando todos os elementos da
vida mental. (...) Com o surgimento da mentalidade moderna e o conhecimento moderno, veio
uma ampla gama de tensões para o apologeta Cristão mediar.
Francis Schaeffer argumenta que a apologética não deve ser usada como um conjunto de
regras fixas e impessoais, mas que a explanação da fé deve estar sujeita à direção do Espírito
Santo e à consciência da individualidade de cada pessoa[7].
1.2.3. Objeto:
Objeto é tudo o que se oferece à vista, que afeta os sentidos. Qualquer coisa. No sentido figurado, é
tudo o que se oferece ao espírito, que o ocupa; intenção, propósito. Causa, motivo de um sentimento, de uma
ação. Matéria própria: o objeto de uma ação. Direito. Aquilo sobre o que incide um direito, uma obrigação,
um contrato, uma demanda em juízo. Filosofia. O que é pensado e se opõe ao ser pensante, ou sujeito.
Gramática. Complementos verbais: objeto direto e objeto indireto. O objeto amado, a pessoa a quem se
ama.

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A apologética cristã trata da natureza e solidez de nosso conhecimento de Deus, e,
assim, nos leva a examinar os métodos e conclusões da pesquisa teológica à luz daquilo que em
geral conhecemos de nós mesmos em relação ao mundo.
1.2.3.1. A apologética tem dois fins:
a. Justificação da fé. Considerando a religião cristã no seu fundamento (isto é, no
fato da revelação divina, (geral e especial), a apologética expõe os motivos de credibilidade,
que provam a existência de Deus. Deve, portanto, resolver esse problema: havendo neste
mundo tantas religiões, qual será a verdadeira? Ora, o apologista cristão sustenta que a única fé
verdadeira é a que está exposta na Bíblia Sagrada – porque pela graça sois salvos, por meio da
fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus, nem das obras para que ninguém se glorie.” (Ef 2:8-
9). O trabalho de provar a realidade dessa asserção constitui-se na apologética demonstrativa
ou construtiva.
b. Defesa da fé. A apologética não só apresenta as credenciais da Igreja Cristã,
mas também enfrenta os adversários, respondendo aos seus ataques. E como os ataques variam
com as épocas segue-se que deve evolucionar e renovar-se incessantemente, pondo de parte as
objeções antiquadas e apresentando-se no campo escolhido pelos adversários, para os combates
da hora presente. Sob este segundo aspecto, a apologética tem um caráter negativo, e chama-se
apologética defensiva.
O objeto da apologética é, portanto, mais geral. A apologia limita-se a defender um
ponto da doutrina católica no campo do dogma, da moral ou da disciplina. Prova, por exemplo,
que a doutrina da Trindade não é absurda; que acusar de interesseira a moral cristã é injusto;
que o casamento é uma instituição divina, que deve ser respeitada e honrada.
1.2.4. Objetivo da apologética: O estudo da apologética visa a levantar questionamentos
quanto à metodologia científica da teologia em contraposição à metodologia de
outras ciências ou das ciências em geral.
1.2.5. História da apologética. 
Na história da Igreja Cristã há um capítulo especial sobre os apologistas. A partir do NT, servos de
Deus, zelosos por defender a doutrina bíblica e através da argumentação a fé evangélica, se destacaram nesta
tarefa, e deles temos o exemplo para os nossos dias de como sermos defensores fiéis da sã doutrina,
precisando, portanto, estarmos prontos a defender as nossas convicções e a responder sobre a razão de nossa
fé.
Os primeiros apologistas cristãos escreveram no século II, e mesmo que algumas de suas obras
tenham se perdido, esses apologistas – particularmente Justino Mártir – foram os primeiros teólogos cristãos
no sentido de oferecer uma visão racional do cristianismo. Muitos dos mais distintos pensadores cristãos das
gerações seguintes, e até que a perseguição terminasse, também escreveram obras apologéticas.
1.2.5.1. Apologistas históricos:
1.2.5.1.1. Apóstolo Pedro – I Pe 3:15;
1.2.5.1.2. Apóstolo Paulo – 2 Tm 4:16;

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1.2.5.1.3. Aristides2 (65-130) – Filósofo grego, apologista e patrístico do período
pré-nissênico, autor do mais antigo escrito apologético cujo texto se conserva, no qual defendeu o
Cristianismo contra o paganismo. Era de Atenas e escreveu sua apologia ao imperador Antonio Pio 3, em 147
d.C. Os cristãos conhecidos na época com a “terceira raça”, foram chamados por Aristides como raça
superior e digna de tratamento humanitário. A obra (da qual restou somente uma tradução siríaca, e uma
reprodução livre, no grego, no romance medieval de Barlaã e Joasafe), ataca as formas de adoração entre os
caldeus, os gregos, os egípcios e os judeus, exaltando o cristianismo acima destas formas.
1.2.5.1.4. Justino Mártir (c. 100 / 114 - 162 / 168) – defendeu o cristianismo da
filosofia grega. Endereçou sua apologia a Adriano e a Marco Aurélio, alegando que a filosofia grega, apesar
de útil, era incompleta, e que este produto não terminado (a filosofia) é aperfeiçoado e suplantado em Cristo.
Para ele, o cristianismo era a verdadeira filosofia. A filosofia grega era encarada da mesma forma que a lei
judaica – precursora de algo superior.
1.2.5.1.5. Outros apologistas históricos: Aristo (1286-1294); Atenágoras (ca. 133 –
190); Taciano (110-172 d.C.); Teófilo de Antioquia (?-183/186); Minúcio Félix (150-270); Irineu (125-212)
e Hipólito (170-235 d.C.); Arnóbio (255 – 327); Lactâncio (240-320 d.C.); e Eusébio de Cesaréia (ca. 265-
339 d.C.); Pais Alexandrinos (Tertuliano (c. 160-220 d.C.), Clemente de Alexandria (150-215), Orígenes
(185-253), Cipriano (200-258) e outros); Agostinho (354-430 d.C.); Tomás de Aquino (1225-1274 d.C.).
1.2.5.1.6. Apologistas contemporâneos: Joseph Butler (1692-1752); Karl Barth
(1886-1969); Rudolp Bultmann (1884-1976); Josh McDowell4 (1939- ).

2 Dados sobre sua vida e obra são escassos. Segundo Eusébio de Cesaréia o filósofo ateniense teria entregue ao Imperador Romano Adriano
(76-138)  livros compostos em defesa da religião cristã, aproveitando-se da admiração do imperador pela escola de Alexandria e os filosofia
ateniense. A primeira apologia do cristianismo, teria sido escrita na época do reinado (117-138) de Adriano, e só conhecida dos
contemporâneos após sua descoberta no século XIX e publicada pelos Mequitaristas de S. Lázaro, de Veneza (1878) com o título Ao
imperador Adriano César de parte do filósofo ateniense Aristides. Poucos anos depois (1891), R. Harris descobriu no monastério de S. Catalina
do Monte Sinai, uma tradução síria dessa apologia. A primeira elaboração filosófica do cristianismo, sustentava que só os cristãos possuiriam
a verdadeira filosofia, porque teriam encontrado a verdade acerca de Deus, mais do que todos os outros. Na Apologia, composta de 17
capítulos, sendo o capítulo 1uma introdução, os capítulos 2 ao 16 exames de diversas religiões e uma conclusão (cap. 17), afirmava
corajosamente que os cristãos vagando e buscando, acharam a verdade e estavam mais próximos que os outros povos da verdade e do
conhecimento certo, pois acreditavam no Deus criador do céu  e da terra, e do qual eles mesmos receberam os preceitos que guardavam no
coração, com a esperança e expectativa do futuro.
3 Antonino Pio (19 de Setembro 86 - 7 de Março 161) foi Imperador romano pertencente à dinastia dos cinco bons imperadores. Sucedeu a
Adriano, que o adotara como filho. Foi denominado "Pio" precisamente pelo fato de haver insistido na deificação de seu pai adotivo e na
validação dos seus atos pelo Senado romano, o qual ressentia-se das políticas autoritárias de Adriano. Leve-se em conta que aí estava em
jogo algo mais que simples devoção filial: como conta Dio Cássio, Antonino acreditava que, fossem os atos de Adriano invalidados em bloco,
o primeiro dos seus atos a ser questionado na prática seria a adoção do próprio Antonino. A ratificação dos atos de Adriano foi, portanto,
levada a cabo, sob o estímulo de Antonino ter comparecido ao Senado com um destacamento da guarda pretoriana. Antonino, não obstante,
exerceu o poder em contato constante com o Senado, cujo papel cerimonial aceitava, ainda que não lhe cedendo qualquer parcela de poder
real; contrariamente a Adriano, permaneceu em Roma durante todo o seu reinado. Realizou uma política de austeridade, não realizando
grandes edificações nem conquistas militares - salvo um deslocamento para Norte da fronteira da Britânia, após as campanhas do general
Lolius Urbicus, que resultou na construção de um novo muro, a Muralha de Antonino, ao Norte da Muralha de Adriano, na fronteira entre as
atuais Inglaterra e Escócia. (Fonte: http://pt.shvoong.com/humanities/history/1691768-imperador-antonio-pio/#ixzz27XMQ7eBk)
4 Como profissional da apologética cristã, a obra de MacDowell se concentra em abordar os questionamentos à fé, os argumentos propostos
por pensadores não cristãos, as dúvidas a respeito da fé e as religiões não cristãs. Ainda que não tem escrito especificamente a respeito da
teoria ou o método da apologética, é possível deduzir a partir de seus livros que seu método se localiza dentro da tradição evidencialista da
apologética cristã. Dita tradição ocupa-se em apresentar argumentos positivos para levar à crença em Cristo enfatizando aspectos jurídicos e
históricos para estabelecer a autenticidade dos textos bíblicos e a divindade de Cristo. Em livros como Evidência que Demanda um
Veredicto, O Fator Ressurreição, e Ele Caminhou Entre Nós, MacDowell tem organizado seus argumentos acumulando evidências, como
descobertas arqueológicas, a existência dos manuscritos do texto bíblico, as profecias cumpridas, e o milagre da ressurreição. Em Mais Que
um Carpinteiro combina argumentos históricos e jurídicos, informação de testemunhas diretas e evidência circunstancial para
defender aspectos da vida de Jesus e sua ressurreição. Em dito livro utiliza uma argumentação similar à que empregou no debate do tema
'Foi Cristo Crucificado?' com o apologista muçulmano sul-africano Ahmed Deedat, em Durban, em agosto de 1981. MacDowell declara que "a
evidência a favor do cristianismo nas escrituras não é exaustivo, mas é suficiente". [4] Grande parte de seu trabalho evidencialista reflete o
ponto de vista de outros apologistas como John Warwick Montgomery, Norman Geisler, Gleason Archer, e Gary Habermas. Outro enfoque de
sua apologética consiste no questionamento à metodologia, suposições e conclusões da Alta crítica ao Antigo Testamento, e à crítica à forma
e à redação dos Evangelhos. Seu trabalho neste aspecto consiste em pôr a disposição do público em general e em forma singela os grandes
debates dos eruditos, particularmente as discussões a respeito das teorias da Alta Crítica. A fins dos oitenta e a princípios dos noventa sua
obra apologética se enfocou no questionamento a sucessos editoriais como Santa Sangue e Santo Graal, Nos Anos Perdidos de Jesus, e à obra
do humanista George A. Wells. Também reuniu argumentos apologéticos da doutrina da deidade de Cristo em "Jesus:  Uma Defesa Bíblica de
Sua Deidade". Em dois volumes, MacDowell e seu colega Dom Stewart tratam a respeito das perguntas e objeções populares à fé
concernentes à inerrância bíblica, supostas contradições na Bíblia, o dilúvio de Noé, e criacionismo contra evolucionismo. MacDowell e
Stewart também têm popularizado argumentos de outros apologistas do movimento contracultural cristão, particularmente o trabalho de
Walter Martin, no livro Manual das Religiões Atuais. Em sua crítica, MacDowell e Stewart concentram-se em questões de apologética
doutrinal, especialmente relacionadas com a deidade de Cristo, apontando àquelas crenças que catalogam como heréticas defendidas por

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Como já vimos, Apologética e apologia não são termos sinônimos. “Apologética significa
propriamente ciência da apologia, do mesmo modo que dogmática significa ciência do dogma. A apologética
é a defesa científica do Cristianismo pela exposição das razões em que se apóia. Uma apologia  é uma defesa
oposta a um ataque” (Hettinger, Théol. Fond. t. I.).
A apologia remonta às primeiras eras do Cristianismo; a ciência apologética aparece mais tarde, e
está sempre em via de formação ou, pelo menos, de aperfeiçoamento.
A apologética desenvolveu-se, sobretudo, no Cristianismo – enquanto em outras religiões, como
o Islã e o Budismo, houve apenas tentativas menores. Assim, quando o termo "apologética" não é seguido de
especificação, é quase sempre entendido como "apologética cristã", ou seja, como a prática da explanação,
demonstração (de ordem moral, científica, histórica, etc.) e defesa sistematizada da fé cristã, sua origem,
credibilidade, autenticidade e superioridade em relação às demais religiões e cosmovisões. [1][2][3][4]
Geralmente os apologetas da igreja primitiva se valiam da filosofia e da argumentação lógica para
defender a fé cristã contra os ataques dos intelectuais da época que procuravam denegrir o comportamento
dos cristãos e a própria doutrina cristã.
O problema principal do apologista cristão de hoje é em relação à metodologia científica e não
propriamente em relação à metafísica ou à epistemologia. É possível também fazer uma relação entre ciência
(inclusive a teológica) e a filosofia.
O estudo da apologética cristã nos põe diante do problema da metodologia da ciência teológica e
suas relações com a metodologia das ciências em geral, pois que isso nos leva a considerar o problema da
validez dos conhecimentos teológicos. Nas faculdades de teologia na Inglaterra estuda-se a teologia, mas sob
o aspecto da metodologia, sem, no entanto, submetê-la a uma investigação crítica literária e histórica. No
século XIX, admitiu-se a existência de um método científico teológico.
O estudante de apologética cristã vê-se assim compelido a levantar questões sobre a natureza e as
conseqüências do método da ciência teológica.
Ao longo de sua história, os cristãos tiveram de travar diferentes embates intelectuais.
Na patrística, chamam-se apologistas alguns Padres da Igreja que, sobretudo no século II, se
dedicaram a escrever apologias ao Cristianismo, usando temas e argumentos filosóficos, notadamente
platônicos e estóicos - que se mostraram compatíveis com a revelação cristã. O objetivo desses escritos não
era tanto o de defender o Cristianismo contra correntes filosóficas diferentes ou contra religiões a ele opostas,
mas, sobretudo, o de convencer o Imperador do direito de existência legal dos cristãos dentro do Império
Romano. Os textos apologéticos constituíram as bases para o esclarecimento posterior dos dogmas teológicos
e, portanto, dos conceitos fundamentais usados em teologia. [5]
Até o sexto século, os escritos apologéticos defenderam o cristianismo dos ataques acadêmicos
oriundos do judaísmo e do paganismo. Nesse período, os grandes apologistas foram Justino Mártir,
Tertuliano e Agostinho.
Uma vez que o Cristianismo chegou a ser a religião oficial do Império Romano, por toda a Idade
Média a teologia apologética pareceu bem menos necessária.
Ela foi mais praticada no encontro com as tribos pagãs do norte, onde os missionários buscavam
provar a validade da fé cristã para os saxões, frígios e outros, e no encontro no sul com o islã, onde houve
amplos debates entre muçulmanos e cristãos sobre suas respectivas crenças.
A partir do sétimo século, além dos filósofos pagãos, o islamismo representou (e ainda representa)
uma séria ameaça. Nesse momento, Tomás de Aquino pensou o resumo da fé cristã (“Summa Teológica”)
como uma catedral apologética. É bem possível que a Suma contra gentiles de Tomás de Aquino tenha sido
concebida inicialmente como um manual para tais debates.
A partir do Renascimento, já no século 16, o maior desafio veio da visão reducionista racionalista,
que acabou se tornando hegemônica. A partir dessa cosmovisão surgiram o naturalismo, o deísmo, o
panteísmo, o materialismo, o agnosticismo e o ateísmo.
Com o racionalismo crescente e ascetismo do Renascimento e dos séculos subseqüentes, a teologia
apologética adquiriu nova importância, particularmente em esforços filosóficos que tentavam provar ou

grupos cristãos não ortodoxos.

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apoiar a doutrina cristã. Quando a filosofia de Descartes (o Cartesianismo) tornou-se popular, houve
católicos que tentaram mostrar a racionalidade de sua fé sobre princípios cartesianos. O mesmo fizeram
vários calvinistas, particularmente nos Países Baixos, que tentaram provar sobre princípios do racionalismo
as posturas do calvinismo estrito.
Na Inglaterra, durante a hegemonia do empirismo de Locke, vários autores procuraram mostrar que
o cristianismo era eminentemente racional, ao mesmo tempo em que sustentavam também que o que a razão
não pode demonstrar não era parte da verdadeira religião. Foi esse o propósito, por exemplo, da obra de John
Toland, O cristianismo não é mistério (1696), e Mathew Tindal, O cristianismo é tão antigo como a criação
(1730). Essa tradição continuou com Kant (1724-1804), que, depois de argumentar que os princípios
fundamentais da religião – a existência de Deus, a existência da alma, e a vida após a morte – não podem ser
provados pela “razão pura”, tentou demonstrar o valor de tais doutrinas mediante o que ele chamava de
“razão prática”.
Durante o século XIX, quando as doutrinas cristãs tradicionais se viram repetidamente desafiadas
por novos descobrimentos científicos, muitos teólogos pensaram que sua tarefa consistia em defender o valor
racional do cristianismo. O primeiro livro famoso de Schleiermacher, publicado pouco antes de começar o
século (1799), levou o título apologético de Sobre a religião: Discursos para as pessoas cultas que a
desprezam. Pouco depois, quando o sistema de Hegel alcançou popularidade, houve várias interpretações
hegelianas da fé cristã. No século XX, a tradição apologética continuou na obra de Paul Tillich (1886-1965)
e de vários teólogos famosos.
Por outro lado, há também uma grande lista de quem tem pensado que o empreendimento
apologético é em si mesmo um erro, visto que a fé se encontra no próprio centro do cristianismo, e ela não
pode ser o resultado de argumentos racionais. Tal foi a postura de Sören Kierkegaard (1813-55) no século
XIX, e de Karl Barth (1886-1968) no século XX.
Até o final do século XX, e principio do XXI, com o surgimento da pós-modernidade, a apologética
começou a tomar novas direções, visto que agora as próprias ideias de objetividade e de universalidade, que
haviam constituído o fundamento da filosofia moderna e, portanto, também da apologética moderna, estavam
em dúvidas. Nesse contexto, provavelmente o que a apologética pode fazer mais é mostrar que as doutrinas
cristãs não são absurdas ou irracionais.
Evidentemente cada época apresenta suas objeções principais. Algumas – de caráter prático, como o
repto de Gandhi: por que os cristãos não vivem o que ensinam? – são irrespondíveis e logo se constituem no
desafio maior; outras, de caráter especulativo, devem ser respeitosamente consideradas.
Os maiores desafios para os cristãos do século XXI vêm de duas frentes: a filosofia e as ciências da
vida. Na primeira fronteira, o ataque é alimentado pelo velho relativismo filosófico, segundo o qual a
pretensão cristã à singularidade (“Jesus Cristo como o único caminho”) é intolerável. Na segunda trincheira,
o diálogo precisa ser travado com a genética, com suas perguntas sobre a natureza da vida.
O primeiro embate é velho, embora sério. O segundo, além de sério, é novo, e temos muito que
aprender ainda. Aquele se dá no balanço das ideias, com objetivos claros dos que se opõem ao cristianismo,
este é quase um pedido de socorro dos biocientistas: que faremos com o que estamos descobrindo? Aquele é
uma questão de fé: crê quem quer, este é uma questão de sobrevivência da humanidade, e os cristãos não
podem ficar de fora se querem ter um futuro na agenda do século.
É natural que os métodos da apologética tenham variado com os tempos e se tenham adaptado às
necessidades do meio. Mas entre as diversas tendências, podem distinguir-se três tendências principais, e,
portanto, três espécies de apologética: a tradicional, a moderna e a modernista.
1º) Apologética tradiciona. É aquela que sempre esteve e ainda está em uso na Igreja e que forma
deste modo como uma tradição continuada. É caracterizada pela importância  que atribui aos critérios
externos. Tem em vista, sobretudo, a inteligência, mas não se desinteressa das disposições morais.
Basta um rápido exame dos principais apologistas para nos convencermos que souberam
harmoniosamente combinar o método intrínseco como método extrínseco.
1. O próprio Jesus Cristo liga grande importância à preparação moral (Parábola do semeador,
Marc. 4, 1-20; dos convidados às núpcias, Mat. 22, Luc. 14). Geralmente não concede sinais da sua missão
divina senão aos que têm fé, confiança e humildade.

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2. Os Apóstolos seguem as pegadas de seu Mestre.
3. Mais tarde, na época das perseguições, a apologética é, sobretudo, defensiva. Acusam os
cristãos de acusarem contra a segurança do Estado, de ateísmo e de imoralidade. Para defendê-los dessas
calúnias, fazem os apologistas um paralelo entre o paganismo e o Cristianismo. Salientam
a transcendência  deste (critérios internos), e invocam depois os milagres de ordem moral: a conversão do
mundo, a santidade de vida dos cristãos, a sua constância heróica nos suplícios e o aumento constante (S.
Justino, Tertuliano).
4. S. Tomás de Aquino, o grande apologista da Idade Média, depois de expor os preâmbulos
da fé e refutar as objeções dos adversários (Suma contra os gentios) mostra na Suma Teológica a harmonia e
a coerência entre as verdades cristãs e as aspirações da alma (critérios intrínsecos).
5. É verdade que no século XVII, Bussuet usa exclusivamente critérios externos, mas em
compensação Pascal emprega, sobretudo, os critérios internos, a ponto de poder ser considerado como
iniciador do método de imanência, da que já falamos (n.o 12). Começa pelos critérios internos de ordem
subjetiva e considera a natureza humana na sua grandeza e na sua miséria. Quer assim levar o homem a
admitir que precisa da religião para explicar a sua indigência e dar-lhe remédio. Com efeito, só ela nos faz
compreender a nossa miséria, mostrando-nos que a causa é o pecado original; só ela nos indica o remédio,
que é a Redenção de Jesus Cristo. Deste modo Pascal prepara o coração antes de provar a verdade do
Cristianismo pelos critérios externos.
2º) Apologética moderna. Distingue-se pela importância que dá aos critérios internos. Sob pretexto
de que as provas históricas e os critérios externos - milagres e profecias - carecem de valor para convencer os
espíritos imbuídos de idéias modernas no campo da filosofia e das ciências, os apologistas atendem
sobretudo à preparação moral. Apresentam as maravilhas do Cristianismo, a perfeita harmonia que existe
entre o culto católico e a estética (Chateaubriand), o seu valor e virtude intrínseca (Ollé Laprune, Yves lê
Querdec), a transcendência (P. de Broglie), as belezas íntimas e os efeitos admiráveis, como é levar a
consolação aos que sofrem (método íntimo de Mons. Bougaud). Ou então consideram a religião e a
autoridade da Igreja, como o fundamento da ordem moral e social (Lacordaire, Balfour, Brunetière, etc.).
Esse método, de si excelente, ficaria, como já dissemos, incompletos, se omitisse totalmente os critérios
externos: milagres e profecias (n.o 13).
3º) Apologética modernista. Foi condenada pelo decreto Lamentábili (3 de julho de 1907) de pela
encíclica Pascendi (8 de setembro de 1907). Tem como representantes mais notáveis na França, Loisy (L
´Évangile et l´Église, Autour d´un petit livre), Le Roy (Dogme et Critique); na Inglaterra, Tyrrel (De Sila a
Caribdes); na Itália, Fogazzaro (Il Santo). As idéias principais são:
a. Na parte filosófica. Pode considerar-se sob dois aspectos: positivo e negativo.
1. Sob o aspecto negativo é agnóstica. O modernismo, baseado nos sistemas modernos, são
como o subjetivismo de Kant, o positivismo de A. Comte e o intuicionismo de H. Bérgson, defende que a
razão pura é impotente para sair do círculo de experiências e dos fenômenos, e, portanto, incapaz de
demonstrar a existência de Deus, ainda que seja pelas criaturas.
2. Sob o aspecto positivo, é constituída pela doutrina da imanência vital ou religiosa
(imanentismo). Segundo essa doutrina, nada se manifesta ao homem, que nele não esteja já previamente
contido. Deus não é um fenômeno que se possa observar fora de si, nem uma verdade demonstrável por um
racionalismo lógico. Quem o não sente no coração, jamais o encontrará fora. O objeto do conhecimento
religioso só se revela pelo próprio conhecimento religioso” (Sabatier). Deste modo não é a razão que
demonstra a existência de Deus, mas a intuição (do latim intueri, contemplar, ver. É o conhecimento direto
dos objetos, sem intermédio e sem raciocínio.) que o descobre no fundo da alma, ou, como eles dizem, nos
abismos da subconsciência onde o encontramos vivo e ativo.
b. Na parte histórica. O historiador modernista, por mais que o negue, deixa-se sempre
influenciar pelos seus princípios filosóficos. Como agnóstico, prende-se que o único objeto da história são os
fenômenos. Pelo fato de Deus estar acima dos fenômenos, não pode ser objeto da história, mas da fé.
Daí provém a grande diferença que estabelecem entre o Cristo da história e o Cristo da fé; o primeiro
é real, e o segundo, transformado e desfigurado pela fé. Outros dois princípios - o da imanência vital e o
da lei da evolução  - explicam o resto: a origem da religião nascida de sentimento religioso de Cristo e dos

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primeiros cristãos, e a sua transformação sucessiva, que se nota no desenvolvimento do dogma. Além disso,
os Livros Sagrados e, especialmente os Evangelhos, não têm valor algum histórico.
Resumindo, o apologista modernista rejeita todas as provas tradicionais.
Na parte filosófica, partindo da teoria kantista, segundo a qual a razão teórica não prova a existência
de Deus, substitui as provas racionais pela do sentimento.
Na parte histórica, negando que Deus possa ser objeto da história, suprime os critérios extrínsecos -
milagres e profecias - os grandes sinais da Revelação Divina.
Quanto ao demais, julga supérfluo pedir à história o que o testemunho da consciência lhe descobre.
Para que havemos de procurar a Deus fora de nós, se o sentimos no coração?
O dever do apologista limita-se, pois, a penetrar nos recônditos da alma, e provocar ali mesmo a
experiência religiosa.
O sentimento religioso, isto é, a consciência individual, que nos dá a conhecer que o Cristianismo
vive em nós e satisfaz as profundas exigências da natureza, é a única razão da fé, a única revelação, a fonte
de toda a religião.
Basta esta exposição sumária para nos persuadirmos que o modernismo destrói toda a idéia da
verdadeira religião e opõe-se a apologética cristã.
1.2.5.2. Escolas apologetas: No decurso da história cristã, a apologética tem adotado vários estilos.
Poderíamos dividi-los em duas classes gerais: a subjetiva e a objetiva.
1.2.5.2.1. Escola subjetiva – inclui pensadores, como Lutero, Pascal, Lessing, Kierkegaard,
Brunner, e Barth. Tais pensadores geralmente expressam a dúvida de que o descrente possa ser levado a
“crer através de argumentos” ressaltando que a experiência pessoal ímpar da graça, o encontro interior e
subjetivo com Deus. tais pensadores raramente têm reverente temor da sabedoria humana, mas, pelo
contrario, de modo geral, rejeitam a filosofia tradicional e a lógica clássica, e ressaltam o trans-racional e o
paradoxal. Pouco lhes importa a teologia natural e as provas teístas, principalmente porque crêem que o
pecado cegou de tal maneira os olhos do homem que o seu raciocínio não pode funcionar de modo
apropriado. Segundo a metáfora de Lutero, a razão é uma meretriz.
Pensadores da escola subjetiva apreciam fortemente o problema da averiguação. Lessing falou em
nome de muitos deles quando ressaltou que “as verdades acidentais da história nunca poderão se tornar a
prova de verdades necessárias da razão”.
O problema de se passar de fatos contingentes (isto é, possivelmente falsos) da história para a
certeza religiosa interior profunda tem sido chamado “o fosso de Lessing”.
Kierkegaard queixou-se de que a verdade histórica é incomparável a uma decisão eterna,
apaixonada. A passagem da história para a certeza religiosa é um “salto de uma dimensão para outro tipo de
realidade. Disse que toda a apologética tem a simples intenção de tornar plausível o cristianismo. Mas tais
provas são vãs, porque “defender alguma coisa sempre é desacreditá-la”.
Mesmo assim, apesar de todo o seu anti-intelectualismo, Kierkegaard ainda tinha um tipo de
apologética para o cristianismo, defesa esta que foi desenvolvida, por estranho que pareça, do próprio
absurdo da afirmação cristã. O próprio fato de que algumas pessoas têm crido que Deus apareceu na terra na
figura humilde de um homem é tão estarrecedor que fornece uma ocasião para outras pessoas
compartilharem da fé. Nenhum outro movimento já sugeriu que baseamos a felicidade dos seres humanos no
seu relacionamento com um evento que ocorreu na história. Kierkegaard acha, portanto, que semelhante ideia
“não subiu ao coração de homem algum”.
Até mesmo Pascal, que desconsiderava as provas metafísicas da existência de Deus e preferia as
“razões do coração”, chegou, por fim, a fazer uma defesa interessante da fé cristã. Nas suas Pensées
recomendou a religião bíblica por ter ela um conceito profundo da natureza do homem. A maioria das
religiões e filosofias ou ratifica o orgulho estulto do homem, ou o condena ao desespero. Somente o
cristianismo estabelece a verdadeira grandeza do homem através da doutrina da imagem de Deus, ao passo
que, ao mesmo tempo, explica suas presentes tendências malignas através da doutrina da queda.

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E somos informados de que, a despeito do Nein! Enérgico proferido por ele, há uma apologética
adormecida debaixo de milhões de palavras na obra Church Dogmatics (“Dogmática Eclesiástica”), de Karl
Barth.
1.2.5.2.2. Escola objetiva  – Esta coloca o problema da averiguação claramente no âmbito
dos fatos objetivos. Enfatiza as realidades externas – as provas teístas, os milagres, as profecias, a Bíblia e a
pessoa de Jesus cristo. Existe, no entanto, uma distinção crucial entre duas escolas dentro do campo
objetivista.
1.2.5.2.2.1. A Escola da Teologia Natural. Entre todos os grupos, este adota a visão
mais animada da razão humana. Inclui pensadores tais como Tomás de Aquino, Joseph Butler, F. R. Tennant,
e William Paley. Por trás de todos estes pensadores há uma tradição empírica na filosofia que remonta até
Aristóteles. Tais pensadores crêem no pecado original, mas raras vezes questionam a competência básica da
razão na filosofia. ´-e possível que o raciocínio tenha sido enfraquecido pela queda, mas por certo não foi
gravemente aleijado.
Aquino procurava pontos de concordância entre a filosofia e a religião, insistindo em que a
existência de Deus podia ser demonstrada pela razão, mas que também era revelada nas Escrituras.
Empregava, nas suas provas da existência de Deus, três versões do argumento cosmológico e o argumento
teleológico.
Na sua Analogy of Religion (“Analogia da Religião”) [1736], Butler usou a abordagem tomista
básica, mas a diluiu um pouco com sua ênfase na probabilidade, “o próprio guia da vida”. Desta maneira,
desenvolveu uma epistemologia muito próxima da atitude pragmática do cientista. Butler argumentou que a
clareza geométrica tem pouco lugar nas esferas da moral e da religião. Se alguém ficar ofendido pela ênfase
dada à probabilidade, que simplesmente reflita no fato de que a maior parte da vida é baseada nela. O homem
raramente lida com verdades absolutas e demonstrativas.
Apologistas desta escola sempre têm uma abordagem ingênua e simplista ás evidências a favor do
cristianismo. Acham que uma apresentação simples e direta dos fatos (milagres, profecias) bastará para
persuadir o descrente.
1.2.5.2.2.2. A Escola da Revelação. Esta inclui gigantes da fé, tais como Agostinho,
Calvino, Abraão Kuyper e E. J. Carnell. Estes pensadores geralmente reconhecem que as evidências
objetivas (os milagres, as provas da existência de Deus, as profecias) são importantes na tarefa apologética,
mas insistem em que o homem não-regenerado não pode ser convertido meramente pelo fato de ser exposto
às provas, porque o pecado enfraqueceu gravemente o raciocínio humano. Será necessário um ato especial do
Espírito Santo para permitir que as evidências sejam eficazes.
Não se deve tirar desta ideia a conclusão de que a escola da revelação considera sem valor as
evidências externas. Pelo contrário, a obra do Espírito pressupõe a Bíblia e o Jesus Cristo histórico, ambos
externos. Embora a fé seja, em grande medida, algo criado pelo Espírito Santo, permanece a verdade de que
não se pode tê-la à parte dos fatos. Resumindo: o Espírito Santo é a causa suficiente da fé, ao passo que os
fatos são uma causa necessária da fé.
A escola da revelação, portanto, extrai sua percepção tanto da escola subjetiva quanto da escola da
teologia natural. Da primeira, adquirem uma desconfiança da razão não regenerada, e da segunda, uma
apreciação apropriada do papel dos fatos na fé cristã.
Conforme disse Lutero: “Antes da fé e do conhecimento de Deus, a razão é trevas, mas nos crentes,
é um instrumento excelente. Assim como todos os dons e os instrumentos da natureza são maus nos ímpios,
assim também são bons nos crentes”.
Por estranho que pareça, as duas escolas objetivistas usam o mesmo corpo de evidências quando
praticam a apologética; simplesmente têm diferenças de opiniões sobre como e quando as provas convencem
o descrente. No decurso dos séculos, apologistas cristãos da escola objetivista têm usado um vasto material:
1) Provas teístas – os argumentos ontológico, cosmológico, teleológico e moral.
2) Profecias do AT – predições a respeito do messias judeu cumpridas em Cristo, tais como Is 9:6;
Mq 5:1-3; e Zc 9:9-10.
3) Milagres bíblicos – sinais do poder de Deus que ocorrem em agrupamentos grandes nas
Escrituras, sendo que os dois maiores se centralizam no Êxodo e na vinda de cristo

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4) A pessoa de Cristo – a personalidade e caráter incomparáveis de cristo, ilustrados por Seu amor e
solicitude por pessoas de todos os tipos, especialmente os proscritos.
5) Os ensinos de Cristo – as doutrinas sem igual, os belos ditos e parábolas de Jesus.
6) A ressurreição de Cristo – o maior milagre das Escrituras, o alicerce de todo o edifício da
apologética.
7) A história da cristandade – a influência benigna da fé cristã sobre a raça humana.
1.2.6. ESTILOS DE APOLOGÉTICA CRISTÃ
Há uma variedade de estilos e escolas de apologética cristã. Os principais tipos de
apologética Cristã incluem: apologética integral, apologética evidencialista, apologética
pressuposicional, apologética filosófica, apologética moral, apologética doutrinal, apologética
bíblica, apologética profética e apologética científica.
● Apologética integral. A apologética integral deve reunir os três métodos: extrínseco,
intrínseco e de imanência.
1. Para chegar com mais segurança ao ato de fé, é conveniente preparar a alma pelo
método intrínseco, ou pelo de imanência. “Só no coração livre", diz Blondel, "só nas almas de
boa vontade e amigas do silêncio, se faz ouvir com utilidade a revelação exterior. O sentido
das palavras e o brilho dos sinais da nada serviriam, se interiormente não houvesse o desejo
de aceitar a luz divina”.
2. Concluído este trabalho preliminar, ao método intrínseco e de imanência deve seguir-
se o método extrínseco, para começar a inquirição histórica e provar o fato da revelação.
● Apologética evidencialista – Alega que as evidências materiais favorecem a
validade do cristianismo.
O evidencialista começa num ponto comum com os não-cristãos, presumindo que
os sentidos e a inteligência são ferramentas úteis para descobrir a verdade. Ele menciona
registros históricos em favor da Bíblia, procurando demonstrar que:
1. Apesar de suas partes mais recentes terem sido escritas há quase dois milênios, ela foi
preservada por fiéis copistas, de modo que o sentido de seu texto permaneceu inalterado ao
longo dos séculos, como nenhum outro livro antigo chega perto de ser;
2. Ela contém profecias pontualmente cumpridas, que anteciparam eventos internacionais
em dezenas ou centenas de anos;
3. Ela é harmoniosa do começo ao fim, formando um único pensamento, apesar de seus
autores possuírem diversas formações e culturas, e, muitas vezes, não conhecerem os livros uns
dos outros;
4. Ela é precisa arqueologicamente, se referindo a detalhes que, por inexatidão científica,
eram contestados pelos historiadores, até serem esclarecidos por escavações posteriores.
Então, quando a razão mostra-se limitada para encontrar respostas a questões que
transcendem o campo da investigação, tais como o sentido da existência, o evidencialista
recomenda a aceitação do cristianismo, pelas abundantes evidências acumuladas em favor
dessa religião. Todas as palavras contidas na Bíblia são fiéis de Gênesis a Apocalipse.
● Apologética pressuposicional – Segundo esta escola, o cristianismo forma
um sistema completo de pensamento, com autoridade própria, não podendo ser autenticado por
evidências externas, por ser necessariamente verdadeiro.

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Os pressuposicionalistas alegam que a conquista do conhecimento exige um método
confiável de análise, que permita deduzir informações necessariamente extraídas de premissas
anteriores, o que só seria possível através do raciocínio sobre as declarações divinamente
reveladas na Bíblia, e nunca das sensações ou da razão pura.
Desprovidos de um ponto inicial para racionar sobre as coisas, ninguém poderia obter
informação segura, pela falta de uma base de inteligibilidade. E não adiantaria possuir um
ponto inicial, se ele não possuísse auto-sustentação. Sem um princípio dogmático que
permitisse interpretar a realidade a partir de um ponto absoluto, seria possível apenas presumir
a validade das coisas, conforme pressupostos injustificados. Para ter certeza da veracidade de
uma declaração, seria preciso negar qualquer possibilidade de sua falsidade, julgando-a por um
sistema infalível de prova.
Isso só seria possível, sempre conforme o pressuposicionalismo, através da revelação de
um Deus Todo-Poderoso e Criador, detentor de todo o conhecimento sobre o Universo e de
toda a autoridade, que seria a fonte de premissas pretensamente confiáveis, através das quais
seria possível alcançar a verdade. Com tal alegação, os pressuposicionalistas questionam as
premissas intelectuais dos não-cristãos, desafiando-os a apresentarem um sistema de prova pelo
qual consigam extrair informações confiáveis sobre qualquer coisa, e procuram demonstrar que
o cristianismo não apenas é intelectualmente superior, mas exclusivamente verdadeiro.
Ao invés de começar a interpretar o mundo segundo premissas naturalísticas, não-cristãs,
para, depois, aceitar o cristianismo num “salto de fé”, o pressuposicionalista já começa
aceitando o cristianismo por seu valor inerente, por ser uma revelação suficiente como única
base segura de conhecimento. Ele pressupõe que os fatos só possuem significado porque foram
interpretados por Deus, antes de serem criados por Ele. Assim, no pressuposicionalismo, todo
fato constitui evidência positiva à existência do Deus cristão, porque só poderia ser conhecido e
explicado dentro da visão bíblica, cujas premissas forneceriam os pressupostos para o
conhecimento, racionalidade e verdade.
Segundo Vincent Cheung[8],toda cosmovisão exige um princípio primeiro ou autoridade
absoluta. Sendo primeiro ou absoluto, esse princípio não pode ser justificado por qualquer
autoridade anterior ou maior; de outra forma não seria o primeiro ou absoluto. O princípio
primeiro deve então possuir o conteúdo para justificar a si próprio. Por exemplo, a proposição
'Todo conhecimento provém da experiência sensorial' não é o princípio primeiro sobre o qual
uma cosmovisão possa ser construída, pois se todo conhecimento advém da experiência
sensorial, também esse princípio deve ser conhecido apenas pela experiência sensorial, mas
antes de apresentar o princípio, a confiabilidade da experiência sensorial não estava
estabelecida. Desse modo, o princípio resulta em um círculo vicioso, e se destrói. Não importa
o que possa ser validamente deduzido desse princípio – se o sistema não pode sequer começar,
as derivações do princípio não podem ser aceitas.
Não obstante, a apologética pressuposicional muitas vezes é colocada entre situações de
fideísmo, por não considerar nenhum prova da religiosidade cristã pela razão pura, tornando-se
inerte a quem já possui um pensamento filosófico sedimentado, como ateus e agnósticos.
Isso faz com que o próprio cristianismo se torne escaninho da posição contrário por não
oferecer meios de refutação e contra-argumentação.
● Apologética filosófica – Esta escola procura demonstrar que o cristianismo é a
religião mais conforme o raciocínio correto. Ela especula sobre o sentido da vida, a origem das
coisas e a natureza humana, para apontar a doutrina bíblica como um sistema coerente.

16
Um exemplo dessa abordagem: o apologista procura provar a existência de Deus. O
argumento filosófico mais forte, para isso, é o argumento kalam, desenvolvido por teólogos
muçulmanos, mas aproveitado por pensadores cristãos; ele pode ser demonstrado assim:
Tudo o que começa a existir deve ter uma causa. O Universo começou a existir. Logo, o
Universo tem uma causa.
Para provar que o Universo começou a existir, o apologista argumenta que um conjunto
infinito de dias seria impossível, na prática. Uma linha infinita seria impossível na forma
progressiva, com um ponto inicial, e cada dia se somando aos anteriores, pois isso resultaria
num conjunto crescente, mas sempre finito. E uma linha sem início também não poderia existir,
pois, assim, o número de dias transcorridos até agora seria infinito, e o hoje nunca teria
chegado. Se o Universo não possuísse início, haveria uma quantidade indefinida (ilimitada) de
dias que já teriam se passado, antes do tempo presente, o que é inconcebível.
Agora, continua o apologista, se o Universo (espaço, tempo e energia) teve um início, é
porque existe Algo maior e diferente do próprio Universo, que deu-lhe causa, e que não possui
causa. O Deus descrito na Bíblia se encaixa nessa definição.
Outro exemplo: a existência da moralidade. O apologista argumenta que, sem valores
absolutos, não há razão para lutar por melhorias na sociedade, ou para condenar os atos de
barbaridade. Agora, valores são formas de julgar ações, e o cristianismo apresenta um Deus que
decide o que é correto, e que revelou Sua lei na mente de cada pessoa e na Bíblia. Assim, o fato
de que todas as pessoas têm noção de culpa e responsabilidade seria uma evidência a favor do
cristianismo, que contém um manual de regras para vivermos em harmonia com os outros, de
acordo com palavra divina.
●Apologética científica – Pode-se dizer que a apologética científica seria uma versão
secularizada das provas filosóficas medievais da existência de Deus.[9]Seria a exposição dos
fundamentos da fé e da Teologia, feita de modo científico e exaustivo.[10]
1.2.7. FIM E IMPORTÂNCIA DA APOLOGÉTICA
● Fim
Do objeto da Apologética (n.0 2) deduz-se claramente o fim que se propõe.
a. Enquanto demonstrativa, dirige-se não só ao crente, mas também ao indiferente e ao
ateu:
1. Ao crente para o arraigar nas suas convicções, mostrando-lhe os sólidos fundamentos
de sua fé, iluminando-lhe a inteligência e fortificando-lhe a vontade;
2. Ao indiferente ao ateu: ao primeiro, para o convencer da importância de questão
religiosa e da sem-razão da indiferença acerca deste assunto; ao segundo, para o arrancar a
incredulidade; a ambos, finalmente, para os levar à reflexão, ao estudo e à conversão. Quer se
dirija aos crentes, quer se dirija aos incrédulos, a apologética tem sempre em vista levar as
almas à certeza do fato da revelação. Ora, há muitas escolas filosóficas que negam ao homem a
capacidade de atingir a verdade. Será, pois, conveniente, resolver o problema da certeza.
b. Enquanto defensiva, a apologética visa só os anticrentes e tem por fim refutar os seus
preceitos e objeções. Dizemos anticrentes e não incrédulos, porque ordinariamente os
incrédulos limitam-se a não crer, ao passo que os anticrentes têm uma religião especial - a
religião da ciência, da humanidade, da democracia, da solidariedade, etc. - que dirigem contra a
religião católica.
● Importância. A importância da apologética deduz-se destes dois motivos:

17
a. É o preâmbulo da fé. Lembremo-nos, que a fé exige o concurso da inteligência,
da vontade e da graça. Ora, a missão da Apologética é levar o homem até o limiar da fé, torná-
la possível, provando que é racional. As provas, que o apologista nos fornece acerca do fato da
revelação, devem levar-nos a formar dois juízos: a revelação manifesta-se-nos com evidência
objetiva e portanto é digna de crédito (credibile est), juízo de credibilidade; se é digna de
crédito, há obrigação de crer (credendum est), juízo de credendidade. O primeiro é de
ordem especulativa, dirige-se só à inteligência; o segundo vai mais longe, atinge a vontade: é
um juízo prático. Se considerarmos os fatos, a questão para nós não existe, está resolvida antes
da discussão, porque, seja qual for a religião a que pertençamos, todos a recebemos do nosso
meio e da nossa educação; veio-nos por intermédio dos nossos pais e dos nossos mestres.
Muitos há que a aceitam sem discussão nenhuma, fundados somente na autoridade. Mas pode
chegar um momento em que a dúvida assalte o espírito, e seja necessário armar a fé contra os
ataques inimigos. Não recomendava já S. Pedro aos primeiros cristãos que andassem
preparados para dar razão de sua crença quando lha pedissem? (I Ped. 3, 15). Hoje, ainda mais
do que então, devem os católicos conhecer os motivos da sua fé e saber explicá-los aos outros.
É bom advertir que não se pode duvidar da fé, embora seja permitido sujeitá-la a exame.
Segundo o Concílio Vaticano I, “os que receberam a fé pelo magistério da Igreja nunca
podem ter razão suficiente para a abandonar, ou pôr em dúvida”. (Const. Dei Filius, Can. III e
Can. VI). Aos que dizem que é preciso fazer primeiro tábua rasa da fé para chegar à verdade,
responde Leibniz: “Quando se trata de dar a razão das coisas, a dúvida para nada serve...
Que se faça um exame para passar a dúvida..., passe. Mas que, para examinar. Seja
necessário começar por duvidar, é isso o que eu nego”.
b. A apologética é a condição necessária da Teologia. Com efeito, a exposição da
doutrina da fé só tem em vista os crentes. Donde se segue que apesar de terem pontos de
contato e de se ocuparem igualmente da revelação, diferem, contudo, no ponto de partida e no
desenvolvimento. De fato, o apologista, só com o instrumento da razão, eleva-se das criaturas
ao Criador, a um Deus revelador, e chega ao fato da Igreja docente; ao passo que a Teologia
segue a ordem inversa: partindo do ponto onde chega a apologética, isto é, da educação cristã,
expõe os ensinamentos da fé.
1.2.8. DIVISÃO DA APOLOGÉTICA
Como as relações entre Deus e o homem são o fundamento da verdadeira religião, a
apologética deve tratar de Deus, do homem e das suas relações mútuas. Ora, a solução dos
problemas, que dizem respeito a este tríplice objeto, pertence ao domínio da filosofia e da
história. Daí as duas grandes divisões: a parte filosófica  e a parte histórica.
1º) Parte filosófica. Pertencem à filosofia os problemas relativos:
a. A Deus. Esta primeira seção trata da existência de Deus, da sua natureza e da
sua ação (Criação e Providência).
b. Ao homem. A segunda seção deve provar a existência da alma humana, duma
alma espiritual, livre e imortal.
c. Às suas relações mútuas. A terceira seção é a conclusão das duas primeiras.
Parte da natureza de Deus e do homem, e tem por fim provar, não só as suas relações mútuas e
necessárias, mas ainda aquelas cuja existência é possível presumir-se. As três seções da
primeira parte constituem o que se chama preâmbulos racionais da fé.
2º) Parte histórica. Na segunda parte entramos na questão de fato. Ora, os fatos
pertencem à história. É, portanto, com documentos históricos que o apologista deve provar a
existência da revelação primitiva e mosaica, e finalmente da revelação cristã feita por Jesus
Cristo, da qual a Igreja é depositária.

18
A parte histórica subdivide-se, pois, em duas seções: a demonstração cristã, e
a demonstração católica.
a. Demonstração cristã.  Nesta primeira seção trata-se de provar a origem divina da
religião cristã, por sinais ou critérios, que nos levem ai assentimento. São de duas espécies:
1. Critérios externos ou extrínsecos, isto é, todos os fatos, milagres e profecias que,
não podendo ter outro autor senão Deus, nos foram dados por Ele mesmo, para determinar e
confirmar a nossa fé;
2. Critérios internos ou intrínsecos, isto é os que são inerentes à doutrina revelada.
b. Demonstração teológica. Uma vez provada a origem divina da religião cristã, o
apologista deve demonstrar que só a Bíblia possui as notas da verdadeira Igreja fundada por
Jesus Cristo.
c. Outro modo de demonstração. Poderíamos fundir numa só as duas seções da parte
histórica e fazer imediatamente a demonstração da parte católica, sem passar pela
demonstração intermediária. O apologista que adota este método vai diretamente à Igreja
Católica. Apresenta-a “ornada de tais caracteres que todos podem facilmente vê-la e
reconhecê-la como a guarda e única possuidora do depósito da revelação”. E isso pelo fato de
só ele conservar “o imenso e maravilhoso tesouro das obras divinas, que mostram até à
evidência a credibilidade da fé cristã”, e por ser ela mesmo um fato divino, “um grande e
perene motivo de credibilidade, pela sua admirável propagação, eminente santidade,
fecundidade inesgotável em toda espécie de bens, unidade católica e invencível
estabilidade” (Const. de Fide, c. III.). Tal é, a largos traços, a apologética demonstrativa.
Caminha sempre ao lado da apologética defensiva, que lhe prepara o terreno, refutando as
objeções dos adversários na parte filosófica e histórica.
1.2.9. OS MÉTODOS DA APOLOGÉTICA
1. Definição – Método apologético é o conjunto de processos que os apologistas
empregam para demonstrar a verdade da religião cristã.
2. Espécies – Como o método da apologética deve variar necessariamente segundo
a natureza do assunto, devemos distinguir:
1. O método filosófico ou racional na parte filosófica, onde se trata de comprovar
pela razão a existência e a natureza de Deus e da alma humana, e estabelecer as suas relações;
2. O método histórico na segunda parte, onde é mister provar historicamente o fato
da revelação. O método histórico tem ainda diversos nomes, segundo o processo que o
apologista seguir.
1) Segundo o ponto de partida que se adotar, há o método ascendente e o descendente.
a.No método descendente, segue-se o caminho que indicamos no n.o 8: vai da causa ao
efeito, de Deus à sua obra. Remontando às origens do mundo, aduz sucessivamente as provas
da tríplice revelação divina: primitiva, mosaica e cristã.
b.No método ascendente, segue-se a ordem inversa exposta no n.o 9: vai de efeito à causa,
da obra ao autor. Partindo do fato atual da Igreja, estabelece os títulos que lhe dão direito à
nossa crença. Depois disso, falta apenas ouvir o seu testemunho acerca da revelação.
2) Segundo a natureza dos argumentos e a importância que o apologista lhe atribui na
demonstração, temos: o método extrínseco e o intrínseco.
c. O método extrínseco toma este nome, porque o seu ponto de partida é extrínseco, isto
é, tomado fora do homem, e porque se serve quase exclusivamente de critérios extrínsecos.

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d. O método intrínseco, pelo contrário, parte do homem para se elevar até Deus e liga
mais importância aos critérios extrínsecos. Considerando o homem sob o ponto de
vista individual e social, este método mostra que a religião sobrenatural satisfaz os desejos da
alma.
●Obs.: O método da imanência. Com o método intrínseco está relacionado o método
da imanência. Os seus defensores tomam como ponto de partida o pensamento e a ação do
homem. O homem, dizem eles, sente um desejo insaciável de felicidade: tem fome e sede do
ideal, do infinito, do divino. Em certas horas de melancolia e tristeza, sente, como diz Santo
Agostinho, uma inquietação que não o deixa sossegar. Estes estados da alma, que são obra da
graça, devem dispor o homem de boa vontade a aceitar a revelação cristã, pois só ela é capaz de
saciar o coração. Desta forma, as aspirações internas e imanentes (do latim in manere,
immanens, que reside dentro), isto é, - conforme a etimologia da palavra - que estão no fundo
do nosso ser, provam que a natureza do homem precisa dum complemento, e que postula
(postular = pedir, trazer como conseqüência, ter necessidade de.), por assim dizer, o
sobrenatural, o transcendente, o divino, que a revelação cristã nos oferece.
3º. Valor dos diferentes métodos
1. Não vamos discutir aqui o valor dos métodos ascendente e descendente. Basta observar
que o método ascendente apresenta a vantagem de ser menos extenso, mas que por isso mesmo tem o
inconveniente de não ser tão completo.
2. Que pensar a respeito dos métodos extrínseco, intrínseco e de imanência? É claro que a
sua eficácia, e, portanto, o seu valor, varia com as épocas e com os estados de espírito daqueles a quem
se dirigem. A apologética, sobretudo quanto ao seu método, pode considerar-se como uma arte. Como o
seu objetivo é convencer o espírito e mover o coração, é natural que empregue os meios mais adaptáveis
às condições de tempo e de pessoas. Portanto, a apologética, ainda que imutável quanto à substância, é,
contudo, muito variável quanto à forma: os modos de apresentar os motivos de credibilidade, a escolha
dos argumentos e a importância que convém dar a cada um, deixam-se ao talento do apologista.
Nenhum desses métodos, porém, é isento de perigos, se não se conservar nos seus justos limites.
a. O método extrínseco, levado ao extremo, cai no intelectualismo. Pois, pode facilmente
exagerar o valor da razão, e então parece destruir a liberdade da fé e arrisca-se a não conseguir o seu
fim. Porquanto, ainda que demonstre, a modo de teorema, a existência da revelação divina e que a Igreja
Católica é a sua depositária, nunca acreditaremos nela se não corresponder às nossas aspirações.
b. Do mesmo modo, se o método intrínseco diminui muito o valor da razão e dá largas à
vontade e ao sentimento da gênese do ato de fé, cai no subjetivismo e fideísmo e também não consegue
o seu fim. Com efeito, não basta mostrar que a revelação cristã se harmoniza com as aspirações do
coração humano; porque, se se omitem as provas históricas que atestam a sua origem divina, sempre
poderão os adversários que a religião católica vale tanto como as outras.
c. O que dissemos do método intrínseco, aplica-se igualmente ao de imanência. Será
talvez excelente preparação da alma, mas só deixará de ser digno de censura, quando não for exclusivo.

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2. A APOLOGÉTICA CRISTÃ E A FILOSOFIA DE NOSSOS DIAS
Há nos dias de hoje, em muitos círculos cristãos, um preconceito infundado em relação
a Filosofia. Muitos ainda acreditam que o simples estudo da filosofia é prejudicial à fé de um
cristão piedoso. No entanto, devemos entender que geralmente esses irmãos são levados a
pensar assim porque assimilaram acriticamente algumas idéias incorretas sobre o valor do
conhecimento filosófico. Não é coisa rara ouvi-los recitar repetidas vezes os mesmos versículos
que teoricamente colocam a filosofia como inimiga da fé cristã. E é natural que seja assim. Isto
porque este tipo de crítico, pela pobreza do alcance de sua argumentação, se arma de algum
versículo a fim de encerrar a discussão sem maiores reflexões.
Seu método argumentativo, em virtude da preguiça intelectual, se dá através do caminho
mais rápido e fácil: a recitação de versículos antiintelectual. Vejamos apenas dois versículos
comumente usados para refutar o estudo da filosofia: Colossenses 2:8 e 2 Coríntios 3:6:
“Tenham cuidado para que ninguém os escravize a vãs filosofias e
enganosas, que se fundamentam nas tradições humanas e nos princípios
elementares deste mundo, e não em Cristo.” (Cl 2:8)
Uma leitura superficial parece sugerir uma condenação paulina acerca do exercício
filosófico. Todavia, um estudo mais detalhado do contexto histórico-religioso da igreja em
Colossos deixa claro que Paulo não estava condenando a filosofia em si, mas um tipo
específico de filosofia: a filosofia vã e enganosa. De acordo com as evidências externas e
internas do texto, é possível que Paulo esteja condenando um sistema de pensamento sincrético,
que mistura elementos judaizantes e gnósticos . Além do mais, Paulo era um ex-fariseu, erudito
da principal academia judaica do primeiro século (escola de Hillel) e um profundo conhecedor
da filosofia e literatura grega (Atos 17.27, 28; Tito 1:13,14). Cabe uma pergunta aqui: Como
Paulo poderia condenar algo que, em algumas ocasiões serviram para ele como “ponto de
contato” com a cultura específica de um determinado local, conforme mostra com exatidão o
registro de sua homilia em Atos 17.15-34?
“Ele nos capacitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da
letra, mas do Espírito; pois a letra mata, mas o Espírito vivifica.” (2 Co 3:6)
Este texto parece ser o mais usado contra aqueles que procuram desenvolver uma vida
intelectual no ambiente cristão, principalmente os que declaram seu “amor pela sabedoria”
(significado etimológico da palavra filosofia). Eu mesmo cansei de ouvir esta ameaça: irmão
cuidado, a letra mata! Na verdade, eu sei que meus irmãos não fazem por mal, pois a
sinceridade de sua crítica ao intelectualismo reside no fato de que no processo do acúmulo
cognitivo da informação fria, muitos cristãos se tornam inoperantes e improdutivos no pleno
conhecimento do Senhor (2 Pedro 1:5-9). Todavia, uma coisa é a experiência do fracasso
espiritual de alguns, outra complemente diferente é usar um texto fora de contexto. Trata-se de
um argumento falacioso.
Como este breve texto não tem objetivo exegético, basta elucidar que o texto bíblico em
questão não se refere a reflexão filosófica ou ao estudo diligente das letras, mas aborda o perigo
do legalismo. Isto é, ao fatal apego a Lei mosaica para a salvação. E por esta razão, a afirmação
de Paulo é contundente em dizer que a “letra mata”. A perícope5 de 2 Co. 3:1-18 é uma questão
teológica tipicamente paulina; a letra a que Paulo se refere é simplesmente a lei da antiga
aliança.
A pergunta que deve ser feita neste momento é: Será que a filosofia é realmente
necessária para a tarefa apologética e para o cristianismo de modo geral? C. S. Lewis, um dos
gigantes intelectuais do século XX, responde:
5 Seção ou parágrafo (falando de livros sagrados).

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“Ser ignorantes e simples agora seria abrir mão de nossas armas a
trair nossos irmãos sem formação acadêmica, que, abaixo de Deus, não tem
nenhuma defesa contra ataques intelectuais dos pagãos, a não ser a defesa
que lhe podemos oferecer. A boa filosofia deve existir. Se não por outra
razão, porque a má filosofia precisa de resposta“.

Como disse Lewis “a filosofia deve existir, porque a má filosofia precisa de resposta”.

2.1. A NATUREZA E A NECESSIDADE DA APOLOGÉTICA


Muitas vezes se tem anotado que a primeira pregação da fé cristã iniciou-se com
palavras de apologia (At 2:14ss). Necessariamente, está sempre presente em toda pregação
cristã um elemento de defesa, e se torna difícil afirmar com precisão em que ponto a defesa
passa para o contra-ataque. Como a palavra apologia, em seu significado cristão, envolve a
defesa da verdade cristã, indo ao encontro de uma acusação, explícita ou não, apresentando os
fatos do caso e anotando as conclusões racionais, que deles se tiram, como fez o apóstolo Paulo
ao se defender diante do rei Agripa (At 26:1ss.).
Apologias particulares ou especiais são as escritas com o fito de repelir uma certa e
determinada acusação, ou plano de ataque, feita ao cristianismo, e, neste vasto setor de
literatura cristã, temos as Apologias de Justino Mártir e Aristides, a Contra Celsum de
Orígenes; a Summa contra Gentiles, de Tomás de Aquino; e A Analogia da Religião, do
Bispo Butler.
A apologética, distinguindo-se da apologia, é o estudo dos modos e meios usados na
defesa da verdade cristã. Não é tarefa da apologética, como disciplina teológica, tratar deste ou
daquele ataque particular desfechado contra o Cristianismo, nem mesmo o de levar mais um
volume à biblioteca das apologias cristãs.
Reflitamos na seguinte recomendação de Paulo:
“Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina; persevera nestas coisas: porque,
fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvirem.” (1 Tm
4:16)
Em outras palavras, o apóstolo Paulo diz que devemos perseverar na Verdade ensinada
por Cristo há mais de dois mil anos e também ensiná-la para que outros alcancem a Graça de
Deus. infelizmente vivemos num tempo em que muitos que se dizem cristãos ensinam a sua
própria doutrina e não aquela que sempre foi ensinada por Cristo e por seus santos apóstolos.
Esta área é dedicada a esclarecer muitos dos erros que se ensinam por aí acerca do
cristianismo e da Igreja de Cristo, para que aqueles que realmente pertencem ao Senhor possam
fazer parte da verdadeira Igreja.
Também sabemos que apesar das evidências que aqui estão apresentadas, muitos
preferirão permanecer no erro, como também disse o santo Apóstolo:
“Por que virá o tempo em que não sofrerão a sã doutrina; mas, tendo
comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas
próprias concupiscências; e desviarão os ouvidos da verdade voltando às
fábulas.” (2 Tm 4:3-4).
Tertuliano apelou para a consciência das classes dirigentes romanas, e ainda na ocasião,
quando convinha ao seu objetivo, argumentou que os ensinamentos cristãos eram muito
semelhantes aos dos filósofos e poetas pagãos. É indiscutível o fato da apologética se tornar
cada vez mais necessária para proclamação da Palavra de Deus.

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Apologética não consiste apenas em defender a fé cristã, mas também em anunciá-la ou
servir como um instrumento indispensável para esta anunciação. Sem o evangelismo a
apologética é praticamente vã e o evangelismo sem a apologética se torna cada vez mais
ineficaz.
A simples defesa do cristianismo é inútil quando não temos posteriormente a essencial
proclamação da Palavra. A defesa é útil para a proclamação e deve estar intimamente
relacionada a esta última.
É preciso entender o quanto a apologética é útil, mas também o quanto ela pode se
tornar inútil quando não utilizada de forma correta. Preciso defender racionalmente minha fé e
mostrá-la como seu pensamento está baseado na irracionalidade.
A apologética deve fazer parte do processo evangelístico, e precisa contar para tanto
com o essencial auxílio do Espírito Santo. Ela é importante, mas deve ser seguida do
evangelismo, ou tudo volta à estaca zero. É imprescindível preparar a nova geração para
evangelizar utilizando-se da apologética.
Uma porção surpreendentemente enorme do primeiro livro das Instituas de Calvino é
dedicada à apologética e às provas tiradas da razão: o jovem sábio humanista da Renascença que se
tornou o líder da Reforma não perdia uma oportunidade sequer para apontar os erros do humanismo
clássico. Poucos teólogos, como Lutero, deram tão pouco valor aos poderes da razão humana que
achavam ser quase tempo perdido se dirigirem a ela. Diziam que a fé não precisava justificar-se
diante do tribunal da razão. Karl Barth parece sugerir que a apologética não é uma atividade
razoável para os cristãos, porque ela começa concedendo à razão competência para discutir a
possibilidade e mesmo o conteúdo da revelação, ou, pelo menos, ela pressupõe que a razão cria o
necessário “ponto de conexão” entre Deus e o homem: “a fé deve tomar a sério a descrença, e a si
mesma não muito a sério, e, portanto, secreta ou abertamente deixa de ser fé.”
Barth gosta de distinções precisas: a razão, para ele, é sempre “a razão sem fé”, e assim a fé
é necessariamente o contrário da razão; a única apologética verdadeira está na confrontação da
incredulidade pela fé, e esta última é obra de Deus, assim como a primeira é produto do homem. A
Palavra de Deus não precisa ser defendida pelo homem, e unicamente a descrença pensará em
defendê-la. Ele cita e aprova a Lutero, quando diz: “Temos que cuidar não... de defender o
Evangelho até o ponto de ele entrar em colapso. Não nos ansiemos: pois o evangelho não precisa
de nosso auxílio; ele é suficientemente forte por si mesmo... Pouco importa que este fraco sopro
ruja contra os sofistas. Que conseguirá esse morcego com o bater de suas asas?” (L;. Barth, em
Doctrine of the Word of God; Church Dogmatics. Vol. I, Parte I, transcrição inglesa de G. T.
Thomson, Edimburgo, 1936, PP. 30 a 33.) Ricardo Hooker, cujo ponto de vista sobre as relações da
fé com a razão aparece na obra The Laws of Ecclesiastical Polity, Livro III, Cap. Viii, trata
seriamente das censuras feitas à razão pelos puritianos do século dezesseis, que, por sua vez,
haviam sido influenciados pelos extremistas do continente. Diz ele: - “Há um bom número de gente
que pensa não poder admirar, como é preciso, o poder e a autoridade da Palavra de Deus, caso
nas coisas divinas se possa atribuir qualquer força à razão humana. Por esses motivo nunca usam
de bom grado a razão para não a desacreditar” (loc. Cit.) Plus ça change plus, c’est La même
chose.
Em nossos dias tronou-se moda em certos setores questionar sobre o valor e mesmo
sobre a legitimidade da apologética cristã. A tarefa do crente é confrontar a incredulidade com
o desafio do evangelho, para convencer de pecado e proclamar a mensagem de arrependimento
e renovação. Criticar ou tentar julgar racionalmente a revelação divina é presunção; e, se os
homens pudessem criticá-la e avaliá-la racionalmente, não seria divina. Nossa tarefa não é
argumentar sobre a existência de Deus e, sim, confrontar os homens com seu julgamento e
misericórdia, não discutir se Deus nos deu uma revelação, mas dizer aos homens o que ela é.
No entanto, é verdade que o apologista não deve substituir o argumento pela pregação; e é

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igualmente verdade que grande parte da tarefa do apologista é declarar de modo explícito o que
é o evangelho, removendo as falsas interpretações que dele têm muitas pessoas e que de
contínuo sobremaneira obstaculizam a aceitação do credo cristão. Acresce ainda que o
estudante de apologética não deve pensar que os homens vão se converter à fé cristão só com
argumentos tirados da razão, ou por quaisquer meios humanos: Deus, que dá a revelação, dá
também a fé, como firmemente sustentamos, é sempre o dom de Deus.
Indubitavelmente é verdade – e falha grave e lamentável – que grande parte da pregação
hodierna perdeu o ânimo confiante e seguro da ousada proclamação cristã, e não poucas vezes
tem adotado os modos de quem procura justificar-se ou “apologizar”.
Não é difícil compreender por que se reagiu no sentido de se fazer uma declaração mais
forte e peremptória do evangelho ante o colapso da teologia liberal nos últimos tempos. Mas
isto em nada nos leva a pro em dúvida o valor ou legitimidade da apologética. Encontramos a
base real da rejeição da apologética como disciplina teológica numa teoria particular das
relações da razão com a revelação, teoria que afirma serem ambas extremos irreconciliáveis e
que não há nenhum “ponto de conexão” na razão ou consciência humana para o qual a
revelação possa apelar. Tal teoria corre em sentido contrário ao da corrente principal do
pensamento cristão sobre o assunto. Nada há na Bíblia, e muito pouco nos ensinos dos grande
doutores da Igreja, que sustente essa teoria. De fato, ela não é mais velha que Lutero; e, na
verdade, é justo afirmar-se nada mais que isso, visto que Lutero não elaborou teorias preciosas
sobre assuntos filosóficos. Lutero, pelo contrário, repudiava a razão, separando-a da revelação,
como podemos ver claramente nesta citação:
“A sabedoria natural duma criatura humana em matéria de fé, até
que se regenere e nasça de novo, é tudo escuridão, nada conhecendo das
coisas divinas. Mas numa pessoa crente, regenerada e iluminada pelo
Espírito Santo, através da Palavra, é instrumento glorioso e sincero, e obra
de Deus. o entendimento, pela fé, recebe vida da Fé; o que se achava morto
vive de novo”. (Table-Talk, transcrição feita por Hazlitt, CCXCIV).
Nisto que afirma a habilitação da razão pela fé em Cristo – o ensino de Lutero é
verdadeiro, em referência ao pensamento de Agostinho; mas pode-se ilustrar a diferença que há
entre o ponto-de-vista de Agostinho e o de Lutero com este trecho de Agostinho, que,
conquanto enfatize ele o fato de que a fé precede a razão na compreensão da verdade, não
obstante claramente reconhece haver um sentido em que a razão precede a fé, visto que a
Palavra não pode penetrar numa criatura irracional, admitindo-se, daí, que a razão é o
necessário “ponto de conexão” da alma humana com a Palavra divina:
- “Morra de vez a ideia de que Deus odeia em nós aquilo em que ele nos fez
superiores às mais criaturas viventes! Digo, pereça a ideia de que devamos
crer não termos necessidade de buscar uma razão para aquilo que cremos,
porque de fato já não poderíamos crer se não tivéssemos almas racionais
(animas).
Em certas coisas que pertencem à esfera da doutrina salvadora e que ainda não temos
capacidade de alcançar pela razão, mas que compreenderemos um dia, a fé precede à razão
(fides praecedat rationem); e essa fé purifica o coração, de modo que ele pode receber e
suportar a grande luz da razão. O profeta, assim, fala bem racionalmente quando diz: - “Se não
crerdes, não entendereis”) (Is 7:9, cf LXX). O profeta aqui faz distinção entre fé e razão, e nos
aconselha que devemos primeiro crer, para que possamos entender aquilo que cremos. Vimos,
assim, ser coisa razoável que a fé preceda à razão. Sim, porque, se ele preceito não for razoável,
logo será um absurdo. E Deus nos livre de assim pensarmos. Se, portanto, é razoável que a fé
preceda à razão a fim de nos levar a certos e grande assuntos que não poderíamos ainda
entender, segue-se, então, indubitavelmente, ainda que em grau menor, que a razão, que disse
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nos convence, de algum modo precede a fé. Por isso o apostolo Pedro nos admoesta que
estejamos preparados para responder a qualquer que nos pergunte a razão de nossa fé e
esperança” (I Pe 3:15). A continuação dessa página de Agostinho constitui uma defesa
completa da apologética cristã. A cada evolução da ciência, a cada nova filosofia, o homem se
afasta mais da realidade da Palavra de Deus.
A ciência vai se multiplicando e o amor se esfriando. Cabe a nós, como cristãos,
defender e comunicar o Evangelho transformador nos adaptando as inevitáveis transformações
do mundo.
2.2. O “PONTO DE CONEXÃO” NA RAZÃO E NA CONSCIÊNCIA
O Dr. Paul Tillich observa que a apologética subentende a disposição de se defender
em face de um agressor e diante dum critério comum. Por exemplo – quando era largamente
aceito o ensino dos estóicos acerca do logos, era coisa possível aos primeiros apologistas
defender, diante daqueles que estavam prontos a admitir a validade da filosofia dum Logos, o
seu conceito de Cristo como o Logos encarnado. Existe, no entanto, sempre o perigo de o
apologista cristão avançar demais na direção das categorias de seu opositor e falar na
demonstração de que a fé cristã sempre transcende e, até certo ponto, nega as categorias de todo
pensamento não cristão. Mas, pelo menos, existe um “ponto de conexão”, um ponto de partida
para a discussão. A apologética admite, pois, a existência de distinções dentro da própria
descrença, conquanto às vezes se torne difícil defini-las. Temos, em primeiro lugar, o
humanista bem intencionado, que acredita nos valores e os procura, e que no mundo hodierno é
o produto de séculos de ensinamento cristão e da cultura e civilização cristã; em segundo lugar,
temos aqueles que crêem sinceramente em alguma filosofia de vida não cristã, tais como os
marxistas e os maometanos; em terceiro lugar, temos esse grande grupo de gente que
aparentemente vive alheia a todas as questões da verdade e dos valores, que tanto se interessam
por suas próprias pessoas, por suas necessidades e prazeres temporais, que não pensam noutra
coisa. Talvez haja uma quarta classe, a daqueles que deliberada e clinicamente desprezam toda
a verdade e os valores morais e espirituais, exaltando única e religiosamente a si próprios
(como os nacionalistas, os nazistas; e, como indivíduos, os ateus praticantes); estes são os
verdadeiramente pervertidos, e a verdade cristã é a única profilaxia eficaz para debelar esta
espécie de corrupção. Quanto a este ou ao terceiro e quarto grupo, seria provavelmente exagero
dizer que com ele não existe absolutamente nenhum “ponto de conexão”. Mas na prática está
claro que a apologética não nos fornece nenhuma maneira de nos aproximarmos à gente desse
quilate. Cremos que só a pregação direta do perturbador Evangelho de Cristo poderá conseguir,
de certa forma, abalar esses indivíduos.
O caso dos dois primeiros grupos, porém, é um tanto diferente, e os grandes
apologistas cristãos do passado frequentemente a eles se dirigiram. O apelo de Justino Mártir à
compreensão dos filósofos do segundo século é uma boa ilustração duma apologia da Igreja
antiga dirigida ao primeiro grupo; e podemos catalogar a Summa contra Gentiles de Tomás de
Aquino como notável exemplo de Apologética que visava pessoas do segundo grupo, visto que
ele parte justamente dos princípios racionais que seus opositores já admitiam, isto é, admitiam a
filosofia aristotélica como critério comumente será de grande proveito para os cristão que
anseiam lidar com pessoas de qualquer um desses grupos. Os que nunca estudaram as ilações
da fé cristã à luz dessa verdade, que pode ser encontrada, como no caso do humanista ou do
marxista , mui provavelmente não defenderão com sucesso o cristianismo, quando atacado
pelos humanistas ou pelos marxistas, e não conseguirão organizar uma poderosa contra-
ofensiva. A elevada estima que os humanistas têm verdade e pelos altos valores, bem como a
sede que os marxistas têm de justiça social, provam ser esse um “ponto de conexão” muitíssimo
significativo, e vemos, então, existir, em cada caso, um critério comumente reconhecido, ainda
que seja muito reduzida a área de concordância para o início da discussão. Onde quer que
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encontremos em atividade a razão e a consciência, aí se torna importante a tarefa da apologética
cristã. Esta visão da validade e urgência da apologética estriba-se na compreensão total das
relações entre revelação e razão. E isto está de acordo com o pensamento e a prática dos
grandes teólogos da Igreja desde os dias de Paulo ou de João até os nossos dias.
O pensamento de Paulo acerca da razão e da consciência do mundo pagão está
claramente expresso em Rm caps. 1-3, donde se nota o argumento em toda a extensão deste
livro; Rm 1:20, particularmente, tornou-se o texto fundamental da “teologia natural”,
notadamente na Idade Média. O texto de Pedro é I Pe 3:15.
Tanto o humanismo secular como o marxismo, como o vemos hoje, sofreram forte
influência do ensinamento e dos ideais cristãos. E nisso, em grande parte, sempre tiveram
contato com a revelação da verdade que está em Jesus Cristo. Visto sustentarmos que toda a
revelação é “salvadora”, é para salvar, não se pode dizer que eles sejam totalmente “ímpios” ou
que estejam totalmente alienados da iluminação do Sol da Justiça. Enquanto não puderem ver a
luz da verdade no seu todo, vêem-na através do brilho da fonte da Luz, que por si só possibilita
ao homem conhecer a verdade. A visão que têm, no entanto, é anuviada e deformada; é uma
visão ainda imperfeita, como a daquele que enxergava os homens com árvores andando. O
toque da mão de Cristo já se iniciou, porém não completou a obra curadora em seus olhos ainda
cegos. Podemos descrever a obra da apologética cristã como uma preparação para levar outra
vez esses olhos à presença de Cristo, para que os toque de novo, e daí vejam nitidamente todas
as coisas. O dom da vista é sempre um milagre da graça divina; todavia, isto em nada quer
dizer que os cristãos devam assentar-se quietos a um canto e nada fazer para preparar o
caminho do Senhor. “O fato de ser Deus quem dá o crescimento não é motivo para deixarmos
de plantar e regar.”
2.3. SERÃO POSSÍVEIS A ÉTICA E A FILOSOFIA CIENTÍFICA?

Humanismo científico atrai a muitos que sinceramente estão buscando encontrar os valores
éticos, notadamente aos que anseiam pela justiça social, justamente porque ele alardeia oferecer
uma base científica para a moral, evitando, assim as areias movediças da metafísica e da
religião. Tudo hoje parece incerto para o humanista secular, a não ser o método científico: “os
positivistas lógicos ensinaram que os conceitos éticos não têm significado verificável; os
psicanalistas afirmaram que os ideais éticos do homem são meros produtos de suas reações
sexuais; os antropologistas deram ênfase à relatividade de toda a ética social, variando de
cultura para cultura e de época para época; e os marxistas declaram que nossos conceitos éticos
são nada mais que subprodutos epifenomênicos de tendências econômicas.” Todos quantos já
não têm seus pés apoiados na sólida rocha da verdade religiosa revelada e, por isso, estão
firmados nas areias movediças duma época de relativismo, se tomam a moral a sério,

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naturalmente encontram muito conforto e renovada confiança nessa teoria que afirma poder-se
descobrir e assegurar os valores morais pelo método científico. Mesmo assim. Mesmo assim,
não poderão dispensar a necessidade da fé: crêem que a diretriz da evolução é para o bom, e
que, estudando as diretrizes da evolução na sociedade como um todo, torna-se possível
determinar cientificamente a natureza do bom. Todo o argumento, porém, baseia-se num ato
inicial de fé, e uma pesquisa acurada revela que essa fé é afinal nada mais que a hodierna
versão da fé Vitoriana no “progresso”.
O moderno humanismo científico é uma edição revista do naturalismo evolucionário de
Herbert Spencer, que sustentava que a melhor conduta é aquela que aparece posteriormente no
curso da evolução e é mais complexa que a conduta de ordem primitiva. Hoje em dia, nos
domínios da ética, abandonou-se a complexidade como índice de progresso: o estado totalitário
é mais complexo do que a estrutura social do século dezenove, mas, que humanista sustentará
que humanista sustentará que ele é melhor? Os critérios de progresso moral das teorias dos
humanistas científicos parecem que os tiraram, em primeiro lugar, da ciência biológica, como,
por exemplo, da complexidade estrutural ou da adaptabilidade ao meio. Hoje em dia, para a
complexidade de estrutura, pois que a medusa, embora menos complexa, adapta tão bem ao seu
meio como a formiga, ou mesmo o homem; e vemos que um critério mais largamente aceito é o
do controle do meio. Se se toma o controle do meio como o critério, então a formiga ou o
homem claramente é mais progressista do que a medusa e se pode daí fixar cientificamente a
diretriz da evolução. Assim, toma-se como válida a categoria de progresso na ciência biológica
pelo aparecimento de criaturas vivas que conseguem maior controle do meio em que vivem (e
até certo ponto tornam-se independentes do meio). Aparentemente, por analogia com a
biologia, os humanistas científicos passam do estudo biológico dos organismos para certas
generalizações acerca da direção da evolução (inclusive a do homem e da sociedade) como um
todo, e admitem, daí, que o crescente controle do homem sobre o meio (por intermédio da
ciência e de planejamentos científicos) é o índice de progresso no setor da ética. Mas é
justamente este o ponto que precisa ser provado – especialmente no dealbar da era atômica! No
final de contas, o capital problema do homem não é o de controlar o meio em que vive, e, sim,
o de se controlar a si próprio; e a ideia de que tal domínio próprio pode ser e será alcançado
através duma educação melhorada, por meio de planejamentos ou transformações sociais
visando ao controle dos meios de produção, é tanto um ato de fé como qualquer um dos
chamados conceitos de religião, e não pode ser demonstrado por nenhum método científico
conhecido.
A Filosofia de nossos dias abrange diferentes correntes:
Crítica da Ciência – Henri Poincaré (1854-1912) – Para Poincaré é uma ilusão a crença
na infabilidade da ciência. Segundo Aranha (1993: 163), “o que ocorre no início do século XX
é uma necessidade de reavaliação do conceito de ciência, dos critérios de certeza, da relação
entre ciência e realidade, da validade dos modelos científicos”.
Positivismo – Augusto Comte (1798-1857) “fundador do positivismo, corrente
filosófica segundo a qual a humanidade teria passado por estágios sucessivos (teológico e
metafísico) até chegar ao ponto superior do processo, caracterizado pelo conhecimento
positivo, ou científico” (ARANHA, 1986:100).
Neopositivismo – Bertrand Russell (1872-1970) – Principia Mathematica e Los
problemas de La Filosofia.
Filosofia Analítica – A filosofia analítica  é a vertente que parte da crença de que a
lógica, desenvolvida por Gottlob Frege e Bertrand Russell, entre outros, teria implicações
filosóficas gerais e poderia contribuir, assim, para um exame mais profundo de conceitos e na

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elucidação de algumas idéias. Ela foi introduzida na Inglaterra em 1912, com a chegada de
Wittgenstein em Cambridge, justamente para realizar pesquisas junto a Bertrand Russell.
Assim, no período que se estende entre as duas guerras mundiais, com o impulso
fundamental dado pelos textos de Russell e pelo Tratactus Logico-Philosophicus de
Wittgenstein, de 1922, a filosofia analítica cresceu e tornou-se preponderante no seio da
filosofia inglesa. Os conceitos dos dois filósofos foram bem recebidos e desenvolvidos  pelos
positivistas lógicos do Círculo de Viena, bem como por Reichenbach e seu grupo de Berlim,
nos anos 30.
Estas idéias ganharam ainda mais força nos países em que a língua inglesa predomina,
de 1945 até a década de sessenta, conhecida então como ‘filosofia lingüística’. Até hoje a
vertente analítica é preponderante na filosofia britânica, no seu ponto de vista pré-linguístico.
Os filósofos analíticos iniciais eram Frege, Russell, George Edward Moore e Ludwig
Wittgenstein. Na Inglaterra esta corrente se posicionava contrariamente ao hegelianismo, escola
que integrava o idealismo alemão. Hoje esta filosofia encontra-se disseminada, além das nações
que falam o idioma inglês, na região escandinava, em alguns países do Leste Europeu, assim
como na Polônia e em Israel.
Pode-se dizer que, a princípio, a Filosofia Analítica caminhou por duas vertentes – o
Positivismo Lógico e a Filosofia Lingüística –, ambas com precedentes importantes.
O positivismo, oriundo do atomismo lógico criado por Bertrand Russell e da filosofia
inovadora de Wittgenstein. A filosofia lingüística, nascida de G. E. Moore, que sempre destacou a
importância da análise do senso comum e da linguagem cotidiana.
Muitas vezes este período compreendido pelo predomínio do Positivismo Lógico e da
Filosofia Lingüística é conhecido como era da “Análise Clássica”. É importante também perceber
que esta Filosofia é muito mais um movimento do que uma escola filosófica, porque seus
seguidores não têm em comum as mesmas bandeiras conceituais, a não ser alguns princípios gerais.
Os principais pontos em comum são a crença de que o motivo principal da filosofia é a linguagem;
e a idéia de que a metodologia filosófica a ser seguida é a análise lógica.
O único conceito que mantém coesa a filosofia analítica é o da lógica contemporânea. O
positivismo lógico era a principal vertente, a qual predominou até o começo dos anos 50. Mas a
publicação de “Dois Dogmas do Empirismo”, de Quine, em 1951, deu início à diversificação de
orientações dentro da Filosofia Analítica. De um lado, ela caminhou para a ciência cognitiva e
a filosofia da mente; de outro, na direção de uma metafísica, diria até uma teologia analítica; em
sentido diverso, orientou-se por uma filosofia política e, seguindo outra vereda, envolveu-se com
várias pesquisas sobre a ética.
Pragmatismo – John Dewey (1859-1952). Filosofia da Existência – Karl Jaspers (1883-
1969) – existência e transcendência, Deus; Sobre a verdade. Martin Heidegger (1889-1976) – O ser
e o tempo, Que é metafísica? – Sentido do ser.
Fenomenologia – Fundada por Edmund Husserl (1859-1938), cujos seguidores são:
Heidegger, Karl Jaspers e Merleau-Ponty.
 Existencialismo – Jean-Paul Sartre (1905-1980) – O ser e o nada. O existencialismo é um
humanismo. Para Sartre só as coisas e os animais são “em si”. O homem, sendo consciente, é um
“ser-para-si”, aberto à possibilidade de construir ele próprio sua existência. O homem não é mais
que o que ele faz. Não se pode falar numa natureza humana encontrada igualmente em todos os
homens. Karl Popper (1902-1994) – filósofo austríaco – segundo ele, “o cientista deve estar mais
preocupado não com a explicação e justificação da sua teoria, mas com o levantamento de possíveis
teorias que refutem, ou seja, o que garante a verdade do discurso científico é a condição de
refutabilidade” (ARANHA, 1993: 163).

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Marxismo – Karl Marx (1818-1883) – Rejeita explicitamente a concepção de uma
natureza humana universal. Os homens são seres práticos que se definem pelo trabalho, o que
explica que não há uma essência separada da existência.
Marx, assim como Freud, mostra que a razão pode ser deturpadora e pervertida, pode estar a
serviço da mentira e do poder. Esse tipo de racionalidade deve ser contestado pela atividade crítica
da razão mais completa e mais rica. Marx se posicionou contra a moral kantiana, fundada na razão
universal, abstrata, e tenta encontrar o homem concreto da ação moral. A doutrina marxista é
chamada de filosofia da práxis porque é a união dialética da teoria e da prática. Gramsci (1891-
1937) – filósofo italiano, “teórico do marxismo que recusara o dogmatismo do marxismo oficial,
enfatiza a necessidade de formação do intelectual orgânico, ligado a sua classe e capaz de elaborar
coerente e criticamente a experiência proletária” (ARANHA, 1993: 265). Louis Althusser (1918) –
filósofo francês que analisa a violência simbólica exercida pela classe dominante através dos
Aparelhos Ideológicos do Estado (escola, família, meios de comunicação de massa, instituições,
principais períodos da Filosofia da cultura, partidos políticos) pelos quais é repassada a ideologia
dominante. Theodor Adorno (1903-1969) – levantou o problema da alienação promovida pela arte
de massa. Max Horkheimer (1895-1973) – junto a Adorno,afirmava que os produtos da indústria
cultural levam inevitavelmente à alienação.
Estruturalismo – Michel Foucault (1926-1984) – prefere examinar a questão do poder não
como manifestação do Estado,mas como uma rede de micro poderes que se estende por todo o
corpo social.
Filósofos independentes (sem escola) – Henri Bérgson (1859-1941), Teillard de Cardin
(1881-1955) e Vladimir Jankélévitch (1903-1985).
Escola de Madri – Ortega y Gasset, Julian Marías e Xavier Zubini.
O filósofo cristão não deve desertar facilmente de seus deveres; deve sim, continuar a dar
ênfase ao problema da justificação das categorias derivadas de algum campo particular da
experimentação ou da pesquisa – biológica, sociológica, econômica, e assim por diante – sempre
que forem elas estendidas analogicamente e empregadas para expressar conceitos acerca do
universo como um todo, ou o mundo externo, ou o destino humano, ou os valores éticos.
2.4. A NATUREZA E A NECESSIDADE DA FILOSOFIA
A apologética trata das relações da fé cristã com a esfera mais vasta do conhecimento
“secular” do homem – a filosofia, a ciência, a história, a sociologia e as outras mais – visando
demonstrar que a fé não discrepa da verdade descoberta por essas pesquisas. Tarefa como esta
deve, necessariamente, ser empreendida em cada época. É mesmo um empreendimento de
considerável urgência num período em que os conhecimentos científicos e as transformações
sociais se processam tão rapidamente. Assim, a apologética, como disciplina teológica, torna-se
uma espécie de inventário intelectual feito pelos pensadores cristãos, podendo-se descrevê-los
como tentando aferir seus predicados à luz do pensamento filosófico contemporâneo e do
conhecimento científico. Portanto, vemos que a apologética é também primariamente um estudo
empreendido por cristãos para cristãos. E, neste sentido, devemos distinguir sua tarefa da tarefa da
apologia, visto que esta se dirige a pessoas não cristãs. A apologética constitui, assim, um estudo
necessário para o trabalho do apologista, ou, mais simplesmente, é parte essencial do preparo de
pregadores, evangelistas e professores cristãos. Pode muito bem ser verdade que existem
inquiridores sinceros que de bom grado se confessariam cristãos, uma vez aclaradas suas dúvidas, e
que se beneficiariam imensamente entreouvindo pensadores cristãos a discutir assuntos
apologéticos; e, neste sentido, a apologética pode muito bem realizar um serviço de natureza
secundária, ajudando tais inquiridores.
Geralmente se distingue a apologética religiosa da apologética cristã. A apologética
religiosa geral trata de matérias tais como a defesa do conceito religioso ou teísta do mundo; trata
de defender os argumentos da existência de Deus, do problema do mal, do contra-ataque aos

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conceitos ateístas e agnósticos, e doutros mais. Tem parentesco, assim, com aquilo a que se
chamava geralmente de “teologia natural” e com o que hoje é conhecido como filosofia da religião.
A apologética religiosa geral trata forçosamente desses assuntos sem a ajuda da revelação especial.
A apologética cristã, no sentido mais restrito que essa expressão contém, quando empregada
de modo exato, trata das conexões e conseqüências da revelação cristã para uma compreensão
racional do mundo e de nossa existência nele. Busca mostrar que a revelação, como a entendem os
cristãos, não é incompatível com o exercício da razão, e constitui, sim, valiosos auxílio e guia para
a razão humana no seu anseio de compreender as coisas; e, muito mais ainda, que a revelação não é
uma ficção produzida pela imaginação de cristãos, e, sim, uma categoria baseada em fatos
observáveis e em experiências identificáveis, quando corretamente interpretados.
A tarefa da apologética cristã com relação à filosofia é elucidar a natureza do princípio-de-
fébíblico pelo qual nossa experiência será interpretada como um todo. Donde nos vem este
princípio-de-fé? Que prova se pode apresentar para inculcá-lo aos que pensam no século XX? Em
que é ele superior a outros princípios-de-fé, como ao do marxismo ou do humanismo científico?
Não será a fé cristã apenas um aspecto de nossos condicionamentos ideológicos? E, acima de tudo,
será que ele nos ajudar a conquistar a nossa experiência nele? Estas são algumas das perguntas a
que buscaremos responder neste nosso estudo da apologética cristã.

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